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SERVIÇO SOCIAL

Serviço Social e Instituições – Interdisciplinariedade, Intersetorialidade e Trabalho em Rede

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SERVIÇO SOCIAL E INSTITUIÇÕES – INTERDISCIPLINARIEDADE,


INTERSETORIALIDADE E TRABALHO EM REDE

Aula baseada em: “A Interdisciplinaridade e o Serviço Social: estudo das relações entre
profissões” de EDIANE MOURA JORGE e REINALDO NOBRE PONTES. In http://revistasele-
tronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/26444/15750

INSTITUIÇÕES

O modelo institucional burocratizado dificultou muito a relação do assistente social com a


sua população usuária, não favorecendo o atendimento às necessidades sociais da popula-
ção, especialmente aquela com baixo grau de instrução e baixa renda. Nesse sentido, o ser-
viço social busca romper com esse modelo burocrático com um trabalho multidisciplinar, com
vista de melhor atender os usuários por meio de uma rede que tende a acolher o todo sem
tanta burocracia.

Sobre as instituições:
• São produtos das condições estruturais (econômicas e políticas) de determinada
sociedade;
• Determinadas pela lógica mercantilista / moralista / burocrática que compõe o
tecido social;
• Instituições têm atributos coercitivos – exercidos pelo saber técnico, pela rotina burocrá-
tica que enquadra o problema dos sujeitos de acordo com as orientações institucionais;
5m
• Exercem controle da vida dos sujeitos – normalização, eficácia e eficiência;
• Instituições sociais especializam-se segundo o problema da clientela;
• Fragmentam-se as demandas e os sujeitos;
• Divergências no “interior do muro” das instituições: disputa por conquista de poder via
saber especializado;
• Essas divergências se não focadas nos interesses dos usuários podem tornar as insti-
tuições em “fins em si mesmas”;
• As disputas externas também são intervenientes na configuração das instituições.
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BUROCRACIA E SERVIÇO SOCIAL: UMA AMEAÇA AO PROJETO ÉTICO-


POLÍTICO?

Na medida em que a sociedade consegue se apropriar do espaço institucional, têm-se


melhores condições para estabelecer um diálogo entre o mundo burocrático e a vida social da
maior parte da população.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

• O Serviço Social constitui-se uma profissão essencialmente interdisciplinar, já que não


conta com uma teoria própria e sim dialoga com diversas teorias, na busca de compre-
ender e responder às questões oriundas da questão social;
• Contudo, o assistente social também possui seus limites e não pode ser capaz de res-
ponder à complexidade que se evidencia na sociedade;
• O profissional chamado a atuar em uma equipe interdisciplinar – não apenas o assis-
tente social, como todos os profissionais – deve atentar-se para uma série de fato-
res para que o projeto de trabalho interdisciplinar não se converta em trabalho muti-
disciplinar;
• A fragmentação do saber atendeu a expectativa do modo capitalista até certo ponto;
• As relações sociais fundamentadas nas relações de produção produziram sujeitos cada
vez mais especializados, contudo, apresentaram complexidades que esses profissio-
nais especializados não conseguem explicar e/ou responder;
• A interdisciplinaridade como exigência do mercado de trabalho contemporâneo, estando
associada à multifuncionalidade;
• O mercado contemporâneo reconhece a necessidade do trabalhador multifuncional e
com capacidade para trabalhar em equipe;
• O trabalho interdisciplinar é uma necessidade dado o caráter dialético da realidade
social, que é, ao mesmo tempo, singular e variável, e devido a natureza intersubjetiva
10m com que essa realidade é apreendida e interpretada pelos sujeitos que se propõem a
investigá-la, bem como, nela intervir;
• O trabalho interdisciplinar é também um problema, em razão complexidade e do caráter
histórico de uma determinada realidade, bem como das limitações dos indivíduos que
buscam construir o conhecimento acerca dessa realidade;
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O padrão de realidade social é um padrão que cultiva a especialização e a fragmentação


do saber por meio de um olhar unidisciplinar. Diante disso, é importante romper com esse
olhar, para que possamos encontrar pontos em comum com as diferentes visões de diferentes
profissões

Inter e Multi
Minayo (2010) alerta para a confusão entre o trabalho multidisciplinar, onde diversos pro-
fissionais trabalham em parceria resolvendo problemas ou executando programas e o traba-
lho interdisciplinar, onde um tema complexo é focado sobre o olhar de várias disciplinas, na
busca de uma interpretação ou de uma resposta menos parcial do que a dada por uma área
específica.

ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS, INTERDISCIPLINARES E TRABALHO EM


REDE: POSSIBILIDADES E PERSPECTIVAS DE REALIZAÇÃO DO TRABALHO
PROFISSIONAL NO ESPAÇO INSTITUCIONAL

Interdisciplinariedade
Diferentes disciplinas em interação em um espaço de trabalho podem trocar experiências
através de um encontro e tecer diálogos que possam proporcionar diferentes formas de enxer-
gar e abordar uma realidade de trabalho.
A interdisciplinaridade é um conceito de análise porque trata de como o assistente social
utiliza ou incorpora esse conhecimento a sua prática profissional, e como acontece a relação
e encontro com outros sujeitos profissionais.
15m
Na dimensão da prática profissional, este encontro entre conhecimentos profissionais é
colocado para investigação, pois pressupondo que o mesmo exige uma abertura e atitude
na direção do diálogo, do inter, do fazer com o outro, é este encontro ou relação que nos faz
indagar sobre as intervenções na realidade social e sobre esse conhecimento da interdiscipli-
naridade aplicado a um espaço público.

Visão disciplinar: paradigma cientifico


O século XVI trouxe a revolução científica de Copérnico, Galileu e Newton e as Ciências
Naturais. O século XIX trouxe a emergência das Ciências Sociais – e também institucionalizou
uma variedade de disciplinas do conhecimento considerado científico.
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Dessa forma, na transição do feudalismo ao capitalismo, aparecem as possibilidades das


especificações da Ciência (JANTSCH; BIANCHETTI, 1995). Institucionalizava-se a Ciência
Moderna, trazendo novas visões de mundo e mudanças de paradigmas. E com ela a multipli-
cação de disciplinas e especializações sobre o conhecimento das distintas realidades e ações
correspondentes.

Critica a Visão Disciplinar


Antes, a realidade que era considerada um todo racional, passou a ser esfacelada em
pequenos fragmentos do conhecimento do real, limitando o papel da razão humana e da sua
práxis com o surgimento das relações capitalistas. O conhecimento do todo, considerado ver-
dadeiro, foi limitado em ciências particulares.

Visão Interdisciplinar
A interdisciplinaridade vai apresentar-se como uma necessidade de se opor a um tipo
“tradicional do saber”, que compartimentaliza os conhecimentos científicos fazendo com que
a mesma se afirme como uma “reflexão epistemológica sobre a divisão do saber em discipli-
nas, para extrair suas relações de interdependências e de conexões recíprocas” (JAPIASSU,
1976, p. 54).
Assim, a Interdisciplinaridade se apresentaria como uma necessidade de trocas entre as
especificidades e como uma integração entre disciplinas.
20m

Critica a Visão Interdisciplinar


A grande dificuldade apresenta-se no uso abusivo da categoria como palavra que traduz
algum tipo de relação mais próxima; e a equivocada interpretação empírica de que basta um
grupo de diferentes profissionais para se formar um trabalho interdisciplinar, ou de que basta
formar um grupo de pesquisa com diferentes áreas do conhecimento para se fazer interdisci-
plinaridade, levando-nos a uma não compreensão do que seja, exatamente, essa interdisci-
plinaridade.
A multidisciplinaridade aparece como uma multiprofissinalidade onde profissionais de dife-
rentes disciplinas atuam separadamente.
A interdisciplinaridade aparece como horizontalização das relações entre as disciplinas.
A transdisciplnaridade aparece como a criação de um novo campo teórico de disciplinas
mais amplas (VASCONCELOS, 2002). P.179
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Ex.: os estudos de qualidade de vida.

Intersetorialidade
É entendida como “a articulação de saberes e experiências com vistas ao planejamento,
para a realização e avaliação de políticas, programas e projetos, com o objetivo de alcançar
resultados sinérgicos em situações complexas” (INOJOSA, 2011, p. 105).
Ex.: o caso de um grupo de crianças (irmãos) que foi colocado em uma unidade de acolhi-
mento por meio de uma medida protetiva. Neste caso, a equipe de assistentes sociais, de psi-
cólogos e outros, que trabalha na unidade a qual os irmãos foram enviados, deve se articular
para que as crianças continuem a estudar e obter acesso aos serviços de saúde.

INTERSETORIALIDADE X BUROCRATISMOS

Romper barreiras da burocracia requer aproximar o Poder Público da realidade das


Instituições.
Referenciar a intersetorialidade no bojo da política pública não significa acabar com as
estruturas setorializadas, e sim obter meios para articulá-las em busca de resultados sinér-
gicos, visando à integração dos componentes específicos para a construção de um conheci-
mento comum. Portanto, mantém-se a especificidade de cada setor com o objetivo de torná-
-los interativos e articulados entre si na busca de resolutividade para problemas complexos na
ordem social.
25m

Intersetorialidade
Desde modo, o trabalho intersetorial supõe não apenas o diálogo ou o trabalho simultâneo
entre os atores envolvidos, e sim a busca por resultados integrados (INOJOSA, 2001), dando
ênfase a uma nova estratégia de gestão da Administração Pública.
Nesse aspecto, a relação entre a participação, a descentralização, o controle social, e a
própria intersetorialidade, tem possibilidades de efetivação.
• Intrínsecos ao campo da intersetorialidade há princípios básicos, a se destacar: senso
de responsabilidade, de compartilhamento, parceria, envolvimento, articulação, coo-
perativismo, interface, conexão, participação, diálogo, trabalho em rede, integração,
dentre outros.
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Obs.: nesse campo, sugere-se elementos que possam proporcionar novos aprendizados.

• Esta envolve ações integradas de distintos setores no atendimento à população cujas


necessidades são pensadas a partir de sua realidade concreta, de modo a colocar
em pauta as peculiaridades de suas condições de vida (INOJOSA; JUNQUEIRA;
KOMATSU, 1997; REDE UNIDA, 2000).
• A estratégia intersetorial, com a efetivação de trabalhos simultâneos para obtenção de
resultados integrados, remete-nos ao trabalho em rede, com a interconexão dos atores
envolvidos.

Uma vez perfazendo a ação intersetorial, as redes de base local e/ou regional reclamam
por valorização e qualificação na interconexão de agentes, serviços, organizações governa-
mentais e não governamentais, movimentos sociais e comunidades. Intervir em rede, na atu-
alidade, requer que se estabeleçam, entre as diversas instituições de defesa de direitos e
prestadoras de serviços, vínculos horizontais de interdependência e de complementaridade.

ETAPAS DO TRABALHO EM REDE

1. Uma estratégia primordial dá-se por meio do diagnóstico ou mapeamento da rede por
permitir que se desenvolva o conhecimento transversal dos possíveis envolvidos no processo
para a implementação da intersetorialidade. Esta etapa compõe a primeira dimensão de uma
possível articulação intersetorial. Este nível de articulação permite o conhecimento dos envol-
vidos, a proximidade com os seres sociais que pactuam do mesmo processo social para que
possam contribuir na resolução da questão posta para intervenção.
2. Na segunda dimensão, a partir do conhecimento desenvolvido na primeira, deve se
estabelecer contatos e estreitar relações visando buscar suporte para projetar ações comuns;
definir possibilidades de intervenções, dialogar, pactuar funções e diretrizes. Trata-se de cons-
truir estratégias para eventuais ações comuns de acordo com a demanda expressa.
3. Na terceira dimensão, a objetividade na execução deve se fazer presente, posto que,
traçadas as duas dimensões anteriores (o mapeamento e a articulação), é possível executar
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e planejar o papel de cada um dos envolvidos e gerar decisões coletivas, planejamentos inte-
30m grados e atividades continuadas com os atores envolvidos no desenvolvimento da ação em si,
na busca da efetivação de ações integradas.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Thiago Bazi Brandão.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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