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RESUMO
O objetivo deste artigo e destacar alguns aspectos relevantes para o conhecimento e
compreensão sobre a atuação de psicólogo em instituições hospitalares, abordando
as intervenções junto à família, o paciente e equipe profissional do hospital. Trata-se
de um estudo bibliográfico, realizado com artigos através de bancos de indexação,
livros e revistas, Diante do estudo foi possível identificar que a atuação do psicólogo
hospitalar é auxiliar o paciente em seu processo de adoecimento, visando a
minimização do sofrimento provocado pela hospitalização. A família também cumpre
um papel de extrema importância em situações de adoecimento e tratamento. São
inúmeras as condições que favorecem a presença do psicólogo na área da saúde,
mais especificamente no hospital, como também são inúmeros os benefícios
proporcionados por esses profissionais
Palavra-chave: Psicologia hospitalar, Psicologia da saúde, Psicólogo hospitalar.
INTRODUÇÃO
O adoecimento traz em si uma desorganização da vida do paciente, provocando
várias transformações em sua subjetividade. Essa desorganização pode envolver
mudanças de hábitos, de identidade (despersonalização) e muitas vezes o paciente
pode acabar se tornando apenas mais um número de CID e de leito (ESTIVALET,
2000). Sendo assim, junto com a equipe multidisciplinar surge a figura do psicólogo
com o intuito de escutar e acolher o sofrimento do indivíduo frente as suas principais
dificuldades no que tange essa fase. O objetivo do psicólogo hospitalar é auxiliar o
paciente em seu processo de adoecimento, visando à minimização do sofrimento
provocado pela hospitalização, devendo prestar assistência ao paciente, seus
familiares e a toda equipe de serviço, levando em conta um amplo leque de atuação
e a pluralidade das demandas (CHIATTONE, 2011). A atuação do profissional da
psicologia no contexto hospitalar não se refere apenas à atenção direta ao paciente,
refere-se também a atenção à família e a equipe de saúde, com o objetivo de
promover mudanças, atividades curativas e de prevenção, além de possibilitar a
diminuição do sofrimento que a hospitalização e a doença causam no sujeito.
A psicologia hospitalar por ser uma área que lida diretamente com a subjetividade e
sofrimento do outro exige que o psicólogo entenda os limites de sua atuação para não
se tornar um dos elementos invasivos provenientes da hospitalização, bem como
promover a humanização e a transformação social no ambiente hospitalar, sem ficar
preso nas teorizações que isolam conflitos mais amplos. Conjuntamente com o
enfoque da humanização e do atendimento em saúde, a interdisciplinaridade é uma
das bases da tarefa do psicólogo que adentra no hospital, pois partindo desse
pressuposto o sujeito doente deve ser considerado biopsicossocial.
Contudo, é um desafio para o profissional da psicologia adentrar em um contexto onde
se predomina o olhar biomédico, onde há limites institucionais regidos por regras,
condutas e normas, além disso, o trabalho do psicólogo é muitas vezes deficiente no
contexto hospitalar, pois a ausência de estrutura física impossibilita o espaço de
cuidado do psicólogo (CHIATTONE, 2003). Ainda é muito presente o modelo
tradicional de atuação do mesmo nesse contexto, porém, na verdade, mesmo que se
busquem novas formas de cuidados psicológicos, nos deparamos com situações onde
o profissional obriga-se a exercer seu trabalho nos corredores e entre macas
(SEBASTIANI, 2011).
O estado precário da saúde da população brasileira é um entrave dentro do saber
psicológico, pois exige do profissional uma revisão de seus valores pessoais,
acadêmicos e emocionais. Assim, nessa perspectiva, o contexto hospitalar difere-se
do contexto de aprendizagem e orientação acadêmica, já que se percebe uma
realidade precária nas condições de saúde da população que é alvo constante das
injustiças sociais e aspira por um tratamento hospitalar digno (SALMAN;
PAULASKAS, 2013). Diante dessa concepção e das dúvidas que abarcam a
psicologia e o papel do psicólogo hospitalar, a pesquisa realizada teve como objetivo
entender a construção do papel do psicólogo hospitalar na atualidade, verificando a
construção histórica do perfil desse profissional na realidade brasileira e seus
possíveis desdobramentos, levando em consideração sua atuação na dimensão
assistencial e na saúde pública atualmente.
DESENVOLVIMENTO
O que se entende por Psicologia Hospitalar?
De acordo com Cabral citando Rodríguez e Marín (2003) a Psicologia Hospitalar é um
conjunto de contribuições científicas, educativas e profissionais que as várias
correntes da psicologia oferecem para prestar uma assistência de maior qualidade
aos pacientes hospitalizados. O psicólogo hospitalar é o profissional que detém esses
saberes e técnicas para aplicá-los de forma sistemática e coordenada, sempre com o
intuito de melhorar a assistência integral do sujeito hospitalizado. O trabalho do
psicólogo hospitalar é especificamente direcionado ao restabelecimento do estado de
saúde do doente ou, ao controle dos sintomas que comprometem bem-estar do
paciente. Ainda segundo esse mesmo autor existem seis tarefas básicas do psicólogo
hospitalar:
A função de coordenação, relacionadas às atividades com os funcionários da
instituição.
A função de auxílio à adaptação, intervindo na qualidade do processo de
adaptação e recuperação do paciente internado.
A função de Inter consulta: Auxiliando outros profissionais a lidarem com o
paciente.
A função de enlace, de intervenção, por meio de delineamento e execução de
programas com os demais profissionais, para modificar ou instalar
comportamentos adequados dos pacientes.
Assistência direta: Atua diretamente com o paciente;
A função de gestão de recursos humanos: aprimora os serviços dos
profissionais da instituição, o que contribui de forma significativa para a
promoção de saúde.
No contexto hospitalar, o psicólogo deve buscar estabelecer um contato mais próximo
com outras profissões. A saúde não é de competência de um único profissional, ela é
uma prática interdisciplinar e os profissionais das muitas e diferentes áreas de
atuação, devem agregar-se em equipes de saúde. De acordo com Chiattone (2003)
tendo como objetivos comuns estudar as interações psicossociais e encontrar
métodos adequados que propiciem uma prática integradora, tendo como enfoque a
totalidade dos aspectos inter-relacionados à saúde e à doença.
Conjuntamente com o enfoque da humanização do atendimento em saúde, a
interdisciplinaridade é uma das bases da tarefa do psicólogo que adentra ao hospital,
pois partindo do pressuposto de que o ser doente deve ser considerado
biopsicossocial. Essas três esferas interdependem e inter-relacionam-se à outra,
mantendo o ser doente, intercâmbios contínuos com o meio em que vive, num
constante esforço de adaptação à sua nova condição de doente […].” (CHIATTONE,
2003, p. 32).
Está abrangência multidisciplinar e estratégica da atuação do psicólogo hospitalar,
pelo reconhecimento do campo de saúde como uma realidade complexa, e que
necessita de conhecimentos distintos integrados é que define a necessidade de
intervenção de forma imediata. Portanto, estas ações deveriam envolver profissionais
de diferentes áreas em uma rede de complementaridade onde são mantidas as
exigências organizacionais unitárias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os psicólogos hospitalares atuam como intérpretes das demandas do paciente, da
família e da equipe profissional. Ele atua como facilitador do diálogo entre essa tríade,
e dispensa apoio psicológico a família, assim como esclarecimento de suas
dúvidas. A inserção do psicólogo no hospital gera qualidade, e amplia a promoção da
saúde e a melhor qualidade nos atendimentos hospitalares.
O atendimento psicológico ao paciente pode ser caracterizado por intervenção focal
pautado na psicoterapia breve de apoio, consistindo em avaliar sua situação, analisar
a maneira de enfrentamento e a manifestação do paciente no momento presente, bem
como construir opções de pensamento e, consequentemente, o comportamento. O
que é levado em conta e o que se espera do terapeuta é que o mesmo possua uma
postura ativa no manejo da assistência, com o intuito de permitir continência das
manifestações, expressando concordância com ideias e atitudes do paciente, assim
também reforçar as funções adaptativas do ego, reassegurando a boa percepção da
realidade, além disso, o psicólogo tem como papel favorecer a percepção de novas
formas de enfrentamento da situação, promovendo o devido suporte para o momento
de instabilidade emocional, favorecendo o vínculo de confiança com a equipe
multiprofissional.
A psicologia no contexto hospitalar atua para a melhor integração, e compreensão das
diferentes práticas teóricas, minimiza os espaços entre as diversidades dos saberes,
e lapida o cuidado à saúde e a prevenção de doenças. Assim é possível estabelecer
as condições adequadas de atendimento aos pacientes, familiares e melhor
desempenho das equipes de saúde no hospital. Vale ressaltar ainda que a inserção
do psicólogo em uma equipe de saúde visa juntamente somar o saber e o fazer aos
demais cuidados, para que se possa promover um amplo suporte ao paciente numa
esfera biopsicossocial.
REFERÊNCIAS
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