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Análise Transacional: Fazer a leitura dos artigos e fazer uma análise crítica reflexiva de com

os estados de Eu trazidos pela análise transacional podem interferir na Comunicação.

De acordo com a leitura dos artigos, a análise transacional trata-se de um método de análise
criado por Eric Berne no fim dos anos 50, para a compreensão do comportamento humano,
baseado numa abordagem humanista, considerando a essência humana, suas particularidades,
sentimentos e subjetividade (HERSEY & BLANCHAD, 1986; NEULS, 2009). Para Berne (1957) a
nova abordagem da análise transacional trata dos “conflitos internos, através do diagnóstico
dos estados do ego, descontaminação, de modo que o Adulto possa manter o controle da
personalidade em situações de tensão. O objetivo da análise transacional é o controle social.”
(BERNE, 1961, p. 86).

Nesse sentido, a análise transacional está relacionada aos três estados de ego do indivíduo,
conhecidos como criança, adulto e pai, que são responsáveis pela forma de pensar os
sentimentos e o comportamento humano (BERNE, 1957; BERNE, 1966; BERNE, 1985; DRAGOI;
POPA; SHIRAI, 2006; BLUJDEA, 2011). No estado de ego criança, as reações ocorrem com mais
frequente no modo não verbal e as características que mais aparecem são alegria, espanto,
surpresa e curiosidade, sendo dividido em “criança Livre” (modo espontâneo, intuitivo e
criativo) e “criança adaptada” (caracterizado pelos aspectos da submissa e da rebeldia). Já no
estado ego adulto, o indivíduo possui comportamentos indagadores, que proporcionam
reflexões e análises, por exemplo, por que, o que, de que forma, como, quando, onde. Essas
ações refletem atitudes de busca pelo saber, ou seja, conhecer os fatos ou circunstâncias em
que os fenômenos ocorrem (BERNE, 1985; MINICUCCI, 1980; PITMAN, 1984). Por último, o
estado de ego pai é constituído pelas lembranças de tudo o que a criança viu, ouviu dos seus
pais, onde predominam as normas e regras, valores, conceitos, modelos de condutas, sendo
dividido em “pai crítico” (tem como características a agressividade, possui uma postura
ditatória, intolerante, etc.) e “pai protetor” (possui traços de superproteção, é incentivador,
estimula a promove a dependência dos demais).

Com base nisso, Jung (2014) destaca que os indivíduos dispõem de diferentes estilos
comportamentais de negociação, entretanto há sempre um estilo que se torna predominante,
onde as características dos indivíduos se constituem de modelos (tipos) de atitudes gerais
expressas de forma individualizada (interesses, habilidades, referências, etc.). Com isso,
Junqueira (1998) diz que é importante identificar este estilo no indivíduo para que, o mesmo,
possa ser aprimorado e aplicado, de forma que possa trazer maior eficiência para o desempenho
das suas atividades.

Assim, os comportamentos podem ser classificados como: dominante, condescendente,


informal e formal. Os autores classificam os estilos comportamentais em: catalisador, apoiador,
controlador e analítico (JUNQUEIRA, 1998; WANDERLEY, 1998). Os estilos catalisadores estão
presentes nas pessoas que possuem tais características: influenciadoras, sociabilidade,
indutoras, estimuladoras, entusiastas, sendo reconhecidas pela superficialidade na execução
das atividades, em alguns casos transmitem descredibilidade em seus projetos, pois não
conseguem cumprir o que se propuseram a fazer (JUNQUEIRA, 1998; WANDERLEY, 1998). O
estilo apoiador apresenta como característica comportamental a cordialidade,
compreensibilidade, confiabilidade, lealdade, possui bom relacionamento interpessoal e
trabalho em equipe, porém, pode trazer resultados não tão produtivos, devido o mal
gerenciamento de tempo, a tendência em evitar conflitos, a hesitação em negar uma tarefa ou
pedido, e se abster em se posicionar diante de uma situação ou grupo, consentindo, mas depois
pode não cumprir o que foi acordado. O estilo controlador é conhecido também como sendo
realizador, diretivo, onde geralmente se caracterizam por indivíduos responsáveis, objetivos,
eficientes, que costumam tomar decisões baseadas em fatos em que o risco pode ser previsto,
superestimando o cumprimento de metas e prazos. Afetivamente costumam não se importar
com as pessoas e emoções destas nas organizações, são rapidamente identificados pela sua
insensibilidade e intolerância. Já o analítico, possui um estilo comportamental metódico, aceita
novas circunstâncias com mais facilidade, onde, geralmente, são identificados por pessoas
organizadas, com um senso de seriedade, controladas, pacientes e com alta capacidade crítica,
não são superficiais, buscam aprender profundamente um tema, se especializando, além de
buscar tomar decisões somente quanto sentem-se confiantes com o resultado. Contudo, são
tidos como detalhistas, indecisos e até procrastinadores (ATKINS; KATCHER, 1973; JUNQUEIRA,
1998; WANDERLEY, 1998; HIRATA, 2007).

Diante do que foi citado ao longo do texto, percebe-se que a análise transacional pode ser
utilizado como um método para melhorar a comunicação e o relacionamento entre indivíduos
nas organizações. Isso se afirma diante do fato de que, por exemplo, em uma reunião social,
certamente em algum momento uma pessoa irá falar e a outra irá reagir. A análise transacional
simples irá fazer o diagnóstico de que estado da mente fez a pessoa tomar a iniciativa do
estímulo e em que estado a outra pessoa estava reagindo. As transações são ditas
complementares, quando a reação ao estímulo é considerada apropriada ao momento e já é
esperada pela pessoa que estabeleceu a transação. “Enquanto as transações forem
complementares, a comunicação poderá, em princípio, prosseguir indefinidamente.” (BERNE,
1974 p. 31). No entanto, quando a comunicação é interrompida, diz-se que foi estabelecida uma
transação cruzada, sendo frequentemente observada nas relações, sejam elas de qualquer tipo,
quando o estímulo é feito Adulto-Adulto e a resposta vem como Criança-Pai. Esse tipo de
transação faz com que as pessoas, muitas vezes, se comportem como se fossem duas pessoas
diferentes de uma situação para outra. Isso porque, existem momentos na comunicação que
vão despertar no indivíduo, seja por meio de uma palavra ou um pedido ou uma acusação,
lembranças de situações vividas no passado e a partir daí, a pessoa reage da forma que reagiu
ou gostaria de ter reagido no passado. A comunicação deixa de ser consciente e embasada em
dados pautados na realidade e passa a ser uma série de argumentações desconectadas da lógica
ou de algum sentido.

Assim, os estados de ego trazidos pela análise transacional podem interferir na comunicação
uma vez que, os mesmos, influenciam como o indivíduo reage diante das situações ocorridas
dentro da organização, seja em reuniões, trabalhos em equipe, desempenho de suas funções,
relacionamento com os demais colegas e superiores, entre outros. Portanto, segundo Oliveira
(1976), “quando conseguimos aperfeiçoar-nos na rápida identificação das manifestações típicas
dos 3 estados do ego – tanto de nossa parte, como da parte dos outros –, não é difícil melhorar
nosso desempenho na interação com os outros.” Onde sua aplicabilidade nas organizações é
embasada, de uma maneira geral, no fato de ser uma teoria de fácil compreensão, voltada para
o desenvolvimento da comunicação e das transações, por meio de um favorecimento da
autonomia e amadurecimento pessoal, além de favorecer uma melhoria na qualidade de vida
das pessoas e do clima organizacional.

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