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Psicologia Social

A Psicologia Social pode ser definida como o estudo científico de como os nossos
pensamentos, sentimentos e comportamentos são influenciados pela presença real ou
imaginária de outras pessoas. Daí, os psicólogos sociais terem como principal objetivo
compreender como e porquê o ambiente social molda os pensamentos, os
sentimentos e os comportamentos do indivíduo. Também, a psicologia social tenta
explicar o comportamento social, por isso os psicólogos sociais explicam o
comportamento social em termos do poder da situação social para moldar as atitudes
e os comportamentos, embora os mesmos concordem que a personalidade cada
indivíduo é diferente e única.
O nível de análise da psicologia social é o indivíduo no contexto de uma situação
social. Os psicólogos sociais procuram identificar as propriedades universais da
natureza humana que tornam todos suscetíveis à influência social,
independentemente da sua classe social, género ou cultura.

Grandes influências teóricas

Psicologia Social Psicológica Psicologia Social Sociológica Psicologia Social Crítica


Predominante na América. Predominante na Europa. Influências:
Behaviorismo. Interacionismo Simbólico Construcionismo social.
Psicanálise (Europa). (América). Psicologia Discursiva.
Cognitivismo. Representações Sociais. Pós-modernismo.
Teoria da Identidade Social. Feminismo.
Uma disciplina que usa o Uma disciplina que usa o Adota uma postura crítica em relação às
método científico para: método científico para instituições, organizações e práticas da
‘’compreender e explicar como ‘’estudar a experiência social sociedade atual. Posiciona-se contra a
os pensamentos, sentimentos e que indivíduo adquire a partir opressão e a exploração presentes na
comportamentos dos indivíduos de sua participação nos maioria das sociedades, e têm como um dos
são influenciados pela presença diferentes grupos sociais com seus principais objetivos, a promoção da
atual, imaginada ou implicada os quais convive.’’ Ênfase nos mudança social como forma de garantir o
de outros.’’ Ênfase nos fenômenos que emergem dos bem-estar do ser humano.
processos intraindividuais diferentes grupos e Não pretende apenas conhecer, mas
responsáveis pelo modo como os sociedades. Investiga transformar a realidade.
indivíduos respondem aos categorias sociais como as
estímulos sociais, como são classes e questões sociais mais
socializados e treinados para amplas como a pobreza, por
assumir normas ou desempenhar exemplo.
papéis sociais.
Todas as abordagens da psicologia social tentam compreender os indivíduos no seu contexto social. Todas
reconhecem a influência recíproca do indivíduo e da sociedade na construção social da realidade.
Todas se focalizam nas interpretações cognitivas da realidade e nos comportamentos subsequentes com base
nessas interpretações.

Origem da Psicologia Social


Kurt Lewin: ‘’Pai da Psicologia Social’’

 Formulou a “teoria do campo”, segundo a qual o comportamento humano


deve ser considerado como uma função das características do individuo em
interação com o seu meio.
 Quer os fatores internos como os externos influenciam o comportamento
humano.
 Enfatizava a primazia do todo sob as partes.
 Precursor da perspetiva interaccionista.
 Foi pioneiro na aplicação dos princípios teóricos a estudos de problemas
sociais (ex. técnica de persuasão mais eficaz).

1ªs experiências de Psicologia Social

Norman Triplett Max Ringelmann

Comparou os desempenhos dos ciclistas que competiam Mediu a quantidade de esforço exercida em duas
apenas contra o relógio versus contra outros ciclistas. condições:
Verificou que ciclistas obtinham melhores  quando um homem puxa uma corda sozinho
desempenhos quando competiam com outros.  quando puxa uma corda inserido num grupo
Triplett propôs que a presença de outros ciclistas Verificou que a quantidade de esforço exercido por
liberta o “instinto competitivo”, aumentando a cada participante diminuiu à medida que o grupo
“energia nervosa”, melhorando dessa forma o aumenta.
desempenho.
Triplett para testar a sua hipótese construiu uma
“máquina de competição”. No laboratório comparou o
desempenho de 40 crianças dos 10 aos 12 anos, a
enrolar um anzol. Criou duas situações experimentais:
uma em que as crianças enrolavam o anzol sozinhas, e
noutra em que enrolavam aos pares, em competição.
Verificou que o desempenho foi melhor na situação de
competição.
Concluiu que, a mera presença de outra pessoa pode
melhorar o desempenho numa tarefa simples.
Triplett: a presença de outros melhora o desempenho.
Ringelman: a presença de outros diminui o desempenho.
Na experiência de Triplett os desempenhos foram avaliados individualmente, enquanto na Ringelmann não era
possível avaliar o esforço de cada um quando inseridos no grupo. A diferença parece residir em os indivíduos
sentirem-se avaliados individualmente ou submergidos num grupo.

Facilitação Social Social Loafing


(quando a presença de outros nos ativa) (quando a presença de outros nos relaxa)
A mera exposição à presença de outras pessoas Representa o fenómeno segundo o qual os indivíduos
aumenta o desempenho das respostas dominantes, isto exercem um menor esforço para atingir um objetivo
é, aquelas que o individuo tem bem aprendidas. No quando trabalham em grupo, do que quando trabalham
entanto, a exposição à presença de outros interfere individualmente.
com o desempenho das respostas não dominantes, isto
é, daquelas que ainda são novas para o indivíduo.
Facilitação social é a tendência para os indivíduos
desempenharem melhor tarefas simples ou dominantes
quando estão na presença de outras pessoas.

Género e diferenças culturais: Os resultados de mais


de 150 estudos sobre o Social Loafing, indicam que
esta tendência é mais forte nos homens do que nas
mulheres. As mulheres tendem a ter níveis mais
elevados de interdependência relacional, tendem a
cuidar e a preocupar-se mais com as relações
interpessoais, o que pode ajudar a explicar estes
resultados. Esta tendência também é maior nas
culturas ocidentais comparativamente às orientais.

Condições para evitar o Social Loafing:


 Quando a contribuição individual para a tarefa
é claramente identificável pelos outros
membros do grupo;
 Quando há envolvimento pessoal na tarefa;
 Quando há uma grande coesão do grupo;
 Quando a tarefa é altamente desafiante e
única;
 Quando a tarefa é importante.

Tendências e Direções
Neurociência Social:

 Investiga as possíveis associações entre a cognição social e as funções


cerebrais.
 Tem como objetivo compreender o papel das estruturas neuronais no
processamento da informação social.
 Parte do pressuposto que determinados mecanismos neurocerebrais são
responsáveis pelo raciocínio social, isto é, que existem determinadas
estruturas cerebrais especializadas nas atividades de auto perceção e
perceção.
Psicologia Social Evolucionista:

 Postula que processos similares à evolução genética operam na transmissão da


cultura.
 Aplica os princípios da evolução e da teoria da seleção natural para
compreender o comportamento humano e a vida social.
 Apoia-se no pressuposto de que muitos pensamentos, sentimentos e
comportamentos sociais encontram-se associados a mecanismos biológicos
que interagem de forma dinâmica com processos psicológicos e de
aprendizagem, no interior de uma determinada cultura. Como os recursos
cognitivos são limitados, os indivíduos selecionam apenas parte dos estímulos
e das informações que têm disponíveis no mundo social. Nesse sentido, a
transmissão da cultura dá-se por meio de processos de imitação e
aprendizagem social, por meio dos quais ocorre a seleção natural dos valores
a serem transmitidos à outra geração.
 Temas como, por exemplo, as relações interpessoais e intergrupais, a
formação de alianças, a escolha dos parceiros, têm sido analisados sob esta
perspetiva com resultados promissores.

Influência Social
A influência dos outros nas nossas crenças, sentimentos e comportamentos.
Conformidade: pode ser definida como a mudança no comportamento ou nas opiniões
de um indivíduo em resultado da influência real ou imaginada de outros. As pessoas
se conformam porque não sabem o que fazer numa situação nova ou ambígua; porque
não querem ser ridicularizados ou punidos por serem diferentes dos outros e porque
escolhem agir de acordo com as expectativas que acham que o grupo tem sobre si.

Influência Social informativa


Quando vemos os outros como fonte de informação, e acreditamos que a sua
interpretação de uma situação ambígua é mais correta que a nossa, ajudando-nos a
escolher.
Contributos de Musafer Sherif:

 Partiu de processos psicológicos básicos e bem documentados na investigação


acerca do comportamento humano, para a compreensão das suas
consequências ou transformações em contextos sociais.
 Ponto de partida: quadro de referência.
 Tendência generalizada que os indivíduos apresentam para organizar
as suas experiências, estabelecendo relações, em cada momento,
entre estímulos internos ou externos, criando unidades funcionais que
fornecem limites e significado àquilo que é experimentado. Por
exemplo: temperatura da água. As sensações não dependem apenas
das qualidades da estimulação, mas em grande parte, de cada situação
num dado quadro de referência subjetivo, onde se relaciona com
outras experiências relevantes e acessíveis ao indivíduo.
 Objetivo de Sherif: perceber o papel da atividade subjetiva de cada
indivíduo na criação dos quadros de referência. Por sua vez, é um
fundamento psicológico de base para a formação das normais sociais.
As normas sociais são um conjunto de regras explicitas e implícitas dos
grupos para os comportamentos, valores e crenças dos seus membros.
 Influência Social às escuras:
 Situação experimental ambígua, onde não fossem aplicáveis regras
anteriormente aprendidas, isto é, uma situação sem qualquer quadro
de referência.
 Objetivo: demonstrar a tendência dos indivíduos para a organização da
experiência em quadros de referência.
 Efeito autocinético (efeito identificado na astronomia por Humboldt ao
observar o movimento das estrelas). Fenómeno puramente percetivo
sem realidade física.
 Sherif colocou indivíduos numa sala às escuras, onde nunca estiveram
antes, e acendeu uma luz fraca durante um momento. Por ação do
efeito autocinético eles verão a luz mover-se. Se repetirmos a
experiência por várias vezes, eles verão a luz mover-se em diversos
pontos da sala e em diversas direções. No entanto, a luz nunca se
move. A seguir pediu-lhes para estimar a extensão do movimento da
luz.

Experiências Individuais
Série 1 Era apresentado um estímulo luminoso que podia ser Resultados:
visto através de um pequeno orifício de uma caixa de Registou-se uma enorme variação
metal. O sujeito estava sentado a uma distância de 5 interindividual entre nas estimativas
metros do estímulo luminoso. apresentadas (medianas variaram entre 0,36
Deveria premir um botão quando o ponto luminoso e 9,62 polegadas). No entanto, cada sujeito
surgisse e, logo após o seu desaparecimento, estimar a definiu um intervalo idiossincrático para as
distância que o ponto luminoso tinha percorrido. suas avaliações.
Cada sujeito fornecia 100 estimativas. Os indivíduos acharam a tarefa difícil
precisamente pela ausência de um ponto de
referência “não haver um objeto próximo”
ou “não existir um ponto fixo pelo qual
julgar a distância”.
Série 2 Objetivo: aferir a estabilidade das estimativas dos sujeitos.
Cada indivíduo realizou 300 estimativas em diversos dias da mesma semana.
Verificou-se que, uma vez criado um intervalo subjetivo e um ponto médio dentro desse intervalo,
existe uma forte tendência para a sua manutenção.
Série 3 Mesmos procedimentos experimentais anteriores, com uma alteração fundamental.
A certa altura da sucessão de estimativas, o experimentador dizia que as estimativas estavam a ser
demasiado altas ou baixas.
Os sujeitos alteraram consideravelmente o seu ponto de referência, na direção sugerida pelo
comentário do experimentador.
Conclusões das experiências individuais:
 Colocados numa situação ambígua e não dispondo de aprendizagem anterior relevante, os sujeitos em
vez de refletirem a desorganização inerente à situação, desenvolveram quadros de referência
idiossincráticos e estáveis.
 A tendência psicológica para a auto-organização é mais que um simples reflexo da organização do
contexto em que os indivíduos coexistem.
 A estabilidade dos quadros de referência não é imutável - um comentário do experimentador pode levar
à sua reconstrução: Traduz a influência dos outros.
Experiências de grupo
Série 1 Mesmos procedimentos experimentais anteriores. Mas aqui foram utilizados vários sujeitos em grupos
de dois ou de três, cuja ordem pela qual respondiam ia sendo mudada.
Após as sessões em grupo, os indivíduos eram submetidos a uma quarta sessão individual.
Objetivo: verificar a influência que os participantes exerciam uns nos outros no decorrer das sessões
de grupo, mas também até que ponto essa influência se estendia para as situações em que o
individuo estava só.
Série 2 Mesmos procedimentos experimentais anteriores. Mas aqui foram utilizados vários sujeitos em grupos
de dois ou de três, cuja ordem pela qual respondiam ia sendo mudada.
Nesta série, cada individuo participava primeiro numa sessão sozinho e depois em três sessões de
grupo. Objetivo: verificar até que ponto um padrão individual, que já se sabia, de grande
estabilidade, se mantém em situações de grupo.
Série 1 Quando os participantes começam as suas Conclusões:
e2 estimativas em sessões individuais, os  Os participantes ao serem expostos, em grupo, a
seus padrões (pontos médios) e intervalos uma situação ambígua, utilizaram o
variam mais do quando a primeira sessão comportamento dos outros na construção dos seus
é de grupo. quadros de referência individuais, quadros esses
A variação nas sessões individuais reduz que continuaram a ser utilizados mesmo na
muito se os indivíduos só a realizarem ausência do grupo.
depois das sessões de grupo.  Pelo contrário, os indivíduos que só
A convergência nas sessões de grupo é experimentaram sessões de grupo depois de
menor se as individuais forem realizadas terem construído o seu quadro de referência
primeiro. individualmente faziam convergir as suas
Os indivíduos variam na sua contribuição estimativas na direção dos outros, mas essa
para o padrão do grupo. convergência é menos forte do que quando
partiam sem qualquer quadro de referência.
 A convergência individual em sessões de grupo,
apesar de variar em extensão, foi universal.
Série 3 Objetivo: estudar a importância do Resultados e conclusões:
prestígio para a convergência grupal.  O comparsa do investigador teve uma enorme
Situação de grupo com dois participantes importância no estabelecimento dos padrões
em que um era comparsa do investigador individuais.
e foi apresentado ao outro participante  A influência do comparsa do investigador foi,
como Assistente de Psicologia na muitas vezes, maior no outro participante, na
Universidade. sessão posterior em que este ficou sozinho.
 Permanência da influência dos outros mesmo
quando estes não estão presentes.

Contributos principais de Sherif:

 Ficou demonstrada a tendência dos indivíduos para organizarem a sua


experiência interna, mesmo quando a situação não oferece qualquer
fundamento para essa organização.
 A influência dos outros para a organização individual parece mais decisiva que
a auto-organização.
 A influência dos outros não implica que estes exerçam qualquer coerção
implícita ou explícita.
 A assimetria verificada na contribuição dos vários indivíduos para a criação de
uma norma parece indicar a emergência espontânea de líderes em situações
sociais de incerteza.
Influência Social Normativa
Quando mudamos os nossos comportamentos ou opiniões, isto é, quando nos
conformamos, para sermos aceites ou estimados pelos outros. Quando queremos ser
aceites pelos outros.
Contributos de Solomon Asch:

 Conduziu um conjunto de estudos para explorar o poder da influência social


normativa.
 As pessoas conformam-se em situações altamente ambíguas, mas e em
situações absolutamente nada ambíguas?
 Influência social às claras:
 Era dito aos participantes que iriam participar num estudo sobre
perceção.
 Situação experimental: era mostrado a um grupo de 7 participantes 2
cartões com linhas. Um com 3 linhas e outro com apenas 1 linha, a
linha padrão. A tarefa consistia em enunciar qual das 3 linhas era igual
à linha padrão. Eram realizados 18 ensaios divididos em ensaios
neutros e ensaios críticos.
 Apenas 1 dos participantes era um participante efetivo (sujeito
crítico), os outros eram comparsas do investigador. O sujeito crítico
era o penúltimo a responder. Todos os outros respondiam de acordo
com as instruções prévias do investigador.
 Foram usados dois grupos: grupo experimental e grupo de controlo
(objetivo: usar a diferença entre o número de erros efetuados na
condição controlo e experimental como um simples índice quantitativo
do grau de influência social verificada.)
 Resultados: As respostas na situação de controlo foram quase isentas
de erros, 95 %. Na condição experimental apenas 24% dos sujeitos
críticos não erraram. Na condição experimental houve indivíduos com
12 erros (total de ensaios críticos), enquanto na de controlo nenhum
ultrapassou os 2 erros. De realçar, que embora considerável, o impacto
da maioria não foi absoluto. Registou-se uma enorme variação
individual no número de erros cometidos. Desejo de estar correto:
tendência para dar respostas certas (duas vezes mais forte)- sujeitos
independentes; Desejo de estar com os outros: tendência para dar as
respostas erradas para estar em consonância com os outros- sujeitos
conformistas.
 Conclusões: Ficou evidente que os participantes se encontraram num
conflito entre o conformismo (seguir a resposta da maioria) e a
independência (seguir o que viam). Apesar da independência ganhar, a
influência da maioria foi indiscutível.
 Variações experimentais:
 Com objetos de julgamento diferentes (discos coloridos, crenças).
Introduziu a possibilidade de avaliação objetiva (deram a possibilidade
dos participantes usarem uma régua). Neste caso o conformismo
aumentou).
 Dimensão do grupo, variações de 2 a 16 (só com um comparsa do
investigador o conformismo é praticamente anulado, com 2 aumenta
bastante e com 3 atinge o seu limite máximo).
 Público versus privado: em situações privadas a percentagem de erro
diminuiu de 33% para 12,5%.
 Só um comparsa e 15 sujeitos críticos: a influência do comparsa foi
nula e as suas respostas ridicularizadas pelos outros.
 9 comparsas versus 11 sujeitos críticos: a influência dos comparsas
também foi nula, mas aqui os sujeitos críticos tentaram perceber
porque é que estavam a dar respostas tão evidentemente erradas.
 Variações experimentais: e com apoio social?
 O poder de um aliado
 Dois sujeitos críticos em vez de um- o número de respostas
erradas baixou para 12%, mas surgiu o problema do que
responde primeiro, mas com um aliado, o conformismo baixa
de 33% para 5,5%. No entanto, as respostas deste aliado têm de
ser consistentes.
 A quebra da unanimidade é decisiva para a não-conformidade.
 Conclusões gerais: Os indivíduos podem ser influenciados pelo grupo,
mesmo em situações objetivas, não dúbias, onde não precisariam de
recorrer aos outros como modelos. O comportamento dos outros pode
introduzir ambiguidade em situações à partida não ambíguas. Uma
norma grupal mesmo que arbitrária pode levar a que os indivíduos
cometam um número considerável de erros. O apoio social pode
minimizar o conformismo.
 E 60 anos depois…
 Os resultados encontrados por Asch continuam a ser replicados com
sucesso.
 Gregory Berns e col. (2005) replicaram a experiência enquanto
monitorizavam a atividade neuronal dos participantes com recurso à
ressonância magnética funcional. Os participantes que resistiram à
pressão do grupo mostraram uma maior atividade cerebral na zona da
amígdala, uma região do cérebro associada à dor e ao desconforto
emocional.
 Resistir à influência dos outros é doloroso.

Fatores que aumentam ou diminuem a conformidade


Unanimidade: quando deixa de haver unanimidade entre os outros, a conformidade
do indivíduo desce abruptamente. No entanto, quando há unanimidade o tamanho da
maioria não precisa ser muito grande para eliciar uma elevadíssima conformidade.
Comprometimento: uma das formas de diminuir/aumentar a conformidade é induzir
os indivíduos a comprometerem-se com as suas posições iniciais.
Características individuais:

 Auto-estima: indivíduos com baixa auto-estima vão mais provavelmente aderir


às normas do grupo que indivíduos com elevada auto-estima.
 Competência/domínio: quando os indivíduos sentem que têm baixas aptidões
ou competências para lidar com aquela tarefa vão ceder mais facilmente à
pressão do grupo. Quando o individuo se sente altamente competente na
tarefa ou no domínio daquele tema é muito menos provável que se conforme.
 Integração no grupo: quando os indivíduos se sentem seguros num dado grupo,
isto é, quando consideram que a sua aceitação ou permanência no grupo não
está em causa, mais facilmente divergem da maioria.
Cultura:

 Sociedades coletivistas versus individualistas: numa análise a 17 países onde


as experiências de Asch foram replicadas verificou-se que a conformidade é
mais prevalente em sociedades coletivistas como a China ou o Japão, do que
nas sociedades individualistas como os E.U.A.
Género:

 Tem sido encontrada uma diferença pequena, mas consistente com as


mulheres a mostrarem-se ligeiramente mais conformistas que os homens.
Características dos grupos/pessoas mais efetivos a exercer conformidade:

 Especialistas
 Estatuto social elevado (ex. alunos populares, figuras públicas)
 Similares (indivíduos com características similares)

Influência Social e Emoções


E o que sentimentos também pode ser influenciado pelas emoções dos outros, mesmo
que sejam estranhos?
Schachter & Singer (1962):

 Injectaram a um grupo de voluntários epinefrina (uma forma sintética de


adrenalina) e a outro grupo um placebo.
 A todos foi dito que era uma vitamina.
 Alguns foram alertados para possíveis efeitos secundários da medicação como
palpitações ou tremor, outros não.
 Foram colocados numa sala com outra pessoa instruída para se comportar de
forma eufórica, mostrando entusiasmo e excitação ou de forma
zangada/irritada.
 Os participantes a quem foi dado placebo, ou aos que foram previamente
informados sobre os efeitos secundários da medicação, o comportamento
simulado não produziu grande efeito.
 Aqueles a quem foi dado a epinefrina sentira-se felizes e eufóricos ou
zangados e irritados de acordo com o comportamento simulado da pessoa que
ficou com eles.
 Conclusões: Quando a sensações eram claras e explicáveis, as emoções dos
participantes não foram particularmente influenciadas pelo comportamento
dos outros. No entanto, quando os participantes experimentaram uma
resposta fisiológica intensa, cuja origem não era clara, interpretaram os seus
próprios sentimentos como de irritação ou euforia, dependendo do
comportamento dos outros que supostamente estariam sobre o mesmo efeito.
Obediência a figuras de autoridade
Os contributos de Stanley Milgram:

 Estudo sobre obediência (Milgram, 1963). Uma das experiências mais


mediáticas e controversas da Psicologia - Resultados surpreendentes.
Obediência: fenómeno comum e útil à vida em sociedade e perigo para a
democratização e humanidade da civilização.
Objetivo: estudar em laboratório o fenómeno da obediência à autoridade.
Participantes: 40 indivíduos entre os 20 e os 50 anos (professores, carteiros,
engenheiros, vendedores...)
Local: laboratório na Universidade de Yale nos E.U.A.
Procedimento: era dito aos participantes que iriam participar num estudo
sobre aprendizagem.
O sujeito crítico era sempre o professor, enquanto que o comparsa do
investigador era o aluno.
Tarefa de aprendizagem-memorização de palavras. Sempre que o aluno errava
o ‘’professor’’ devia dar-lhe um choque elétrico. O gerador de choques tinha um
painel com 30 interruptores que iam desde ‘’choque ligeiro’’ até ‘’perigo: choque
severo’’. Cada professor (sujeito crítico) recebia um choque de 45 volts para ‘’testar
o gerador’’.
Resultados: intensidade dos choques

Resultados: entrevista e observação.

 Estado evidente de tensão dos ‘’professores’’, mas que, no entanto,


continuavam a dar choques.
Variações experimentais:

 Diversas replicações e variações experimentais.


 A proximidade da vítima: controlo remoto; voz audível; proximidade
(na mesma sala); proximidade contacto.
 A obediência diminui substancialmente à
medida que a proximidade da vítima
aumentou.

 Proximidade da autoridade: experimentar sentado junto do sujeito


crítico; Depois de dadas as instruções o experimentador ausentava-se e
comunicava por telefone, por sua vez, as instruções eram fornecidas
por uma gravação.
 Os resultados mostraram existir uma forte relação positiva entre a
proximidade da autoridade e os níveis de obediência alcançados.

 O prestígio da autoridade: Laboratório de menor prestígio.


 A consistência da autoridade: Dois experimentadores com opiniões
divergentes; delegação das funções do experimentador noutro sujeito.
 Apoio Social: 3 professores (apenas 1 sujeito crítico). A meio da
experiência 2 dos ‘’professores’’ recusavam-se a continuar. Mais de
90% dos sujeitos críticos também recusou continuar. Os 2
‘’professores’’ continuaram até aos 450 volts- a obediência do sujeito
crítico aumentou muito ligeiramente.
 A influência dos outros foi mais eficaz na facilitação da desobediência
do que na promoção da obediência.

Conclusões:

 A maioria das pessoas obedece quando são comandados por uma


autoridade legítima que se responsabiliza pelas consequências dos seus
atos.
 A noção de “desresponsabilização”.
 Mas será o laboratório um modelo do mundo social? Será que os
sujeitos obedecem ‘’qualquer que seja o conteúdo do ato?’’ Será que
uma autoridade, mesmo que legítima, induz obediência em qualquer
situação?

Os contributos de Serge Moscovici (1969): Estudos sobre a influência minoritária


(inovação). Durante muito tempo, influência social equivalia a conformismo.
Moscovici criticou este ‘’viés conformista’’- os indivíduos são seres ativos que podem
influenciar os outros à sua volta – razão da mudança social.
Processos de influência Social: Influência Social informativa, influência social
normativa e influência minoritária: inovação. Inovação: mudança das normas de um
grupo promovida por uma minoria.
Serge Moscovici e colaboradores (1967-1980): Desenvolveram uma nova abordagem
dos processos de influência social, em que: a distinção entre realidade objetiva e
social é negada - a realidade é perspetivada como uma construção social; a
influência social não é necessariamente informativa ou normativa, mas também uma
forma de negociação, a partir da qual se conserva ou modifica uma dada definição
mais ou menos consensual da realidade e as funções de influência social não são
apenas de controlo social mas também de mudança social.
Negociação segundo Moscovici: Envolve 3 processos de gestão do conflito:
Normalização- o conflito advém da criação de uma norma, e a sua resolução faz-se
através de concessões recíprocas (por exemplo, as experiências de Sherif).
Conformismo – o conflito gera-se na manutenção de uma dada norma e é resolvido
através da submissão do individuo ao grupo (por exemplo, as experiências de Asch).
Inovação – o conflito surge a partir da contestação por parte de uma minoria das
normas vigentes e é resolvido através da mudança das normas grupais.
O paradigma experimental de Moscovici e colaboradores (1969):

 Objetivo: estudar as reações maioritárias face à influência de grupos


minoritários.
 Metodologia: a situação era apresentada como um estudo sobre perceção de
cores.
 Procedimento: 2 grupos. Grupo experimental: participavam 6 sujeitos, dos
quais, 4 sujeitos críticos e 2 comparsas do investigador. Grupo de controlo: 6
sujeitos críticos. Para além disso, a experiência estava dividida em 4 fases: 1)
teste de acuidade visual; 2) projeção de diapositivos verdes e azuis com
diferentes intensidades luminosas, em que os comparsas respondiam sempre
verde; 3) Círculos com graduação de cor (azul para verde) em que se
pretendia verificar até que ponto as respostas da minoria faziam modificar o
limiar de diferenciação entre o azul e o verde (teste aplicado
individualmente); 4) Questionário pós-experimental.
 Resultados: condição de controlo- 0,25 respostas verdes; condição
experimental- 8,4 respostas verdes. Segundo os autores isto constitui uma
medida de aceitação pública da influência minoritária. Verificou-se uma
diferença significativa nos limiares de diferenciação entre o azul e o verde
entre os sujeitos da condição experimental e controlo, com os que integraram
o grupo experimental a assinalar mais círculos verdes na condição azul/verde.
Segundo os autores isto constitui uma medida de aceitação privada da
influência minoritária. De uma forma geral, estes resultados demonstraram
que uma minoria de indivíduos pode ter um impacto moderado nas respostas
públicas, mas também privadas de uma maioria.
Quando é que uma minoria é mais eficaz a exercer influência sobre uma maioria?
Autoconfiança e competência: uma minoria de 1 indivíduo tem um impacto
mais reduzido que subgrupo minoritário. No entanto, apenas um indivíduo é capaz de
influenciar uma maioria ao transmitir uma impressão de grande autoconfiança. O
impacto de uma minoria é determinado conjuntamente pela consistência percebida
do seu comportamento e pela autoconfiança percebida das suas respostas.

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