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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

ESTÁGIO BÁSICO II
2023.1 - PSICOLOGIA – Centro Universitário Uni Projeção
SUPERVISOR – Prof. FABIO HERNANDEZ DE MEDEIROS

1. APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA
A psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos do adoecimento, não trata
apenas as doenças com causas psíquicas, mas sim de qualquer doença. Os psicólogos hospitalares promovem intervenções
direcionadas a relação de médico/paciente, paciente/família, paciente/paciente e do paciente em relação ao processo de
adoecer, hospitalização e repercussões emocionais que emergem nesse processo. Vieira (2018, p.132-153) acrescenta a tudo
isso mais um fator,
[...] a psicologia hospitalar é importante na UTI para lidar com situações de fim de vida, rituais de despedida,
luto antecipatório, elaboração da morte e que o psicólogo deve organizar seu trabalho em torno da tríade
paciente, família e equipe, tornando-se um elo capaz de gerar um fluxo comunicacional entre estas três
instâncias.

Considerando a necessidade de realização de ações práticas que aliem o conhecimento teórico às demandas encontradas
no cotidiano do Hospital São Vicente de Paulo é que a presente proposta foi estruturada, visando atender as demandas indicadas
na instituição.

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A Psicologia Hospitalar tem como foco a saúde mental de pacientes que estejam internados em alguma instituição de saúde
e dos colaboradores dela. Pacientes hospitalizados podem apresentar distúrbios e transtornos o que faz necessidade de um
acompanhamento a mais, além das doenças pré-existentes. O psicólogo hospitalar não se limita a oferecer atendimento somente
os pacientes e equipe, mas se estende aos familiares e acompanhantes.

As atividades dos profissionais dessa área são identificar as necessidades e limitações dos pacientes e familiares, desde
financeiras a emocionais, para oferecer o suporte necessário, gerando assim a humanização desses ambientes. Além desses
aspectos, o acolhimento daqueles que se sentem inseguros ou com tendência a desenvolver algum tipo de transtorno ou distúrbio
diante da atual situação se torna parte do processo diário de atendimentos dos psicólogos dentro e fora dos ambientes
hospitalares (PEBMED,2020).

De acordo com o estudo de caso apresentado por Monteiro e Barroso (2000, p. 20-26):

[...] A família, ao experienciar sentimentos ambíguos, como o de não suportar mais o doente em casa, ao
mesmo tempo que acha a hospitalização integral agressiva, percebe o sistema de semi-internação como
solucionador para essa contraposição de valores provocada pela internação hospitalar integral, levando-a a
uma satisfação interna, acompanhada de uma consciência tranquila.

Em correlação ao estudo abordado e a experiencia presenciada no HSPV, constatamos a importância da família em


conjunto com os profissionais na melhoria do tratamento para pacientes que estão situação de internação. Ainda com base nos
relatos do estudo caso apresentado, Monteiro e Barroso (2000, p 20-26):

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[...] Percebe-se, portanto, que o hospital-dia apresenta-se para a família como diferentes opções de resolução
para os seus mais variados problemas na relação com o doente mental. Questiona-se, porém, diante das
falas apresentadas, se a família realmente está percebendo a real função do hospital-dia, que tem a função
terapêutica de inclusive (re)inserir o doente mental na sua família, na sua comunidade e, se realmente ela
está sendo preparada para enfrentar junto ao seu doente mental esse desmame da internação parcial.

O entendimento da família sobre a doença mental do paciente é significativo para o tratamento, e a inclusão do paciente
no meio familiar e social, diminuindo os julgamentos, dando assim mais aderência ao tratamento fornecido pelo Hospital. Pois em
observações do estudo de caso, os pacientes que não tinham apoio da família e internados integralmente não se entregavam
totalmente ao tratamento, e os que tinham a semi-internação obtinham melhoras significativas no tratamento da doença mental.

Na presente experiência, se faz uma análise do processo de triagem interventiva por meio do levantamento de demandas
sobre o processo de inclusão e manutenção dos pacientes internos no Hospital São Vicente de Paulo, localizado em Taguatinga,
DF. O presente trabalho tem como proposta analisar o contexto hospitalar e compreender sua função no campo em Saúde Mental,
além de identificar uma demanda e apresentar uma possível intervenção.

O estudo realizado pode colaborar possíveis reflexões e novas propostas de enfrentamento de impasses na inserção de
cuidados com pacientes, familiares/cuidadores e profissionais inseridos na instituição. O psicólogo irá atuar para minimizar o
sofrimento, para instruir familiares/cuidadores de pacientes e auxiliar a equipe envolvida colaborando na função de propagação de
informações sobre os transtornos dos pacientes internados no hospital, através da psicoeducação, psicoterapia breve e
orientações sobre o estado emocional do paciente.

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Esta proposta foi desenvolvida pelos discentes – Amanda Lima, Darana Vaz e Renata Ribeiro. – Do 7° semestre do curso
de Psicologia do Centro Universitário Uni Projeção, regularmente matriculados no Estágio Básico II, os quais são supervisionados
pelo Prof. Fabio Hernandez de Medeiros (CRP 01/17465)

2. DEMANDA

O Hospital São Vicente de Paulo foi fundado em 1918, quando houve uma pandemia da Gripe Espanhola, foi criado por um
grupo de católicos Vicentinos que na época da pandemia sentiram a necessidade de criar a instituição. De início atendia aos
enfermos da época da pandemia, agora é hospital referência em doenças psicológicas. O HSPV possui atuação em saúde Mental,
a unidade de rede pública tem uma média anual de 12 mil atendimentos no pronto socorro e 30 mil nos ambulatórios. Os pacientes
possuem atendimentos multidisciplinares, as esquipes são formadas por clínicos, psiquiatras, enfermeiros, psicólogos,
fisioterapeutas ocupacionais, nutricionistas e assistentes sociais.

Com base nas informações obtidas na entrevista com a psicóloga que atua na instituição, os pacientes têm consultas
previamente marcadas uma vez no mês, com base nesse procedimento que o HSVP utiliza, podemos observar que os pacientes
não possuem atendimento personalizado, o que dificulta no tratamento, aumentando a recorrência de crises e surtos, fazendo
assim a necessidade de atendimentos de urgência. Sucedendo um aumento no quadro de profissionais da psicologia na instituição
as consultas poderiam ser mais frequentes, promovendo um melhor tratamento aos pacientes internados.
Com base na entrevista realizada com a psicóloga da instituição, concluímos o diagnostico institucional, a demanda a ser
trabalhada nesta proposta de intervenção refere-se ao atendimento psicológico personalizado individualmente com base nas
demandas psicológicas de cada paciente.

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3. OBJETIVOS

Esta proposta tem como objetivo geral:


 Conhecer a instituição e os processos com o paciente.
 Reunir informações sobre os processos da instituição na área de tratamento psicológico, analisar informações obtidas, afim
de identificar uma possível demanda e propor uma intervenção a instituição com o intuito de solucionar o problema
edificado.

E como objetivos específicos:


 Trazer o conhecimento da importância do profissional da psicologia no tratamento dos pacientes internados.
 Elucidar famílias com informações sobre transtornos e doenças psicológicas e enfatizar à prevenção a crises, com
tratamento psicológico clínico através de folders que serão entregues no hospital.

4. DO DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

4.1 DA EXECUÇÃO

O cronograma de atividades encontra-se detalhado no anexo (Anexo 3) deste documento, estando lá apresentados os
seguintes aspectos que compõem cada uma: objetivos, duração, atividades previstas e recursos necessários.

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Tais atividades serão conduzidas pelos estagiários, observando-se a prévia aprovação institucional das ações planejadas e
com anuência da supervisão do estágio e da instituição.

4.2 DA PERIODICIDADE

A proposta será desenvolvida em 2 encontros, com uma CH total de 4 horas de atividades práticas na referida instituição.

4.3 METODOLOGIA

Para desenvolvimento desta ação serão utilizados os seguintes recursos metodológicos:

 Criação do site com informações sobre os principais transtornos psicológicos.


 Desenvolvimento e entrega de panfletos (Anexo 3).
 Psicoeducação com pacientes.
 Acolhimento remoto, disponível no site.

O desenvolvimento do trabalho se constitui no uso da metodologia ativa. Através de visitas técnicas ao HSPV e entrevista
com profissional da saúde foi possível chegar à demanda, no qual os pacientes da instituição não tinha atendimento psicológico
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personalizado, e pouco conhecimento sobre seus transtornos psicológicos o que dificulta o tratamento. Em resposta observa-se
que o quadro de psicólogos atuando não é compatível com o número de pacientes necessitam dessa atenção.

Para atender a esta demanda, propõe-se criação do site contendo os tipos de transtornos, as causas, os tratamentos e os
possíveis medicamentos que podem ajudar. As informações contidas no site relacionadas sobre os transtornos mais comuns,
como alimentares, ansiedade, depressão, bipolaridade, obsessivo compulsivo, entre outros. Auxiliam os pacientes no
entendimento da sua doença, trazendo melhor aderência no tratamento. Tais informações serão repassadas também em formato
de panfleto que será entregue junto à administração do Hospital e direcionarão as pessoas ao site. O site terá o “Chat ajuda”, para
as pessoas receberem acolhimento psicológico, que estará disponível 24 horas por dia, de segunda a sexta. O atendimento e
acolhimento será realizado por profissionais da psicologia.

4.4 RESULTADOS ESPERADOS


A partir da execução desta intervenção espera-se alcançar

 Levar mais informação sobre os transtornos para os pacientes.


 Oferecer um espaço para os pacientes tirarem suas dúvidas.
 Ampliar o acolhimento aos pacientes.

4.5 DA AVALIAÇÃO

A avaliação será feira a partir das métricas do site, que são caixinhas de sugestões, contagem de visitas, origem do tráfego e
também por feedbacks com os psicólogas e entrevistas futuras com os profissionais do Hospital São Vicente de Paula.
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REFERÊNCIAS

GONDIM, Abnor. Hospital São Vicente de Paulo, faz 45 anos com elevado padrão. Agência Brasília.
MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas
pedagógicas. Petrópolis: Vozes, 2008.
PEREIRA, Letícia Magalhães de Lima et al. O acolhimento pela psicologia hospitalar em tempos de pandemia.
2022.
VIEIRA, André Guirland; WAISCHUNNG, Cristiane Dias. A atuação do psicólogo hospitalar em Unidades de
Terapia Intensiva: a atenção prestada ao paciente, familiares e equipe, uma revisão da literatura. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v.
21, n. 1, p. 132-153, jun. 2018.
MONTEIRO, A. R. M., & BARROSO, M. G. T.. (2000). A família e o doente mental usuário do hospital-dia:
estudo de um caso. Revista Latino-americana De Enfermagem, 8(6), 20–26. https://doi.org/10.1590/S0104-11692000000600004.

ANEXO 1

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QUESTIONÁRIOS E OUTRAS FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO UTILIZADOS
Roteiro de entrevista:

1 – Quantas pessoas trabalham no hospital?


2 - Como é feita a divisão?
3 – Qual a carga horária?
4 – Relação do estado com o hospital
5 – Possível melhoria dos trabalhadores?
6 – Como é a relação dos profissionais uns com outros?
7 – Quais desafios são enfrentados entre gestão?
8 – Como é a segurança do hospital?
9 – Como é feita a recepção do paciente?
10 – Existe tratamento fora do campo hospitalar para os pacientes?
11 – Quais os desafios encontrados?
12 – Como são feitas as intervenções com os pacientes?
13 – Os pacientes possuem acompanhamento semanalmente?
14 – As famílias possuem acesso a psicólogos?
15 – Existe padrão de pacientes na internação? Se sim, quais?

ANEXO 2
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DIÁRIO DE CAMPO

No: 1 Data: 03/04/2023 Local: Vídeo chamada


Discentes: Amanda Lima, Darana Rodrigues, Renata Ribeiro

Descrição narrativa da visita:


A entrevista foi feita com a Psicóloga Doralice, 49 anos, atuante na psicologia clínica há cinco anos com foco na abordagem
comportamental. Doralice começou o curso de Psicologia com 40 anos, abriu o seu consultório com quatro colegas logo após se formar.

Trabalhou durante nove anos no hospital São Vicente de Paula, localizado em Taguatinga, onde teve contato direto e indiretamente com
os pacientes e familiares durante suas atividades na instituição, sua função na instituição era de Técnica em Nutrição, onde era responsável
juntamente com o Nutricionista pela seleção de alimentos. Seu contato com os pacientes era informal, não sendo Psicóloga ou Psiquiatra
dentro do hospital, contudo, a proximidade e convivência incentivaram e tornaram mais fácil a criação de vínculos com os pacientes, sendo
possível que fosse feita a troca de experiências, a escuta, e a conversação.

Dentro do hospital São Vicente de Paula a divisão das alas é feita por sexo, emergência (PS) e internação, sendo que a internação é para
os pacientes que permanecem por períodos maiores que três semanas. Quando questionada sobre a sua relação com a equipe, a entrevista
pontuou a dificuldade no acesso aos médicos que atendiam na instituição, sua proximidade era maior com a equipe de psicologia pelo interesse
pessoal e afinidade com a área A entrevistada, pontua a baixa escuta nesses ambientes e a falta de informação dos familiares/ cuidadores e
pacientes. A baixa escuta por parte da equipe especializada é espelho de uma grande demanda para uma equipe pequena, gerando atendimentos
emergenciais e pontualmente das famílias. Pela alta demanda não é possível fazer o acompanhamento periódico correto desses casos.
Entretanto, destacou que há casos que existe maior escuta da equipe e acompanhamento. Contudo, houve um período onde havia quatro
psicólogos para atendimento de 150 pacientes. Para a profissional entrevistada o trabalho em equipe bem feito e em conjunto define diretrizes

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para as áreas, abordagens e garante maior eficácia.

A interação com a família é um exercício necessário e de suma importância para a evolução dos pacientes até a liberação. A
entrevistada pontuou que existem todos os tipos de pacientes e que aqueles que não possuem apoio familiar ou uma rede de apoio, como
exemplo pessoas em situação de rua, após o período de internação são direcionados a abrigos para a demanda do caso.

Quando questionada sobre a “não humanização” no ambiente onde trabalhou, Doralice pontuou não se sentir ferida por esse fator, uma
vez que dentro do hospital os pacientes recebem tratamento melhor que nas ruas, onde são expostos a situações e pessoas ruins. A falta do
acolhimento nessas instituições pode ocasionar a essas pessoas que precisam de apoio uma série de tristes acontecimentos, como a segregação,
agressões, afastamento da sua rede de apoio, até casos mais violentos e irreversíveis. Pondera ainda que nos últimos três anos houve maior
inserção de residentes de Psicologia nessa área, o que tem agregado valor positivo no tratamento dos pacientes, uma vez que a escuta aumenta
o tratamento continuado e se torna eficiente e culmina na melhora dos quadros dos pacientes. Doralice pontuou durante a entrevista a baixa
valorização dos profissionais na instituição, começando pela faixa salarial, falta de apoio psicológico e baixa qualidade de vida.
Diferentemente da sua atual posição enquanto Psicóloga Clínica, onde recebe salário três vezes maior que o setor púbico, horários flexíveis,
alta qualidade de vida, dentre outros.

Os psicólogos e profissionais da saúde tem grande importância e um papel fundamental na sociedade. Pessoas com acesso à escuta,
rede apoio e acolhimento são seres mais saudáveis, mudam seu comportamento e visão e, por sequência, alteram os ambientes que frequentam.
Questionada sobre o futuro da profissão e demandas, Doralice informou que as mudanças já começaram a acontecer, tendo em vista que o
acesso ao profissional se tornou mais acessível a todos os públicos. Salienta ainda que a maior dificuldade da inserção do Psicólogo recém-
formado no ambiente é a programação financeira para primeiro período, divulgação do trabalho e a independência de outros profissionais.

ANEXO 3
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DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS NA PRÁTICA

PROPOSTA DE AÇÃO – Hospital São Vicente de Paulo


OBJETIVOS DURAÇÃ
ENCONTRO ATIVIDADE PROPOSTA RECURSOS
O
Colher informações sobre qual
área o hospital atende, qual
público, como os profissionais 60 Notebook, aplicativo WhatsApp,
1 Entrevista online por meio de questionário.
atendem as demandas, como é a minutos questionário.
relação cliente – terapeuta –
familiar.

Deixar panfletos com os


2 profissionais do hospital para que 24h Panfletos e site.
seja entregue a população.

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