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Sebenta Teorias da Personalidade

Porquê estudar a personalidade?


 Porque as pessoas são como são?
 Porque alguns lutam contra os seus sentimentos quando outros não o fazem?
 Porque alguns parecem capazes de sair-se bem em áreas em que outros fracassam?

O que procuramos explicar com uma teoria da personalidade?


 “O que” refere-se às características da pessoa e à forma como umas estão organizadas em
relação às outras: a pessoa é honesta, persistente e tem alta necessidade de realização?
 “Como” refere-se aos determinantes da personalidade de uma pessoa: Em que nível e de que
maneira as forças genéticas e ambientais interagem para produzir esse resultado?
 “Porquê” refere-se às razões para o comportamento do indivíduo em respeito aos seus
aspetos motivacionais: se um indivíduo deseja ter muito dinheiro, porque escolheu esse
caminho em particular.
Cinco áreas que uma teoria da personalidade completa deverá cobrir:
(1) Estrutura – as unidades básicas ou os blocos constitutivos da personalidade
(2) Processo – os aspetos dinâmicos da personalidade, incluindo os motivos
(3) Crescimento e desenvolvimento – como nos desenvolvemos, formando a pessoa única que
cada um de nós é
(4) Psicopatologia – a natureza e as causas do funcionamento desordenado da personalidade
(5) Mudança – como as pessoas mudam e por que elas, às vezes, resistem à mudança ou são
incapazes de mudar

 Estrutura - refere-se aos aspetos mais estáveis e duradouros da personalidade, como


resposta, hábito, traço e tipo.
 Traço - Consistência da resposta individual a uma variedade de situações: Para um bom
amigo usamos adjetivos como “inteligente”, “honesto” ou “sério”.
 Tipo - Agrupamento de muitos traços diferentes, implica um grau maior de regularidade e
generalidade no comportamento, por exemplo os indivíduos são descritos como invertidos
numa situação, mas se aproximam muito numa outra situação.

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Processo
Os aspetos de processos explicam o comportamento em base dos conceitos motivacionais.

Motivações possíveis:
 Hedonísticos – procurar prazer / evitar dor: modelo de redução da tensão e modelos de
incentivo
 Motivos de crescimento – enfatizam os esforços do organismo para atingir o crescimento e
realizar o seu potencial, mesmo às custas de maior tensão.
 Motivos cognitivos – pessoa tem uma necessidade de consistência ou uma necessidade de
saber. Por exemplo a pessoa tenta manter uma imagem consistente de self e fazer com que
os outros se comportem de maneira previsível (Swann, 1992, 1977).

Crescimento e desenvolvimento
Tradicionalmente, os determinantes da personalidade foram divididos em determinantes
genéticos e determinantes ambientais.
 Determinantes genéticos: mais importantes em características como a inteligência e o
temperamento. Por exemplo: certos bebés são mais ativos e menos receosos que outros.
Essas diferenças podem durar até a idade adulta.
Muitos padrões de comportamento têm origem na nossa herança evolutiva e relacionam-se com
genes compartilhados com membros da nossa família.
Influências genéticas no desenvolvimento da personalidade: gêmeos separados à nascença
reúnem-se e reparam que falam da mesma forma ou têm traços de personalidade muito semelhantes.
 Determinantes ambientais: abrangem influências que nos tornam muitos semelhantes uns
aos outros, assim como nos tornam únicos.
(a) Cultura – são as experiências que os indivíduos têm como resultado de pertencerem a
uma determinada cultura. A maioria dos membros de uma cultura terá certas características
de personalidade em comum, por exemplo: atitudes perante a nossa existência, como
definimos as nossas necessidades, como as satisfazemos, como expressamos emoções, como
nos relacionamos com outros, ou como lidamos com a vida e a morte.
(b) Classe social – Aspetos da personalidade de um indivíduo não podem ser
compreendidas sem referência a um grupo ao qual a pessoa pertença. Por exemplo: classe
baixa ou alta, classe operária ou profissional, etc. Estes fatores determinam o STATUS dos
indivíduos, os papéis que eles desempenham, os deveres que lhes são atribuídos e os
privilégios de que desfrutam.
(c) Família – são os fatores ambientais mais importantes. Os pais podem ser afetuosos e
amorosos ou hostis e indiferentes, passivos ou conscientes das necessidades de liberdade e
autonomia dos filhos. Cada padrão de comportamento parental afeta o desenvolvimento da
personalidade da criança.
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Os pais influenciam o comportamento dos filhos:
1. Através do seu comportamento, eles apresentam situações que produzem certos
comportamentos nas crianças.
2. Eles servem como modelos de identificação.
3. Eles recompensam comportamentos de forma seletiva.

(d) Pares – o ambiente dos pares é o que responde pelos efeitos ambientais sobre o
desenvolvimento da personalidade. Por exemplo: as experiências em grupos de pares na
infância e na adolescência. Ajuda a responder à questão: “Porque crianças da mesma família
são tão differentes?” – é porque elas têm diferentes experiências fora de casa e porque as
experiências dentro de casa não as afectam de forma igual.

Determinantes internos e externos do comportamento


Todas as teorias da personalidade reconhecem que fatores internos ao organismo e eventos
no ambiente circundante são importantes para determinar o comportamento. Porém, as teorias
diferem no nível de importância atribuído aos determinantes internos e externos.
Por exemplo, Freud indica que as pessoas são ativas e responsáveis pelos seus
comportamentos, enquanto Skinner considera as pessoas como uma vítima passiva dos eventos
ambientais.
A visão freudiana sugere que concentremos a nossa atenção naquilo que acontece dentro da
pessoa; a visão skinneriana sugere que esses esforços são inúteis e que seria lógico concentrarmo-
nos em variáveis ambientais.

A Teoria Psicanalítica Clássica de Sigmund Freud


Sigmund Freud estudou medicina na Universidade de Viena em 1873;
Colaborou com o psiquiatra francês Jean Charcot que usava hipnose no tratamento da histeria;
Colaborou com Joseph Breuer, que inventou um método de cura de sintomas de histeria falando
sobre eles. Em 1895, publicaram em conjunto alguns dos casos de histeria tratados;
Freud considerava que os conflitos sexuais eram a causa da histeria;
Em 1900 publicou o livro “A interpretação dos sonhos”;
Fundador da Associação Psicanalítica Internacional.
Reconhece a mente como parte do corpo e gera princípios de funcionamento mental, a partir
de princípios de funcionamento fisiológico. O corpo e a mente são sistemas de energia
mecânicos. A mente recebe energias mentais das energias físicas gerais do corpo. O que acontece à
energia mental, como flui, como é redirecionada e como é bloqueada, faz parte da teoria
psicodinâmica.
 Processos dinâmicos: Impulsos, sexo, agressividade, ansiedade, mecanismos de defesa.
 Avaliação e intervenção: associação livre, análise de sonhos, transferência, atos falhados
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Energia mental - 3 ideias centrais:
1. Existe uma quantidade de energia limitada, se muita energia é usada de uma forma,
menos energia está disponível para outros fins (e.g. energia usada em objetivos culturais, não
disponível pata objetivos sexuais e viceversa).
2. A energia pode ser bloqueada num canal de expressão, mas não desaparece, é expressa de
outra forma, num caminho com menor resistência.
3. A mente funciona para atingir um estado de quiescência (repouso). As necessidades
corporais criam um estado de tensão. A pessoa procura reduzir essa tensão para retornar a um
estado interno de quietude (exemplo: fome-tensão, alimentação-redução da tensão, satisfação,
quiescência).
O objetivo último do comportamento é o prazer que resulta da redução da tensão ou da
libertação de energia.
A Teoria de Freud da Personalidade é um modelo detalhado das estruturas da personalidade
e processos que são responsáveis por esta fluência dinâmica da energia mental.

Os princípios motivacionais do inconsciente acontecem em 2 processos:

 Primeiro, os conteúdos mentais entram no inconsciente por razões motivacionais.


O inconsciente arquiva ideias que são tão traumáticas que, se se mantivessem conscientes,
iriam causar dor psicológica. Pode incluir memórias de eventos de vida traumáticos,
sentimentos de inveja, hostilidade, um desejo sexual proibido ou o desejo de agredir alguém
amado. Para manter o prazer e evitar a dor, somos motivados a banir esses pensamentos da
consciência.
 Segundo, os pensamentos no inconsciente influenciam a experiência que decorre no
consciente.
As experiências psicológicas conscientes, pensamentos, sentimentos e ações, são muito
determinadas por conteúdos mentais do inconsciente. Atos falhados, sonhos, experiência de
ansiedade súbita, sentimentos fortes de atração ou repulsa em relação a alguém que
acabámos de conhecer, sentimentos de culpa em relação a coisas que não conseguimos
explicar racionalmente.
A personalidade é constituída por três grandes sistemas: o id, o ego, e o superego.
O Id consiste em tudo que é psicológico e herdado e que se encontra presente desde o
nascimento, incluindo os instintos.
Id significa “a verdadeira realidade psíquica” – uma realidade subjetiva.
Função de redução de tensão –princípio do prazer.
O id, para manter o equilíbrio de prazer combina:
a. Ações reflexas – reações inatas como espirrar e pestanejar, etc.

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b. O processo primário – envolve processos mentais mais elaborados, por exemplo uma pessoa
faminta alucina com a imagem mental de um alimento, conhecida como realização do
desejo.
Os sonhos são o processo primário mais importantes – tentativa de realização de um desejo.

O Ego está conectado com o processo secundário – um pensamento realista.


Ego formula um plano para a satisfação de uma necessidade e depois através das ações, vai
testar para ver se funciona ou não.
Uma pessoa faminta pensa onde pode encontrar comida e dirige-se para esse lugar. O ego
tem controle sobre todas as funções cognitivas e intelectuais para encontrar o lugar da comida.
O ego não pode existir sem o Id. O papel do ego é o de mediador entre as exigências
instintivas do organismo e as condições do ambiente.

O superego é o representante interno dos valores tradicionais e dos ideais da sociedade


conforme interpretados pelos pais para a criança e impostas por um sistema de recompensas e
de punições.

A dinâmica da personalidade
Freud considera o organismo humano como um sistema complexo de energia: energia
psíquica.
Instinto é definido como uma representação psicológica inata de uma fonte somática
interna de excitação.
A representação psicológica é chamada de desejo e a excitação corporal da qual origina é chamada
de necessidade.
Para Freud, as fontes ambientais da excitação desempenham um papel menos
importante do que os instintos inatos.
 Instintos (impulso) – fonte de energia dos comportamentos e propulsores da personalidade;
influenciam não só o comportamento como a sua direção
Dois tipos de instintos:

 Eros (vida, sobrevivência, sexo; autoconservação);


 Thanatos (impulsos destrutivos / agressivos; destruição.);

A distribuição e a utilização da energia psíquica:


O investimento de energia numa ação ou imagem que vai gratificar um instinto é chamado
escolha objetal ou catexia objetal.

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O id é um instinto fluído, pois não distingue entre objetos, tratando-os da mesma forma. Um
bebé com fome vai pegar em qualquer objeto que puder agarrar e levá-lo à boca.
O ego empresta a força do Id para procurar recursos, e encontra a fonte para satisfazer as
necessidades corporais. Este processo é conhecido como identificação.
Uma vez que uma imagem mental não pode satisfazer uma necessidade, a pessoa é
forçada a diferenciar entre o mundo da mente e o mundo externo.
O que acontece quando existe uma interação das forças impulsionais (catexias) e das
forças restritivas (anticatexias)?
A dinâmica da personalidade consiste na interação das forças pulsionais (catexias) e das
forças restritivas (anticatexias). Todos os conflitos da personalidade podem ser reduzidos à
oposição entre esses dois conjuntos de forças. Toda tensão prolongada deve-se à oposição entre
uma força pulsional e uma força restritiva. Seja uma anticatexia do ego oposta a uma catexiado id
ou uma anticatexia do superego oposta a uma catexia do ego, o resultado em termos de tensão é o
mesmo. Como Freud gostava de dizer, a psicanálise é "um a (concepção) dinâmica, que investiga a
vida mental na interação entre forças que favorecem ou inibem uma à outra."
Ansiedade
Ansiedade – uma experiência emocional dolorosa que representa uma ameaça ou perigo para
a pessoa; está presente em todas as pessoas em maior ou menor grau
A ansiedade é uma função do Ego que o alerta para o perigo, de modo a que ele possa agir.
A ansiedade representa uma repetição de experiências de trauma precoces, numa versão
mais reduzida:
A ansiedade no presente está relacionada com perigos sentidos na infância - por exemplo,
uma criança pode ser punida severamente por um comportamento agressivo ou sexual.
Em adulto pode experienciar ansiedade associada com a inclinação para realizar o mesmo
tipo de ato agressivo ou sexual.
O anterior castigo (trauma) pode, ou não, ser lembrado. Em termos estruturais, a ansiedade
desenvolve-se através dum conflito entre os impulsos do Id e a ameaça de castigo do Super Ego.
Três tipos de ansiedade:
1- Ansiedade da realidade – medo de perigo real no mundo externo
2- Ansiedade neurótica – medo de punição que provavelmente seguirá à gratificação do
instinto. Ex.: pais punem criança por ações impulsivas.
3- Ansiedade moral – medo consciente, ao pensar fazer uma ação contrária ao código
moral segundo o qual foram criadas.

Uma ansiedade que não pode ser gerida com medidas efetivas é apelidada experiência traumática.
Os mecanismos de defesa protegem contra a ansiedade.

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Desenvolvimento da personalidade
A personalidade desenvolve-se em resposta a 4 fontes de tensão:
1- Processos de crescimento fisiológicos
2- Frustração
3- Conflitos
4- Ameaças

Os mecanismos de defesa do EGO


Sob a pressão de excessiva ansiedade, o ego é forçado a tomar medidas extremas para equilibrar
com o Id, estas medidas são chamadas mecanismos de defesa.
Estratégias que o ego usa para se defender contra a ansiedade provocada por conflitos do dia a dia.
Envolvem negações ou deturpações da realidade;
Têm como função proteger da dor, mas são patológicos se usados de forma indiscriminada e
compulsiva.
• (I) Repressão
• (II) Projeção
• (III) Formação Reativa
• (IV) Fixação
• (V) Regressão

Duas características:
1. Negam, falsificam ou distorcem a realidade
2. Operam inconscientemente, para a pessoa não estar ciente do que está a acontecer

A repressão ocorre como um mecanismo de defesa. Quando um desejo não satisfeito se


transforma em ansiedade e o ego não a consegue equilibrar, a experiência torna-se traumática.
Impedimos uma memória traumática para que esta não interfira na nossa vida consciente.
Uma ansiedade neurótica ou moral transposta sobre um objeto é chamado de projeção.

 Formação Reativa - Substituir, na consciência, um impulso ou sentimento de ansiedade pelo


seu oposto. Por exemplo: o ódio é substituído pelo amor. O impulso original ainda existe,
mas é encoberto ou mascarado por outro que não é ansiedade.
 Fixação - Uma fase do desenvolvimento que impede o crescimento normal, potencialmente
interrompendo o crescimento de forma temporária ou permanentemente. Por exemplo,
chuchar no dedo até à idade adulta Homens adultos solteiros ainda dependentes da mão para
necessidades básicas (cozinhar, passar a ferro, limpar, etc.)
 Regressão - Uma pessoa que encontra experiências traumáticas recua para um estágio
anterior de desenvolvimento. Uma criança assustada com o primeiro dia na escola pode

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apresentar um comportamento de bebé, como chorar, chupar o dedo, agarrar-se à professora,
ou esconder-se num canto. Uma pessoa que perdeu o trabalho, procura consolo na bebida.
Regressão é muito fortemente ligada à fixação, porque a regressão é determinada pelas
fixações anteriores da pessoa.

Estágios de desenvolvimento / desenvolvimento psicossexual


Uma progressão bem-sucedida nestas fases de desenvolvimento conduz a uma pessoa
psicologicamente saudável, alguém que pode amar e trabalhar. De acordo com Freud, todos os
aspetos principais da nossa personalidade desenvolvem-se durante as fases oral, anal e fálica do
desenvolvimento.
Os primeiros anos de vida são decisivos para a formação da personalidade;
importância da infância para a vida adulta;
Cada estágio de desenvolvimento durante os primeiros cinco anos é definido em termos dos
modos de reação de uma zona específica do corpo.
O modelo de desenvolvimento de Freud baseia-se na suposição da sexualidade infantil.
Os estágios representam uma sequência normativa de diferentes modos de gratificar os
impulsos sexuais, e é a maturação física a responsável pela sequência de zonas erógenas e de
estágios correspondentes.

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 Sexualidade integrada no desenvolvimento, desde o nascimento;
 Predomínio de zonas erógenas;
 Criança como um perversos polimorfo;
 Sexualidade infantil é pré-genital e autoerótica;
 A qualidade relacional e a ultrapassagem das fases definem toda a vida futura.

Estágio Oral
 O bebé nasce com Id conjunto de pulsões inatas;
 Ego organiza-se no 1º ano de vida;
 Zona erógena lábios, boca;
 Indiferenciação objetal, (objeto não é total) mãe – bebé;
 Alimentação é a grande fonte de satisfação (ex.: mamar)
 Representa a 1ª atividade sexual do bebé
 A fonte de prazer: boca / processo de comer: estimulação tátil dos lábios, da cavidade oral, e
do engolir (0-18 meses)

A fixação oral pode ocorrer de duas formas:


Fixada no nível oral da personalidade:
 Preocupação com o que comem/bebem
 Redução de tensão através de atividade oral (comer, beber, roer as unhas, etc.)
 Passividade e dependência; sensibilidade à rejeição
Personalidade oral agressiva:
 Hostil e verbalmente agressiva para com os outros.

Estágio Anal
 Zona erógena é a região ou esfíncter anal;
 A maturação permite reter ou expulsar as fezes e a urina (controle esfincteriano);
 A estimulação do esfíncter provoca prazer à criança;
 As contrações musculares podem provocar dor (ambivalência de emoções);
 Na relação com a mãe a criança hesita entre ceder ou opor-se às regras de higiene.
Período dos 18 meses aos 3 anos
 A zona erógena é o trato intestinal, quando após digerir, elimina a pressão sobre os
esfíncteres anais. A expulsão das fezes remove o desconforto e produz alívio.
Fixação anal: Personalidade retenção Anal: criança torna-se obstinada e avarente; pode expressar a
raiva expelindo as fezes num momento mais inadequado (traços explosivos: crueldade, destrutivo,
ataques de raiva e desorganização, etc.)

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Personalidade extensão anal: a criança vai adquirir a noção de que toda a atividade de produzir
fezes é extremamente importante (falta de autocontrolo, desarrumado, pouco cuidadoso)

Estágio Fálico
 Criança interessa-se pelas diferenças sexuais;
 Como nascem os bebés;
 Interações entre homens e mulheres;
 Brincam aos médicos, pais e mães;
 No final desta fase forma-se o Super Ego;
 Ocorre o complexo de Édipo com a triangulação.

Período dos 3 aos 6 anos


A zona erógena são os órgãos genitais (prazeres da masturbação e a vida de fantasia que
acompanham a atividade auto-érotica demonstrados no complexo de Édipo (rei de Tebas que matou
o pai e casou com a mãe) ou de Electra
O menino vê o pai como uma ameaça para a sua relação com a mãe e vice-versa para as
meninas, que vêm a mãe como uma ameaça na relação com o pai.
O medo é relacionado com a ansiedade de castração e para meninas é a inveja de pénis.
O menino reprime este medo e começa a identificar-se com a figura do pai.

Estágio Latente / Fase de Latência


 Esquecimento - Amnésia infantil - de acontecimentos e sensações vividos nos 1ºs anos;
 Diminuição da atividade sexual, total ou parcial;
 Sublimação – dirigir energia para as aprendizagens;
 Integra os papéis sexuais (ser homem e mulher);
 Super Ego manifesta-se em preocupações morais;
 Durante o período de latência, as meninas e os meninos socializam apenas dentro de grupos
do mesmo género.
Freud postula que as crianças têm este comportamento de forma a minimizar a exposição à
sexualidade. Como tal, é uma forma de continuar a repressão sexual começada no estágio anterior
(para aqueles que chegaram aos complexos de Édipo e Electra).

Complexo de Édipo
 Triangulação – mãe – pai – filho;
 Rapaz – grande interesse e aproximação pela mãe (desejo sexual pela mãe) – o pai impede;
 Ambivalência (amor – ódio) pelo pai (rival);
 Receio da castração;
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 Na impossibilidade de possuir a mãe – identifica-se com o pai para ter uma mulher como a
mãe (igual mas diferente);
 Investimento no pai e adia o desejo;
 Na menina é semelhante – inicio o facto de não ter pénis é vivido como algo incompleto que
falta e é desvalorizante.

Estágio Genital
 A adolescência é reativa a sexualidade (adormecida na latência);
 Surgem novas pulsões genitais
 Mundo relacional é alargado;
 Reviver complexo de Édipo;
 Novas escolhas e experiências sexuais;
 Podem surgir regressões como ascetismo (disciplina e isolamento) ou intelectualizações e
racionalizações.
 Diferente dos outros estágios que encontram a fonte de prazer na manipulação do próprio
corpo, durante a fase de estágio genital este auto-amor, ou narcisismo, é canalizada para
escolhas objetais genuínas.
 O adolescente começa a amar os outros por motivo altruístas, começa a socializar, encontrar
um parceiro(a), criar família, etc. A principal função biológica do estágio genital é a
reprodução.

Críticas ao trabalho de Freud:


 Falta de dados científicos que suportem os seus resultados
 A teoria é pouco adequada para fazer previsões
 Limitada à baixa população do estudo a que se refere
 Apesar destes factos, a teoria mantém-se popular: muitas teorias posteriores basearam-se nos
conceitos e ideias de Freud, em particular no papel do Ego e mecanismos de defesa.

Método Psicanalítico
1º - Hipnose – Freud + Breuer + Charcot;
2º - Método catártico (catarse): em estado hipnótico; recordação de traumas anteriores em estado
hipnótico;
3º Método catártico sem hipnose; recordação de traumas anteriores assim que Freud colocasse a
mão na testa;
4º Associação livre de ideias – descoberta casual em ato clínico; referir tudo o que surgir na
consciência, mesmo que parecer absurdo e irrelevante, seja ideias ou imagens

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Associação Livre
A associação livre deixa que o paciente diga tudo o que lhe vem à consciência, por mais
ridículo ou inadequado que possa soar. Os pacientes podem falar sobre qualquer coisa, sem
restrição e sem produzir um discurso lógico, organizado e significativo.
O terapeuta fica sentando, escutando, e ocasionalmente estimula quando o fluxo verbal do
paciente se esgota, mas não interrompe.
Este método ajuda a reproduzir o passado de um paciente, e cada informação é ligada a uma
memória específica da infância.

Análise de Sonhos
A análise de sonhos foi apresentada ao mesmo tempo que a associação livre.
Os pacientes recordavam os sonhos espontaneamente e prosseguiam para associar
livremente sobre eles.
Os sonhos são fonte de informação da personalidade humana.
Com base nestes resultados, Freud formulou a teoria em que o sonho é uma expressão do
funcionamento e dos conteúdos mais primitivos da mente humana.
No sonho, as defesas do superego não são muito vigilantes, e é mais fácil entrar nos desejos
inconscientes.

Organização do psiquismo humano


1 – Consciente – representações presentes na consciência; corresponde ao seu (da consciência)
significado normal quotidiano e inclui todas as sensações e experiências das quais estamos cientes
em todos os momentos;
2 – Pré-consciente – faz a ligação entre Cs e Ins e inspeciona as pulsões não deixando passar para o
consciente. Censura e recalcamento; depósito de lembranças, perceções, ideias, das quais não temos
consciência, mas que conseguimos trazer facilmente ao consciente;
3 – Inconsciente – pulsões, desejos de caracter afetivo – sexual. Recordações recalcadas. Onde se
situam os instintos, desejos que regem o nosso comportamento; a força propulsora por trás de todos
os comportamentos e é o depósito de todas as forças que não conseguimos ver ou controlar; Porque
provocam ansiedade; desejos traumáticos ou socialmente inaceitáveis, pensar neles provoca
ansiedade; de forma a protegermo-nos da ansiedade, forçamo-nos para mantê-los fora da
consciência.

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Caso:
Sergei Pankejeff era um aristocrata paciente de Freud, ao qual Freud apelidou “Homem-
Lobo”. Sergei sofreu muita perda ao longo da vida: Em 1906 a sua irmã suicidou-se; pouco depois,
Sergei começou a exibir sintomas de depressão; em 1907, o seu pai faleceu por overdose de
comprimidos para dormir.
O caso foi detalhado 1918 com o título: From the history of an infantile neuroses

Sonho:
“Sonhei que era de noite e estava deitado na cama. De repente, a janela abriu-se e fiquei
aterrorizado ao ver seis lobos brancos sentados nos ramos da nogueira à minha janela.
Os lobos eram de um branco muito puro, e parecidos com raposas, com caudas compridas, mas
orelhas levantadas como cães. Com medo de ser comido pelos lobos, gritei e acordei.
Demorei muito tempo a convencer-me de que tinha apenas sido um sonho. Fui confirmar a janela
várias vezes até conseguir adormecer novamente.”

Interpretação de Freud:
Freud deduziu que o pesadelo indicava que Sergei, enquanto criança, presenciou uma
interação sexual entre pais.
Freud acreditava que o rapaz sofria de “ansiedade de castração” como resultado de a
governanta lhe dar pedaços de doce de alcaçuz, de formato comprido, que ao paciente pareciam
cobras;
Serguei ter presenciado o pai cortar uma cobra em pedaços ao caminhar, como fonte de
castração
Serguei ter tido uma relação incestuosa com a irmã na infância (Tornar-se-iam bons amigos,
embora tenham reprimido os seus desejos por sentimentos de culpa).
Serguei demonstrava preferência por raparigas de estratos sociais e inteligência inferiores
(tentando preencher o seu afeto pela irmã).
Apesar de Freud o considerar como “curado”, Serguei continuou em terapia até à morte de
Freud.
Em resposta ao seu estado de curado, mencionou: “Tudo isto me parece uma catástrofe.
Estou no mesmo estado que quando cheguei até Freud, e já não há Freud”.

A Teoria Analítica de Carl Jung


 Psiquiatra em Zurique, discípulo de Freud e colaborou com Freud por muitos anos;
 Freud não aceitava os interesses espirituais de Jung;
 Freud decidiu que o Jung seria o seu sucessor.
 Jung foi o primeiro presidente da Associação Psicanalítica Internacional (1910).
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 Jung não aceitava a explicação freudiana para os conflitos, sendo esta sempre traumas
de natureza sexual
Aspeto principal da teoria da personalidade de Jung – Dinamismo;
Difere de Freud no conceito de inconsciente: defende que o inconsciente não é apenas um
reservatório de emoções sombrias e desejos primitivos e perversos, mas que também é fonte de
criatividade e elo inexorável entre o homem primitivo e o contemporâneo; não é apenas onde se
encontra o material reprimido, mas é a fonte de informação do consciente e fonte de novas
possibilidades na vida. Fonte de informação do passado distante da existência humana (inconsciente
pessoal vs coletivo);
Jung critica o foco excessivo de Freud na sexualidade; defende que a libido não deve ser
vista apenas como instinto sexual mas como uma energia generalizada. Libido também inclui
criatividade (impulso sexual vs energia psíquica).

Estrutura da Processos Desenvolvimento Avaliação e


Personalidade dinâmicos da personalidade intervenção
Consciente Causalidade e Estágios de Teste de associação
teleologia desenvolvimento de de palavras;
Jung
Inconsciente pessoal Progressão e - Análise dos sonhos
regressão
Inconsciente - - Imaginação ativa e
coletivo; Psicoterapia
Aquetipos (persona,
sombra, anima,
animus, self, etc)

Processos dinâmicos:
Causalidade e teleologia
 Causalidade: eventos presentes têm origem em acontecimentos prévios (Freud afirmava
que o presente era influenciado por experiências da infância);
 Jung introduz o conceito de teleologia: eventos atuais dependem não só do passado, mas
também dos objetivos e aspirações para o futuro que guiam a pessoa.
 O ponto de vista teleológico explica que a personalidade humana é compreendida em termos
de futuro: para onde está indo, e não de onde esteve.
 O ponto de vista da causalidade, afirma que os eventos são as consequências ou causas
antecedentes. Examinamos o passado da pessoa para explicar o comportamento no presente.

Progressão e regressão
 Progressão – adaptação ao mundo externo;

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 Regressão – adaptação ao mundo interno; ativação da psique inconsciente;
Só em conjunto (isoladamente não levam ao desenvolvimento) conseguem promover
adaptação e levar ao desenvolvimento sádio da personalidade – crescimento individual e
autorrealização: equilíbrio entre as forças opostas da personalidade (introversão vs
extroversão; consciente vs inconsciente...)

Psicologia Analítica de Jung:


 Posição diferente da Psicanálise ortodoxa de Freud;
 Em 1912 editou o livro “A Psicologia do Inconsciente”;
 Não deu importância ao Complexo de Édipo;
 Libido como energia generalizada e não só sexual;
 O desenvolvimento não é só determinado pelo passado
 O inconsciente tem dois níveis: inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.
 A personalidade (psique): consiste de vários sistemas isolados, mas que atuam uns sobre os
outros de forma dinâmica:
 Ego -> Inconsciente pessoal -> Inconsciente coletivo -> Anima -> Animus -> Sombra
O ego é uma mente consciente, responsável por perceções, memórias, pensamentos e sentimentos
conscientes.

O Inconsciente Pessoal (pouco abaixo da consciência)


Experiências reprimidas, esquecidas ou subliminarmente percebidas de um indivíduo, que
foram recalcadas na primeira infância. São experiências que outrora foram conscientes, mas que
agora estão reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas. (lembranças, impulsos, desejos)
Este material que existe na inconsciência, é acessível à consciência, e existe um trânsito de
duas vias entre o inconsciente pessoal e o ego.
Jung usou o termo “Complexos” – um grupo organizado ou uma constelação de
sentimentos, pensamentos, perceções e memórias que existem no inconsciente pessoal.
Exemplo: Complexo materno – grupo de experiências com mães formam um complexo.

O Inconsciente Coletivo (desconhecido para o sujeito)


 Possui raízes no passado ancestral, não significa uma transmissão adquirida somente pela
aprendizagem.
 Conteúdos físicos que residem no inconsciente coletivo.
 São transmitidos hereditariamente de geração em geração, como potencial psíquico e de
adaptação.
 Similaridade de muitos dos conteúdos inconscientes refletidos em mitos, crenças religiosas e
lendas por civilizações e culturas distintas.

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 Experiências de gerações anteriores; experiências de ancestrais animais; experiências todas
inconscientes;
 Inconsciência Coletiva = transpessoal – é o reservatório de traços de memória latentes
herdados do nosso passado ancestral, que vai até os nossos ancestrais pré-humanos/animais.
 Todos os seres humanos têm mais ou menos o mesmo inconsciente coletivo. Por exemplo:
semelhança da estrutura do cérebro em todas as raças humanas, uma evolução comum.
 Humanos são predispostos a ter medo do escuro ou de cobras porque os humanos primitivos
encontravam muitos perigos no escuro.

Inconsciente coletivo e arquétipos


 Tendência inata nos humanos.
 Tem por base predisposições biológicas ativadas face a situações típicas da vida. Com a
repetição desenvolve-se um tipo de conteúdo traduzido em arquétipos. Os arquétipos com
base nessas predisposições biológicas passam a ser transmitidos filogeneticamente.

Arquétipos
Arquétipos – tendências herdadas e armazenadas no inconsciente coletivo; forma de pensamento
universal ou predisposição para responder ao mundo de uma certa forma

 Imagens arcaicas
 Origem no inconsciente coletivo
 Adormecidos no indivíduo
 Ativados através de sonhos, fantasias e ilusões
 Experiências repetidas de ancestrais humanos
 Um arquétipo é uma forma universal de pensamento (ideia).
 São “divindades” do inconsciente; dimensões inatas da vida mental;
 Promovem comportamentos semelhantes aos nossos ancestrais em situações semelhantes.
 Por exemplo: O arquétipo da mãe
 Como se origina um arquétipo? Por exemplo: o Sol.

Arquétipos (os mais frequentes)


 Persona – máscara no contacto com o outro; lado da personalidade que as pessoas
apresentam aos outros; papel projetado que é mais adequada em certos contextos sociais, a
persona é uma máscara adotada pela pessoa em resposta às exigências das convenções e das
tradições sociais e às suas próprias necessidades arquetípicas. São os aspetos que
apresentamos ao mundo ou que a opinião pública impõe ao indivíduo, em contraste com a
personalidade privada existente.
 Anima - características femininas no homem;
 Animus - características masculinas na mulher
 Sombra – parte muito sombria, criativa, primitiva e animalesca da personalidade; arquétipo
da escuridão e da repressão; representa as qualidades que não desejamos reconhecer e

16
tentamos esconder. Consiste em tendências moralmente censuráveis, além de inúmeras
qualidades construtivas e criativas;
 Self – o principal, equilibra todos os aspetos do inconsciente. Dá unidade e estabilidade.
Self: representa a unidade, integração e harmonia total; é aqui que os processos conscientes
e inconscientes são assimilados. Diferente do EGO, que representa apenas a consciência.

A Anima e o Animus
 Para Jung, os humanos são seres bissexuais.
 Jung atribuiu o lado feminino da personalidade do homem, e o lado masculino da
personalidade da mulher.
 O arquétipo feminino no homem é chamado anima
 O arquétipo masculino na mulher é chamado animus

A Sombra
 O arquétipo da sombra consiste nos instintos animais que os humanos herdaram no decurso
da sua evolução a partir de formas inferiores de vida. Representa o lado animal da natureza
humana
 É responsável pelo conceito do pecado original e pelos pensamentos e ações desagradáveis e
socialmente repreensíveis.

O SELF
 O self é o equivalente à psique ou à personalidade total.
 Tal como o conceito da Mandala, o self é o ponto central da personalidade
 Antes que um self possa emergir, é necessário que os vários componentes da
personalidade se tornem totalmente desenvolvidos e específicos.

PERSONA ANIMA
Individualidade aparente O feminino e sentimental no homem
Revela o que não corresponde à realidade Grande Mãe e Renascimento
Dificulta o contacto com o self Experiência precoce com mulheres mãe,
irmã, amantes.
SELF ANIMUS
Individualidade aparente O masculino na mulher
Revela o que não corresponde à realidade Simboliza o pensamento e o raciocínio
Dificulta o contacto com o self dos homens nos sonhos, surge no plural e
não na sua singularidade
SOMBRA
Representa a escuridão
Qualidades não desejáveis
Fraquezas do indivíduo
O não aceitável

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As atitudes
O que controla o funcionamento do ego?
a. Atitude de extroversão – pessoas orientadas para o mundo externo, objetivo.
b. Atitude de introversão – pessoas orientadas para o mundo interior, subjetivo.
As duas atitudes opostas estão ambas presentes na personalidade: se o ego é extrovertido em
relação ao mundo, o inconsciente pessoal será introvertido.

As funções
Quatro funções psicológicas fundamentais:
a. Pensamento – compreender a natureza do mundo
b. Sentimento – dar um valor às coisas
c. Sensação – experiências subjetivas do prazer de dor, raiva, etc.
d. Intuição – perceção dos processos inconscientes que vai além de fatos.

Jung formulou oito tipos psicológicos:


Desenvolvem-se a partir de uma união de duas atitudes básicas: introversão e extroversão; e
quatro funções psíquicas separadas: pensamento, sentimento, sensação e intuição
1- Tipo pensamento extrovertido: é o cientista típico, procura entender os fenómenos
naturais e explicá-los.
2. Tipo pensamento introvertido: pessoas focadas nos seus próprios pensamentos, com
propensão para o pensamento abstrato.
3- Tipo sensação extrovertido: pessoa realista, que procura experiência, tipicamente
atraído a características físicas dos objetos e pessoas.
4- Tipo sensação introvertido: concentram-se em fenómenos subjetivos, recebidos mais
pelos sentidos que pelos sentimentos.
5. Tipo intuitivo extrovertido: excelentes a diagnosticar e/ou explorar situações.
6. Tipo intuitivo introvertido: artistas, visionários, pessoas que se preocupam mais com o
amanhã que com o aqui e agora.
7. Tipo sentimental extrovertido: extravagante, materialistas, maior probabilidade de
histeria
8. Tipo sentimental introvertido: pessoas mais narcisistas, pouco empáticas com os
sentimentos dos outros.

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O desenvolvimento da personalidade
Jung acreditava que os humanos estão constantemente progredindo ou tentando progredir de
um estágio de desenvolvimento menos completo para um mais completo.
 Culmina na individuação ou autorrealização
 Vida como jornada do Sol, o brilho representa a consciência.
 Nascer do Sol corresponde à infância.
 Potencial que guarda em si tem uma luz (a consciência) ainda de baixa intensidade.
 Ao longo da manhã, a luz do Sol vai aumentando de intensidade até ao seu zénite.
 A juventude escala sem ter consciência do declínio iminente.
 A metade da vida é por analogia comparável ao início da tarde. Sendo o Sol, quanto
ao brilho, comparável ao do final da manhã, no entanto este dirige-se em direção ao
entardecer.
 O crepúsculo é a velhice.
 A consciência que outrora teve uma luz intensa vê-se agora reduzida.
 É preciso despertar para um novo sentido de vida, sendo os ideais, os valores e os
comportamentos da manhã desajustados para o anoitecer da vida.
 A autorrealização processo através do qual a pessoa se torna completa. Integração de
polos opostos num único indivíduo homogéneo.
 Pessoas que atingiram a realização do self, minimizaram a sua persona,
reconheceram a sua anima ou animus e adquiriram um equilíbrio viável entre a
introversão e extroversão.
 Pessoas autorrealizadas elevam todas as quatro funções a uma posição superior.
 Poucos alcançam a autorrealização, assimilando a sua personalidade total
inconsciente.
 Coragem de enfrentar a natureza maligna da sombra, essencial aceitar o seu lado
feminino ou masculino.
 Só é possível a partir da fase da metade da vida transcender o ego, como
preocupação dominante da personalidade, substituindo pelo self.
 A autorrealização implica que o self inconsciente se torne o centro da sua
personalidade.

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Qual é a meta do desenvolvimento?
 As pessoas estão à procura de autorrealização: a psique desenvolveu um novo
centro, o self. Apesar de termos atingido um elevado nível de civilização, o ser
humano continua em evolução.

Princípio da sincronicidade: por exemplo quando um pensamento corresponde a um evento


objetivo.

 Sincronicidade é atribuído à natureza dos arquétipos.


 Um arquétipo tem um carácter psicológico e físico
 O arquétipo pode trazer à consciência uma imagem mental de um evento mesmo que
este não exista. Ele possui uma qualidade que permite que ocorra a sincronicidade.

Hereditariedade
a. Responsável pelos instintos biológicos que procuram a sobrevivência e a reprodução. O
instinto é um impulso interno para agir de uma certa maneira quando surge uma determinada
condição corporal.
b. Herança de experiências ancestrais: a potencialidade de ter a mesma ordem de
experiências que os nossos antepassados, herdados na forma de arquétipo.

Estágios de desenvolvimento
Infância – do nascimento à adolescência:
 A vida da criança é determinada por atividades instintivas necessárias à sobrevivência e é
governado pelas exigências parentais.
 Os problemas emocionais experienciados pelas crianças pequenas geralmente refletem
“influências perturbadoras em casa”
 Fase anárquica – consciência caótica e esporádica; ilhas de consciência mas nenhuma
conexão entre elas.
 Fase monárquica – desenvolvimento do Ego e do pensamento lógico e verbal; ilhas
maiores, habitadas por um Ego primitivo;
 Fase dualista – momento em que surge o Ego, objetivo e subjetivo; surge Ego com
capacidade de perceção; ilhas passam a uma terra contínua;

Idade adulta e jovem – da adolescência aos 35 anos.


 Nascimento psíquico da personalidade.
 Emerge a sexualidade.
 Adolescentes procuram diferenciar-se dos pais.
 Adolescente aprende enfrentar o mundo e a prepara-se para a vida.
20
 Atitudes extrovertidas.
 (deve ser) Período de aumento de atividade, maturação da sexualidade, crescimento da
consciência e reconhecimento de que a era livre de problemas da infância se foi para
sempre.
 A principal dificuldade é superar a tendência natural para se apegar à consciência limitada
da infância, evitando, assim, problemas pertinentes ao tempo presente da vida. Esse desejo
de viver no passado é chamado de primário da conservação

Meia idade
 Surge uma preocupação diferente: a necessidade de significado.
 Procura encontrar um propósito na sua vida e uma razão para a sua existência.
 Passam de uma atitude extrovertida para uma introvertida, e começam à procura de
autorrealização.
 “Crise da meia-idade” – as atividades juvenis perdem o valor.
 Este transição é um evento mais perigoso, porque muitas pessoas não conseguem transferir
as suas energias, e podem tornar-se permanentemente perturbadas.
 Falta de sentido e de propósito em suas vidas; questionamento sobre significado da vida;
 Para alcançar a serenidade e a harmonia interior - deverá voltar-se para o seu inconsciente, a
fim de descobrir as renúncias que, conscientemente, realizou para obter o sucesso,
reavaliando algumas escolhas...

Velhice
 A consciência é gradualmente reduzida, mas ocorre mais aquisição de sabedoria.
 Para Jung, a Morte é o objetivo máximo da vida.
 Ao perceber isto, as pessoas não terão que temer a morte, mas sim sentir que cumpriram o
seu propósito, esperando renascer.
 Depende de soluções apropriadas para os problemas da infância e da juventude.

Sublimação e Repressão
 Sublimação: deslocamento de energia dos processos primitivos, instintivos para processo
superiores culturais. Por exemplo: a energia é retirada do impulso sexual e investida em
valores religiosos.
 Repressão: quando a energia, quer pelos canais instintivos ou sublimados, é bloqueada.
Essa energia passa para o inconsciente, sobrecarregando-o. A energia volta de novo para o
ego, que provoca uma perturbação dos processos racionais.

Simbolização
Um símbolo tem duas funções:

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a. Representa uma tentativa de satisfazer um impulso instintivo que foi frustrado. Por exemplo:
a dança é uma forma de satisfazer um impulso sexual frustrado.
b. É uma corporificação de material arquetípico. Por exemplo: a dança não substitui a
expressão sexual, consequentemente o símbolo ajuda no deslocamento da libido.

Teste de associação de palavras:


 Lista de palavras-estímulo, escolhidas e organizadas para despertar urna reação emocional.
A respondia a cada palavra-estímulo com a primeira com uma palavra que lhe viesse a
mente.

Interpretação Sonhos
 Análise dos sonhos e imaginação ativa: ajudar os pacientes a descobrirem material
inconsciente pessoal e coletivo e a equilibrar essas imagens inconscientes com sua atitude
consciente
 Imaginação ativa: técnica terapêutica que consiste em usar o potencial imaginativo para
integrar conteúdos internos ainda não conscientes
Traz ao consciente componentes do inconsciente pessoal e coletivo, para facilitar a
autorrealização.
Sonhos forma de comunicação com o inconsciente e uma forma natural de conhecer o
desconhecido, a compreensão da realidade, sentimentos e atitudes, revelada através de símbolos.
Jung considerava os conteúdos dos sonhos como uma compensação de aspetos da personalidade
do sonhador negligenciados na vida real.

Jung usou o Método da Amplificação:


 O sonhador é induzido a ficar atento a um elemento particular e a fazer múltiplas
associações ao mesmo.
 As respostas formam uma constelação em torno de um determinado elemento do sonho e daí
podem-se aprender os significados multifacetados que esse elemento tem para o sonhador.

Imaginação Ativa
 Interação com inconsciente durante estado consciente da mente
 Apelo à imaginação
 Pintura, desenho desperta conteúdos inconscientes
 Forma de compreendermos quem somos.

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Psicoterapia de Jung:
4 estágios de desenvolvimento:
 Análise e compreensão do Ser Humano, abordagens terapêuticas: Confissão
 Interpretação
 Educação dos pacientes como seres sociais
 Transformação – individualização, totalidade, autorrealização

Teste associação de palavras


 Baseava-se na ideia de que o inconsciente pode ser capaz de assumir o controlo da vontade
consciente, o seu objetivo era revelá-lo.
 Utiliza lista de 100 palavras-estímulo e orienta o paciente, para que responda com a primeira
palavra que lhe passe pela mente.
 Desta forma, uma palavra pode lembrar traumas do passado ou tornar visível um conflito
interno não resolvido.

Teste Myers-Brigs Type Indicator


 Baseado nos Tipos Psicológicos
 Identifica características e preferências pessoais
 Um dos mais utilizados do mundo

Contributos para a Psicologia


 Jung afirmava que “a psique não podia ser entendida somente pelo intelecto, mas devia ser
compreendida pela pessoa em sua totalidade”.
 Para fundamentar o estudo da atividade psíquica inconsciente, apresentou 4 métodos de
análise: teste de associação de palavras; imaginação ativa, análise dos sonhos e a
psicoterapia. Estes, representam os processos de como Jung abordava o lado oculto da
mente humana.

EM SUMA:
 Jung usa o termo psique para se referir a todos os processos psicológicos, enfatizando que
ele abarca os processos conscientes e inconscientes;
 Freud considera a libido como impulso sexual; Jung considera a libido de uma forma mais
generalizada; energia indiferenciada que faz a pessoa agir;
 Para Freud, o Ego é o executor da personalidade; para Jung, o ego é a perceção consciente
do eu; centro da consciência mas não da personalidade;
 Descreve duas atitudes básicas: introversão e extroversão; 4 funções: sensação, pensamento,
sentimento e atitudes; em cada pessoa há um domínio de uma atitude e de uma função;

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 Freud apresenta o inconsciente mais ligado a questões pessoais; Jung inclui no inconsciente
aspetos mais coletivos; Formas de ser sociais que os humanos partilham;
 Desenvolvimento tem como base a autorrealização.

Alfred Adler
 Nasceu em Viena em 1870, numa família de classe média.
 Em 1895 obteve o seu diploma de medicina na Universidade de Viena.
 Presidente da Sociedade Psicanalítica de Viena.
 Formou o seu próprio grupo de psicanalistas, praticando Psicologia Individual.
 Serviu como médico no exército austríaco durante a Primeira Guerra Mundial.
 Adler interessou-se pela orientação infantil e criou as primeiras clínicas experimentais em
Viena.

A teoria de Adler
(1) Finalismo ficcional - Os humanos são mais motivados pelas suas expectativas em relação
ao futuro do que pelas experiências do passado.
(2) Procura de superioridade - Os sentimentos de inferioridade não são um sinal de
anormalidade mas sim a causa de nossa procura por melhores condições humanas.
(3) Interesse social- O indivíduo ajuda a sociedade a alcançar a meta de uma sociedade
perfeita.
(4) Estilo de vida- O estilo de vida determina como a pessoa enfrenta os “Três Problemas da
Vida”: Relação social; Ocupação; o amor e casamento
(5) O self criativo - O self unitário, consistente e criativo na estrutura da personalidade.

Finalismo ficcional
 Em 1911 publicou “The Phylosophy of ‘As If’” – título original “Vaihinger”
 Os humanos são mais motivados pelas suas expectativas em relação ao futuro do que pelas
experiências do passado.
 Por exemplo: se uma pessoa acredita que existe um céu para as pessoas virtuosas e um
inferno para os pecadores, essa crença exercerá uma considerável influência em sua conduta.

Procura de superioridade
 Qual é a meta final para todos os seres humanos?
 Adler concluiu que a agressão é mais importante que a sexualidade.
 O impulso agressivo foi substituído pelo “desejo de poder”
24
Para existir superioridade existem os seguintes estágios:
A- ser agressivo
B- ser poderoso
C- ser superior
A superioridade de Adler é parecida com o Self de Jung.

Sentimentos de Inferioridade e Compensação


 Sentimentos de inferioridade surgem de um sentido de imperfeição em qualquer esfera da
vida. Os sentimentos de inferioridade não são um sinal de anormalidade, mas sim a causa de
nossa procura por melhores condições humanas.

Interesse Social
 O interesse social inclui questões como cooperação, relações interpessoais e sociais,
identificação com um grupo, empatia, etc.
 O indivíduo ajuda a sociedade a alcançar a meta de uma sociedade perfeita.
 O interesse social é inato.
 Os humanos lutam com uma ânsia de poder e dominância para compensar sentimentos de
inferioridade

Estilo de vida
O estilo de vida determina como a pessoa enfrenta os “Três Problemas da Vida”:
 Relação social
 Ocupação
 O amor e casamento
Adler acreditava que “um ser humano não pode ser tipificado ou classificado, porque cada
indivíduo deve ser estudado à luz do seu desenvolvimento peculiar.”

Quatro estilos de vida


1. O tipo “dominante” – pouco interesse social porque tem muita atividade.
2. O tipo “obtentor” – espera que lhe deem tudo de que precisa.
3. O tipo “evitante” – evita os problemas.
4. O tipo “socialmente útil” – é ativo ao serviço dos outros.

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O self criativo
 O self unitário, consistente e criativo na estrutura da personalidade.
 A doutrina do self criativo afirma que os humanos fazem sua própria personalidade.

Neurose
 Os sintomas neuróticos são interpretáveis e fundamentalmente defensivos.
 Uma pessoa neurótica compensa rigidamente as inferioridades percebidas.
 O neurótico desenvolve os sintomas como uma proteção contra o sentido de inferioridade
que está a tentar evitar.
 Mecanismos de defensa (Safeguarding): desculpas, agressão, distanciamento, etc.

Ordem de Nascimento e Personalidade


 O filho primogénito – Recebe muita atenção até ao nascimento do segundo filho que fica
destronado da sua posição privilegiada. Odeia pessoas, protege-se de súbitos reversos do
destino, sente-se inseguro, mais interessados no passado;
Neuróticos: criminosos, bêbedos, perversos.
 O segundo filho ou o filho de meio: são ambiciosos, estão constantemente a tentar superar
o mais velho, rebeldes, e invejosos.
 Último filho ou filho único: são muito mimados, crianças problemáticas ou neuróticas.

Karen Horney
 Nasceu em Hamburgo em 1885.
 Estudou na Universidade de Berlim.
 Cresceu numa familia com valores orthodoxos.
 Foi uma das críticas mais ferozes de Freud.

Personalidade Humana:
 Influência da cultura (enfâse na importância da cultura) e experiências da infância
 Horney demonstrou uma preferência em dar ênfase às influências culturais, considerando-as
como “as bases primárias para o desenvolvimento da personalidade neurótica normal”.
 A cultura moderna baseia-se na competição entre indivíduos. Neste seguimento, surgem
os sentimentos de isolamento, os quais resultam da competitividade e da hostilidade básica
que a cultura exerce nos indivíduos.
 As situações de isolamento ou de solidão num mundo onde prevalece a hostilidade,
provocam no indivíduo intensas necessidades de afeto, as quais levam a que estes comecem
a reger a sua vida através de uma sobrevalorização do amor

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 “Uma infância difícil é a principal responsável pelas necessidades neuróticas”
 “A soma das experiências da infância acarreta certa estrutura de carácter, ou melhor, inicia o
seu desenvolvimento”
 “As experiências da infância são as principais responsáveis pelo desenvolvimento da
personalidade. As pessoas que rigidamente repetem padrões de comportamento fazem isso
porque interpretam as novas experiências de uma maneira coerente com aqueles padrões
estabelecidos”
 Importância das relações interpessoais para o funcionamento saudável ou não da
personalidade;
 Não existem estágios de desenvolvimento na infância nem conflitos inevitáveis (como Freud
defende); mas vão depender das relações sociais;
 Aspeto-chave – relação com os pais: necessidade segurança por parte das crianças; a
presença de segurança e ausência de medo essencial para desenvolvimento de personalidade
saudável;
Desamparo – ao contrário do que Adler assume (o desamparo não é sentido por todos); mas
quando acontece é prejudicial para o desenvolvimento da personalidade – ansiedade e neurose.
 Ansiedade surge em resultado de forças sociais (e não biológicas):
 Ansiedade básica = “é um sentimento crescente e penetrante de se estar só e desamparado
em um mundo hostil”
 Torna-se a base sobre a qual as neuroses se desenvolvem e está intimamente ligada aos
sentimentos de hostilidade
Funcionamento neurótico – forma de lidar com ansiedade; 3 padrões: A favor (submissa);
Contra (agressiva); Afastamento

Self-real – coisas que são verdadeiras em relação a nós;


Self-idealizado – como pensamos que deveria ser

Em terapia os pacientes não se queixavam das neuroses sintomáticas (e.g., fobias) mas de:
 Infelicidade;
 Bloqueio e falta de preenchimento no trabalho;
 Dificuldades nos relacionamentos interpessoais;
 Resultavam de padrões defensivos contra a ansiedade básica na infância;
 Resposta aos comportamentos dos pais
 Forma de lidar com desamparo e insegurança
 Necessidades ou tendências neuróticas para lidar com a ansiedade – que não são
formas realistas de lidar com a mesma; estratégias pouco flexíveis; -> intensificam as
dificuldades dos indivíduos na relação consigo próprio e com os outros

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A IMPORTÂNCIA DAS EXPERIÊNCIAS DA INFÂNCIA
Altura da vida do indivíduo em que surgem mais problemas “uma infância difícil é a
principal responsável pelas necessidades neuróticas”.

 Uma única experiência precoce vivida na infância não será a única responsável pela
personalidade que virá a ser demonstrada (esta será resultado de um conjunto de soma de
experiências).
 As relações que vão sendo desenvolvidas precocemente (na infância) vão toldar o
desenvolvimento da personalidade do indivíduo, sendo que as relações que vão tendo
posteriormente com outros indivíduos não são o produto de experiências ou repetições
infantis. Essas relações são mantidas com base de carácter e a infância é vista como a base
onde este assenta.

HOSTILIDADE BÁSICA E ANSIEDADE BÁSICA


Cada indivíduo inicia a sua vida com uma predisposição para um desenvolvimento
saudável, necessitando de condições favoráveis a esse desenvolvimento (ambiente afetivo /
amoroso), sem ser excessivamente permissivo
É necessário ao desenvolvimento da criança, que esta experiencie que uma disciplina
saudável que o amor genuíno, que darão à criança sentimentos de segurança e satisfação permitindo
que ela cresça conforme o seu self real.
Influências adversas que podem interferir: “a principal delas é a incapacidade ou a
indisponibilidade dos pais para amar o filho. Devido a suas necessidades neuróticas, os pais, com
frequência, dominam, negligenciam, superprotegem, rejeitam ou mimam em excesso”. Se os pais
não satisfizerem as necessidades de segurança e satisfação, irão ser desenvolvidos sentimentos de
hostilidade básicas por parte da criança em relação aos pais. A criança não irá manifestar essa
hostilidade e reprime-a, o que faz com que os pais não se apercebam de que há algo de errado.
O facto de se desenvolver uma hostilidade reprimida vai despoletar no indivíduo
sentimentos de insegurança e apreensão profundos, os quais originam a ansiedade básica.

Hostilidade Básica
 Reação que pode adicionar ansiedade no indivíduo e que corrobora com o ciclo entre
hostilidade e ansiedade. Atua como um mecanismo de defesa e está presente em crianças
cujos pais representam uma ameaça (utilizados por todos os indivíduos. No entanto, à
medida que vão perdendo a sanidade, elas recorrem a estes mecanismos de defesa), 4 formas
gerais de proteção:

Afeição – “estratégia que nem sempre leva a amor autêntico. Em sua busca por afeição,
algumas pessoas podem tentar comprar amor com complacência e autoanulação, bens materiais ou
favores sexuais”;

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Submissão – “os neuróticos podem-se submeter a pessoas ou a instituições, tais como uma
organização ou uma religião. Os neuróticos que se submetem a outra pessoa com frequência fazem
isso para ganhar afeição”;
Poder – “os neuróticos também podem tentar proteger-se lutando por poder, prestígio ou
posses, o poder é uma defesa contra a hostilidade real ou imaginada dos outros e assume a forma de
uma tendência a dominar os demais; o prestígio é uma proteção contra a humilhação e é expresso
como uma tendência a humilhar ou outros; a posse actua como um amortecedor contra a destituição
e a pobreza e manifesta-se como uma tendência a privar os outros de algo”;
Afastamento – “os neuróticos, muitas vezes, protegem-se contra a ansiedade básica devolvendo
uma independência dos outros ou tornando-se emocionalmente desligados deles. Ao afastarem-se
psicologicamente, os neuróticos sentem que não podem ser magoados por outras pessoas”
Ansiedade Básica: sentimento de estar isolado e desemparado num mundo concebido como
parcialmente hostil”; “sentimento de ser pequeno, insignificante, desamparado, abandonado,
ameaçado num mundo que está determinado a abusar, enganar, atacar, humilhar, trair, invejar”. A
ansiedade e a hostilidade básicas estão interligadas. Assim, “os impulsos hostis são a principal fonte
de ansiedade básica, mas esta também pode contribuir para sentimentos de hostilidade” A ansiedade
básica por si só não é considerada como uma neurose, mas é “é o solo fértil a partir do qual uma
neurose definida se pode desenvolver a qualquer momento.

Todas as crianças sentem naturalmente ansiedade e vulnerabilidade. Na falta de uma orientação


amorosa para ajudar as crianças a lidar com as ameaças impostas pela natureza e pela sociedade, as
crianças desenvolvem a ansiedade básica.

As necessidades neuróticas
Caracterização dos neuróticos e as tentativas no combate à ansiedade básica.
a. A necessidade Neurótica de afeição e aprovação – agradar aos outros, corresponder às
expectativas dos outros;
b. A necessidade Neurótica de um “parceiro” que assuma o comando, tendência a preferir
ou criar um vínculo com um parceiro poderoso. necessidade de supervalorização do amor e
o medo/receio em vir a ficar sozinho ou ser abandonado);
c. A necessidade Neurótica de restringir a sua vida a limites estreitos (permanecer
impercetíveis; medo de exigir algo dos outros);
d. A necessidade Neurótica de poder – procura do poder, glória, amor; querem controlar os
outros para evitar sentimentos de fraqueza ou ignorância
e. A necessidade Neurótica de explorar os outros; avaliam os outros no sentido de
perceberem como os podem usar ou explorar, no entanto receiam ser alvo desse mesmo
julgamento por parte deles
f. A necessidade Neurótica de prestígio; ser o 1º, importante ou atrair para si a atenção, de
modo a combaterem a ansiedade
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g. A necessidade Neurótico de admiração pessoal; serem admirados por aquilo que são.
necessidade de a sua autoestima elevada ser alimentada pelos outros através de admiração e
aprovação
h. A necessidade Neurótica de autossuficiência e independência; postura de afastamento
perante outros indivíduos com o objetivo de demonstrarem que conseguem ficar bem sem os
outros
i. A necessidade Neurótica de perfeição e não-vulnerabilidade, esforço pela perfeição e
recebem a prova da sua autoestima e superioridade. Tentam esconder as suas falhas e temem
cometer erros e/ou falhas pessoais

TENDÊNCIAS NEURÓTICAS
Originadas pela ansiedade básica resultante da relação entre a criança e as outras pessoas, 10
necessidades neuróticas agrupadas em:
 Personalidade submissa: Atitudes e comportamentos que refletem um desejo de caminhar
em direção às outras pessoas; necessidade intensa e continua de afeto e aprovação; desejo de
ser amado, desejado e protegido. Movimento em direção às pessoas - dependência mórbida -
Co dependência. Percebem-se como amorosas, generosas, altruístas, humildes e sensíveis
aos sentimentos do próximo. Têm uma tendência a se subordinarem aos outros e se
classificarem como os outros as definem, necessitam dos outros para satisfazerem os seus
sentimentos de desamparo.
 Personalidade agressiva: Atitudes e comportamentos contra as outras pessoas;
comportamento dominador e controlador. São movidas pela insegurança, ansiedade e
hostilidade porque julgam tudo em termos do benefício que receberão daquela interação;
Movimento contra as pessoas - agressivas e assumem que todas as pessoas são hostis, o seu
comportamento é impulsionado pela ansiedade básica. Movem-se contra os outros. Sentem
uma forte motivação de explorar os outros em benefício próprio. Percecionam-se como
sendo perfeitos e superiores, necessitam dos outros para se protegerem contra a hostilidade
real ou imaginada.
 Personalidade distante: Atitudes e comportamentos associados à tendência de se afastar
das pessoas, como uma necessidade intensa de privacidade; motivadas para distância
emocional; procuram depender apenas dos seus próprios recursos. Movimento para longe
das pessoas são desprendidas emocionalmente. Adeptas da autonomia, individualidade,
autossuficiência e liberdade. Evitam o contacto social, têm medo de precisar dos outros, são
distantes com a família. Têm uma necessidade forte de serem poderosas e ignoram as
críticas a si. Não são competitivas e preferem o reconhecimento sem se esforçarem por isso.

Classificação das necessidades


(a) Aproximar-se das pessoas – autoanulação, tenta lidar com a insegurança por meio do
raciocínio: “Não me vai magoar porque me ama”

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(b) Afastar-se das pessoas – retraimento ou renúncia, tentativa de resolver o conflito de
insegurança “se me retraio, nada pode acontecer”
(c) Ir contra as pessoas – agressão ou solução expansiva: “ninguém pode me magoar”

Alienação
 A ansiedade e a hostilidade levam a criança a considerar o seu “self real” como inadequado,
sem valor e indigno de amor. Dada esta auto-imagem negativa, emerge um “self
desprezado”.

CONFLITOS INTRAPSÍQUICOS: o neurótico perde o contacto com o Self real e substitui pelo
self idealizado.

Auto-imagem
 Busca neurótica pela glória; crença na imagem idealizada e a sua aplicação em todos
aspetos da sua vida, objetivos, autoconceito e relação com os outros. Inclui três elementos:
(1) a necessidade de perfeição; impulso em moldar a personalidade num Self idealizado e pelo
que deve ou não ser e fazer (impulso do dever);
(2) a ambição neurótica impulsos compulsivos em direção à superioridade e necessidade
exagerada de sobressair
(3) o impulso na direção de um triunfo vingativo, altamente destrutivo, infligir sofrimento
humilhante no outro, desejo de vingança pelas humilhações percebidas desde a infância

Reivindicações neuróticas – cria um mundo de fantasia e exige que o mundo real atenda aos
seus desejos irreais. Quando os seus desejos não são atendidos pelos outros, ficam frustrados,
indignados e incapazes de entender a razão por que os seus desejos não foram atendidos pelos
outros.
Orgulho neurótico falso orgulho, que está apoiado no Self idealizado e que se apresentam
como gloriosos e perfeitos. Para impedir a crítica, eles evitam as pessoas que não atendem às suas
expectativas.

Auto-ódio
Quando percebem que o seu Self real não se coaduna com o Self idealizado, começam a
menosprezar-se a odiar-se. 6 formas de se odiar:
 Demandas incessantes ao Self - Ex. Mesmo atingido o objetivo, mantém a exigência por
acreditarem que devem ser perfeitas.

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 Auto-acusação impiedosa - Ex. Responsabilizar-se por desastres naturais.
 Auto-desprezo - Ex. Acreditar não ser merecedora de uma promoção pelo trabalho bem
feito, por acreditar que não é bom trabalhador.
 Auto-frustração - Ex. Não precisa de roupas bonitas porque muitas pessoas no mundo
usam trapos.
 Auto-tortura - Ex. Satisfação masoquista em se magoar ou angustiando uma decisão.
 Acções e impulso auto-destrutivos (físicos ou psicológicos, conscientes ou inconscientes,
agudos ou crónicos, reais ou encenados) – Ex: Comer excessivamente, terminar um
relacionamento saudável.

PSICOLOGIA FEMININA
Complexo de Édipo - ansiedade decorrente de perturbações básicas, como a rejeição,
superproteção e punição no relacionamento da criança com a mãe e pai; Inveja do pénis - falta de
confiança e uma necessidade de amor desmedido que eram uma das bases da psicologia feminina e
pouco estaria relacionada com os seus órgãos sexuais; Protesto viril - a mulher não tem o desejo de
ser homem mas uma crença patológica de inferioridade em relação ao homem, o desejo nas
qualidades e privilégios, que na nossa cultura, são normalmente direcionados aos homens.

PSICOTERAPIA
Apoiar os pacientes no seu crescimento gradual e de autorrealização. Através do auto
entendimento e experiência emocional, o terapeuta tem de convencer o neurótico de que as suas
neuroses perpetuam o seu sofrimento. São pessoas convencidas de que as suas neuroses estão
corretas, mas eles estão conscientes do seu sofrimento, mas tendem a resistir à mudança.
Sucesso: quando o paciente abandonar o Self idealizado e aceitar o Self real pela
autoanálise.
Técnicas Freudianas: associações livres, paciente pensa livremente e verbalizada o que
sente e pensa. Interpretação de sonhos paciente vislumbra o seu mundo interior sendo mais válido
para os seus sentimentos, que o seu mundo ilusório.

Intervenção:
 Pouca importância dada às lembranças da infância;
 Análise de sonhos;
 Relação terapeuta-paciente;
 Foco: necessidades dos pacientes naquele momento; flexibilidade do terapeuta;
Objetivo: libertação da estrutura neurótica e mobilização em direção à autorrealização

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Erik H. Erikson
 Erikson considerava-se um psicanalista freudiano.
 Treinado em psicanálise em Viena.
 As contribuições mais significativas de Erikson são:
 1. Teoria psicossocial do desenvolvimento
 2. Estudos psico-históricos que exemplificam a teoria psicossocial nas vidas de indivíduos
famosos.

A Teoria Psicossocial do Desenvolvimento


O desenvolvimento passa por oito estágios de desenvolvimento psicossocial:
 Os primeiros quatro estágios ocorrem durante a infância;
 Os quatro últimos iniciam na adolescência e terminam na velhice.
1 - Estágio Psicossocial – Confiança básica vs. Desconfiança básica - ocorre entre o nascimento
e um ano de idade e é a fase mais fundamental na vida.
2 - Estágio Psicossocial – Autonomia vs. Vergonha e Dúvida - ocorre na primeira infância e é
quando as crianças desenvolvem uma maior sensação de controle pessoal.
3 - Estágio Psicossocial – Iniciativa vs. Culpa – ocorre durante os anos pré-escolares.
4 - Estágio Psicossocial – Diligência vs. Inferioridade - primeiros anos escolares, cerca de 5
anos de idade até 11 anos.
5 - Estágio Psicossocial – Identidade vs. Confusão de identidade - ocorre durante a
adolescência. Tem um papel essencial no desenvolvimento da identidade pessoal que
continuará a influenciar o comportamento e desenvolvimento para o resto da vida de uma
pessoa.
6 - Estágio Psicossocial – Intimidade vs. Isolamento - início da idade adulta, quando as
pessoas estão explorando as relações pessoais.
7 - Estágio Psicossocial – Generatividade vs. Estagnação – na idade adulta, continuamos a
construir nossas vidas, com foco em nossa carreira e família.
8 - Estágio Psicossocial – Integridade vs. Desespero - ocorre durante a velhice e está focado em
refletir sobre a vida

Os conceitos de Erikson: Identidade, crise de identidade, e confusão de identidade.

O Princípio Epigenético: “Tudo que cresce tem um plano básico, e cada parte tem o seu
momento de desenvolvimento”

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Confiança versus desconfiança
 Estágio oral-sensorial: capacidade de dormir pacificamente, alimentar-se confortavelmente,
e de excretar de forma relaxada.
 Ao ganhar confiança e familiaridade com a figura maternal, a criança atinge um estado de
aceitação em que essa pessoa pode ausentar-se por momentos.
 A “esperança” é a virtude inerente ao estado de estar vivo.
 O reconhecimento das necessidades do bebé por parte da mãe reforça a ligação entre ambos.
 A falta de reconhecimento pode causar “alienação” ou sentido de separação e abandono.

Autonomia versus vergonha e dúvida


 Estágio Anal-Muscular: a criança aprende o que se espera dela, os privilégios e obrigações,
os limites que precisa aceitar.
 Este é o estágio que promove a liberdade da autoexpressão e a manifestação de sentimentos
amorosos.
 Um sentido de autocontrole produz na criança um duradouro sentimento de vontade e
orgulho; um sentido de perda do autocontrole, por outro lado, pode causar um sentimento
permanente de vergonha e dúvida.
 Começa a diferenciar entre certo e errado.

Iniciativa versus culpa


 O estágio genital é também uma época de crescente responsabilidade.
 A criança, neste estágio, apresenta-se como claramente mais avançada e mais “organizada”,
tanto física quanto mentalmente.
 A iniciativa combina-se com a autonomia para fazer com que a criança se torne mais ativa,
determinada e capaz de planear as suas tarefas e metas.
 Este estágio é caracterizado por uma procura de satisfação de fantasias genitais. Caso estas
fantasias sejam cobertas por um sentimento de culpa, a criança irá usar meios agressivos e
manipulativos para chegar a essas metas.
 O propósito é a virtude que surge nesse estágio de desenvolvimento.

Diligência versus Inferioridade


 estágio de latência – a criança precisa de controlar a sua imaginação exuberante e dedicar-se
à educação formal.
 O interesse por brinquedos e pelo brincar é gradualmente substituído por um interesse por
situações produtivas e pelos instrumentos usados para trabalhar.
 O perigo deste estágio é a criança desenvolver um sentido de inferioridade se for (ou
fizerem com que se sinta) incapaz de dominar as tarefas que inicia ou que lhe são dadas
pelos professores e pelos pais.

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 Durante o estágio da diligência emerge a virtude da competência que acaba por trazer
habilidade.

Identidade versus confusão de identidade


 A pessoa torna-se consciente das características individuais inerentes, de situações, pessoas
e objetos dos quais gosta ou não gosta, de metas futuras antecipadas e da força e do
propósito de controlar o próprio destino.
 O ego, neste estágio, tem a capacidade de selecionar e integrar talentos, aptidões e
habilidades na identificação com pessoas semelhantes a nós e na adaptação ao ambiente
social.
 O termo crise de identidade refere-se à necessidade de resolver o fracasso transitório em
formar uma identidade estável.
 Nesta época adolescente, desenvolve-se a virtude da fidelidade.

Intimidade versus isolamento


 Neste estágio, os jovens adultos estão preparados e dispostos a unir a sua identidade a outras
pessoas
 Eles procuram relacionamentos de intimidade, parceria e associação
 Pela primeira vez na vida, o jovem pode sentir impulsos sexuais verdadeiros
 O perigo do estágio da intimidade é o isolamento, evitando relacionamentos, quando a
pessoa não está disposta a comprometer-se com a intimidade
 A virtude do amor passa a existir durante o estágio de desenvolvimento da intimidade

Generatividade versus estagnação


 O estágio da generatividade caracteriza-se pela preocupação com o que é gerado –
progenitura, produtos, ideias e assim por diante – e com o estabelecimento de orientações
para as gerações que estão por vir.
 Quando a generatividade é fraca ou não recebe expressão, a personalidade regride e sente-se
empobrecida e estagnada.
 A virtude do cuidado desenvolve-se durante este estágio.

Integridade versus desespero


 Estado que a pessoa atinge depois de ter cuidado de coisas e pessoas, produtos e ideias, e de
ter-se adaptado aos sucessos e fracassos da existência.
 Por meio dessas realizações, os indivíduos podem colher os benefícios dos primeiros sete
estágios da vida e perceber que sua vida teve certa ordem e significado.
 Isso pode agravar o sentimento de que a vida não tem sentido, de que o fim está próximo, de
medo ou um desejo da morte.

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 A sabedoria é a virtude resultante do encontro da integridade com o desespero nesse último
estágio da vida.

O Condicionamento Operante
B.F Skinner
 Skinner nasceu em 1904 e foi criado em Pensilvânia.
 Filho de um advogado de cidade pequena.
 Formou-se em inglês e decidiu tornar-se escritor.
 Decidiu ingressar em Harvard e estudar psicologia
 Os princípios de Skinner foram derivados de experimentações precisas, e ele demonstrava
mais respeito por dados bem-controlados.
 A posição de Skinner foi muitas vezes descrita como uma teoria de estímulo - resposta.
 Deixou de lado a especulação e focou-se no comportamento observável; incluía também
comportamento interno (que é observável pelas pessoas)
 Muito influenciado pelos trabalhos de Pavlov e Thorndike (lei do efeito, decorrente do
estudo com animais): respostas a estímulos que são seguidas por um gratificador
tendem a ser fortalecidas; respostas a estímulos que são seguidas por um aversivo
tendem a ser suprimidas
 Evita todo o tipo de conceito mais psicodinâmico: evita conceitos de egos, impulsos, traços,
necessidades, fome. Não nega a sua existência, mas considera que não são importantes para
estudar o comportamento, por não serem explicações.

Behaviorismo: permite interpretar o comportamento mas não explicar;


Determinista: comportamento é regido por leis de funcionamento e por isso pode ser estudado;
Ambientalista: foco nos estímulos ambientais (e não aspetos fisiológicos);

Pressupostos:
 Os homens podem ser condicionados, tal como os animais;
 Pensar é comportar-se;
 A estatística é dispensável: “Em vez de estudar mil ratos durante uma hora cada, ou cem
ratos durante dez horas cada. É preferível estudar um rato durante mil horas”;
 O comportamento é produto do ambiente; é regido por leis; conhecer essas leis permite
predizer e controlar o comportamento; a manipulação do comportamento pode ser utilizada
para o bem de todos
 Os homens podem ser condicionados, tal como os animais;
 Psicologia Educacional “Máquina de Ensinar-ensino programado”;
 Behaviorismo como filosofia e forma de agir em sociedade;
 Behaviorismo = “Filosofia da Ciência”;
 Ciência do comportamento – Disciplina de análise experimental do comportamento

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 Pensar é comportar-se, é um comportamento verbal, oculto e incipiente;
 Pensamentos como cadeia de reforços ao nível do comportamento verbal;
 Só se pode explicar o mundo interno através da fala, esta é de natureza mais social do que
individual;

Condicionamento clássico: associação de um estímulo condicionado (o rato branco) com um


estímulo incondicionado (medo de um som alto e abrupto) até que a presença do estímulo
condicionado (o rato branco) fosse suficiente para desencadear o estímulo incondicionado (medo),
mesmo sem a presença do estímulo incondicionado.
Skinner reconheceu dois tipos de condicionamento, clássico e operante. Com o
condicionamento clássico, de Pavlov, o qual chamou de condicionamento respondente, é resultado
da resposta do organismo ao estímulo específico identificável. Com o condicionamento operante
espera-se que um comportamento se repita se este for positivamente e imediatamente reforçado. A
maioria dos comportamentos são aprendidos mediante um condicionamento operante. O reforço não
causa o comportamento, mas aumenta a probabilidade de que ele seja repetido.
O comportamento operante sempre ocorre em algum ambiente, e este possui um papel seletivo
na manipulação e na manutenção do comportamento.

Condicionamento operante:
 Skinner acreditava que a maioria dos comportamentos é aprendida por meio do
condicionamento operante.
 A solução para o condicionamento operante é o reforce imediato de uma resposta.
 O organismo, primeiro, faz algo e depois é reforçado pelo ambiente.
 O reforço, por sua vez, aumenta a probabilidade de que o mesmo comportamento ocorra de
novo.
 Esse condicionamento é denominado condicionamento operante, porque o organismo opera
no ambiente para produzir um efeito específico.
 O condicionamento operante muda a frequência de uma resposta ou a probabilidade de que
ocorra uma resposta. O reforço não causa o comportamento, mas aumenta a probabilidade
de que ele seja repetido...
 “Condicionamento operante é um processo de mudança do comportamento, em que o
reforço (ou punição) é contingente a ocorrência de um comportamento particular”

Reforço positivo são os estímulos que sendo acrescidos a uma situação, aumentam a probabilidade
de que determinado comportamento ocorra.
Reforço negativo é a remoção de um estímulo aversivo que aumenta a probabilidade de que o
comportamento precedente ocorra.

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A teoria de Skinner é importante para compreender o comportamento do indivíduo mediante
a personalidade. Acreditava que somos seres superiores, com um potencial inato para o crescimento
e amadurecimento. O autor baseou a sua teoria em conceitos positivamente científicos, excluindo
termos como subjectividade, liberdade e consciência, aproximando a psicologia às ciências
biológicas e naturais.
Para Skinner, traços não são as causas do comportamentos, mas a forma de categorizar os
indivíduos de acordo com o seu repertório comportamental, desde que realizado corretamente. Os
traços poderiam ser definidos como uma lista de diferentes comportamentos.
A manipulação de uma característica é a maneira pela qual se dá a mudança de um
comportamento.

Punição
 Skinner disse “Mas, será que o cérebro realmente dá origem ao comportamento, como se diz
que é feito pela mente ou pelo “self”.
 O cérebro é parte de um organismo, e aquilo que faz é simplesmente parte do que o
organismo faz. É parte do que pode ser explicado olhando-se para fora do indivíduo ou
organismo e não dentro, e é encontrada em três tipos de variação e seleção. A primeira
classe destas foi a seleção natural. Mas havia uma dificuldade: ela prepara uma espécie
apenas para um futuro que assemelhe ao passado selecionador. (convensão anual da APA de
outubro de 1990)
 Para Skinner, ao comunicarmos um sentimento, “estou com fome” diz muito mais que o
sentido da palavra ou o estado mental da pessoa que diz ter fome. Está a dizer sobre
“contingências de reforço” do “o indivíduo não come há algum tempo” e esta forma de
pensar expressa uma significativa diferença entre o que se diz e o que se quer comunicar,
pois neste caso ainda se pode informar, sobre o individuo que diz ter fome, sua história e seu
ambiente. (convenção anual da APA de outubro de 1990)

Efeitos da punição: o controle do comportamento humano e animal é mais eficaz através dos
reforços positivo e negativo do que através da punição.
Estrutura da personalidade: o comportamento pode ser controlado; modificação nas
contingências ambientais
Self - Para Skinner, o comportamento que também é chamado por muitos autores de
personalidade teria alterações em função da privação de alimentos ou após o fim desta privação.
Sob efeitos de emoções ou mesmo de drogas, o comportamento será percebido de forma diferente
nos indivíduos. “Um self ou personalidade é, na melhor das hipóteses, um repertório de
comportamento transmitido por um conjunto organizado de contingências” Skinner 1974, citado por
Phelps 2015.
O self como fonte de origem foi tema de discussão com o intuito de se explicar e demonstrar o
autocontrole, autoconhecimento e um self diferente das demais pessoas. Em 1989, incluiu em seus
estudos o tópico ambiental que seria responsável por diferentes usos deste termo. Então Skinner fez
outra das suas questões-chave “Sob quais contingências verbais de reforço ... Observamo-nos a nós

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mesmos e relatamos o que estamos fazendo? Um organismo raramente se comporta efetivamente
sem responder ao seu próprio corpo” Phelps2015.
A capacidade de se estabelecer comportamentos modelo e passíveis de imitação é fruto da auto-
observação do self em resultado de diferentes contingências. Assim, as vocalizações controladas
tornam mais fácil dizer aos outros o que fazer e demonstrá-las, fazendo com que o indivíduo a ter
probabilidade maior de ver e falar sobre os que estava fazendo e quando chamados a tomar
consciência de quantas declarações punitivas ou provocadoras de ansiedade uma pessoa pode
proferir a si mesma em um determinado dia, Phelps2015.
A autoestima no self confiante tem um papel no resultado do recebimento de reforço positivo. O
self confiante teve um reforço positivo frequente para comportamentos executados de maneira fácil
e aparentemente sem esforço. O self responsável é o resultado de uma cultura de exercer controle
com consequências negativas, as punições por comportamentos indesejados e contingências de fuga
para fortalecer o comportamento desejado. Para "ser responsável", os membros da comunidade são
reforçados por comportamentos de modo que a cultura não precise exercer controle aversivo
frequente.
Skinner centrou os seus estudos, através da visão funcionalista onde apresenta a personalidade
de forma mais estruturalista. Skinner critica tudo o que torna os eventos Internos como causa do
comportamento e critica a atribuição deste a essência humana, vai contra explicações mentalistas
para o comportamento.

No comportamentalismo radical observa-se alguém que age de uma determinada maneira e


diz-se que esse alguém que é neurótico; a explicação de um comportamento não pode ser o próprio
comportamento ou inferido a partir dele.
A personalidade poderá ser definida como padrões únicos e consistentes, de pensamentos,
sentimentos e comportamentos de um indivíduo, esta definição não se contradiz com outras
definições nas diversas abordagens psicológicas. Refere-se a personalidades múltiplas como
resultado das consequências dos reforços e afirma que a individualidade é enriquecida pela cultura e
história do individuo.
“Os termos que usamos para designar o comportamento individual dependem do tipo de
seleção. A seleção natural propicia-nos o organismo; o condicionamento operante a pessoa; e a
evolução da cultura permite a existência do eu. Um organismo é mais do que um corpo; é um corpo
que faz coisas.”
Ao falarmos de Análise da personalidade, não nos remetemos ao individuo como que alguém
que apresenta personalidade X ou Y e que a sua personalidade seja a explicação para o s seus
comportamentos, apenas nos referimos a alguém que se comporta de uma forma especifica,
definindo o seu padrão comportamental.
O padrão comportamental não se refere, necessariamente, a comportamentos específicos que o
correm com certa regularidade, mas à forma regular de como esses comportamentos são emitidos
como a postura corporal, volume e frequência da voz.

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Um padrão comportamental para que seja considerado parte da personalidade, deverá
acontecer em diferentes contextos e em períodos longos da vida de uma pessoa; determinado padrão
p ode ser notado quase durante toda a vida da pessoa.
Comportamentos podem ser explicados através da interação dos indivíduos com seu meio
ambiente. Se mudarmos de ambiente ao longo da nossa vida diversas vezes, existe uma tendência
para agir da mesma forma como agíamos em ambientes anteriores, com os quais está vamos
habituados a agir.
Se nos ambientes novos os nossos “velhos” comportamentos são reforçados, eles irão continuar
a acontecer. Por isso, alguns padrões comportamentais continuam a decorrer durante toda a vida do
individuo caracterizando um traço de personalidade.
Generalização de estímulos (Skinner, 1969). Assim, podemos dizer que a mudança na
personalidade ocorre quando novos comportamentos se tornam estáveis ao longo do tempo ou em
diferentes situações.

A ESTRUTURA DA PERSONALIDADE
Skinner tratou principalmente do comportamento modificável.
 Mas Skinner nunca afirmou que todos os fatores que determinam o comportamento estaõ no
ambiente.
 A classificação mais importante do comportamento sugerida por Skinner é a distinção entre
operante e respondente.
a. respostas provocadas – Estímulo motivador
b. respostas emitidas - provocado por um estímulo conhecido como o reflexo pupilar ou o
reflexo patelar.

A DINÂMICA DA PERSONALIDADE
 Uma pessoa nem sempre exibe o mesmo comportamento no mesmo grau numa situação
constante.
 Skinner acreditava que o reconhecimento geral disso é a principal razão para o
desenvolvimento do nosso conceito de motivação.
 O reflexo patelar é provocado com aproximadamente o mesmo vigor sempre que o joelho
recebe uma pancadinha

Como é governada a intensidade da força?


Por exemplo, considerem o caso da sede.

 Operações diferentes podem influenciar várias respostas diferentes:


 A temperatura da sala
 O tempo decorrido
 Comer alimentos muito salgados

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 Operações tendem a aumentar a ocorrência de respostas específicas

A DINÂMICA DA PERSONALIDADE
 É importante notar que, diferentemente de muitos outros teóricos do reforço, Skinner não
considerava os impulsos uma classe de estímulos.
 Impulsos são utilizados para ligar um grupo de variáveis independentes a um grupo de
variáveis dependentes.

O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
 Condicionamento Operante
*Um operante é uma resposta que opera no ambiente e modifica-o.*
 A mudança no ambiente afeta a ocorrência subsequente da resposta.
 Uma resposta operante é condicionada, é essencial que o reforço seja apresentado depois da
ocorrência da resposta.

Condicionamento Operante
 Skinner propôs a lei empírica de efeito = um estímulo reforçador é um evento que aumenta
a frequência do comportamento com o qual é emparelhado, sem nenhuma referência à
“satisfação” ou a qualquer outro evento interno.
 Skinner propôs que os organismos podem aprender esses comportamentos complicados por
meio da modelagem, usando o princiṕ io das aproximações sucessivas. (reforçamos
gradualmente aproximações cada vez maiores do comportamento final)
Modelagem:
1. Recompensam-se as aproximações grosseiras do comportamento;
2.Recompensam-se aproximações mais refinadas;
3.Recompensa-se o comportamento desejado. Moldagem gradual, dada a complexidade do
comportamento desejado
Esquemas de Reforço

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 Se o reforço for contingente a um intervalo de tempo, ele é referido como reforço de
intervalo fixo OU variável
 Esquema reforço de razão - Quando os fatores temporais não são importantes, e o número
de recompensas obtidas depende apenas de seu próprio comportamento (respostas).

a. reforço de razão fixa


b. reforço de razão variável
O reforço variável tende a tornar uma resposta aprendida mais resistente à extinção.

Comportamento Supersticioso
 Tipo de condicionamento, em que não existe nenhuma relação causal entre a resposta e o
reforço. = Condicionamento acidental. Ex.: dança da chuva

Reforço Secundário
 Reforço condicionado = secundário
- O dinheiro é um bom exemplo não só porque ele claramente não possui nenhum valor
intrínseco, mas também porque ele é um reforço condicionado generalizado.
- O efeito reforçador extremamente generalizado do dinheiro baseia-se no fato de ele estar
associado a um número imenso de outros reforços.

Generalização e Discriminação de Estímulo


 Generalização de estímulo - a situação de estímulo original seja generalizada para a nova
situação.
 Discriminaç ão de estímulo.

Comportamento Social
 O comportamento social se caracteriza apenas pelo fato de envolver uma interação entre
duas ou mais pessoas.
 O organismo em desenvolvimento interage com o ambiente e, como parte dessa interação,
recebe um feedback que reforça positiva ou negativamente ou pune aquele comportamento.
 Os reforços que uma pessoa recebe em geral dependem inteiramente do seu output
comportamental.

Comportamento Anormal

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 Para corrigir um comportamento anormal, é preciso corrigir este comportamento por um
normal através de manipulação direta do comportamento

Psicoterapia, segundo Skinner:


1. Técnicas de modificação do comportamento (ex.: na enurese de crianças)

A Teoria de Estímulo – Resposta


John Dollard & Neil Miller

John Dollard
 Nasceu em Wisconsin, em 29 de agosto de 1900
Sociologia da Universidade de Chicago
 Aceitou um cargo de professor-assistente de antropologia na Universidade de Yale
 Tornou-se professor-assistente de sociologia
 Em 1935, assumiu o cargo de investigador-associado

Neal E. Miller
 Nasceu em Wisconsin, em 3 de agosto de 1909
 Psicologia da Universidade de Yale
 Trabalhou como assistente em psicologia no Instituto de Relações Humanas
 Tornou-se investigador-associado e professor-associado em 1941.
 Em 1946, ele voltou à Universidade de Yale, assumindo o cargo de professor de psicologia

UM EXPERIMENTO ILUSTRATIVO
 Rato numa caixa dividida em dois compartimentos.
 A Caixa tem um piso de grade.
 Uma campainha soa e simultaneamente uma descarga elétrica é enviada através do piso de
grade.
 Quando o sujeito passa por cima do obstáculo que divide o compartimento, o choque é
suspenso

A ESTRUTURA DA PERSONALIDADE
 O hábito é o conceito-chave na teoria da aprendizagem adotada por Dollard e Miller.
 Um hábito é uma ligação ou associação entre um estímulo e uma resposta.
Hábito = estímulos externos + respostas manifestas
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Hábito = estímulos internos + respostas internas.

A ESTRUTURA DA PERSONALIDADE
 A maior parte da teoria procura especificar as condições em que os hábitos são adquiridos,
extintos ou substituídos, com pouca ou nenhuma especificação de classes de hábitos ou
listas das principais variedades de hábitos das pessoas.
Drive: o drive é um conceito motivacional que impele ou ativa o comportamento, mas não
determina sua direção.
Drive = impulso nato ou primário, baseado na dor
a. Drives primários
b. Drives secundários

O sorriso de uma mãe ?


 Nem todos os reforços na vida são recompensas, mas também eventos originalmente neutros
que adquiriram valor de recompensa.
 O sorriso de uma mãe – uma poderosa recompensa secundária (por trazer prazer ou remover
um desconforto físico)

Pista

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Reforço

A DINÂMICA DA PERSONALIDADE
Agressão = frustração

O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
1. Equipamento Inato
2. Drive secundário e o processo de aprendizagem
3. Processos mentais superiores
4. O contexto social

Equipamento Inato
a. Reflexos – respostas segmentais a um estímulo ou classe de estímulo altamente
específicos.
b. Hierarquias inatas de resposta – tendências de aparecimento de certas respostas em vez
de outras.
Por exemplo: a criança primeiro tentará escapar dos estímulos antes de chorar
c. Drives primários – estímulos internos de grande força e persistência e habitualmente
ligados a processos fisiológicos conhecidos.

Drive Secundário
Processo de Aprendizagem
 As situações em que a resposta produtora de drive não é seguida por reforço levaraõ
gradualmente à extinçaõ da resposta = contracondicionamento
 Por exemplo: o estímulo produtor de medo e emparelhado com um evento agradável (comer
um gelado) uma pessoa perde o medo.

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Processos Mentais Superiores
As palavras não servem apenas para facilitar ou inibir a generalização, mas elas também têm a
importante função de despertar os drives.
a. recompensar
b. reforçar

O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
Estágios Críticos de Desenvolvimento
1. a situaçaõ de ser alimentado no perió do de bebê,
2. o treinamento esfincteriano ou o abandono das fraldas,
3. o treinamento sexual inicial
4. o treinamento para o controle da raiva e da agressão.

Por exemplo:
 Criança chora quando está com fome = descobre a alimentação
 Quando e deixada “chorar até cansar” = reação passiva e apática diante forte estímulos.

CONFLITOS
a. As crianças têm impulsos sexuais, mas às vezes podem ser punidas por segui-los. Se a
punição resultar no condicionamento de uma reação de medo a esse impulso, os impulsos primário
e secundário podem entrar em conflito.
Isso é chamado de conflito aproximação – afastamento.
b. No conflito aproximação-aproximação o indivíduo tem de escolher a resposta que for
mais adequada para o momento, não demorando muito na sua decisão.
c. No conflito afastamento-afastamento, o indivíduo tem de escolher entre duas situações
desagradáveis. A decisão será mais demorada do que a anterior, podendo o indivíduo demorá-la
tanto quanto possível, para a resolução do conflito.
d. O conflito de dupla aproximação-afastamento exige que o indivíduo se decida entre
dois alvos, cada um dois quais apresenta pontos positivos e negativos.

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Kurt Goldstein
 Nasceu em 6 de novembro de 1878;
 Formou-se em medicina na Universidade de Breslau
 Com 36 anos de idade, professor de neurologia e psiquiatria e diretor do Instituto
Neurológico da Universidade de Frankfurt;
 Durante a Primeira Guerra Mundial, ele se tornou diretor do Military Hospital for Brain
Injured Soldiers;
 Quando Hitler dominou a Alemanha, Goldstein foi preso e depois libertado com a condição
de deixar o país.

Teoria Organísmica de Goldstein


O único motivo do organismo é a autorrealização.
 A pessoa é una, integrada e consciente;
 O organismo é um sistema organizado, com um todo diferenciado de suas partes;
 O homem possui um impulso dominante de auto-regulação.

A ESTRUTURA DO ORGANISMO
Existem três tipos diferentes de comportamento:
1. Os desempenhos – atividades voluntárias, e conscientes
2. As atitudes – sentimentos de estado de ânimo, e outras experiências internas
3. Os processos – funções corporais que só podem ser experienciadas indiretamente

Comportamentos: Concretos OU Abstratos

A DINÂMICA DO ORGANISMO
Os principais conceitos apresentados por Goldstein são:
1. o processo de equalização ou a centração do organismo,
2. a auto-realização
3. o chegar a um acordo com o ambiente.

Equalização
Em um ambiente adequado, o organismo sempre permanecerá mais ou menos em equilib́ rio.

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Auto-Realização
 É o único motivo que o organismo possui
A satisfação de qualquer necessidade específica está em primeiro plano quando é um pré-
requisitos para a auto-realizaçaõ do organismo total.

Como podemos determinar as potencialidades do indivíduo?


Goldstein disse que a melhor maneira de fazer isso é descobrir o que a pessoa prefere e o
que ela faz melhor.
p.s. Goldstein enfatizou a motivação consciente mais que a inconsciente.

Abraham Maslow
 Nasceu em Brooklyn, Nova York, em 1 de abril de 1908.
 Trabalhou na faculdade do Brooklyn College.
 Por 14 anos (1937-1951), ele trabalhou na faculdade do Brooklyn College.
 Maslow sofreu um ataque cardíaco fatal em 8 de junho de 1970.

Teoria de Maslow
1. Suposições sobre a natureza humana
2. Hierarquia de necessidades
3. Descrição de síndromes
4. Estudo da auto-realização.

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Hierarquia de Necessidades

Síndromes
• Síndrome da personalidade = um complexo estruturado e organizado de especificidades
aparentemente diversas (comportamentos, pensamentos, impulsos de açaõ , percepções, etc.)
• Uma pessoa insegura = A tendência ao preconceito seria entaõ uma subsiń drome da
necessidade de poder.

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Auto-realização

Resistem a conformar à cultura


Criatividade
Humor é filosófico
Valores politicos
Relação intima profunda
Humanistas
Espirituais
Apreciação das pessoas e coisas
Independentes
Privacidade
Centram no problema e não em si mesmas
Espontâneas
Aceitam como são
Realisticamente orientadas

MOTIVAÇÃO
A motivação tem um papel essencial na teoria de Abraham Maslow. A sua abordagem
holística refere-se à ideia do ser humano como um todo que é motivado. Desde o inicio da nossa
vida somos motivados a necessidades sendo as básicas comum a todos e as restantes dependentes da
cultura de cada individuo. À medida que o ser humano cresce e se desenvolve as suas motivações
mudam e/ou acrescentam.
Essas necessidades são colocadas em forma de hierarquia.
Esta teoria está concentrada no individuo , nas necessidades e na sua autorrealização. (Cavalcanti et
al., 2019).

5 pressupostos:
 Abordagem holística da motivação;
 A motivação é geralmente complexa;
 As pessoas são continuamente motivadas por uma necessidade ou outra;
 Todas as pessoas em qualquer lugar são motivadas pelas mesmas necessidades básicas;
 As necessidades podem ser organizadas hierarquicamente.

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HIERARQUIA DAS NECESSIDADES
 Autorrealização (todas as necessidades estão completas e por isso o individuo tem o desejo
de ser o melhor de si mesmo).
 Estima (dois tipos de estima: ser aceite por outros,. Ex: reputação e atenção. O amor próprio.
Ex_ confiança e independência. Uma vez completas estas necessidades podem passar ao
passo seguinte, a autorrealização).
 Amor e pertença (necessidade de intimidade, amizade, família). Quem nunca recebeu amor
durante a sua vida pode ter dificuldades em aceitá-lo mais tarde o que leva a uma
desvalorização desse conceito e à normalidade da sua ausência. Porém quem recebeu amor
embora em pequenas quantidades têm uma motivação maior em procurá-lo. Por isso, quem
recebe uma quantidade de amor saudável tem confiança em si mesmo o suficiente para não
ficar perturbado com a sua ausência.
 Segurança (estabilidade, proteção). A falta desta necessidade pode levar a uma “ansiedade
básica” algo que é estipulado pela cultura ou traumas passados de infância podem levar a
uma constante urgência de as satisfazer gastando muito mais energia que os outros.
 Fisiológicas (oxigénio, água, alimentos, descanso e sexo) São necessidades individuais e são
as únicas que podem efetivamente ser saciadas completamente sendo as primeiras da
pirâmide hierárquica. (Boeree, 2006)

A ordem de certas necessidades pode mudar exceto a base (necessidades fisiológicas) e o topo
(autorrealização). Sem as necessidades fisiológicas não temos o necessário para sobreviver o que
pode causar doença ou morte. A autorrealização só é atingida assim que TODAS as necessidades
estejam satisfeitas. (Winston,2016). Quanto maior o grau de satisfação das necessidades, melhor a
saúde mental do indivíduo (Lester, 2013; Cavalcanti et al. 2019)
Se alguma necessidade não for preenchida certos sentimentos podem ser manifestados como a
sua consequência. Se, por exemplo, estiver em escasso as necessidades de segurança, é provável
que a ansiedade e medo comece a surgir. O mesmo com a falta de amor que pode causar solidão e
ansiedade social ou com a estima em que pode eventualmente existir complexos de inferioridade.
Estas necessidades são denominadas como conativas.

AUTORREALIZAÇÃO
 Assim que se atinge a autorrealização esta não pode ser perdida. Pelo contrário, torna-se
mais forte uma vez que ao sermos autorrealizados estamos a contribuir para a evolução do
“eu” Algumas das características de uma pessoa autorrealizada é o facto de serem
indivíduos com o nível de auto-estima certo, ou seja, não possuem nem falta dela nem
excesso; são objetivos, têm uma perceção realista da vida. São respeitosos e humildes.
 A ausência destes valores e características de um individuo autorrealizado pode
potencialmente desencadear depressão, desespero, etc. As consequências desta falta de
necessidades tem o nome de metapatologia.
 De modo a completar e assim explicar o que é uma pessoa autorrealizada Maslow adicionou
mais 3 necessidades à pirâmide hierárquica: estéticas, cognitivas e neuróticas. As
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necessidades de estéticas correspondem, portanto, à beleza e à arte sendo subjetivas para
todas as pessoas; as cognitivas é o interesse constante no conhecimento sendo uma
característica importante numa pessoa autorrealizada, a falta desta necessidade pode,
portanto, levar ao cinismo e ao ceticismo. Por último as neuróticas levam à patologia sendo
que é uma alternativa para as necessidades insatisfeitas. (Boeree, 2006).

CARACTERÍSTICAS DAS PESSOAS AUTORREALIZADAS


Para Maslow todos nós temos potencial para sermos autorrealizados. Mas para assim o
sermos, precisamos de ser regularmente satisfeitos em todas as outras necessidades e também adotar
os valores B (motivação pelas “verdades externas”).
Maslow listou quinze qualidades experimentais: (pirâmide laranja acima)
 Perceção mais eficiente da realidade;
 Aceitação de si, dos outros e da natureza;
 Espontaneidade, simplicidade e naturalidade;
 Centradas nos problemas;
 A necessidade de privacidade;
 Autoestima;
 Apreciação constante do novo;
 A experiência culminante;
 Gemeinschaftsgefuhl;
 Relações interpessoais profundas;
 A estrutura do caráter democrático;
 Discriminação entre meios e fins;
 Senso de humor filosófico;
 Criatividade;
 Resistência à enculturação.

Teoria Humanista
Carl Rogers
 Carl Rogers nasceu em Oak Park, Illinois, em 8 de janeiro de 1902.
 Formar-se na Universidade de Wisconsin em 1924 ciências físicas e biológicas.
 Obteve seu grau de mestre em 1928 e o doutorado em 1931 pela Colúmbia.
 Aceitou um convite para ser professor de psicologia na Universidade Estadual de Ohio.
 Ele liderou um grupo de pesquisa que estudou de forma intensiva e controlada a psicoterapia
com pacientes esquizofrénicos em um hospital para doentes mentais.
 Rogers morreu em 4 de fevereiro de 1987, de ataque cardíaco.
 Desenvolve grandemente a Psicologia Humanista e a sua teoria é chamada de terceira força
da Psicologia

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Reabilitação de valores do Humanismo:
 Tolerância;
 Hedonismo;
 Competências humanas;
 Auto-aceitação;
 Tendência humana para o crescimento;
 Núcleo positivo do Homem

Humanismo individual (anos 50 e 60 do século XX)


 Fenómeno Norte Americano;
 Resulta da reflexão sobre a natureza humana do pós guerra;
 Economia em ascensão do pós guerra (valores de independência, hedonismo, dissidência,
tolerância, permissividade e auto-expressão);
 Movimento liberalizante e permissivo, com o pico no governo de Kennedy);
 Surgem as terapias de grupo e os grupos de encontro;
 Pessoa é valorizada não pelo que já fez, mas pelo que pode vir a fazer (Maslow 1965);
 Confiança irrestrita na pessoa (Rogers 1960)

A ESTRUTURA DA PERSONALIDADE
 151 casos
 7-18 anos
 Fatores: ambiente familiar, a saúde, o desenvolvimento intelectual, as circunstâncias
econômicas , as influências culturais, as interações sociais, o nível de educação, e o self.
 O fator que prenunciou mais acuradamente o comportamento delinquente foi o SELF

Campo Fenomenal – totalidade da experiência. Apenas o indivíduo o conhece completamente.


Pode ser conhecido parcialmente através da compreensão empática. Determina comportamento
(subjetividade)

SELF
Self é:
 O “si mesmo” é a representação de si;
 Cliente deve modificar a estrutura do seu self para melhorar;
 Conjunto de experiências do sujeito;
 Representação da própria pessoa e da sua singularidade;
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 Não é estático nem imutável, vai-se transformando.

Self Ideal VS Self real


O Self é a visão que a pessoa tem de si própria, baseada nas experiências passadas,
estimulações presentes e expectativas futuras, e é onde contém a tendência para a realização.

 Resulta da terapia a modificação do Self ;


 Um sinal de bem estar pessoal é o facto do Self ser fluído e tolerante;
 A rigidez é sinal de ameaça, insegurança e patologia; • Terapia não diretiva permite criar e
aceitar experiências novas

Organismo e Self: Congruência e Incongruência


Organismo: é o foco de toda a experiência, de tudo o que acontece dentro do organismo, disponível
para a consciência.

 Quando as experiências simbolizadas que constituem o self espelham fielmente as


experiências do organismo, dizemos que a pessoa é ajustada, madura e funciona de modo
completo.
*Essa pessoa aceita toda a variedade de experiências organiś micas sem ameaça ou ansiedade. Ela é
capaz de pensar realisticamente.
 A incongruência entre o self e o organismo faz com que os individ́ uos se sintam ameaçados
e ansiosos.
*Eles se comportam defensivamente, e seu pensamento se torna limitado e riǵ ido.

Consideração positiva
 A necessidade universal e duradoura e compreende aceitação, amor, e aprovação das outras
pessoas, mais especialmente da mãe durante a infância.
 Com o tempo, a consideração positiva passa a vir mais de dentro de nos do que de outras
pessoas = auto-consideração positiva.

Condições
 Consideração positiva condicional: aprovação, amor ou aceitação, concedidos apenas
quando uma pessoa expressa comportamentos e atitudes desejáveis.
 Consideração positiva incondicional: não precisamos internalizar condições de
merecimento.

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SELF e Organismo

Caracteristicas de pessoas de pleno funcionamento


 Consciência de toda experiência, aberta e sentimentos tanto positivos como negativos, rigor
de apreciação a todas as experiências;
 Confiança em seu próprio comportamento e sentimentos;
 Liberdade de escolha, sem inibições;
 Criatividade e espontaneidade;
 Necessidade constante de desenvolvimento, de procura da maximização do próprio
potencial.

Natureza Humana
 As pessoas de pleno funcionamento possuem livre escolha para criar o self. Nenhum aspecto
da personalidade é predeterminado.
 A tendência de atualização seja inata, o próprio processo de realização é mais influenciado
pelas forças sociais do que pelas biológicas.

Terapia centrada na pessoa


 O terapeuta tem que desenvolver uma relação de confiança com o paciente para poder fazer
com que ele encontre sozinho a sua própria cura.
 Trabalho de cooperação entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a libertação do potencial
de crescimento;
 Tendo como resultado a pessoa aberta à experiência, vivendo de maneira existencial
tornando-se ele mesmo
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Rogers desenvolveu uma Teoria não diretiva centrada na Pessoa com os seguintes pressupostos
básicos:
 A tendência formativa e a tendência atualizante – o homem tem uma tendência natural,
no seu interior, para o crescimento e desenvolvimento, necessidade de aperfeiçoamento do
eu. Com este pressuposto, de crescimento para o cliente, o terapeuta assume o papel de
estabelecer condições favoráveis a nível interpessoal, que promovam o desenvolvimento no
indivíduo.
 O autoconceito - os aspetos do ser e das experiências percebidas na consciência de nós
mesmos e do mundo. O autoconceito é a visão que cada indivíduo tem de si mesmo e atua
como a referência para as escolhas, atitudes e comportamentos de cada indivíduo. O
indivíduo na sua perceção seletiva, tem as suas próprias condições de valor e age de acordo
com as mesmas, de maneira a satisfazer as suas necessidades de auto consideração positiva.
Os acontecimentos que contrariam as suas condições de valor são memorizados de forma
distorcida e negados na sua consciência.
 A consciência (awareness) – meio para o indivíduo se adaptar ao ambiente, reconhecendo
as componentes que alteram o seu funcionamento. É a componente relacionada com a
experiência, simbolizando o ato de experimentar. Na sua perspetiva, a consciência atua
como um meio para o indivíduo se adaptar ao ambiente, permitindo reconhecer e identificar
as componentes que alteram o seu funcionamento. Atribui-lhe a função de eliminar o
conflito existente entre o ambiente, o indivíduo e o seu comportamento.
 A negação de experiências positivas ocorre através da distorção ou negação.
Ao longo do processo terapêutico, Rogers identifica algumas dificuldades para a mudança:
 As condições de valor – a consideração positiva é condicionada. A pessoa é valorizada ou
desvalorizada consoante a situação.
 A incongruência – desequilíbrio psicológico entre as nossas experiências e a nossa
consciência.
 A vulnerabilidade – existe se não tivermos consciência da incongruência.
 A ansiedade e ameaça – ao tomarmos consciência da incongruência, sentimentos ansiedade
e ameaça.
 A defesa e desorganização – recusamo-nos a aceitar as nossas experiências através da
negação ou distorção.

Existem 3 condições básicas e simultâneas facilitadoras, no relacionamento entre psicoterapeuta


e cliente (atitudes terapêuticas):

 Aceitação (ou olhar) positiva incondicional;


 Compreensão empática;
 Congruência

Para que exista mudança e crescimento terapêutico, o terapeuta deverá ser congruente,
movimentar-se num ambiente de aceitação incondicional e de total empatia.
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 Ser congruente significa um ser completo, com sentimentos e sua respectiva expressão.
 A aceitação incondicional implica aceitar do outro sem juízos de valor e com afeto positivo.
 Total empatia corresponde à uma escuta onde o terapeuta compreende o que o outro sente e
lhe transmite.
 Quando as atitudes terapêuticas, são consistentes, tanto maior será o movimento construtivo
do cliente.
 Quando o terapeuta consegue assumir estas atitudes terapêuticas a tendência actualizante do
cliente é estimulada;
 A essência da terapia centrada na pessoa é a determinação do terapeuta em avançar na
direção tomada pelo cliente, ao ritmo do cliente.

Teoria Centrada na Pessoa → Intervenção que permite o surgimento de uma nova pessoa:
adaptável, aberta à novas experiências que vive o presente de forma existencial. Desenvolvem-se
relações harmoniosas com os outros. Abordagem não diretiva que permite a compreensão do
comportamento humano e pode contribuir para a resolução de problemas práticos.

 A pessoa tem competências extraordinárias e recursos para encontrar ela própria a solução
para os seus problemas.
 Rogers assume uma espantosa confiança na potencialidade de cada indivíduo, no que diz
respeito à sua autodeterminação; • Nesta terapia o terapeuta não intervém nem tem intenções
de o fazer;
 O terapeuta confia na tendência actualizante do cliente;
 Cliente com liberdade de encontrar os seus próprios modos de lidar com os seus problemas;
 O terapeuta aceita a perceção do cliente criando uma atmosfera de aceitação e de olhar
incondicionalmente positivo.
 “ A terapia é uma experiência profundamente pessoal e subjectiva” (Rogers, 1977, p. 69)
 “Estabelece-se com o cliente uma relação intensamente pessoal e subjectiva. De pessoa para
pessoa.” (Rogers, 1977, p. 163)
 “O fundo da natureza humana é essencialmente positivo.” (Rogers, 1977, p. 75)

Abordagem centrada na pessoa ou terapia centrada no cliente – pressupostos:

1 – Princípios da corrente humanista;


2 – Experiência subjetiva da pessoa;
3 – Uma forma de relação que é um encontro entre pessoas

Conceitos fundamentais na Abordagem Centrada na Pessoa


1 – Tendência Atualizante – tendência para crescer, desenvolver-se, realizar completamente as suas
potencialidades. São potencialidades de progresso e mudança que todas as pessoas têm;

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2 – Não Diretividade – acreditar na autonomia e capacidades do indivíduo. No direito de escolher a
direção a tomar. Os clientes avançam ao seu ritmo, crescem pelos seus próprios processos. A função
do terapeuta é facilitar o processos actualizante do cliente.
3 – A pessoa funcional – a pessoa em autodesenvolvimento, aberta à experiência, sem medo de
sentir sentimentos;
4 – Necessidade de ser aceite – forte motivação para ser aceite, ser amado, ter amizade. - o sujeito
desenvolve uma autoavaliação condicionada, imposta para obter aprovação.

Grupos de Encontro – Carl Rogers


Prática:
 Grupos constituídos por 10 a 20 pessoas;
 Expressão livre de sentimentos, emoções e reacções em relação aos outros;
 Trabalho no “Aqui e Agora”;
 Dois terapeutas – com papel de facilitadores que se implicam na vida de grupo.
 O terapeuta deve refletir (como um espelho), o mundo do outro, tal como ele o percebe;
 Reformulação – mudar as palavras para repetir o que o cliente disse, também pode resumir;
 Clarificação – proporcionar um ponto de vista novo sem acrescentar nada de novo ou
suprimir algo;
 Experiência do feedback - o cliente é o único juiz da validade das reformulações feitas. Ele
pode rejeitar o que o terapeuta lhe diz, no espelho da sua empatia.
 Ser “transparente” autêntico e mostra-lo;
 Quanto mais o terapeuta é autêntico mais a relação de ajuda é eficaz;
 Pousar sobre o outro um olhar positivo incondicional; Aceitar o outro totalmente na sua
diferença, não julgar;
 Empatia é um “encontro mútuo” , trata-se de ver o outro na sua interioridade, sentir como
ele.
 Significa penetrar no universo do outro, sem perda da nossa identidade

Fases do grupo de encontro:


1. Fase de hesitação e andar em volta – terapeuta assume que quem dirige é o grupo;
2. Resistência à expressão ou exploração pessoais – hesitação, alguns revelam-se;
3. Descrição de sentimentos passados – ambivalência na confiança do grupo, risco de exposição;
4 . Expressão de sentimentos negativos – «do aqui e agora» dirigidos a membros do grupo e ao
terapeuta;
5. Expressão e exploração de material com significado pessoal – primeiras revelações com
confiança no grupo;
6. Expressão de sentimentos interpessoais imediatos no grupo – sentimentos orientados para um
elemento em especial, positivos ou negativos;
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7. Capacidade terapêutica no grupo – apresentada por um ou mais elementos;
8. Aceitação do eu e começo da mudança;
9. O estalar das fachadas - não aceitação de máscaras e fachadas
10. O indivíduo é objeto de reacção (feedback) por parte dos outros – recebe dados de como é visto
pelos outros;
11. Confrontação – em situações em pé de igualdade;
12. Relações de ajuda fora das sessões de grupo – auxílios fora das sessões;
13. O encontro básico – partilha de sentimentos no grupo;
14. Expressão de sentimentos positivos e intimidade – expressão livre de sentimentos pelo outro;
15. Mudanças de comportamento no grupo – lista de mudanças confirmada pelos outros elementos

Teoria da aprendizagem social


Albert Bandura
 Bandura estudou psicologia clínica na Universidade de Iowa e lá recebeu seu Ph.D., em
1952. ~
 Bandura aceitou, em 1953, um cargo na Universidade de Stanford
 Em 1974 foi eleito presidente da Associação Psicológica Americana.

Experiência do João Bobo de Bandura é o nome de duas experiências conduzidas por Albert
Bandura em 1961 e em 1963 que estudava os padrões do comportamento associados à agressão. As
experiências foram importantes porque desencadearam muitos outros estudos sobre os efeitos de um
meio violento para as crianças.

RECIPROCIDADE TRIÁDICA
A reciprocidade triádica, mostra as interações recíprocas entre três espécies de factores
envolvidos na aprendizagem: os fatores pessoais (dimensões afetivas e cognitivas da
personalidade), os comportamentos e as variáveis ambientais.
A novidade desta teoria da aprendizagem em relação ao Condicionamento Clássico de
Pavlov e ao Condicionamento Operante de Skinner é que a aprendizagem é feita por observação de
comportamentos = Modelagem.

MODELAGEM
É a essência da aprendizagem por observação. Aprender por modelagem envolve somar e subtrair a
partir do comportamento observado e generalizar de uma observação para outra.

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Por outras palavras, a modelagem envolve processos cognitivos e não simplesmente mimetismo ou
imitação. É mais do que combinar as acções de outra pessoa. Implica representar simbolicamente as
informações e armazená-las para uso num momento futuro (Bandura, 1986, 1994).

ELEMENTOS DA MODELAGEM = APRENDIZAGEM POR OBSERVAÇÃO


ATENÇÃO: Existe uma selecção daquilo em que prestamos atenção, o que é crucial para se
aprender por observação. Esta selecção é feita em função das características do modelo
(estatuto/prestígio, competência, valência afectiva), do observador e da atividade em si.
RETENÇÃO: A informação observada é codificada, traduzida e armazenada no nosso cérebro,
com uma organização em padrões, em forma de imagens e construções verbais.
REPRODUÇÃO: Consiste em traduzir as concepções simbólicas do comportamento armazenado
na memória das acções correspondentes. Pode haver dificuldades nesta tradução (ex. inabilidades
físicas) e por isso, deve-se facilitar a execução correcta, quando se está a ensinar alguém.
MOTIVAÇÃO e INTERESSES: Bandura defende que a aquisição é um processo diferente da
execução. Assim para que um determinado comportamento aprendido seja executado, deve-se estar
motivado para fazê-lo, o que pode ser alcançado através de incentivos. Experiências demonstram
que um modelo de comportamento recompensado tem mais probabilidades de ser imitado pelos
observadores do que um modelo cujas consequências não eram recompensadoras ou mesmo
penalizadoras.
Neste processo da modelagem, temos de considerar 3 factores:
 As características do modelo – os indivíduos identificam-se mais com pessoas idóneas e de
estatuto social mais elevado.
 As características do observador – pessoas com estatuto social baixo e com poucas
competências, assim como crianças e pessoas mais jovens, são alvos mais fáceis de
modelagem.
 Consequência do comportamento a ser observado – a importância que um determinado
comportamento suscita no observador poderá favorecer a obtenção ou não desse
comportamento.

Aprendizagem Actuante e Vicariante


 Na aprendizagem actuante, o sujeito aprende ao fazer.
 Na aprendizagem vicariante, o sujeito aprende, observando, o desempenho de modelos, quer
por observação directa quer através de leituras ou de outros instrumentos mediadores.

Reforço
 Reforço directo: O observador é reforçado ao reproduzir o que observou;
 Reforço indirecto ou reforço vicariante: A aprendizagem ocorre pela observação dos
comportamentos das outras pessoas e das consequências deles decorrentes.
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 Auto-reforço: O sujeito que controla os seus próprios reforços.

Autorreflexão
 Pode ser considerada como um processo que permite à pessoa analisar as suas experiências,
pensar sobre os seus conhecimentos e sentimentos, e pensar sobre as suas atividades diárias.

Autoeficácia
 É um processo que permite o ser humano a fazer uma avaliação e tomar decisões acerca das
expetativas nas suas habilidades e características, que são por sua vez, responsáveis pelo seu
seu comportamento.

Efeitos da Modelação
 Os efeitos da modelação, para além do desenvolvimento de novas habilidades, influenciam
os comportamentos já existentes/aprendidos, fortalecendo-os ou enfraquecendo-os, de
acordo com a previsão da probabilidade de consequências de reforço ou de correção
relativamente a esse comportamento.

Auto-sistema
 “Na teoria da aprendizagem social, um auto-sistema não é um agente psiq́ uico que controla
o comportamento. Ele se refere a estruturas cognitivas que fornecem mecanismos de
preferência, e a uma série de subfunções da percepçaõ , da avaliação e da regulação do
comportamento” (1978, p. 348).
Auto-Observação
 Nós observamos continuamente o nosso próprio comportamento, notando fatores como
qualidade, quantidade e originalidade daquilo que fazemos.

Processo de Julgamento
A escolha dos alvos para a comparaçaõ obviamente influencia os julgamentos que seraõ feitos:
a. os autojulgamentos saõ intensificados quando as pessoas menos capazes são escolhidas para
a comparação.
b. Os julgamentos também variam, dependendo da importância da atividade que está sendo
julgada e das atribuições individuais quanto aos determinantes do comportamento.

Auto-Reação

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 As avaliações favoráveis geram auto-reações recompensadoras e os julgamentos
desfavoráveis ativam auto-respostas punitivas.

AUTO-EFICÁCIA
 A mudança terapêutica, seja qual for sua forma especif́ ica, resulta do desenvolvimento de
um senso de auto-eficácia, da expectativa de que podemos, por esforço pessoal, dominar
uma situaçaõ e provocar um resultado desejado.
 uma expectativa de eficácia
 uma expectativa de resultado

As expectativas de eficácia pessoal baseiam- se em quatro fontes importantes de informação:


1. realizações de desempenho,
2. experiência indireta,
3. persuasão verbal
Estados fisiológicos emocionais

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Gordon Allport e o Indivíduo
Teoria dos traços
a. Traços comuns
b. Traços individuais = disposição pessoal = traços morfogénicos

 Os traços são reais e existem em cada um de nós;


 Os traços determinam ou causam o comportamento;
 Os traços podem ser demonstrados empiricamente;
 Os traços estão inter-relacionados;
 Os traços variam de acordo com a situação.

Tipos de traços
 Disposições Cardinal = “ruling passion”
 Disposições Centrais – Série de traços, de cinco a dez temas que melhor descrevem o
comportamento de uma pessoa.
 Disposições Secundárias – Traços pessoais menos influentes, que aparecem com muito
menos frequência.
 Intenção

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 Proprium = Self + EGO (incluindo senso corporal, auto-identidade, auto-estima, auto-
extensão, identificação, pensamento racional, auto-imagem, anseios próprios, estilo
cognitivo e funçaõ de conhecer). O proprium não é inato, mas se desenvolve ao longo do
tempo.
 Autonomia funcional

Autonomia funcional
 Autonomia funcional perseverante - adições, mecanismos circulares, atos repetitivos e
rotinas
 Autonomia funcional própria - interesses, valores, sentimentos, intenções, motivos-
mestres, disposições pessoais, auto-imagem e estilo de vida adquiridos

A Teoria de Traço
Raymond Cattell

A Teoria de Traço Biológico de Hans Eysenck


Dimensões da personalidade
Extroversão v.s. Introversão
 Extrovertido: maiores características de sociabilidade, impulsividade, desinibição,
vitalidade, otimismo e engenhosidade.
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 Os introvertidos são mais tranquilos, passivos, pouco sociais, pessimistas.

Psicoticismo
 O grau de psicoticismo de uma pessoa reflete seu nível de vulnerabilidade a
comportamentos impulsivos, agressivos ou de baixa empatia.
 Insensíveis, desumanas, antissociais, violentas, agressivas e extravagantes.
 Ao contrário das outras duas dimensões, o psicoticismo não tem um extremo oposto ou
inverso porque é um componente presente em diferentes níveis da pessoa.

George Kelly
O postulado fundamental e seus corolários
Postulado Fundamental
 “Os processos de uma pessoa saõ psicologicamente canalizados pelas maneiras por meio das
quais ela antecipa eventos”
 O entendimento que a pessoa tem do mundo e seu comportamento neste mundo
(“processos”)
 uma rede existente de expectativas em relação ao que vai acontecer se ela agir de
determinada maneira (“antecipa eventos”)

A TEORIA DOS CONSTRUTOS


A “metateoria” - De acordo com George Kelly, todas as pessoas preveem eventos por meio
dos significados/interpretações que atribuem aos acontecimentos (Stevens & Walker, 2002). A tais
significados / interpretações apelidamos de construtos.
 Deu importantes contributos sobre a teoria da personalidade;
 O indivíduo, pode ser comparado a um cientista, que procura testar as suas teorias pessoais
(chamadas constructos pessoais) sobre o mundo, sobre o seu funcionamento e sobre si
próprio;
 O indivíduo utiliza esses constructos para prever acontecimentos;
 Existem construções alternativas à interpretação do mundo, a que designou alternativismo
cognitivo;
 Todas as pessoas têm diferentes maneiras de ver o mundo. Nenhuma perspetiva está certa ou
errada, mas todas são construídas pelos indivíduos e refletem a sua própria realidade.
 Os indivíduos criam uma construção cognitiva sobre o ambiente, ou seja, têm um padrão
sistemático utilizado para organizar e interpretar as relações sociais.
 A partir desse sistema fazem-se previsões sobre o próprio, sobre as outras pessoas e também
sobre o ambiente.

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 Todas as pessoas preveem eventos a partir dos significados ou interpretações que atribuem a
esses eventos..

Para compreender a Personalidade temos que conhecer os nossos:


 Padrões
 Formas de organização e construção do mundo
 A interpretação do evento é mais importante que o próprio evento.

Não concordava com o ponto de vista de Skinner, que defendia que o comportamento era
moldado pela realidade; Kelly acreditava que o universo é real, mas as pessoas interpretam esse
universo de maneira diferente
Construto pessoal: “A forma pela qual a pessoa vê como as coisas (ou pessoas) se parecem, os
construtos pessoais moldam o comportamento do indivíduo.” Constructos sociais são teorizações
que todas as pessoas fazem perante situações da sua vida e perante as outras pessoas.
“Eles são formas de interpretar o mundo. Eles são o que possibilita que [as pessoas], e os animais
inferiores também, tracem o rumo do comportamento, formulado explicitamente ou atuando
implicitamente, expresso verbalmente ou totalmente inarticulado, consistente ou inconsistente com
outros rumos do comportamento, pensado intelectualmente ou sentido vegetativamente”

Constructos:
 Significados ou interpretações
 Forma singular de um indivíduo ver a vida, de interpretar e explicar os eventos diários.
 Nós temos a expetativa que os nossos constructos irão prever e explicar a realidade e,
testamos esses constructos constantemente.
 Organizamos o nosso comportamento nos constructos e avaliamos os resultados

As pessoas interpretam o mundo ao seu redor pela sua própria visão, que está em constante
mudança, e cada construto pode ser substituído por outro, ou seja, existe sempre uma alternativa a
cada construto - “alternativismo construtivo” - Todos os seres humanos são diferentes e interpretam
a realidade de formas distintas, por isso mesmo os factos de uma situação podem ser percebidos por
perspetivas diferentes. As conclusão não são inflexíveis, pelo contrário podem mudar. Concluindo,
o alternativismo construtivo é a ideia que todo ser humano é livre para rever ou substituir seus
constructos por outros alternativos. (Feist et al.,2015)

Alternativismo construtivo
 É necessário rever os nossos constructos, sendo tal um processo contínuo e necessário;
 Temos sempre um constructo alternativo para cada situação;
 Os nossos constructos são flexíveis, pois podemos facilmente substitui-los por outros;
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 Se os nossos constructos fossem rígidos ou determinados pelas influências que sofremos na
infância, não seríamos capazes de lidar com situações novas.

Kelly e a visão otimista da natureza humana


 Kelly revela uma visão otimista da natureza humana.
 Considera que o ser humano é o autor do seu próprio destino, e não vítima;
 O sujeito tem a capacidade de escolher a direção da sua vida;
 de mudar quando for preciso, revendo antigos constructos e formando novos.
 Não estamos presos a nenhum caminho traçado na infância ou na adolescência.

Todo o ser humano é capaz de interpretar comportamentos e eventos utilizando-se dessa


compreensão para orientar o comportamento incluindo o de prever o comportamento das outras
pessoas.
Para George Kelly, a interpretação dos eventos é mais importante do que os eventos
propriamente ditos. Para Kelly, as pessoas agem da mesma forma que os cientistas:
 Elaboram teorias e hipóteses;
 Testam diante da realidade por meio de experiências;
 Caso os resultados sustentem a “teoria”, ela é mantida; se os dados não a sustentarem, ela
terá de ser descartada ou modificada.

A teoria dos construtos pessoais é expressa por: 1 principio fundamental (os comportamentos
das pessoas são conduzidos pela forma como elas vêm o mundo e o presente) que é um pressuposto
e não uma verdade fixa, este principio pode ser questionado; E também elaborada por meio de 11
corolários de apoio (que “são inferidos a partir do principio básico”)
Sobre o principio básico: As pessoas estão em movimento e em constante mudança por isso a
“própria vida explica os movimentos das pessoas” (Esta teoria não reconhece os instintos e
necessidades); As pessoas orientam os seus processos para atingir um objectivo, ou seja, um
objectivo no futuro já que a visão do presente orienta as nossas acções com implicações no futuro.

Os 11 corolários:
 Semelhanças entre os eventos – corolário da construção;
 Diferenças entre as pessoas - corolário da individualidade;
- As pessoas compreendem os eventos de diferentes maneiras. Os nossos constructos não
refletem tanto a realidade objetiva, mas principalmente a interpretação singular.
 Relações entre constructos - corolário da organização;
- Organizamos os nossos constructos em hierarquia, com alguns constructos subordinados a
outros. Ex.: amigo, leal, protetor.
 Dicotomia dos construtos - corolário da dicotomia;

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- Os constructos são bipolares, por exemplo, se temos uma determinada opinião sobre
honestidade, essa noção também tem de abranger o conceito de desonestidade
 Escolha entre dicotomias - corolário da escolha;
- Para cada constructo, escolhemos (em liberdade) a alternativa que nos parece melhor,
aquela que nos permite prever os melhores resultados de eventos antecipados. Por exemplo:
segurança e aventura
 Âmbito de conveniência - corolário do âmbito;
 Experiência e aprendizagem - corolário da experiência;
- Os nossos constructos são testados nas experiências de vida para podermos confirmar que
permanecem válidos. Ao longo do tempo, as nossas experiências permitem-nos rever o
nosso sistema de constructos.
 Adaptação à experiência - corolário da modulação;
- Podemos modificar os nossos constructos em função de novas experiências.
 Construtos incompatíveis - corolário da fragmentação;
 Semelhanças entre pessoas - corolário da comunidade;
 Processos sociais - corolário da sociabilidade;
- Na nossa vida procuramos entender como as pessoas pensam e predizer o que farão e, de
acordo com tal , podemos modificar o nosso comportamento.

Particularidades da teoria de Kelly:


 Não existe noção de estágios de desenvolvimento e sim uma preocupação com a mudança e
a forma como diferentes indivíduos vêm o futuro e a si mesmos.
 Não existe tipologia de pessoas ou traços, nenhum sistema de categorização.
 Não separa os sentimentos e ações por categorias, eles devem ser explicados por si próprios;
O autor fornece descrições de várias emoções, mas sempre no contexto de como o sistema
de construção de uma pessoa funciona.
 Pessoa psicologicamente sadia: valida os seus “construtos pessoais opondo-os a suas
experiências com o mundo real”, operando como a metáfora do cientista. Os indivíduos
sadios não só antecipam os eventos como também são capazes de fazer alterações para
melhor.
 As pessoas que não são saudáveis psicologicamente: “Apegam-se obstinadamente a
construtos pessoais ultrapassados, temendo a validação de construtos novos que
perturbariam sua visão de mundo confortável atual”, estes indivíduos testam hipóteses
irracionais, distorcem os resultados e nunca abandonam as teorias antigas por mais inúteis
que sejam.
 Kelly identificou quatro elementos comuns na maioria dos transtornos humanos: Ameaça,
medo, ansiedade e culpa (Feist et al.,2015).

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