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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS ARAPIRACA
UNIDADE EDUCACIONAL PALMEIRA DOS ÍNDIOS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ELIEL NUNES DANTAS


EMERSON VITOR FARIAS DE BARROS
VINÍCIUS HENRIQUE DA SILVA

AVALIAÇÃO BIMESTRAL 2

Arapiraca/AL
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CAMPUS ARAPIRACA
UNIDADE EDUCACIONAL PALMEIRA DOS ÍNDIOS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ELIEL NUNES DANTAS


EMERSON VITOR FARIAS DE BARROS
VINÍCIUS HENRIQUE DA SILVA

Atividade Avaliativa para a disciplina


de Psicopatologia II. Avaliação
bimestral II, solicitada pela
Professora Caroline Padilha.

Arapiraca/AL
2021
1. INTRODUÇÃO

Tendo em vista a conjuntura atual e pensando nos elevados índices de


adoecimento psíquico, o presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre o
transtorno depressivo. Este que, segundo Dougher e Hackbert (2003), é um dos
transtornos psicológicos mais dominantes e diagnosticados no sistema de saúde,
tem sido intensificado de maneira exorbitante. Outro dado é que segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde, 2017, apud CUNHA, 2018), atualmente mais de
300 milhões de pessoas sofrem com esse problema.

Diante dessas considerações, desenvolvemos nossa discussão com base em


duas perspectivas teóricas com a finalidade de expor a compreensão do que seria a
depressão para cada teoria, bem como suas aproximações e distanciamentos.
Escolhemos para essa síntese os apontamentos da Análise do Comportamento
(AC), que é embasada filosoficamente no Behaviorismo Radical de Burrhus F.
Skinner e o Humanismo, mais especificamente a logoterapia de Viktor E. Frankl.
Tendo em vista que a temática é muito difundida e diversificada em toda psicologia
e tendo cuidado em não cair em redundâncias, buscaremos apresentar a temática
de forma sintética e objetiva.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Análise do transtorno depressivo sob a ótica analítico-comportamental


(AC).

Para falar sobre comportamento humano e consequentemente chegar à


discussão sobre Depressão, precisamos apontar que para a AC o comportamento
humano se desdobra através da seleção por consequências, assemelhando-se à
compreensão de seleção natural proposta por Charles Darwin. De forma sucinta, o
comportamento é selecionado através das consequências diante da interação com o
meio, à medida que vivenciamos e agimos sobre o mundo, este por sua vez age
sobre nós. Diante disso, assim como a seleção natural se fala sobre como o
ambiente selecionou as espécies ao longo do tempo, a seleção comportamental por
consequências entende que o ambiente, que consiste neste momento consiste nas
interações sócio-culturais, selecionam comportamentos dos sujeitos. (MOORE,
2018)

Avançando na discussão, é preciso falar também sobre os níveis de seleção


do comportamento humano, este que é construído em três níveis. O primeiro nível,
filogenético, consiste em toda carga genética e predisposições comportamentais
inatas do sujeito, ou seja, toda carga genética que permite ao sujeito interagir e
apreender o mundo. O segundo, nível ontogenético, que se refere a todo o
repertório aprendido durante a vida e construção do sujeito dentro de suas
possibilidades de convívio. Por fim, o nível cultural que visa as interações sociais
mais amplas que influenciam o sujeito, tais como política, economia, filosofia e
sociologia (MOORE, 2018; SKINNER, 2003, apud CUNHA, 2018, p. 9). Dito isso,
embora haja teoricamente esta separação, na realidade é para fins didáticos, pois
não há no que se falar em três partes, mas sim um todo agindo sobre o mundo e o
apreendendo, sendo criado e construído como fruto do ambiente. (MOORE, 2018)

Trazendo a discussão para o objetivo do trabalho, entende-se que a


depressão, segundo o DSM-V (APA, 2014), tem como característica um sujeito de
humor deprimido, com diminuída motivação e sem interesse ou prazer (anedonia), o
que influencia na perda ou ganho de peso corporal, qualidade do sono. Outras
características consistem na baixa capacidade de concentração e tomada de
decisão, diminuição da energia e retardo psicomotor, em alguns casos é comum
ideação suicida, dentre outros diagnósticos.

Geralmente, o aparecimento dos sintomas relacionados à depressão está


relacionado à um evento aversivo que o sujeito vivencia, como a perda de um ente
querido, descontentamentos frente à tentativas falhas em obter êxito em suas
ações, ausência de contato social, ou seja, por motivos dos mais variados e únicos
o sujeito pode começar a apresentar sintomas depressivos. (Dougher & Hackbert,
2003).

Há diversas linhas de pensamento quando se fala em tratamento para a


depressão. Apesar de a comunidade médica se ater majoritariamente sua
compreensão em tratar esse transtorno apenas através dos fármacos, segundo
Dougher & Hackbert (2003), a utilização de psicoterapia aliada à administração
destes medicamentos, tem se mostrado mais eficiente tanto quanto na redução
como na prevenção do reaparecimento dos sintomas ou episódios depressivos.

Segundo Seligman (1975, apud Cardoso, 2017), os comportamentos


depressivos começam a ser apresentados pelos sujeitos em função de sucessivos
aversivo apresentados ao sujeito, bem a dificuldade de se obter ou acessar
reforçadores no meio ambiente, ou seja, há uma demanda de força para se eliminar
aversivos e buscar reforçadores, no entanto o sujeito se vê incapacitado e, portanto,
começa a deixa de agir, se comportar. A depressão estaria então associada à perda
do controle das contingências ambientais. (Cardoso, 2017)

Para a terapia analítico-comportamental, o tratamento de qualquer que seja a


demanda deve ser através de análise funcional, ou seja, a prática do profissional é
baseada na análise das variáveis antecedentes e consequentes que modelam o
comportamento humano. É através dessa análise, que são reconhecidos os
comportamentos públicos (fala, gestos) e encobertos (pensamentos, sentimentos)
que mantém e instalam os comportamentos ditos benéficos, tais como os chamados
comportamentos-problema. Entender como as contingências estão dispostas na
vida do sujeito, auxilia no desenvolvimento de habilidades que o permitem obter
reforçadores dentro do meio social ao qual está inserido. (Abreu & Santos, 2008;
Jacobson & Gortner, 2000, apud Cardoso, 2017 p. 481).

A investigação das variáveis relacionadas à manutenção dos


comportamentos ao longo da vida do sujeito se torna imprescindível para a prática
do psicólogo. Além disso, o profissional que se utiliza da terapia analítico-
comportamental, buscará facilitar a compreensão que o sujeito tem de si e de suas
relações, promovendo assim autonomia para uma posterior alta do
acompanhamento profissional. Em se tratando de autonomia, um dos artifícios
utilizados são as atividades de automonitoramento, que além de auxiliar o terapeuta
no processo de tratamento trazendo informações pertinentes, visam possibilitar ao
paciente discriminar as contingências que está vivenciando e assim ter maior
clareza ao agir quando não estiver no set terapêutico (Abreu, 2006, apud Cardoso,
2017).
Durante o tratamento, espera-se também que o terapeuta busque aperfeiçoar
as habilidades sociais do paciente, isso através do treinamento de habilidades,
buscando de forma gradativa aumentar as exposições frente às situações que
buscam novos reforçadores, bem como o treino de habilidades para saber lidar com
os aversivos (CARDOSO, 2017).

Diante do exposto, a terapia visa auxiliar o sujeito que em sua ontologia,


passou a se comportar de forma apática, sem energia, devido a aversivos
vivenciados ou falta de reforçadores. O auxilia então no desenvolvimento de
habilidades e potencialidades, que o permite agir de forma funcional diante das
contingências expostas.

2.2. Análise do transtorno depressivo sob a ótica da Logoterapia.

Na essência da Logoterapia está o Sentido. FRANKL (2013). Todo ser


humano tem que ter Sentido , um norte que serve de guia e como ponto de
referência na vida do indivíduo, em outras palavras o indivíduo tem que ter com o
que se ocupar. Por vezes quando esse sentido não é alcançado levará o indivíduo a
cair no vazio existencial, tipo de neurose que se manifesta sobretudo pelo tédio.

E a partir daí, outras consequências, como por exemplo, depressão,


agressão e etc. Frankl conclui que a busca de Sentido na vida, se constitui na
principal força motivadora do ser humano.

Diferente da psicanálise que olha muito pra dentro, e pensa muito no


passado e como este influencia na vida do indivíduo, no caso da logoterapia, é
justamente ao contrário, claro que o passado é levado em conta, porém o que
ganha destaque é o futuro, a busca do sentido ela vem através da projeção de
objetivos e sentidos que ultrapassam o presente, no sentido de entender que todos
temos um papel a desempenhar ao longo de nossa vida.

A realidade existencial é entendida como sendo origem do transtorno, e


dentro dela que também encontramos os meios de superar os transtornos, Em cima
dos sintomas que identificamos na depressão, como por exemplo, fadiga, perda de
energia, insônia ou em alguns casos sono em excesso, e a principal, que é a
presença do humor depressivo como consta no DSM-V, e muitas vezes nos relatos
o sentimento de vazio também é descrito pelos pacientes. A logoterapia traz um
conjunto de técnicas e entendimentos que podem ajudar e muito no transtorno
depressivo.

De acordo com Aquino et. al. (2016) “O quadro depressivo se agrava quando
não se percebe um sentido do futuro, a pessoa deixa de responder ao presente de
forma significativa, o que agrava e reforça a sensação de falta de sentido”. Em
outras palavras, assim como a falta de sentido pode agravar o quadro depressivo, a
busca pelo sentido pode ser a solução a se buscar nestes casos.

A experiência clínica sugere que o trabalho com pacientes depressivos


deve buscar a ampliação do campo perceptivo para aplacar a depressão e o
desespero. O ser humano vive num constante devir, uma eterna relação entre o
que é, e o que virá a ser, porém esse vir a ser, trabalha sempre com
possibilidades, cabe ao profissional em uma relação de troca construir junto com
o paciente a busca de um sentido, explorando as possibilidades do paciente, para
que ele consiga entender quem é, e também as possibilidades de ser.

3. Considerações finais: Aproximações e separações entre as


perspectivas.

Conforme o exposto percebemos que o transtorno depressivo de um sujeito


pode ser interpretado por perspectivas psicológicas que diferem em premissas que
consequentemente levam a conclusões, ações e resultados que variam dentro do
campo de cada profissional da área.

Percebe-se dentro do campo da AC uma percepção próxima à visão


biomédica e positivista, enquanto na logoterapia há uma aproximação existencial,
porém, nota-se que ambas não negam ou tratam de forma irresponsável a
gravidade do transtorno.

Destarte, nota-se uma divergência na interpretação do passado do sujeito


entre as abordagens, o transtorno de acordo com a AC é visto como uma cadeia de
comportamentos que se iniciam após encontrarmos uma sobrecarga de eventos
punitivos ou a total ausência de elementos reforçadores em certos comportamentos,
enquanto a interpretação da logoterapia mostrar-se fixa no significado existencial do
ser humano e em uma visão clara de objetivos futuros e presentes que podem ser
encontrados pelo sujeito. Além disto, percebe-se na logoterapia um olhar
introspectivo que parte de uma perspectiva metafísica existencial que o sujeito tem
de si para o mundo e com seus objetivos futuros dentro do papel que o sujeito tem a
cumprir no mundo, enquanto no lobrigar da AC o transtorno é uma resposta de
estímulos externos que devem ser percebidos de diversas origens e avaliados
durante o seu tratamento.

No que tange a aproximações, observa-se que a busca de sentido que


embasam os objetivos do sujeito na logoterapia, se assemelha e muito ao processo
de desenvolvimento de habilidades e potencialidades aos quais propõe os analistas
do comportamento durante sua atuação, ambas as perspectivas concordam em
uma demanda por objetivos que façam sentidos para o sujeito, embasados em uma
situação em que também há o consenso de que a ausência de fatores que motivem
ações realizadoras são agravantes para a situação de pessoas com transtorno
depressivo.

Assim, percebe-se que as diferentes origens e perspectivas entre as


abordagens conseguem fazer com que este transtorno tenha interpretações que
podem ser consideradas perpendiculares na busca pelo quadro de superação do
transtorno. Fazendo com que esse tipo de atividade seja importante para
entendermos que a riqueza das psicologias não está embasada no monopólio
metodológico, mas sim em uma pluralidade de visões que podemos ter e utilizar
para melhorar a condição de vida dos sujeitos.

Referências:
American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5 (5a ed.; M. I. C. Nascimento, Trad.). Porto Alegre, RS:
Artmed.

AQUINO, Thiago Antônio Avellar de; DARA, Dany Monique Batista; SIMEAO,
Shirley de Souza Silva. Depressão, percepção ontológica do tempo e sentido da
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Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
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http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20160006.

CARDOSO, Luciana Roberta Donola. Psicoterapias comportamentais no tratamento


da depressão. Psicologia Argumento, [S.l.], v. 29, n. 67, nov. 2017. ISSN 1980-
5942. Disponível em:
<https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/20359>.
Acesso em: 31 maio 2021.

CUNHA, Raíssa Moreira Alves da. Controle por regras e depressão em casos
clínicos: um estudo exploratório. 2018. 47 p. Monografia (Graduação em
Psicologia) - Universidade Federal do Maranhão, São Luiz, 2018.

DOUGHER, Michael J.; HACKBERT, Lucianne. Uma explicação analítico -


comportamental da depressão e o relato de um caso utilizando procedimentos
baseados na aceitação. Rev. bras. ter. comport. cogn., São Paulo , v. 5, n. 2, p.
167-184, dez. 2003 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1517-55452003000200007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em
31 maio 2021.

FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de


concentração. Editora Sinodal, 2013.

MOORE, Jay. SELEÇÃO COMPORTAMENTAL POR CONSEQUÊNCIAS. Revista


Brasileira de Análise do Comportamento, [S.l.], v. 13, n. 2, jul. 2018. ISSN 2526-
6551. Disponível em: <https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/5905>.
Acesso em: 31 maio. 2021. doi:http://dx.doi.org/10.18542/rebac.v13i2.5905.

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