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QUANDO PRESCREVER

PROFILAXIA PARA PRÉ-


ECLÂMPSIA?

PRÉ-ECLÂMPSIA

A pré-eclâmpsia é uma síndrome caracterizada, em pacientes sem


hipertensão prévia, por:

• hipertensão +

• proteinúria, disfunção de órgãos-alvo ou ambos após 20 semanas de


gestação

Em pacientes previamente hipertensos por:

• piora da hipertensão +

• proteinúria, disfunção de órgãos-alvo ou ambas após 20 semanas

IMPORTÂNCIA

• A pré-eclâmpsia é um fator de risco comum para morbidade e


mortalidade materna e perinatal em todo o mundo.

• Pode levar a sequelas graves, como convulsões eclâmpticas e


falência de múltiplos órgãos.

• Não há tratamento curativo além do parto

Uma intervenção que possa prevenir a pré-eclâmpsia tem um impacto


significativo na saúde materna e neonatal em todo o mundo.

GABRIELA BERTOLETTI OLMI - gbolmi@ucs.br - IP: 177.75.149.198


PROFILAXIA:

Muitas estratégias diferentes para prevenir a pré-eclâmpsia foram e são


investigadas em estudos randomizados. As estratégias com resultados
comprovadamente eficazes serão abordadas abaixo:

ASPIRINA DE BAIXA DOSE

A aspirina de baixa dose reduz:

• A frequência de pré-eclâmpsia
• A frequência de parto prematuro e restrição de crescimento

É uma medicação segura na gravidez – aumenta ligeiramente o risco de


hemorragia pós-parto (500ml), sem aumentar risco de mortalidade.

QUANDO UTILIZAR

O uso de aspirina em pacientes com alto risco é uma intervenção bem


estabelecida, porém não há consenso sobre os critérios exatos que
conferem alto risco.

O uso de multimarcadores para identificar pacientes com alto risco de


pré-eclâmpsia não é recomendado como estratégia populacional. Esses
algoritmos geralmente incluem resultados bioquímicos e de imagem, bem
como fatores de risco históricos foram mas nenhum é amplamente
utilizado, pois não foram validados em uma variedade de populações
não selecionadas.

A U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) e o Colégio Americano de


Obstetras e Ginecologistas (ACOG) recomendam o uso de aspirina para
pacientes grávidas com:

• Um critério de alto risco


• Dois critérios de risco moderados
• Considerar para apenas um fator de risco moderado, exceto
nuliparidade

Estes critérios são apresentados a seguir:

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*Este critério é considerado pela ACOG e pela USPSTF devido à maior taxa de desfechos
negativos nestas populações, embora tais desfechos não estejam relacionados a fatores
biológicos. A FEBRASGO e a RBEHG não consideram este critério como um critério de risco para
pré-eclâmpsia.

A aspirina em baixa dose parece ser de pouco ou nenhum benefício em pacientes


que já desenvolveram pré-eclâmpsia, e pode ser descontinuada em caso de pré-
eclâmpsia

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QUANDO INICIAR:

Não há um consenso sobre quando iniciar a aspirina. De forma geral,


maiores benefícios são observados com início anterior a 16 semanas.

• A USPTF e ACOG recomendam o início em ≥12 semanas de gestação


e, idealmente, antes de 16 semanas

• A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia)


recomendam o início da aspirina entre 11 e 14 semanas

Há evidência de caso a aspirina não for iniciada no final do primeiro


trimestre, o início após 16 semanas (mas antes do desenvolvimento dos
sintomas) também pode ser eficaz, até cerca de 20 semanas.

COMO INICIAR:

• Tipicamente 75 a 162 mg – Não há consenso sobre a dose ideal


de aspirina para a prevenção da pré-eclâmpsia. As variações nos
regimes de dosagem entre os estudos são, pelo menos em parte,
baseadas em diferentes formulações disponíveis em várias regiões
do mundo.
o No Brasil, a Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na
Gravidez recomenda o uso na dosagem de 100mg e a
FEBRASGO, de 150mg.

• Horário – a aspirina pode ser mais eficaz se tomada na hora de


dormir, no entanto, especificar o horário da administração não é
uma prática padrão, e a administração noturna pode aumentar a
irritação gástrica.

QUANDO CESSAR O USO:

Não há consenso sobre o momento ideal da descontinuação da aspirina .

• A interrupção em 36 semanas de gestação ou 5 a 10 dias antes do


parto esperado para diminuir o risco de sangramento durante o
parto é a prática mais aceita.

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TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO CRÔNICA PARA REDUZIR AS METAS
DE PRESSÃO ARTERIAL

Há um consenso sobre a recomendação de tratamento farmacológico para


gestantes com pressão arterial sustentada maior ou igual a 140x90 mmHg,
com a meta de pressão diastólica <85.

O Tratamento de pacientes grávidas com pressão arterial ≥140/90 mmHg


reduziu a incidência de pré-eclâmpsia com características graves bem
como o desenvolvimento de hipertensão grave na gravidez, sem
aumentar o risco de CIUR.

SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO

O consumo de quantidades baixas de Cálcio está associado à hipertensão


- gestantes devem atingir a dose diária recomendada (RDA) de cálcio
elementar por meio de dieta e/ou suplementos.

QUANDO UTILIZAR

Em populações em que a ingestão dietética basal de cálcio é baixa

• A OMS recomenda o consumo de 1.500 a 2.000 mg de cálcio


elementar por dia

Não há consenso, entretanto, quanto a abordagem populacional da


suplementação de cálcio, uma vez que o consumo é muito variável entre
diferentes populações.

• Dados de 2011 do IBGE indicam que o consumo médio da


população brasileira é em torno de 500mg de Cálcio.

• Indivíduos que têm baixa ingestão de laticínios, outros estados de


deficiência de cálcio ou vivem em uma área de deficiência
endêmica de cálcio podem se beneficiar de uma maior
suplementação de cálcio para reduzir o risco de pré-eclâmpsia

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• A ingesta de cálcio individual pode ser estimada em consulta com o
uso de instrumentos como a Tabela de Ingestão Diária de Cálcio da
ABRASSO (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e
Osteometabolismo) – disponível em
https://abrasso.org.br/campanha-quanto-calcio/

COMO UTILIZAR

▪ Todas as apresentações de cálcio são mais bem absorvidas quando


tomadas em pequenas doses (500 mg) e principalmente junto às refeições.

• As doses recomendadas devem ser fracionadas em três tomadas (às


refeições): carbonato de cálcio (1 a 2 g /dia) ou citrato de cálcio (2
a 4 g/dia)

QUANDO INICIAR

Está recomendado o uso de suplementação de cálcio entre 12 e 36


semanas de gestação, pela FEBRASGO, e até o final da gestação pela
ACOG e OMS.

PERDA DE PESO

Em pacientes com sobrepeso ou obesas, a perda de peso antes da


gravidez tem uma variedade de benefícios reprodutivos, na gravidez e na
saúde geral, incluindo na pré-eclâmpsia. Até o momento não há evidência
de benefício para prevenção de pré-eclâmpsia na perda de peso durante
a gestação.

EXERCÍCIO FÍSICO

O exercício tem vários benefícios para a saúde e é uma estratégia


potencial para reduzir o risco de desenvolver pré-eclâmpsia em indivíduos
que não são candidatos à profilaxia com aspirina em baixas doses

• Algum benefício começou a surgir quando o exercício foi realizado


com uma frequência de pelo menos três dias por semana ou pelo
menos 25 minutos por sessão

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• 140 minutos por semana de caminhada rápida, hidroginástica,
ciclismo estacionário ou treinamento de resistência demonstram
benefício mais consistente.

As seguintes intervenções não reduzem o risco de pré-eclâmpsia e, portanto,


não há razões para sua aplicação com esse objetivo na prática clínica:
Repouso, restrição de sal na dieta, vitamina C, vitamina E, vitamina D, ômega-
3 ácido fólico e enoxaparina

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REFERÊNCIAS
ACOG. Low-dose aspirin use during pregnancy. ACOG Committee Opinion No. 743.
American College of Obstetricians and Gynecologists. Obstet Gynecol 2018;132:e44

ACOG. Low-Dose Aspirin Use for the Prevention of Preeclampsia and Related
Morbidity and Mortality. Disponível em: <https://www.acog.org/clinical/clinical-
guidance/practice-advisory/articles/2021/12/low-dose-aspirin-use-for-the-
prevention-of-preeclampsia-and-related-morbidity-and-mortality#>. Acesso em: 30
mar. 2023.

IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares: 2008-2009 / IBGE, Coordenação de


Trabalho e Rendimento. – Rio de Janeiro : IBGE, 2010.

FEBRASGO. FEBRASGO POSITION STATEMENT - Predição e prevenção da pré-


eclâmpsia. Disponível em:
<https://www.febrasgo.org.br/images/pec/posicionamentos-febrasgo/FPS-N1-
Janeiro-2023-portugues.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2023.

JC, P. et al. PRÉ-ECLAMPSIA PROTOCOLO 03 -2023 Rede Brasileira de Estudos sobre


Hipertensão na Gravidez Site da RBEHG. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://rbehg.com.br/wp-content/uploads/2023/03/PROTOCOLO-2023.pdf>.
Acesso em: 30 mar. 2023.

UpToDate. Preeclampsia: Prevention. Disponível em:


<https://www.uptodate.com/contents/preeclampsia-
prevention?search=profilaxhis%20preeclampsia&source=search_result&selectedTitle
=1~150&usage_type=default&display_rank=1>. Acesso em: 30 mar. 2023.

USPSTF. Low-dose aspirin use for the prevention of morbidity and mortality from
preeclampsia: U.S. Preventive Services Task Force recommendation statement. U.S.
Preventive Services Task Force. Disponível em:
https://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/recommendation/low-dose-
aspirin-use-for-the-prevention-of-morbidity-and-mortality-from-preeclampsia-
preventive-medication. Acesso em 30 mar. 2023

World Health Organization (WHO). Guideline: Calcium supplementation in pregnant


women. 2013. Disponível em:
http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/85120/9789241505376_eng.pdf.
Acesso em 30 mar. 2021

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