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PERSONALIDADE

Personalidade vem do latim persona, que significa a “máscara do ator”. Na maioria das definições,
encontramos em comum que a personalidade são traços e características individuais, relativamente
estáveis, que distinguem uma pessoa das demais.
Podemos estudar o ser humano a partir de três pontos de vista: como indivíduo, como pessoa e como
personalidade.

Como indivíduo: é um complexo organismo vivo, com uma essência biológica e física.

Como pessoa: é um ser dotado de inteligência, capaz de pensar, racional, o que o distingue dos demais
seres vivos.
Personalidade: o diferenciamos de qualquer outro indivíduo dentro do grupo.

A personalidade inclui aspectos intelectuais, afetivos, impulsivos, volitivos, fisiológicos e morfológicos; é


uma forma de responder diante dos estímulos e as circunstâncias da vida com um selo peculiar e próprio
e que dá como resultado o comportamento.
Existem divergências quanto às origens ou sobre o que determina a personalidade de alguém. Alguns
teóricos argumentam que a personalidade é determinada por fatores genéticos, e outros defendem a ideia
de que o ambiente pode moldar e modificar a personalidade de uma pessoa. Historicamente,
pesquisadores assinalaram como chaves determinantes da personalidade a hereditariedade e o ambiente
e, posteriormente, foi introduzido um novo fator, a situação, como agente importante capaz de moldar a
personalidade.

Enumera-se cinco grandes traços de personalidade fundamentais e relevantes para as organizações. São
eles:

• Sociabilidade: capacidade de se relacionar bem com os outros. As pessoas muito sociáveis tendem a
ser gentis, cooperativas, compreensíveis e estão mais propensas a manter melhores relações no
ambiente de trabalho.

• Consciência/meticulosidade: refere-se à quantidade de objetivos em que cada um é capaz de se


concentrar. Os que se concentram em poucos objetivos de cada vez tendem a ser mais organizados,
cuidadosos, responsáveis e disciplinados no trabalho.

• Estabilidade emocional: diz respeito à variação de humor e à segurança. As pessoas com maior
estabilidade emocional tendem a ser calmas, flexíveis e seguras.

• Extroversão: refere-se ao bem-estar sentido nos relacionamentos. Os extrovertidos são mais


amistosos, falantes, assertivos e abertos a novos relacionamentos.

• Abertura: refere-se à maleabilidade das crenças e dos interesses de uma pessoa. As pessoas com alto
grau de abertura estão mais dispostas a ouvir novas ideias e a mudar de opinião a partir de novas
informações.

O conhecimento desses traços permite aos líderes uma melhor compreensão do comportamento de seus
colaboradores, mas devemos ter cuidado para não rotularmos as pessoas, uma vez que, por mais
científicas que sejam ao se tratar de pessoas as rotulações podem conter imprecisões, e outros fatores
também podem interferir no comportamento das pessoas.

Carl Jung, psicanalista europeu, que criou um modelo de estilos cognitivos, identificou quatro dimensões
do funcionamento psicológico:

• Extroversão x introversão: os extrovertidos são orientados para o mundo exterior, enquanto os


introvertidos são orientados para o mundo interior e preferem o recolhimento.

• Pensamento x sentimento: as pessoas que têm o estilo pensamento tomam decisões de forma
racional, lógica, enquanto o outro estilo baseia suas decisões em sentimentos e emoção.
• Sensação x intuição: os indivíduos voltados para a sensação preferem focar nos detalhes, ao passo
que os intuitivos se concentram em temas mais amplos.

• Julgamento x percepção: as pessoas do tipo julgamento gostam de terminar tarefas, e as do tipo


percepção gostam do processo de elaboração e buscam maior número de informações.

Todas as pessoas têm um pouco de cada comportamento, embora se sintam mais à vontade e passem
mais tempo em um modo de comportamento. A combinação dos polos produz temperamentos, estilos e
tipos psicológicos.

Exemplo:
introversão-percepção – gostam mais de estudar e ficar no isolamento do que interagir com os outros.

Jung considerou que os polos de cada uma das quatro dimensões indicam preferências e facilidade para
realizar determinadas atividades, mas que existe o outro lado de que às vezes precisamos lançar mão, o
que ele chamou de teoria da sombra.

Teoria da sombra: a sombra é o potencial menor, que é preciso ativar e desenvolver quando os
problemas exigem aptidões diferentes daquelas que as preferências escolheriam. Ao se combinar os
diversos tipos, encontraram dezesseis tipos de personalidade. Alguns autores preferem fazer modelos
baseados em combinações de apenas duas dimensões, como, por exemplo, no processo decisório,
analisar as dimensões pensamento– sentimento; sensação – intuição; isso permitiria identificar quatro
estilos: sensitivos – pensantes, sensitivos; sentimentais; intuitivos – pensantes e intuitivos –
sentimentais.

Em qualquer um dos modelos adotados, o que se busca é tentar explicar o comportamento humano. A
teoria da sombra insiste em que as pessoas apresentam comportamentos dominantes, ou preferenciais,
ao lado de comportamentos secundários. Devemos pensar, portanto, nos tipos de Jung como ferramenta
que auxilie no processo de autoconhecimento e de conhecimento das pessoas que fazem parte da
organização.

PERCEPÇÃO

A percepção é algo individual e influi na forma como as pessoas se comportam na organização; é a base
para o entendimento do comportamento humano nas organizações, se entendermos os fatores que levam
a moldar ou distorcer a percepção.

• Cada pessoa compreende a realidade de forma diferente.

• O fato de um perceber de uma determinada forma não exclui a percepção do outro (certo-errado).

• A não percepção do ponto de vista do outro pode acarretar problemas nos níveis prático e relacional.

• Percepções diferentes podem aprofundar relacionamentos.

Percepção é o processo em que as pessoas selecionam, organizam e interpretam informações existentes,


por meio de suas impressões sensoriais (tato, olfato, paladar, audição e visão) com a finalidade de dar
sentido ao ambiente ou ao modo como veem objetos e situação.

Pensamos de modo usual, criando um padrão que se ajusta ao nosso padrão tradicional, ou àquilo que
gostaríamos que nosso padrão fosse, e raramente tentamos a verdadeira interpretação de uma situação.
A percepção não reflete a realidade objetiva.

Vemos o mundo da forma como fomos condicionados a vê-lo; na verdade, quando descrevemos o que
vemos, estamos descrevendo a nós mesmos, nossas percepções e paradigmas.

Fatores que influenciam a percepção


Existem vários fatores que interferem na nossa percepção, como a atenção, os fatores externos e
internos:

Fatores da situação
• Momento
• Ambiente de trabalho
• Ambiente social

Fatores do observador
• Atitude • Motivação
• Interesse • Experiência
• Expectativa • Emoção
• Valores

Fatores do alvo
• Novidade • Sons
• Movimento • Tamanho
• Proximidade • Tempo
• Semelhança

Dentre os fatores que influenciam nossa percepção, temos os fatores internos, ou seja, os fatores ligados
ao observador. A forma como observo e interpreto uma situação, objeto ou pessoa está intimamente
ligada aos meus valores, crenças, experiências passadas, interesse, emoção e motivação.

Por exemplo, você pode passar todos os dias pela mesma rua e nunca ter reparado um restaurante, mas
se você estiver com fome, com certeza notará.

Outro ponto importante a ser destacado é a respeito do conceito que cada um tem de si mesmo, ou seja,
sua autopercepção, pois ela influenciará fortemente a forma como vemos os objetos e as pessoas. Ela
pode variar de acordo com as relações que mantemos, o trabalho que desenvolvemos e como lidamos
com os nossos sucessos e fracassos.

Os fatores externos, ou do alvo, também podem interferir na nossa percepção; o fato de estar mais
próximo, como, por exemplo, a estratégia utilizada nos supermercados de se colocar o que se quer vender
no campo de visão do consumidor.

Podemos citar outros fatores do alvo, como o tamanho, o tempo, a semelhança etc. Como o alvo está
sempre relacionado a uma situação, esses fatores também irão interferir.
O nosso foco está em como percebemos os outros (heteropercepção), está ligado à impressão que tenho
a respeito do outro, pelas suas ações, pela sua voz, pelos seus gestos, seu movimento, sua reação e
pela experiência que tive com o outro.

O comportamento (atitude, conduta) das pessoas é que nos leva a percebê-las e julgá-las.

A teoria da atribuição procura explicar como julgamos de maneiras diferentes as pessoas, diante do
sentido que atribuímos a um dado comportamento.
A teoria sugere que quando observamos o comportamento de alguém, tentamos identificar se o que o
motiva é interno ou externo.
As causas internas estariam sob o controle do indivíduo, enquanto as causas externas estariam
relacionadas a uma situação externa que ocasionou tal comportamento.

Por exemplo, se um colaborador chega atrasado, posso atribuir que ele acordou tarde por ter ficado na
“farra” ou atribuir ao trânsito. Aqui entram três fatores que irão interferir na atribuição:

• Diferenciação: refere-se a comportamentos diferentes em situações diferentes. Se existe um


comportamento que é habitual (chegar atrasado), a atribuição será a uma causa interna; caso contrário,
se não é um comportamento habitual, o observador atribuirá a uma causa externa.
• Consenso: quando todas as pessoas que enfrentam determinada situação respondem de maneira
semelhante. Por exemplo, se todos os colegas do funcionário que chegou atrasado fazem o mesmo
percurso, e também chegaram atrasados, a atribuição será a uma causa externa, se o consenso for alto.

• Coerência: o observador sempre busca uma coerência nas ações das pessoas. Se o funcionário chega
sempre atrasado, a atribuição será a uma causa interna. Quanto mais coerente o comportamento, mais
a atribuição tenderá a ser interna.

Observamos e julgamos as ações segundo um contexto situacional. Há evidências de que, quando


julgamos o comportamento das outras pessoas, tendemos a superestimar as causas internas, ou
pessoais. Podemos, com isso, incorrer no erro fundamental de atribuição. Ele dá o exemplo: uma gerente
de vendas atribui o fraco desempenho de seus vendedores à preguiça deles, e não ao lançamento de um
produto concorrente.
Existe também a tendência das pessoas de atribuírem o seu sucesso a fatores internos, e os fracassos,
a fatores externos.

Distorções da percepção

Distorção é o fenômeno pelo qual transformamos a realidade para que ela se adapte à nossa cultura, à
nossa crença, aos nossos valores e até mesmo às impressões e intenções momentâneas.

Algumas distorções de percepção:

• percepção seletiva: as pessoas selecionam o que veem, ouvem e falam, a partir de seus
antecedentes, atitudes, experiências e interesses;
• efeito de halo: impressão da pessoa a partir de uma só característica;
• projeção: atribuição das características próprias a outra pessoa;
• estereótipo: juízo formado a respeito da pessoa, segundo a percepção do grupo a qual pertence;
• efeito de contraste: avaliação da pessoa a partir de comparação.

As pessoas devem ter o cuidado ao julgar outras, pois podem cometer erros de julgamento em função
das distorções apresentadas. Abaixo, são citados alguns processos que sofrem o impacto da nossa
percepção e, por isso, devemos estar atentos às distorções, para que os mesmos sejam realizados com
equidade:

• entrevistas de emprego;
• avaliação de desempenho;
• tomada de decisão;
• definição de estratégias;
• lealdade do empregado;
• esforço do empregado.

Podemos adotar algumas medidas no sentido de minimizar as distorções de percepção e melhorar a


nossa capacidade de perceber, como, por exemplo:
• aumentar a frequência de observações e em situações diferenciadas;
• coletar percepções de outras pessoas buscando o aumento de informações e confirmando ou não a sua
percepção;
• estar conscientes das distorções perceptivas;
• estar conscientes da administração da impressão de si mesmo e dos outros;
• ter consciência de que as relações interpessoais são influenciadas pela maneira como as pessoas se
percebem e interpretam as suas percepções;
• quanto melhor a compreensão de mim mesmo, maior a possibilidade de compreensão do outro.

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