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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Humanas

Curso de Psicologia

Disciplina Psicologia Social

PSICOLOGIA SOCIAL:

A INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DE ADOLESCENTES

ENVOLVIDOS NO TRÁFICO DE DROGAS

Fernanda da Silva Barbosa – N93112-4

Campus Vargas – Ribeirão Preto

2023
RESUMO

Barbosa, F. S. Psicologia Social: A atuação do psicólogo no contexto de


adolscentes envolvidos no tráfico de drogas. Trabalho apresentado na Atividade
Prática Supervisionada da disciplina Psicologia Social, UNIP, Ribeirão Preto, 2023.
Este trabalho resulta da pesquisa bibliografica sobre a atuação do psicólogo no
contexto de adolescentes envolvidos no tráfico de drogas e suas repercussões na vida
pessoal desses jovens.
Palavras chave: Psicologia; Adolescentes; Tráfico de drogas.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................
DISCUSSÃO.............................................................................................................................................
INTERVENÇÃO.........................................................................................................................................
PRINCIPAIS RESULTADOS....................................................................................................................
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................................
INTRODUÇÃO

Este trabalho visa discutir o papel do psicólogo social frente ao grande número de
adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas, promovendo então a maior
comprometimento de ações sociais para esse grupo marginalizado da sociedade.
Primeiramente, foi visto uma alta taxa de adolescentes que faziam parte ativa no
tráfico de drogas, logo foi pensado numa ação psicosocial dentro desta realidade. É
possível dizer que o tráfico de drogas tem repercussões negativas no campo psicológico e
social dos jovens que fazem parte deste meio. Isso se dá a partir do momento em que
esse adolescente é recrutado como “aviãozinho” (termo usado para designar a pessoa
que vende drogas na rua), sendo preciso então ter uma visão ampla e empática sobre a
situação desses jovens.
O psicólogo nesse meio tem a função de de acolher esse adolescente e ajudá-lo
em sua reincerssão a sociedade após a saída desse jovem do tráfico de drogas. Isso sem
citar as práticas preventivas, visto que o psicólogo escolar pode contribuir na prevenção
da evasão escolar, fator que é visto em diversos jovens que entram para o “mundo do
crime”.
Além disso, deve ser considerado pelo psicólogo os diversos fatores de risco que
colaboram para que o adolescente entre para o tráfico de drogas. Sendo necessário ter
sempre uma visão empática e acolhedora, visto que esses jovens devem ser vistos além
das suas enfrações de lei, mas sim como indivíduos complexos que exercem vários
papéis sociais ativos.
Os fatores de risco presentes na vida do jovem podem incluir a presença de uma
família mal estruturada como também a falta de perspectiva de vida além do crime. A
psicologia por trás desses fatores deve ser sempre levada em conta, de acordo com a
ampla ocorrência deste problema social.
Dito isso, o papel do psicólogo no trabalho deste problema social, além de amplo,
é de extrema importancia, levando em conta a necessidade de ações psicosociais na vida
desses adolescentes. É possível dizer que o psicólogo social envolvido nesse trabalho
deve ter seu trabalho valorizado, frente a grande necessidade de resultados de
reincerssão desses jovens na sociedade.
DISCUSSÃO

Percebi o campo psicosocial frente a inserção de jovens no tráfico de drogas


escasso. Uma polulação carente de projetos de ressocialização e de enfrentamento.
Então ocorreu a pesquisa de artigos científicos que discorressem sobre o
assunto. O artigo escolhido se chama: “Fatores de Risco no Contexto de Adolescentes
Envolvidos no Tráfico de Drogas”.
Este artigo, em resumo, verifica os fatores de risco presentes no contexto de
adolescentes com histórico de envolvimento no tráfico de drogas. Sendo um estudo
qualitativo onde houve a entrevistação de adolescentes envolvidos no “mundo do crime”.
Os autores Alex Sandro Gomes Pessoa e Renata Maria Coimbra discorrem sobre
o recrutamento de jovens para o tráfico de drogas e como ele está intimamente ligado a
questões econômicas e estruturais que afetam a composição subjetiva da juventude,
tornando esta atividade atrativa para estas pessoas. Dizendo, portanto que a realidade da
desigualdade social tão evidente no Brasil tem um efeito profundo no desenvolvimento
psicológico de grupos marginalizados.

Apesar de não ser considerada uma forma de trabalho infantil, o envolvimento de


crianças e adolescentes no tráfico de drogas está na lista de piores formas de trabalho
infantil (lista TIP). De acordo com o código de menores de 1979, o menor de idade
enfrator penal se encontrava em situação irregular, ou seja, afastados da sociedade,
segregados. Neste antigo código era notável a associação de vulnerabilidade social a
delinquência. Pesando assim, o alvo da legislação eram crianças e adolescentes negros,
pobres e de baixa escolaridade, colocando o menor enfrator na tutela do juiz de menores.

Neste sentido, era claro o desinteresse do legislador na reinserção do menor


enfrator na sociedade, deixando claro a vertente punitivista da lesgislação, que não
estava interessada em ver esses menores como sujeitos e sim em desumaniza-los como
se a infração que eles cometeram fossem sua nova identidade perante a sociedade. Era
evidente o pensamento de cura desses jovens como se o crime que eles cometeram os
tornassem doentes socialmente e apenas objetos das políticas sociais.
A criança e o adolescente só se tornam sujeitos com direitos de proteção e
garantias especificas em 1990 quando surge o estatuto da criança e do adolescente
(ECA), já não chamados de menores enfratores. A ótica passou a ser de reintegração dos
menores de idade a sociedade, passando assim a ter caráter pedagoógico e não apenas
punitivista.
Dessa forma, tem de se pensar como o jovem se envolveu no tráfico de drogas.
Com escolaridade baixa e vivendo em situação vulnerável é fácil se sentir atraído para o
crime. Crianças e adolescente que não tem idade para encontrar empregos se sentem
coagidos a agarrarem a única oportunidade que tiveram: fazer parte de um esquema de
crime organizado, no papel de “aviãozinho”.
Os jovens eram recrutados para o tráfico de drogas por pessoas próximas,
principalmente amigos de escola e moradores próximos. No entanto, segundo Ungar
(2004), citado por Coimbra e Pessoa, a 'pressão dos pares' não é um fator central que
explica o envolvimento dos jovens em atividades ilegais (p. 16).
Pode-se dizer que o adolescente situado no tráfico de drogas é visto como
bandido mais do que é visto como vítima. No levantamento anual do Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo (Sinase) do ano de 2016, foi visto que 22% dos adolescentes
e jovens privados de liberdade foram condenados por atos infracionais análogos ao tráfico
de drogas.
Nesse contexto, a ilegalidade surge como uma prática cultural que caracteriza o
contexto de uma determinada comunidade e permeia as relações entre pares. Em termos
de acesso a recursos materiais básicos, processos de exclusão e impedimento à
participação social efetiva são fatores que influenciam a ocorrência de violações,
especialmente no tráfico, levando a uma rápida acumulação de capital financeiro
(CAIRUS e CONCEIÇÃO, 2010; ROCHE, 2013 apud COIMBRA e PESSOA, p. 16).

Outro dado a ser levado em conta é como se dá a maioria dos óbitos desses
adolescentes. O Atlas da Violência  demonstra que 51,8% dos óbitos de pessoas entre
15 e 19 anos se deu por homicídio, sendo a maioria das vítimas jovens negros,
moradores de comunidades periféricas e com pouca escolaridade. É possível dizer que
esses dados se correlacionam diretamente com o tráfico de drogas e o enfrentamento da
polícia na luta contra as drogas.
Entre os intrevistados era comum a citação de práticas violentas da polícia contra
esses adolescentes, demonstrando novamente que a polícia enxerga esses jovens como
enfratores de lei, inimigos que precisam ser eliminados.
Apesar do rápido acúmulo de capital que o tráfico de drogas trás para esses
adolescentes,o processos de exclusão e impedimento à participação social efetiva se
mostram como fatores que influenciam a ocorrência dessas violações da lei.
Além disso, muitos dos jovens que participaram da pesquisa de Coimbra e
Pessoa demonstraram que suas famílias eram desestruturadas, carentes de meios para
romper com a parentalidade tóxica, e acima de tudo, experienciavam vilolência
cotianamente. (Coimbra e Pessoa (2020), p. 16).
Neste estudo, também foi correlacionado a alta taxa de evasão escolar com a
inserção do adolescente no tráfico, concluindo que o adolescente envolvido no tráfico de
drogas não tem nem tempo, nem vê sentido em continuar estudando. Assim, se mostrou
necessário medidas educacionais e psicológicas mais preparadas para a realidade dos
jovens envolvidos com o “mundo do crime”.
INTERVENÇÃO

O trabalho de campo de Alex Sandro Gomes Pessoa e Renata Maria Coimbra


resultou num estudo qualitativo, com o recrutamento dos adolescentes participantes junto
um Cento de Referência Especializada em Assistência Social e em 3 insstituiçoes de
semiliberdade, totalizando 48 participantes de 3 cidades distintas. Todos os 3 municípios
eram médio porte e se localizavam no interior de São Paulo.
Dentre os critérios de inclusão estavam: estar naquela instituição por vinculação
ao tráfico de drogas; trazer elementos de valorização ao tráfico de drogas e discursos
positivos no que tinham respeito ao tráfico.
Foi usado o instrumento Child and Youth Resilience Measure – CYRM para o
desenvolvimento do estudo qualitativo, com questões que variavam sobre: família;
escolarização; projetos sociais e serviços de atendimento; sentidos pessoais atribuídos ao
engajamento no tráfico de drogas; justiça social e projetos futuros.
PRINCIPAIS RESULTADOS

Coimbra e Pessoa (2020) dizem que ao analizar o conteúdo, foi revelado 3


caegorias centrais: ritos de iniciação e intergeracionalidade do tráfico de drogas;
rompimento dos vínculos familiares e institucionais; repercussões sociais e subjetivas nos
adolescentes que se envolveram no tráfico de drogas. Os fatores de Risco desses 48
adolescentes tem 3 dimensões temporais: antes; durante e depois o envolvimento com o
tráfico de drogas.
Na categoria “ritos de iniciação e intergeracionalidade do tráfico de drogas” os
amigos e familiares foram apontados como os principais responsáveis da primeira
vinculação ao tráfico de drogas. Assim, o início das vendas ocorreu após os próprios
adolescentes experimentarem as drogas, principamente a maconha, no início da
adolescencia ou no final da infância.
Foi citado também quea família desses jovens que já tiveram envolvimento com o
“mundo do crime” aconselhavam esses jovens a não continar sendo “aviãozinho”,
alertando-os do risco dessa atividade.
Dito isso, na categoria “rompimentos de vínculos familiares e institucionais” foi
visto que houve um rompimento brusco com a escola e com a polícia. As relações com a
família nuclear, principalmente com o pai foram ressaltadas como difíceis e violentas, já
que alguns deles tinham histórico com dependência química.
Além disso, esses adolescentes não se sentiam parte da escola onde estudavam,
mostrando-se desconfortáveis no contexto escolar. Eles viam a escola como algo positivo
para o futuro, mas não no presente, visto que quando voltaram a estudar foram recebidos
com estigmatização e perseguição por parte da equipe pedagógica.
Foi visto uma dificuldade desses grupo marginalizado de permanecer na escola
após o envolvimento com o tráfico, já que não conseguiam consiliar a alta demanda do
tráfico de drogas com a vida acadêmica.
Da mesma forma, os participantes revelaram uma relação conturbada com a
polícia, citando diversos enquadres abusivos que já levaram durante e depois de seus
envolvimentos com o tráfico de drogas. Este cenário implica a falta de confiabilidade que
esses adolescentes têm na polícia.
Ademais, na categoria “repercussões sociais e subjetivas nos adolescentes que
se envolveram no tráfico de drogas” foi demonstrado que para obter mais lucros, os
participantes tiveram que passar cada vez mais tempo comercializando as drogas.
Todos os participantes alegaram que o tráfico de droga lhes deu acesso a bens
materiais, como itens de roupa de marca, além bancar as festas que esses jovens
frequentavam. Foi citado também que que o tráfico possibilitou estes jovens de ajudar em
casa comprando mantimentos e contas mensais.
Houveram diversos relatos sobre práticas discriminativas que esses adolescentes
sofreram após esses jovens receberem a medida socioeducativa. Eles se sentem
marcados pelo involvimento com o crime e afirmam ter dificuldades de encontrar um
emprego e estabelecer relações interpessoais.
Assim, Coimbra e Pessoa afirmam que o envolvimento com o tráfico de drogas
implica num conjunto de variáveis prejudiciais no desenvolvimento dos adolescentes.
Além desses jovens passarem a depender financeiramente e psicologicamente do tráfico,
ficam estigmatizados pela população.
REFERÊNCIAS

https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/
190605_atlas_da_violencia_2019.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/
Levantamento_2016Final.pdf
https://www.redalyc.org/journal/4518/451864487007/451864487007.pdf

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