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Nutrição

Materno-
Infantil
Recém-Nascido de
Baixo Peso e
Prematuridade
Método Canguru
Banco de Leite
Introdução
A avaliação de recém-nascidos (RN), principalmente de
prematuros, visa à detecção precoce de crescimento anormal,
implicando mudança de terapia no pré-natal e no pós-natal, com o
objetivo de reduzir a morbimortalidade neste período.
• É fundamental estabelecer um roteiro para avaliação:
• Anamnese com ênfase nos dados maternos
• Exame físico (corresponde a uma avaliação sumária da nutrição
intrauterina)
• Classificação do RN
• Antropometria
• Avaliação da oferta nutricional por meio, basicamente, de
balanços de nutrientes, água, proteína etc.
• Avaliação laboratorial.
Classificação
• A classificação do RN poderá ser realizada segundo a idade
gestacional (IG) e/ou o peso ao nascer (PN), conforme os
seguintes critérios:
• Segundo IG
• IG < 37 semanas: RN pré-termo (RNPT)
• IG entre 37 e 42 semanas: RN a termo (RNT)
• IG > 42 semanas: RN pós-termo.
• Prematuro tardio — nascido entre 34 semanas completas e 36
semanas e 6 dias.
• Tem merecido destaque nos últimos anos devido ao aumento de sua
frequência na população neonatal e cujo termo de definição foi adotado em
2005 durante um workshop realizado pelo National Institute of Child Health
and Develpment (Aguiar et al., 2010).
• A atenção na avaliação ponderal é essencial, pois esses RN apresentam
perda de peso mais acentuada pelas comorbidades (Rugolo, 2011).
Classificação
• Segundo PN
• Macrossomia: 4.000 g ou mais
• PN normal: 2.500 a 3.999 g
• PN < 2.500 g: RN de baixo peso (RNBP)
• RN de muito baixo peso (RNMBP): PN < 1.500 g
• RN de muitíssimo baixo peso (RNMMBP): PN < 1.000 g
• RN microprematuro: PN < 800 g
Crianças com peso ao nascer próximo de 500 g e idade gestacional
em torno de 24 a 25 semanas têm sobrevivido, e alimentá-las é,
cada vez mais, um grande desafio.
Um RN com PN < 1.000 g tem reserva energética para 4 dias, e
aqueles com PN < 2.000 g, para 12 dias, sendo necessário suporte
nutricional precoce.
Baixo Peso
• O baixo peso ao nascer de um bebê entre a 37ª e 40ª
semana gestacional pode ser decorrente da Restrição do
Crescimento Intrauterino (RCIU) ou da desnutrição fetal,
sendo considerado pequeno para idade gestacional (PIG)
ou recém-nascido de baixo peso a termo (RNBPT).
• Um recém-nascido ainda pode ser considerado adequado
para idade gestacional (AIG) e apresentar baixo peso ao
nascimento (BPN), devido a um parto prematuro
determinado por condições como etilismo e tabagismo
materno.
• Para determinar a adequação do peso à idade gestacional
PIG, AIG, GIG (grande para idade gestacional), é necessária
a utilização de curvas de crescimento específicas que
demonstrem a relação do peso de nascimento com a idade
gestacional como a sugerida por RAMOS (1986).
Causas
Prematuros
• Prematuridade Limítrofe: 37 a 38 semanas
• Apresentam boa evolução, podendo apresentar sucção débil.
• Abordagem semelhante ao recém-nascido a termo, com cuidados
específicos quanto à sucção e o método de alimentação.
• Prematuridade Moderada: 31 a 36 semanas/1.600 a 2.500g/39 a 46cm
• São mais susceptíveis a anóxia (imaturidade pulmonar),
hiperbilirrubinemia (imaturidade nos mecanismos da bile),
hipoglicemia, hipocalemia (K), hiponatremia (Na), e infecções
(vulnerabilidade imunológica) .
• Prematuridade Extrema: 24 a 30 semanas/menos de 1.500g/menor
que 38cm
• Podem apresentar as mesmas intercorrências dos prematuros
moderados, com maior gravidade e outras complicações , como
enterocolite necrosante (superfície interna do intestino sofre lesões e se
inflama) e anomalias cardíacas.
Abordagem
• Recém-nascidos baixo peso e prematuros são
indivíduos com características peculiares que
merecem atenção especial.
• Eles deixam antes do tempo um ambiente que lhes
provê todas as condições para seu
desenvolvimento, seja psicológico ou psicoafetivo.
• Toda a abordagem tenta recriar essas condições.
• Os cuidados com ainda são muito artificiais e
invasivos, inclusive os métodos de alimentação.
Para melhorar os cuidados prestados ao
Abordagem RNPT e de baixo peso, este método surgiu,
inicialmente idealizado na Colômbia no ano
de 1979, no Instituto Materno-Infantil de
• Método Mãe-Canguru Bogotá. A partir de 1984, passou a ser
amplamente divulgado pelo Fundo das
• Tríade - AMOR, CALOR E Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
LEITE MATERNO devido aos bons resultados alcançados e
relatados na literatura científica mundial por
vários autores.
O objetivo era baratear os custos da
assistência perinatal e promover, por meio
do contato pele a pele precoce entre a mãe e
o bebê, maior vínculo afetivo, maior
estabilidade térmica e melhor
desenvolvimento.
No Brasil, foi utilizado pela primeira vez em
1981 pelo hospital Guilherme Álvaro em
Santos, mas a implementação no país
ocorreu de fato em 1997.
Abordagem
• Benefícios do Método Canguru

• Menor tempo de internação do bebê


• Oxigenação adequada
• Aumento da temperatura do corpo e estabilidade
• Menos episódios de apneia – paradas respiratórias
durante o sono
• Diminuição do choro
• Aumento do aleitamento materno
• Aumento do vínculo pai-mãe-bebê-família
• Diminuição do tempo de separação pai-mãe-bebê-família
• Melhor relacionamento família/equipe
• Estimulação sensorial positiva
• Diminuição de infecção hospitalar
• Controle e alívio da dor
• Acolhimento ao bebê e sua família
• Respeito às individualidades
• Promoção do contato pele a pele precoce
Abordagem – material anexo
• As particularidades da prematuridade interferem
em toda a abordagem aos RNBP, inclusive na
abordagem nutricional.
• As características estruturais, sistêmicas e
metabólicas fazem com que a abordagem dietética
seja diferente em relação ao recém-nascido a
termo.
• Algumas estratégias dietéticas utilizadas para RNPT
são aplicadas ao RNBP que não são prematuros.
Banco de Leite

• Fornecimento de nutrientes para o crescimento e


desenvolvimento;

Situações de contraindicação ou prática dificultada

Leite Humano Ordenhado (LHO)

(COLARES et al., 2009)


O Banco de Leite Humano (BLH) pode ser
compreendido como um serviço
especializado, responsável por ações de
promoção, proteção e apoio ao aleitamento
materno.

(COLARES et al., 2009)


Banco de Leite
❖Histórico
• Primeiro BLH, 1943 (FIOCRUZ);

Propósito de funcionar como “pronto socorro


dietético”, voltados para atender situações especiais
em que as fórmulas lácteas não apresentavam
respostas adequadas.

• Desenvolvimento do Programa Nacional de Incentivo ao


Aleitamento Materno (PNIAM) – em 1981 nova visão;

(COLARES et al., 2009)


Banco de Leite
• Normalização dos procedimentos- Portaria GM/MS
n°322/1988

Minimizar riscos

(COLARES et al., 2009)


Banco de Leite

De acordo com a legislação que


regulamenta o funcionamento dos
Bancos de Leite no Brasil (RDC Nº
171/2006) a doadora, além
de apresentar excesso de leite,
deve ser saudável, não usar
medicamentos que impeçam a
doação e se dispor a ordenhar e a
doar.

(COLARES et al., 2009)


Número de atendimentos realizados em 3 modalidades, por profissionais dos bancos de leite humano no Brasil,
2016.
(FIOCRUZ, 2016)
(FIOCRUZ, 2016)
Banco de Leite

Participação de toda equipe


multidisciplinar para o
desenvolvimento de ações de
promoção, proteção e apoio ao
aleitamento materno Boas práticas!

(COLARES et al., 2009)


CURVAS DE CRESCIMENTO
• A avaliação do crescimento é realizada por 3 diferentes tipos
de gráfico (Aguiar et al., 2010):
• Gráfico de crescimento intrauterino: representa o
crescimento fetal e é considerado o padrão-ouro de
crescimento do prematuro. A maneira de obtenção pode ser
indireta, por meio de medidas ultrassonográficas do feto, ou
direta por meio de medidas de RN prematuros considerados
“normais” ao nascimento.
CURVAS DE CRESCIMENTO

• Adequado para a IG (AIG):


entre os percentis 10 e 90
• Grande para a IG (GIG):
acima do percentil 90
• Pequeno para a IG (PIG):
abaixo do percentil 10.
CURVAS DE CRESCIMENTO
• Gráfico de crescimento pós-natal: construído por medidas
sucessivas de grupos de RN de características semelhantes.
• No caso, prematuros. Esse tipo de gráfico (Shaffer et al.,
1987; Ehrenkranz et al., 1999) leva em consideração a perda
de peso das primeiras semanas e posterior recuperação.
• Trata-se, na realidade, de padrão de “crescimento típico”
não constituindo de fato padrão de normalidade. É
influenciado pela estratégia nutricional utilizada.
CURVAS DE CRESCIMENTO
• Gráfico de crescimento do RN a termo: representa, na sua
maioria, o crescimento de crianças saudáveis até 24 ou 36
meses de vida e possibilita a comparação do crescimento
dos RNPT a partir da idade esperada para o nascimento (40
semanas) com os seus correspondentes que nasceram a
termo, para tanto, utilizar as curvas propostas pela OMS,
2006.
CURVAS DE CRESCIMENTO
• O padrão de referência a ser adotado dependerá da
classificação do RN:
• RNT: curvas de aleitamento materno exclusivo (Murahovshi
J et al.) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
• RNMBP: curva de Ehrenkranz et al.
• RNBP: curva de Shaffer et al.
• RNPT: curva de Fenton.
• A classificação deve ser realizada com base nos percentis,
sendo considerados adequados os valores entre P10 e P90.
• No caso da OMS, encontrado no cartão da criança, utilizar os
valores ≥ P3 e ≤ P97 como limites da normalidade
CURVAS DE
CRESCIMENTO
Gráficos de controle da evolução
pôndero-estatural para crianças em
aleitamento materno.

A. Feminino.
B. Masculino
Curvas da OMS.
A. Peso por idade – meninos.
B. Peso por idade – meninas.
C. Comprimento por idade –
meninos.
D. Comprimento por idade –
meninas.
E. Peso por comprimento –
meninos.
F. Peso por comprimento – meninas.
P = percentil.
Curvas de Ehrenkranz et al.
A. Peso diário por idade.
B. Comprimento por idade. A curva
deve ser ascendente, de acordo com
a faixa de peso ao nascer.
C. Perímetro cefálico por idade.
Analisa curva ascendente, de acordo
com a faixa de peso ao nascer.
D. Circunferência do braço por
idade. A curva deve ser ascendente,
de acordo com a faixa de peso ao
nascer.
Curva de Shaffer et al.
Peso por idade.
Essa curva considera uma perda de
peso inicial e deve ser analisada
como ascendente, de acordo com a
faixa de peso.
• Curva de
Fenton.
IDADE CORRIGIDA

• Ao utilizarmos gráficos ou padrões de crescimento de


crianças normais, é necessário que usemos a idade
corrigida na averiguação das medidas de peso,
comprimento e PC, para evitar erros de interpretação.
• Idade corrigida é a idade pós-natal menos o número de
semanas que faltou entre o nascimento prematuro e o
referencial de 40 semanas (é a diferença entre 40
semanas e a idade gestacional).
IDADE CORRIGIDA
Recomenda-se, no caso da avaliação antropométrica de
prematuros, realizar a correção da idade por meio da fórmula:
Idade corrigida (Bennett, 1999) =
idade cronológica em meses – meses de prematuridade
Exemplo: criança atualmente com 11 meses, porém nascida
com 28 semanas gestacionais:
IC = 11 meses – (40 semanas – 28 semanas)
IC = 11 meses – 12 semanas*
IC = 11 meses – 3 meses = 8 meses
* Obs.: Considera-se que 1 mês tenha 4 semanas.
IDADE CORRIGIDA

• Alguns itens devem ser observados para essa análise:


• O PC deve ser usado com a idade corrigida até os 18
meses.
• O peso deve ser corrigido até 24 meses, quando esta
diferença não é mais significativa.
• No comprimento até os 3 anos e 6 meses ainda pode
persistir uma diferença de 1 a 2 cm em relação à
população geral.
Obrigada!

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