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O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

Objetivo
Compreender o conceito de comportamento humano nas organizações, bem como a importância para a
realização dos objetivos organizacionais.
Síntese
Trata do ser humano e sua complexidade. Apresenta o campo de estudo do comportamento dos
indivíduos na organização, ou seja, o indivíduo que chega a uma organização com as suas diferenças,
expectativas, percepções e motivações, passa a fazer parte de um grupo, influenciando esse grupo e
sofrendo a influência do mês. Essa mesma pessoa é um ser genérico, pois pertence à espécie humana,
é um ser reflexivo e ativo. Reflexivo pela sua capacidade de pensar, e ativo em função de sua ação. A
construção da realidade e as ações que pode empreender o ser humano não são concebidas sem se
recorrer a uma forma qualquer de linguagem, portanto, o ser humano é um ser de palavra. Essa mesma
pessoa é também um ser de desejo, um ser simbólico, pois o universo humano é um mundo de signos,
de imagens, de metáforas etc.; um ser espaço-temporal, na medida em que ele está inserido no tempo e
em algum lugar.
A pessoa não só muda o seu mundo externo como simultaneamente se transforma de maneira
autoconsciente pelo seu trabalho. No nível individual, ao optar pela sobrevivência, opta pelo trabalho. No
nível de espécie, o homem se fez homem ao transformar o mundo pelo seu trabalho. O controle exterior
passa para o próprio sujeito; ele é quem define suas metas e se compromete a atingi-las; o processo
decisório se dá de maneira mais participativa. Essa é uma exigência da nova sociedade e das
organizações em geral. Exigência de que o indivíduo tenha um papel participativo no caminho que
pretende seguir, nas decisões que pretende assumir e nas consequências que estas acarretam, o que
confirma a necessidade de uma identidade maleável mais estável. O referido estudo acrescenta que se
antes era a figura do superego, como instância da crítica e do medo do castigo, que compelia o indivíduo
a trabalhar mais, agora é o ideal de ego, daquele que almeja realizar um projeto e receber os aplausos e
as gratificações indispensáveis aos seus anseios narcísicos. A obediência passiva dá lugar ao ativo
investimento amoroso, o corpo dócil dá lugar ao coração ativo e cativo. O medo de fracassar se alia ao
desejo de ser reconhecido, e quanto mais o indivíduo acredita que ele e a empresa são partes do mesmo
projeto nobre, mais essa aliança tende a se fortalecer.
O indivíduo inventa, cria e recria a sua própria realidade no momento em que se percebe um ser social
com o poder de transformar. O estudo mostra que em todo sistema social o ser humano dispõe de uma
autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, pelas suas aspirações e suas possibilidades, o indivíduo
dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço estará disposto a pagar para
consegui-lo no plano social. O trabalho não se converte em trabalho propriamente humano a não ser
quando começa a servir para a satisfação não só das necessidades físicas, e fatalmente circunscritas à
vida animal, como também do ser social, que tende a conquistar e realizar plenamente a sua liberdade.
o trabalho é essencialmente uma ação própria do homem mediante a qual ele transforma e melhora os
bens da natureza, com a qual vive historicamente em insubstituível relação. O primeiro fundamento do
valor do trabalho é o próprio homem, seu sujeito – o trabalho está em função da pessoa, e não a pessoa
em função do trabalho. O valor do trabalho não reside no fato de que se façam coisas, mas em que coisas
são feitas pela pessoa e, portanto, as fontes de dignidade do trabalho devem buscar-se, principalmente,
não em sua dimensão objetiva, mas em sua dimensão subjetiva.
A nova relação entre a pessoa e o trabalho determina que esta pessoa possui uma identidade e que
responde por esta, a qual o leva a almejar e a responder às suas necessidades, principalmente em relação
ao trabalho. O fato de dedicar a maior parte do seu dia útil ao trabalho denota a força que essa relação
apresenta. O trabalho chega a ser mais importante que a família, pois o fracasso no trabalho acarreta
fracasso familiar. A identidade serve como um mediador que permite se ajustar a cada fase – trabalho,
família – evidenciando as múltiplas identidades e a necessidade de saber usá-las, de saber renová-las e
mantê-las. A empresa moderna precisa mobilizar todas as energias do sujeito – intelectuais, físicas,
espirituais, afetivas, morais no interior desse tipo organizacional é um estranho casamento de várias
contradições, levando o indivíduo a uma procura incessante de um baixo equilíbrio psicológico.
Observe a importância e a dimensão que o trabalho passa a exercer sobre a pessoa; é necessário que o
indivíduo mobilize todas as suas energias para que possa manter o vínculo com o trabalho, alcançar o
equilíbrio, a estabilidade, viver a sua identidade, para que possa se ver como ele verdadeiramente é. O
trabalho é um ponto de conexão entre o indivíduo e sua identidade, entre indivíduo e o seu eu.
A história de vida, as características pessoais, os valores, os anseios e as expectativas configuram, no
nível individual, uma forma de viver e de sentir, definindo fatores básicos para a satisfação. Mais que o
trabalho em si, as expectativas individuais e as situações de vida específicas determinam a percepção
sobre o trabalho. Destaca, ainda, que a empregabilidade é a capacidade de se tornar necessário ou de
possuir o conhecimento raro e reciclável de que as empresas hoje necessitam. Mais que a profissão,
valoriza-se um elenco de repertórios variados que habilitem o indivíduo a lidar com esse mundo complexo
e mutável. Essa é a relação entre a identidade e o indivíduo no trabalho: a identidade dá ao indivíduo, as
armas para se impor, para se igualar, para se diferenciar e para assumir o seu papel no trabalho, na
família, na sociedade, na vida.
A identidade é o conjunto de predicados, de significados, que permite a pessoa ver-se como pessoa e
que permite que os outros também o vejam. A identidade é o diferencial que permite a ascensão ou a
queda na vida, seja no trabalho ou em qualquer outro aspecto. É o que permite mudar os compromissos,
mudar suas características, renovar e buscar novas soluções, novas identidades para sobreviver a esta
sociedade em constante evolução.

Conceituando comportamento organizacional


Quando falamos em comportamento organizacional, estamos nos referindo ao comportamento das
pessoas no ambiente de trabalho. O comportamento organizacional refere-se ao estudo sistemático das
ações e às atitudes das pessoas dentro das organizações. Para a compreensão das ações e das atitudes
das pessoas no ambiente organizacional, os estudiosos dessa área buscam conceitos e métodos das
ciências comportamentais tais como psicologia, sociologia, ciência política, antropologia, dentre outras. O
comportamento organizacional é estudado em três níveis.
Todo indivíduo chega à organização com suas expectativas, necessidades, valores etc. (comportamento
individual); esse mesmo indivíduo passa a pertencer a um grupo de trabalho (comportamento grupal);
dentro da organização, esses grupos se interagem e formam o todo (comportamento de toda a
organização). Os três níveis do comportamento organizacional são:
• Comportamento micro organizacional: o foco é o indivíduo, e são estudadas as diferenças individuais,
os processos de aprendizagem, a percepção e a motivação. Os processos de recursos humanos que
incidem diretamente sobre os indivíduos são: seleção, avaliação de desempenho, atitudes no ambiente
de trabalho (assuntos de administração de pessoas).
• Comportamento meso organizacional : (nível de grupos): estuda-se os grupos, trabalho em equipe,
comunicação, liderança (que não será abordada nesse material, em razão de uma disciplina específica
sobre esse assunto), conflitos, estresse;
• Comportamento macro organizacional : (nível do sistema): envolve a cultura organizacional, a estrutura,
a mudança e os efeitos das políticas de gestão de pessoas, nos coloca que os objetivos do estudo do
comportamento organizacional seriam: explicar, prever e controlar o comportamento humano.
Explicar ocorre após o acontecido, por isso explicar no sentido de entender as causas que levam ou
levaram a pessoa a se comportar daquela maneira. Prever está ligado a eventos futuros e, portanto, o
estudo do comportamento permite se antecipar aos tipos de comportamento que possam ser
apresentados a uma mudança. Pode-se avaliar o tipo de reação que os colaboradores teriam a uma
tomada de decisão.
Controlar é o objetivo mais controverso no emprego do conhecimento do comportamento humano, na
medida em que esse controle não deve ser manipulativo ou ferir a liberdade individual. Devemos utilizar
o controle de forma ética, e assim permitir que entendamos, por exemplo, como fazer para levar as
pessoas a se esforçarem mais em seu trabalho. Os gerentes do século XXI se defrontam com diversos
desafios na relação com os colaboradores. Eles incluem: a diversidade da equipe de trabalho, o aumento
da contratação de temporários e a expressão cada vez maior de emoções no ambiente de trabalho.

Entendendo que as pessoas reagem e se comportam de maneiras diferentes e em situações diferentes,


que como seres humanos somos extremamente complexos e, portanto, não se pode generalizar
comportamentos, talvez o maior desafio esteja na compreensão dos fatores situacionais, no estudo
sistemático das relações e, principalmente, no entendimento de que o estudo do comportamento humano
é científico, e não um senso comum como alguns pensam.

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