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Personalidade vem do latim persona, que significa a “máscara do ator”. Na maioria das definições,
encontramos em comum que a personalidade são traços e características individuais, relativamente
estáveis, que distinguem uma pessoa das demais.
Podemos estudar o ser humano a partir de três pontos de vista: como indivíduo, como pessoa e como
personalidade.
Como indivíduo: é um complexo organismo vivo, com uma essência biológica e física.
Como pessoa: é um ser dotado de inteligência, capaz de pensar, racional, o que o distingue dos demais
seres vivos.
Personalidade: o diferenciamos de qualquer outro indivíduo dentro do grupo.
Enumera-se cinco grandes traços de personalidade fundamentais e relevantes para as organizações. São
eles:
• Sociabilidade: capacidade de se relacionar bem com os outros. As pessoas muito sociáveis tendem a
ser gentis, cooperativas, compreensíveis e estão mais propensas a manter melhores relações no
ambiente de trabalho.
• Estabilidade emocional: diz respeito à variação de humor e à segurança. As pessoas com maior
estabilidade emocional tendem a ser calmas, flexíveis e seguras.
• Abertura: refere-se à maleabilidade das crenças e dos interesses de uma pessoa. As pessoas com alto
grau de abertura estão mais dispostas a ouvir novas ideias e a mudar de opinião a partir de novas
informações.
O conhecimento desses traços permite aos líderes uma melhor compreensão do comportamento de seus
colaboradores, mas devemos ter cuidado para não rotularmos as pessoas, uma vez que, por mais
científicas que sejam ao se tratar de pessoas as rotulações podem conter imprecisões, e outros fatores
também podem interferir no comportamento das pessoas.
Carl Jung, psicanalista europeu, que criou um modelo de estilos cognitivos, identificou quatro dimensões
do funcionamento psicológico:
• Pensamento x sentimento: as pessoas que têm o estilo pensamento tomam decisões de forma
racional, lógica, enquanto o outro estilo baseia suas decisões em sentimentos e emoção.
• Sensação x intuição: os indivíduos voltados para a sensação preferem focar nos detalhes, ao passo
que os intuitivos se concentram em temas mais amplos.
Todas as pessoas têm um pouco de cada comportamento, embora se sintam mais à vontade e passem
mais tempo em um modo de comportamento. A combinação dos polos produz temperamentos, estilos e
tipos psicológicos.
Exemplo:
introversão-percepção – gostam mais de estudar e ficar no isolamento do que interagir com os outros.
Jung considerou que os polos de cada uma das quatro dimensões indicam preferências e facilidade para
realizar determinadas atividades, mas que existe o outro lado de que às vezes precisamos lançar mão, o
que ele chamou de teoria da sombra.
Teoria da sombra: a sombra é o potencial menor, que é preciso ativar e desenvolver quando os
problemas exigem aptidões diferentes daquelas que as preferências escolheriam. Ao se combinar os
diversos tipos, encontraram dezesseis tipos de personalidade. Alguns autores preferem fazer modelos
baseados em combinações de apenas duas dimensões, como, por exemplo, no processo decisório,
analisar as dimensões pensamento– sentimento; sensação – intuição; isso permitiria identificar quatro
estilos: sensitivos – pensantes, sensitivos; sentimentais; intuitivos – pensantes e intuitivos –
sentimentais.
Em qualquer um dos modelos adotados, o que se busca é tentar explicar o comportamento humano. A
teoria da sombra insiste em que as pessoas apresentam comportamentos dominantes, ou preferenciais,
ao lado de comportamentos secundários. Devemos pensar, portanto, nos tipos de Jung como ferramenta
que auxilie no processo de autoconhecimento e de conhecimento das pessoas que fazem parte da
organização.
PERCEPÇÃO
A percepção é algo individual e influi na forma como as pessoas se comportam na organização; é a base
para o entendimento do comportamento humano nas organizações, se entendermos os fatores que levam
a moldar ou distorcer a percepção.
• O fato de um perceber de uma determinada forma não exclui a percepção do outro (certo-errado).
• A não percepção do ponto de vista do outro pode acarretar problemas nos níveis prático e relacional.
Pensamos de modo usual, criando um padrão que se ajusta ao nosso padrão tradicional, ou àquilo que
gostaríamos que nosso padrão fosse, e raramente tentamos a verdadeira interpretação de uma situação.
A percepção não reflete a realidade objetiva.
Vemos o mundo da forma como fomos condicionados a vê-lo; na verdade, quando descrevemos o que
vemos, estamos descrevendo a nós mesmos, nossas percepções e paradigmas.
Fatores da situação
• Momento
• Ambiente de trabalho
• Ambiente social
Fatores do observador
• Atitude • Motivação
• Interesse • Experiência
• Expectativa • Emoção
• Valores
Fatores do alvo
• Novidade • Sons
• Movimento • Tamanho
• Proximidade • Tempo
• Semelhança
Dentre os fatores que influenciam nossa percepção, temos os fatores internos, ou seja, os fatores ligados
ao observador. A forma como observo e interpreto uma situação, objeto ou pessoa está intimamente
ligada aos meus valores, crenças, experiências passadas, interesse, emoção e motivação.
Por exemplo, você pode passar todos os dias pela mesma rua e nunca ter reparado um restaurante, mas
se você estiver com fome, com certeza notará.
Outro ponto importante a ser destacado é a respeito do conceito que cada um tem de si mesmo, ou seja,
sua autopercepção, pois ela influenciará fortemente a forma como vemos os objetos e as pessoas. Ela
pode variar de acordo com as relações que mantemos, o trabalho que desenvolvemos e como lidamos
com os nossos sucessos e fracassos.
Os fatores externos, ou do alvo, também podem interferir na nossa percepção; o fato de estar mais
próximo, como, por exemplo, a estratégia utilizada nos supermercados de se colocar o que se quer vender
no campo de visão do consumidor.
Podemos citar outros fatores do alvo, como o tamanho, o tempo, a semelhança etc. Como o alvo está
sempre relacionado a uma situação, esses fatores também irão interferir.
O nosso foco está em como percebemos os outros (heteropercepção), está ligado à impressão que tenho
a respeito do outro, pelas suas ações, pela sua voz, pelos seus gestos, seu movimento, sua reação e
pela experiência que tive com o outro.
O comportamento (atitude, conduta) das pessoas é que nos leva a percebê-las e julgá-las.
A teoria da atribuição procura explicar como julgamos de maneiras diferentes as pessoas, diante do
sentido que atribuímos a um dado comportamento.
A teoria sugere que quando observamos o comportamento de alguém, tentamos identificar se o que o
motiva é interno ou externo.
As causas internas estariam sob o controle do indivíduo, enquanto as causas externas estariam
relacionadas a uma situação externa que ocasionou tal comportamento.
Por exemplo, se um colaborador chega atrasado, posso atribuir que ele acordou tarde por ter ficado na
“farra” ou atribuir ao trânsito. Aqui entram três fatores que irão interferir na atribuição:
• Coerência: o observador sempre busca uma coerência nas ações das pessoas. Se o funcionário chega
sempre atrasado, a atribuição será a uma causa interna. Quanto mais coerente o comportamento, mais
a atribuição tenderá a ser interna.
Distorções da percepção
Distorção é o fenômeno pelo qual transformamos a realidade para que ela se adapte à nossa cultura, à
nossa crença, aos nossos valores e até mesmo às impressões e intenções momentâneas.
• percepção seletiva: as pessoas selecionam o que veem, ouvem e falam, a partir de seus
antecedentes, atitudes, experiências e interesses;
• efeito de halo: impressão da pessoa a partir de uma só característica;
• projeção: atribuição das características próprias a outra pessoa;
• estereótipo: juízo formado a respeito da pessoa, segundo a percepção do grupo a qual pertence;
• efeito de contraste: avaliação da pessoa a partir de comparação.
As pessoas devem ter o cuidado ao julgar outras, pois podem cometer erros de julgamento em função
das distorções apresentadas. Abaixo, são citados alguns processos que sofrem o impacto da nossa
percepção e, por isso, devemos estar atentos às distorções, para que os mesmos sejam realizados com
equidade:
• entrevistas de emprego;
• avaliação de desempenho;
• tomada de decisão;
• definição de estratégias;
• lealdade do empregado;
• esforço do empregado.