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PSICOLOGIA

HOSPITALAR
Intervenções
breves e focais no
contexto hospitalar
Renata Beatriz da Silva

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Relacionar demanda, interconsulta e intervenções no contexto hospitalar.


> Analisar aspectos da psicoterapia breve e focal do psicólogo hospitalar.
> Descrever intervenções psicológicas em interconsultas hospitalares.

Introdução
A psicologia hospitalar surgiu com o propósito de recuperar a dimensão sub-
jetiva do indivíduo em contextos relacionados a enfermidades em ambientes
de saúde. Nesses contextos, o psicólogo precisa desempenhar seu papel com
mais agilidade e foco. Seu olhar deve se concentrar no sofrimento e nas con-
sequências que a doença acarreta durante a internação, com o objetivo de
proporcionar alívio e acolhimento tanto ao paciente quanto à sua família
(Mendes; Yamamoto; Rodrigues, 2021).
A atuação do psicólogo em hospitais se distingue daquela típica dos am-
bientes clínicos. A primeira diferença notável é o ambiente físico, que é agi-
tado, oferece pouca privacidade e está sujeito a interrupções frequentes por
outros profissionais. Além disso, surgem limitações institucionais que afetam
a aplicação de estratégias e técnicas que seriam utilizadas na psicoterapia
convencional, sendo necessário repensar a prática profissional. Outro aspecto
característico dos atendimentos nos hospitais é que eles requerem agilidade
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e concisão, o que se deve às necessidades urgentes e à falta de psicólogos


disponíveis (Mendes; Yamamoto; Rodrigues, 2021).
Os profissionais, além de realizar os atendimentos individuais aos pacientes,
se envolvem na melhoria das relações entre médicos e pacientes, pacientes e
familiares, e pacientes entre si, ajudando a lidar com os desafios emocionais
que surgem durante o processo de tratamento e hospitalização. Seu trabalho
abrange diversos contextos, como ambulatórios, unidades de terapia intensiva
(UTIs) e pronto atendimento, envolvendo diferentes formas de intervenção
(psicoterapia, grupos terapêuticos, consultoria, etc.). Além disso, os psicólo-
gos hospitalares colaboram com equipes multidisciplinares, buscando tomar
decisões que beneficiem o paciente e sua família, fornecendo informações
relevantes em sua área de especialização e oferecendo suporte em discussões
interdisciplinares. Esse trabalho é essencial para garantir o bem-estar físico e
emocional dos pacientes hospitalizados (Conselho Federal de Psicologia, 2007).
Neste capítulo, você vai conhecer melhor as práticas do psicólogo hospitalar,
diferenciando as demandas encontradas das interconsultas e intervenções. Você
também vai aprofundar seu conhecimento a respeito da história da psicoterapia
breve e dos aspectos teóricos que fundamentam a prática. Além disso, vai ver
os tipos de intervenção que podem ser aplicados no contexto hospitalar. Esse
conteúdo ajudará você na consolidação dos conhecimentos essenciais à sua
formação como futuro psicólogo.

Diferenças e relações entre demanda,


interconsulta e intervenções
A especialização em psicologia hospitalar envolve diversas áreas de atua-
ção. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) explica que, além de atender os
pacientes e seus familiares, os psicólogos hospitalares contribuem para o
aperfeiçoamento de profissionais da saúde, oferecendo cursos em institui-
ções de ensino superior e centros de pesquisa. Eles desempenham um papel
fundamental na avaliação e no acompanhamento das questões psicológicas
dos pacientes que passam por procedimentos médicos, promovendo a saúde
física e mental (Conselho Federal de Psicologia, 2007).
A psicologia hospitalar surge com a finalidade de resgatar a dimensão
subjetiva em situações relacionadas ao processo de adoecimento em am-
bientes de assistência médica. Portanto, um dos principais objetivos do
psicólogo que atua nesse campo é a minimização do sofrimento tanto do
paciente quanto de sua família. A atuação é altamente focada, concentrando-
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-se nas experiências de angústia e nas implicações emocionais da doença no


paciente e na hospitalização. Ela considera ainda outros elementos, como a
história de vida do paciente, a sua maneira de lidar com a enfermidade e a
sua personalidade (Almeida, 2010).
No contexto das internações hospitalares, é preciso compreender as
consequências do adoecimento para o paciente. Essas consequências serão
reconhecidas como demandas de atendimento psicológico. Pode-se afirmar
que o processo de adoecimento provoca reações que podem assumir uma
natureza patológica ou não, dependendo da personalidade do paciente e de
sua habilidade de se adaptar a essa fase de enfermidade e hospitalização.
Assim, as dimensões emocionais têm o potencial de impactar as reações
e competências do paciente, o que, por sua vez, pode afetar a adesão ao
tratamento e moldar as escolhas que têm implicações nas perspectivas de
sobrevivência (Almeida, 2010).
No hospital, é possível reconhecer diferentes demandas de atendimento
psicológico, que emergem nos diferentes setores do serviço de saúde. Entre
as diferentes unidades hospitalares, que apresentam características e de-
mandas de atendimento distintas, podemos listar: ambulatórios, emergência,
internação ou enfermarias, centros de tratamento intensivo (CTIs), centros
de tratamento oncológico, pediatria e maternidade (Almeida, 2010).
As particularidades de cada setor e o modo como o trabalho do psicólogo
auxilia nessas situações serão apresentados no decorrer deste capítulo.
No entanto, podemos antecipar que, quando um problema emocional é identi-
ficado pelo médico ou pelos enfermeiros (profissionais que estão em contato
com os pacientes diariamente), os serviços de psicologia são acionados para
avaliar e intervir nos casos (Almeida, 2010).
Além das queixas sobre a doença, surgem questões pessoais, familiares
e profissionais. Nas emergências, os pacientes chegam em busca de atendi-
mento imediato para recuperar a saúde; logo, existe um clima de urgência.
Nas unidades de internação, os pacientes experimentam uma significativa
perda de individualidade. Já os CTIs são conhecidos por suas características
distintivas, que incluem condições clínicas graves, cuidados de saúde inten-
sivos e apoio extensivo aos familiares (Almeida, 2010).
Apenas quando conhecemos as características de cada unidade de tra-
tamento temos uma dimensão da diversidade de situações que permeiam
o trabalho do psicólogo hospitalar; assim, conseguimos identificar muitas
das demandas existentes nessa realidade (Almeida, 2010). Frequentemente,
essas demandas são identificadas primeiro pelos profissionais de saúde que
estão diariamente em contato com os pacientes — técnicos de enfermagem,
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enfermeiros e médicos. Quando identificam essas demandas, os profissionais


acionam o serviço de psicologia solicitando o atendimento. É nesses momentos
que surgem as interconsultas.

Interconsultas e intervenções
No Brasil, as enfermarias psiquiátricas começaram a ser implantadas em
hospitais gerais nos anos 1950, mas seu reconhecimento efetivo só ocorreu
após a reforma psiquiátrica de 2001. Essa reforma incentivou a criação de
unidades psiquiátricas em hospitais gerais, tornando essa integração entre
a psiquiatria e outras especialidades médicas uma prática comum. Isso deu
origem à interconsulta, um campo de atuação que ganhou destaque nos anos
1980 (Carvalho; Lustosa, 2008).
A interconsulta é uma atividade multiprofissional e multidisciplinar que
envolve a presença de um psiquiatra e/ou psicólogo em uma unidade mé-
dica geral (a pedido de um médico de outra especialidade). Seus objetivos
incluem: disseminação do conhecimento psiquiátrico e psicológico; auxílio
no diagnóstico e no tratamento de pacientes com comorbidades médicas e
psiquiátricas; contribuição para a abordagem psicossocial dos pacientes;
e apoio às atividades de ensino e pesquisa (Carvalho; Lustosa, 2008).
Em termos gerais, a interconsulta pode ser descrita como uma ferramenta
utilizada pelo profissional para compreender e aprimorar o atendimento ao
paciente em um hospital geral. As solicitações de interconsulta são frequente-
mente feitas por enfermeiros e médicos, sendo que os principais motivos são
relacionados a quadros de humor depressivo e ansiedade. Logo, a interconsulta
representa uma aplicação prática do conceito de multidisciplinaridade —
e até mesmo do de interdisciplinaridade — na integração do psicólogo à equipe
de saúde. Nesse sentido, há certa deficiência na formação dos profissionais
com relação à padronização de condutas e habilidades para a realização
desse trabalho (Gazotti; Prebianchi, 2014).
Essa prática multiprofissional ainda pode ser compreendida como uma
intervenção psicológica que visa a apoiar profissionais de diferentes áreas
no diagnóstico e no tratamento de pacientes com problemas psiquiátricos
ou psicossociais, além de facilitar a comunicação entre a equipe de saúde,
os pacientes e seus familiares. O processo da interconsulta inclui quatro
etapas: coleta de informações junto a médicos, enfermeiros, pacientes e
familiares; elaboração de diagnósticos situacionais; devolução de informa-
ções e assessoramento; e acompanhamento diário da evolução da situação
(Gazotti; Prebianchi, 2014).
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Outra definição de interconsulta refere-se à participação de um profis-


sional de saúde em uma unidade ou serviço médico geral, em resposta à
solicitação de um médico, com o intuito de proporcionar uma assistência
abrangente ao paciente. Nesse contexto, a psicologia tem um papel crucial.
Em colaboração com o trabalho de outros profissionais, a consulta psicológica
multidisciplinar pode desempenhar um papel significativo para a adoção de
uma abordagem biopsicossocial na assistência ao paciente. Existe ainda uma
compreensão mais ampla do conceito de interconsulta, que considera não
só a assistência ao paciente e à equipe, mas também a pesquisa e o ensino
que beneficiem a eles e à instituição de saúde (Carvalho; Lustosa, 2008).
A ideia de consultoria envolve a participação do interconsultor na ava-
liação do paciente e na elaboração de hipóteses e recomendações, que são
compartilhadas com as equipes solicitantes. Por outro lado, no trabalho de
ligação, o interconsultor desempenha um papel mais direto no atendimento
ao paciente, agindo como um membro ativo da equipe de saúde. Isso poderá
envolver não só a psicologia, mas também outras áreas dos serviços hospi-
talares (Carvalho; Lustosa, 2008; Tonetto; Gomes, 2005).
Podemos dizer que os objetivos da interconsulta são: transformar o mo-
delo de assistência centrada no trabalho em um modelo focado no paciente,
destacar a importância da relação médico-paciente e aprofundar a compre-
ensão da situação dos pacientes e dos profissionais nas instituições médicas.
Com base nesses objetivos, quatro áreas principais têm sido exploradas na
interconsulta: estudos descritivos, avaliação, diagnóstico e investigação dos
mecanismos pelos quais fatores psicossociais influenciam o processo de
adoecimento (Carvalho; Lustosa, 2008).
Além disso, o interconsultor desempenha um papel essencial na compreen-
são das reações da família, da equipe e do próprio paciente. Ele pode auxiliar
na identificação e no manejo de respostas mal-adaptativas ao estresse e
servir como suporte para a equipe responsável pelo paciente, especialmente
em momentos desafiadores, quando a equipe pode enfrentar dificuldades
na tomada de decisões, no equilíbrio emocional ou na condução da situação
(Carvalho; Lustosa, 2008).
É necessário enfatizar que a interconsulta visa a estabelecer uma cola-
boração contínua com os médicos, melhorar a qualidade do tratamento para
pacientes com transtornos psiquiátricos e reorientar a assistência médica.
Isso inclui o suporte aos médicos generalistas no gerenciamento de casos
psiquiátricos mais simples, mas também o cuidado em saúde mental em casos
graves ou de difícil tratamento (Carvalho; Lustosa, 2008).
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O serviço de interconsulta em saúde mental pode oferecer intervenções


terapêuticas direcionadas para apoiar o tratamento conduzido pelos médicos
generalistas, fortalecendo a abordagem colaborativa de cuidado ao paciente
por parte da equipe (Carvalho; Lustosa, 2008; Tonetto; Gomes, 2005). Aqui,
é necessária uma compreensão maior sobre as intervenções realizadas pelo
psicólogo hospitalar. Para isso, podemos destacar dois modelos predomi-
nantes de atuação: o modelo clínico e o modelo de atenção integral à saúde.
No modelo clínico, os psicólogos realizam atendimentos individuais aos pa-
cientes em um local específico, chamado de “serviço de psicologia”, com pouca
ou nenhuma interação com equipes de saúde. Por outro lado, no modelo de
atenção integral à saúde, os psicólogos atuam em vários espaços do hospital,
interagindo constantemente com outros profissionais de saúde, com o objetivo
de atender pacientes, familiares, equipe e comunidade (Tonetto; Gomes, 2005).
As intervenções estão associadas a todas as atividades que o psicólogo
realiza em seu contexto profissional. No modelo de atenção integral à saúde,
as intervenções psicológicas estão principalmente focadas no atendimento a
pacientes hospitalizados, e segue-se um modelo de atendimento individual
tanto para os pacientes quanto para suas famílias. Os psicólogos passaram
a desempenhar um papel mais ativo nas reuniões de equipe para definir as
melhores abordagens de tratamento. As práticas de ensino foram organizadas
de forma mais estruturada, com estágios, residências, cursos de especiali-
zação, além de mestrado e doutorado em psicologia hospitalar. No entanto,
a pesquisa na área ainda era bastante limitada, com exceção de profissionais
envolvidos em programas de mestrado e doutorado (Tonetto; Gomes, 2005).
Nos hospitais que têm um serviço de psicologia estabelecido, os psi-
cólogos direcionam suas atividades para unidades como maternidade, pe-
diatria, oncologia e outras áreas que demandam assistência psicológica.
Em contrapartida, nos hospitais que não dispõem de um serviço de psicologia
independente, os psicólogos costumam oferecer atendimento a pacientes
internados principalmente por meio de consultoria (Tonetto; Gomes, 2005).
Sempre que os psicólogos são chamados a intervir, eles procuram escla-
recer com quem fez a solicitação os motivos por trás do encaminhamento.
Em alguns casos, o problema não está no paciente, e sim na dinâmica da sua
relação com o profissional de saúde. Quando isso acontece, a forma como
o psicólogo fornece feedback varia de acordo com a relação existente entre
ele e o profissional que fez a solicitação. Se for confirmada a necessidade de
atendimento psicológico, o tratamento só é realizado com o consentimento
do paciente (Tonetto; Gomes, 2005).
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Nesta seção, você conheceu as diferenças e as relações entre as demandas


do contexto hospitalar e a interconsulta, que se trata de uma prática multi-
disciplinar voltada ao atendimento das demandas psicológicas que emergem
como decorrência da internação e do adoecimento. Além disso, você viu que
as intervenções psicológicas estão relacionadas às técnicas e às atividades
desenvolvidas pelo profissional para a resolução das demandas. A seguir,
você vai estudar a psicoterapia breve, que com frequência é utilizada como
ferramenta para intervir e solucionar demandas.

Histórico e fundamentos da psicoterapia


breve
A psicoterapia breve surgiu da psicanálise e se expandiu para incluir aborda-
gens como o psicodrama e a terapia cognitivo-comportamental (TCC), de modo
a atender à crescente demanda de saúde mental. No Brasil, a psicoterapia
breve teve início na década de 1950, quando esteve voltada ao tratamento
de pacientes infantis com problemas ortopédicos, e envolveu a definição de
metas terapêuticas em um curto período (Castagnaro; Mambelli; Moura, 2022).
A prática se espalhou a partir dos anos 1970 e hoje é utilizada em diversos
contextos, como clínicas, hospitais, ambientes de trabalho e ambientes
sociojurídicos (Cantarelli, 2009; Castagnaro; Mambelli; Moura, 2022).
Apesar da sua expansão na prática, a psicologia hospitalar foi reconhecida
como especialidade pelo CFP somente nos anos 2000. A especialização em
psicologia hospitalar envolve diversas áreas de atuação. Além de atender os
pacientes e seus familiares, os psicólogos hospitalares também contribuem
para o aperfeiçoamento de profissionais da saúde. O psicólogo desempenha
um papel fundamental na avaliação e no acompanhamento das questões
emocionais dos pacientes que passam por procedimentos médicos, pro-
movendo a saúde física e mental. Além disso, ele se envolve na melhoria
das relações entre médicos e pacientes, pacientes e familiares, e pacientes
entre si, ajudando a lidar com os desafios que surgem durante o processo
de tratamento e hospitalização. Seu trabalho abrange diversos contextos —
ambulatórios, UTIs e pronto atendimento —, envolvendo diferentes formas de
intervenção, como psicoterapia, grupos terapêuticos e consultoria (Cantarelli,
2009; Conselho Federal de Psicologia, 2019).
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A psicoterapia breve se destaca por ter metas específicas relacionadas às


necessidades imediatas do indivíduo e metas mais modestas em comparação
com as das terapias tradicionais. Seu foco e sua duração são fundamentais,
embora as técnicas possam variar dependendo da base teórica de cada abor-
dagem (Castagnaro; Mambelli; Moura, 2022). Sabemos que existem diversas
abordagens de psicoterapias tradicionais na psicologia. Entre elas, podemos
mencionar a psicanálise, a psicoterapia comportamental, a terapia familiar,
a psicoterapia de apoio e a psicoterapia cognitiva. A psicoterapia breve se
diferencia por estar alicerçada em três aspectos centrais: o foco, as estratégias
e os objetivos (Menezes; Casanova; Batista, 2019).
Logo, a psicoterapia breve pode ter diferentes visões e influências teóricas
— psicanalítica, junguiana, cognitivo-comportamental, etc. —, mas em todas
as versões o foco é o planejamento do tratamento a curto prazo. Do ponto
de vista da psicanálise, por exemplo, a psicoterapia breve é a terapia do ego,
focando na compreensão psicodinâmica dos determinantes atuais da doença
e da vida cotidiana. Ela deve identificar quais capacidades da pessoa são
afetadas por conflitos e quais permanecem livres, organizando os recursos
de forma flexível. Para isso, utiliza a associação livre e enfatiza a gestão
do tempo e a interação face a face com o paciente, permitindo associações
(Castagnaro; Mambelli; Moura, 2022).
Quanto à sua duração, a psicoterapia breve se distingue por seu prazo
definido, bem como por seu foco em uma questão específica e por suas
metas limitadas; geralmente, sua duração não excede um ano, mas ela varia
de algumas semanas a várias sessões. O limite de tempo é acordado entre
terapeuta e paciente, moldando a relação terapêutica (Castagnaro; Mambelli;
Moura, 2022). A psicoterapia breve é uma técnica especializada que opera
em circunstâncias específicas, e seu sucesso depende de condições claras
e exclusivas. Suas características não podem ser reduzidas à diminuição
do tempo do processo psicanalítico, como erroneamente algumas pessoas
acreditam. Ademais, ela não pode ser abordada extrapolando os princípios
de outras técnicas, pois possui sua própria estrutura dinâmica, adaptada às
suas necessidades e limitações particulares (Lustosa, 2010).
A psicoterapia breve é uma técnica focal, concentrando-se em um campo
específico a ser tratado. Para atingir seus objetivos, requer um planejamento
preciso e a participação ativa do terapeuta. Estamos falando de uma terapia
que tem no ego seu principal âmbito de trabalho e alvo terapêutico. Embora
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na psicoterapia breve de orientação psicanalítica o id também seja abordado


indiretamente, ele não é o foco principal de investigação, ao contrário do que
ocorre na psicanálise tradicional. No entanto, isso não torna a psicoterapia
breve uma terapia superficial, já que as mudanças resultantes são profundas,
envolvendo a substituição de mecanismos de defesa inadequados por outros
mais apropriados e permitindo comportamentos mais flexíveis e saudáveis
(Lustosa, 2010).
Devido ao seu prazo limitado, a psicoterapia breve não tem como obje-
tivo modificar a estrutura da personalidade, mas pode produzir mudanças
dinâmicas significativas. Essa abordagem tem metas claramente definidas e
limitadas. Seu propósito principal é modificar, aliviar ou até mesmo eliminar
os sintomas apresentados, como é observado na maioria dos casos em que
psicoterapeutas treinados trabalham com pacientes motivados para essa
mudança. Isso ocorre principalmente devido à variação na utilização dos
mecanismos de defesa do indivíduo e à expansão de sua consciência em
relação às possibilidades e aos obstáculos internos (Lustosa, 2010).
Ao eleger conflitos específicos com os quais trabalhar, a psicoterapia breve
ganha em precisão e rapidez, mas, por outro lado, limita a sua abrangência.
Na psicoterapia breve de orientação psicanalítica, a interpretação cuidadosa
desempenha um papel fundamental; deve-se evitar interpretações prema-
turas de conflitos infantis, bem como a instalação da neurose transferencial
(Lustosa, 2010). Sua aplicação resulta consistentemente em um melhor ajus-
tamento nas relações interpessoais e promove uma ampliação do horizonte
prospectivo do cliente, bem como uma autoestima mais realista e uma nova
base para sua identidade. As mudanças no comportamento do paciente
também afetam visivelmente o comportamento das pessoas ao seu redor,
alterando a dinâmica interpessoal existente (Lustosa, 2010).
A sua eficácia está intrinsecamente ligada à técnica de focalização, que
concentra a atenção no núcleo do conflito do cliente, ignorando o que não faz
parte desse foco. A focalização envolve direcionar toda a atenção consciente
para o foco escolhido e extrair seu significado transferido para o compor-
tamento do cliente. Esse foco representa o conflito central, subjacente ao
qual existe um conflito nuclear exacerbado. Por meio de interpretações
cuidadosas, espera-se que o cliente compreenda a complexa dinâmica de
seu arsenal defensivo e o modo como lida com a ansiedade que o conflito
nuclear provoca internamente (Lustosa, 2010).
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A psicoterapia breve é altamente eficaz quando aplicada com precisão


a situações que atendam aos critérios de indicação. Ela é indicada
para:
„ situações agudas, crises e distúrbios reativos (incluindo depressões reativas);
„ reações ansiosas ou fóbicas e perturbações psicossomáticas recentes;
„ pessoas economicamente desfavorecidas que necessitam de resultados
rápidos (devido a falta de tempo ou limitações financeiras).
Esse tipo de psicoterapia pode ser aplicada tanto em ambientes públicos
quanto em ambientes privados. Após a conclusão do processo, permite-se a
continuação com qualquer tratamento intensivo adicional, conforme necessário
para a evolução do cliente (Lustosa, 2010). A seguir, veja alguns contextos para
os quais a psicoterapia breve pode ser apropriada.

„ Problemas de ajustamento: quando alguém está enfrentando dificuldades para


se adaptar a mudanças recentes na vida, como divórcio, perda de emprego,
luto ou alterações significativas nas circunstâncias pessoais.
„ Situações de crise: para lidar com crises agudas, como crises de ansiedade,
ataques de pânico ou pensamentos suicidas (nesses casos, uma intervenção
imediata é necessária).
„ Sintomas específicos: para tratar sintomas como fobias, transtorno obsessivo-
-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático (Tept).
„ Melhoria do funcionamento interpessoal: para melhorar relacionamentos
e habilidades de comunicação, muitas vezes em terapia de casal ou terapia
familiar breve.
„ Estresse e esgotamento: para gerenciar o estresse relacionado ao trabalho, o
estresse acadêmico ou o esgotamento profissional, ajudando a desenvolver
estratégias de enfrentamento.
„ Tomada de decisão: para auxiliar na tomada de decisões importantes na vida,
como escolhas de carreira, mudanças significativas ou transições.
„ Promoção do autoconhecimento: para pessoas que buscam compreender me-
lhor a si mesmas, seus pensamentos, suas emoções e seus comportamentos.
„ Prevenção de recaídas: em caso de pacientes com transtornos mentais que
já passaram por tratamento mais longo.
„ Suporte em situações de saúde física: quando alguém está enfrentando uma
condição médica crônica ou séria e precisa de apoio emocional para lidar
com os aspectos psicológicos associados (Lustosa, 2010).
Intervenções breves e focais no contexto hospitalar 11

Devemos observar ainda alguns critérios para aplicar a psicoterapia breve.


O paciente deve estar vivendo uma crise emocional e ter a capacidade de
interagir bem com o terapeuta e de expressar seus sentimentos (Lustosa,
2010). Deve-se observar também a motivação do paciente para um trabalho
intenso durante o tratamento e a sua consciência de uma queixa principal
específica, associada ao reconhecimento do caráter psicológico de suas
perturbações. O paciente deve ter a capacidade de introspecção que permite
transmitir honestamente o que reconhecer de si mesmo e demonstrar desejo
de se compreender. Além disso, deve ser capaz de adotar uma atitude de
participação ativa na busca de soluções e demonstrar disposição para realizar
mudanças em sua vida (Almeida, 2010; Lustosa, 2010).
Por outro lado, a psicoterapia breve não demonstra benefícios significa-
tivos para pacientes com distúrbios psiquiátricos ou psicológicos crônicos,
como quadros paranoides, quadros obsessivo-compulsivos, quadros psi-
cossomáticos crônicos, perversões e sociopatias. Para pacientes com esses
sintomas, essa técnica não é recomendada, uma vez que apresenta limitações
claras em seu uso (Lustosa, 2010). Após aprofundar os aspectos teóricos mais
gerais sobre a psicoterapia breve, a seguir vamos explorar um pouco mais a
sua aplicação no contexto hospitalar.

Inserção da psicoterapia breve no contexto


hospitalar
A psicoterapia breve tem sido amplamente utilizada nos hospitais, tanto pela
equipe de saúde, que a recomenda, quanto pela população, que busca esse
tipo de tratamento. A satisfação dos pacientes com os resultados alcança-
dos por essa técnica tem incentivado os psicólogos hospitalares a seguir
utilizando-a, apesar dos desafios que enfrentam em sua prática nessa área
da psicologia (Lustosa, 2010).
No entanto, existem algumas dificuldades na aplicação da psicoterapia
breve nos hospitais públicos, especialmente relacionadas à falta de continui-
dade no tratamento proposto. Muitas vezes, esse problema não está ligado
à eficácia da técnica, e sim à situação financeira dos pacientes, que com
frequência não podem pagar pelo transporte necessário para suas sessões.
Isso resulta na exclusão de grande parte da população carente que precisa
de tratamento psicoterapêutico, inclusive da psicoterapia breve, o que é uma
fonte de frustração para os profissionais da área (Lustosa, 2010). A atenção do
poder público à área da saúde ainda tem muito a melhorar, e os profissionais
12 Intervenções breves e focais no contexto hospitalar

dessa área não devem perder o otimismo: eles precisam continuar vigilantes
e promover mudanças positivas para aperfeiçoar o atendimento à população.
Os quatro principais setores nos quais um psicólogo pode desenvolver um
trabalho breve são: ambulatório, emergência, enfermaria e UTI. Na maioria das
ocasiões, o psicólogo realiza a escuta clínica de acolhimento das diferentes
demandas. A duração do atendimento está diretamente ligada ao tempo de
internação ou à duração do tratamento. A atuação deve se dar de forma ágil,
e deve haver intervenções de emergência, quando necessário, para ajudar
o paciente a lidar com a ansiedade e a elaborar seus sentimentos relativos
à doença que o levou ao hospital. Se ele precisar de alguma orientação ou
encaminhamento para tratamento posterior na comunidade, isso também é
parte do trabalho (Mendes; Yamamoto; Rodrigues, 2021).
Portanto, ao realizar a psicoterapia breve nos hospitais, o psicólogo atua
de forma ativa nessas unidades. Seu trabalho envolve: criar condições para
a comunicação, estabelecer uma escuta atenta das fontes de sofrimento e
fornecer esclarecimentos ao paciente sobre seu estado clínico, auxiliando
na reflexão, esclarecendo mal-entendidos e ajudando na desconstrução de
fantasias que geram experiências emocionais carregadas de medo e ameaça.
Além disso, o psicólogo avalia possíveis quadros psicopatológicos e oferece
apoio à família durante esse momento de angústia para todos os envolvidos.
Depois de conhecer os fundamentos teóricos da psicoterapia breve e se
familiarizar com seus objetivos e indicações, você já sabe quão útil pode ser
a atuação do psicólogo hospitalar. Ao longo desta seção, você também viu,
de forma breve, quais são as áreas e aplicações dessa atuação no hospital.
Na seção a seguir, você vai acompanhar exemplos práticos de intervenções
realizadas nesse contexto.

Intervenções da psicoterapia breve em


interconsultas no contexto hospitalar
A atuação do psicólogo é permeada por uma multiplicidade de solicitações,
e seu propósito é tornar o paciente ativo no seu processo de adoecimento e
hospitalização (Cantarelli, 2009). O atendimento psicoterapêutico a pacientes
internados e seus familiares geralmente ocorre em sessões individuais em
que a entrevista psicológica é a principal ferramenta de intervenção (Santos
et al., 2011; Tonetto; Gomes, 2005). Esse tipo de intervenção pode variar e
incluir diferentes objetivos, de acordo com as demandas específicas de cada
unidade de tratamento. Os principais objetivos são os seguintes (Tonetto;
Gomes, 2005):
Intervenções breves e focais no contexto hospitalar 13

„ avaliar o estado emocional do paciente;


„ esclarecer dúvidas relacionadas ao diagnóstico e à hospitalização;
„ aliviar angústias e ansiedades diante de situações desconhecidas;
„ trabalhar no fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê;
„ abordar questões relacionadas à sexualidade que possam estar en-
volvidas na doença e no tratamento;
„ preparar o paciente para procedimentos cirúrgicos;
„ promover a adesão ao tratamento;
„ auxiliar na adaptação à nova condição de vida imposta pela doença;
„ orientar os pais sobre a melhor maneira de informar as crianças a
respeito da hospitalização ou morte de um familiar;
„ facilitar o enfrentamento de situações de luto e morte.

A entrevista psicológica assume uma função central: trata-se da princi-


pal ferramenta disponível para o terapeuta avaliar um paciente. Por meio
desse diálogo, é coletada a maioria das informações necessárias para que
o profissional realize um diagnóstico psiquiátrico adequado e determine a
terapia mais apropriada. Em certos casos, especialmente envolvendo crianças,
adolescentes, idosos, pessoas com transtornos neurocognitivos ou depen-
dência química, essa entrevista pode ser complementada por conversas com
familiares, testes psicológicos, exames de laboratório, imagens cerebrais,
aplicação de escalas de avaliação e colaborações com outros especialistas
(Cordioli et al., 2019).
As entrevistas de avaliação em psicoterapia, em geral, seguem um formato
estruturado ou semiestruturado, aderindo a um roteiro previamente definido.
Normalmente, esses encontros duram de 45 a 90 minutos, e às vezes são
necessárias duas ou mais sessões para que o terapeuta conclua a avaliação e
obtenha uma visão mais completa dos problemas enfrentados pelo paciente
(Cordioli et al., 2019).
Nos casos de intervenção no contexto hospitalar, essa avaliação precisa
ser realizada logo no primeiro contato com o paciente. A primeira consulta,
em particular, pode demandar mais tempo do que as sessões subsequentes.
É aconselhável marcar essa primeira reunião em um horário que permita um
tempo extra caso seja necessário. O terapeuta deve dispor de tempo suficiente
para que o paciente se sinta à vontade, acolhido e compreendido. Assuntos
mais pessoais ou sensíveis devem ser abordados somente após o paciente
desenvolver confiança no terapeuta. Ele deve se sentir ouvido com atenção,
perceber um interesse genuíno, experimentar calor humano e não sentir receio
de ser julgado. Para que esse vínculo seja estabelecido, é crucial dedicar um
14 Intervenções breves e focais no contexto hospitalar

tempo adequado; sem isso, o contato não se consolidará e o paciente poderá


sair da consulta frustrado (Cordioli et al., 2019).
No contexto ambulatorial do hospital, o principal objetivo do profissional
é ajudar o paciente a aceitar a doença e aprender a conviver com ela sem
sofrimento adicional, tarefas que se alinham aos critérios da psicoterapia
breve, com foco específico e objetivos claros. Mesmo quando o acompa-
nhamento psicoterapêutico não está relacionado a doenças físicas, e sim a
transtornos neuróticos, o ambiente ambulatorial é adequado para a prática da
psicoterapia breve, oferecendo um setting apropriado e limitações de tempo
que se ajustam às necessidades terapêuticas (Almeida, 2010).
O psicólogo que atua na unidade de emergência precisa ter habilidades
de raciocínio rápido e capacidade de agir prontamente. Além disso, ele deve
contar com recursos da comunidade para encaminhamentos adequados,
já que nem todos os pacientes permanecem internados, o que dificulta o
acompanhamento psicoterapêutico completo. O objetivo principal desse
atendimento psicológico na emergência é permitir que o paciente expresse
seus pensamentos e sentimentos em relação à doença ou à hospitalização;
a intenção é oferecer uma intervenção breve, de emergência (Almeida, 2010).
Na unidade de internação, o profissional aborda temas relacionados à
hospitalização, buscando compreender o significado dessa experiência para
o paciente e sua família. Ele também procura conhecer um pouco da história
de vida do paciente e apreender detalhes sobre sua condição de saúde.
Em suma, o psicólogo está disponível para oferecer apoio e assistência ao
paciente e à família, mas, devido à natureza variável e frequentemente breve
das internações hospitalares, as questões psicológicas abordadas não devem
ser profundas e o atendimento não tem uma previsão de término indefinida
(Almeida, 2010).
Já a inserção do psicólogo no centro de tratamento oncológico envolve
muitas possibilidades de intervenção. Para além da escuta individual, depen-
dendo da estrutura e do funcionamento do local, é possível pensar também
em intervenções em grupos. Uma possibilidade seria intervir na recepção do
serviço, contexto em que os pacientes e familiares esperam pelo atendimento.
Os grupos na sala de espera podem ser espaços de troca de experiências,
formação de vínculos e suporte entre os participantes, bem como uma opor-
tunidade para esclarecer dúvidas e fornecer orientações sobre o próprio
tratamento (Cantarelli, 2009).
Técnicas e dinâmicas de grupo podem ser utilizadas com o objetivo de
fortalecer o autocuidado e aumentar a conscientização sobre os sentimentos.
Entre os exemplos, estão as técnicas de relaxamento e autoconexão, como os
Intervenções breves e focais no contexto hospitalar 15

experimentos da terapia da Gestalt, que trabalham a tomada de consciência


do momento presente (Cantarelli, 2009).
Nas situações de interconsulta, o psicólogo deve realizar uma avaliação
que englobe a definição de um diagnóstico psiquiátrico (quando necessário),
a identificação de sintomas ou problemas relatados pelo paciente, a consi-
deração de eventos significativos e a possível descrição de comportamentos
de enfrentamento disfuncionais (Carvalho; Lustosa, 2008).
Entre as diversas funções desempenhadas pelo psicólogo na UTI, des-
tacam-se: a assistência psicológica direcionada ao paciente, a atenção aos
fatores que podem influenciar sua estabilidade emocional e a avaliação da
adaptação do paciente ao ambiente hospitalar, levando em consideração
aspectos como sono, alimentação, interação com a equipe médica, aderência
ao tratamento e visitas. Durante essa avaliação, é crucial observar o estado
psíquico do paciente — orientação, consciência, memória, afetividade e outros
aspectos — e compreender como ele lida emocionalmente com sua condição
de saúde e seu diagnóstico (Santos et al., 2011). Além disso, na UTI, é papel
do psicólogo acolher, orientar e informar os familiares e visitantes sobre as
rotinas e procedimentos da unidade, oferecendo um espaço em que eles
possam expressar seus sentimentos e fazer questionamentos relacionados à
internação do paciente. Esse suporte emocional aos familiares desempenha
um papel importante no processo de hospitalização dos pacientes (Santos
et al., 2011).
Destacam-se como objetivos da intervenção psicológica nas UTIs (Santos
et al., 2011):

„ desenvolver estratégias em colaboração com o paciente e sua famí-


lia para lidar com os fatores que resultam em reações emocionais
perturbadoras;
„ facilitar a compreensão, tanto da equipe de saúde quanto dos pacientes
e familiares, a respeito das manifestações psicológicas presentes no
processo de adoecimento e hospitalização;
„ promover a integração das ações provenientes das diversas áreas da
saúde, com uma abordagem multidisciplinar voltada para o paciente
e sua família;
„ criar um ambiente físico e social mais acolhedor para os pacientes e
seus familiares, proporcionando atendimento individualizado;
„ facilitar a comunicação entre o paciente, a família e a equipe de saúde,
promovendo uma interação eficaz.
16 Intervenções breves e focais no contexto hospitalar

Por outro lado, o psicólogo também desempenha um papel fundamental


na equipe de saúde, atendendo às solicitações dos profissionais de saúde
que estão lidando com aspectos psicológicos relacionados à internação do
paciente. Ele incentiva a comunicação e o contato entre o paciente e a equipe
médica, bem como entre os familiares e a equipe, visando a promover a
aderência ao tratamento e a compreensão dos procedimentos por todas as
partes envolvidas no processo de hospitalização (Santos et al., 2011).
Neste capítulo, você estudou as demandas existentes no contexto hospi-
talar, conheceu o conceito de interconsultas e verificou que as intervenções
são as atividades técnicas desenvolvidas pelo psicólogo para dar conta das
demandas. Você estudou também as bases históricas e teóricas da psicoterapia
breve focal, e conheceu os objetivos, indicações e contraindicações dessa
abordagem terapêutica. Ao final do capítulo, por meio de exemplos de inter-
venções de psicoterapia breve, você pôde ver como a aplicação das técnicas
psicológicas para a redução do sofrimento se dá na prática. Como você deve
ter notado, conhecer o contexto hospitalar promove o aprimoramento da sua
formação técnica e o prepara para a complexidade da atuação profissional.

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Leituras recomendadas
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Psicologia: Ciência e Profissão, v. 41, n. esp. 4, p. 1-12, 2021. Disponível em: https://www.
scielo.br/j/pcp/a/8BTGdfhXNHB3NPDWQZgfDvC/# . Acesso em: 8 out. 2023.
RAFIHI-FERREIRA, R. E. et al. Biblioterapia para medos noturnos em crianças: um estudo
de caso. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 41, p. 1-13, 2021. Disponível em: https://www.
scielo.br/j/pcp/a/Qbn5VLxJNpMyygDH5B8S9jP#. Acesso em: 8 out. 2023.

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