Você está na página 1de 48

Introdução ao estudo da Psicologia: Psicologia científica e senso comum.

(AULA 1)

Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos.

Segundo VIEGAS (2007), são quatro os tipos do conhecimento:

Ideológico ou senso comum => conhecimento passado de geração em geração.

Religioso => origem do homem, seus mistérios e princípios morais.

Filosófico => origem e o significado da existência humana.

Científico => Conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto


de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Deve ser obtido de
maneira programática, sistemática e controlado, para que se permita a verificação de sua
validade.

Psicologia do senso comum => se adquire informalmente - não proporciona diretrizes


para a avaliação de questões complexas. As pessoas geralmente confiam muito na intuição, na
lembrança de experiências pessoais ou nas palavras de alguma autoridade.

Psicologia: origens e objetos

Origem => Surgiu enquanto ciência a partir do 1º laboratório criado por Wilhelm Wundt.

Objetos => comportamento e processos mentais.

Comportamento => toda forma de resposta ou atividade observável realizada por um


ser vivo.

Processos mentais => experiências subjetivas – sensações, percepções, sonhos,


pensamentos, crenças, sentimentos.

“Ciências Psicológicas”

A Psicologia possui diferentes objetos de pesquisa.

Escola behaviorista => estímulos ambientais, os experimentos. Dedica-se ao estudo das


interações entre o individuo e o ambiente, entre as ações do individuo (suas respostas) e o
ambiente (as estimulações). S ―> R

Escola gestaltica => os mecanismos da percepção e sua influência sobre o


comportamento humano; Para os gestaltistas, entre o estimulo que o meio fornece e a
resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o indivíduo percebe e
como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano.
Escola psicanalítica => comportamento anormal e suas injunções inconscientes.

Por fim a “Psicologia Jurídica” => seu objeto de estudo localiza-se nas relações e
interações entre o indivíduo, o Direito e o Judiciário. (psicossocial)

Psicologia: origens e objetos

A história da psicologia enquanto ciência inicia-se em 1879 quando na Universidade de


Leipzig, Alemanha, o médico, filósofo e psicólogo alemão, Wilhelm Wundt, funda o primeiro
grande laboratório de pesquisa em psicologia. Antes de Wundt a psicologia era tida,
simplesmente, como um ramo da filosofia.

Em sentido lato, a psicologia teria por objetos de pesquisa o “comportamento” e os


“processos mentais” de todos os seres vivos. (DAVIDOFF, 2001; MORRIS; MAISTO, 2004;
MYERS, 1999) Define-se por comportamento toda forma de “[...] resposta ou atividade
observável realizada por um ser vivo.” (WEITEN, 2002, p. 520) Por seu turno, processos
mentais aludiriam às “[...] experiências subjetivas que inferimos através do
comportamento i – sensações, percepções, sonhos, pensamentos, crenças, sentimentos.”
(MYERS, 1999, p.2)

“Ciências Psicológicas”

A partir de uma reflexão epistemológica mais precisa, verifica-se que a Psicologia


possuiria, de fato, diferentes objetos de pesquisa e, por conta disto, diferentes métodos e
técnicas de pesquisa. Nas palavras de Japiassu: “Por isso, talvez fosse preferível falarmos, ao
invés de “Psicologia”, em “Ciências Psicológicas.” (1983 p.24-6)” Por exemplo, no que
concerne aos processos mentais podemos citar os mecanismos da percepção e sua influência
sobre o comportamento humano (objeto da escola gestaltica ii ); em relação ao
comportamento anormal e suas injunções inconscientes, as pesquisas da escola
psicanalítica iii . No que pese o comportamento e suas relações com os estímulos ambientais,
os experimentos da escola behaviorista iv e assim sucessivamente.

Por fim, recentemente na história da Psicologia no Brasil institucionalizou-se, a partir


das possibilidades (e, concretamente, das demandas) interdisciplinares v entre o Direito, o
Judiciário Brasileiro e a Psicologia, um novo e vasto campo de pesquisa; uma nova prática para
o psicólogo: a “Psicologia Jurídica”. Seu objeto (que, a nosso ver, carece ser precisado)
localiza-se nas relações e interações entre o indivíduo, o Direito e o Judiciário. Na busca pelo
ideal de Justiça e pela promoção dos direitos humanos, o psicólogo surge, portanto, como um
ator importante, contribuindo, a partir do seu saber e da sua prática, para a afirmação da
dignidade humana.
Psicologia científica e psicologia do senso comum

Todos nós usamos o que poderia ser chamado de psicologia de senso comum em nosso
cotidiano. Observamos e tentamos explicar o nosso próprio comportamento e o dos outros.
Tentamos predizer quem fará o que, quando e de que maneira. E muitas vezes sustentamos
opiniões sobre como adquirir controle sobre a vida (Ex: o melhor método para criar filhos,
fazer amigos, impressionar as pessoas e dominar a cólera). Entretanto, uma psicologia
construída a partir de observações casuais tem algumas fraquezas críticas.

O tipo de psicologia do senso comum que se adquire informalmente leva a um corpo de


conhecimentos inexatos por diversas razões. O senso comum não proporciona diretrizes
sadias para a avaliação de questões complexas. As pessoas geralmente confiam muito na
intuição, na lembrança de experiências pessoais diversas ou nas palavras de alguma
autoridade (como um professor, um amigo, uma celebridade da TV).

A ciência proporciona diretrizes lógicas para avaliar a evidência e técnicas bem


raciocinadas para verificar seus princípios. Em consequência, os psicólogos geralmente
confiam no método científico para as informações sobre o comportamento e os processos
mentais. Perseguem objetivos científicos, tais como a descrição e a explicação.
Usamprocedimentos científicos, inclusive observação e experimentação sistemática, para
reunir dados que podem ser observados publicamente. Tentam obedecer aos princípios
científicos. Esforçam-se, por exemplo, por escudar seu trabalho contra suas distorções
pessoais e conservar-se de espírito aberto.

Ainda assim, os cientistas do comportamento não estão de acordo quanto aos


pressupostos fundamentais relacionados aos objetivos, ao objeto primeiro e aos métodos
ideais. Como outras ciências, a psicologia está longe de ser completa. Existem muitos
fenômenos importantes que não são ainda compreendidos. As pessoa não devem esperar
uma abordagem única do objeto da psicologia ou respostas para todos os seus problemas .
(AULA 2)

PERSONALIDADE: FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. DESENVOLVIMENTO


PSICOSSOCIAL

PERSONALIDADE => origina-se do latim “persona”.

SIGMUND FREUD

Estrutura e Dinâmica da Personalidade - (De acordo com a teoria psicanalitica)

Id – O id é a fonte da energia psíquica (libido). É de origem orgânica e hereditária.


Apresenta a forma de instintos que impulsionam o organismo. Está relacionado a todos os
impulsos não civilizados, de tipo animal, que o indivíduo experimenta. . Não tolera tensão. Seu
o nível de tensão é elevado, age no sentido de descarregá-la. É regido pelo princípio do
prazer. Sua função e procurar o prazer e evitar o sofrimento. Localiza-se na zona inconsciente
da mente. OId não conhece a realidade objetiva, a "lei" ética e social, que nos prende perante
a determinadas situações devido as conclusões da interpretação alheia. Por isso surge o Ego.

Ego – Significa “eu” em latim. E responsável pelo contato do psiquismo com o mundo
objetivo da realidade. O Ego atua de acordo com o princípio da realidade. Estabelece o
equilíbrio entre as reinvindicações do Id e as exigências do superego com as do mundo
externo. É o componente psicológico da personalidade. As funções básicas do Ego são: a
percepção, a memória, os sentimentos e os pensamentos. Localiza-se na zona consciente da
mente.

Superego – Atua como censor do Ego. É o representante interno das normas e valores
sociais que foram transmitidos pelos pais através do sistema de castigos e recompensas
impostos à criança. São nossos conceitos do que é certo e do que é errado. O Superego nos
controla e nos pune (através do remorso, do sentimento de culpa) quando fazemos algo
errado, e também nos recompensa (sentimos satisfação, orgulho) quando fazemos algo
meritório. O Superego procura inibir os impulsos do Id, uma vez que este não conhece a
moralidade. É o componente social da personalidade.As principais funções do Superego são:
inibir os impulsos do id (principalmente os de natureza agressiva e sexual) e lutar pela
perfeição. Localiza-se consciente e pré-consciente.

1. Pelo Id o empregado deixaria de comparecer ao trabalho num belo dia ensolarado,


dedicando-se a uma aprazível atividade de lazer: uma pescaria, um cinema, etc.

2. O Ego aconselharia prudência e buscaria uma oportunidade adequada para essas


atividades.

3. O Superego diria ser inaceitável faltar com um compromisso assumido, por exemplo,
com o supervisor ou colegas de trabalho.

Os três sistemas da personalidade não devem ser considerados como fatores


independentes que governam a personalidade. Cada um deles têm suas funções próprias,
seus princípios, seus dinamismos, mas atuam um sobre o outro de forma tão estreita que é
impossível separar os seus efeitos.

Níveis de Consciência da Personalidade Para Freud, os três níveis de consciência


são: consciente, pré-consciente e inconsciente.

Consciente – inclui tudo aquilo de que estamos cientes num determinado momento.
Recebe ao mesmo tempo informações do mundo exterior e do mundo interior.

Pré-consciente – (ou sub-consciente) – se constitui nas memórias que podem se tornar


acessíveis a qualquer momento, como por exemplo, o que você fez ontem, o teorema de
Pitágoras, o seu endereço anterior, etc. É uma espécie de “depósito” de lembranças a
disposição, quando necessárias.

1.

2.

3.

Inconsciente – estão os elementos instintivos e material reprimido, inacessíveis à


consciência e que podem vir à tona num sonho, num ato falho ou pelo método da associação
livre. Os processos mentais inconsciente desempenham papel importante no funcionamento
psicológico, na saúde mental e na determinação do comportamento.

O que seria então Personalidade? A personalidade é uma estrutura interna, formada por
diversos fatores em interação. Não se reduz a um traço apenas, como a autodeterminação ou
um valor moral. Pode ser muito ou pouco valorizada. Não importa. Uma pessoa mesmo sem
valores, mal formada, com falhas morais ou limitações psicológicas, não deixa de ter
personalidade porque tem uma estrutura interna, embora defeituosa.

Também, a personalidade não é a simples soma ou justaposição de elementos, mas um


todo organizado e individual, produto de fatores biopsicossociais.

Nos fatores biológicos estão: o sistema glandular e o sistema nervoso.

Entre os fatores psicológicos estão: o grau e as características de inteligência, as


emoções, os sentimentos, as experiências, os complexos, os condicionamentos, a cultura, a
instrução, os valores e vivências humanas.

Nos grupos sociais: como a família,a escola, a igreja, o clube, vizinhança, processa-se a
interação dos fatores sociais.

Concluindo, a personalidade seria um conjunto de características que diferenciam os


indivíduos.
PSICOSE

Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado mental no qual


existe uma "perda de contacto com a realidade". Nos períodos de crises mais intensas podem
ocorrer, irá variar de caso a caso, alucinações ou delírios, desorganização psíquica que inclua
pensamento desorganizado e/ou paranóide, acentuada inquietude psicomotora, sensações de
angústia intensa e opressão, e insônia severa. Tal é frequentemente acompanhado por uma
falta de "crítica" ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter
estranho ou bizarro do comportamento. Desta forma surgem também, nos momentos de
crise, dificuldades de interacção social e em cumprir normalmente as atividades de vida diária.

Como tal, a psicose pode ser causada por predisposição genética, fatores exógenos
orgânicos mas desencadeados por fatores ambientais, psicossociais, com acentuadas falhas
no desempenho de papéis, na comunicação, no autocontrole, no comportamento da
afetividade, na percepção sensorial, na memória, no raciocínio, no pensamento e linguagem.
Há perda do senso da realidade e da capacidade de testá-la e, em casos extremos, do
autoconhecimento, deixando opaciente de cuidar-se no aspectos mais triviais, como a
alimentação e a higiene pessoal.

Na psicanálise, a psicose causou dificuldades teóricas para Freud, mas não para Lacan.
Se o primeiro demonstrou-se hesitante em enquadrá-la teoricamente, concentrando-se na
neurose, Lacan, tomando-a constantemente em suas conferências, associou-a à forclusão do
nome-do-pai.Conceito forjado por Jacques Lacan para designar um mecanismo específico da
psicose, através do qual se produz a rejeição de um significante fundamental para fora do
universo simbólico do sujeito. Quando essa rejeição se produz, o significante é foracluído. Não
é integrado no inconsciente, como no recalque, e retorna sob forma alucinatória no real do
sujeito.

NEUROSE

O termo neurose foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para indicar
"desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema nervoso". Na
psicologia moderna, é sinônimo de psiconeurose oudistúrbio neurótico e se refere a qualquer
desordem mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou
com a capacidade funcional da pessoa. Essa é uma diferença importante em relação àpsicose,
desordem mais severa.

A neurose, na teoria psicanalítica, é uma estratégia ineficaz para lidar com sucesso com
algo, o que Sigmund Freudpropôs ser causado por emoções de uma experiência passada
causando um forte sentimento que dificulta reação ou interferindo na experiência presente.
Por exemplo: alguém que foi atacado por um cachorro quando criança pode terfobia ou um
medo intenso de cachorros. Porém, ele reconheceu que algumas fobias são simbólicas e
expressam um medo reprimido.

Há muitas formas específicas diferentes de neurose: piromania, transtorno obsessivo-


compulsivo (TOC), ansiedade,histeria (na qual a ansiedade pode ser descarregada como um
sintoma físico), e uma variedade sem fim de fobias.
Todas as pessoas têm alguns sintomas neuróticos, freqüentemente manifestados nos
mecanismos de defesa do egoque as ajudam a lidar com a ansiedade. Mecanismos de defesa
que resultam em dificuldades para viver são chamados "neuroses" e são tratados pela
psicanálise, psicoterapia/aconselhamento, ou outras técnicas psiquiátricas.

PERVERSÃO

Perversão é um termo usado para designar o desvio, por parte de um indivíduo ou


grupo, de qualquer doscomportamentos humanos considerados normais e/ou ortodoxos para
um determinado grupo social. Os conceitos denormalidade e anormalidade, no entanto,
variam no tempo e no espaço, em função de várias circunstâncias.

A perversão distingue-se da neurose e da psicose como modo de funcionamento e


organização defensiva do aparelho psíquico. O termo é também freqüentemente utilizado
com o sentido específico de perversão sexual, ou desvio sexual.

*Alucinação é a percepçãoreal de um objeto que não existe, ou seja, são percepções


sem um estímuloexterno. Tudo que pode ser percebido pelos 5 sentidos (audição, visão, tato,
olfato e gustação) pode também ser alucinado.

* Segundo Kraepelin, "Delírios são idéias morbidamente falseadas que não são
acessíveis à correção por meio do argumento". Bleuler, por sua vez, dizia que " Idéias
Delirantes são representações inexatas que se formaram não por uma causal insuficiência da
lógica, mas por uma necessidade interior.

Exemplo: Um jovem de 23 anos, vítima de um acidente do trabalho que lhe custou a


perda de quatro dedos da mão direita começou apresentar uma expressiva inadequação
afetiva (ao invés de aborrecido, mostrava-se feliz) e com um delírio no qual julgava-se Deus,
cheio de poderes, auto suficiente e ostensivamente ameaçador para com as pessoas que dele
duvidavam. Resumidamente, está claro que tal ideação emancipada da realidade era por
demais compreensível: tratava-se de um mecanismo de defesa psicotiforme no qual, em
COMPENSAÇÃO à mutilação e deficiência o seu poder passou a ser infinito. Trata-se pois de
uma Idéia Deliróide (ou um Delírio Secundário), o qual habitualmente pode fazer parte de
numa Reação Psicótica Aguda.
(AULA 3)

GÊNERO

É a construção cultural coletiva dos atributos da masculinidade e feminilidade. Esse


conceito foi proposto para distinguir-se do conceito de sexo, que define as características
biológicas de cada indivíduo.

Para tornar-se homem ou mulher é preciso submeter-se a um processo que chamamos


de socialização de gênero,baseado nas expectativas que a cultura tem em relação a cada sexo.
Dessa forma, a identidade sexual é algo construído, que transcende o biológico.

O sistema de gênero ordena a vida nas sociedades contemporâneas a partir da


linguagem, dos símbolos, das instituições e hierarquias da organização social, da
representação política e do poder. Com base na interação desses elementos e de suas formas
de expressão, distinguem-se os papéis do homem e da mulher na família, na divisão do
trabalho, na oferta de bens e serviços e até na instituição e aplicação das normas legais.

A estrutura de gêneros delimita também o poder entre os sexos. Mesmo quando a


norma legal é de igualdade, na vida cotidiana encontramos a desigualdade e a iniqüidade na
distribuição do poder e da riqueza entre homens e mulheres.

Durante séculos, as mulheres foram educadas para submeterem-se aos homens. A


"domesticação" da mulher foi conseqüência da necessidade dos homens assegurarem a posse
de sua descendência. O fato de que a maternidade é certa e a paternidade apenas presumível
(ou incerta) sempre foi um fantasma para a organização da cultura patriarcal. O controle da
sexualidade e da vida reprodutiva da mulher garante a imposição das regras de descendência
e patrimônio e, posteriormente, um sistema rígido de divisão sexual do trabalho. Assim, a
mulher passa a ser tutelada por algum homem, seja pai, tio ou marido.

Este sistema de divisão sexual do trabalho, cuja finalidade primeira foi a de


regulamentar a reprodução e organizar as famílias, acabou por dar aos homens e mulheres
uma carga simbólica de atributos, gerando uma correlação entre sexoe personalidade que foi
interpretada como característica inerente aos sexos. Atribuiu-se à natureza de homens e
mulheres aquilo que era da cultura. Pensar que a mulher é frágil e dependente do homem ou
que o homem é o chefe do grupo familiar pode levar as pessoas a concluírem que é natural
que os homens tenham mais poderes que as mulheres e os meninos mais poderes que as
meninas.

Este tipo de pensamento sempre justificou o autoritarismo masculino, interpretando a


violência do homem contra a mulher como algo natural. Isso impregnou de tal forma nossa
cultura que, assim como muitos homens não assumem que estão sendo violentos, muitas
mulheres também não reconhecem a violência que estão sofrendo.
Sexo e gênero

1. sexo e gênero não são sinónimos.

1. Sexo => diz respeito às características fisiológicas relativas à procriação, à reprodução


biológica - diferenças sexuais são físicas.

1. Gênero => seria determinado pelo processo de socialização e outros aspectos da vida
em sociedade e decorrentes da cultura, que abrange homens e mulheres desde o nascimento
e ao longo de toda a vida - diferenças de género são socialmente construídas.

1. Gênero => conjunto de arranjos através dos quais a sociedade transforma a biologia
sexual em produtos da atividade humana e nos quais essas necessidades transformadas são
satisfeitas. Este sistema incluiria vários componentes, entre outros adivisão sexual do trabalho
e definições sociais para os géneros e os mundos sociaisque estes conformam.

A questão da hierarquia de gênero

1. O patriarcado é uma forma de hierarquia, em que os homens detêm o poder e as


mulheres são subordinadas.

1. Numa sociedade patriarcal, a autoridade social efetiva sobre as mulheres é exercida


através dos papéis de pai e de marido. Sob as condições patriarcais, as mulheres às vezes
exercem

1.autoridade através do papel de mãe em oposição aos outros papéis familiares, tais
como esposa, filha, irmã, ou tia.

1. O poder social atualmente é identificado com atributos considerados como


masculinos. Pessoas do sexo masculino ou feminino podem desempenhar papéis, através dos
quais o poder pode ser exercitado, mas eles permanecem como papéis masculinos.

1. A posição de gênero é um dos eixos essenciais para a manutenção do poder na


hierarquia social, que é essencialmente masculina no seu topo e tem estratégias de
fragmentação (por classes, por idades, por grupos ou culturas minoritárias). Assim, essa
hierarquia nos leva a viver rivalidades e lutas entre pessoas jovens e idosas, pobres e ricas,
negras e brancas, mulheres e homens. Essas relações antagónicas estruturam a dependência e
a submissão.

O que é subordinação e como se expressa?

1. Subordinação pode ser definida como uma relativa falta de poder. Em termos de
autoridade social, um grupo subordinado tem pouco ou nenhum controle sobre a tomada de
decisões que afetam o futuro daquele grupo.

1. Podemos falar em subordinação de gênero quando as mulheres não estão no controle


das instituições que determinam as políticas que afetam as mulheres, tais como os direitos
repro-dutivos ou a paridade nas práticas de emprego. Discriminação nos salários e nas
promoções são exemplos da subordinação das mulheres na nossa sociedade.

AULA 4 – ESTUDO PSICOSSOCIAL DA FAMÍLIA

O Direito de Família até 1988.

1. Á época do início da vigência do Código Civil (1916).

1. Família somente a constituída pelo casamento.

1. Gerador de vínculo indissolúvel entre os cônjuges.

1934 => Transformou-se em norma constitucional, princípio mantido na Carta de 1937e


nas Constituições que se seguiram (1946, 1967, 1969).

1. Até 1934 apenas o casamento civil era reconhecido.

A mulher => relativamente incapaz, passando a ser assistida pelo marido nos atos da
vida civil.

Ao marido competia:

1. A chefia da sociedade conjugal;

1. Administrar o patrimônio familiar.

2. Autorizar a profissão da mulher.

1. As relações sem casamento eram moral, social e civilmente reprovadas.

1. Os filhos eram classificados e conseqüentemente discriminados em função da


situação jurídica dos pais.

1.

1.

Legítimos =>concebidos na constância do casamento e os legalmente presumidos.

Ilegítimos => os que não procediam de justas núpcias, aqueles que não tinham sua
filiação assegurada pela lei.

Distinguiam-se os ilegítimos em:


1 - Naturais => os que nasciam de homem e mulher entre os quais não havia
impedimento matrimonial.

2 - Espúrios => aqueles que descendiam de pessoas impedidas de casar por parentesco,
afinidade ou casamento subsistente.

1. Adulterinos.

2. Incestuosos (até 1989 não podiam ser reconhecidos).

Em 1941 =>Lei de Proteção da Família - os filhos adulterinos e incestuosos continuavam


excluídos da proteção.

Três grandes alterações legislativas marcaram o meado do século:

1 - A admissão do reconhecimento dos filhos adulterinos;

2 - A emancipação da mulher casada;

3 - A dissolubilidade do vínculo matrimonial.

Primeira alteração:

1949 => permitiu-se o reconhecimento do filho havido fora do matrimônio desde que
dissolvida a sociedade conjugal (exigência que se manteve até 1977).

O segundo grande marco da evolução do Direito de Família:

1962 => Estatuto da Mulher Casada que promoveu a emancipação da mulher e a


colocou na posição de colaboradorado marido.

1. Deixava de ser relativamente incapaz.


1. Passando a ter tratamento igualitário para a prática dos atos da vida civil (isonomia
entre marido e mulher que viria a se consolidar plenamente em 1988).

A terceira grande alteração legislativa:

1977 => Lei do Divórcio – indissolubilidade do casamento.

O Direito de Família após 1988.

1. Família não mais se origina apenas do casamento.

1. Duas novas entidades familiares passaram a ser reconhecidas:

1 - A constituída pela união estável;

2- A formada por qualquer dos pais e seus descendentes.

1. A dissolução do casamento foi facilitada, diminuindo-se o prazo para um ano, se


precedida de separação judicial, e para dois anos no caso de separação de fato.

Quanto aos filhos:

1. Garantidos foram aos filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,
iguais direitos e qualificações, proibidas qualquer designações discriminatórias.

1. Dentre os membros da família ganharam tratamento próprio à criança e


oadolescente, sendo dever da família, da sociedade e do Estado assegurar-lhes, com absoluta
prioridade, os direitos especificamente enumerados na Constituição Federal.

O Novo Papel dos Integrantes das Entidades Familiares.

1. A instituição familiar, idealizada pelo legislador de 1916, cede lugar a seus integrantes,
igualados em direitos e obrigações.

1. A comunidade familiar, haja ou não casamento, deixou de ser um ente abstrato,


adquirindo concretude no afeto e na solidariedade que une seus membros.
1. O afeto => elemento identificador das entidades familiares levando ao surgimento da
família eudemonista.

1. A preservação da liberdade de escolha e o direito de assumir os próprios desejos


geraram a possibilidade de transitar de uma estrutura de vida para outra que pareça mais
atrativa e gratificante.

1. A proteção assegurada histórica e unicamente ao casamento passou a ser concedida à


família.

1.

A Constituição Federal de 1988:

1. Além do casamento foram reconhecidas outras entidades familiares, ainda que


elencadas somente a união estável entre um homem e uma mulher e a comunidade dos pais
com seus descendentes.

Segundo Paulo Luiz Lobo:

1. Norma de inclusão - o que não permite excluir qualquer entidade que preencha os
requisitos daafetividade,estabilidade e ostensividade.

Uniões homoafetivas => vêm sendo reconhecidas pela jurisprudência como entidades
familiares.

1. Não só a família, mas também a filiação foi alvo de profunda transformação.

1. No confronto entre a verdade biológica e a realidade vivencial, a jurisprudência


passou a atentar ao melhor interesse de quem era disputado por mais de uma pessoa.

1. O prestígio à afetividade fez surgir uma nova figura jurídica, a filiação socioafetiva,
que acabou se sobrepondo à realidade biológica.

1. A moderna doutrina não mais define o vínculo de parentesco em função da


identidade genética. A valiosa interação do direito com as ciências psicossociais ultrapassou
os limites do direito normatizado e permitiu a investigação do justo buscando mais a
realidade psíquica do que a verdade eleita pela lei.

1. A definição da paternidade está condicionada à identificação da posse do estado de


filho, reconhecida como a relação afetiva, íntima e duradoura, em que uma criança é tratada
como filho, por quem cumpre todos os deveres inerentes ao poder familiar: cria, ama, educa e
protege.

(AULA 5) PROCESSO GRUPAL

1. A nossa vida cotidiana é demarcada pela vida em grupo => As pessoas precisam
combinar algumas regras para viverem juntas.

EX: Se estiver num ponto de ônibus às sete horas da manhã, eu preciso ter alguma
certeza de que o transporte aguardado passará por ali mais ou menos neste horário. Alguém
combinou isso com o motorista. Ao chegar à escola, encontro colegas que também têm aulas
no mesmo horário.

1. A esse tipo de regularidade normalizada pela vida em grupo, chamamos


de institucionalização.

Regularidade comportamental normatizada pela vida em grupo.

O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO

1. Berger e Luckmann => começa com o estabelecimento de regularidades


comportamentais.

2. As pessoas vão, aos poucos, descobrindo a forma mais rápida, simples e econômica
de desempenhar as tarefas do cotidiano.
TAREFAS

HÁBITOS => se estabelecem quando as tarefas repetem-se muitas vezes.

TRADIÇÃO => se impõe porque é uma herança dos antepassados.

INSTITUCIONALIZAÇÃO => quando se passam muitas gerações e a regra estabelecida


perde a referência de origem (o grupo de antepassados), dizemos, então, que essa regra
social foi institucionalizada.

INSTITUIÇÕES, ORGANIZAÇÕES E GRUPOS.

Instituição => é um valor ou regra social reproduzida no cotidiano como estatuto de


verdade, que serve como guia básico de comportamento e de padrão ético para as pessoas,
em geral.

1. Se a instituição é o corpo de regras e valores, a base concreta da sociedade é


a organização.

Organizações => representam o aparato que reproduz o quadro de instituições no


cotidiano da sociedade.

Ex: um Ministério, como, por exemplo, o Ministério da Saúde; uma Igreja, como a
Católica; uma grande empresa, como a Volkswagen do Brasil.

1. Portanto, a organização é o pólo prático das instituições.

1. O elemento que completa a dinâmica de construção social da realidade é o grupo — o


lugar onde a instituição se realiza.

1. Se a instituição constitui o campo dos valores e das regras (portanto, um campo


abstrato), e se a organização é a forma de materialização destas regras através da produção
social, o grupo, por sua vez, realiza as regras e promove os valores.

1. O grupo é o sujeito que reproduz e que, em outras oportunidades, reformula tais


regras. E também o sujeito responsável pela produção dentro das organizações e pela
singularidade — ora controlado, submetido de forma acrítica a essas regras e valores, ora
sujeito da transformação, da rebeldia, da produção do novo.
O que se entende por "grupo"?

Olmsted (1970, p. 12) => entende grupo como "uma pluralidade de indivíduos que estão
em contato uns com os outros, que se consideram mutuamente e que estão conscientes de
que têm algo significativamente importante em comum".

1. Pode-se definir o grupo como um todo dinâmico (o que significa dizer que ele é mais
que a simples soma de seus membros), e que a mudança no estado de qualquer subparte
modifica o estado do grupo como um todo.

1. O grupo se caracteriza pela reunião de um número de pessoas (que pode variar


bastante) com um determinado objetivo, compartilhado por todos os seus membros, que
podem desempenhar diferentes papéis para a execução desse objetivo.

1. A coesão é a forma encontrada pelos grupos para que seus membros sigam as regras
estabelecidas.

Esta "certeza" da fidelidade dos membros é o que chamamos de coesão grupal.

Tipos de grupo

O grupo primário se caracteriza pela presença de laços afetivos íntimos e pessoais entre
seus membros, pela espontaneidade no comportamento interpessoal, por possuir objetivos
comuns (apesar de não necessariamente explícitos). A família é o exemplo de grupo primário
por excelência. Nela, o objetivo comum em geral não está explicitado, e pode ser
simplesmente a convivência. É o caso, também, da "turma" ou "gangue" juvenil, outro
exemplo típico de grupo primário.

O grupo secundário, por sua vez, não se constitui num fim em si mesmo, mas num meio
para que seus componentes atinjam fins externos ao grupo. É o caso de um grupo de estudo,
que se dissolverá quando tiver concluído sua tarefa. As relações interpessoais num grupo
secun-dário costumam ser mais "frias", impessoais, racionais e formais.
Dentro dos grupos => existemo clima grupal e a influência das lideranças na produção
da atmosfera dos grupos.

Kurt Lewin => argumentava que o clima democrático, autocrático ou o laissez-


fairedependiam da vocação do grupo e do estabelecimento de lideranças que os
viabilizassem.

Autocrático => estabelece sozinho as normas do grupo.

Democrático => decide junto com o grupo as diretrizes, de modo que todos saibam
antecipadamente o que vai acontecer.

Laissez-faire=> não atua como coordenador, deixando completa liberdade de ação ao


grupo.

O que se entende por liderança?

Ação que auxilia o grupo a atingir seus objetivos dentro de uma determinada situação.

PAPÉIS SOCIAIS

1.Posição

1. Entende-se por "posição" a localização de uma pessoa no grupo ou organização. Uma


"localização" é definida pelos direitos e obrigações que regulam a interação do indivíduo que
a ocupa com os demais, de outras posições.

1. No grupo familiar, por exemplo, costumeiramente há diferentes posições: a de pai, de


mãe, de filho, e pode haver outras.

1. Em nossa sociedade, a posição de pai implica determinadas obrigações para com os


filhos, como a de garantir-lhes a alimentação, moradia, proteção, etc. Também implica certos
direitos, como o de ser obedecido e respeitado. Por sua vez, a posição de filho confere o
direito de ser protegico, alimentado, etc., e o dever de obedecer e respeitar.

1. Todos nós ocupamos, simultaneamente, muitas posições. Ao mesmo tempo, uma


mulher pode ser mãe, operária de uma fábrica, membro do Clube de Pais e Mestres da escola
de seus filhos, etc.

Status

É um conceito tão vinculado ao de posição que alguns autores empregam os dois


termos indiscriminadamente. Há, porém, diferenças que a maioria dos estudiosos coloca.

Statusse refere, em geral, à importância relativa de diferentes posições e pessoas para o


grupo ou organização.
1. Esse valor diferenciado vai refletir-se também sobre os direitos e deveres. Assim, por
exemplo, atribui-se, costumeiramente, maior status ao diretor de uma empresa do que ao
chefe de departamento e entende-se que o diretor deverá conhecer mais a respeito do
funcionamento global da empresa e que assumirá maior parcela de responsabilidades sobre
ela.

OBS: Apesar de "posição" e statusserem conceitos bastante relacionados pode-se


distingui-los lembrando que posição é a localização de um elemento do grupo em relação aos
demais e que status se refere a importância de uma posição em relação às outras.

Conceito de papel social

1. Entende-se por papel o comportamento que se espera de quem ocupa uma dete
minada posição com determinado status.

1. Assim, por exemplo, esperam-se certos comportamentos de um pai: que sustente os


filhos, que proveja sua alimentação e educação, etc. O conjunto destes comportamentos
constitui o papel de um pai na nossa sociedade. Em outra sociedade, com outra cultura, os
comportamentos esperados podem ser muito diferentes.
(AULA 6) EXCLUSÃO SOCIAL

DEFINIÇÃO:

1. Pode designar desigualdade social, miséria, injustiça, exploração social e econômica,


marginalização social.

1. Exclusão é "estar fora", à margem, sem possibilidade de participação, seja na vida


social como um todo, seja em algum de seus aspectos.

1. Exclusão social aplicável à realidade de uma sociedade capitalista => "excluídos são
todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados materiais ou simbólicos, de nossos
valores" (Martine Xiberas).

Excluídos no nível de grupos sociais:

1. minorias étnicas (indígenas, negros);

2. minorias religiosas;

3. minorias culturais.

Excluídos de gênero: mulheres e crianças.

Excluídos em termos de opção sexual: homossexuais e bissexuais.

Excluídos por idade: crianças e idosos.

Excluídos por aparência física: obesos, deficientes físicos, pessoas calvas, pessoas
mulatas ou pardas, portadores de deformidades físicas, pessoas mutiladas.

Excluídos do universo do trabalho: desempregados e subempregados, pessoas pobres


em geral.

Excluídos do universo sócio-cultural: pessoas pobres em geral, habitantes de periferia


dos grandes centros urbanos..

Excluídos do universo da educação: os pobres em geral, os sem escola, as vítimas da


repetência, da desistência escolar, da falta de escola junto a seus lares; deficientes físicos,
sensoriais e mentais.

Excluídos do universo da saúde: pobres em geral, doentes crônicos e deficientes físicos,


sensoriais e mentais.

Excluídos do universo social como um todo: os portadores de deficiências físicas,


sensoriais e mentais, os pobres, os desempregados.
Outros conceitos de exclusão social:

1. "...uma impossibilidade de poder partilhar, o que leva à vivência da privação, da


recusa, do abandono e da expulsão, inclusive, com violência, de um conjunto significativo da
população - por isso, uma exclusão social e não pessoal. Esta situação de privação coletiva é
que se está entendo por exclusão social. Ela inclui pobreza, discriminação, subalternidade, não
equidade, não acessibilidade, não representação pública..." (Aldaísa Sposatti, 1996 -
Assistente Social, atual Secretária de Bem Estar Social da Prefeitura de São Paulo).

1. "...um processo (apartação social) pelo qual denomina-se o outro como um ser "à
parte", ou seja, o fenômeno de separar o outro, não apenas como um desigual, mas como um
"não-semelhante", um ser expulso não somente dos meios de consumo, dos bens, serviços,
etc., mas do gênero humano. É uma forma contundente de intolerância social..." (Cristóvão
Buarque, professor, ex-reitor da Universidade de Brasília, ex-governador do Distrito Federal e
atual Ministro da Educação).

1. Segundo Buarque, a exclusão social passa a ser vista como um processo presente,
visível e que ameaça confinar grande parte da população num apartheidinformal, expressão
que dá lugar ao termo “apartação social”. Para ele, fica evidente a divisão entre o pobre e
rico, em que o pobre é miserável e ousado enquanto o outro se caracteriza como rico,
minoritário e temeroso.

1. "... a desafiliação (exclusão) ... representa uma ruptura de pertencimento, de vínculos


societais... /... o desafiliado (excluído) é aquele cuja trajetória é feita de uma série de rupturas
com relação a estados de equilíbrio anteriores, mais ou menos estáveis, ou instáveis..."
(Robert Castel).

1. “...a desqualificação: processo relacionado a fracassos e sucessos da integração.../...a


desqualificação social aparece como o jnverso da integração social. Õ Estado é então
convocado a criar políticas indispensáveis à regulação do vínculo social, como garantia da
coesão social (Paugam, 1991, 1993).

1. “...a desinserção trabalhada por Gaujelac e Leonetti (1994) como algo que questiona
a própria existência das pessoas enquanto indivíduos sociais, como um processo que é o
inverso da integração.../..."é o sistema de valores de uma sociedade que define os "fora de
norma " como não tendo valor ou utilidade social", o que conduz a tomar a desinserção como
fenômeno identitário na "articulação de elementos objetivos e elementos subjetivos ".
(AULA 7) PRECONCEITO, ESTEREÓTIPOS E DISCRIMINAÇÃO.

ESTEREÓTIPOS: A BASE COGNITIVA DO PRECONCEITO

1. Na base do preconceito estão as crenças sobre características pessoais que


atribuímos a indivíduos ou grupos, chamadas de estereótipos.

1. O estereótipo, em si, é frequentemente apenas um meio de simplificar e "agilizar"


nossa visão do mundo.

1. Gordon Allport referia-se ao ato de estereotipar como fruto da "lei do menor


esforço".

1. Nossos limitados recursos cognitivos, diante de um mundo cada vez mais complexo, é
que nos fazem optar por estes atalhos, que se às vezes nos poupam, cortando
significativamente o caminho, em outras, nos conduzem aos indesejáveis becos do
preconceito e da discriminação.

ROTULAÇÃO

1. A rotulação seria um caso especial do ato de estereotipar. Em nossas relações


interpessoais, facilitamos nosso relacionamento com os outros se atribuirmos a eles
determinados rótulos capazes de fazer com que certos comportamentos possam ser
antecipados.

Exemplo: quando um gerente rotula um empregado de "preguiçoso", ele "prevê"


determinados comportamentos que este empregado deverá exibir frente a certas tarefas.

1. Profecia auto-realizadora => induzir o rotulado a se comportar da maneira que


esperamos.

1. Ideologia inconsciente => conjunto de crenças que aceitamos implícita e não


conscientemente. Um exemplo disto pode ser visto nas relações de género.
ESTEREÓTIPOS E GÊNERO

1. Papeis pré-determinados para homens e mulheres.

Exs: o estereótipo ligando os homens às funções de "herói" e as mulheres às de "mães"


está profundamente entranhado na cultura.

A norma genérica dominante ainda exige dos homens que sejam machistas, narcisistas,
onipotentes, impenetráveis e ousados. Qualquer desvio em relação a esta norma pode
significar fracasso, debilidade ou sinal de homossexualismo.

ESTEREÓTIPOS E ATRIBUIÇÃO

1. O preconceito pode apresentar-se também via atribuição de causalidade.

1. A ação de uma pessoa => deduções acerca dos motivos que possam ter causado
aquele comportamento. E o preconceito frequentemente contamina nossas percepções.

Ex: um padre saindo de um prostíbulo.

PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO

1. Se o estereótipo é a sua base cognitiva, os sentimentos negativos em relação a um


grupo constituiriam o componente afetivo do preconceito, e as ações, o componente
comportamental.

1. O preconceito é uma atitude: uma pessoa preconceituosa pode desgostar de pessoas


de certos grupos e comportar-se de maneira ofensiva para com eles, baseada em uma crença
segundo a qual possuem características negativas.

Uma atitude é composta: - de sentimentos (componente afetivo),

- predisposições para agir (componente comportamental) e

- de crenças (componente cognitivo).

O preconceito poderia ser definido como uma atitude hostil ou negativa com relação a
um determinado grupo, não levando necessariamente, pois, a atos hostis ou
comportamentos persecutórios.

Discriminação=> refere-se à esfera do comportamento (expressões verbais hostis,


condutas agressivas, etc.).
1. Sentimentos hostis + a crenças estereotipadas =>deságuam numa atuação que pode
variar de um tratamento diferenciado a expressões verbais de desprezo e a atos manifestos
de agressividade.

O PAPEL DO BODE EXPIATÓRIO

1. Procuramos transferir nossos sentimentos de raiva ou de inadequação, colocando a


culpa de um fracasso pessoal em algo externo ou sobre os ombros de uma outra pessoa.
(AULA 8)COMPORTAMENTO ANTI-SOCIAL E VIOLÊNCIA.

Violência é um comportamentoque causa dano a outra pessoa, ser vivo ou objeto.

Tipologia Embora a forma mais evidente de violência seja a física, existem diversas
formas de violência, caracterizadas particularmente pela variação de intensidade,
instantaneidade e perenidade.

Violência física => Ocorre quando uma pessoa, que está em relação de poder em
relação à outra, causa ou tenta causar dano não acidental, por meio do uso da força física ou
de algum tipo de arma que pode provocar ou não lesões externas, internas ou ambas.
Segundo concepções mais recentes, o castigo repetido, não severo, também se considera
violência física.

Violência sexual =>É toda a ação na qual uma pessoa em relação de poder e por meio
de força física, coerção ou intimidação psicológica, obriga uma outra ao ato sexual contra a
sua vontade, ou que a exponha em interações sexuais que propiciem sua vitimização, da qual
o agressor tenta obter gratificação.

Estupro =>O estupro é todo ato de penetração oral, anal ou vaginal, utilizando o pênis
ou objetos e cometido à força ou sob ameaça, submetendo a vítima ao uso de drogas ou
ainda quando esta for incapaz de ter julgamento adequado. A definição do Código Penal, de
1940, delimita os casos de estupro à penetração vaginal, e mediante violência. Esta definição
é considerada restrita e atualmente encontra-se em revisão. A nova redação propõe definição
mais ampla, que acompanha as normas médicas e jurídicas preponderantes em outros países.

2. Sexo forçado no casamento =>É a imposição de manter relações sexuais no


casamento. Devido a normas e costumes predominantes, a mulher é constrangida a manter
relações sexuais como parte de suas obrigações de esposa.

3. Assédio sexual =>O assédio sexual pode ser definido por atitudes de conotação sexual
em que haja constrangimento de uma das partes, através do uso do poder de um(a) superior
na hierarquia, reduzindo a capacidade de resistência do outro.

Abuso sexual na infância ou na adolescência

Define-se como a participação de uma criança ou de um adolescente em atividades


sexuais que são inapropriadas à sua idade e seu desenvolvimento psicossexual. A vítima é
forçada fisicamente, coagida ou seduzida a participar da relação sem ter necessariamente a
capacidade emocional ou cognitiva para consentir ou julgar o que está acontecendo
(Gauderer e Morgado, 1992).

1. Abuso incestuoso => Consiste no abuso sexual envolvendo pais ou outro


parente próximo, os quais se encontram em uma posição de maior poder em relação à
vítima.
2. Violência psicológica =>É toda ação ou omissão que causa ou visa a
causar dano à auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa.
Violência econômica ou financeira =>São todos os atos destrutivos ou omissões do(a)
agressor(a) que afetam a saúde emocional e a sobrevivência dos membros da família.

Violência institucional =>Violência institucional é aquela exercida nos/pelos próprios


serviços públicos, por ação ou omissão. Pode incluir desde a dimensão mais ampla da falta de
acesso à má qualidade dos serviços. Abrange abusos cometidos em virtude das relações de
poder desiguais entre usuários e profissionais dentro das instituições, até por uma noção mais
restrita de dano físico intencional.

COMPORTAMENTO ANTI-SOCIAL

O comportamento antissocial é caracterizado pelo desprezo ou transgressão das


normas da sociedade, em alguns casos com comportamento ilegal.

Indivíduos antissociais frequentemente ignoram a possibilidade de estar afetando


negativamente outras pessoas, por falta de empatia com o sofrimento de outrem - por
exemplo, produzindo ruído excessivo em um horário inapropriado ou fazendo abertamente
comentários ou julgamentos negativos.

O termo antissocial também é aplicado erroneamente a pessoas com aversão ao


convívio social, introvertidas, tímidas ou reservadas.

Clinicamente, antissocial aplica-se a atitudes contrárias e prejudiciais à


sociedade (sociopatia/psicopatia), não a inibições ou preferências pessoais.

O comportamento antissocial pode ser sintoma de uma psicopatologia em psiquiatria: o


transtorno de personalidade antissocial.

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL.

A psicopatia (ou sociopatia) é um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de


caráter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios,
manipulação, egocentrismo, falta de remorso eculpa para atos cruéis e inflexibilidade com
castigos e punições (disciplina paterna inconsistente).

Embora popularmente a psicopatia seja conhecida como tal, ou como "sociopatia",


cientificamente, a doença é denominada como sinônimo do diagnóstico do transtorno de
personalidade antissocial.

A psicopatia parece estar relacionada a algumas importantes disfunções cerebrais,


sendo importante considerar que um só único fator não é totalmente esclarecedor para
causar o distúrbio; parece haver uma junção de componentes. Embora alguns indivíduos com
psicopatia mais branda não tenham tido um histórico traumático, o transtorno -
principalmente nos casos mais graves, tais como sádicos e serial killers - parece estar
associado à mistura de três principais fatores:
1. disfunções cerebrais/biológicas ou traumas neurológicos,

2. predisposição genética

3. e traumas sociopsicológicos na infância (ex, abuso emocional, sexual, físico,


negligência, violência, conflitos e separação dos pais etc.).

Todo indivíduo antissocial possui, no mínimo, um desses componentes no histórico de


sua vida, especialmente a influência genética, entretanto, nem toda pessoa que sofreu algum
tipo de abuso ou perda na infância irá tornar-se uma psicopata sem ter uma certa influência
genética ou distúrbio cerebral; assim como é inadimissível afirmar que todo psicopata já nasce
com essas características. Portanto, a junção dos três fatores torna-se essencial; há de se
considerar desde a genética, traumas psicológicos e disfunções no cérebro (especialmente no
lobo frontal e sistema límbico).

Código Penal Do ponto de vista penal existe o dilema, amplamente discutido, sobre se
uma personalidade doente é imputável, especialmente se é de origem psicótica. Mesmo que
se trate de uma personalidade doente (exemplos: pessoassádicas, violadoras, etc.) há
tendência para sustentar que há uma punição correspondente, dado que, mesmo doente, a
pessoa mantém consciência dos seus atos e pode evitar cometê-los.

O direito penal usa como formas de classificar a capacidade mental do agente:


entendimento por parte do agente se o ato que ele cometeu é ilegal e se mesmo sabendo que
é ilegal, consegue se autodeterminar, ou seja, consegue não cometer o ato.

Os psicopatas, no entanto, muitas vezes conseguem entender que seus atos são
errados, porém não conseguem se autodeterminar com relação ao seu entendimento,
ocasionando com isso os crimes bárbaros, podendo os psicopatas tornarem-se assassinos em
série.
AULA 9 - Início da relação entre a Psicologia e o Direito

1. Psicologia do Testemunho: avaliação da veracidade de relatos de acusados e de


testemunhas, fundamentando-se em estudos experimentais sobre memória e percepção.

1. A “Psicologia do Testemunho” historicamente a primeira grande articulação entre


Psicologia e Direito.

1. Metodologia: uso de instrumentos de medida considerados objetivos, que


possibilitavam comprovações matemáticas. Utilizavam-se, sobretudo, testes psicológicos.

1. Final do século XIX => a Psicologia privilegiava o método científico empregado pelas
Ciências Naturais (Biologia possibilidade de explicação dos comportamentos humanos), dando
ênfase a uma prática profissional voltada, quase que unicamente, à perícia, ao exame
criminológico e aos laudos psicológicos baseados no psicodiagnóstico. (Altoé, 2001).

1. Psicologia Jurídica no Brasil: 1945 - Manual de Psicologia Jurídica, de Mira y Lopez:


psicologia como ferramenta para avaliação e diagnóstico de criminosos e infratores.

Contribuições da Psicologia:

• detectar a mentira;

• descobrir causas subjetivas para desvio de normas sociais;

• indicar técnicas para alteração do comportamento anormal;

• classificar as pessoas (conforme hereditariedade, caráter, constituição física e


psíquica);

• avaliar condições de discernimento ou sanidade mental das partes;

• determinar a periculosidade dos indivíduos.

Perícia: avaliação de condições psicológicas com a finalidade de responder a quesitos


formulados por operadores do Direito -> atividade avaliativa e de subsídio às decisões
judiciais.

O trabalho do psicólogo => Pode auxiliar e nortear a atuação de advogados, promotores,


juízes reconhecendo a necessidade de uma ação em conjunto com os demais profissionais na
construção de um saber que auxilie a expressão da Justiça, permitindo ao juiz aplicar a Lei,
dentro dos fins sociais, visando a uma relação democrática, justa e igualitária (Verani, 1994.)
ou prejudicar e alongar o processo por vários anos, sem diminuir o conflito e a dor dos
envolvidos, através da restrição de seu exercício profissional à elaboração de laudos ou
pareceres psicológicos, por vezes conclusivos, fechados e, portanto, iatrogênicos (alteração
patológica provocada no paciente por tratamento errôneo ou inadequado), como antes.
Lei Jurídica X Lei Simbólica.

Psicanálise e Direito

LIVRO: Direito de Família e Psicanálise. Rumo a uma Nova Epistemologia

GROENINGA, G. e PEREIRA, R.C. Direito de Família e Psicanálise — Rumo a uma nova


epistemologia. RJ: Imago, 2003.

SUJEITO DO DIREITO/ SUJEITO DO DESEJO E A LEI

A primeira lei é uma lei de Direito de Família: a lei do pai e o fundamento da lei (Rodrigo
da Cunha Pereira)

Kelsen (Teoria Geral das Normas) e Freud (Totem e Tabu)

A ideia de Lei

A partir do momento em que o homem passou a "viver-con" (conviver), ele começou a


estabelecer leis para normalizar esse convívio.

Kelsen => norma é um comando de conduta, o dever-ser de conduta. A norma legislada


formalmente pelo Estado é a emanação de um poder, autorizado por uma norma anterior que
é a lei básica de um Estado: a Constituição. Esta por sua vez, é baseada em uma constituição
anterior e assim sucessivamente até que se chegue à primeira assembleia, que talvez tenha
originado a primeira constituição. Chegaremos aí a uma norma fundante do sistema jurídico,
que é a norma fundamental.

Esta norma fictícia, a que se refere Kelsen, autorizadora de todo o sistema jurídico e na
verdade de todas as leis jurídicas e morais, é a norma fundante, pressuposto de validade de
todas as normas.

Freud em seu texto Totem e Tabu => nos remete também às primeiras leis do homem.
Descreve o "tabu" como o código de leis não escrito mais antigo do mundo, anterior a
qualquer espécie de religião. Nesse trabalho, Freud nos remete a um lugar de surgimento da
lei, que é anterior ao culto das religiões e das prescrições das religiões mais primitivas.

1. De onde vem essa norma?


1. Essa norma não pode ser posta em questão e isso parece significar que é porque ela é
fundada pelo inconsciente.

1. Essa lei inconsciente é dada pelo que Freud chamou de lei do incesto, ou depois Lévi-
Strauss ou Lacan, como a Lei do Pai, que é exatamente a Lei (inconsciente) que possibilita a
passagem da natureza para a cultura, (p. 24).

1. Essa obra veio demonstrar que o incesto é a base de todas as proibições. É então a
primeira lei. A lei fundante e estruturante do sujeito, consequentemente da sociedade e
obviamente do ordenamento jurídico. " [...] podemos dizer que é exatamente porque o
homem é marcado pela Lei do Pai que se torna possível e necessário fazer as leis da sociedade
onde ele vive, estabelecendo um ordenamento jurídico" (p. 27).

1. Lei do incesto => fundamento da cultura, da linguagem, das relações entre os


homens.

1. Ao abordar a norma fundamental, e no regressus infínitum a norma fictícia, não


estaria Kelsen falando da mesma norma fundamental, a lei do simbólico de Freud e Lévi-
Strauss?

1. "Os conceitos interdisciplinares de direito e psicanálise, a partir de Freud e Kelsen,


nos autorizam a dizer que a primeira lei, a lei fundante, fundamentadora e organizadora da
cultura, uma lei de Direito de Família. [...] é a Lei do Pai, que é a base de sustentação e a partir
da qual se torna possível o ordenamento jurídico sobre a família (p. 29).

Exemplo: A exogamia é a expressão do tabu do incesto => no nosso ordenamento, a


tradução na lei do interdito básico encontra-se nos impedimentos para o casamento art. 1521
do Código Civil de 2002.

PROGRAMA DE RÁDIO ESCUTAR E PENSAR RÁDIO MEC-AM 800 MHZ Transgressão2ª


feira: 22/Dezembro/2003

Quando afirmamos que alguém transgrediu, estamos dizendo que alguma coisa foi
violada: uma regra, uma lei, um pacto, um contrato ou mesmo um acordo não falado, nem
escrito entre duas ou mais pessoas. Quer dizer, alguma combinação foi desrespeitada. Pode
ser uma leve ultrapassagem de algum limite estabelecido, sem maior gravidade, ou um ato
violento com conseqüências danosas.

Se pensarmos na sociedade, por exemplo, há uma série de contratos sociais que exigem
responsabilidade dos governantes, daqueles que detém algum tipo de poder. Aí, qualquer ato
ilícito tem conseqüência sobre inúmeras pessoas. É o caso das atuais denúncias envolvendo
juizes, que nos deixam inseguros, já que justamente quem deveria cuidar do cumprimento das
leis é o primeiro a usar seu poder pra transgredir. Será que os roubos feitos por poderosos
acabam justificando roubos feitos pelos menos favorecidos? Se os que têm muito roubam,
por que quem não tem nada não pode se aproveitar?
Na verdade, o que estão em jogo são valores e princípios que organizam a vida
civilizada. O processo do animalzinho humano até chegar a ser um homem civilizado é longo e
trabalhoso. Esse processo inclui cuidados, nutrição, ensinamentos, e uma coisa muito
importante que a gente quase não nota: a transmissão de códigos que caracterizam o
indivíduo, e que são como marcas que ficam registradas dentro da mente. Essas marcas são
heranças, que passam de geração em geração, há muitos milhares de anos, e que
estabelecem certos limites pra vida em grupo.

No plano da sexualidade, por exemplo, os tabus do incesto, e das gerações: não pode
haver relações sexuais entre pai e filhos ou entre mãe e filhos. Tios e avós devem respeitar os
membros mais novos da família e não interagir sexualmente, o que seria um abuso. Enfim,
algumas barreiras que vão se formando no nosso mundo psíquico, como nojo, horror e
vergonha de certas práticas, nós vamos adquirindo desde a primeiríssima infância, na relação
com aqueles que cuidam da gente, aqueles que exercem a função de pais. Esses códigos são
como que depositados na cultura e transmitidos de geração em geração, através da
linguagem verbal e também da não verbal, isto é, através do que se diz, das histórias que se
conta, e também do que se passa através de atos, gestos, sinais...E isso tudo que é passado
pra nós por uma figura de autoridade é que vai nos servir de referência. E nos dar condições
de viver em sociedade.

Então, existe uma lei que é transmitida de forma invisível, é uma lei simbólica. E que
está inscrita internamente como uma tatuagem psíquica que sustenta a nossa existência. É
um pacto que nos faz respeitar o próximo, e reconhecer as diferenças sexuais, sociais,
geracionais, culturais. É mais ou menos como um contrato social e pessoal que a gente assina
para poder ser humano,civilizado. Mas nem todo mundo têm esse contrato pessoal e social
firmado dentro de si mesmo. Aí, o pacto fracassa. O indivíduo fica sem qualquer compromisso
com o próximo e sem as barreiras que interditam o livre curso dos impulsos sexuais e
agressivos. É quando o ser humano mata, abusa, destrói. A primeira pessoa com quem nos
relacionamos no início da vida, a mãe, ou quem exerce essa função, é quem transmite as
primeiras leis organizadoras da vida em sociedade, à medida que vamos sendo apresentados à
linguagem.

Logo, outras pessoas importantes nos deixam suas marcas pela vida afora, ou seja
durante toda vida novos registros são internalizados. Então, a mensagem é a seguinte: aquilo
que os adultos dizem, vivem e fazem têm incidência sobre crianças e adolescentes. Se existem
abusos, violência e ausência de uma autoridade protetora, a resposta é quase sempre
desestruturação, desamparo, loucura e mesmo a morte.
AULA 10 - TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO E MEDIAÇÃO.

MEDIAÇÃO

1. Meio alternativo de solução de conflitos, onde as partes se mantêm autoras de suas


próprias soluções.

1. Constitui-se em importante recurso de resolução alternativa de disputas nas situações


que envolvem conflitos de interesses, aliados à necessidade de negociá-los.

1. É um processo orientado a possibilitar que as pessoas nele envolvidas sejam co-


autoras da negociação e da resolução dos seus conflitos.

CONCEITUAÇÃO DE MEDIAÇÃO SEGUNDO VEZZULLA,1995

Técnica de resolução de conflitos não adversarial que, sem imposições de sentenças ou


laudos e com um profissional devidamente formado, auxilia as partes a acharem seus
verdadeiros interesses e preservá-los num acordo criativo, onde as duas partes ganham.

CONFLITO

1. Desentendimento entre duas ou mais pessoas sobre um tema de interesse comum.

1. O conflito surge ante a dificuldade de se lidar com as diferenças nas relações e


diálogos, associada a um sentimento de impossibilidade de coexistência de interesses,
necessidades e pontos de vista.

1. Manifestação de insatisfação, ou de divergência, de idéias, percepções e opiniões.

MEDIAÇÃO - OBJETIVO

1. Estabelecer ou restabelecer diálogo entre as partes, para que delas surjam


alternativas e a escolha de soluções.

1. Prevista para ser célere, informal e sigilosa, atua propiciando redução de custos
financeiros, emocionais e de tempo em função de, em curto espaço de tempo, promover a
instalação de um contexto colaborativo em lugar de adversarial.

MEDIAÇÃO – PROPOSTA

1. Dar voz e vez àqueles que dela participam.


1. Instrumento de negociação de interesses articula, durante todo o seu percurso, a
necessidade de cada um com a possibilidade do outro, desde que dentro dos limites da Ética e
do Direito.

1. Possibilitar mudanças relacionais e conseqüente dissolução da lide.

MEDIADOR, O QUE É?

1. É um terceiro imparcial que, por meio de uma série de procedimentos próprios,


auxilia as partes a identificar os seus conflitos e interesses, e a construir, em conjunto,
alternativas de solução, visando o consenso e a realização do acordo.

1. Atua como facilitador do diálogo entre partes, identificando e desconstruindo


impasses de diferentes naturezas.

1. Seu principal instrumento de intervenção são as perguntas.

5. Saúde;

6. Família. .

EM QUE CONTEXTO PODE SER APLICADA?

1. Em qualquer contexto capaz de produzir conflitos que envolvam questões tais como:

1. Comerciais;

2. Trabalhistas;

3. Comunitárias;

4. Meio ambiente;

“GÊNERO MEDIAÇÃO” ≠ “ESPÉCIE MEDIAÇÃO”

O “gênero mediação” ou heterocomposição envolve desde métodos impositivos de


resolução de conflitos (como a via judicial e a arbitragem), até métodos “amigáveis” (como a
conciliação e a mediação propriamente dita).

MÉTODOS BÁSICOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

Via judicial => o juiz aplica a lei à lide. Ele decide e impõe sua decisão às partes.
Arbitragem => o árbitro decide e impõe sua decisão às partes. O processo é mais flexível
(adaptável ao caso) que no judiciário.

Conciliação => o conciliador conduz as partes na analise de seus direitos e deveres


legais, buscando um acordo. As partes é que decidem os termos do acordo, mas o conciliador
pode fazer sugestões e opinar quanto ao mérito da questão. Seu objetivo é o acordo.

Mediação => o mediador facilita o dialogo entre as partes em ambiente de


confidencialidade. O mediador busca o entendimento das partes pelas próprias partes. Ele
não deverá opinar sobre o mérito da questão. O objetivo da mediação é a pacificação das
partes.

1. acolhe

2. Respeita

3. Revaloriza

4. Reconhece

“ESPÉCIE MEDIAÇÃO”

1. Método amigável de resolução de conflitos, com características processuais


peculiares não obstante guarde grande grau de flexibilidade, que lhe permite adaptar-se às
necessidades das partes caso a caso.

1. A maioria dos conflitos não envolvem apenas direitos e deveres regulados por lei, mas
muitos outros fatores que a lei não pode regular e que são de grande importância para a
satisfação das partes. A proposta do mediador leva em conta estes fatores alheios ao
ordenamento jurídico.

CHAVE MESTRA DA MEDIAÇÃO => ACOLHIMENTO

O mediador:

5. Considera, dá crédito.

6. Compreende ( “não teve oportunidade de ser diferente”)

7. Intervém e não exclui


ETAPAS DA MEDIAÇÃO

1. Entrevistas individuais;

1. Identificação do problema;

1. Determinação das necessidades subjacentes;

1. Busca de opções e implicações;

1. Construção de compromisso moral, redação e assinatura de acordo.

1. As sessões individuais são utilizadas para o “desarme” (psicológico) do sujeito,

1. Nesta etapa o mediador procura dar conotações positivas para o conflito

1. É primordial, neste momento, escutar o que está oculto nas entrelinhas.

JUSTIÇA RESTAURATIVA

É um conceito novo de solução de conflitos que começa a ganhar corpo no Brasil.


Constitui um novo paradigma criminológico, que reformula o modo convencional de definir
crime e justiça, com grande potencial transformador do conflito na medida que intervêm de
modo mais efetivo na pacificação das relações sociais.

Mudança de foco.

Na Justiça Restaurativa a questão central, ao invés de versar sobre culpados, é sobre


quem foi prejudicado pela infração. Ao contrário da Justiça Tradicional, que se ocupa
predominantemente da violação da norma de conduta em si, a Justiça Restaurativa ocupa-se
das conseqüências e danos produzidos pela infração.

A Justiça Restaurativa valoriza a autonomia dos sujeitos e o diálogo entre eles, criando
espaços protegidos para a auto-expressão e o protagonismo de cada um dos envolvidos e
interessados - transgressor, vítima, familiares, comunidades.

Partindo daí, fortalece e motiva as pessoas para a construção de estratégias para


restaurar os laços de relacionamento e confiabilidade social rompidos pela infração.

Enfatiza o reconhecimento e a reparação das conseqüências, humanizando e trazendo


para o campo da afetividade relações atingidas pela infração, de forma a gerar maior coesão
social na resolução do problema e maior compromisso na responsabilização do infrator e no
seu projeto de ajustar socialmente seus comportamentos futuros.
Ressignificação de papéis.

Como na Justiça Restaurativa o foco muda do culpado para as conseqüências da


infração, embora o ambiente de respeito para com a dignidade - capacidade e autonomia - do
infrator, é a vítima quem assume um papel de destaque. Além disso, objetiva-se sempre a
participação da comunidade. Procura-se mobilizar o máximo de pessoas que se mostrem
relacionadas às partes envolvidas no conflito ou que possam contribuir na sua solução,
abrindo espaço à participação tanto de familiares, amigos ou pessoas próximas do infrator ou
da vítima, bem como de representantes da comunidade atingida direta ou indiretamente
pelas conseqüências da infração.

Valores Restaurativos.

A ética restaurativa é uma ética de inclusão e de responsabilidade social, e promove o


conceito de responsabilidade ativa, essencial à aprendizagem da democracia participativa, ao
fortalecer indivíduos e comunidades para que assumam o papel de pacificar seus próprios
conflitos e interromper as cadeias de reverberação da violência.
AULA 11 -GUARDA

Aspectos destacados na guarda compartilhada

É costumeiro afirmar que, com a separação do casal, a família não se dissolve, se


transforma. São muitas as mudanças nos ciclos de vida familiares. Desde a regulamentação do
divórcio no Brasil em 1977, a separação conjugal ficou cada vez mais como um fato presumido
nas famílias. Quando não há possibilidade de reconciliação entre o casal, mesmo que tenham
filhos, não existe mais aquela necessidade de permanecerem casados, como anteriormente.

Segundo alguns especialistas, um dos motivos que desencadeiam distúrbios emocionais


nos filhos é a convivência num lar em conflito permanente. Desta forma, entende-se que a
separação conjugal deveria representar uma possível solução, mas infelizmente muitos casais
encontram sérias dificuldades na reorganização desse sistema, inclusive na divisão de
responsabilidades. Assim, o casal decide procurar um profissional que ajuizará ação
competente, prosseguindo o feito até sentença judicial ou homologação de acordo que
estabelecerá quem ficará com a guarda dos filhos, visitas, pagamento de alimentos e partilha
dos bens. A questão é que guarda e o direito de visitas existe em função dos menores, com o
objetivo de manter contato entre os filhos e os pais após a separação, contribuindo com a
“homeostase” emocional dos envolvidos.

Regulamentação de Visitas: um direito da criança

A lei confere ao genitor que não possui a guarda, o direito de visitas, que constitui o
direito de personalidade do filho de ser visitado não só pelos pais, como qualquer pessoa que
por ele tenha afeto. Cabe salientar que o direito de visitas é extensivo aos avós, sendo muito
comum requerer a regulamentação da visita mesmo em procedimento judicial consensual.
Afinal, um dos objetivos da visita é o de fortalecer os laços de amizade entre pais, filhos e
familiares, já enfraquecidos pelo processo de separação.

Vantagens e Desvantagens da Guarda Compartilhada

A guarda sempre se revelou um ponto delicadíssimo no direito de família, pois dela


depende diretamente o futuro do menor. A guarda única ou exclusiva, aquela conferida a um
só dos genitores, passou a ser insuficiente para atender as necessidades e interesses dos pais
e principalmente dos filhos. Com as mudanças cada vez mais aceleradas na estrutura familiar,
procuram-se novas modalidades de guarda capazes de assegurar aos pais uma repartição
eqüitativa da autoridade parental, bem como aos filhos, que serve para amenizar os efeitos
desastrosos na maioria das separações. Historicamente, a guarda compartilhada teve sua
origem na Inglaterra, na década de 60, onde ocorreu a primeira decisão favorável. Estendeu-
se a França e ao Canadá, chegando mais tarde ao Brasil e Estados Unidos. A guarda pode ser
definida como o conjunto de deveres que os pais têm em relação à pessoa e aos bens dos
filhos. O direito de guarda é antes de tudo um dever de assistência material e moral, devendo
sempre ser levado em consideração o interesse do menor. Portanto, não se recomenda a
pessoas inidôneas, imaturas ou portadoras de qualquer deficiência de natureza psíquica ou
comportamental, podendo ser modificada a qualquer momento.
Foram a partir dessas mudanças nos ciclos de vida familiares, como o surgimento de
famílias monoparentais, que o compartilhamento da guarda passou a ser questionado.

Importante destacar a diferença entre guarda alternada e guarda compartilhada ou


conjunta. A primeira (alternada) tem como requisito básico a alternância de residência dos
pais, por certos períodos. A segunda (compartilhada ou conjunta) baseia-se na residência
fixa para o menor, partilham-se somente os direitos e deveres entre os pais.

A guarda compartilhada ou conjunta é um dos meios de exercício da autoridade


parental aos pais que desejam continuar a relação com os filhos quando ocorre a
fragmentação da família. A justificativa para a adoção desse sistema está na própria realidade
social e jurídica, que reforça a necessidade de garantir o melhor interesse da criança e a
igualdade entre homens e mulheres na responsabilização dos filhos. A continuidade do
convívio da criança com ambos os pais é indispensável para seu desenvolvimento emocional
de forma saudável.

No entanto, esta modalidade refere-se a um tipo de guarda onde os pais dividem a


responsabilidade legal sobre os filhos, ao mesmo tempo em que compartilham suas
obrigações pelas decisões importantes relativas à criança. Desta forma, evita a sobrecarga dos
pais e minimiza o conseqüente impacto da ansiedade e do estresse sobre os filhos. Conclui-se
que um dos pais pode manter a guarda material ou física do filho, porém ambos possuem os
mesmos direitos e deveres para com o menor.

A Guarda compartilhada ou conjunta privilegia a continuidade na relação da criança com


seus genitores após a separação destes e ao mesmo tempo mantém ambos responsáveis
pelos cuidados cotidianos relativos à educação e à criação do menor. A guarda compartilhada
tem o apoio constitucional, por força do que prevê o art. 226, § 5º e § 7º da CF/88, ao
estabelecer que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos
igualmente pelo homem e pela mulher, além do estabelecido nos princípios da dignidade da
pessoa humana.

Também tem o apoio no Estatuto da Criança e do Adolescente e das disposições da Lei


nº 11.698, de 13 junho de 2008 que altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 do novo Código civil, que tratam da proteção da pessoa dos filhos.

Na realidade o maior interesse dos filhos está em conviver o máximo possível com
ambos os pais, salvo exceções. Enfim, resta claro que o poder da guarda para a mãe, uma
questão cultural, já não mais prevalece. A nítida preferência reconhecida à mãe para a guarda,
já vinha sendo criticada como abusiva e contrária a igualdade, como supramencionamos no
direito constitucional. No código de 1916, foi criado para acomodar as necessidades de uma
sociedade quando a profissão da mulher era do lar, o que já não condiz com a nossa
realidade, já que a mulher se tornou independente.

Sem dúvida alguma não se pode deixar de ressaltar que o modelo de guarda
compartilhada não deve ser imposto como solução para todos os casos, havendo situações
em que o modelo é inadequado e até mesmo contra-indicado, como no exemplo da tenra
idade dos filhos.
As vantagens da guarda compartilhada são maiores que as desvantagens, basicamente
em função de uma melhora na auto-estima do filho, melhora no rendimento escolar
(enquanto que na guarda monoparental decai), diminuição do sentimento de tristeza,
frustração, rejeição e do medo de abandono, já que permite o acesso sem dificuldade a
ambos os pais. Também ajuda na inserção da nova vida familiar de cada um dos genitores,
além de ter uma convivência igualitária.

Não são muitas as desvantagens neste tipo de guarda. Cabe lembrar que, através de
informações fornecidas por psicólogas da teoria sistêmica, puderam constatar em seus
consultórios no atendimento dos filhos (crianças e adolescentes) que o maior sintoma é a
falta dos pais, o medo do abandono, as conseqüências de uma separação seja consensual ou
litigiosa. Na guarda compartilhada o filho não perde o vínculo com os pais. Um triste exemplo
e ao mesmo tempo muito comum de ocorrer é o pai pensar que se não é o guardião, deve
manter-se distante da educação do filho, pois considera que a justiça dá plenos poderes a
guardiã que detém a guarda. Alguns desses pais acabam por afastar-se de seus filhos
provocando, sem dúvida alguma, sentimentos de angústia desnecessários. São os filhos quem
acabam por pagar o maior tributo por tais comportamentos, visto que sofrem por viver em
meio ao fogo cruzado de seus pais e podem apresentar sérios sintomas, como dificuldades
afetivas, sociais e de aprendizado.

Hodiernamente, a possibilidade jurídica da guarda compartilhada como mencionamos,


leva em consideração as vantagens tanto para os genitores quanto aos filhos, restando aos
operadores do direito ter a consciência do melhor interesse do menor. O promotor de justiça
deve favorecer esta modalidade e o magistrado conceder a guarda compartilhada, salvo
exceção. Filhos precisam igualmente do pai e da mãe. É necessário que um permita o direito
de existência do outro na vida de seus filhos. A separação conjugal não pode se estender à
ruptura parental, pois a criança precisa de ambos para ter um bom desenvolvimento
cognitivo, psíquico e emocional. A guarda conjunta é o caminho possível para assegurar aos
filhos de pais separados a presença contínua em harmonia de ambos os genitores.

ALIENAÇÃO PARENTAL.

Euclydes de Souza

A alienação parental é a rejeição do genitor que "ficou de fora" pelos seus próprios
filhos, fenômeno este provocado normalmente pelo guardião que detêm a exclusividade

da guarda sobre eles (a conhecida guarda física monoparental ou exclusiva).

Esta guarda única permite ao genitor que detêm a guarda com excluvidade, a
capacidade de monopolizar o controle sobre a pessoa do filho, como um ditador, de forma
que ao exercer este poder extravagante, desequilibra o relacionamento entre os pais em
relação ao filho. A situação se caracteriza quando, a qualquer preço, o genitor guardião que
quer se vingar do ex cônjuge, através da condição de superioridade que detêm, tentado fazer
com que o outro progenitor ou se dobre as suas vontades, ou então se afaste dos filhos.
Levando em consideração que as Varas de família agraciam as mulheres, com a guarda
dos filhos, em aproximadamente 91% dos casos (IBGE/2002), salta aos nossos olhos que a
maior incidência de casos de alienação parental é causada pelas mães, podendo, todavia ser
causada também pelo pai, dentro dos 9% restantes.

Concluímos assim, que o compartilhamento parental na criação dos filhos, anularia o


excesso de poder uni-lateral, origem da alienação parental, trazendo a solução para este e
vários outros problemas causados pela Guarda Única.

Com o objetivo de ajudar aos pais a identificar quando é que seus filhos podem estar
sendo vítimas da alienação parental, juntamos as seguintes situações que demonstram em
menor ou maior grau o risco da rejeição paterna.

• ...”Cuidado ao sair com seu pai . Ele quer roubar você de mim”...

• ...”Seu pai abandonou vocês “...

• ...”Seu pai não se importa com vocês”...

• ...”Você não gosta de mim!Me deixa em casa sozinha para sair com seu pai”...

• ...”Seu pai não me deixa refazer minha vida”...

• ...”Seu pai é muito violento, ele vai te bater”...

Com isso, ocorrem casos de crianças com problemas psicológicos diversos, onde vemos
tais reflexos somatizados, de uma culpa que elas não tem, ora em forma mais grave, como o
desvio de comportamento, e outras copiando o modelo materno ou paterno de forma
inadequada. Outras características de mães, ou pais, que induzem a alienação parental aos
filhos:

• Cortam as fotografias em que os filhos estão em companhia do pai, ou então proíbe


que as exponha em seu quarto.

• Pais monoparentais, não participam ao pai que “ficou de fora” informações escolares
como os boletins escolares, proíbe a entrada destes na escola, não fornece fotografias, datas
de eventos festivos escolares e tentam macular a imagem do pai junto ao corpo

docente do colégio.

• Pais dessa natureza, não cooperam em participar de mediações promovidas por


instituições que promovem a mediação entre casais em litígio, são freqüentemente
agressivos, arrogantes, e exímios manipuladores.

• Restringem e proíbem terminantemente, a proximidade dos filhos e parentes com os


membros da família do ex-cônjuge.
• Encaram o ex-cônjuge como um fator impeditivo para a formação de uma outra
família (normalmente porque idealizam uma nova vida imaginando poder substituir a figura
do pai pela a do padrasto, o que não seria possível com a proximidade do ex).

• Pais que induzem a alienação parental, ao ser necessário, deixam seus filhos com
babás, vizinhos, parentes ou amigos, mas nunca com o pai não residente, (mesmo que ele seja
o seu vizinho), a desculpa clássica é: ” Seu pai está proibido de ver as crianças fora do horário
pré-estipulado para ele “ , ” Seu pai só pode ficar com vocês de 15 em 15 dias. Foi o Juiz que
disse “ ou “ Não permito, porque seu pai vai interferir na rotina da nossa família”

• Pais que induzem a alienação parental, normalmente são vítimas do seu próprio
procedimento no futuro, sendo julgados pelos seus próprios filhos impiedosamente.

• Tem crises de depressão e agressividade, exercendo violência física ou psicológica


sobre seus filhos.

• Fazem chantagem emocional sempre que possível, especialmente quando a criança


está de férias com o pai não residente.

• Não percebe o cônjuge na sua angustiante revolta e infelicidade que o seu “maior
inimigo” poderia ser seu maior aliado, sendo enormemente beneficiada dividindo a
responsabilidade no compartilhamento da guarda do filho, com o ex-cônjuge.

• Muitas vezes negam ao pai não residente o direito de visitar seus filhos nos horários
pré-estipulados, desaparecendo por semanas a fio, ou obrigando as crianças a dizerem, que
não querem sair com o pai, não permitindo nem mesmo que ele se aproxime de sua casa,
chamando a polícia sob a alegação que está sendo ameaçada ou perseguida.

• Não permitem o contato telefônico do pai com o filho em momento algum, proibindo
inclusive que o filho ligue para ele.

• Proíbem a empregada doméstica de passar a ligação do pai ao seu filho.

• Desaparece com o telefone celular que o pai dá para o filho.

• Costumam fazer denunciações caluniosas de agressão, ameaça, crimes contra a honra,

etc.

• Agridem fisicamente o pai em locais não públicos, e imediatamente se deslocam para


locais públicos, para forjar um pedido socorro por terem sido agredidas.

• Freqüentemente ameaçam mudar-se para bem longe, os Estados Unidos ou uma


cidade bem longe.

BIBLIOGRAFIA: SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL (Por François Podevyn).


LEI N° 11.698. DE 13 JUNHO DE 2008.

Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei n e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil,
para instituir e disciplinar a guarda compartilhada.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1 a Os arts. 1.583 e 1.584 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil,
passam a

vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.

§ 1º - Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a


alguém que o substitua (art. 1.584, §5°) e, por guarda compartilhada a responsabilização
conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto,
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.

§ 2 º - A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para
exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:

I - afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar;

II - saúde e segurança

III - educação.

§ 3 º - A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os


interesses dos filhos.

§ 4 º - (VETADO)." (NR)

"Art. 1.584. Aguarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:

I - requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação
autónoma de separação, de divorcio, de dissolução de união estável ou em

medida cautelar;

II - decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da


distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.

§ 1 a Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda


compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e
as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas.
§ 2 a Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será
aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada.

§ 3 a Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob


guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá
basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar.

§ 4°A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda,


unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu
detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho.

§ 5 e Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe,
deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida,
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade."
(NR)

Art. 2- Esta Lei entra em vigor após decorridos 60 (sessenta) dias de sua publicação.

Brasília, 13 de junho de 2008; 187 º da Independência e 120 9 ºda República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto José António Dias Toffoli
AULA 12 -

As principais áreas de atuação da Psicologia no Brasil no campo Jurídico

a) Psicologia Penitenciária ou Carcerária: avaliação psicológica do recluso; estudos e


pesquisas sobre os processos de ressocialização; intervenções junto ao recluso e ao egresso
no que pese os objetivos de ressocialização e ''desinstitucionalização" em relação ao sistema
penitenciário; trabalho com os agentes de segurança (p. ex. estresse, violência etc.), estudos
sobre penas alternativas (p.ex., prestação de serviço à comunidade etc.); trabalho junto aos
parentes dos reclusos (aconselhamento).

b) Justiça da Infância e da Juventude: avaliação psicológica nos casos de violência


contra criança e adolescente; trabalhos com os Conselhos Tutelares (p.ex., treinamento de
conselheiros); adoção, estágio de convivência; intervenção junto a crianças abrigadas e seus
pais; estudos, pesquisas e intervenções junto a adolescentes com práticas infratoras, medidas
sócio-educativas, prevenção.

O Estatuto da Criança e Adolescente descreve:

Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentaria, prever
recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da
Infância e da juventude.

Art. 151. Compete à equipe interprofissional, dentre outras atribuições que lhe forem
reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento,
orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à
autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.

c) Direito de Família: intervenção em casos de separação, divórcio, pensão alimentícia,


destituição do pátrio poder; avaliação psicológica das partes; assessoria em relação aos tipos
de guarda (alternada ou compartilhada) não obstante os interesses dos filhos,
acompanhamento de visitas.

d) Direito Civil: avaliação psicológica em casos de interdições; em casos de indenizações


por dano psicológico (ou, psíquico) em diversas circunstâncias (p.ex., em acidentes).

e) Direito do Trabalho: avaliação psicológica em questões trabalhistas, como acidentes


de trabalho, indenizações; avaliação do dano psicológico em perícias acidentarias;

f) Mediação: o psicólogo pode atuar de duas maneiras: como mediador ou dando um


suporte psicológico antes, durante e depois das sessões de mediação (p.ex., em questões de
família, de trabalho etc.);

g) Direito Penal: avaliações psicológicas no que pese a sanidade mental das partes;
violência doméstica contra a mulher, intervenções junto às famílias vitimizadas;
h) Pessoal do Judiciário (Magistrado, Serveatuários): aconselhamento psicológico;
estudos e pesquisas sobre o perfil profissiográfico (podendo colaborar nos processos de
recrutamento, seleção e treinamento desse pessoal).

Em suma, as principais atividades exercidas pelos psicólogos jurídicos que atuam nas
instituições governamentais ou não governamentais de âmbito do Direito referem-se às
atuações junto às varas cíveis, criminais, da família, da criança, do adolescente e o exercício
profissional nas penitenciárias.

Uma das atividades dos psicólogos diz respeito à participação nos processos de adoção
junto aos Juizados da Infância e adolescência.

No bojo do processo de adoção, cabe ao psicólogo:

“ ... auxiliar os candidatos a compreender melhor a criança adotada, responder


adequadamente às suas necessidades e sentimentos e, ao mesmo tempo, verificar se isso é
mesmo o que pensam sobre uma adoção, confrontando as suas próprias motivações e
habilidades (maternidade e paternidade) com as demandas da realidade que se apresenta”
(Weber, In: Gonçalves,H ; Brandão,E. “ Psicologia Jurídica no Brasil” Rio de Janeiro: Nau, 2004.
p. 134).

Assim, a função do psicólogo nos processos de adoção é garantir o melhor interesse da


criança, e é, propiciar reflexão acerca dos atravessamentos da adoção.

DEFINIÇÃO DE ADOÇÃO

Existem várias definições de adoção, porém nos deteremos na definição de Robert


(1989:25), para quem a adoção é “a criação jurídica de um laço de filiação entre duas
pessoas”.

No passado, a adoção tinha somente o objetivo de ser um instrumento para suprir as


necessidades de casais inférteis e não como um meio que pudesse dar uma família para
crianças abandonadas. Esta modalidade de adoção é conhecida como “adoção clássica”, e
ainda hoje, no Brasil, este tipo de adoção predomina em detrimento da chamada “adoção
moderna” cujo objetivo é garantir o direito de toda criança de crescer e ser educada em uma
família.

O ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) passa a promover a adoção como


primordialmente um ato de amor e não simplesmente uma questão de interesse do adotante.
A questão da adoção do ECA derivou do art. 227 da Constituição Federal, conhecida como a
nossa “Constituição Cidadã”. A importância do ECA para o reconhecimento dos direitos da
criança no Brasil é fundamental e, em especial, no que diz respeito à adoção, pois passa a
estabelecer como Lei a igualdade de tratamento entre filhos genéticos e adotivos.

No Brasil, também é bastante conhecido o sistema de “adoção” que foge do processo


legal, a chamada “adoção à brasileira”, que ocorre quando uma pessoa registra como seu filho
legítimo uma criança nascida de outra mulher. Esta prática de registro falso em cartório
apresenta sanções civis (anulação de registro – que cancela todo ato simulado; perda da
criança –mesmo tendo em vista o fim nobre, o ato se revestiu e ilicitude - Art. 242 CP) para
este tipo de adoção.

ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI (arts. 112 c/c 101).

Segundo o Estatuto, o adolescente que comete ato infracional só pode ser apreendido
em duas hipóteses: em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada do Juiz da
Infância e Juventude.

Dessa maneira, mesmo na verificação do ato infracional o adolescente apreendido,


destinatário de medidas sócio-educativas (art. 112), também pode (e deve) ser alvo de
medidas protetivas (art. 101), que pugnem por sua efetiva ressocialização e pela garantia de
todos os direitos e responsabilidades dispostos nas leis tutelar (ECA) e constitucional
(Constituição Federal de 1988).

Com base na Doutrina de Proteção Integral não há mais possibilidade de falar-se em


punição e sim em educação. Como um dos promotores deste processo educativo, o psicólogo
deve empreender uma intervenção que tenha alcance maior que a elaboração de um laudo
técnico. Deve caminhar para um encontro verdadeiro, um contato mais humano, com
envolvimento e compromisso, de modo a facilitar o crescimento pessoal e social daquele ser
humano em desenvolvimento e, portanto, com todas as suas potencialidades em expansão. A
tarefa que se coloca, então, para a equipe interprofissional é, além de contextualizar o
adolescente, dar inicio ao processo educativo, que terá segmento na execução administrativa
da medida.

Contextualizar o adolescente significa atender às demandas dele enquanto pessoa que


quer e precisa ser ouvida e permite investigar as mudanças de que foi capaz de empreender
em suas relações pessoais, com a família, os amigos e a escola, após o cometimento do ato
infracional, ou seja, inicia-se o processo de promoção pessoal. Permite, ainda, conhecer suas
relações com as figuras parentais e demais integrantes do núcleo familiar, e sua capacidade
de estabelecer e manter vínculos afetivos, isto é, inicia-se sua promoção social.

Embora o Direito garanta ao adolescente em conflito com a lei proteção e


ressocialização é freqüente a noticia de violência contra adolescentes que são submetidos à
medida de internação (a internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos
princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento).
AULA 13 – PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO JUDICIÁRIO 1 .

A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científíco de coleta de


dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que
são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de
estratégias psicológicas - métodos, técnicas e instrumentos. Os resultados das avaliações
devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo,
com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo,
mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a
conclusão do processo de avaliação psicológica.

O psicólogo, na elaboração de seus documentos, deverá adotar como princípios


norteadores as técnicas da linguagem escrita e os princípios éticos, técnicos e científicos da
profissão. O processo de avaliação psicológica deve considerar que os objetos deste
procedimento (as questões de ordem psicológica) têm determinações históricas, sociais,
econômicas e políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no processo de
subjetivação. O documento, portanto, deve considerar a natureza dinâmica, não definitiva e
não cristalizada do seu objeto de estudo. Os psicólogos, ao produzirem documentos
escritos, devem se basear exclusivamente nos instrumentais técnicos(entrevistas, testes,
observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como
métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos einterpretações de
informações a respeito da pessoa ou grupo atendidos.

A linguagem nos documentos deve ser precisa, clara, inteligível e concisa, ou seja, deve-
se restringir pontualmente às informações que se fizerem necessárias, recusando qualquer
tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade do documento específico.

l . Modalidades de documentos

a) Relatório psicológico (ou, Laudo psicológico)

O relatório ou laudo psicológico é uma apresentação descritiva acerca de situações


e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais,
pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como todo documento, deve ser
subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas,
dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal),
consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo.

b) Parecer psicológico

Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do


campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo.

O parecer tem como finalidade apresentar resposta ,esclarecedora no campo do


conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de urna "questão-
problema", visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma
resposta a uma consulta, que exige de quem responde competência no assunto.
O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema apresentado, destacando os
aspectos relevantes e opinar a respeito, considerando os quesitos apontados e com
fundamento em referencial teórico-científico.

c) A perícia psicológica

O exame pericial psicológico é uma espécie de avaliação psicológica "com a finalidade


de elucidar fatos do interesse de autoridade judiciária, policial, administrativa ou,
eventualmente, particular. Constitui-se, pois, em meio de prova, devendo o examinador
proceder com permanente cautela devido a essa singularíssima condição." (TABORDA, 2004,
p.43)

"Conceitua-se perícia, pois, como o conjunto de procedimentos técnicos que tenha


como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça; e, perito, o técnico
incumbido pela autoridade de esclarecer fato da causa, auxiliando, assim, na formação de
convencimento do juiz.

Do exposto, depreendem-se as seguintes observações: a perícia é um meio de prova, e o


perito um auxiliar do juízo.Como meio de prova, devera ser objeto de intenso escrutínio pelas
partes, necessitando apresentar uma clara descrição dos principais achados, a discussão
destes e o porquê das conclusões." (p.43)

Por exemplo: "a maneira como foi praticado o crime precisa ser bem similar à maneira
de ser do autor e às fantasias que tinha para com a vítima." (CAÍRES, 200Í)

d) A avaliação psicológica no judiciário

"Ao psicólogo perito cabe fornecer um laudo psicológico com informações pertinentes
ao processo judicial e à problemática diagnosticada, visando auxiliar o magistrado na
formação de seu convencimento sobre a decisão judicial a ser tomada, como forma de
realização do direito objetivo das partes em oposição. [...]

Para tanto, o psicólogo estabelece um planejamento da avaliação dos aspectos


psicológicos implicados no caso atendido, com base no estudo dos autos, isto é, de todos os
documentos e provas que compõem o processo judicial. Os instrumentos utilizados para fins
de diagnósticos são escolhidos com base no conhecimento técnico sobre técnicas de exame
psicológico, na formação teórica, nas condições institucionais para a realização do trabalho e
na situação emocional dos implicados no processo judicial. Considera-se a especificidade da
situação judicial, em que as pessoas não escolheram a intervenção do psicólogo e estão numa
posição defensiva, procurando prevalecer seus interesses sobre terceiros, com quem, em
geral, mantém vínculos afetivos conflituosos. [...]

Na atuação judiciária, a adequação dos instrumentos está relacionada à natureza do


processo judicial (verificatório, contencioso), da natureza e gravidade das questões tratados
no processo (criança e adolescentes em situação de risco), do tempo institucional (urgência,
data de audiência já fixada, número de casos agendados) e da livre escolha do profissional,
conforme seu referencial técnico, filosófico e científico. [...]
Os laudos devem, portanto, ser indicativos das políticas de atendimento necessárias à
garantia de direitos das pessoas atendidas e esmiuçar as possibilidades de mudança da
situação-problema, considerando a rede de relações dos implicados e dos recursos sociais de
sua realidade. Os cuidados para com a linguagem e a precisão no uso de termos e conceitos
psicológicos são imprescindíveis para uma comunicação clara, consistente e concisa nos
laudos psicológicos." (BERNARDES In: CRUZ, MACIEL, RAM 1 IREZ, 2005, p.71-80)

1 Resolução nº 007/2003 Conselho Federal de Psicologia

i Essas inferências de processos mentais a partir da observação do comportamento são


chamadas de constructos (ou, construções) psicológicas.

ii A escola gestáltica da psicologia surgiu na mente e suas influências no


comportamento.

iii A escola psicanalítica surgiu em Viena no final do século XIX e início do século XX, com
Sigmund Freud. O objetivo inicial de Freud era o de desenvolver um método de tratamento
para os casos de neurose. Porém, as do inconsciente.

iv A escola behaviorista (do inglês behavior = comportamento) surgiu no início do século


XX, nos EUA, com John Watson. Seu

v Interdisciplinaridade: Segundo Japiassu (1976, p. 75) é “a colaboração entre as


diversas disciplinas ou.”

Você também pode gostar