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CASSIANA PIRATH
Palhoça
2007
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
CASSIANA PIRATH
Palhoça
2007
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 5
1.1 PROBLEMÁTICA E PROBLEMA DE PESQUISA.................................................... 7
1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 9
1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................. 12
1.3.1 Objetivo geral............................................................................................................ 12
1.3.2 Objetivos específicos................................................................................................. 12
2 MARCO TEÓRICO....................................................................................................... 13
2.1 IMAGEM CORPORAL................................................................................................. 13
2.2 A ESTRUTURAÇÃO DO SUJEITO E DA IMAGEM CORPORAL.......................... 18
2.3 IMAGEM CORPORAL E SUAS ALTERAÇÕES E A DESCRIÇÃO DE
PESQUISA CIENTÍFICA................................................................................................... 27
3 MÉTODO........................................................................................................................ 37
4 HOMENS DE HONRA.................................................................................................. 39
4.1 DISCUSSÃO DAS CENAS DO FILME HOMENS DE HONRA................................. 40
5 CONCLUSÃO................................................................................................................. 44
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 47
5
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa está vinculada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II – TCC II,
integrada ao estágio obrigatório, Estágio Específico em Psicologia II, disciplinas do Núcleo
Orientado da Saúde do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina. O TCC
II e o Estágio são realizados no Hospital de Caridade, situado no município de Florianópolis.
O trabalho consiste em pesquisar a imagem corporal e sua relação com o adoecimento.
O Hospital de Caridade se caracteriza como um Hospital Geral, contando com uma
equipe multiprofissional formada por vários profissionais da área da saúde. É essencial
destacar o psicólogo como profissional desta equipe de saúde, com um papel importante no
hospital, na busca pela humanização no atendimento a pacientes e seus familiares e junto à
equipe de saúde. Em seu trabalho, neste campo, o psicólogo utiliza vários conhecimentos,
entre eles os ligados à Psicologia da Saúde.
Capsiano conceitua a Psicologia da Saúde como “[...] a prática de levar o
indivíduo/paciente a busca do bem estar físico, mental e social, englobando assim a
performance de uma abordagem que teria de incluir a participação de outros profissionais da
área.” (CAMON, 2002, p. 8). A Psicologia da Saúde visa a integrar a saúde mental, saúde
física e social do sujeito, tanto em hospitais como também em centros de saúde com o
objetivo de enfocar a saúde coletiva.
Segundo Campos (1995, p. 54), “Estar com saúde depende, de vários fatores e
condições. Saúde é a harmonia entre o homem e o meio físico, entre o homem e o meio social.
A ruptura dessa harmonia conduz à doença, podendo levar ao desequilíbrio total.”
A Psicologia Hospitalar surge como uma das ramificações da Psicologia da Saúde e
vários estudos apontam para a atuação do psicólogo em contexto hospitalar, na prática, no
ensino e a na pesquisa, como um elemento fundamental da equipe hospitalar. O psicólogo,
como profissional da área da saúde, tem papel clínico, social, organizacional e educacional
tanto em hospitais como em outras instituições da área da saúde, em setor ambulatorial ou de
enfermaria, em atendimento de urgência ou mesmo em hospitais especializados. (CAMPOS,
1995). Tem como objetivo, este profissional, a promoção da saúde, atuando na prevenção
como no tratamento, reduzindo o sofrimento do paciente diante o processo de adoecer e de
hospitalização.
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É por meio do corpo que o ser humano experiencia o mundo externo e interno e é
mediante a interação com o mundo que o corpo se modifica. O conceito de imagem corporal
tem sido apresentado como a representação mental de seu corpo, de acordo com cada sujeito,
através do contato com o mundo. A imagem corporal é o retrato mental do sujeito, baseado
em experiências, vivências e estímulos presentes, portanto possível de modificações ao longo
da vida do sujeito. “[...] a imagem corporal é considerada importante, um elemento real e
mutável, passível de se desenvolver, vulnerável aos efeitos deletérios de traumas e doenças.”
(TAVARES, 2003, p. 39).
Relacionados à imagem corporal está a forma de como o sujeito se vê, se percebe, a
forma de como ele tem de representar a sua imagem em sua mente, que está diretamente
ligada com o seu corpo, a forma com que o corpo se apresenta num dado momento ou instante
na vida daquele sujeito.
Diante de um processo de adoecimento, o corpo do sujeito apresentará alterações que,
conseqüentemente, irão influenciar na percepção da imagem de seu corpo, trazendo
provavelmente modificações dessas imagens. Como exemplo, pode-se citar alguns
adoecimentos nos quais alguns estudos mostram alterações da imagem corporal. Aponta-se
aqui o câncer, que é considerado uma doença de caráter crônico, representada socialmente
como uma enfermidade sinônima de morte, pois juntamente com o diagnóstico de câncer a
maioria dos pacientes sente estar recebendo sua sentença de morte.
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sujeito, sendo passível de modificação. “Entende-se por imagem do corpo humano a figuração
de nosso corpo formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para
nós.” (SCHILDER, 1994, p. 11).
É considerando a importância da representação da imagem corporal no processo de
adoecimento que o presente projeto buscará pesquisar: Quais são as principais mudanças da
imagem corporal decorrente do adoecimento orgânico?
Para efeitos desta pesquisa, apresenta-se a definição do adoecimento como qualquer
doença considerada orgânica que possa afetar a imagem corporal do sujeito. O adoecimento
pode provocar no sujeito diversas alterações no corpo, pois este representa um papel
importante na interação deste sujeito com o meio. É no corpo, no primeiro momento, que o
adoecimento (doença) vai expressar suas primeiras incidências ou marcas, trazendo alterações
no corpo do sujeito ou não.
1.2 JUSTIFICATICA
Graziela Aparecida Nogueira de Almeida, Sonia Regina Loureiro e José Ernesto dos Santos.
Nesse trabalho, os autores avaliaram através do Desenho da Figura Humana (DFH) a auto –
imagem de mulheres com obesidade mórbida. (ALMEIDA; LOUREIRO; SANTOS, 2002)
Outro trabalho encontrado trata sobre Imagem corporal da mulher com cancro de
mama: impacto na qualidade do relacionamento conjugal e na satisfação sexual, 2005,
de Ana Sofia Ramos e Ivone Patrão. Esta pesquisa teve como objetivo estudar a imagem
corporal de mulheres com cancro de mama submetidas à cirurgia (radical ou parcial) e
verificar a relação, posterior ao tratamento, entre a qualidade do relacionamento conjugal e a
satisfação sexual destas mulheres. (RAMOS; PATRÃO, 2005).
Imagem corporal do idoso com câncer atendido no ambulatório de cuidados
paliativos do ICHC-FMUSP, 2005, de Carmen Lúcia Coutinho Brandão, Valmari Cristina
Aranha, Toshio Chiba, Julieta Quayle e Mara Cristina Souza de Lima. Esta pesquisa teve
como objetivo estudar a imagem corporal de pacientes idosos com diagnóstico de câncer.
(BRANDÃO et al., 2005).
Outro trabalho pesquisado foi a Reintegração corporal em pacientes amputados e a
dor – fantasma, datado de 2002, escrito por Kátia Monteiro De Benedetto, Maria Cristina
Rizzi Forgione e Vera Lúcia Rodrigues Alves. Esse estudo mostrou que a dor fantasma em
pacientes amputados pode expressar uma tentativa de reintegração corporal. (BENEDETTO;
FORGIONE; ALVES, 2002).
Renata Souza Bittencourt escreveu Amputação e Estratégias Defensivas em 2006.
Neste estudo pretendeu identificar quais as principais estratégias defensivas utilizadas pelos
pacientes que foram submetidos a uma cirurgia de amputação no Hospital de Caridade.
(BITTENCOURT, 2006).
A representação da Imagem Corporal de Crianças Hospitalizadas foi realizada em
2003 por Letícia Santos Quaresma e investigou quais as principais características psicológicas
encontradas em representações da imagem corporal expressas através de desenhos realizados
por crianças hospitalizadas na Unidade de Queimados do Hospital Infantil Joana de Gusmão.
(QUARESMA, 2003).
Ressignificação da imagem corporal: um estudo com paciente em tratamento
antineoplásico, de 2006, autoria de Paulo Bubalo. A pesquisa buscou responder como a
intervenção psicológica pode contribuir com o processo de ressignificação da imagem
corporal modificada em decorrência do tratamento antineoplásico. (BUBALO, 2006).
Algumas destas pesquisas utilizam como instrumento de coleta de dados o desenho,
forma de avaliar a imagem corporal correspondente com o adoecimento envolvido.
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1.3 OBJETIVOS
2 MARCO TEÓRICO
Para outros autores há diferença entre esquema corporal e imagem mental. Para
Tavares (2003) a formação da imagem corporal começa na infância e é transformada e
modificada pelo sujeito, podendo ocorrer alterações e mudanças na imagem corporal.
A imagem do corpo está relacionada com as experiências vividas através das trocas
entre os sujeitos, enquanto que o esquema corporal é igual para todos, identificando o sujeito
como representante de sua espécie.
Já, para Capsiano (1992), a imagem corporal é a percepção que o sujeito tem do corpo
formado em sua mente a partir dos órgãos, denominado de órgãos dos sentidos, através de
contribuições fisiológicas e anatômicas. É de acordo com os órgãos de sentidos que podemos
perceber a diversa propriedade do corpo em momentos distintos da vida. Isso se dá a partir de
dados fornecidos que constituem as idéias através dos sentidos. (CAPSIANO, 1992). “A
imagem do corpo estruturaliza-se em nossa mente, no contato do indivíduo consigo mesmo e
com o mundo que o rodeia. Sob o primado do inconsciente, entram em sua formação
contribuições anatômicas, fisiológicas, neurológicas, sociológicas, etc”. (CAPSIANO, 1992,
p. 179).
O autor relata que o desenvolvimento da imagem corporal de uma criança pode ser
percebido através de percepção e reações motoras apresentadas em seus desenhos. A relação
do desenho que a criança executa está diretamente relacionada com a evolução da sua idade.
As distorções que a criança executa no desenho como as deformações vão diminuindo ao
longo do tempo.
Dolto (2002, p. 32) também fala de desenhos e dizia que “O desenho é uma estrutura
do corpo que a criança projeta e com a qual ela articula sua relação com o mundo, faz existir,
concretamente a imagem inconsciente do corpo em função mediadora.”
Diante desse fato, Capsiano (1992) retoma dizendo que as figuras humanas que as
crianças desenham dizem respeito à imagem mental que elas possuem do corpo. Isso ocorre
de acordo com as relações estabelecidas da criança com o mundo. “Nosso corpo parece ser
mais percebido quando estamos em movimento, porque as sensações são colhidas, na
realidade, nas relações com os objetos.” (CAPSIANO apud MELLO, 1992, p. 181).
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Os fatores que podem contribuir para que a imagem corporal sofra alterações no
indivíduo considerado “normal” estão relacionadas aos problemas emocionais que estão
ligados as personalidades (particularmente o ego). O neurótico, por exemplo, experiência de
seu corpo como unidade, imagem corporal, quando consegue alcançar a passagem da pré –
genitalidade para a genitalidade, alcança o nível genital amadurecido. (CAPSIANO, 1992).
Segundo Capsiano (1992) “Não há imagens definitivas, mesmo com o curso de todas
as nossas sensações. Impressões visuais, auditivas, táteis, etc., nunca nos fornecem o
conhecimento integrado de nosso corpo, mesmo com funções normais do cérebro, ao qual se
atribui o encargo de manter o corpo unido.” (CAPSIANO, 1992, p. 188).
O psicótico, por exemplo, tem sua imagem corporal como algo fragmentado, disperso.
As partes do corpo se apresentam separadamente e não unidas, como a forma mais primitiva
da concepção do corpo. Capsiano (1992) faz uma relação em seu texto da percepção da
imagem do corpo do psicótico. De acordo com essa percepção que o psicótico tem do seu
corpo o autor afirma que “A noção mais primitiva da imagem corporal seria encontrada no
psicótico, com a idéia de que o corpo contém líquidos ou sangue, com revestimento formado
por paredes arteriais ou venosas”. (CAPSIANO, 1992, p.189).
Durante suas sessões terapêuticas com crianças, Dolto (2002) utilizava o desenho
como uma estrutura do corpo projetada, uma fantasia da imagem inconsciente do corpo.
Segundo Cunha (2002, p. 510), “Ao desenhar uma pessoa, o indivíduo projeta sua
imagem corporal no papel”. A imagem corporal é projetada no desenho da figura humana e
conseqüentemente reflete o conceito de si mesma, além de expressar diferentes representações
do indivíduo.
De acordo com Capsiano (1992, p. 183), “O ser humano chega ao conhecimento de
seu próprio corpo através de impressão colhida pelos órgãos dos sentidos, particularmente
impressões táteis e visuais, vinculadas à dinâmica psíquica.”
O interesse do indivíduo pelo próprio corpo ocorre desde a infância até a idade adulta.
A imagem corporal vai sendo construída com a interação do indivíduo com o seu mundo
externo e seu desenvolvimento interno, ou seja, seria uma conexão, de trocas de experiências,
internas e externas.
Inicialmente a criança interage com o mundo externo para tentar satisfazer a si mesmo,
pois a imagem corporal para a criança é percebida igualmente como o objeto externo. “O ser
humano chega ao conhecimento de seu próprio corpo através de impressões colhidas pelos
órgãos dos sentidos, particularmente impressões táteis e visuais, vinculadas à dinâmica
psíquica”. (CAPSIANO, 1992, p.183).
A imagem do corpo é constituída a partir do conjunto das representações psíquicas do
corpo e dos órgãos. No caso, se a imagem corporal não interage com o corpo, pode-se dizer
que há um desvio da imagem corporal.
Para a construção da imagem corporal, Dolto (apud LEDOUX, 1991, p. 85) propõe
três aspectos: o aspecto estrutural, o aspecto genético ou dinâmico e o aspecto relacional.
O aspecto estrutural envolve uma articulação dinâmica de uma imagem de base, uma
imagem funcional e uma imagem das zonas erógenas, que estão ligadas as pulsões de vida
(substrato dinâmico). (LEDOUX, 1991).
A imagem do corpo se estrutura na história do sujeito sob três aspectos dinâmicos de
uma mesma imagem do corpo que seriam a imagem de base, a imagem funcional e a imagem
erógena. Essas três imagens do corpo constituem a imagem do corpo e o narcisismo do sujeito
a cada estágio de sua evolução. “Elas são associadas entre si, a todo o momento, mantendo-se
coesas através daquilo que denominaremos: dinâmica (pulsões de vida), são sustentadas pelo
desejo do sujeito de se comunicar com o outro sujeito, por meio de um objeto significativo.”
(DOLTO, 2002, p. 37).
A imagem de base é constitutiva do narcisismo fundamental (primário) ou primordial,
que se inicia nas primeiras relações que acompanham a respiração e a satisfação das
necessidades e dos desejos parciais. É a imagem mais arcaica do corpo. Dolto (apud
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LEDOUX, 1991, p. 222) define a imagem de base “[...] como aquilo que permite ao sujeito
sentir-se numa mesmidade de ser”, que será concluída quando a criança faz uso do esquema
corporal, relacionando-se com o mundo e com o próximo em busca de prazer. Essa relação
com o próximo é chamada de imagem funcional.
A imagem funcional visa à realização do desejo, é uma imagem do corpo em
movimento e está ligada às pulsões de vida do sujeito.
A imagem erógena é o lugar onde ocorre uma relação de prazer e desprazer com o
outro, imagem associada à imagem funcional do corpo que reúne a imagem de base e a
imagem funcional.
O aspecto dinâmico está relacionado com a imagem do espelho. Na experiência do
espelho a imagem do corpo é recalcada e desaparece em prol da corporeidade visível, vai
substituir a imagem consciente do corpo em inconsciente.
No aspecto relacional, a elaboração da imagem do corpo só se faz numa relação de
trocas e de linguagem com o meio. A formação da imagem corporal da criança está na relação
com a mãe, pois o corpo se constrói baseado nas primeiras relações objetais que seria mãe-
bebê. “Para que o corpo se apresente com uma imagem em nossa mente, é preciso que ele
exista para nós mesmos como um objeto concreto, significativo, que nos cause impacto e se
distinga entre tantos outros objetos que se apresentam ao indivíduo produzindo imagens.”
(TAVARES, 2003, p. 83).
A imagem corporal não é apenas consciente, ela é construída, em grande parte,
tomando como referência o corpo de outras pessoas e a qualidade de relacionamento entre
elas. (CAMPOS, 1995, p. 70).
De acordo com Tavares (2003, p. 23), “Nossa ação transformadora do mundo emerge
de nossas transformações internas. E estas tendem a se modificar se o contexto do mundo
externo se transformou. Cada pessoa se relaciona com outras as outras nesse contexto
universal.”
As imagens corporais se formam na mente, sendo esta mesma parte também do corpo.
Aspectos que fazem parte para a organização das imagens corporais: corpo e mente,
movimentos e percepções, relações afetivas e sociais. Para Tavares (2003, p. 131), “[...] a
18
imagem corporal pode ser definida como o quadro formado pelas imagens ou representações
mentais do corpo que se apresentam ao indivíduo no contexto de sua vida.”
A imagem do corpo é o lugar inconsciente de emissão e recepção das emoções. “[...] a
imagem inconsciente do corpo não é o corpo fantasiado, mas um lugar inconsciente de
emissão e recepção das emoções, inicialmente focalizado nas zonas erógenas de prazer.”
(LEDOUX, 1991, p. 84).
O processo de desenvolvimento da imagem corporal se dá ao longo das experiências
vividas, principalmente as primeiras experiências infantis, localizadas nas zonas erógenas,
através de sensações e percepções. Não é meramente uma imagem fantasiosa, mas uma
imagem de corpo que se constrói a partir destas vivências.
1
Processo hipotético descrito por Freud como primeiro momento da operação do recalque.Tem como efeito à
formação de um certo número de representações inconscientes ou “recalcado originário”. Os núcleos
inconscientes assim constituídos colaboram mais tarde no recalque propriamente dito pela atração que
exercem sobre os conteúdos a recalcar, conjuntamente com a repulsão proveniente das instâncias superiores.
(PONTALIS; LAPLANCHE, 2001, p.434).
2
O narcisismo primário designa um estado precoce em que a criança investe toda a sua libido em si mesma.
(PONTALIS; LAPLANCHE, 2001, p.290).
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3
Modo primitivo de constituição do sujeito segundo o modelo do outro, que não é secundário a uma relação
previamente estabelecida em que o objeto seria inicialmente colocado como independente. A identificação
primária está em estreita correlação com a chamada relação de incorporação oral. (PONTALIS;
LAPLANCHE, 2001, p.231).
4
Segundo Lacan, fase da constituição do ser humano que se situa entre os seis e os dezoito primeiros meses; a
criança, ainda num estado de impotência e de incoordenação motora, antecipa imaginariamente a apreensão e
o domínio da sua unidade corporal. Esta unificação imaginária opera-se por identificação com a imagem do
semelhante como forma total; ilustra-se e atualiza-se pela experiência concreta em que a criança percebe a sua
própria imagem num espelho. A fase do espelho constituiria a matriz e o esboço do que será o ego.
(PONTALIS; LAPLANCHE, 2001, p. 176).
20
5
Outro, lugar onde a psicanálise situa, além do parceiro imaginário, aquilo que, anterior e exterior ao sujeito, não
obstante o determina. Pra a psicanálise, a elaboração das instâncias intrapsíquicas é necessariamente
acompanhada da atenção à relação do sujeito com o outro, ou com o Outro. (PONTALIS; LAPLANCHE,
2001, p. 156).
6
Elemento do discurso referível tanto ao nível consciente como inconsciente, que representa e determina o
sujeito. (CHEMAMA, 1995, p.197).
21
concretizar a partir do momento em que ela tem a experiência da sua imagem no espelho,
constituindo o ego.
O Estádio do Espelho é a primeira experiência fundamental na qual a criança
identifica-se com sua imagem refletida no espelho construindo o esboço do eu, estruturação
do eu, pois anterior a essa experiência a criança percebia o seu corpo como algo separado,
disperso.
A criança, através desta experiência, percebe que o reflexo da imagem do espelho é
dela mesma, na qual irá identificar-se com a representação do seu corpo, que é a identificação
primordial. A identificação primordial é a identificação que a criança faz a partir da imagem
que seria algo da ordem do imaginário, alienação ao imaginário, identificação com a imagem
enganosa, uma imagem antecipada do próprio corpo.
O infans nessa idade, ainda não atingiu a maturidade neurológica que, quando
alcançada, permite uma coordenação motora equilibrada e o conhecimento
específico do próprio corpo. Se, por um lado, há o atraso do desenvolvimento
neurológico, por outro, há uma antecipação funcional revelada pela maturação
precoce da percepção visual, em se comparando com o neurológico. O infans não
controla ou coordena o corpo que, para ele, apresenta-se, então, como fragmentado,
mas acaba, por se identificar com esta imagem enganosa, ilusoriamente completa e
unificada. A partir de então, tem uma imagem antecipada do próprio corpo, em uma
unidade corporal, que ainda lhe falta. O infans expressa júbilo ao reconhecer sua
imagem no espelho. (STOTZ, 1997, p. 115).
que a criança se vê no espelho, ela descobre suas características que anteriormente eram
instáveis.
Os riscos de instabilidade da imagem corporal evocados são os riscos anteriores à
prova do espelho plano. A imagem inconsciente do corpo é relacional, se constitui na relação
com o “outro”. É a partir do discurso do “outro” que a criança vai se constituir, se organizar.
A criança precisa dessa mediação para que ela se totalize e se reconheça. (BERTHON;
VARIERAS, 1994). É enfatizada, nesse momento, a importância do papel do adulto como
organizador na construção da imagem corporal da criança. A falta da relação com o outro,
quer se trate da mãe ou de outra pessoa mediadora, pode ser dramática para a criança.
É através da “Experiência do Espelho” que a criança descobre sua imagem do corpo,
mas isso não quer dizer que ela consiga se reconhecer na imagem escópica. Ela necessita da
mediação do outro para perceber que a imagem do espelho que ela vê é a sua e não a do outro.
Segundo Dolto (2002, p. 124), “[...] é apenas a experiência do espelho que dá a criança o
choque de captar que sua imagem do corpo não era suficiente para corresponder, para os
outros, a seu ser conhecido por eles.”
A partir do momento que a criança experiencia sua imagem no espelho (imagem
visual), sofre o processo de castração. “[...] a castração vivida na experiência do espelho.”
(BERTHON; VARIERAS, 1994, p. 143), apresenta aqui duas realidades à criança: a sua
imagem do corpo, já formada nela, e a de sua imagem visual, que ela descobre no espelho.
Segundo Berthon e Varieras (1994), a castração consiste em proibir, no momento
certo, aquilo que seria prejudicial à criança ou aos outros. As proibições de cada castração
abrem caminho, portanto, para gozos maiores, sobretudo para gozos que estejam mais de
acordo com o estado da libido num dado momento. A castração não é vivida pela criança
sozinha, isolada dos outros, é vivida na ligação com o meio, no intercâmbio com o meio.
Esses momentos de trocas, de encontros, são, para a criança, simbolizadores de seu ser, estar
no mundo.
A criança antes de se ver no espelho tinha uma imagem de seu corpo já formado, a
partir do momento que ela se descobre no espelho, obtém uma imagem visual.
Sendo assim, a criança sofre um processo de aprendizagem, aderir a sua
representação da imagem escópica. (BERTHON; VARIERAS, 1994, p. 143).
quero dizer, nem com o pai, nem com a mãe, nem com o irmão mais velho, o que
anteriormente, fazia de bom grado.” (DOLTO, 2002, p. 126). A partir desse momento da
experiência do espelho, a criança percebe que não pode mais querer ser o outro ou assumir
uma outra identidade.
“É a partir da experiência do espelho que a imagem do corpo do bebê informa seu
próprio esquema corporal, segundo a linguagem que constitui a imagem do corpo para o
sujeito, em referência ao sujeito mãe.” (DOLTO, 2002, p.128).
A imagem do corpo se constrói a partir da interação da criança consigo mesma e com
o seu meio. Referindo no imaginário, a imagem do corpo está ligada à história de cada um, às
experiências vividas, enquanto que o esquema corporal é igual para todos de uma mesma
espécie, identifica o indivíduo enquanto sua espécie. O esquema corporal é capturado através
dos sentidos as informações que permitem que o sujeito reconheça seu corpo anatômico. “Se
o esquema corporal é, em princípio, o mesmo para todos os indivíduos (aproximadamente de
mesma idade, sob um mesmo clima) da espécie humana, a imagem corporal, em
contrapartida, é peculiar a cada um: está ligada ao sujeito e à sua história.” (DOLTO, 2002, p.
14).
Para que a imagem do corpo se estruture, tenha um simbolismo para o sujeito, este
deve ser feito pela linguagem. O sentido é dado por meio de palavras entre dois sujeitos que
compartilham suas trocas, emoções, comunicam-se através de suas imagens do corpo. Caso
não ocorra essa troca, seja pelo fato do sujeito possuir uma imagem do corpo arcaica, sem
palavras para representá-la, o sujeito permanece débil, porque sua imagem do corpo não tem
mediação linguageira. A debilidade no sujeito, criança é a falta ou a interrupção da
comunicação, por algum motivo. (DOLTO, 2002).
De acordo com Dolto (2002, p. 37), “[...] imagem do corpo é o traço estrutural da
história emocional de um ser humano. Ela é o lugar inconsciente de onde se elabora qualquer
expressão do sujeito, o lugar de emissão e recepção das emoções inter-humanas linguageiras.”
Sendo assim, esta criança não tem percepção das palavras, dos sons, não tem sentido. As
percepções sensoriais desprovidas de sentido para a imagem do corpo reduzido a um esquema
corporal.
“A partir do momento que a criança se reconhece no espelho, há uma identificação
com o corpo separado, que seria uma forma de castração, entre o imaginário e a realidade. A
imagem do corpo é recalcada e desaparece.” (NASIO, 1995, p. 22).
É na Experiência do Espelho que se percebe a relação da criança com a imagem do
outro. A criança, ao olhar-se para o espelho, percebe e vivencia a falta de algo que seria da
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Diante a Experiência do Espelho de Lacan, a criança pode perceber que algo pode lhe
faltar, possibilidade da falta, na qual se produz a relação com a imagem do outro, a falta de
um objeto. Essa falta seria algo do simbólico, ou seja, o objeto que falta é um objeto
imaginário que seria o falo, objeto imaginário da castração.
Segundo Stotz (1997, p. 121), “A partir da experiência do espelho, onde se produz a
relação com a imagem do outro, é que o infans pode vivenciar o fato de que ele está em falta.
Frente à imagem, que lhe aparece como total, o infans percebe que algo, imaginariamente,
pode lhe faltar.”
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É a Experiência do Espelho que vai possibilitar que a criança perceba a falta do objeto,
que é da ordem do imaginário, na qual essa falta é denominada de castração. “A falta
significada pela castração é uma dívida simbólica, embora o objeto faltante seja o objeto
imaginário.” (STOTZ, 1997, p. 123).
O complexo de castração7 diz respeito à percepção da diferença sexual anatômica,
entre os sexos que a criança faz, diante a falta do objeto, ausência do pênis na mãe. A criança
imagina que todo adulto possui o falo8, indiferente de ser homem ou mulher. No momento
que a criança descobre que este fato não é real na mulher, instaura-se a representação
imaginária da falta, falta imaginária, na qual o falo passa a ser o objeto que pode preencher
este vazio. Para Stotz (1997, p. 123), “A castração, então, remete ao falo, não como objeto
real, mas como imaginário, e implica na renúncia deste falo imaginário, para que este possa
ter uma função significante, que é o que acontece ao final do Édipo.”
O Complexo de Édipo remete ao investimento libidinal numa figura parental, ou seja,
pai ou mãe. O Complexo de Édipo funciona de maneira diferente tanto para o menino quanto
para a menina. No menino, o complexo de Édipo ocorre por volta dos 2 ou 3 anos de idade,
no momento em que este entra na fase fálica de sua evolução. O complexo de Édipo e de
castração ocorrem juntamente. O menino acredita que todas as pessoas têm um órgão sexual
igual ao seu, um pênis (falo). A partir da crença que todos os humanos possuem um órgão
genital igual ao seu, o menino parte para uma pesquisa no campo sexual e descobre que nem
todas as pessoas possuem um órgão sexual igual ao seu e, portanto, que a menina não tem falo
percepção da falta do pênis, castração. A partir desse momento, em que o menino percebe que
a mãe não tem seu objeto de desejo, ele vai ao encontro do pai para se tornar como o pai,
identificação secundária. O menino deixa a mãe de lado, abandona-a como objeto de desejo, a
mãe, que irá se identificar com a figura paterna.
Na menina, primeiro ocorre o complexo de castração e em seguida o Complexo de
Édipo. A menina, ao perceber que a mãe não pode dar seu objeto de desejo (falo), separa – se
da mãe e vai ao encontro do pai, pois imagina que o pai possa lhe dar o falo. Ao perceber que
o pai não dá o que ela quer o falo, retorna à mãe para se identificar com ela, ser uma mulher
como a mãe e poder amar um homem como o pai.
7
Complexo centrado na fantasia de castração, que proporciona uma resposta ao enigma que a diferença
anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança. Essa diferença é atribuída à
amputação do pênis na menina. (PONTALIS; LAPLANCHE, 2001, p.173).
8
Na Antiguidade greco-latina, representação figurada do órgão sexual masculino. Em psicanálise, o uso deste
termo sublinha a função simbólica desempenhada pelo pênis na dialética intra e intersubjetiva, enquanto o termo
“pênis” é sobretudo reservado para designar o órgão na sua realidade anatômica. (PONTALIS; LAPLANCHE,
2001, p. 166).
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O Complexo de Édipo diz respeito à relação de amor com uma figura, seria apaixonar
– se por essa figura, pai ou mãe.
para muitos indivíduos e ter prognóstico fechado, os dados surpreenderam, o que se justifica
pela relação com a equipe, cuja boa assistência interferiu na qualidade de vida e na utilização
dos recursos de enfrentamento.” (BRANDÃO et al., 2004, p. 09). Os sujeitos apresentaram
dificuldades da representação da imagem corporal frente à doença. Esse fato pode ser
observado a partir da recusa dos pacientes diante do desenho e da apresentação das produções.
No caso, um paciente não conseguiu desenvolver nenhuma das produções, nem contar história
ou fazer comentários sobre as mesmas. Três pacientes se recusaram a desenvolver o segundo
desenho, que seria a representação de uma pessoa doente e a contar a história, encontrando
dificuldades frente ao desenho. “Dos sujeitos que concluíram as produções estas
demonstraram fragilidade, dificuldades frente às mudanças (reais) da imagem após a doença,
com algumas figuras infantilizadas, refletindo sentimento de medo, insegurança, abandono e
solidão em virtude da percepção do fim iminente, como ilustram as produções.” (BRANDÃO
et al., 2004, p. 8).
Na pesquisa sobre Representação da Imagem Corporal de Crianças
Hospitalizadas o objetivo foi investigar as características psicológicas encontradas em
representações da imagem corporal expressas através de desenhos, embasada no Desenho da
Figura Humanas (DFH), realizadas por crianças hospitalizadas na Unidade de Queimados do
Hospital Infantil Joana de Gusmão. O estudo mostra que, a partir de uma queimadura, pode
ocorrer no sujeito modificação da imagem corporal, bem como causar sofrimento e/ou
angústia na criança hospitalizada.
Para dar o conceito de imagem corporal, a pesquisa utiliza várias fontes bibliográficas,
como: Françoise Dolto, Mello,Tavares, Cifali dentre outros. A pesquisa constatou que um
paciente que permanece hospitalizado por um longo período pode apresentar alterações na
imagem corporal, acarretando dificuldades psicológicas.
O trabalho Reintegração Corporal em Pacientes Amputados e a Dor Fantasma
traz a relação da deficiência física com a imagem corporal. No caso de uma perda de um
membro do corpo, seja por qualquer motivo, o sujeito pode ou não ter sua imagem corporal
alterada. Se a imagem corporal do sujeito estiver alterada, faz-se necessária à reintegração
dessa imagem, reintegração corporal positiva.
A reintegração positiva requer primeiramente aceitar a sua perda física para poder
integrar as funções de um membro, seja por uma prótese, seus músculos e outros. Outro fato
que também é de grande importância para o paciente amputado é sua inserção no meio social,
saber lidar com suas limitações para lidar com estratégias para sua autonomia. Para conceituar
a imagem corporal, o artigo utilizou como referencial teórico Schilder.
28
Um dos fatores de mais importância que faz parte da reintegração corporal por parte
do paciente é a elaboração do luto pela perda do membro amputado, aceitação do corpo
mutilado. Juntamente com a elaboração do luto está a negação, considerada uma das fases da
elaboração do luto, que é um mecanismo de defesa que pode ser de grande importância no
processo do luto e para a reintegração corporal do paciente amputado. A dor fantasma é outro
fator na elaboração de uma nova imagem corporal por parte do paciente. A dor fantasma
acontece quando o paciente ainda sente dor no membro que já foi amputado, mutilado, o que
acontece algumas vezes quando o sujeito nega a amputação, além das alterações neurológicas
que a amputação determina.
O artigo relata sobre estudos realizados com pacientes amputados, utilizando como
instrumento de coleta de dados desenhos da figura humana. Os pacientes que representavam
seu membro amputado no desenho da figura humana eram aqueles que se adaptaram à
amputação, aqueles pacientes que representaram no desenho seu membro de forma intacta
eram pacientes que não conseguiram adaptar-se ao membro amputado.
O autor do artigo conclui a importância do processo da reintegração corporal no
paciente amputado em relação à elaboração do luto.
O trabalho Amputação e Estratégias Defensivas apresentou como tema central os
mecanismos psicológicos manifestados pelos pacientes submetidos à cirurgia de amputação,
como “estratégias defensivas”. O artigo contempla que, de acordo com a realidade em que o
sujeito se encontra, este vai encontrar diferentes respostas para lidar com a situação, pois o
trabalho teve como objetivo relacionar a imagem corporal com os possíveis fenômenos
psicológicos que se relacionam ao processo de amputação.
Segundo a autora, “Uma lesão no corpo do sujeito, que no caso do paciente amputado
refere-se ao membro perdido e ao processo mutilatório, é um ataque à imagem corporal desse
sujeito, que se vê violado em seus direitos do corpo que tem e do corpo que é.”
(BITTENCOURT, 2006, p. 24).
Os pacientes que sofrem a cirurgia de amputação tem sua imagem afetada, distorcida,
em conseqüência da retirada de seu membro. Esse fato geralmente ocorre porque o sujeito se
prende à sua imagem anterior, e não ao processo de adoecimento, encontrando dificuldades de
organizar ou reconstruir sua nova imagem. Diante a pesquisa feita às fontes bibliográficas
para definir o conceito de imagem corporal e esquema corporal, a autora percebeu que o
paciente que passa por um processo cirúrgico de amputação “[...] sofre uma alteração no seu
esquema e na sua imagem corporal.” (BITTENCOURT, 2006, p. 25). A pesquisa referencia
Tavares e Dolto.
29
padrões emocionais são a força e a fonte de energia desses processos construtivos do padrão
da imagem corporal.”
Para poder entender o que ocorre na condição do membro fantasma é preciso
considerar o aspecto emocional do sujeito e sua relação com o próprio corpo. No caso em que
o sujeito venha a perder alguma parte do membro do seu corpo, isso acarretará uma
modificação da função que irá influenciar imediatamente na imagem corporal. “Quando um
indivíduo perde uma perna, não só há modificação do modelo postural do corpo em relação à
perna, como também uma função diferente, necessária devido à ausência da perna, a qual
altera toda a motilidade do indivíduo e, com esta, todo o modelo postural.” (SCHILDER,
1994, p. 159).
Tavares (2003), em sua obra, traz considerações de Schilder para a imagem corporal e
conclui que “O nosso conhecimento sobre o nosso próprio corpo é um aspecto central para o
plano de qualquer movimento, que, entretanto, deve incluir o objetivo da ação (o próprio
corpo ou um objeto externo) e a maneira pela qual queremos chegar ao objeto.” (TAVARES,
2003, p. 58).
A partir de seus estudos, Tavares (2003) conclui que a imagem corporal é construída
na relação do corpo do sujeito interagindo com o meio externo. Diante esta interação com o
meio externo, a imagem corporal pode sofrer alterações em decorrência das mudanças das
situações vividas pelo sujeito. De acordo com Tavares (2003, p. 76):
Schilder (1994) afirma de acordo com os estudos já realizados que a imagem corporal
é alterada pela doença orgânica. “O sinal da doença orgânica é a dor e o mal-estar. Doença é
sofrimento. Na doença o indivíduo é passivo.” (SCHILDER, 1994, p. 163).
Segundo Schilder (1994), quando o sujeito está num processo de dor ou sofrimento,
este vivencia uma mudança no modelo postural do corpo. O autor refere-se ao membro
fantasma como uma das expressões do modelo postural do corpo, na qual o fenômeno do
membro fantasma está nas pessoas que sofreram um processo de amputação, por uma perda
recente. Conclui que “[...] o modelo postural do corpo se desenvolve especialmente em
contato com o mundo externo, e que aquelas partes de nosso corpo que mantêm um contato
variado e estreito com a realidade são as mais importantes.” (SCHILDER, 1994, p. 59).
31
outros autores, como Pereira e Mestre (apud RAMOS; PATRÃO, 1997, p. 296), referem-se à
cirurgia e ao tratamento de cancro de mama na mulher relacionadas às perdas narcísicas. “[...]
referem que as perdas narcísicas associadas à cirurgia e tratamentos terão impacto grave na
vida relacional da mulher que sofre de cancro de mama.”
Sendo a mama considerada pela mulher um símbolo da sua sexualidade, no caso de
algum tipo de adoecimento que venha ameaçar esse órgão, pode vir a afetar sua auto-estima
trazendo muitos prejuízos para sua vida no que tange os aspectos emocionais e sociais.
O estudo realizado é de natureza exploratória, descritiva e transversal das principais
variáveis que são: imagem corporal, qualidade do relacionamento conjugal e satisfação
sexual; e as variáveis secundárias: idade, habilitações literárias, tipo de cirurgia, tempo
decorrido após o tratamento, duração do relacionamento conjugal e status marital e sexual
anteriores à cirurgia.
O estudo foi realizado por 30 mulheres com cancro de mama submetidas a uma
cirurgia (radical ou parcial) e posterior tratamento. Os instrumentos utilizados na pesquisa
foram o questionário, escala de imagem corporal, escala de relacionamento conjugal e índice
de satisfação sexual.
De acordo com os resultados obtidos na investigação, observou-se que as participantes
não revelam problemas no que diz respeito ao modo como valorizam a sua aparência e que
não existem alterações em nível do relacionamento conjugal após a realização de uma cirurgia
de mama (radical ou parcial) e tratamentos. Observou-se que as participantes, no entanto,
revelam insatisfação sexual e também revelam insatisfação quanto ao nível de valorização da
aparência. Outro dado importante obtido foi que ao melhorar a qualidade do relacionamento
conjugal diminui a insatisfação. A pesquisa relata que grande parte dos resultados observados
no estudo vem ao encontro daqueles encontrados na literatura. Em relação aos dados
encontrados em nível da imagem corporal, observou-se que existe alguma divergência com
outros estudos. Isso se deve, talvez, por outras variáveis que podem ter influenciado nestes
resultados, como nem todas as mulheres terem sido submetidas a um a cirurgia radical e
também ao fato de que as participantes não fizeram, eventualmente, grande investimento no
órgão doente e terem idades médias superiores a 50 anos. Contudo a pesquisa salienta que não
se devem ser desconsiderados os estudos feitos em relação à imagem corporal de mulheres
com cancro de mama, submetidas a uma cirurgia. No entanto, em mulheres que tiveram a
cirurgia radical é primordial que se realize uma intervenção psicológica para poder ajudar essa
mulher a lidar com as alterações corporais e a desenvolver estratégias para encarar as
mudanças da sua aparência.
33
imagem corporal tem uma tendência estereotipada em função do meio social e cultural, na
qual a magreza é sinônimo de beleza. Foi observado a partir da técnica gráfica (desenho) e a
entrevista que as mulheres consideradas magras (peso normal) possuem uma percepção
positiva da sua imagem corporal e apresentam confiança social, enquanto que nas mulheres
consideradas obesas apresentaram-se inseguras e a imagem corporal estaria ligada ao status
do indivíduo na sociedade. “Os sinais de distorção da imagem corporal encontrado nesse
estudo podem estar associados a uma dificuldade da mulher obesa em aceitar o seu corpo
como ele realmente é.” (ALMEIDA; LOUREIRO; SANTOS, 2002, p. 6).
Portanto, uma modificação da imagem corporal estará sempre ligada à alteração
orgânica na neurose de órgão, que é um sintoma orgânico. “[...] um sintoma orgânico só pode
provocar uma reação psíquica se fizer parte do chamado reflexo incondicionado (um exemplo
de reflexo incondicionado é a produção de saliva sempre que se coloca ácido hidroclorídrico
na boca).” (SCHILDER, 1994, p. 160). O sujeito denomina um órgão de seu corpo, escolhe
um órgão para adoecer num dado momento da sua vida, geralmente porque não conseguiu
enfrentar tal situação, alterando seu modelo postural juntamente com a parte interna do corpo.
Isso provavelmente ocorre devido às experiências de vida do sujeito com seus órgãos
internos.
De acordo com Schilder (1994, p. 160),
[...] é através do corpo que se apreende o mundo, sendo a imagem corporal o retrato
da história vivida pela criança. Segundo a pesquisa, a imagem corporal se inicia na
vida infantil na relação da criança com a mãe e vai sofrendo transformações ao
longo do desenvolvimento através de suas vivências.
Oliver (apud BUBALO, 2006, p. 23) alega que a imagem corporal não é algo pronto e
definitivo, mas dinâmico, que se modifica, altera-se e justifica a labilidade da imagem
corporal pela influência dos estados emocionais, dos conflitos psíquicos e de contato com o
mundo e com outras pessoas.
Acredita-se também que as emoções tenham um papel importante no desenvolvimento
da imagem corporal. De acordo com Capsiano (apud BUBALO, 2006, p. 23), as imagens são
modificadas e transformadas de forma contínua, de acordo com as mudanças de nosso
psiquismo. De acordo com Prado (apud BUBALO, 2006, p. 23),
[...] na vida adulta, possui-se uma imagem corporal que recobre o corpo real, como
um invólucro, uma capa. Em situações difíceis (dor, doença, onde a integridade do
corpo é ameaçada), a imagem será muitas vezes o recurso que o sujeito lança mão
para se proteger, se refugiar. Uma das situações em que tal recurso é utilizado
refere-se à descoberta do diagnóstico do câncer.
3 MÉTODO
O filme Homens de Honra é uma adaptação de uma história real. Conta a história do
primeiro mergulhador negro da história da Marinha dos Estados Unidos.
O filme conta a história de um menino que veio de uma humilde família negra que
vivia numa área rural. O menino Carl Brashear, interpretado pelo autor Cuba Gooding Jr,
adorava mergulhar e quando jovem se alistou na Marinha com o intuito de ser um grande
mergulhador. Em decorrência do racismo da época (1968) o jovem Carl teve que trabalhar na
cozinha da Marinha, sendo a única função aceita para um negro: cozinheiro. Havia muitas
regras que deveriam ser cumpridas e principalmente para aqueles que eram negros, os direitos
não eram os mesmos. Um dos exemplos, é que havia um dia específico da semana em que os
negros poderiam tomar banho de mar. O jovem não considera essa regra tão importante e se
joga ao mar mostrando sua habilidade como mergulhador. No primeiro momento é preso,
como uma forma de castigo, punição, mas seu capitão volta atrás e reconhece as habilidades
do “jovem negro”, na qual se torna um mergulhador de resgate.
Com o tempo, o jovem foi conquistando o seu espaço como mergulhador, e
mostrando sua capacidade e habilidade, passou a ser reconhecido pela sua garra e força de
vencer. Mas em uma das suas missões no mar, um trágico acidente acontece com Carl. No
momento em que estão retirando do mar um objeto para ser trazido até o navio, o objeto caiu
do aparelho que estava segurando-o e vem em direção de uma das pernas do mergulhador, na
qual ele perde a sua metade.
A partir desse momento, o filme mostra a difícil trajetória que o mergulhador teve
para poder voltar as suas funções anteriores, pois não queria desistir do posto que tanto lutou
para chegar. Mesmo com o processo de amputação e impossibilitado de voltar para seu
emprego, Carl não desistiu, resolve colocar uma prótese e fazer exercícios diários juntamente
com a ajuda de seu capitão para voltar a seu posto de mergulhador. Muitos não acreditavam
que Carl iria voltar a ser o que era antes, pois era uma difícil missão, já que tinha que usar a
força de seu corpo para poder trabalhar. Seu trabalho exigia muito do corpo, principalmente a
roupa que era colocada para poder entrar no mar. Ele não desistiu e seguiu em frente com
muito esforço, até provar para seus superiores que mesmo sem uma de suas pernas, agora
com uma prótese, ele era capaz de voltar a ser o mergulhador de antes.
O filme ilustra a difícil trajetória de um jovem negro que queria ser um mergulhador
da Marinha e que lutou contra toda a sociedade de uma época. Ilustra, ainda, o sonho,
40
interrompido por um acidente, a amputação de uma das pernas, que seria considerado um
adoecimento orgânico, o processo vivido da imagem corporal diante o adoecimento e o
processo de ressignificação dessa imagem vivido pelo jovem do filme.
A cena 02 mostra Carl no hospital e o momento em que sua mulher dá a notícia a ele
do acidente que tinha sofrido com a sua perna e que não poderia mais caminhar e,
conseqüentemente, não poderia mais voltar a sua função de mergulhador. Nesse momento, a
cena mostra a dificuldade da aceitação do paciente diante do seu diagnóstico, principalmente
pelo fato da perda de suas funções anteriores e a mudança da imagem corporal pelo membro
perdido. De acordo com o que já foi visto anteriormente, a doença orgânica promove
sensações no corpo em conseqüência do próprio processo de adoecimento, que envolvem as
experiências vividas. Diante o processo de uma cirurgia de amputação, mutilação do membro,
o sujeito precisa lidar com a situação da à perda da parte do corpo, aceitando no primeiro
momento sua perda física, que é uma das condições necessárias para que este paciente possa
reintegrar seu corpo. Como já foi visto anteriormente, a alteração da imagem corporal
independe do tipo de adoecer orgânico.
A cena 03 mostra o momento em que Carl ainda está no hospital e decide que quer
amputar sua perna e colocar uma prótese para voltar a ser o mergulhador da Marinha e subir
de posto. No caso de uma cirurgia de amputação, o paciente tem a sua imagem corporal
afetada, pela retirada do membro, no processo mutilatório. Se o paciente sofre algum tipo de
alteração da imagem corporal por adoecimento, ele precisa reconstruir sua imagem corporal,
que seria o processo de reintegração corporal.
A reintegração da imagem corporal do sujeito amputado deve estar voltada ao seu
favor para que possa integrar suas funções, de alguma forma, utilizando estratégias para a sua
nova adaptação. Portanto, a aceitação do paciente ao seu novo estado corporal é o início para
a reintegração corporal. A prótese é uma forma de reintegrar suas funções anteriores, apesar
das dificuldades que o paciente vai ter no primeiro momento, pois não está recebendo sua
perna anterior, mas um novo objeto que está se adaptando em seu corpo. Diante a reintegração
do corpo do paciente, o sujeito também se encontra em um processo de reabilitação pela
amputação, na qual a prótese é também considerada uma das fases do processo de
reabilitação.
Na cena 04, aparece o momento em que Carl, já com a prótese, tentando fazer os
exercícios físicos para poder voltar a ser mergulhador. Esta cena mostra Carl correndo e
fazendo exercícios de fisioterapia numa clínica. Aqui aparece a elaboração de Carl pela sua
perda física e a vivência do luto. A reintegração positiva ao paciente é primeiramente este
aceitar a sua perda física para poder integrar as funções de um membro, seja por uma prótese,
seus músculos e outros.
42
O luto do membro perdido refere-se à aceitação do paciente pelo novo período que
está vivenciando, a perda do membro amputado. Esse é um processo lento que depende muito
do paciente, pois precisa aprender com as suas novas limitações. O processo de luto implica
na elaboração do luto pela perda do membro amputado, aceitar que perdeu seu membro e a
reintegrar sua imagem corporal. Na cena 04 pode-se perceber o esforço de Carl tentando
integrar suas funções anteriores com a prótese – que seria tentar se adaptar à realidade,
reformulando novas formas de estratégias – incorporando suas limitações – que seria o
processo de reintegração corporal do personagem.
Outra cena também considerada é a 05, em que Carl está se arrumando em frente ao
espelho e olha para baixo sem a prótese vendo a sua perna amputada; “aparece um processo
de ressignificação.” Neste sentido, a reintegração corporal não se refere apenas ao paciente
fazer uso da prótese, mas também poder aceitar-se sem ela.
Por fim, a última cena do filme, a 06, aparece Carl em julgamento tentando mostrar
aos seus superiores da Marinha que mesmo com uma perna amputada ele tem condições de
exercer sua função de mergulhador. Esta cena mostra o momento em que ele tem que colocar
a roupa de mergulhador que é considerada “pesada” e caminhar 12 passos para poder ser
considerado um mergulhador dentro dos parâmetros que a Marinha deseja. Carl, com sua
força e garra e com a ajuda seu amigo capitão, consegue caminhar os 12 passos e foi
nomeado, dentro das funções da Marinha, capitão de mergulho. Nesta cena, percebe-se a
vontade de Carl em fazer com que todas aquelas pessoas acreditassem que ele era capaz,
mesmo sem uma perna, de voltar a mergulhar, pois tinha lutado praticamente a sua vida toda
para a realização desse sonho, neste momento concretizado. O preconceito contra o deficiente
físico geralmente acaba afastando a pessoa do seu meio social, dificultando cada vez mais sua
relação consigo mesmo e com a sociedade. A difícil convivência do amputado com o meio
social permeado pelo preconceito repercute na imagem corporal. O que, diferentemente do
personagem Carl, que não deixou que a deficiência e o preconceito o fizessem desistir do
retorno às suas funções.
O filme remete primeiramente à infância de Carl, onde se processa toda a sua
construção, ou seja, estruturação de sujeito através de suas vivências, experiências consigo
mesmo através de seu corpo com o meio. Essa estruturação do sujeito se constrói através de
vivencias e experiências que se dão ao longo da vida, começando na infância, na relação da
criança. Pode-se dizer que a partir dessas interações da criança com o externo é que vai se
formar a imagem corporal. A imagem corporal se forma a partir dessas vivências e pode
sofrer alterações por conseqüências em decorrência do meio. Esse processo se dá a partir do
43
corpo, pois é no corpo que o sujeito percebe as mudanças e retoma significados. Este fato foi
observado nas cenas em que aparece o menino Carl e sua relação com seus pais. Em outro
momento do filme, Carl aparece adulto trabalhando, fazendo a função que anteriormente seu
pai realizava na lavoura, mas o sonho desde a infância ainda continuava, que era de ser um
grande mergulhador, já que deste de garoto adorava mergulhar nos rios de sua cidade. Aos
poucos, o garoto foi crescendo e se tornou um homem, deixou sua família na cidadezinha e
foi em busca de seu sonho. Foi para a Marinha e lá foi conquistando seu espaço, apesar das
grandes dificuldades que teve de enfrentar, mas nunca deixou que os obstáculos
atrapalhassem o seu sonho e conquistou seu lugar na Marinha como mergulhador.
Em decorrência de um acidente, Carl sofre um processo de amputação, processo de
mutilação de sua perna, na qual tem sua imagem corporal alterada. De acordo com as
pesquisas durante o trabalho, foi verificado que diante um processo de adoecimento orgânico,
no caso do filme o membro amputado, a imagem do corpo do sujeito pode sofrer alteração,
ainda mais se a perda for de forma brusca. Mas mesmo sem sua perda, o mergulhador não
desiste do seu sonho até então conquistado, e faz a escolha de amputar sua perna e colocar
uma prótese para poder retornar ao seu trabalho como mergulhador da Marinha para também
subir de posto e chegar a capitão.
Como foi visto anteriormente nas pesquisas científicas reladas no trabalho, a prótese
seria um recurso utilizado pelo amputado como forma de reabilitação e ressignificação do
membro perdido. Utilizar recursos para se adaptar à nova situação que o sujeito está
vivenciando é um recurso considerado positivo do amputado ressignificar sua nova imagem
corporal. Esse tipo de recurso utilizado, prótese, pode ser percebido nas cenas do filme por
Carl.
Pode-se concluir a partir das pesquisas bibliográficas encontradas que as possíveis
mudanças da imagem corporal de cada sujeito estão relacionadas com as particularidades de
cada um dos adoecimentos.
44
5 CONCLUSÃO
A pesquisa apresentou como tema central a imagem corporal e corpo físico com o
intuito de estudar a imagem do corpo e sua relação com o adoecer.
O interesse pela pesquisa surgiu a partir do estágio no Hospital de Caridade, nos
atendimentos com os pacientes, à medida que apresentavam “dificuldade” em aceitar as
mudanças que estavam ocorrendo com o seu corpo em decorrência do próprio processo de
adoecer. O processo de adoecer pode provocar no sujeito prejuízos em seu corpo,
repercutindo em sua imagem corporal.
A pesquisa realizada verificou que não são muitos os trabalhos escritos encontrados,
dificultando o levantamento de dados, já que se trata de uma pesquisa bibliográfica. Além da
busca aos trabalhos de pesquisa também foram investigados livros que puderam contribuir
para o estudo sobre a temática. Para efeitos desta pesquisa, apresentou-se o conceito de
adoecimento como de uma doença orgânica que possa alterar a imagem corporal do sujeito.
Aos poucos o sujeito se constrói, fazendo o reconhecimento do próprio corpo e,
através desse contato com suas experiências e vivências, vai construindo a imagem de seu
corpo. A imagem que o sujeito tem de si mesmo é a imagem que foi construída ao longo de
sua vida, portanto, esta imagem pode mudar, pois não é constante e muda em decorrência das
suas experiências. Pode-se constatar esse fato a partir do adoecer. Cada doença vai trazer
algum tipo de alteração no sujeito tanto física como psíquica. As alterações orgânicas vão
mudar a forma de como o sujeito se vê e a partir de sensações e emoções sua imagem corporal
também vai sofrer alterações.
Para alcançar o objetivo geral, foram definidos alguns objetivos específicos. O
levantamento bibliográfico possibilitou descrever como se dá a construção da imagem
corporal no sujeito. A construção da imagem do corpo se constitui a partir das relações do
sujeito consigo mesmo e com o meio. Esse processo se dá a partir das vivências do sujeito que
está integrado com sua história.
Na ilustração do filme podemos também verificar como se processa a construção da
imagem corporal do sujeito, de acordo com a construção de Carl desde sua infância até a vida
adulta, através de suas vivências e experiências.
O segundo objetivo específico, investigar se há ou não modificação da imagem
corporal diante de alguns adoecimentos orgânicos pôde ser percebida na pesquisa feita nos
trabalhos encontrados. Diante de um processo de adoecimento, o corpo do sujeito apresentará
45
REFERÊNCIAS
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