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Políticas para interculturalidade

Retomar o termo interculturalismo ou interculturalidade.

No tema 5 tratamos da imigração e da mobilidade social como resultado de uma relação cada
vez mais intercultural. Vimos ainda que nem sempre essa relação se manifesta de modo
tranquilo, pois aqueles que deixam

amigos e a família poderão vir a enfrentar a solidão, sentir que não são bem-vindos entre as
pessoas que temem ou que hostilizam os estrangeiros recém-chegados, poderão perder o
emprego ou adoecer e, por isso, não ser capaz de aceder aos serviços de apoio de que
necessitam para prosperar.

((RHH: 2009, 14))

Esse movimento migratório entre regiões do próprio país e ainda entre nações ultimamente
não tem passado despercebido pelos organismos nacionais e internacionais, como a UNESCO.

Por um lado, o interculturalismo torna-se um passo importante na estratégia e no


desenvolvimento de metodologias de intervenção de entidades públicas e privadas que
desenvolvem projetos com componentes de educação, emprego, saúde, habitação,
cooperação, principalmente envolvendo locais onde a presença de diferentes culturas torna-se
significativa. De outro lado, os conflitos interétnicos surgem paradoxalmente com violência
crescente nesta fase da globalização dos mercados, podendo chegar ao extremo de abalar de
modo dramático regiões inteiras do planeta ou o planeta todo.

Diante desse quadro, busca-se desenvolver estratégias de superação desta crescente rejeição
pela diferença, sendo fundamental desenvolver e trabalhar projetos que integrem a dimensão
da interculturalidade, ou seja, do respeito e da valorização das culturas presentes em um
bairro, em uma escola, em um país, e reconhecimento desta importância em um processo de
reconstrução identitária.

A UNESCO, em sua Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, artigo 4º, reafirma seus
propósitos, como ocompromisso de garantir a plena realização dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais proclamadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Artigo 4 – Os direitos humanos, garantias da diversidade cultural A defesa da diversidade


cultural é um imperativo ético, inseparável do respeito à dignidade humana. Ela implica o
compromisso de respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais, em particular os
direitos das pessoas que pertencem a minorias e os dos povos autóctones. Ninguém pode
invocar a diversidade cultural para violar os direitos humanos garantidos pelo direito
internacional, nem para limitar seu alcance.

((Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural))

Para tanto, apresenta nesse mesmo documento um plano de ação que vai desde a proteção
dos que migram até o respeito às manifestações culturais diversas. Propõe ainda um debate
em escala nacional e internacional sobre formulação de políticas e a reflexão sobre a
conveniência de elaborar um instrumento jurídico internacional sobre a diversidade cultural.

Sabe-se a importância da UNESCO em relação a conflitos internacionais, mas torna-se


relevante um trabalho intenso e em profundidade de desmontagem de representações
associadas a esta ou aquela cultura. Caso isso não aconteça, essas representações podem vir a
se constituir em um verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de relações, projetos conjuntos
e importantes focos de tensão interétnica.

Esse combate é uma questão vital e tem como mola propulsora a questão do exercício da
cidadania, das nossas relações com os outros no plano local, nacional e internacional. A partir
desse pressuposto, os atores que fazem parte das associações de imigrantes, associações de
jovens, associações de desenvolvimento e outras formas associativas ou institucionais, serão
não só os protagonistas de projetos locais onde se firma o valor e o reconhecimento das
diferentes culturas, mas também os atores diretos de formas de cooperação descentralizadas,
horizontais, entre os países do Norte e do Sul.

Referências

Relatório do Desenvolvimento Humano 2004: Liberdade cultural num mundo diversificado –


Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Lisboa, Portugal.

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