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PSICOLOGIA SOCIAL

PRIMEIRO TESTE
1. "A ênfase da Psicologia Social é na interação social e nas suas influências...” Defina psicologia social, o seu objeto de estudo
e as suas principais áreas de intervenção. Fundamente a sua resposta citando pelo menos dois autores que contribuíram
para a sua evolução histórica. (5 valores)
A psicologia social é uma área da psicologia que investiga como é que as pessoas pensam, sentem e como é que se comportam
face aos outros e ao ambiente social em que se encontram. Este ramo da psicologia procura entender como é que as pessoas
influenciam e são influenciadas pelos outros, e como é que as relações interpessoais, as normas sociais, as crenças e valores
culturais, as emoções e outros fatores sociais afetam o comportamento humano.
O objeto de estudo da Psicologia Social são as relações entre os indivíduos e o ambiente social em que estão inseridos. Ela
investiga como as pessoas são influenciadas pelas normas, valores, papéis sociais, relações de poder, comunicação e interação
social. Além disso, estuda os processos cognitivos e emocionais que ocorrem durante essas interações e como eles afetam o
comportamento social.
As principais áreas de intervenção da Psicologia Social incluem: Atitudes e Mudança de Comportamento: Estuda como as
atitudes são formadas, como influenciam o comportamento e como podem ser modificadas. Essa área de intervenção é essencial
para compreender e promover mudanças sociais, como a adoção de comportamentos saudáveis ou a redução de preconceitos e
discriminação. Processos de Grupo e Dinâmica Intergrupal: Analisa como os grupos se formam, se estruturam e como influenciam
o comportamento dos seus membros. Estuda a cooperação, a competição, o conflito e a liderança dentro dos grupos, bem como
as relações entre diferentes grupos, incluindo estereótipos, preconceitos e discriminação.
Dois autores que contribuíram para a evolução histórica da Psicologia Social são: Kurt Lewin: Considerado um dos fundadores
da Psicologia Social moderna, Lewin enfatizou a importância do ambiente social na determinação do comportamento humano.
Ele desenvolveu a Teoria de Campo, que postula que o comportamento é influenciado por um campo dinâmico de forças
psicológicas presentes no ambiente social. Solomon Asch: Conhecido pelos seus estudos clássicos sobre conformidade, Asch
investigou como as pressões sociais podem levar os indivíduos a adotarem opiniões e comportamentos em conformidade com a
maioria, mesmo quando vão contra as suas próprias perceções corretas. Seus experimentos demonstraram a influência poderosa
do grupo na tomada de decisões individuais.
Em suma, a psicologia social é uma área de estudo que procura compreender as interações sociais e as influências que o
ambiente social exerce sobre o comportamento humano. Utiliza conhecimentos e métodos de diferentes disciplinas para explicar
o fenômeno social.

2. "As atitudes expressam-se sempre através de um julgamento avaliativo". Com base na afirmação, conceptualize atitude
social, explorando as suas principais características e fundamentando os principais modelos da relação entre atitude e
comportamento. (10 valores)
Na psicologia social as atitudes são um constructo referente à tendência psicológica que é expressa através da avaliação de
uma certa entidade/objeto, enquanto situações, num certo nível de acordo ou desacordo. É algo que expressamos e que depois
acaba por ter uma avaliação externa que pode estar em acordo ou não connosco, acabando por estar sempre implícito algum tipo
de analise do julgamento social de reação em termos sociais. As principais características são: avaliação (concordo/discordo),
estado interno da pessoa (como se posiciona face a um conjunto de temas), julgamento avaliativo (direção- ou é positiva ou é
negativa, intensidade- medidas mais extremistas ou mais fracas e acessibilidade- Em termos de maior acessibilidade/rapidez de
ativação vai depender da força da frequência de ativação)e as atitudes não são diretamente observáveis mas sim
comportamentos. Existem três modelos da relação entre atitude e comportamento, o modelo da ação refletiva, o modelo
matemático e o modelo da ação planeada.
O modelo da ação refletida refere que todo o comportamento é uma escolha, uma opção ponderada entre várias alternativas,
pelo que é o melhor preditor do comportamento é a intenção comportamental, sendo a atitude especifica apenas um dos dois
fatores importantes na decisão. A intenção comportamental é o melhor que explica o comportamento de acordo com o modelo
da ação refletida. Atitude relativamente ao comportamento e a norma subjetiva. Esta norma não é nada mais nada menos que a
perceção que temos da pressão social dos nossos grupos de referência quanto à realização ou não de determinado
comportamento. São as normas absorventes nos grupos de referência dos quais fazemos parte.
O modelo matemático é uma teoria de Fishbein pretende, através da utilização de um modelo matemático, explicar
determinadas escolhas e ou comportamentos realizados pelos indivíduos. Este modelo explica que as escolhas pressupõem a
criação de crenças e respeito desse objeto de atitude nas quais possuem determinadas forças ou valências. Portanto as nossas
crenças sobre determinadas questões também estão sempre envolvidas face às escolhas que temos. As atitudes podem ser
compostas por dois elementos básicos: Crenças; Avaliação das crenças (autoavaliação dessas mesmas crenças).
Por fim, o modelo da ação planeada refere que o controlo comportamental percebido, refere-se só nosso controlo interno,
à nossa sensação de controlo. Aquilo que nós percebemos em controlo comportamental é efetivamente a nossa sensação de
controlo sobre aquilo. Refere-se às perceções das pessoas e às suas próprias crenças para se comprometerem ou para aplicarem
um determinado comportamento. O nosso controlo comportamental é tanto maior quão a nossa capacidade de nos
comprometermos com determinado comportamento. Urge então comportamentos de ação planeada, daquilo que nós
conhecemos (experiências anteriores), e são percebidos como mais fáceis, pois pomos em prática, fazendo com que tenhamos
sobre eles um maior nível de controlo percebido porque nos é familiar. Nos comportamentos habituais temos um maior controlo
percebido – estamos habituados aquela figura.

3. "A influência social é um dos temas com maior destaque na Psicologia Social". Define a influência social, com base nas
primeiras investigações desenvolvidas sobre este construto. Evidencie a importância das normas sociais e as suas principais
funções. (5 valores)
A influência social é um tema central na Psicologia Social e refere-se ao processo pelo qual as pessoas são afetadas pelas
palavras, ações ou presença de outras pessoas. Ela explora como as normas, as pressões sociais e a conformidade afetam o
comportamento, as atitudes e as crenças dos indivíduos. As primeiras investigações sob influência social foram realizadas por
psicólogos como Solomon Asch e Muzafer Sherif, que conduziram estudos clássicos sobre conformidade e influência de grupo.
Solomon Asch conduziu um famoso experimento de conformidade em que os participantes foram expostos a uma situação
na qual tinham de tomar uma decisão em grupo sobre a correspondência entre linhas de diferentes comprimentos. O estudo
revelou que, em muitos casos, os participantes concordavam com a resposta errada dada pelos outros membros do grupo, mesmo
que fosse evidente que estavam errados. Isso demonstrou a influência poderosa da maioria e a tendência dos indivíduos a se
conformarem com as opiniões do grupo, mesmo quando discordavam internamente.
Muzafer Sherif conduziu um estudo clássico conhecido como o "Experimento do Acampamento Robbers Cave". Nesse
experimento, crianças que foram divididas em grupos rivais desenvolveram hostilidade e competição entre si. Sherif demonstrou
como a mera existência de grupos e a competição entre eles podem levar a comportamentos agressivos e preconceituosos,
destacando a influência dos grupos na formação de atitudes e comportamentos individuais.
Normas sociais desempenham um papel fundamental na influência social. Elas são regras e expectativas compartilhadas pelos
membros de um grupo ou sociedade, que orientam o comportamento, as crenças e as atitudes. As normas sociais têm várias
funções: Estabilizar o meio, simplificando a aprendizagem e a adaptação do indivíduo à sociedade; Facilitar a relação interpessoal,
regulando e tornando previsíveis os comportamentos dos outros, permitindo, ainda a sua descodificação; Sinal de pertença a um
grupo ou grupos, facilitando a interação dos indivíduos no(s) grupo(s), isto é, pertencer a um grupo é adotar as suas normas.
Em suma, a influência social estuda como as pessoas são afetadas pelas normas, pressões sociais e conformidade,
demonstrando a importância desses elementos na formação de atitudes, comportamentos e crenças individuais. As normas
sociais desempenham funções cruciais na regulação do comportamento, na coesão social, na regulação das interações e na
manutenção da ordem social.
SEGUNDO TESTE
1. "O ser humano gosta de confirmar os seus juízos e as suas perceções com as dos outros. Normalmente, face a situações
pouco estruturadas, recorremos às opiniões dos outros". A partir da afirmação, explore o conceito de conformismo e os
seus principais fatores, integrando as experiências de Asch. (5 valores)
O conformismo é um fenómeno estudado pela Psicologia Social que se refere à tendência das pessoas em ajustar os seus
pensamentos, opiniões e comportamentos de acordo com os padrões sociais predominantes. A afirmação de que o ser humano
gosta de confirmar os seus juízos e perceções com os dos outros está relacionada com essa tendência.
O estudo clássico de Solomon Asch sobre conformismo é relevante para compreender esse fenómeno. Em seu experimento,
participantes eram expostos a uma tarefa de julgar o comprimento de linhas, juntamente com um grupo de atores (cúmplices de
Asch). Durante as sessões, os atores davam respostas erradas de forma intencional, enquanto o participante real estava ciente de
que essas respostas estavam incorretas.
Os resultados desse estudo revelaram que muitos participantes se conformavam com as respostas erradas do grupo, mesmo
quando a sua perceção individual indicava claramente a resposta correta. Esse comportamento de conformidade pode ser
atribuído a diversos fatores: Pressão Normativa: A pressão para se conformar com as normas e expectativas do grupo social é um
fator significativo no conformismo. As pessoas têm uma necessidade inata de pertencer e serem aceitas pelo grupo, evitando o
desconforto social de serem diferentes. Assim, tendem a conformar-se para evitar o isolamento social e garantir a aprovação dos
outros. Ambiguidade da Situação: Em situações pouco estruturadas ou ambíguas, as pessoas têm menos informações claras e
objetivas para basear suas decisões. Nesses casos, recorrem às opiniões dos outros como uma forma de obter orientação e validar
as suas próprias perceções. O conformismo pode surgir como resultado dessa busca por clareza e segurança nas decisões. Efeito
da Unanimidade: Quando todos os membros do grupo concordam entre si, a pressão para se conformar aumenta. O indivíduo
pode experimentar a sensação de que está errado ou de que algo está errado com a sua perceção, levando-o a aderir às opiniões
do grupo, mesmo que elas sejam contrárias à sua própria visão. Influência Social: A presença física e a opinião de outras pessoas
têm um impacto poderoso sobre as nossas próprias crenças e comportamentos. A conformidade pode surgir como resultado do
desejo de ser aceite, da confiança na sabedoria ou conhecimento coletivo e da crença de que o grupo está mais correto ou bem
informado.
Em suma, o conformismo é um fenómeno complexo que envolve a tendência das pessoas em ajustar seus juízos e perceções
aos padrões sociais dominantes. Os fatores como a pressão normativa, a ambiguidade da situação, o efeito da unanimidade e a
influência social desempenham um papel fundamental no conformismo, como demonstrado pelas experiências de Asch.

2. "O que leva as pessoas a obedecerem cegamente?" Com base no conceito de obediência à autoridade, integre a experiência
de Zimbardo. (5 valores)
A obediência à autoridade refere-se à disposição das pessoas em seguir as ordens ou instruções de uma autoridade, mesmo
quando essas ordens contradizem os seus princípios pessoais ou valores morais.
A Experiência de Zimbardo, também conhecida como a "Experiência da Prisão de Stanford", foi realizada em 1971 pelo
psicólogo social Philip Zimbardo. O objetivo era estudar o comportamento humano em situações de poder e autoridade. A
experiência envolveu a criação de uma prisão simulada, num porão da Universidade de Stanford, onde os participantes foram
divididos aleatoriamente entre guardas e prisioneiros. A suposta duração da experiência era de 2 semanas, porém foi interrompida
após seis dias devido ao comportamento abusivo dos guardas em relação aos prisioneiros. Esta experiência demonstrou como a
obediência à autoridade pode levar a comportamentos extremos e prejudiciais. Os guardas começaram a exercer o seu poder de
maneira violenta, autoritária e humilhante, fazendo com que os prisioneiros começassem a estar cada vez mais desgastados
psicologicamente, desesperados e desanimados.
Zimbardo concluiu que o ambiente em que as pessoas estão inseridas pode ter um grande impacto no seu
comportamento, e a obediência à autoridade desempenhou um papel fundamental nesta dinâmica. Isto porque os guardas
sentiram se no direito de exercer poder sobre os prisioneiros porque foram colocados numa posição de autoridade e lhes foi dada
permissão para fazer isso. Da mesma forma, os prisioneiros sentiram que deviam obedecer aos guardas porque foram informados
de que estavam numa situação de prisão e que os guardas tinham autoridade sobre eles. Esta dinâmica ilustra como a obediência
à autoridade pode levar a comportamentos extremos e desumanos. Quando as pessoas são colocadas numa posição de poder,
elas podem ser tentadas a abusar desse poder, enquanto as pessoas subordinadas podem sentir que devem obedecer a qualquer
comando, independentemente de quão injusto ou prejudicial que seja.
Em suma, a obediência cega à autoridade ocorre devido a fatores como a legitimidade da autoridade, a proximidade física, a
hierarquia social e a despersonalização. O Experimento de Milgram, juntamente com as contribuições de Zimbardo, evidenciam a
importância desses fatores na compreensão da obediência à autoridade e suas implicações para o comportamento humano.
3. "As mulheres são afetuosas, emotivas, submissas ou dependentes, enquanto que... Os homens são mais audaciosos,
desinibidos, desorganizados ou autoritários...". Defina estereótipo e as suas principais características, citando pelo menos
um dos autores mais relevantes. Evidencie as suas funções. (10 valores)
Os estereótipos são generalizações simplificadas e culturalmente compartilhadas que atribuem características específicas a
um grupo de pessoas com base em sua pertença a uma determinada categoria social, como género, etnia, idade, profissão, entre
outras. Eles são construções sociais que podem ser influenciadas por diversos fatores, como experiências pessoais, mídia, cultura
e normas sociais.
Um autor relevante no estudo dos estereótipos é Gordon Allport, um dos pioneiros da Psicologia Social. Ele definiu
estereótipo como "crenças exageradas e simplificadas sobre grupos sociais". Allport destacou que os estereótipos podem ser
prejudiciais, perpetuando preconceitos, discriminação e desigualdades sociais. As principais características dos estereótipos
incluem a generalização excessiva, a rigidez e resistência à mudança, simplificação da realidade e funções dos estereótipos
(processamento cognitivo eficiente, identidade social, manutenção de poder e desigualdade e viés de confirmação).
A Generalização Excessiva refere que os estereótipos são generalizações simplistas que assumem que todas as pessoas
de um determinado grupo possuem as mesmas características. Isso ignora a diversidade e a individualidade dentro do grupo,
levando a visões distorcidas e simplificadas. A Rigidez e Resistência à Mudança explica que os estereótipos tendem a ser rígidos
e persistentes, resistindo a novas informações ou experiências que contradigam essas visões simplificadas. Isso ocorre porque os
estereótipos são moldados pela cultura e são reforçados ao longo do tempo. A Simplificação da Realidade refere que os
estereótipos simplificam a complexidade da realidade social, categorizando as pessoas em grupos e atribuindo características
gerais a esses grupos. Essa simplificação pode levar a uma compreensão incompleta e distorcida da diversidade humana. As
Funções dos Estereótipos são as seguintes: Processamento Rápido da Informação, os estereótipos ajudam a simplificar a
realidade social complexa, permitindo-nos processar informações de forma mais rápida e eficiente. Eles fornecem atalhos
cognitivos que nos ajudam a lidar com a sobrecarga de informações sociais. Manutenção da Identidade Social, os estereótipos
podem reforçar a identidade e o sentido de pertença de um grupo, estabelecendo distinções entre "nós" e "eles". Eles podem ser
usados para fortalecer a coesão grupal e justificar a superioridade ou inferioridade percebida de determinados grupos. Justificação
de Desigualdades Sociais, os estereótipos podem ser usados para justificar as desigualdades sociais e as relações de poder
existentes. Eles podem ser usados para manter privilégios e perpetuar a discriminação, criando uma visão distorcida das
características e capacidades de certos grupos.
É importante destacar que os estereótipos podem levar à discriminação e ao preconceito quando são aplicados de forma
injusta ou utilizados para tratar as pessoas com base em generalizações negativas. A compreensão crítica dos estereótipos é
essencial para promover a igualdade, a diversidade e o respeito nas relações sociais.
Em suma, os estereótipos são crenças generalizadas e simplificadas sobre grupos sociais, que simplificam a realidade e podem
perpetuar preconceitos e desigualdades. Eles desempenham funções cognitivas, sociais e de justificação na vida social.

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