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ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Clara Maiello Viana1
Atualmente, muito se tem falado dos problemas em re- Segundo Zamignani e Banaco (2005), o padrão de comporta-
lação à ansiedade. Alguns autores da linha cognitivo-compor- mento característico dos transtornos de ansiedade é o de esquiva
tamental, como Gentil (1997), Costello (1998), Picon (2003), fóbica: na presença de um evento ameaçador ou incômodo, o
Zamignani e Banaco (2005), entre outros, vêm realizando pes- indivíduo emite uma resposta que elimina, ameniza ou adia esse
quisas com o objetivo de buscar estratégias terapêuticas mais evento. O que diferencia cada um desses transtornos é o tipo de
específicas para lidar com essa queixa. O alto grau de ansieda- evento experimentado como ameaçador ou incômodo e o tipo
de, sofrida por sujeitos que vivem diante de grandes expecta- de resposta na qual o sujeito se engaja de forma a produzir uma di-
tivas e mudanças, pode provocar vários transtornos psíquicos, minuição do contato com o estímulo aversivo. Os autores citam os
dentre eles o transtorno de ansiedade. diferentes transtornos de ansiedade: Fobia Simples, Fobia Social,
Este artigo abordará a Fobia Social, um tipo de transtorno de Pânico, Agorafobia, Stress Pós-Traumático, Ansiedade Generaliza-
ansiedade, que apresenta um desafio terapêutico considerável e da e Aguda e TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo).
está frequentemente associado a outros transtornos psiquiátri- Será abordada a Fobia Social, também conhecida como
cos. Primeiramente, será conceituada a ansiedade. Transtorno de Ansiedade Social. Dentro do referencial cognitivo-
Segundo Gentil (1997), a ansiedade pode ser definida como -comportamental, a fobia social pode ser enquadrada no modelo
um estado emocional desagradável, acompanhado de descon- etiológico proposto por Barlow, em 1993, para os transtornos
forto somático. Normalmente, possui relação com um evento de ansiedade (Cia, 1994), que surge com alguns fatores desenca-
futuro. O desconforto apresentado na ansiedade é normalmente deantes associados a uma vulnerabilidade biológica e psicológica.
descrito, por aquele que o sente, como “frio na barriga”, “cora- Segundo Picon (2003), até a década de 80, os casos de an-
ção apertado”, “nó na garganta”, “mãos suadas” e é, além disso, siedade ou fobia social eram descritos na literatura da área de
sentido como paralisante. Psicologia como timidez patológica, ansiedade de encontro ou
mesmo insegurança. Em 1980, com a publicação do DSM-III,
O termo ansiedade, todavia, pode referir-se a eventos bas- o quadro passou a constar como categoria diagnóstica. Hoje, a
tante diversos, tanto no que diz respeito a estados internos ansiedade social é definida como medo marcante e persistente
do sujeito, quanto a processos comportamentais que produ- de uma ou mais situações sociais ou de desempenho, em que o
zem esses estados internos. Muitos eventos descritos como indivíduo se sente exposto a desconhecidos ou a uma possível
agradáveis podem implicar em um sentimento de ansieda- avaliação dos outros (American Psychiatric Association, 1994).
de, principalmente quando envolvem espera. Entretanto, é Picon (2003) acrescenta que os modelos cognitivos mais atu-
principalmente quando a ansiedade se refere à relação do ais da fobia social se baseiam em uma série de crenças comuns
indivíduo com eventos aversivos em suas múltiplas possibilida- de que os fóbicos sociais têm sobre si mesmos e sobre o mundo
des de interação, que ela adquire o status de queixa clínica que os cerca, que os faz acreditar que estão em permanente pe-
(ZAMIGNANI; BANACO, 2005, p.78). rigo social ou de agir de forma imprópria e, como conseqüência,
serem negativamente avaliados ou rejeitados pelos outros.
Para Picon (2003), os sintomas aparecem em diversas si- Os modelos cognitivos atuais de fobia social possibilitaram o
tuações cotidianas e têm se tornado cada vez mais comum na desenvolvimento de técnicas mais específicas, com maior chance
vida das pessoas. Sensações e impressões errôneas da realidade, de sucesso terapêutico, que estão atualmente em uso clínico e
como o sofrimento por aflições antecipadas, pela probabilida- aguardam estudos de sua efetividade.
de de algum acontecimento, causando sentimento de angústia Para Picon (2003), os objetivos da terapia cognitivo-com-
e mal-estar, podendo alterar negativamente as atividades do portamental, em pacientes portadores de fobia social são: dimi-
cotidiano,e atrapalhar as atividades intelectuais do sujeito, podem nuir a ansiedade que antecede as situações sociais temidas, dimi-
indicar um transtorno de ansiedade. nuir os sintomas fisiológicos de ansiedade associados, diminuir
NOTA DE RODAPÉ