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RESUMO
INTRODUÇÃO
O presente trabalho surgiu da realização de Estágio de Núcleo Básico, no curso de Psicologia,
que ocorreu em um hospital psiquiátrico na cidade de Lins/SP, no núcleo de reabilitação
neuro infanto juvenil, com capacidade para cento e cinco leitos, que atende crianças e
adolescentes de ambos os sexos, com seqüelas de paralisia cerebral e com distúrbios
neurológicos, sendo em sua maioria classificados como pessoas com deficiência mental
severa ou múltipla.
Tal população, ou seja, pessoas com deficiência mental severa, profunda ou múltipla,
apresentam problemas de comportamento desde sua infância e, nem sempre esses
comportamentos são submetidos a controle efetivo. Tais comportamentos dificultam sua
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interação com a sociedade e seu convívio familiar tende a ficar difícil pelo fato das pessoas ao
seu redor não saberem o que fazer quando essas pessoas emitem comportamentos aberrantes.
Comportamentos aberrantes são comportamentos indesejados e que contribuem para a
estigmatização social da pessoa com deficiência mental severa ou múltipla (FORNAZARI,
2000).
De acordo com Saunders e Saunders (1994), citados por Fornazari (2005), dentre os
comportamentos aberrantes freqüentemente exibidos por indivíduos com deficiência mental,
encontram-se estereotipias, comportamentos autolesivos, e agressões, que são algumas vezes
referidos também como comportamentos mal adaptados. Os comportamentos aberrantes
podem causar condições médicas sérias, isolamento social, problemas com cuidados pessoais
e educação, além de dificuldades na comunidade em que vivem.
“Estereotipias são comportamentos repetitivos que ocorrem em alta freqüência e não parecem
ter qualquer função adaptativa” (SCHROEDER, 1970). Respostas específicas variam de
indivíduo para indivíduo e podem incluir movimentos complexos de mãos e dedos, balançar o
corpo, movimentos “em ondas” da cabeça e movimentar objetos imaginários. Esses
comportamentos também são chamados de comportamentos de auto-estimulação, o que
implica que a função do comportamento de estereotipia é prover auto-estimulação para o
indivíduo que o emite (WHITMAN, SCIBAK E REID, 1983). A interação entre o ambiente e
o comportamento também poderia atuar sobre a funcionalidade do comportamento de
estereotipia. Sob esse ponto de vista, o comportamento seria mantido pelas conseqüências
ambientais que sua ocorrência causaria. Outra hipótese seria a de que a estereotipia refletiria
não mais do que modelos de comportamentos supersticiosos, que teriam sido ocasionalmente
modelados e mantidos por reforçamento intermitente (SPRADLIN; GIRARDEAU, 1966
citados por FORNAZARI,2005).
Respostas estereotipadas chamam a atenção devido à sua natureza “bizarra”, mas
geralmente estes comportamentos não causam qualquer prejuízo para o
indivíduo,entretanto atrapalham esforços em educar e treinar os indivíduos que os
emitem. (FORNAZARI, 2005, p.14)
Justificativa
Dentro dos estágios de ENB III e IV, optamos por estar desenvolvendo um trabalho de
estimulação sensorial e perceptual com crianças institucionalizadas em um hospital
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psiquiátrico da cidade de Lins/SP, este interesse surgiu após uma visita na mesma instituição.
Inicialmente nosso objetivo era melhorar, mesmo que singelamente, a qualidade de vida
dessas crianças, através da possibilidade de melhor interação com objetos e/ou pessoas.
Com este objetivo iniciamos um projeto que tinha por objetivo a estimulação sensorial e
perceptual, através de atendimentos individualizados. Contudo, o desenvolvimento do
trabalho esbarrou em um problema: as crianças apresentavam um número bastante grande de
comportamentos aberrantes, e este fator impossibilitava o desenvolvimento dos atendimentos
da maneira planejada.
Com o objetivo de reduzir os comportamentos aberrantes apresentados pela clientela,
desenvolvemos este trabalho ora apresentado, visando possibilitar às crianças, o acesso
efetivo às vantagens oferecidas pelo trabalho de estimulação sensorial e perceptual.
Outra justificativa a ser apresentada trata-se da possibilidade de estabelecer um controle
comportamental sobre tais comportamentos aberrantes. Este fator poderia atuar como
instrumento no trabalho de profissionais de várias áreas do conhecimento, com relação ao
trato com as pessoas que apresentam comportamentos aberrantes em seus repertórios
comportamentais.
Objetivo Geral
Reduzir comportamentos aberrantes que ocorriam durante sessões de estimulação sensorial e
perceptual oferecidas a essas crianças.
Objetivos Específicos
- Proporcionar um ambiente estimulante a essas pessoas;
- Compreender suas necessidades participando de seu cotidiano;
- Contribuir para a redução da sua estigmatização social.
MÉTODO
Participantes
O trabalho foi realizado com doze crianças do núcleo citado, com atendimentos de trinta
minutos, duas vezes por semana.
1
Os nomes dos participantes são fictícios.
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Local
Hospital psiquiátrico na cidade de Lins/SP, no núcleo de reabilitação neuro infanto juvenil,
com capacidade para cento e cinco leitos, que atende crianças e adolescentes de ambos os
sexos, com seqüelas de paralisia cerebral e com distúrbios neurológicos, sendo em sua
maioria classificados como pessoas com deficiência mental severa ou múltipla.
Procedimento
O trabalho foi realizado com doze crianças do núcleo citado, com atendimentos de trinta
minutos, duas vezes por semana, utilizando brinquedos e brincadeiras que possibilitavam
estimulação sensorial e perceptual, ou seja, com diferentes texturas, cores, tamanhos, sons e
temperaturas.
Quando ocorriam comportamentos aberrantes, era então utilizado o procedimento de DRO,
que consistia em colocar o comportamento aberrante em extinção e reforçar a ocorrência de
qualquer outroc omportamento emitido.
RESULTADOS
Os atendimentos foram realizados no próprio núcleo de reabilitação, nas salas: de psicologia,
terapia ocupacional, estimulação de bebês e fisioterapia. Os materiais utilizados podem ser
considerados de fácil acesso, e disponíveis no nosso cotidiano, tais como, brinquedos e livros
de estimulação tátil, brinquedos de estimulação sonora, fantoches e brinquedos coloridos de
diversas formas e cores para estimulação visual, perfumes para estimulação olfativa, além da
estimulação tátil das estagiárias, e brinquedos levados pelas mesmas, assim, como bolsa de
água quente e fria para complementação das atividades propostas.
Como resultado do uso do procedimento de DRO, pôde-se observar uma melhora na interação
entre as crianças e as estagiárias, além de uma melhora na interação com os objetos, o que
demonstra um aumento do repertório comportamental adequado das crianças atendidas.
Como esperado, os dados revelam que com a introdução do DRO, os comportamentos
aberrantes tiveram um aumento em freqüência, para então serem reduzidos. Esse fato pode ser
compreendido pelos resultados do procedimento de extinção inerente ao procedimento de
DRO, ou seja, o número de comportamentos aberrantes sofreu um acréscimo, para só então
ser efetivamente reduzido.
Sob certas circuntâncias a curva (de extinção) pode ser perturbada por um efeito
emocional. O não-reforço de uma resposta leva não somente a uma extinção operante,
mas também a uma reação comumente denominada frustração ou cólera. (SKINNER,
2003, p. 76-77).
Este procedimento possibilitou uma discriminação por parte das crianças, que passaram a se
comportar de modo mais adequado durante os atendimentos, tornando-os efetivos. Assim, as
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Em outras palavras, seria um erro pensar a discriminação como um evento privado que
precede e então causa a mudança pública no comportamento. Em geral, a discriminação
nunca é um evento privado; a única exceção reside no modo como alguns analistas do
comportamento tratam do autoconhecimento.(BAUM, 1999, p.113).
DISCUSSÃO
“A probabilidade de uma pessoa responder de determinada maneira por causa de uma história
de reforço operante muda à medida que as contingências mudam.” (SKINNER, 2000, p.52). É
isso que se pode concluir: alterar as contingências ambientais para que conseqüentemente,
modificações pudessem ser obtidas no repertório comportamental das crianças atendidas.
Outro fato que se pode concluir dos dados levantados consiste em que indivíduos com
deficiência mental severa, profunda ou múltipla precisam de atendimento individualizado,
visto que a complexidade dos comportamentos apresentados pelas crianças, e a análise
funcional decorrente dos mesmos, precisa de um estudo e treinamento específicos para um
adequado uso de procedimentos como o DRO.
Esses apontamentos levantam a necessidade de desenvolver um trabalho com os profissionais
que trabalham com pessoas com as características da população ora estudada. Esses
profissionais precisam desenvolver habilidades no manejo dos comportamentos inadequados
de seus pacientes, de forma que possam interagir com eles de maneira adequada. Ainda
considerando a tais profissionais, mas também outros segmentos da sociedade, as expectativas
que podem ser observadas em relação ao papel da família e do professor são também
relevantes.
Concluindo, para futuros trabalhos, seria de extrema relevância estender os efeitos
conseguidos durante os atendimentos para o cotidiano das crianças através do treinamento dos
profissionais, tanto na estimulação sensorial e perceptual, quanto no controle comportamental.
Um trabalho nesse sentido poderia efetivamente trazer melhoria na qualidade de vida da
população ora estudada, assim como a redução do preconceito e da estigmatização social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_______; MULICK, J. A.; ROJAHN, J. The definition, taxonomy, epidemiology, and ecology
of self-injurious behavior. Journal of Autism and Developmental Disorders. n. 10, p. 417-
432, 1980.
______; _______.; REID, D. H. Behavior modification with the severely and profoundly
retarded - research and application. New York: Academic Press, 1983.
AGRADECIMENTOS