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Psicologia Geral - Profª Maria Mercedes 24/11/2017

Bicudo Guarnieri

A Psicologia como profissão


 Regulamentada desde 1962 - Lei 4119
 Psicólogas e psicólogos: graduadas/os em Psicologia e
registrados no Conselho Regional de Psicologia de seu estado
 Privativo das Psicólogas: métodos e técnicas da Psicologia para
fins de diagnóstico psicológico, orientação e seleção
profissional, orientação psicopedagógica e solução de problemas
de ajustamento.

 As psicólogas adivinham o que os outros pensam?


 Quando fazemos um curso de Psicologia, passamos a nos
 conhecer melhor?
 Que diferença há entre a ajuda prestada por um psicólogo e um
 bom amigo?
 O que diferencia o trabalho do psiquiatra do trabalho do
psicólogo?
 Qual a finalidade do trabalho do psicólogo?
 Quais as áreas e os locais em que o psicólogo atua?
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Com quem trabalhamos? Qual objetivo?


A psicóloga não adivinha nada

 Obj. das psicólogas: dar visibilidade a dimensão subjetiva


ou psicológica da realidade (sentimentos, emoções, ações,
sentidos, significados, desejos, pensamentos vividos)
 Registros individuais ou coletivos, conscientes ou não = EU
 Vida psíquica: constituída por tudo o que está dentro e fora
de nós – somos construtores de nós mesmos e de nossa
subjetividade
 Registros: fonte de prazer ou sofrimento
 Psicólogas: trabalham na compreensão dos registros ou das
expressões e relações de um sujeito, ou na compreensão de
um coletivo de sujeitos – através de recursos teóricos-
técnicos
 Psicólogas: profissional que trabalha dando visibilidade e
inteligibilidade à dimensão subjetiva transformando-a
quando é fonte de sofrimento ou quando há interesse na
mudança
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 Potencializar sujeitos para maior autonomia e autoria


de suas histórias de vida
 Promoção de saúde – conjunto de condições criadas
coletivamente que permitem a continuidade da
sociedade – condições materiais
 Ex. pessoas fragilizadas – conjunto de pessoas
fragilizadas – relações tensas, regras,
 Atuar em prol de ações de planejamento ou
construção de políticas públicas – humanizar
 Campo de preocupação das psicólogas:
 Condições pessoais
 Condições de vida
 Planejamento e construção de politicas
públicas (dimensão subjetiva nos projetos)
Ressignificações – desenvolvimento de compreensão
acerca da inserção de cada pessoa nas relações sociais
e sua contribuição histórica e social como ser humano.
- construção de um mundo melhor. Psicologia Geral – Profª Maria Mercedes Bicudo Guarnieri

 Psicólogas/os não são bruxas/os: dispõe de conjunto de


técnicas e métodos , instrumentos teóricos e técnicos
 Instrumentos, métodos e técnicas – conhecer o implícito, o
não aparente, o não dito; pessoas e instituições olharem o
inteligível, possibilitar organização

 A Psicologia ajuda as pessoas a se conhecerem melhor – a


conhecer o seu mundo melhor
 A/o psicóloga/o é diferente do boa amiga/o – psicólogas/os
e amigas/os são parecidos –
 Amigas/os – não dispõe de conhecimento científico
específico e não planeja intervenção, nem executa
interpretação

Psicólogas e psiquiatras –
FREUD – o normal e o patológico – patológico como
exacerbação do normal – articulou a Psicologia e a Psiquiatria.
1950 – Psicofarmacologia – retomada das bases orgânicas e
biológicas da medicina – novo distanciamento Psicologia e
Psiquiatria Psicologia Geral – Profª Maria Mercedes Bicudo Guarnieri

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 Atualmente: afazeres se aproximam. Psiquiatria tem procurado


mais o conhecimento da Psicologia e vice-versa. Trabalho
multidisciplinar. Inclusão de mais parceiras/os da Psicologia:
enfermagem, TO, Fisio, Nutricionista, etc.

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A Psicologia a caminho do novo século: identidade


profissional e compromisso social

 Contexto 1999: a Psicologia se questionava quanto ao


seu papel na sociedade; intensificava-se sua inserção
nas políticas públicas

 Resgate histórico:
 Brasil colônia: fenômenos psicológicos estudados e
praticados através de outras áreas do saber (teologia,
moral, arquitetura, pedagogia, etc) – obj.: controle
dos indígenas
 Corte Portuguesa no RJ: gentrificação; higienização da
cidade; desenvolvimento do saber médico “doenças
da moral”; saneamento físico e moral da sociedade
 Racismo científico: produzir mão de obre barata;
teoria da degenerescência, inferioridade da raça;
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 Primeira República: Psicologia começa a se separar das


outras áreas. Modernização da sociedade brasileira:
indústria e agricultura. Psicologia influencia
fortemente a educação. Influências estadunidenses:
testagens, diferenciação das pessoas, a pessoa certa no
lugar certo.
 Déc. 30: Escolanovistas – a criança tem natureza pura e
boa, deve ser “cultivada” para o mal ser
“desenraizado”. Institutos de seleção e orientação.
 institucionalização da Psicologia: via o homem de
forma muito simplificada, ahistórica; aspecto social
em 2º plano;
1962: regulamentação da profissão
1979: sindicatos
Déc. 80: inserção na saúde pública; “reinventar” uma
Psicologia que permitisse contribuir e responder às
necessidades daquela população, com a qual não
estávamos habituados a trabalhar;
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 Déc.80: Federação Nacional dos Psicólogos; os


Conselhos produziram material escrito; organização
de Congressos (como os CONPSI; movimento da saúde
com liderança da Psicologia, Psicólogos ingressaram e
fortaleceram o movimento da saúde, Movimento da
Luta Antimanicomial. Começa-se a perguntar sobre o
fenômeno psicológico e sua relação com a realidade
social.

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Discutir o compromisso social da Psicologia significa,


portanto, sermos capazes de avaliar a sua inserção,
como ciência e profissão, na sociedade e apontarmos em
que direção a Psicologia tem caminhado:

para a transformação das condições de vida?


Para a manutenção?

Para contribuir para este debate, pretendo responder a


duas questões:

1. Por que hoje se coloca esta exigência para a


Psicologia, de atuar com compromisso social?

2. Quais os critérios para se afirmar que a intervenção


“demonstra compromisso social”?

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 Dados sobre a realidade brasileira

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Existe destino?

 Naturalização da desigualdade

 Desafio: A Psicologia em seu desenvolvimento esteve sempre


presa a uma dicotomia entre objetividade e subjetividade;
entre interno e externo; entre natural e histórico; objeto e
sujeito; razão e emoção; indivíduo e sociedade.

 tradição naturalizante do fenômeno psicológico nos jogou em


uma perspectiva de profissão que sempre compreendeu nossa
intervenção como curativa, remediativa, terapêutica. Temos nos
limitado a ela nestes anos todos de profissão. Não é para menos
que temos tido um modelo médico de intervenção.

 O máximo que avançamos é até o pai e mãe do indivíduo? A


família?

 A Psicologia está, então, se abrindo para estas questões e isto


coloca o compromisso social como uma possibilidade, como uma
exigência, como um critério de qualidade da intervenção.
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 quais os critérios para se afirmar que a intervenção demonstra


“compromisso social”?

 Primeiro: o trabalho do psicólogo deve apontar para a


transformação social, para a mudança das condições de vida
da população brasileira

 O psicólogo não pode mais ter uma visão estreita de sua


intervenção, pensando-a como um trabalho voltado para um
indivíduo, como se este vivesse isolado, não tivesse a ver com
a realidade social, construindo-a e sendo construído por ela

 Saber-fazer da psicóloga: interfere na realidade

 Ex. fracasso escolar

 Colocar em debate a finalidade de nosso trabalho

 Trabalhar na perspectiva de que a pessoa acompanhada irá


modificar a sua realidade
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 É necessário mudar as técnicas e o método, pois as nossas são muito


intelectualizadas e racionais; formação tecnicista

 Assumir um compromisso social em nossa profissão é estar voltado para


uma intervenção crítica e transformadora de nossas condições de vida.
É estar comprometido com a crítica desta realidade a partir da
perspectiva de nossa ciência e de nossa profissão. É romper com 500
anos de desigualdade social que caracteriza a história brasileira,
rompendo com um saber que oculta esta desigualdade atrás de
conceitos e teorias naturalizadoras da realidade social. Assumir
compromisso social em nossa prática é acreditar que só se fala do ser
humano quando se fala das condições de vida que o determinam.
Termos práticas terapêuticas deve significar termos práticas capazes de
alterar a realidade social, de denunciar as desigualdades, de contribuir
para que se possa cada vez mais compreender a realidade que nos cerca
e atuarmos nela para sua transformação no sentido das necessidades da
comunidade social. Assumir compromisso social em nossa ciência é
buscar estranhar o que hoje já parece familiar; é não aceitar que as
coisas são porque são, mas sempre duvidar e buscar novas respostas.
Compromisso social é estranhar, é inquietar-se com a realidade e não
aceitar as coisas como estão. É buscar saídas. É isto que parte de nossa
categoria profissional vem fazendo, o que é motivo de orgulho para
todos nós. Psicologia Geral – Profª Maria Mercedes Bicudo Guarnieri

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Identidade profissional das psicólogas e psicólogos

E, para terminar minha reflexão, trago a questão da


identidade profissional do psicólogo. Tenho resistido um
pouco a discussões sobre a identidade da Psicologia, porque,
em geral, essas discussões buscam uma cara para a Psicologia
pensando em poder mantê-la depois de encontrada. Quero
uma Psicologia que se metamorfoseie o tempo todo,
acompanhando as mudanças da realidade social de nosso
país. Não podemos querer uma Psicologia que seja a
cristalização de uma mesmice de nós mesmos. Se
entendermos que a identidade é movimento, é metamorfose,
devemos entender que a identidade profissional nunca estará
pronta; nunca terá uma definição. Estará sempre
acompanhando o movimento da realidade. Na verdade, penso
que nos enganamos quando falamos que não temos
identidade profissional.
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Temos sim. Temos uma identidade profissional que reflete a


prática importante que temos tido, porém elitista, restrita,
pouco diversificada e colada às necessidades e demandas de
setores dominantes de nossa sociedade. Uma minoria que,
possuindo condições de comprar nossos serviços, foi por
muito tempo a única usuária deles. Queremos agora dar a
volta por cima e construir uma profissão identificada com as
necessidades da maioria da população brasileira, uma
maioria que sofre, dadas as condições de vida que possui;
uma maioria que luta, dadas as condições de vida que
possui. Identificar-se com as necessidades de nosso povo e
acompanhar o movimento destas necessidades, sendo
capazes de construirmos, sempre e permanentemente,
respostas técnicas e científicas. É este o nosso desafio.
Queremos estar em busca permanente, em movimento
sempre. Queremos que o movimento seja a nossa identidade
e que a inquietação seja nosso lema.
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Quem queremos ser?

Que cara queremos dar à profissão?

Que inserção social queremos que


ela tenha?

Que vínculo queremos ter com a


sociedade que abriga e recebe nosso
trabalho?

Que finalidade queremos imprimir


às nossas ações?

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https://www.conversaafiada.com.br/brasi
l/2011/03/07/racismo-no-brasil-a-
historia-de-uma-foto

Referências Bibliográficas:

BOCK, A. FURTADO, O. TEIXEIRA, M. A Psicologia enquanto


profissão. In.: BOCK, A. FURTADO, O. TEIXEIRA, M. Psicologias:
uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo, Saraiva,
2008.

BOCK, A. A Psicologia a caminho do novo século: identidade


profissional e compromisso social. Estud. psicol.
(Natal)[online]. 1999, vol.4, n.2, pp.315-329. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
294X1999000200008&script=sci_abstract&tlng=pt

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