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Educação Ética e Cidadania Temas transversais

Entender a importância de trabalhar os temas transversais a partir de projetos


interdisciplinares.

Iniciando a conversa...

Na formação docente é de suma importância compreender o que são os temas transversais e a


sua importância no processo de construção de uma escola mais democrática. Pois, eles estão
inseridos no cotidiano escolar cada vez commais intensidade.

Os temas transversais foram introduzidos no Brasil pelo Parâmetros Curriculares Nacionais (


Pcns) e são temas que pressupõe trazer para a discussão no interior da escolas de assustos de
relevâncias social e que possam colaborar para a formação de sujeitos sociais mais conscientes
de seu papel na sociedade e ao mesmo tempo proporcione a reflexão de temas importantes
para a sociedade de forma geral. Nos Pcns eles aparecem em seis áreas distintas: Ética
(Respeito Mútuo, Justiça, Diálogo, Solidariedade), Orientação Sexual (Corpo: Matriz da
sexualidade, relações de gênero, prevenções das doenças sexualmente Transmissíveis) , Meio
Ambiente (Os ciclos da natureza, sociedade e meio ambiente, manejo e conservação
ambiental) , Saúde (autocuidado, vida coletiva), Pluralidade Cultural (Pluralidade Cultural e a
Vida das Crianças no Brasil, constituição da pluralidade cultural no Brasil, o Ser Humano como
agente social e produtor de cultura, Pluralidade Cultural e Cidadania) e Trabalho e Consumo
(Relações de Trabalho; Trabalho, Consumo, Meio Ambiente e Saúde; Consumo, Meios de
Comunicação de Massas, Publicidade e Vendas; Direitos Humanos, Cidadania).

É importante entendermos que os Temas Transversais caracterizam-se por um conjunto de


assuntos que aparecem transversalmente em diferentes áreas do conhecimento que estão
presentes no currículo escolar e que se constituem na necessidade de um trabalho mais
significativo e expressivo de temáticas sociais na escola.Alguns critérios utilizados para a sua
constituição se relacionam à urgência social ,a abrangência nacional, à possibilidade de ensino
e aprendizagem na Educação Básica e no favorecimento à compreensão do
ensino/aprendizagem, assim como da realidade e da participação social. São temas que
envolvem um aprender sobre a realidade, na realidade e da realidade, preocupando-se
também em interferir na realidade para transformá-la.

Os Temas transversais aparecem como possibilidade de facilitar, fomentar e integrar as ações


de modo contextualizado, através da interdisciplinaridade e transversalidade, buscando não
fragmentar em blocos rígidos os conhecimentos, para que a Educação realmente constitua o
meio de transformação social.

Devemos ter consciência que para se trabalhar os Temas Transversais é preciso construir
projetos interdisciplinares.

Mas o que são projetos interdisciplinares?

Nos últimos tempos muito sem tem falado de trabalhar nas escolas com projetos
interdisciplinares, os projetos já vimos o que são, agora vamos buscar compreender o que vem
a ser a interdisciplinaridade.

Historicamente o currículo escolar vem sendo marcado por ser fragmentado, ou seja, o
conhecimento se apresenta separado, dividido por disciplina. A disciplina é uma forma de
organizar e delimitar o conhecimento em uma determinada área. Assim, o conhecimento
disciplinar se apresenta aos alunos ordenadamente e pré-selecionados.

Diferentes estudiosos vem observando que o caráter disciplinar da educação formal e


institucionalizada é um dos fatores que colaborar para dificultar a aprendizagem do aluno, pois
não estimula o aluno a realizar operações mentais diferenciadas, a resolver problemas e
estabelecer conexões entre conceitos, fatos. Conforme nos explica MORIN(2000,p.45) ?O
parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem apreender o que está tecido
junto?.

O currículo tradicional e disciplinar presente em uma significativa parte da educação brasileira


não consegue atender as necessidades e expectativas do novo perfil de homem, o homem do
século XXI e, portanto não dá conta de superar os novos desafios colocados para a escola.
Assim, o aluno não consegue criar redes de conhecimento e passa a ver as diferentes áreas
como algo estanque sem relação entre si e com o mundo.

A fragmentação do currículo escolar acaba levando a uma formação que não atende as novas
necessidades tanto do mundo do trabalho como da prática social, pois não colaborar para que
o educando consiga ter uma visão mais holística do mundo, uma percepção mais aguçado da
realidade social e um posicionamento mais critico e flexível.

A interdisciplinaridade aparece no horizonte como uma alternativa ou uma tentativa de se


reconectar o saber e estabelecer uma relação mais dinâmica e harmoniosa entre as diferentes
áreas do conhecimento humano. Em se construir um currículo escolar mais dinâmico, mais
dialético, que colabore para a inserção do individuo na sociedade e para uma prática cidadã
pautada nos princípios da ética.

Japiassu, um dos pioneiros no estudo da interdisciplinaridade no Brasil afirma que: ?A


interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo
grau de interação real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa?.
(JAPIASSU, 1976, p.74)

Ivani Fazenda ( ) afirma que a interdisciplinaridade é uma questão de relação com o


conhecimento, de postura frente ele. Portanto, podemos ser interdisciplinares em nossas aulas
sem necessariamente realizarmos projetos em parceria com outras áreas do conhecimento.

Não há uma única forma de se perceber e conceituar a interdisciplinaridade, pois não é um


termo unívoco e preciso. Porem, nas diferentes perspectivas de estudo e compreensão desse
termo aparece à necessidade de se estabelecer uma nova relação com o saber, uma relação de
sentidos e significados em busca de um conhecimento plural, não fragmentado.

O trabalho com projetos interdisciplinares aparece como uma preocupação nas propostas
educacionais do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e do próprio Pcns, onde realiza-se
uma severa critica a educação disciplinar e fragmentada, por essa não trazer para o interior da
escola e para a prática educativa o ?mundo vida? e a realidade sociocultural do aluno,
tornando o processo de ensino-aprendizagem estático, sem vida. Objetivando mudar essa
realidade propõe trabalhar no cotidiano escolar com projetos educativas e didático utilizando
a transversalidade e a interdisciplinaridade.

Em que se diferem a transversalidade e interdisciplinaridade ?

Para buscarmos responder a questão acima citamos Kleiman e Moraes(1999,p21-23):


Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a interdisciplinaridade e a transversalidade se
fundamentam n a crítica de uma concepção que toma a realidade como um conjunto de dados
estáveis, sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado. Diferem uma da outra no sentido
que a interdisciplinaridade refere-se a uma abordagem epistemológica dos objetos de
conhecimento questionando a segmentação entre os diferentes campos do saber produzida
por uma visão compartimentada (disciplinar), que apenas informa sobre a realidade a qual a
escola, tal como é conhecida, historicamente se constitui. Já a transversalidade refere-se a
uma abordagem pedagógica que possibilite ao aluno uma visão ampla e consistente da
realidade brasileira e sua inserção no mundo bem como sua participação social.

Transversalidade e interdisciplinaridade são conceitos inseparáveis, pois alimentam-se,


mutuamente. A interdisciplinaridade questiona a fragmentação e a linearidade do
conhecimento; a transversalidade questiona a alienação e o individualismo no conhecimento.
Ambas podem ser postas em prática através do trabalho coletivo.

(Kleiman e Moraes(1999,p21-23):)

Trabalhar com projetos interdisciplinares não acaba por deixar de lado os conteúdos
conceituais da minha área do conhecimento?

A falta de conhecimento sobre os objetivos da interdisciplinaridade e o trabalho com projetos


didáticos acaba levando uma parte significativa dos docentes a acreditarem que tais projetos
desvalorizam os conteúdos de suas disciplinas e acabam por ?empobrecer? o processo
educativo. Na verdade isso não pode ocorrer, pois em um projeto interdisciplinar o valor de
cada disciplina continua presente no currículo escolar o que muda a relação que ela assume
com outros saberes.

Ao construirmos um projeto interdisciplinar temos que preservar a identidade de nossa


disciplina e manter sua individualidade. Iremos na verdade traze-la para discutir e
compreender os diferentes problemas que se encontram na realidade e buscar as causas ou
fatores desses problemas a partir de um movimento constante de diálogo e problematização.
Isso fica claro nos Parâmetros Curriculares Nacionais que afirmam:

A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário, mantém sua individualidade. Mas


integra as disciplinas a partir da compreensão das múltiplas causas ou fatores que intervêm
sobre a realidade e trabalha todas as linguagens necessárias para a constituição de
conhecimentos, comunicação e negociação de significados e registro sistemático dos
resultados.

(BRASIL (1999, p. 89))

Ainda temos que lembrar que os projetos interdisciplinares e transversais são uma
oportunidade de trazer para o cotidiano escolar questões relevantes para vida social já
presentes na realidade do educando. Assim, a aprendizagem realizada na escola passa a ser
significativa, uma vez que terá sentido para o aluno. Ao mesmo tempo, possibilitara a
transferência do conhecimento escolar para vida, para a prática social.

Os projetos interdisciplinares e transversais devem encorajar a solução criativa para problemas


presente na vida social e tornar o aluno parceiro na toma das decisões para a construção desse
projeto. Ainda deve educar na diversidade e para a diversidade e colaborar para que ocorra o
processo de desalienação.

Trabalhando com a interdisciplinaridade podemos ajudar o aluno a construir um


conhecimento em rede de significados, ou seja, colaborar para que o aluno construa um
pensamento dinâmico e ativo, que faça relações e conexões entre os diferentes conceitos
apreendidos no seu percurso escolar e ao mesmo tempo consiga relacionar esses conceitos os
diferentes símbolos e instituições presentes em nossa sociedade. Dessa forma o educando
passa a ser o verdadeiro sujeito construtor e reconstrutor de conhecimento, ele tem o papel
ativo em todo o processo.

Os projetos interdisciplinares e transversais são essenciais para a construção de um


conhecimento significativo e ao mesmo tempo tornam a sala de aula um lugar de vida, de
encontro de diálogo. Eles tornam os alunos inquietos e curiosos. Nas palavras de Kleiman e
Moraes:

o projeto interdisciplinar colaborativo oferece uma via para realizar essa subersão, pois
permite a construção conjunta de novas significações nos vários domínios do saber, tornando
os papeis de professor e aluno mais flexível e encurtando a distância que os separa em função
de um objetivo comum já negociado.

( (KLEIMAN e MORAES,1999,p.50))

Qual o papel do professor?

Conforme já esclarecemos em outro momento, o papel do professor é o de mediar, o de


facilitar a construção e reconstrução do conhecimento, através de questionamentos que
instigue a curiosidade e faça o aluno a realizar operações mentais sofisticadas.

Um projeto deve ser feito obedecendo a seguinte estrutura:

Título

Tema

Disciplinas envolvidas:

Objetivo Geral

Objetivo Específico

Justificativa.

Embasamento teórico.

Metodologia

Atividades Pedagógica.

Avaliação

Cronograma

Referências Bibliográfica.
Como elaborar um projeto dessa natureza sendo que o aluno deve ser o sujeito ?

Na verdade o aluno será o sujeito que irá ter a ideia, consultar sobre o tema, discutir as
possibilidades de realização efetiva do projeto. Após toda a etapa de discussão temática, e
analise de onde querem chegar com o projeto, cabe ao professor sistematizar e organizar o
projeto final que deve ser anexado ao planejamento.

Referências

ALMEIDA, F. J. e FONSECA JÚNIOR, F. M. Projetos e ambientes inovadores. Brasília: Secretaria


de Educação a Distância - Seed/Proinfo - Ministério da Educação, 2000.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Ministério da Educação.Brasília,


1999.

BOUTINET, J. Antropologia do projeto. 5. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2002.

FAZENDA. I. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro: Efetividade ou ideologia?


São Paulo: Loyola, 1992.

FAZENDA, I. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1999.

FAZENDA, I. Interdisciplinaridade: Um projeto em parceira . São Paulo, 1991.

FAZENDA, I. (ORG.) Práticas interdisciplinares na escola. São Paulo: Cortez,1993.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade . Rio de Janeiro: Paz e Terra ltda.1975.

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