Você está na página 1de 70

Parto Normal , Cesárea

e fases clínicas do parto

Profa. Caroline Kappaun


Parto Normal
A organização mundial de saúde (OMS) define
parto normal como se tratando do momento do
nascimento do bebé de forma natural

O recém-nascido nasce espontaneamente, de


cabeça para baixo e normalmente entre as 37 e as
42 semanas de gestação.
Como calcular a data provável do parto?

Idade gestacional cronológica: definida a partir da data da última


menstruação; quando a menstruação é regular (certa) começamos a datar a
gravidez a partir do primeiro dia da última menstruação (DUM). A data provável
do parto é calculada somando 40 semanas (280 dias) a partir desta data
(DUM).

Pode-se usar a regra de Naegele para fazer a datação do parto (DPP).

Exemplo: DUM 7/5/2018 DPP 14/2/2019


Como calcular a data provável do
parto?

Depois, a data provável do parto deve ser revista com os dados da ecografia do 1º
trimestre (11-13 semanas e 6 dias):

● Idade gestacional efetiva: definida pelo comprimento craniocaudal (CRL) na


ecografia do 1º trimestre. A partir daqui mantém-se inalterável ao longo da
gravidez.
● Quando a gravidez resulta de técnicas de procriação medicamente assistidas
(PMA), a idade gestacional é calculada utilizando a idade do embrião no dia da
transferência (2 semanas).
● Quando o início da vigilância é tardio, devem ser usados dados da história clínica
(padrão menstrual e altura uterina) e dados ecográficos (biometrias fetais) para
cálculo aproximado da idade gestacional.
Vantagens do parto normal
O parto normal ou natural tem mais vantagens em relação aos outros tipos de
parto.

● Menor risco de infecção;


● Menor tempo de internamento (normalmente 48 horas);
● Tempo de recuperação menor;
● Os riscos com complicações anestésicas são menores;
● O útero volta ao tamanho natural mais rapidamente;
● Aumenta os hormônios responsáveis pelo bem estar;
● Os laços afetivos ocorrem de maneira mais intensa e rápida.
Tipos de parto
Podemos identificar dois tipos de parto:
● Parto eutócico – designa-se por parto eutócico quando o nascimento do bebé
ocorre por via vaginal sem qualquer intervenção instrumental durante o parto
(veja o tipo de instrumentais abaixo). Este tipo de parto divide-se em 3 estadios:
○ 1º estadio: vai desde a instalação das contrações uterinas regulares à
dilatação completa do colo. Há extinção e dilatação do colo uterino.
○ 2º estadio: vai desde a dilatação completa do colo à expulsão do feto. É
denominado de período expulsivo.
○ 3º estadio: inicia-se após a expulsão do feto e termina após a expulsão da
placenta e membranas fetais. É o período da dequitadura.
● Parto distócico – designa-se por parto distócico quando é realizado, em algum
momento, uso de instrumentos para facilitar o parto.
○ Parto vaginal instrumentado (ventosa, fórceps ou espátula);
○ Parto por cesariana.
Recuperação pós parto
➔ A recuperação após o parto normal é muito rápida.
➔ Nas primeiras 2 horas após o parto é necessário fazer repouso e uma
vigilância mais rigorosa, mas se estiver tudo bem após esse período já pode
iniciar o levante e fazer uma vida normal.
➔ Durante o internamento a involução uterina é avaliada pela consistência e pelo
tamanho do útero. Os lóquios (sangramento no pós parto) devem ser
observados, no sentido de despistar perdas hemáticas abundantes ou cheiro
fétido.
➔ A mobilização precoce (nas primeiras 6 a 8 horas após o parto) deve ser
promovida, uma vez que diminuiu a incidência de fenómenos tromboembólicos e
melhora o transito intestinal.
: Recomendações na alta
➔ A mãe deve manter uma dieta rica em cálcio (principalmente aquelas que amamentam);
➔ Uso de ferro oral pode ser útil para compensar as perdas hemáticas após o parto;
➔ A atividade física deve ser retomada de forma gradual;
➔ As relações sexuais podem ser reiniciadas após a cessação do lóquios, pelo menos 2 a 3
semanas após o parto;
➔ É normal no primeiro mês após o parto haver alterações de humor, irritabilidade,
labilidade emocional, ansiedade, insónia, crises de choro. Normalmente, é uma
situação transitória que normalmente desaparece ao final de 2 semanas. Se se prolongar
por muito mais tempo o melhor é procurar ajuda pois podemos estar perante uma
depressão pós-parto;
➔ É habitual haver uma queda de cabelo mais exuberante até aos 6 meses após o parto;
➔ Importância de não esquecer a consulta do puerpério, que deve ser realizada entre a 4ª
a 6ª semana após o parto;
➔ Importância do teste do pezinho que é realizado no recém nascido no 3º dia de vida e da
primeira consulta que deve ser feita aos 15 dias de vida.
Contraceptivos no pós
parto
A mulher que amamenta normalmente tem ciclos anovulatórios e por isso
normalmente não menstrua. De qualquer forma a amamentação é um método
de contracepção muito falível e por isso devem ser usados métodos
contraceptivos eficazes no pós-parto:

● Métodos de barreira;
● Métodos hormonais apenas com progestativo: progestagénio oral
contínuo (chamada pílula da amamentação) ou implante subcutâneo.
Devem ser iniciados na 3º a 4º semana após o parto;
● Métodos hormonais estroprogestativos: só devem ser iniciados em
mulheres que não amamentam e apenas na 4º semana após o parto;
● Dispositivos intrauterinos: podem ser colocados imediatamente após o
parto mas as taxas de expulsão são maiores. A altura ideal de colocação
é entre a 4ª a 6ª semana após o parto.
1. https://www.youtube.com/watch?v=Oj_d6wLpeRw (parto normal animação)

2. https://www.youtube.com/watch?v=iG0i0PBya1U&list=PLs4uBYMs_CgL-L4XFZ
LK3mykM2TR5bIGP&index=6
( parto normal)
Períodos Clínicos
do Parto
PARTO NORMAL

Definição

▪ É de início espontâneo, de risco habitual no início do trabalho de parto e


assim permanece por todo trabalho de parto e parto.
▪ O bebê nasce espontaneamente com apresentação
cefálicaentre 37 a 42 semanas completas de gestação.
SINAIS E SINTOMAS DE TRABALHO DE PARTO

Sinais que podem anteceder o trabalho de parto


▪ Perda do tampão mucoso
▪ Perda de líquido
▪ “Queda do ventre” e melhora da respiração
▪ Dor em baixo ventre
As contrações de Braxton Hicks acontecem durante a
gestação e são indolores não ocasionam trabalho de parto
TAMPÃO MUCOSO
LÍQUIDO AMINIÓTICO
O feto é envolto por líquido amniótico
▪ Esse líquido fica dentro das
membranas (bolsa)
A bolsa pode se romper (rotura ou
amniorexe) de duas maneiras:
▪ Espontaneamente (perda de
líquido amniótico)
▪Rotura artificial das
Artificialmente membranas
(por meio da Amniotomia
amnióticas
amniotomia)
LÍQUIDO AMNIÓTICO

Amnioscópio

Aspecto do líquido amniótico


▪ Líquido claro com grumos
▪ Líquido meconial (fluido ou espesso) material estéril, proveniente
de conteúdo intestinal, muco, lanugo, vernix, líquido amniótico
e secreção gástrica.
DIAGNOSTICO DO TRABALHO DE PARTO

▪ Avaliação da dinâmica
uterina
▪ Exame de toque vaginal
TRABALHO DE PARTO
Sinais de trabalho de parto
▪ Contrações regulares
▪ Dilatação progressiva e esvaecimento da cérvix
▪ Fase de latência do primeiro período do trabalho de parto – um período
não necessariamente contínuo quando: o há contrações uterinas
dolorosas e há alguma modificação cervical, incluindo apagamento e
dilatação.
▪ Trabalho de parto estabelecido – quando há contrações uterinas regulares
e há dilatação cervical progressiva.
▪ A duração do trabalho de parto ativo (ESTIMATIVA)
DILAÇÃO CERVICAL
Exame de Toque vaginal

Esvaecimento cervical
AVALIAÇÃO DAS
CONTRAÇÕES

Dinâmica Uterina
▪ Avaliação manual
▪ Realizada em 20 minutos
▪ Presença ou ausência de contração
▪ Quantidade (n°) de contrações em
10 minutos
▪ Intensidade (fraca, moderada,
forte)
▪ Percepção dos
movimentos fetais (presentes
ou ausentes)
AVALIAÇÃO DAS
CONTRAÇÕES Dinâmica uterina e cardiotocografia

Cardiotocografia fetal (CTG ou CTB)


– intermitente quando baixo risco

▪ Método eletrônico não invasivo


de avaliação do bem estar fetal
▪ Registro gráfico
▪ Detecta contrações uterinas,
frequência cardíaca fetal e
movimentação fetal
CONTRAÇÕES UTERINAS

Parâmetros
Tônus (pressão mínima do útero entre as contrações 8-
12mmhg)
Intensidade
▪ Gravidez: 2-4mmhg
▪ Braxton Hicks: 10-20mmhg
▪ Parto: >25mmhg chega a 50mmhg
CONTRAÇÕES UTERINAS

Duração
▪ 40-60 segundos (fase de contração seguida pelo
relaxamento)

Frequência
▪ Início do trabalho de parto
Frequência de 2 a 3 contrações em 10 min e duração de 40seg
Final primeiro período com 4-5 em 10 min e duração de 60-70
seg
ATIVIDADE UTERINA
ATIVIDADE UTERINA

Alterações no padrão de contratilidade uterina

HIPOATIVIDADE
Intensidade < 25 mm Hg Frequência < 2/10 minutos Tônus
< 8 mmHg
ATIVIDADE UTERINA

Alterações no padrão de contratilidade uterina


HIPERATIVIDADE
▪ Intensidade > 50 mm Hg
▪ Frequência > 5 / 10 minutos
▪ Tônus > 12 mmHg
Causas: Administração intempestiva de ocitocina. Pré-eclampsia Parto
obstruído. Síndrome de compressão da veia cava.
Conduta: Decúbito lateral esquerdo. Oxigênio sob cateter nasal. Redução da
dose de ocitocina administrada. Avaliar obstáculos à progressão do parto.
ATIVIDADE UTERINA

Alterações no padrão de contratilidade uterina


HIPERTONIA
▪ Tônus > 20 mmHg, endurecimento uterino à palpação, dificuldade
para palpação das partes fetais
▪ Sobredistensão: polidramnia, prenhez múltipla.
▪ Taquissistolia.
▪ Autêntica: geralmente associada ao descolamento prematuro da
placenta.
Indutores de Trabalho de Parto
OCITOCINA

▪ Ocitocina – “Hormônio do amor” hormônio


produzido pelo hipotálamo e liberado pela neuro-
hipófise (contrações uterinas e aleitamento).

▪O hormônio sintético é utilizado para


estimular as contrações de TP (deve ter
Indicações precisas)

Betaendorfinas e catecolaminas
agem na fisiologia do parto
OCITOCINA
Contraindicações
▪ Conhecida hipersensibilidade à ocitocina ou a qualquer excipiente da formulação;
▪ Hipertonia uterina, sofrimento fetal quando a expulsão não é iminente.
▪ Qualquer estado em que, por razões fetais ou maternas, se desaconselha o parto espontâneo e/ou o
parto vaginal seja contraindicado, por exemplo:
▪ Desproporção céfalo-pélvica significativa;
▪ Má apresentação fetal;
▪ Placenta prévia
▪ Descolamento prematuro da placenta;
▪ Apresentação ou prolapso do cordão umbilical
▪ Distensão uterina excessiva ou diminuição da resistência uterina à ruptura, como por exemplo, em
gestações múltiplas; Poli-hidrâmnios
▪ Grande multiparidade
▪ Presença de cicatriz uterina resultante de intervenções cirúrgicas, inclusive da operação cesárea clássica.
MISOPROSTOL

▪ Análogo sintético de prostaglandinas


▪ Ação útero-tônica e de amolecimento de colo
uterino
▪ Indução de trabalho de parto (maturação de colo)
▪ 1cp de 25mcg a cada 6h

Contraindicações
▪ Cesárea anterior
▪ Cirurgia uterina prévia
▪ Paciente asmática
▪ Uso concomitante com ocitocina
▪ Placenta prévia
PROPESS

▪ Pessário vaginal de dose única com liberação controlada com 10 mg de dinoprostona


▪ É indicado para o início e/ou continuação da maturação do colo uterino em
pacientes a termo (a partir de 38 semanas de gestação) com colo favorável
▪ Após a inserção, a atividade uterina e a condição fetal devem ser monitoradas
regularmente.
Indução com balão; Sonda foley

➔ Geralmente, a indução com balão é indicada para mulheres que têm, ao


menos, uma cesárea anterior e estão com o colo muito fechado.

➔ Um dos métodos mecânicos (ou seja, não medicamentosos)

➔ O balão é inserido desinflado através de uma sonda e, quando ultrapassa o


colo do útero, enche-se de líquido.

➔ Depois de fixado, ele faz com que o colo dilate de dentro para fora até ser
expelido, quando a mulher atinge 3 cm de dilatação.

➔ A partir daí, se não entrar em trabalho de parto espontâneo, a gestante pode


usar ocitocina para a indução.
Indução com balão; Sonda foley

➔ Uma das vantagens da indução com balão é que não causa efeitos
secundários sistémicos (no resto do corpo) e o risco de superestimulação
do útero, ou seja as contrações se tornarem demasiado fortes ou frequentes, é
menor do que com a utilização de medicamentos, como as prostaglandinas

➔ Por isso, o protocolo usado em algumas maternidades permite a indução em


ambulatório, ou seja, se não tiveres uma gravidez com maior risco, possas ir
para casa após a colocação do balão e aguardar pelo início do trabalho de
parto ou ficar internada caso nada aconteça para continuar a indução com outro
método, e assim fica menos tempo internada, potencialmente melhorando a
satisfação e diminuindo os custos com a indução do parto.
PERÍODOS CLÍNICOS DO TRABALHO DE PARTO

1.Dilatação
2.Expulsão
3.Dequitação
4.Greemberg ou 4°período
FASE DE DILATAÇÃO CERVICAL

▪ Dilatação
Esvaecimento e dilatação
Afastamento progressivo das bordas da
cérvice no nível do orifício externo
▪ Esvaecimento As modificações que ocorrem no colo uterino
Incorporação do canal cervical na gravidez visam a preparação para o parto
em um processo de amadurecimento
ao corpo do útero (diminuição da consistência e esvaecimento)
e dilatação cervical
O colo uterino é formada por tecido
conjuntivo e possui dois orifícios (interno e
externo) e um canal central ligando esses
dois orifícios
O colo permite que o feto se mantenha no
útero durante a gestação
FASES DE DILATAÇÃO CERVICAL

▪ Fase Latente

Duração aproximada de 8h
Friedman
1954 Amolecimento
✔ Latência Apagamento
✔ Ativa Início da Dilatação
Não há modificações significativas na
dilatação cervical
FASES DE DILATAÇÃO CERVICAL

▪ Fase ativa
Nova classificação >5cm!

Contrações regulares (2-3 contrações/10min) Intensidade: 40 – 50


mmhg
Duração: 30 seg
PARTOGRAMA
OMS; 2018
▪ Questiona o partograma tradicional
▪ A definição de dilatação de 1 cm por hora não pode ser utilizada como regra na fase
ativa
▪ Não deveria definir a intervenção obstétrica
▪ Cada parto é único
PERÍODO EXPULSIVO

Segundo período clínico do trabalho


de parto
A pressão uterina apresenta-se mais
elevada – “puxos” (além da contração
do miométrio ocorre pressão da
musculatura abdominal e diafragma)
Inicia-se com a dilatação total do colo
do útero
Expulsão da cabeça fetal (cefálicas)
Liberação dos ombros e do corpo
Manejo ativo (ocitocina profilática)
DEFINIÇÃO E DURAÇÃO DO SEGUNDO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO

▪ Fase inicial ou passiva: dilatação total do colo sem sensação de


puxo involuntário ou parturiente com analgesia e a cabeça do feto
ainda relativamente alta na pelve.
▪ Fase ativa: dilatação total do colo, cabeça do bebê visível,
contrações de expulsão ou esforço materno ativo após a
confirmação da dilatação completa do colo do útero na ausência
das contrações de expulsão.
CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL

▪ Resposta SIM para:


1. RN respirando ou chorando?
2. RN com tônus muscular em flexão?

▪ Clampeamento tardio do cordão umbilical

▪ Clampeamento precoce (imediato): até 1 min após a extração completa


do RN
▪ Clampeamento tardio: após 1 min até alguns
minutos após cessar a pulsação do cordão umbilical
CORDÃO UMBILICAL

▪ Verificar se existem:
▪ 02 artérias (sangue venoso)
▪ 01 veia (sangue arterial)
CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL

▪ De acordo com a OMS clampear


▪ com 1-3 minutos
▪ O RN pode ser colocado no abdômen ou tórax
materno
▪ CONTATO PELE A PELE (hora dourada)

▪ Se a circulação placentária não estiver intacta


(descolamento prematuro de placenta, placenta
prévia ou rotura ou prolapso ou nó verdadeiro de
cordão) ou se o RN não inicia a respiração ou não
mostra tônus muscular em flexão, recomenda-se o
clampeamento imediato do cordão.
DEQUITAÇÃO

▪ 3° período do parto
▪ Inicia-se imediatamente após
o nascimento do RN e
termina com a liberação da
placenta e membranas
▪ Contrações
▪ Tempo médio de 30 minutos
DEQUITAÇÃO
DEQUITAÇÃO DA PLACENTA

A placenta deve ser avaliada para a integridade, forma, aspecto, membranas.


Inserção do cordão umbilical.
PLACENTA
PLACENTA

▪ Composta pelos cotilédones e as membranas


▪ Membranas (Âmnion e córion)
▪ Âmnion: Membrana que envolve o feto como uma bolsa delimitando
uma cavidade que é preenchida pelo líquido amniótico.Tem a
função de proteção do feto contra choques, evitar a perda de água
fetal e infecções.
▪ Córion: Revestimento externo.Tem a função de ampliar a
proteção fornecida pelo âmnion.
QUARTO PERÍODO CLÍNICO DO TRABALHO
DE PARTO

Também conhecido como período de Greenberg Inclui


a primeira hora após o parto
▪ Globo de segurança de Pinard: ocorre imediatamente após a saída da placenta, o
útero contrai e é palpável.
▪ Miotamponamento: retração e laqueadura dos vasos uterinos
▪ Trombotamponamento: formação de trombos nos grandes vasos útero
placentários, constituindo hematoma intrauterino que recobre a ferida aberta no
sítio placentário
Parto Cesariana

Parto Cesariana
CONCEITO

Procedimento cirúrgico que consiste em incisão da parede abdominal e do útero (histerotomia)


com a finalidade de retirar o produto da concepção.

Tipos
➔ Cesárea de emergência: quando há ameaça imediata à vida da gestante ou do feto;
➔ Cesárea de urgência: quando há comprometimento materno ou fetal sem risco de vida
imediato;
➔ Cesárea programada: quando não há comprometimento materno ou fetal, porém há
necessidade de interrupção da gestante;
➔ Cesárea a pedido: eletiva, por desejo da paciente;
➔ Cesárea perimortem: quando a gestante se encontra em estado grave. Realizada com o
objetivo de salvar o feto ou a mãe;
➔ Cesárea post mortem: realizada após a morte materna, com o intuito de salvar o feto.
OBJETIVOS ASSISTENCIAIS
Definir as indicações e contradições do parto cesariana, a fim de evitar
procedimentos cirúrgicos desnecessários.

Estabelecer as etapas da realização do procedimento, para que haja uma melhor


assistência prestada à mãe e ao concepto, evitando complicações.

JUSTIFICATIVA
Quando realizadas por motivos médicos, as cesarianas podem reduzir a
mortalidade e morbidade materna e perinatal.
Assim como qualquer cirurgia, uma cesárea acarreta riscos imediatos e a
longo prazo. Assim, é importante definir suas indicações e realizar o
procedimento de forma correta, evitando complicações.

*A indicação de cesariana é da competência e responsabilidade do médico obstetra


Pré-operatório
➔ Anamnese prévia: história clínica e cirúrgica, antecedentes anestésicos, uso de drogas,
antecedentes transfusionais, medicamentos em uso, alergias e tempo de rotura das
membranas.
➔ Exame físico: repetir toque vaginal em pacientes em trabalho de parto imediatamente
antes da anestesia para assegurar que não houve progressão suficiente que permita parto
vaginal.
➔ Exames pré-operatórios mínimos: teste rápido HIV, VDRL e tipagem sanguínea,
exceto nas indicações de emergência.
➔ Avaliação pré-anestésica imediata pelo especialista.
➔ Jejum: idealmente (excluindo-se situações de emergência/urgência) 2 horas sem ingerir
líquidos claros, 6 horas sem ingerir dieta leve e 8 horas sem ingerir refeições regulares.
➔ Monitorização da paciente, em decúbito dorsal.
➔ Acesso venoso periférico.
➔ Preparo da parede abdominal: tricotomia e antissepsia.
Pré-operatório
➔ Sondagem vesical de demora, se necessário.

➔ Antibioticoprofilaxia na indução anestésica – previne endometrite pós-parto e


infecção de parede abdominal.

➔ Termo de Consentimento informado, exceto nas emergências, discutido com


a paciente, assinado e datado antes do procedimento, incluindo diagnóstico,
procedimento, fatores de risco mais comuns e importantes e procedimentos
adicionais que podem ser necessários (laqueadura tubaria, remoção de massas
anexiais conhecidas).

➔ Anestesia: raquianestesia quando possível. Deve estar disponível material para


progressão de anestesia geral quando indicado ou complementar.

➔ Antissepsia e assepsia com clorexidina.


Intraoperatório

1. Incisão de pele e suas camadas adjacentes


2. Extração do concepto
3. Clampeamento e secção do cordão umbilical
4. Extração da placenta (preferencialmente, espontânea, com tração controlada ou
manual)
5. Limpeza da cavidade uterina, até certificar-se de que não há restos de
membranas ou material placentário.
6. Revisão da cavidade abdominal com inspeção de anexos (tubas uterinas e
ovários);
7. Contagem de compressas e agulhas
8. Aproximação do tecido subcutâneo ( fechamento através de sutura)
9. Descrição minuciosa, no prontuário, do procedimento, indicação, tipo de
histerotomia, achados intraoperatórios, estado dos anexos e ovários além de
procedimentos complementares.
Pós - Operatório
➔ Repouso relativo, com estímulo à deambulação assistida após recuperação
anestésica; Dieta líquida nas primeiras 4 horas de pós-operatório, evoluindo
para branda a seguir, conforme aceitação ou resolução da náusea. (Liberação
imediata de líquidos claros nos procedimentos sem complicações);
➔ Hidratação venosa proporcional às perdas.
➔ Analgesia sistemática AINE (Anti-inflamatório não esteroidal) e Dipirona.
➔ Manter sonda vesical de demora, pelo período mínimo de 06 horas, devendo
ser retirada pela enfermagem na ausência de recomendação de drenagem de
demora, se deambulando bem e diurese acima de 30 ml/hora;
➔ Controle de sinais vitais e tonicidade uterina (contração) a cada hora nas
primeiras 6 horas a cada 4 horas nas primeiras 12 horas e a cada 08 h até a
alta;
➔ Avaliação da tonicidade uterina conforme indicada reportando e agindo
quando loquiação aumentada;
➔ Estimular precocemente a amamentação, caso não haja contraindicação;
Curativo da ferida operatória:
➔ Troca no 1º dia pós-operatório (lavar a incisão com soro fisiológico, secar
adequadamente);
➔ Retirada do curativo após 6 a 12 horas do parto.
➔ Manter a ferida descoberta com higiene usando água corrente e sabão.
➔ Cobrir cicatriz enquanto cicatriz for secretante;
➔ Alta hospitalar após, um mínimo de 36 horas, nas cesarianas de baixo risco
com puerpério fisiológico
➔ Uso de analgésico, contraceptivo de escolha, Sulfato Ferroso enquanto estiver
amamentando e medicações compensadoras das possíveis comorbidades;
➔ Orientar quanto à dieta, higiene pessoal, cuidados com a ferida operatória e
com as mamas;
➔ Estimular amamentação;
1. https://www.youtube.com/watch?v=pSJcxYg1QQ4 (cesária animação)
2. https://www.youtube.com/watch?v=i8hya-NKMzw (cesárea gêmeos)
3. https://www.youtube.com/watch?v=i8hya-NKMzw (cesárea com complicação)

Você também pode gostar