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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DIRETORIA GERAL DE ENSINO E INSTRUÇÃO


CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS

Atendimento Pré-hospitalar
Instrutoras: Ten BM Simone e Cb BM Delôgo
Assistência ao parto
Objetivos

● Apresentar conceitos básicos da anatomia


● Apresentar o conceito e as fases do parto
● Discutir sobre a assistência ao parto
● Destacar os principais cuidados com a mãe, com o
recém nascido, com o cordão umbilical e com a placenta
● Apresentar os cuidados quando há parto complicado

"A DUPLA MISSÃO A NÓS ESPERA!"


Sumário

● Estruturas responsáveis pela gestação


● Conceito de parto
● Fases do trabalho de parto
○ 1ª fase - dilatação
○ 2ª fase - expulsão
○ 3ª fase - dequitação
● Assistência ao parto
○ Cuidados com o recém nascido
○ Cuidados com o cordão umbilical
○ Cuidados com a placenta
○ Parto complicado
"A DUPLA MISSÃO A NÓS ESPERA!"
Estruturas responsáveis pela gestação

• Útero: órgão muscular onde o feto se formará


• Saco amniótico / bolsa d’água: membrana que recobre o feto durante
toda a gravidez e é cheio com o líquido amniótico
• Colo do útero: parte inferior do útero, conectado ao canal vaginal
• Placenta: órgão que só cresce durante a gravidez, conectando o feto e
a mãe.
• Cordão umbilical: conecta o feto à placenta, contém duas artérias e
uma veia de grosso calibre, enroladas uma sobre a outra e protegidas
por uma substância transparente e gelatinosa, transportando oxigênio e
nutrientes para o feto e resíduos para fora do feto.
"A DUPLA MISSÃO A NÓS ESPERA!"
Estruturas responsáveis pela gestação

• Feto: concepto a partir da oitava semana após a fecundação


até o nascimento.

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O parto

É um conjunto de fenômenos e mecanismos que tem a


finalidade a expulsão do feto viável (a partir da 26ª semana
após a concepção) e de seus anexos, através das vias
genitais (parto vaginal ou natural) ou extraído por meios
cirúrgicos (via abdominal).
O parto possui 3 fases:
● dilatação do colo do útero
● período expulsivo do feto
● saída da placenta

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1ª fase - Dilatação

● Aumento do diâmetro do orifício do colo do útero e do


canal de parto, que é o local por onde o bebê passará,
podendo dilatar-se até dez centímetros.
● Pode levar de 12 a 16 horas.
● Dores devido às contrações, cada vez mais regulares e
próximas.
● Normalmente caracteriza-se por endurecimento do
abdome (com uma duração menor que 40 segundos e até
3 eventos em 10 minutos), podendo haver dor de fraca a
média intensidade.

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2ª fase - Expulsão

● Pode demorar até 2 horas.


● O colo do útero já atingiu a dilatação máxima e se inicia a
fase do período expulsivo.
● A bolsa pode se romper a qualquer hora, mas é mais frequente romper-se
no início do período expulsivo.
● Sensação de que irá evacuar, que representa a cabeça do feto exercendo
pressão no períneo, contra o reto.
● Dores abdominais mais intensa e frequentes, com o endurecimento
abdominal (com duração de 40 segundos ou mais e 3 ou mais eventos em
10 minutos), com a descida da apresentação fetal, sendo concluída com a
expulsão total do feto.
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3ª fase - Dequitação

● Ocorre depois do nascimento do bebê, normalmente em


até 30 min, sendo caracterizada pela saída da placenta,
que pode sair espontaneamente ou ser retirada pelo
médico. Neste período é comum a saída de uma
quantidade de sangue, que logo para.

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3ª fase - Dequitação

"A DUPLA MISSÃO A NÓS ESPERA!"


Assistência ao parto

● Tranquilize a gestante, tenha uma atitude simpática e


encorajadora para com ela.
● Solicite seu cartão de acompanhamento pré-natal. A
partir dele procure saber se há alguma doença em relação
a gestação:
- Hipertensão arterial
- Diabetes
- HIV
- Hepatite B, entre outras.
● O cartão também traz a idade gestacional e o hospital para
o encaminhamento para o parto.
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Assistência ao parto

● No momento do trabalho de parto observe as características


das contrações: frequência, duração e intensidade. Com
estas características podemos determinar a fase do parto, se
está na primeira (dilatação) ou na segunda fase (expulsão).

● Com isso podemos avaliar se existe tempo hábil para


transportá-la até uma unidade de saúde ou para um local
mais confortável para a gestante dar à luz.

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Assistência ao parto

É mandatório evitar que a gestante


fique na posição decúbito dorsal (deitada de
costas) e mantê-la, sempre que possível,
em decúbito lateral esquerdo.

Esta posição melhora a oxigenação


fetal e a pressão arterial da gestante, por
deslocar o útero de cima da veia cava
contra a coluna da gestante.

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Assistência ao parto

Durante o atendimento à gestante, o socorrista deve


entrar em contato com a Regulação Médica de seu
município para solicitar apoio no local e/ou receber
orientações para o período expulsivo, cuidado com o feto,
cordão umbilical e da placenta. A Regulação Médica irá
também informar para qual unidade hospitalar deverá ser
levada a mãe, feto e os anexos (cordão umbilical e
placenta).

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Assistência ao parto

● Providencie alguns materiais, caso não haja tempo hábil


para a remoção da gestante:

○ pano de algodão limpo (para segurar o feto ao nascer, secá-lo e


aquecê-lo)
○ manta térmica
○ cordão de algodão limpo (para amarração do cordão umbilical)
○ luvas de procedimento
○ Os socorristas devem estar equipados com equipamentos de
proteção individual (EPIs), para proteção dos líquidos orgânicos.

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Assistência ao parto

A presença de saída de material mucossanguinolento


e/ou esbranquiçado, sem sangramento vivo em quantidade
substancial, sugere estar havendo progressão para o período
expulsivo, principalmente se associado a frequentes e fortes
contrações.
• Insista para que a gestante não faça força fora do período
de contração uterina.
• Oriente a respirar de forma rápida e curta, como se
estivesse ofegante. Isso a ajudará a oxigenar melhor o
sangue e a tranquilizá-la.

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Assistência ao parto

A paciente passa a ter sensação de que irá evacuar,


que representa a cabeça do feto exercendo pressão no
períneo, contra o reto.
Nesta fase a membrana do saco amniótico pode se
romper e eliminar o líquido amniótico. A bolsa pode se romper
a qualquer hora, mas é mais frequente romper-se no início do
período expulsivo.
Quando a cabeça do feto aparece (coroamento) com o
progredir das contrações o socorrista deve estar preparado
com pano limpo em suas mãos para a saída da criança que
ocorrerá logo em seguida.
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Cuidados com o recém nascido

● O socorrista deve se preparar, com um pano limpo e com os


EPIs, para segurar o feto, para que ele não escorregue.
● Logo em seguida deve estimulá-lo esfregando o seu dorso, de forma
suave, ou estimulando os seus pés para que comece a chorar.
● Passe o pano limpo suavemente em seu rosto, para retirar excesso de
secreção que possa atrapalhar a criança a respirar.
● Com a criança respirando, coloque-a de forma segura na barriga da
mãe, em posição lateral, com a cabeça um pouco para baixo (ajudar a
drenar as secreções). Cubra-o adequadamente com um pano limpo,
deixando somente o rosto descoberto.

"A DUPLA MISSÃO A NÓS ESPERA!"


Cuidados com o recém nascido

● Somente permita que o feto amamente, caso a mãe


apresente cartão de acompanhamento pré-natal,
informando que não é portadora do vírus do HIV. Se houver
dúvida, deixe que a criança amamente após a liberação do
médico. Isto é importante para evitar a transmissão de
doença viral da mãe para o feto.

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Cuidados com o cordão umbilical

• Quando a criança começar a respirar e estiver


adequadamente aquecida, volte sua atenção para o cordão
umbilical.
• Amarre-o com um cordão de algodão limpo à 20 cm da
parede abdominal do recém-nascido, com nó de marinheiro
para que não escorregue.
• Faça outra amarração à 2,5 cm da primeira e entre as duas
amarrações cortar o cordão com tesoura estéril ou bisturi.
• Caso não tenha material adequado para cortar, deixe-o
amarrado e leve o recém-nascido com o cordão e placenta
para a unidade de saúde.
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Cuidados com a placenta

● Não se deve fazer tração no cordão para retirar a placenta.


Deixe-a sair sozinha.
● A placenta, após a sua saída, deve ser armazenada em um
recipiente ou enrolada em um pano e levada junto com a
mãe e o recém-nascido para a unidade de saúde.
● Isto é importante para que o médico avalie sua superfície
para verificar se não houve retenção de parte da placenta
no útero, pois isto implicaria em possível necessidade de
retirada cirúrgica para evitar complicações de sangramento
e/ou infecção, que pode ser fatal para a mãe.

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Parto complicado

• Parto pélvico
• Apresentação fetal por membros e/ou cordão umbilical
• Asfixia pela bolsa d’água
• Hemorragia
• Parto de gêmeos e prematuros
• Abortamento

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Parto pélvico
• Quando o feto encontra-se na posição pélvica, as nádegas
surgem antes da cabeça.
• O tórax sai antes da cabeça, sendo impossível a respiração
do bebê nesse momento, pois as vias aéreas estão
bloqueadas dentro do canal vaginal, porém normalmente a
saída ocorre em tempo hábil.

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Parto pélvico
Para facilitar a saída da cabeça, o socorrista deve
aguardar a saída das nádegas e das pernas, podendo
segurar o bebê com as duas mãos pela região pélvica e
elevando-o para cima, no sentido da barriga da mãe.

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Apresentação de membros e/ou cordão

Quando a apresentação fetal se inicia com parte do


membro superior ou inferior e/ou cordão umbilical, deve-se
cobrir com um pano limpo a parte fetal exposta e encaminhar a
gestante com urgência para uma unidade de saúde, pois essas
situações podem levar a sérias complicações ao feto e à mãe.

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Apresentação de membros e/ou cordão

Nos casos de apresentação do cordão umbilical,


transporte a gestante em decúbito dorsal, com os quadris
elevados (ex. usando cobertores dobrados).
Assim será possível diminuir a pressão da cabeça do
feto sobre o cordão.

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Asfixia pela bolsa d’água

A criança pode ficar com a bolsa d'água presa à face


quando começa o trabalho de parto.
Essa é uma condição incomum e que o socorrista deve
reconhecer, podendo rompê-la e retirá-la da frente da boca e
do nariz. Cuidado ao romper a bolsa para não machucar o
bebê.

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Hemorragia

A hemorragia durante o trabalho de parto trata-se de uma


emergência e a gestante deve ser removida rapidamente para
unidade de saúde, pois é uma causa importante de morte
materna.
• Logo após o parto, o socorrista deve palpar o abdome da
mãe, esperando que ele esteja firme como uma bola de
futebol (contraído)
• A massagem do útero, pela barriga da mulher, ajuda a
contraí-lo.

"A DUPLA MISSÃO A NÓS ESPERA!"


Parto de gêmeos e prematuros

• Os gêmeos podem nascer prematuros, entre a 24ª e a 37º


semana de gestação. É importante saber a idade gestacional.
• É muito importante manter as vias aéreas pérvias e mantê-los
aquecidos, pois podem apresentar dificuldade respiratória e
hipotermia (temperatura baixa) após o nascimento.
• O socorrista deve levá-los para uma unidade de saúde o mais
rápido possível.

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Abortamento

É a saída do feto antes que ele tenha condições de


sobrevivência após o parto.
Pode acontecer espontaneamente (comum até a 12ª
semana) ou ser provocado.
O abortamento provocado é um problema de saúde
pública, onde muitas mulheres acabam sofrendo sequelas,
infecções, sangramentos, podendo levar à morte.

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Abortamento

• Mulheres que estão em processo de abortamento, seja


espontâneo ou provocado, devem ser encaminhadas
imediatamente para uma unidade de saúde.
• Os socorristas devem sempre entrar em contato com a
regulação Médica de seu município para orientação médica e
local de transferência destas gestantes.

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Referências

CBMERJ. Manual do Socorrista Militar, 2019.

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