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BAGÉ/RS
2006
1
IPAF
INSTITUTO DE PSICOLOGIA APLICADA E FORMAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONSULTA PSICOLÓGICA E
PSICOTERAPIA
BAGÉ/RS
2006
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Herman Hesse
5
RESUMO
Palavras chave:
Psicologia Sócio-Histórica, Humanização, UTI Adulto, Familiar,
Mutuamente Contingente, Ressignificação.
6
ABSTRACT
Key-words:
Social-Historical Psychology, Humanization, Adult ITU, Familiar, Mutually
Contingent, Ressignification.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................09
PROPOSIÇÃO (PROBLEMA)...................................................................................13
JUSTIFICATIVA.........................................................................................................14
OBJETIVOS...............................................................................................................15
OBJETIVO GERAL....................................................................................................15
OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................................15
MÉTODO....................................................................................................................69
LOCAL DE INQUÉRITO............................................................................................70
SUJEITOS DA PESQUISA........................................................................................70
PROCEDIMENTO......................................................................................................71
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................72
RESSIGNIFICAÇÃO DO AMBIENTE DA UTI ADULTO...........................................79
8
CONCLUSÃO............................................................................................................85
OBRAS CONSULTADAS..........................................................................................88
ANEXOS..................................................................................................................100
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INTRODUÇÃO
alto nível de ansiedade da família diante da doença, bem como da consciência plena
da nocividade da ruptura dos laços familiares na hospitalização em uma Unidade de
Terapia Intensiva Adulto (UTI). Assim, embora não intencionalmente, a internação
contribui para o sofrimento do doente, na medida em que este, ficando longe de seu
parente, desenvolve um padecer psíquico.
Nessa perspectiva, a história própria do hospital pode interferir no imaginário
do paciente e em seu processo de hospitalização, seja na forma de sua
internalização da hospedagem, no caráter provisório ou não da permanência, da
convivência com os familiares, com os anônimos membros da equipe do hospital, ou
na sua forma de interdição de seu corpo e de sua pessoa.
Desse modo, o paciente ao entrar na Unidade de emergência, encontra-se
frente a uma vivência repleta de simbolismos históricos que produz no seu
imaginário, sensações e sentimentos que se confundem com o próprio processo do
adoecer.
Percebe-se também que, quando um membro da família necessita
internação numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é este um dos acontecimentos
mais difíceis e significativos na dinâmica familiar. Essa situação se torna ainda mais
complexa quando o familiar se depara com um serviço em que as rotinas de visita
são impostas, com horários rígidos, tempo de visita muito curto e número restrito de
visitantes por doente.
Verifica-se da mesma forma que as informações sobre os doentes
geralmente são dadas num determinado horário, por meio de boletins, contendo
informações do tipo: óbito; muito grave; estável; melhorando.
Medidas e projetos que revertam esta triste realidade, atitudes humanísticas
e éticas, assegurando a todo cidadão um acompanhante familiar ou cuidador
presente na unidade se faz necessário. Sabe-se que a lei assegura apenas às
crianças e aos idosos o acompanhamento do familiar de forma mais efetiva,
entretanto, estudos mostram que o afeto, carinho, amor e a presença de um
intercâmbio mutuamente contingente, modificam os índices de morbi-mortalidade.
Nesse sentido, a proposta de humanização na Unidade de Terapia Intensiva
Adulto (UTI) de nossa Instituição, sugeriu a substituição das formas de violência
simbólica, constituintes do modelo de assistência hospitalar, por um modelo
centrado na possibilidade de relação e diálogo entre usuários, profissionais e
gestores, buscando instituir uma "nova cultura de atendimento".
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outro por meio do diálogo que tanto o ser que é cuidado, aquele que “chama”,
quanto o ser que cuida, aquele que é “chamado”, sairão fortalecidos com o encontro.
Desse modo, o Psicólogo Intensivista deve atuar no sentido de ajudar a
promover os recursos emocionais do paciente, do familiar e dos profissionais da
equipe da Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI) para lidarem com suas próprias
dificuldades e através de um “apontar a dois”, trilhar um caminho em direção a um
incremento dos fatores protetores nos enfermos, que os leve ao enfrentamento da
doença e da hospitalização de forma mais saudável.
E como afirma Leal (1985), neste apontar a dois, o “EU” e o “OUTRO” dentro
de uma experiência relacional, vão intuir um significado partilhado da realidade como
produto do tipo de relação estabelecida com os cuidadores.
Diante da atual proposta da Humanização na Saúde, o Hospital Universitário
- URCAMP apreende que mudanças na estrutura das rotinas hospitalares da
Unidade de Tratamento Intensivo são necessárias, na medida em que atende às
necessidades do doente, da família no momento de crise, e das próprias políticas
públicas do Governo Federal e do Governo Estadual no que se refere à
Humanização Hospitalar.
É corrigindo o desligamento temporário do paciente de seu parente enfermo
durante a internação hospitalar, favorecendo aos familiares a proximidade com o
mesmo, por intermédio de um acompanhamento afetivo, efetivo com a inserção
destes no projeto terapêutico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e ao mesmo
tempo, possibilitando apoio psicológico, acolhimento e uma melhor qualidade de
vida durante o processo de hospitalização que, na prática poder-se-á falar em
Humanização.
PROPOSIÇÃO (PROBLEMA)
JUSTIFICATIVA
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
hospícios, palavras com a mesma raiz latina, onde almas pias patrocinavam e
cuidavam de peregrinos, crianças, velhos, vagabundos e doentes (RIBEIRO, 1993).
O hospital se deu a partir de Cristo, onde recebeu total importância da
religião cristã, pois os seres humanos passaram a valorizar seus semelhantes,
devendo “Amar o próximo como a si mesmo”. Sendo assim, a primeira entidade
assistencial-hospitalar surgiu em Óstia, perto de Roma, na Itália em meados dos
anos 360 na era Cristã, onde a saúde era abordada de forma limitada pertinente aos
padrões da época.
A instituição hospitalar que funcionava na Europa desde a Idade média não
era, de forma alguma voltada para a cura, limitava-se a assistir aos pobres, pois
funcionava como forma de exclusão e separação. Estudando a respeito do
surgimento dos hospitais nas Américas, Campos (1995), coloca que o primeiro
surgiu na Cidade do México, em 1524, denominado Hospital Jesus de Nazaré.
No Brasil, segundo a autora, foi fundada a primeira Santa Casa em Santos
no ano de 1538, sob a influência dos portugueses exploradores e colonizadores,
devido à criação de vilarejos onde viviam os próprios exploradores, Mais tarde,
fundaram a Santa Casa de São Paulo, meados dos anos de 1590 a 1599. Nessa
época, os hospitais continham atendentes leigos e religiosos que se empenhavam
em salientar o doente e não a doença, desenvolvendo atividade de natureza
curativa.
Este fato explica porque os primeiros hospitais foram construídos como local
onde a prática, que era exercida baseada no cristianismo, colocava os enfermos
isolados e a clientela constituída de mulheres desamparadas, pobres, velhos,
moribundos e doentes crônicos, pois eram vistos como aquele que estava possuído
pelo “mal”.
Desse modo, o hospital permanece com essas características até o início do
século XVIII, como lugar de internamento, como um espaço de exclusão, baseados
na existência e transformação espiritual e ficava sob os cuidados de monges e
religiosos, o paciente com maior poder aquisitivo eram atendidos a domicílio. A
função médica ainda não aparece.
A partir do século XIX, o hospital, serviu como revelação de sofrimento,
posto que surgiu como um espaço de consolidação da identidade de doente, de
assistência, segregação e exclusão (FOUCAULT, 1998; 1979).
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abstrair o sujeito, pois sua disposição, temperamento, fala, idade, modos de vida
perturbavam a identificação da doença, segundo o desenho nosográfico
preestabelecido.
Assim, na formação mecanicista, o papel da lógica médica era neutralizar
essas perturbações, manter o sujeito distante para que a configuração ideal da
doença aparecesse aos olhos do médico, no abismo que se instaurava entre eles.
Nesse sentido, o olhar clínico foi dirigido para o corpo, representado como
lugar da doença. Houve um quase silenciamento do paciente que, em vão, tentava
falar de seu sofrimento e daquilo que imaginava ser o seu mal.
A doença foi retirada de sua metafísica da maldade, da qual tinha sido parte
durante séculos e passou a ocupar um estado corporal que permitiu sua leitura pela
ciência. Ao instaurar o fim de uma concepção religiosa e individual da doença,
acabou-se tamponando as reações de sofrimento do sujeito frente às adversidades
ou fragilidade da vida. Os sintomas assumiram os significados de determinantes
naturais das doenças, deixando de lado a articulação entre o sujeito e o sofrimento.
Assim, a família perdeu a autoridade sobre a maneira de cuidar do seu ente,
que seria doravante isolado e “olhado cientificamente”. No hospital, a partir do olhar
médico, pretendia-se reparar os excessos ou deficiências das práticas familiares em
relação ao processo saúde-doença-cuidado.
Desse modo, no século XIX, lidar com a doença tornou-se função dos
médicos. Como resultado dessa prática, uma conclusão se impôs: a norma familiar
produzida pela ordem médica solicitava, de forma constante, a presença de
intervenções disciplinares por parte desses verdadeiros agentes de normalização.
Segundo Boltanski (1979), a história da medicina, há mais de um século, é a
história contra as práticas médicas populares, com o fim de reforçar a autoridade
médica e colocar sob sua jurisdição novos campos abandonadas até então ao
arbítrio leigo.
O primeiro fator da transformação foi a anulação dos efeitos negativos do
hospital, purificando-o dos efeitos nocivos, da desordem que o mesmo acarretava
doenças das pessoas internadas que podiam espalhar-se na cidade como
epidemias, como também na desordem econômico-social de que ele era foco.
Contudo, sente-se à necessidade de desenvolver práticas de saúde
comunitária, baseadas no aspecto de prevenção, criando as unidades de saúde,
ligadas ao público. Embora o hospital ainda preocupa-se em limitar as atividades no
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transformada por eles. Isso nos leva a deduzir que a percepção que o paciente tem
da Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI), bem como as demais pessoas
envolvidas na hospitalização, pode mudar de acordo com o contexto que se
apresenta e/ou as interações nela realizadas, nos diferentes momentos histórico e
individual.
A tarefa de construção de significados pessoais depende da prévia partilha
de um espaço pré-símbólico de comunicação emocional trabalhando no encontro a
dois, aponta Leal (1997).
Os veículos construídos só podem ser expressos e rotulados, na medida em
que são reconhecidos num relacionamento entre dois interlocutores mutuamente
comprometidos. Ou seja, o familiar contentor das emoções e das experiências
vivenciadas pelo paciente na Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI).
Ao discorrer sobre a distinção entre significado e sentido, Vygotsky (1995)
refere que aquilo que é convencionalmente estabelecido pelo social é o significado,
já o sentido é o signo interpretado pelo sujeito histórico, dentro de seu tempo,
espaço e contexto de vida pessoal e social.
Pino (1997), afirma que os processos de significação estão diretamente
ligados às interações sociais, ou seja, à mediação feita pelo outro e, Vygotsky
(1994), defende que a aprendizagem ocorre a partir desse processo de interação
social, através do qual o indivíduo vai internalizando os instrumentos culturais.
Dessa maneira, pode-se supor que as experiências vivenciadas com outras
pessoas dentro da Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI), é que vão determinar
a qualidade do objeto internalizado e que tais experiências acumuladas, constituindo
a história de vida de cada um, é que vão possibilitar a ressignificação individual do
produto internalizado.
Nesse sentido, a ação de conhecer é obra da atuação do elemento mediador
(Psicólogo) como afirma Vygotsky (1995), que tem uma visão psicológica do
ambiente e das condições implicadas no desenvolvimento da saúde e da doença, o
que o leva, dessa maneira, a explicar e valorizar como o aspecto afetivo que tem
raízes na filogênese, desenvolve-se e complexifica-se, atuando na constituição do
sujeito e nas suas relações com o ambiente físico e social (Internação).
Vários são os aspectos culturais que contribuem para o significado cultural
atribuído à Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI). Para Sebastiani (2002), local
fechado e isolado A visão que a sociedade construiu ao longo do tempo do contexto
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sócio-histórico desta unidade hospitalar, permiti-nos afirmar que esta tem uma
função separadora, na medida em que internado o doente fica sozinho, alienado do
mundo lá fora e distante das pessoas que lhe são mais significativas.
Hudack e Gallo (1997), afirmam em seu trabalho que o significado cultural
negativo atribuído a Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI), como um local
fechado e isolado é permeado por idéias de que é um ambiente de pessoas
gravemente enfermas, em estado terminal, que a entrada das pessoas nesse local é
restrita e limitada, que as informações são insuficientes e não refletem a realidade
vivida lá dentro e que quem entra para uma Unidade de Terapia Intensiva,
dificilmente se salva, ou seja, que o óbito é apenas uma questão de tempo.
Nessa mesma linha de pensamento, Lemos e Rossi (2002) dizem que o
significado cultural que está implícito no entendimento dos clientes e sua família a
respeito da internação em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI), está
diretamente relacionada à questão da morte, o que expressa o medo de que os
pacientes têm, a partir do momento que são internados, de morrer, de que quem vai
para esta unidade não tem mais chance de se salvar.
Assim, o ambiente dessa unidade, da forma como é percebido, faz com que
os pacientes concluam que seu estado de saúde é mais grave do que realmente
possa ser, inclusive podendo levá-lo a desistir de lutar.
Igualmente, também encontramos em Souza, Possani e Mugair (1985)
descrições que falam do significado da Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI)
como um lugar misterioso, muitas vezes trágico, justamente por aferir os aspectos
das doenças e do adoecer em si mesmo, o que leva a construção de uma imagem
negativa, ou seja, como um ambiente mecânico e desumano para com o paciente,
para com a família e equipe.
O significado cultural do cuidado humanizado desta unidade de emergência
também é revelado em outro estudo realizado por Vila e Rossi (2002) como algo
muito falado e pouco vivido. O referido trabalho aponta que o conceito de
humanização sintetizado, pelos profissionais, na expressão: amar ao próximo como
a si mesmo, não é o mesmo revelado na prática de enfermagem.
Ao refletirem sobre o cuidado humanizado, os informantes apresentaram
duas perspectivas: a realidade da prática na UTI, "o vivido" e o ideal de humanizar,
"o falado". Dessa forma, do ponto de vista do profissional de enfermagem, a
realidade na prática da UTI é interpretada considerando o conceito de "doença
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Nesse sentido, Pino (1997) tem destacado com clareza que tais fenômenos
referem-se às experiências subjetivas, que revelam a forma como cada sujeito “é
afetado pelos acontecimentos da vida ou, melhor, pelo sentido que tais
acontecimentos têm para ele.
Assim sendo, parece mais adequado entender o afetivo como uma
qualidade das relações humanas e das experiências que elas evocam (...). “São as
relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto
da realidade que forma seu contexto (coisas, lugares, situações, etc.) um sentido
afetivo” (idem, p. 130-131).
Embora os fenômenos afetivos sejam de natureza subjetiva, isso não os
torna independentes da ação do meio sociocultural, pois se relacionam com a
qualidade das interações entre os sujeitos, enquanto experiências vivenciadas.
Dessa maneira, pode-se supor que tais experiências vão marcar e conferir
aos objetos culturais um sentido afetivo.
Através das propostas da Psicologia Sócio-Histórica, assevera Bock (2001),
podemos enxergar que o estudo das instituições sociais leva a identificação de
mensagens emocionais que são reproduzidas ideologicamente, e têm a sua eficácia
garantida pela disseminação da cultura, representada por valores, crenças, rituais,
cerimônias, estórias, mitos, sistemas de comunicação, etc. Neste estudo, se entende
por valores sociais, as crenças e juízos sobre cuidados na Unidade de Terapia
Intensiva Adulto (UTI) relatadas pelos pacientes, familiares e equipe nas entrevistas.
Esses valores, essas crenças e as normas sociais produzem significados
sócio-históricos, mas esses significados no entendimento de Hall (2001) são
instáveis já que remetem a pessoa a outros significados que são mobilizados no
processo de significação, em função da atividade e das relações do indivíduo.
A captação dessa cultura organizacional no plano individual se dá pela
esfera afetiva, e se não forem refletidas ou decodificadas pela linguagem, afirma
Lane (1995),
controlar seu comportamento e sua própria ação psicológica por meio de recursos
internalizados.
Assim, o contexto da Unidade de Terapia Intensiva Adulto ou espaço social,
segundo Bousso (1997), é o local dentro do qual a experiência e os valores surgem
e interagem, colocando-se na dependência da importância cultural e da influência da
representação mental dessa experiência, que envolve julgamento. Este julgamento,
segundo a autora, abrange a exploração de significados adquiridos em função do
contexto e da imagem mentalmente construída, como resultado prático do
significado conceitual do contexto vivenciado.
O Modelo Relacional Dialógico, de autoria de Leal, apresenta uma proposta
genética desenvolvimental para a compreensão do “EU” e estabelece uma ligação
entre os passos do desenvolvimento e as estruturas de personalidade (LEAL, 1999;
RIO, 2001), sendo essas encaradas como a forma de processamento e mediação do
real, a percepção própria e dos outros, as defesas adotadas e o modo de
relacionamento.
O funcionamento interno do paciente, nesse sentido é resultado de uma
apropriação das formas de ação que estão intimamente interligadas a estratégias e
conhecimentos dominados por ele mesmo, bem como resultado também dos
eventos vivenciados no contexto interativo da Unidade de Tratamento Intensivo
Adulto (UTI).
Desse modo, conforme Vygotsky (1998) é necessário que os meios
utilizados pelo outro, para colocar limites e/ou interpretar as ações do sujeito e os
meios empregados pelo mesmo para fazer o mesmo em relação à ação do outro,
sejam transformados em recursos para o sujeito regular a sua própria ação.
Dessa relação, ainda enfatiza o autor, nasce à auto-regulação, que é
fundamento do ato voluntário. Assim, fica caracterizado o processo pelo qual o
funcionamento do plano intersubjetivo permite criar o funcionamento individual.
Nesse sentido, para Vygotsky (1998) o plano intra-subjetivo de ação é
formado pela internalização de capacidades originadas no plano intersubjetivo. Vale
enfatizar que o plano intersubjetivo não é o plano “do outro”, mas da relação do
sujeito com o outro. Podemos então afirmar que é na relação com o outro, ou seja,
nas trocas afetivas que o desenvolvimento se processa.
Compreende-se então, que a concepção “do mundo interno” exige segundo
Valsiner (1998) a compreensão “do mundo externo”, pois são dois aspectos do
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Do mesmo modo pensa Vale (2002) quando refere que o intercâmbio entre
os bios, psiquê e social assume um papel fundamental na modulação de significados
e experiências do ser humano.
Nesse sentido, o Modelo Relacional Dialógico de autoria de Leal (1999),
acredita que centrando-nos nas moções/emoções do indivíduo e do significado das
mesmas, o desenvolvimento do aparelho psíquico, promove-se como uma
construção do próprio, que se realiza a par com as suas relações vivenciais com o
cuidador.
Nessa perspectiva, o cuidador familiar para Quintino-Aires (2002) é
entendido não como um Outro qualquer, mas sim como um Outro contingente válido
e disponível para uma interação dialógica. Nessa realidade, Leal (1999) enfatiza que
cada humano pode tornar-se mais feliz, inteligente e produtivo, se o ambiente social
e relacional lhe fornecer uma relação recíproca e alternante, bem como a
oportunidade para apreender a cultura.
Entende-se desse modo, que o cuidador familiar diante da internação de seu
parente na Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI) através de suas vivências e
construção de um destino comum, sente-se comprometido pela experiência e
valores unos a contribuir e proporcionar o desenvolvimento de condições favoráveis
do seu parente enfermo para o enfrentamento da doença.
Nesse sentido, o paciente internado em uma Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), diante da perda da autonomia, de sua fragilidade diante da doença e da
hospitalização nesta Unidade de emergência, necessita da mediação de um parceiro
contingente para ajudá-lo em sua manutenção da vida.
A interação social conduz o desenvolvimento psíquico do paciente. Ela é
esse espaço para as trocas comunicativas que ocorrem no aqui-e-agora dentro da
unidade de internamento, onde determinados comportamentos do paciente e da
família são destacados e assumem significados que foram construídos em conjunto,
ao longo desse processo.
Portanto, as relações sociais emergem e se concretizam nesse processo
comunicativo e dialógico (LYRA E ROSSETTI-FERREIRA, 1995), posto que o
indivíduo é capaz de estabelecer uma relação dialógica anterior a qualquer
linguagem (LYRA e ROSSETTI-FERREIRA, ibid; FOGEL, 1993; TREVARTHEN,
1977).
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Essa mesma idéia encontramos em Bullowa (1979), uma vez que para o
autor, em sendo o processo de interação social dialógico, compreende então a
negociação de significados, o que confere, no caso específico, ao enfermo
hospitalizado, um papel ativo na construção das relações dentro da unidade
hospitalar, independentemente de seu grau de autonomia ou idade. Afirma também
que a qualidade dessa relação dialógica poderá alterar ou promover o
desenvolvimento de recursos frente à doença.
Logo, quando um paciente interage com a família dentro da Unidade de
Terapia Intensiva Adulto (UTI), ele também participa desse processo de negociação.
O enfermo é um ser cheio de significados simbólicos e afetivos. A família e a equipe
hospitalar criam expectativas e significados para diferentes comportamentos do
paciente, os quais o levam de antemão a agir com ele de várias formas. São as
ações e reações deste à sua manipulação que promovem modificações nos
comportamentos que lhe são dirigidos.
As relações são processos de trocas mútuas, havendo uma
interdependência nas contribuições das pessoas envolvidas: as interações envolvem
uma co-construção de relações. Nesse sentido, pode-se afirmar que o outro
(equipe/família) com quem o paciente se relaciona constitui o meio social, o espaço
de experiência da pessoa, podendo tornar-se um meio (instrumento) para o
enfrentamento da doença na Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI).
Conseqüentemente, como asseveram Koizume (1979) e Graças (1996), um
meio enquanto campo de aplicação de condutas e de instrumento de
desenvolvimento só pode ser definido em função de um sujeito ou grupo de sujeitos
específicos, com determinadas competências, interesses, objetivos, em um dado
momento e contexto sócio-histórico.
Do mesmo modo, Vygotsky (1995) afirma que apesar do meio funcionar
como espaço de experiência e instrumento de desenvolvimento, e de cada pessoa
ser um agente ativo nas relações que estão sendo construídas, os conjuntos de
ações possíveis de serem realizadas e o fluxo dos comportamentos são delimitados,
estruturados, recortados pelo outro da relação, assim como cada uma das
características presentes na interação e no próprio meio em que se encontram
inseridos são negociados e delimitados pelas pessoas em interação.
Assim, segundo Valsiner (1987), estes limites que pertencem a um
repertório coletivo compartilhado por determinada sociedade ou grupo social, são
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Ângelo (1996) nos ensina que mudar a perspectiva centrada na doença para
uma abordagem centrada na experiência do paciente e da família não é fácil. É
preciso derrubar as defesas, eliminarem a indiferença, tornar-se presente, não pela
imposição de uma rotina, mas pela atitude de interesse e de preocupação.
O processo de hospitalização gera no sujeito inúmeras mudanças e rupturas
de suas relações e de seu cotidiano. Experimenta-se o sofrimento em toda a sua
amplitude, a solidão, a dependência dos outros, o medo, o encontro com as
limitações, as incapacidades, com as regras e horários, com outros pacientes, e tudo
o mais que está implicado neste processo. Diante de todo este contexto, às vezes a
única saída encontrada é a passividade.
Callahan (1988) definiu sofrimento como sendo a experiência de impotência
com o prospecto de dor não aliviada, situação de doença que leva a interpretar a
vida vazia de sentido. De outra forma Lepargneur (1985) aborda em seu trabalho o
sofrimento, como mais global que a dor e, fundamentalmente, sinônimo de qualidade
de vida diminuída. Afirma o autor que situações como as de doenças graves, como é
o caso de uma internação em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI),
causam rupturas sociais na vida do paciente, juntamente com a crise familiar,
preocupações financeiras, premonições de morte e preocupações que surgem da
manifestação de novos sintomas e seus significados.
Como nos diz Botega:
fatores psicológicos que são compreensíveis pode ser causada por fatores
orgânicos da doença de base, pela medicação aplicada e pelo lugar (UTI, Hospitais
precários) em que se encontra.
Igualmente, o paciente pode apresentar comportamento suicida, que é uma
manifestação que pode aparecer em qualquer quadro psíquico, afirma Seligman
(1997). Sabe-se que 90-95% dos suicidas apresentam quadros de depressão,
alcoolismo, esquizofrenia ou crises de pânico. No paciente terminal essa conduta é
causada pela depressão ou de forma fria e racional devida ao sentimento de
incapacitação.
Do mesmo modo, Di Biaggi e Sebastiani (2000) asseveram em seu trabalho
que os eventos nocivos e aversivos vivenciados pelo paciente dentro da Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), diante da gravidade da doença e o medo instalado, como
emoções dominantes, podem levar o enfermo a apresentar transtornos de humor e
afeto – ansiedade, angústia e depressão.
Destacam ainda os autores acima citados, que estes quadros psíquicos,
revelam-se como “desamparo”, condição emocional que é a base para a reação
depressiva – um dos quadros mais perigosos.
Desse modo, a reação depressiva aniquila a motivação, prejudicando o
enfrentamento da doença e as respostas de sentir-se desamparado são
generalizadas, sem que o organismo psíquico discrimine as situações em que se
está ou não em perigo.
Talvez o remédio mais eficaz em termos de cura para um paciente
hospitalizado, seja a qualidade de relacionamento mantido entre o paciente e seus
cuidadores, e entre o paciente e sua família na Unidade de Terapia Intensiva Adulto
(UTI). A qualidade curadora da relação terapêutica pode facilmente ser enfraquecida
ou ameaçada quando reações emocionais sentidas pelos pacientes, familiares ou
cuidadores não são adequadamente trabalhadas.
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vida social, laboral e familiar do indivíduo hospitalizado. Desse modo, por perder o
contato integral com sua família, desestrutura-se física e emocionalmente, o que é
confirmado por Oliveira e Jorge (1998).
Igualmente, Franco e Jorge (2002), ressaltam em seus trabalhos que a
hospitalização em uma unidade de Terapia Intensiva (UTI), embora não
intencionalmente, contribui para sofrimento do doente, pois ficar longe de seu
parente, induz ao padecer psíquico. Citam que a enfermagem tem dado uma
importância em especial para a abordagem holística, reconhecendo a importância do
familiar na terapêutica hospitalar, mas a prática, muitas vezes, tem-se encarregado
de contrariar essas expectativas.
Em outros estudos sobre familiares acompanhante, novamente Franco
(1998) e Franco e Jorge (2002) enfatizam que apesar das dificuldades da inserção
do familiar na Unidade de internamento hospitalar, este tipo de vivencia é benéfico
para a família e para o doente, mobilizando-os e motivando-os em nome da
solidariedade a seu ente enfermo, do mesmo modo que abre espaço para a
humanização hospitalar ao considerar o familiar como parte integrante do processo
de cuidar.
Também Kimura (1984), comparando os problemas dos pacientes de uma
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) relata que na percepção desses e dos
enfermeiros em relação ao isolamento, encontrou em sua pesquisa dados que
revelam, por parte dos pacientes, à separação da família como um dos fatores mais
relevantes como problema diante da internação.
Ao mesmo tempo, McCorker et al. (2004) entendem que para a sobrevida do
paciente é importante à promoção do cuidado emocional, na medida em que seus
estudos revelaram uma relação estatisticamente significativa entre os sintomas e as
intervenções, nas quais se evidenciou um número muito grande de óbitos em
pacientes que foram privados do cuidado emocional.
“Cuidar” é um modo humano de ser (ROACH, 1993), de confortar, amparar,
limpar, tocar, etc., de se querer estar com o paciente, fazendo tudo para o seu
benefício, desenvolvendo seu potencial e facilitando-lhe a oportunidade de “cuidar-
se” (SENA, 1984). Cuidar é uma maneira “nutritiva” de relacionar-se com alguém a
quem a gente valoriza e se sente comprometido e responsável (SWANSON, 1993).
A presença humanizada do “Cuidador Familiar”, em um ambiente de
cuidado, como no caso de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) poderá
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MÉTODO
LOCAL DE INQUÉRITO
SUJEITOS DA PESQUISA
PROCEDIMENTO
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Familiar 1: “Eu poder entrar aqui na UTI me ajuda a me sentir mais útil,
posso até dizer do que ela mais gosta, ver como ela está sendo tratada. Eu quero
ficar perto dela , ela precisa de mim. Eu sinto que ajudo ela e ao mesmo tempo me
sinto aliviada por poder ficar perto” (Sic).
Paciente 1: “A família aqui comigo é tudo. Sei notícias do meu filho, ele até
me mandou um bilhete pela minha esposa. To muito emocionado. Eu tenho certeza
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de que agora vai ser mais fácil me recuperar, pois tenho alguém meu perto de mim,
não vou me sentir abandonado. Quero melhorar logo para ir para casa e tocar minha
vida” (Sic).
Paciente 6: “Significa uma grande coisa para mim. Poder ter minha filha e
minha sobrinha mais perto de mim é um presente de Deus que estou tendo aqui no
Hospital, senão nem sei como eu ia agüentar o sofrimento. A gente doente já é uma
barra, imagina longe das pessoas que a gente gosta. Como é que vou te explicar, é
uma forma de me sentir mais segura, de saber que ela pode não estar aqui agora,
mas que daqui a pouco ela pode entrar” (Sic).
Paciente 8: “A família poder ficar com a gente nos acalma, pois eles que
conhecem as manias da gente. Pensa bem moça, a gente aqui doente e sozinho no
meio de toda essa gente que a gente nunca viu, esse mundo de aparelho, é brabo.
Só quem ta aqui dentro pra saber como a família ajuda, entende a gente” (Sic).
Familiar 8: “Minha mãe sempre foi muito nervosa, tem muito medo de ficar
só e eu sinto que quando estou por perto ela colabora mais com o tratamento, faz
até um esforço para falar comigo. Sabe, eu entendo o que ela quer me dizer” (Sic).
uma função interpsicológica partilhada por duas pessoas, mais tarde se transforma
num processo intrapsicológico de organização da atividade humana.
Novamente reiteramos que este partilhamento, leva o indivíduo a controlar a
resposta impulsiva à estimulação externa e também o seu comportamento.
Consequentemente, esse processo intrapsicológico passa a ser determinado por
uma “rede semântica interna” que reflete, geralmente, a situação envolvente,
reformulando os motivos que estão na base do comportamento e dando o caráter
consciente à atividade humana.
Os dados revelaram que, na hospitalização, os gestos posturais expressam
grande parte da afetividade e contingência ao enfermo, embora a linguagem oral
predomine nas interações em nossa cultura. Encontramos em Montagu (1998),
afirmativas para os nossos achados na pesquisa, que os efeitos comportamentais do
tocar, do olhar e do ouvir, contribuem para a segurança, proteção e auto-estima de
uma pessoa, desenvolvendo vantagens em termos de saúde física e mental, sendo,
por conseguinte altamente terapêutico. A fala da paciente F representa muito bem o
enunciado acima:
Paciente 3: “Só o fato de sentir meu filho ao meu lado, agarrando a minha
mão, me olhando e conversando comigo, me dá esperança, me sinto com mais força
para suportar essa doença tão triste. Não precisa nem falar nada, eu só quero que
ele fique perto de mim” (Sic).
Assim sendo, o ato de sentar em frente ao paciente, olhar nos seus olhos,
fazer-lhe um carinho no rosto, segurar sua mão, ouvindo-o com interesse e
dedicação, bem como um diálogo, transmite-lhe confiança, permite o
estabelecimento de vínculos emocionais e otimiza conseqüentemente o
atendimento, sendo formas de humanização na Unidade de Terapia Intensiva Adulto
(UTI).
Os comentários dos pacientes evidenciaram que a qualidade da partilha
família/enfermo/equipe traz um sentido a situação de hospitalização, que propicia o
domínio dos sentimentos implicados na doença e no doente, além de influenciar na
recuperação deste.
79
que circundam o paciente (espaço físico, valores, atitudes, normas, etc.). Vygotsky
(1998) refere que cada pessoa negocia os significados que atribui ao outro, os que
lhe são atribuídos, além daqueles que são atribuídos como um todo, construindo a
noção de si mesmo e participando da construção da individualidade dos outros.
Nesse sentido, o confronto das concepções iniciais do mundo do paciente
em relação à Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI), com aquelas apresentadas
pelos parceiros de seu ambiente, torna-se fundamental para a apropriação de
significados diferenciados que, dialógicamente, constituirão sentidos a serem
negociados.
Encontramos na fala do paciente F a construção de novos significados e
sentidos ao lidar com as suas necessidades e motivos dentro da Unidade de Terapia
Intensiva Adulto, quando este diz:
Paciente 9: “Eu tinha uma visão de UTI, como um local horroroso, mas vejo
que não é o que a gente pensava, é mais humano. Só o fato de a gente saber que
alguém da gente pode entrar, muda o astral, tirou o conceito de UTI como um lugar
triste, da gente ficar abandonado. Eu sei que ninguém gostaria de estar aqui como
eu estou, mas enfim é necessário, eu sei que é pro meu bem. Converso sobre isso
com minha esposa e ela faz eu entender que é passageiro, que em seguida
melhoro, vou pra casa, volto pro meu trabalho” (Sic).
Familiar 4: “Sinto que minha presença é muito importante pro meu marido,
ele sempre foi muito nervoso, sempre teve tudo nas mãos e agora doente, ele
precisa muito mais, tu entende, né. Ele é muito vaidoso e eu procuro ajudar até no
banho dele, fazer a barba. Eu conheço ele, eu sei do que ele gosta...” (Sic).
Além disso, os membros da equipe e familiares demonstraram, através das
entrevistas, uma grande preocupação em trabalhar com sentimentos de ansiedade e
insegurança, que influenciam negativamente o processo de internação e a própria
mudança na dinâmica da Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI).
83
Vygotsky (1998) nos diz que é necessário que os meios utilizados pelo outro
(familiar, equipe) sejam transformados em recursos para o sujeito regular a sua
própria ação. Dessa relação nasce a auto-regulação, o que nos permite inferir que a
relação com o outro através das trocas afetivas é que promove a reorganização do
eu que esta em sofrimento diante da internação.
Medo, angústia, ansiedade e frustração são sentimentos que desgastam o
paciente e familiar. A serenidade e tranqüilidade da equipe da UTI Adulto auxiliaram
na redução ou até na eliminação desses sentimentos desagregadores, permitindo
que todos aderissem a essa terapêutica de forma mais amena, ou seja, sem muitos
conflitos e de forma mais afetiva e efetiva.
85
CONCLUSÃO
OBRAS CONSULTADAS
BOUSSO, Regina Szylit. Reflexões sobre o papel da enfermeira que atua em UTI
pediátrica: aspectos emocionais em relação à família. Revista da Escola de
enfermagem/USP, 21(3), 1997.
____________. Setting limits: medical goals in an aging society. New York: The
Hastings Center Institute, 1988.
CAMON, V.A.A. Breve reflexão sobre a postura do profissional da saúde diante da
doença e do doente. In: Camon, V. A. A. Urgências psicológicas no hospital. São
Paulo: Editora Pioneira Thompson Learning, 2001.
90
FERRAZ, Maria João. Onde sofre o terapeuta. Jornal de Psicologia Clínica. IPAF.
V.IV, n. 14, 2004, p. 77-83.
KAHN, R. L.; ANTONUCCI, T. C. Convoys over the life course: attachment, roles and
social support. In P. B. Baltes (Ed.), Life-span development and behavior. New
York: Academic Press, 1980, v. 3.
MCCORKLE, R. et al. The effects of home nursing care for patients during
terminal ilness on the bereaved‟s psychological distress. Nursing research, n. 1,
v. 47, 2004.
94
WRIGHT, L. M. et al. Beliefs: the heart of healing in families and illness. New
York: Basic Books, 1996.
100
ANEXOS
101
Anexo A
102
Anexo B
103
Anexo C
104
Anexo D
105
Prezado Familiar,
Anexo E
Prezado Paciente,
Anexo F
107