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Teorias e

Técnicas de
Grupo

Docente: Valéria de Oliveira Gonçalves

Maio 2023
Objetivo da Disciplina
Desenvolver no acadêmico competências gerais
ou de fundamento de área, de acordo com as
unidades de ensino e conteúdos estudados, com foco
nas habilidades necessárias para a atuação
profissional. Além disso, com o uso do Ambiente
Virtual de Aprendizagem, acadêmico é inserido no
contexto das ferramentas tecnológicas e de
autonomia na aprendizagem.
Competência
• Conhecer fundamentos e procedimentos de
dinâmica dos grupos, compreendendo
os como unidades inseridas em contextos
econômicos, políticos e sócio culturais
dinâmicos e em permanente transição.
Relatório de observação sobre comportamento
grupal .
Plano de Ensino
Bibliografia Básica:
• Yalom, Irvi D. Psicoterapía de Grupo - teoria e
prática. Porto Alegre: Artmed, 2006 .
• Osorio, Luiz Carlos Grupoterapias – abordagens
atuais. Porto Alegre: Artmed, 2007 .
• Osorio, Luiz Carlos Grupos: teorias e práticas -
acessando a era da grupalidade. Belo Horizonte:
Artesã, 2021.
• Pichon´-Rivière, Enrique Teoria do Vínculo. São
Paulo: Martins Fontes, 2000.
• Pichon´-Rivière, Enrique O Processo Grupal. São
Paulo: Martins Fontes, 2000.
Método Avaliativo
• Parcial 1 - 1000 pontos ( até dia 31/03)
– Divididos em trabalhos
• Oficial 1 - 1000 pontos ( de 10/04 à 14/04)
- Prova
• Parcial 2 – 2500 pontos (até dia 31/05)
- Divididos em trabalhos
• Oficial 2 - 4000 pontos ( 02/06 à 07/06)
- Prova
• Segunda Chamada - 4000 pontos (19/06)
• Exame Especial - 5000 pontos (26/06)
“Muito antes de ter aprendido a
fazer fogo ou a construir um abrigo,
o homem percebeu as qualidades
especiais que podiam ser obtidas da
reunião com seus semelhantes.”
S. H. Foulkes (1963)
Teorias e Técnicas de Grupo
Vida grupal ➔ relações interpessoais ➔
desde os primórdios do processo
civilizatório do ser humano.
➔último milênio – fenômenos grupais
Afinal o que é um grupo?
• Conjunto de pessoas em uma ação
interativa com objetivos compartilhados.
• Conjunto de pessoas capazes de se
reconhecerem em sua singularidade e que
estão exercendo uma ação interativa
com objetivos compartilhados.
Dinâmica de Grupo
Nascimento de uma Nova Disciplina
• Psicologia (fenômenos psíquicos de um indivíduo)
+ Psicologia Social ( manifestações coletivas do
psiquismo humano) ➔ Psicologia grupal

• Gustave Le Bom – Psicologia das multídões


- Ponto de partida para Freud estudar o
comportamento coletivo à luz da Psicanálise
Psicologia Grupal
• Kurt Lewin ➔ nasceu na Prússia, na cidade de
Mogilno em 1890.
– Mudou-se para Berlim durante a infância;
– Estudou Medicina e Biologia
– 1911 interesse em Filosofia e Psicologia
Ele pensava que a Psicologia poderia ser
muito útil para alcançar uma maior justiça e
equidade no mundo.
• Doutorado em Filosofia
• Primeira Guerra Mundial
• Instituto Psicológico de Berlim
• Segunda Guerra – Jerusalém – EUA
• Interesse na Gestalt
• Lecionou na Universidade De Cornell, Iowa e
foi diretor do Centro de Pesquisa de dinâmica
de Grupo no MIT - Massachussets
• Kurt Lewin concentrou as suas pesquisas em
fenômenos sociais.
– Estudou detalhadamente a interação social, assim
como os efeitos da pressão social no
comportamento e as dinâmicas de trabalho nas
organizações. Graças a tudo isso, ele estabeleceu as
bases do que seria a Psicologia Social.
– Os indivíduos não são passivos e estabelecem
interação com seu entorno.
• Kurt Lewin ➔novos postulados para
compreender o comportamento humano.

• Ele pegou emprestado da Física o conceito de


“campo” (este termo se refere a uma área do
espaço que conta com determinadas
propriedades ou fatores que lhe dão uma
configuração específica).
• Para ele o comportamento humano é o resultado
de um campo, que compreende um conjunto de
fatos coexistentes, onde a mudança em uma parte
influencia a mudança do conjunto em sua
totalidade. Por sua vez, o sujeito percebe estes
fatos e sua dinâmica de uma maneira particular.
(“espaço vital”).
• As variáveis que estão operando nesse campo
dinâmico, o espaço vital, são fundamentalmente
três: tensão, força e necessidade
• Teoria de Campo (1940)
– Lewin propôs que o comportamento é o resultado
do indivíduo e do ambiente.
– Essa teoria teve um grande impacto na psicologia
social, apoiando a noção de que nossos traços
individuais e o ambiente interagem para causar
comportamento.
– o comportamento individual era função da
interação entre o indivíduo e seu ambiente atual ou
“campo” e não um produto de eventos passados ​ou
expectativas futuras.
– Campo ➔ o mundo psicológico total em que uma
pessoa vive em um determinado momento.
Incluindo assuntos e eventos do passado, presente e
futuro, concreto e abstrato, real e imaginário, todos
interpretados como aspectos simultâneos de uma
situação.
• As pessoas existem dentro de um campo de forças.
• Espaço vital é o campo de forças ao qual o indivíduo
está respondendo ou reagindo.
• Alguns objetos, pessoas ou situações podem adquirir
valência no ambiente psicológico, determinado um
campo dinâmico de forças psicológicas.
– Valência positiva (podem satisfazer necessidades)
que atraem o indivíduo ou negativa (podem
ocasionar algum prejuízo) que repelem o indivíduo.
– A atração é a força.
• O espaço de vital contém o próprio indivíduo,
os objetivos que ele busca (valência positiva)
ou evita (valência negativa), as barreiras que
restringem os movimentos do indivíduo e o
caminho que ele deve seguir para alcançar seu
objetivo.
• As forças do ambiente levam indivíduos
diferentes a reagirem de forma diferente ao
mesmo tipo de estimulo. A influência dessas
forças sobre o indivíduo dependeria das
próprias necessidades, atitudes, sentimentos e
expectativas do mesmo.
• A teoria de campo de Lewin diz que o
comportamento do ser humano deriva de dois
fatores fundamentais:
• Da soma total dos fatos ocorridos e
coexistentes em determinada situação, e a
situação total gerada, é o que gera o
comportamento nas pessoas.
• Esses fatos ocorrem de maneira dinâmica e
interativa, onde cada fato influencia e é
influenciado pelos outros, e pelo todo. Esse
campo dinâmico é o conhecido campo
psicológico da pessoa, e é o que ajusta e
modifica o modo de ver e entender as coisas ao
seu redor.
Pesquisa-Ação
• Lewin, entendeu que não seria possível realizar
experiências e formular hipóteses a partir do exame da
sociedade global ou dos grandes conjuntos sociais;
• formulou, um método que denominou pesquisa-ação
➔ examinando as variáveis dos fenômenos grupais no
âmbito de pequenos grupos de 12 a 15 membros.
– grupos nos quais os indivíduos podem-se reconhecer em sua
singularidade durante a experiência em que estão envolvidos.
– noção de que o observador é parte indissociável dos
fenômenos humanos que estuda.
“Com a pesquisa-ação e a sistemática
introduzida por Lewin e seus discípulos na
formação de profissionais destinados a
coordenar atividades grupais de cunho não
explicitamente terapêutico, nascia a dinâmica
de grupos, matriz a partir da qual se
desenvolveria o que aqui denominamos
psicologia grupal.”
Osório, 2003
Contribuições de Outros Referenciais
Teóricos

• Freud - Psicanálise ➔ compreensão das


motivações inconscientes da conduta humana
fornece ➔ entender o que se passa no campo das
interações grupais.
• Moreno - A teoria dos papéis e a abordagem
psicodramática.
• Pichon-Rivière - Teoria dos vínculos e a
relação dos grupos com a realização das tarefas
a que se propõem.
• Bertalanfy - A teoria sistêmica.
• Bateson - Os estudos sobre a comunicação
humana.
➔Da Dinâmica de grupos, ela obteve as
noções básicas de campo grupal, das
distintas formas de liderança e do
exercício da autoridade, bem como do
aprendizado da autenticidade;
➔ Da psicanálise, sua teoria dos afetos e a
compreensão das motivações inconscientes das
ações humanas;
➔Da Teoria dos Vínculos e dos Grupos
Operativos, a forma de discernir os objetivos
(tarefas) dos grupos e das
instituições e o modo de abordá-los
operativamente, a partir dos vínculos
relacionais;
➔ Do Psicodrama, a visualização dos papéis
designados no cenário dos sistemas humanos e
a utilização do roleplaying como ferramenta
operacional;
➔ Da Teoria Sistêmica, a possibilidade de
perceber e discriminar o jogo interativo dos
indivíduos no contexto grupal
e, a partir dessa percepção, catalisar as
mudanças possíveis no sistema, trabalhando
com os elementos fornecidos
pela teoria da comunicação humana, no
sentido de esclarecer os "mal-entendidos" e
desfazer os "nós comunicacionais" que
obstaculizam o fluxo operativo.
Aula 04

Psicanálise aplicada a grupos


Psicanálise ➔ compreensão das
motivações inconscientes do
comportamento → entendimento do que
se passa nas relações interpessoais que
constituem a matriz funcional do ente
grupal.
• Freud ➔ centrou-se no estudo dos
fenômenos coletivos, das massas ou
multidões ➔ suas conclusões são
aplicáveis apenas em parte aos
microgrupos.
• 1905 – Freud já pontuava sobre a
influência dos agrupamentos sobre o
comportamento psicológico do
indivíduo.
- Totem e Tabu – todo edifício da
sociedade assenta-se sobre a relação
primitiva do homem com seu pai –
Complexo de Édipo.
- Mal estar na cultura – insolúvel
antagonismo entre as exigências
instintivas e as restrições culturais.
- Moisés e o Monoteísmo - origens da
organização social – ideia de que a
religião é a neurose da humanidade –
pode-se tratar os povos como se trata os
neuróticos individuais.
- Psicologia das Massas e Análise do
Ego – baseando-se nos estudos de Le
Bon (Psicologia das Multidões) e Mc
Dougall (A Mente Grupal), Freud se
aproximou de criar um espaço para a
investigação psicanalítica sobre o que se
passa nos grupos humanos como tais.
Le Bon já havia percebido um caráter sui
–generis do organismo grupal, distinto
de seus componentes individuais, que só
é incorporado novamente na abordagem
sistêmica dos grupos – teoria dos tipos
lógicos de Russel.
“O grupo psicológico é um ser provisório,
formado por elementos heterogêneos que por
um momento se combinam exatamente como
as células que constituem um corpo vivo
formam, por sua reunião, um novo ser que
apresenta características muito diferentes
daquelas possuídas por cada uma das células
isoladamente.”
Freud
• Tendência a vincular – formação de grupos.
• Identificação – a via pela qual podemos
estabelecer a grupabilidade – a mais remota
expressão de um laço emocional.
- Identificação introjetiva – processo
psicológico pelo qual o indivíduo assimila um
aspecto, propriedade ou atributo de outrem e se
transforma segundo o modelo introjetado.
– Identificação projetiva – atribuir ao outro
qualidades ou atributos de si próprio.
(Melanie Klein)

Empatia – possibilidade que temos de sentir


o que sentiríamos caso estivéssemos
vivenciando a mesma situação de outra
pessoa.
• Identificação projetiva ➔ noção de empatia
➔ via psíquica para estabelecer o processo
empático entre os seres humanos, então se
torna a condição necessária para se criar a
mentalidade grupal.
– Comunicação de sentimentos
– Percepção de ser entendido
• Identificação introjetiva e projetiva
➔Transferência ➔ mecanismo pelo qual
deslocamos sentimentos que experimentamos
originalmente na relação com as figuras
significativas da nossa infância para outras
pessoas.
• Bion – conceito de supostos básicos do
funcionamento grupal.
– A atividade mental dos indivíduos quando
estão em grupos é regida por fantasias
inconscientes compartilhadas, e isto
determina o aparecimento dos supostos
básicos (dependência, de luta-fuga, de
acasalamento ou expectativa messiânica)
• Os supostos básicos podem aparecer
simultaneamente ou alternadamente e se
opõem ao grupo de trabalho (estado
mental cooperativo).
• De dependência – o líder como
responsável pelas iniciativas e por tomar
conta do grupo. A fantasia inconsciente –
líder é uma figura onipotente
• De luta-fuga ➔ grupo age como se
existisse um inimigo a se enfrentar.
Fantasia inconsciente ➔ líder é
invencível.
• De acasalamento ou expectativa
messiânica ➔ fantasia inconsciente –
líder por nascer ➔ crença de que os
problemas do grupo serão solucionados
por alguém que ainda não nasceu.
(sociedades políticas)
• Schilder – introduziu o método analítico
na psicoterapia de grupos.
– Privilegiava o enfoque individual;
– Entrevistas para o ingresso no grupo
(coleta de história de vida)
– Associação livre
– Pouca atenção na interrelação.
– Tônica na relação transferencial com o
terapeuta.
• Foulkes ➔ preocupou-se em descrever as
peculiaridades da abordagem grupal e em
estabelecer suas fronteiras com a análise
individual.
– Matriz – rede comum a todos os membros
do grupo, da qual depende o significado e a
importância do que ocorre no grupo, além
de se referir a todas as comunicações e
interpretações verbais e não verbais.
• Slavson ➔ ênfase na presença dos
elementos básicos da psicanálise (
transferência, interpretação de conteúdos
latentes, busca de insight) dentro do
contexto grupal
• Ezriel ➔ desenvolveu sua teoria de
interpretação que possibilitava a
interpretação do “material profundo”
tanto na situação individual ou grupal.
• A escola francesa contribui focando na
possibilidade de desenvolver uma
abordagem do grupo coerente com as
formulações originais de Freud e o
setting analítico tradicional.
• Anzieu ➔ psicodrama psicanalítico ➔
formulou ideias da ilusão grupal ➔
elaborou a noção de aparelho psíquico
grupal e desenvolveu o conceito de
cadeia associativa grupal.
• Do ponto de vista dinâmico, a situação de grupo acarreta uma ameaça
de perda de identidade do Eu. A presença de uma pluralidade de
desconhecidos materializa os riscos de fragmentação. A ilusão
grupal responde a um desejo de segurança, de preservação da unidade
egóica ameaçada. (...) Os outros são, ao mesmo tempo, rivais a
eliminar e eliminadores em potencial. Os participantes de um grupo
elaboram diversas defesas individuais contra essa posição
persecutória, guardando, por exemplo, um silêncio obstinado, ou
tentando assumir a liderança, ou ainda constituir subgrupos. A ilusão
grupal representa uma defesa coletiva contra a angústia persecutória
comum. (Anzieu, 1993, p. 82 - grifo nosso)
• A Escola Argentina ➔ Grinberg, Rodrigué e
Langer (1957)➔ elaborou um modelo clínico
de abordagem grupal, psicoterapia de grupo,
dando ênfase na atitude interpretativa,
caracterizada por interpretar:
– o grupo como um todo (emocional,
fantasias)
– em função dos papéis (sentimento comum
ao grupo)
– a atitude e as fantasias do grupo em relação a
determinada pessoa e em relação ao terapeuta;
– em termos de subgrupos, como partes
complementares e índice de desintegração desse
todo e como dramatização de fantasias
inconscientes;
– em função do aqui e agora ( crenças e atitudes
de cada um dos integrantes em relação ao grupo
como totalidade, aos outros membros e ao
terapeuta.
• Cortesão discípulo de Foulkes –
Portugal:
– Elaborou o conceito de padrão gurpanalítico
a partir da ideia de Foulkes sobre matriz
grupal. Sugeriu que o terapeuta fomenta,
com suas atitudes algo que se vincula à
natureza terapêutica do grupo, ou seja o
analista funciona como um emissor de
significados.
• Definiu o processo grupanalítico,
conceituando-o como o modo pelo qual
as várias dimensões teóricas e técnicas –
que contribuem para dar corpo e forma à
terapia grupal – são estruturadas,
organizadas e desempenham uma função.
• Neri – italiano – desenvolve suas contribuições
a partir de Bion:
– Trata do desenvolvimento dos processos do
grupo, descrevendo estado grupal nascente
(grupo começa a tomar forma como
unidade) e estágio da comunidade dos
irmãos (momento que se constitui
plenamente como grupo e torna-se um
agente coletivo, capaz de pensar e elaborar.
• Grupo como um espaço de elaboração
mental, onde a função do terapeuta não
seria tanto de interpretar os conteúdos,
mas oferecer condições para que o
pensamento grupal se processe e opere
de maneira eficaz.
A Teoria da Gestalt e a Dinâmica
de Grupos
• Surgiu no início do século XX, como reação ao
atomismo.
– GESTALT ➔ modo como os elementos
estão agrupados juntos.
– Teve origem nos estudos da percepção,
principalmente na descrição do fenômeno
phi – ilusão visual de que objetos estáticos
mostrados em rápida sucessão parecem estar
em movimento por ultrapassarem o limiar
da visão humana de poder percebê-los
isoladamente.
• Noção de que o todo é maior do que suas
partes constituintes e de que seus
atributos não podem ser deduzíveis a
partir do exame isolado das partes
constituintes.
• Lewin e seus estudos sobre grupos e
dinâmicas.
• Tendência a incluir o observador na
descrição do fenômeno observado, dentro
do princípio da teoria da relatividade, de
que não há objetividade pura na
aproximação cientifica de qualquer fato
natural.
• Partindo do referencial gestáltito, Lewin
elaborou sua teoria do funcionamento
grupal.
• O termo Dinâmica de grupo apareceu em
1944 - teoria e prática em psicologia social.
• 1945 – no MIT – fundou um centro de
pesquisa de dinâmica de grupo (Research
Center for Group Dynamics)
• Engenharia social – mas não como
técnica de manipulação dos grupos.
• Segundo Lewin, os fenômenos grupais
não podem ser observados do “exterior”,
só estando inteligíveis ao observador que
participa da vivência grupal.
• Pesquisa-ação ➔ observador incluído no
grupo, o modifica e não invalida a
proposta investigativa.
– Contexto de pequenos grupos (face to face
groups) ➔ permite que seus participantes
existam psicologicamente uns para os outros
e se encontram em uma situação de
interdependência e interação durante a
experiência grupal.
• Pequenos grupos ➔ permitem a
observação “ao vivo” dos processos de
interação social e constituem-se em uma
unidade experimental de referência para
a formulação de hipóteses que possam
posteriormente ser confrontadas e
comparadas com o encontrado em outros
grupos humanos.
• As ações e as percepções dos membros
são elementos de uma estrutura mais
complexa e não podem ser
compreendidas fora desta estrutura. O
indivíduo se comporta de uma maneira
sui-generis que está relacionado com a
Gestalt grupal.
• Integração de um grupo se dá nas
relações interpessoais baseadas na
autenticidade da comunicações.
• Autoridade e tipos de liderança:
– Autocrático
– Laissez-faire
– Democrático
Aula 06
• Correção da prova
• Continuação da matéria
Gestalt - continuação
• Lewin descreveu etapas do processo de solução
de problemas:
– Definição dos problemas;
– Promoção das idéias;
– Verificação das idéias;
– Tomada de decisão;
– Execução.
• Ele criou um modelo para verificar a validade
das dinâmicas de grupo e para treinar
coordenadores de grupos.
– Ele organizou o Centro de Pesquisa de dinâmicas de
grupo no MIT
• Nesse grupo sempre havia o encontro para a auto-
avaliação e autocrítica do grupo e percebiam a pouca
evolução e a falta de integração da equipe.
• “Se a integração entre nós não se realiza e
se, paralelamente, nossas pesquisas
progridem tão pouco, tal fato pode
ocorrer em razão de bloqueios que
existiriam entre nós ao nível de nossas
comunicações.”
» Lewin
– Dessa hipótese inicial ➔ encontros fora do
trabalho ➔ propósito de aprenderem a se
comunicar de forma autêntica.
• Experiência de sensibilização para as
relações humanas.
Dois pilares do processo de aprendizagem
das dinâmicas de grupo:

• BSTG – Basic Skill Traning Group – grupo de


treinamento das técnicas de base
• Grupos de discussão – eram discutidos os
problemas dos grupos
• A partir de 1956 – o grupo de discussão foi
abandonado e foi repensado o BSTG.
– SG – Skill Group
– TG – Traning group
• Mais tarde o T- Group foi renomeado para F
Group – centrado em si mesmo, nas interações
dos membros no aqui e agora, com abertura para
o acontecer não-programado.
• Fenômenos que se repetem sempre nos grupos:
– Busca de afirmação pessoal;
– Rivalidades e alianças;
– Disputas pela liderança;
– Alternância de momentos de coesão e
desagregação;
– Reativação de preconceitos ao lado de sua
desativação
– Resistência ou disposição à mudança;
– Surgimento de mal entendidos a par de
esforços para se fazer entendidos.
• Principais contribuições das dinâmicas de
grupo;
– Possibilidade de cada membro a vivência
única na interação com os outros membros
do grupo;
– Experiências nos papéis de líder e liderado;
– Educação para a autenticidade.
“Os grupos de formação não possuem estruturas
internas, nem tarefas a realizar ou lideranças pré-
designadas. Seus coordenadores devem recusar-se a
representar o papel de “condutores” e tão somente
funcionar como “catalisadores” do processo grupal, o que
exclui a função de conselheiros ou agentes de informação
para o grupo, necessitando absterem-se de estimular a
dependência do grupo.”
(Osório, L. C. 2003)
– Comprometimento;
– Fidelidade aos objetivos;
– Modelos de autenticidade interpessoal.
Aula 07 – Grupos Operativos
• Atividade para Parcial II
– Dinâmicas
– Temas de Psicologia – Entrevista e grupos –
José Bleger
• 05 Grupos
• Resenha do livro todo para todos os grupos.
• Apresentação – Cada Grupo vai apresentar um
capítulo
Grupos Operativos

Pichon-Riviere 1907-1977 – usando o


referencial teórico da psicanálise e da
dinâmica de grupos, Pichon elaborou a teoria
dos Grupos Operativos.
Para Pichon, os grupos operativos se
definem como grupos centrados na tarefa,
que podem se utilizar de técnicas grupais
centradas no indivíduo ou centrada no
grupo e na análise de suas próprias
dinâmicas
• As técnicas centradas no indivíduo,
influenciadas pela psicanálise, são centradas no
indivíduo identificado como porta-voz do
grupo.
• As técnicas centradas no próprio grupo foram
inspiradas nas idéias de Lewin, na qual se
considera o grupo como uma totalidade.
• Pichon Rivière considera a tarefa como o
essencial do processo grupal, sendo aquilo que
o caracteriza a relação que seus integrantes
mantém com a tarefa, por isso, insistia em
chamá-los grupos centrados na tarefa.
• A tarefa poderá ser para a obtenção da "cura",
se for um grupo terapêutico, ou para a
aquisição de conhecimentos, se for um grupo
de aprendizagem.
• Segundo Pichon a distinção entre grupos
terapêuticos ou de aprendizagem não é
essencial, porque para ele não há diferenças
entre propósitos terapêuticos e de
aprendizagem.
• O fundamental da tarefa grupal é a resolução
de situações estereotipadas e a obtenção de
mudanças.
• Todo grupo terapêutico proporciona
aprendizagem de novas pautas relacionais,
assim como todo o grupo de aprendizagem
enseja a criação de um clima propício à
resolução de conflitos interpessoais sendo,
portanto, também terapêutico.
• Todo grupo operativo é terapêutico, porém
nem todo grupo terapêutico é operativo.
• Enfermeiros/Pacientes – 1945 – Nascimento
dos grupos operativos.
• Com a experiência, Pichon pode inferir que os
pacientes na tarefa de serem enfermeiros,
tiveram benefícios terapêuticos nessa
aprendizagem e extraiu seu entendimento de
que não há distinção clara entre grupos
terapêuticos e de aprendizagem.
• “Quando se está apreendendo, embora não
conscientemente, estamos abandonando formas
estereotipadas de ver o mundo ou a realidade,
tal qual ocorre em um processo terapêutico,
assim como podemos entender a dificuldade ou
a resistência a curar-se como perturbações da
aprendizagem.”
(Pichon Riviére)
• Pichon Rivière diz que a essência da tarefa
grupal na concepção operativa é superar e
resolver situações fixas e estereotipadas, as
quais denomina dilemáticas.
• Isso possibilita sua transformação em situações
flexíveis, que permitem questionamentos, ou
seja, dialéticas.
• O objetivo transcendente é, pois, passar da
imobilidade e resistência à mudança para o
movimento e propensão as trocas.
“Tudo que está vivo está em constante
movimento e se alterando continuamente.”

• Para compreender a inércia, a dificuldade dos


grupos em relação as mudanças, Pichon-
Rivière busca na teoria psicanalítica,
principalmente em Melanie Klein os aportes
teóricos necessários.
• Ao analisar a resistência à mudança e o
significado dela para cada um, ele percebe que
existiam, na realidade, dois medos básicos em
toda a patologia e frente a toda a tarefa a
iniciar.
– Medo à perda;
– Medo ao ataque.
• O medo à perda determina o que
Melanie Klein (1980) denominou
ansiedades depressivas, e o medo ao
ataque, as ansiedades paranóides.
• “A perda dos instrumentos que utilizavam como
enfermidade para lograr uma adaptação particular ao
mundo, ou seja, a perda do conhecimento advindo com
o "ofício" de doentes, seria a inércia que se opõe à
cura e freia a mudança; por outro lado, o medo ao
ataque consiste em se encontrar vulnerável diante de
uma nova situação pela falta de condições para lidar
com ela.”
• Baseando-se em Lewin, na dinâmica de
grupo e seus “laboratórios sociais”,
Pichon fez a chamada Experiência do
Rosário em 1958 preparando equipes de
trabalho em técnicas grupais no Instituto
Argentino de Estudos Sociais (IADES)
sob a sua coordenação.
• “Pichon-Rivière elaborou o esquema conceitual
referencial operativo. conjunto de experiências,
conhecimentos e afetos prévios com que os indivíduos
pensam e agem em grupos, mas que, para se tornar
operativo, ou seja, gerador das mudanças pretendidas,
necessita da aplicação de uma estratégia (a criação de
uma situação de laboratório social), de uma tática (a
abordagem grupal) e de uma técnica (privilegiando a
centralização na tarefa proposta).”
• A função do coordenador consiste
basicamente em criar, manter e fomentar
a comunicação entre os membros do
grupo.
• Teoria do Vínculo
– O vínculo seria uma estrutura dinâmica que
engloba tanto o indivíduo como aquele(s)
com quem interage e se constitui em uma
Gestalt em constante processo de evolução.
• “Porta-voz: é aquele membro do grupo
que, em determinado momento, diz ou
enuncia algo que até então permaneceu
latente ou implícito, não tendo
consciência de que esteja expressando
algo de significação grupal, pois o vive
como próprio.”
• A função do coordenador é decodificar o
emergente grupal, o material veiculado pelo
porta-voz, para o grupo.
• Verticalidade e horinzontalidade grupais.
– Verticalidade - designa a história, as
experiências, as circunstâncias pessoais de
um membro do grupo.
– Horizontalidade - constitui o denominador
comum da situação grupal, ou seja, aquilo
que, em um dado momento, é compartilhado
por todos os membros do grupo consciente
ou inconscientemente.
• “A verticalidade se articula com a
horizontalidade, pondo em evidência o
emergente grupal. O vertical representa, pois,
os antecedentes pessoais que se vêem
atualizados em um dado momento do processo
grupal, e o horizontal é a expressão desse
presente grupal que permitiu o
compartilhamento pelos demais membros do
grupo dos afetos suscitados por um deles (o
porta-voz).”
• O porta voz denuncia a enfermidade
grupal ou revela os bloqueadores da
tarefa grupal.
• Cria uma forma de abordar o grupo
familiar com grupos operativos e são
mencionadas, então, as noções de
depositário, depositantes e depositado.
• “...neste processo interacional de adjudicação e
assunção de papéis, o paciente assume os aspectos
patológicos da situação, que compromete tanto o
sujeito depositário como os depositantes. O estereótipo
se configura quando a projeção dos aspectos
patológicos é maciça. O indivíduo fica paralisado,
fracassando em seu intento de elaboração de uma
ansiedade tão intensa e adoece ... com a posterior
segregação do depositário, pelo perigo representado
pelos conteúdos depositados...”
• Paciente identificado como emissor da
patologia familiar, passando da condição
de agente protetor da enfermidade
familiar para bode expiatório.
• 1960 propôs modelo de terapia de grupo
familiar com base no referencial de grupos
operativos.
• reconhecendo a importância da família como
unidade indispensável de toda organização
social.
• “A família adquire esta significação dinâmica
para a humanidade, porque, mediante seu
funcionamento, provê o marco adequado para a
definição e a conservação das diferenças
humanas, dando forma objetiva aos papéis
distintos, mas mutuamente vinculados, de pai,
mãe e filho, que constituem os papéis básicos
de todas as culturas (pichon-Rivière, 1971,
p.57-64).”
• A enfermidade básica no grupo familiar
está nos mal entendidos.
• Um ponto principal na teoria dos grupos
operativos elaborada por Pichon-Rivière: a
noção de que todo o grupo, para funcionar
operativamente (ou ser um "grupo de trabalho",
na terminologia de Bion), precisa estar
comprometido com a mudança das estruturas
estereotipadas, o que implica movimento
psíquico e processo evolutivo.
• Esquematicamente, um grupo se torna
operativo quando preenche as condições
preconizadas nos três Ms:
➔ MOTIVAÇÃO para a tarefa.
➔ MOBILIDADE nos papéis a serem
desempenhados.
➔ Disponibilidade para MUDANÇAS
que se evidenciem necessárias.
Aula 08 - Psicodrama
• Psicodrama – 1974
– Jacob Levy Moreno (1889-1974) nasceu na
Romênia, cresceu na Austria e se
naturalizou americano. Criou o Psicodrama
e foi também um dos pioneiros no estudo da
Terapia em Grupo.
– Médico, psicólogo, filósofo e dramaturgo.
• Moreno sistematizou seus pensamentos de
maneira didática, expondo suas idéias no
método Psicodrama criado por ele. Chegou a
assinalar dia e hora do nascimento do
Psicodrama, 1º de abril de 1921, entre 19 e 21
horas.
• Em uma tentativa de representação solo
fracassada, onde tentara fazer com que o
público participasse e se tornasse o elenco de
sua peça, nasceu uma nova modalidade de
expressão catártica, cujo instrumento era a
espontaneidade e se apoiando na teoria dos
papéis, se constituiu na abordagem
psicodramática dos conflitos interpessoais.
• Método psicoterápico de grupo, estabeleceu um
setting grupal, com a presença do terapeuta
(diretor da cena), de seus egos auxiliares e dos
pacientes (tanto como protagonistas quanto
como público).
• A expressão psicoterapia de grupo foi utilizada
pela primeira vez por Moreno.
• Quatro pontos de origem do Psicodrama:
– Infância – representação de Deus – 04 anos;
– Juventude - estudante de Medicina – reunia
grupos de crianças nos jardins de Viena para
representações improvisadas;
– Representação pública em 1921;
– 1922 – teatro da espontaneidade para o
teatro terapêutico.
• Nasceu assim a técnica terapêutica (Jorge e
Bárbara representação teatral) como
abordagem de casal.
• Tanto a psicanálise quanto o psicodrama
nasceram no contexto sociocultural de Viena
da passagem do século, sendo Freud e Moreno
contemporâneos.
“ Bem, Dr. Freud, eu começo onde o
senhor deixa as coisas. O senhor vê as pessoas no
ambiente artificial de seu consultório, eu os vejo
na rua e em sua casa, em seu ambiente natural. O
senhor analisa seus sonhos. Eu trato de dar-lhes o
valor de sonhar novamente. Ensino as pessoas a
brincar de Deus.”
(Moreno in Osório, 2003)
• Teoria da espontaneidade criativa – elaborada
como contraponto à teoria do determinismo
psíquico freudiana.
• Segundo Moreno podemos nos educar para a
espontaneidade, nos libertando dos clichês e
estereótipos culturais e se dispondo a
desenvolver novas dimensões da
personalidade.
• A espontaneidade está ligada ao
pensamento e ao repouso, tanto quanto à
emoção e a ação.
– Criatividade como co-função da
espontaneidade.
– Reflexão pressupõe intensa atividade
mental(pensamento) – ocorre mais na
ausência da ação motora.
• Grupo ➔ espaço de reflexão privilegiado ➔
possibilitando o espelhamento recíproco,
superação de pré-conceitos e atitudes
estereotipadas (espontaneidade grupal) e
prontidão para mudanças ou transformações
(criatividade grupal)
• Psicodrama como veículo para o
desenvolvimento da espontaneidade do
adulto ou a recuperação da
espontaneidade infantil vigente na
atividade lúdica.
• Teoria dos papéis ➔ conjunto caleidoscópico
de expressão de várias possibilidades
identificatórias do ser humano, expressando as
distintas dimensões psicológicas do eu (self) e
a versatilidade potencial de nossas
representações mentais.
• “Segundo Moreno, o papel é a forma de
funcionamento assumida pelo indivíduo no
momento específico em que reage ante uma
situação específica na qual estão involucradas
outras pessoas e objetos, e sua função é entrar
no inconsciente, a partir do mundo social, para
dar-lhe forma e ordem.”
• Papéis que nos são designados na sociedade x
papéis que desejamos desempenhar ➔ desejos
como fonte de ansiedade.
• Papel é a unidade da cultura e que há uma
interação contínua entre o eu (self) e a
variedade de papéis que representa ou poderia
vir a representar.
• Tele – influência a distância

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