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ESCOLA ESTADUAL ANTONIO JOÃO RIBEIRO

DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

CURSO: NORMAL MÉDIO

PROFESSORA: KARINA NÁTALY DA CRUZ CARVALHO

DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA

Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais.


Melhor dizendo, a Psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – o que o
sustenta, o que o finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção,
percepção, aprendizagem e inteligência.

De certo modo, pode-se dizer que a Psicologia existiu desde o nascimento da Filosofia
Grega. Obras de Platão e Aristóteles já continham estudos sobre a alma humana. Em
toda a Filosofia, da Antiguidade à Idade Moderna, encontramos obras relacionadas aos
temas da psicologia: estudos sobre o humor, temperamentos, sofrimentos, ética, entre
outros.

A Psicologia científica surgiu efetivamente com Wundt, na Alemanha do final do século


XIX, em 1879, onde surge o primeiro laboratório de psicologia. O termo psicologia
vem do grego “psyque”, que significa alma, e de “logos”, que significa razão.

Seu status de ciência é obtido à medida em que se “liberta” da filosofia, que marcou sua
história até aqui, e atrai novos estudiosos e pesquisadores.

Nos Estados Unidos surgem as primeiras Abordagens ou Escolas da Psicologia, as quais


deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente.

Essas abordagens são:

 Funcionalismo: Para a escola Funcionalista de Willian James, importa


responder “ o que fazem os homens” e porque o fazem”. Para responder a isso,
James elege a consciência como centro de suas preocupações e busca a
compreensão de seu funcionamento.

 Estruturalismo: Está preocupado com a consciência e Tichener irá estudar as


estruturas do sistema nervoso central em laboratórios.
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 Associacionismo: Tem como principal representante Thorndike, sendo muito


importante por ter sido o formulador de uma primeira teoria de aprendizagem na
psicologia.
Tem a concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação
de ideias.

PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS

1- PSICANÁLISE

O termo Psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de


investigação e a uma prática profissional. Enquanto teoria, caracteriza-se por um
conjunto de conhecimento sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica.
A Psicanálise, como método interpretativo, caracteriza-se pelo método
interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifestado por meio de
ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as
associações livres e os atos falhos.
Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que alterou radicalmente, o
modo de pensar a vida psíquica, sendo o fundador da Psicanálise. Freud foi inspirado
pelo trabalho do fisiologista Josef Breuer, por seus trabalhos iniciais com a hipnose, que
marcaram profundamente os métodos do psicanalista, embora mais tarde ele abandone
essa terapêutica e a substitua pela livre associação. Freud interessou-se desde o início
por distúrbios emocionais que na época eram conhecidos como ‘histeria’, e empenhou-
se para, através da Psicanálise, encontrar a cura para estes desajustes mentais.
Desde então ele passou a utilizar a arte da cura pela fala, descobrindo assim o
reino onde os desejos e as fantasias sexuais se perdem na mente humana, reprimidos,
esquecidos, até emergirem na consciência  sob a forma de sintomas indesejáveis, por
uma razão qualquer – o Inconsciente.

OBJETO DE ESTUDO: Inconsciente


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TEORIA SOBRE A ESTRUTURA DO APARELHO PSÍQUICO

Em 1900, Freud apresentou a primeira concepção sobre a estrutura e o


funcionamento psíquico. Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias
psíquicas: inconsciente, pré-consciente e consciente.

 INCOSCIENTE: exprime o “ conjunto dos conteúdos não presentes no campo


atual da consciência” (LAPLANCHE, J e PONTALIS, J.-B., op. cit). É
constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos sistemas pré-
consciente/consciente, pela ação de censuras internas.

 PRÉ-CONSCIENTE: refere-se ao sistema em que permanecem os conteúdos


acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência nesse momento,
mas no momento seguinte pode estar.

 CONSCIENTE: é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo


as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência,
destaca-se o fenômeno da percepção, principalmente a percepção do mundo
exterior, a atenção e o raciocínio.

A DESCOBERTA DA SEXUALIDADE INFANTIL

No processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo, nos primeiros tempos de


vida, tem a função sexual ligada à sobrevivência; portanto, o prazer é encontrado no
próprio corpo. O corpo é erotizado, isto é, as excitações sexuais estão localizadas em
partes do corpo e há um desenvolvimento progressivo que levou Freud a postular as
fases do desenvolvimento sexual em:

FASE ORAL: a zona de erotização é a boca;

FASE ANAL:a zona de erotização é o ânus;

FASE FÁLICA: a zona de erotização é o orgão sexual;

LATÊNCIA: um intervalo na evolução da sexualidade;

FASE GENITAL: quando o objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio
corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo- o outro.
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COMPLEXO DE ÉDIPO

Acontece entre 3 e 5 anos, onde a mãe é o objeto de desejo do menino e o pai é o rival
que impede seu acesso ao objeto desejado. Ele procura ser o pai para ter a mãe,
escolhendo-o como modelo de comportamento e passando a internalizar as regras e
normas sociais representadas e impostas pela autoridade paterna.

Posteriormente, por medo da perda do amor do pai, o menino “desiste” da mãe, isto é,
ela é trocada pela riqueza do mundo social e cultural. O garoto pode então participar do
mundo social, pois tem suas regras básicas internalizadas por meio da identificação com
o pai. Esse processo também ocorre com as meninas, com as figuras de desejo e de
identificação invertidas. Freud fala em Édipo feminino.

A SEGUNDA TEORIA DO APARELHO PSÍQUICO

Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os seguintes
conceitos:

Id: constitui o reservatório da energia psíquica, sendo regido pelo princípio do prazer.

Ego: é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do Id, as exigências da


realidade e as “ordens” do superego. É regido pelo princípio da realidade.

Superego: A moral e os ideais são funções do Superego, sendo que os conteúdos refere-
se a exigências sociais e culturais.

2-O BEHAVIORISMO 
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Do termo behaviour ou do americano behavior, significando conduta,


comportamento – é um conceito generalizado que engloba as teorias sobre o
comportamento, dentro da Psicologia.
Estas linhas de pensamento só têm em comum o interesse por este tema e a
certeza de que é possível criar uma ciência que o estude, pois suas concepções são as
mais divergentes, inclusive no que diz respeito ao significado da palavra
‘comportamento’. Os ramos principais desta teoria são o Behaviorismo Metodológico
e o Behaviorismo Radical.
Esta teoria teve início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson –
“A Psicologia como um comportamentista a vê". Nele o autor defende que a psicologia
não deveria estudar processos internos da mente, mas sim o comportamento, pois este é
visível e, portanto, passível de observação por uma ciência positivista.
Nesta época vigorava o modelo behaviorista de S-R, ou seja, de resposta a um
estímulo, motor gerador do comportamento humano. Watson é conhecido como o pai
do Behaviorismo Metodológico ou Clássico, que crê ser possível prever e controlar
toda a conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive e nas
teorias do russo Ivan Pavlov sobre o condicionamento – a conhecida experiência com o
cachorro, que saliva ao ver comida, mas também ao mínimo sinal, som ou gesto que
lembre a chegada de sua refeição.
No Behaviorismo Radical, segundo o pensamento de Skinner ao se analisar
um comportamento (cognitivo, emocional ou motor) é preciso considerar o contexto em
que ele ocorre e os acontecimentos envolvidos nessa conduta. O behaviorismo
skinneriano nega a importancia científica de indicadores mediacionais, uma vez que
para Skinner o ser humano é uma entidade única e uniforme, opondo-se à idéia de
homem como ser composto de corpo e mente, pois para ele não é possível dissociar ou
distingruir elementos humanos.
Os princípios do condicionamento operante foram elaborados por Skinner, além
de ter sistematizado o modelo de seleção por consequências a fim de se explicar um
comportamento. A teoria do condicionamento operante segue o princípio de que a
ocorrencia de um estímulo chamado de estímulo discriminativo aumenta a
probabilidade de ocorrência de uma resposta, e após a resposta segue-se um estímulo
reforçador, podendo ser um reforço (positivo ou negativo) que estimule o
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comportamento (aumentando sua probabilidade de ocorrência), ou uma punição que


iniba a ocorrência do comportamento posteriormente em situações semelhantes.
Além do exposto sobre o comportamento humano, o behaviorismo radical
propõe-se a explicar o comportamento animal por meio do paradigma de seleção por
consequências. O Behaviorismo Radical propõe, dessa forma, um paradigma de
condicionamento não-linear e estatístico, em oposição ao paradigma linear e reflexo das
linhas teóricas precedentes do comportamentalismo. Em suma, Skinner defende que a
maioria dos comportamentos humanos são condicionados de modo operante.
REFORÇO POSITIVO: é todo evento que aumenta a probabilidade futura de
resposta que o produz.
REFORÇO NEGATIVO: permite a retirada de algo indesejável.
 PUNIÇÃO:  é um processo no qual reduz-se a probabilidade de determinada
resposta voltar a ocorrer através da apresentação de um estímulo aversivo.
OBJETO DE ESTUDO: Comportamento.

3-TEORIA COGNITIVISTA

A Teoria Piagetiana é universalmente conhecida como a teoria da Epistemologia


Genética ou Teoria Psicogenética. Na verdade sua teoria é a mais conhecida e completa
concepção construtivista da formação da inteligência visto que nela, Piaget explica
como o indivíduo, desde o seu nascimento, ou seja, ao longo de seu desenvolvimento,
constrói o conhecimento. 
Como pesquisador, educador e psicólogo influenciou grandemente a propostas
educacionais de diversos países do mundo, dentre eles, o Brasil. Assim, destacam-se
alguns dados biográficos deste pensador suíço, um dos grandes pesquisadores da
Ciência Moderna sobre o desenvolvimento humano, especificamente sobre os processos
envolvidos na construção do conhecimento. 

Um pouco de sua Biografia 


De acordo com Cunha (2002), Piaget nasceu em nove de Agosto de 1896 na
cidade de Neuchâtel, na Suíça e morreu em 1980. Piaget era Biólogo e em função de sua
formação, interessou-se por Filosofia, em especial pelo campo da epistemologia, a partir
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do qual são elaboradas e discutidas as teorias do conhecimento. 

Sua produção teórica o notabilizou como Psicólogo e como Educador, contudo,


o escopo de sua produção do conhecimento esteve prioritariamente voltado para a
compreensão do sujeito epistêmico e não do sujeito psicológico. Relevante destacar que,
embora Piaget tenha demonstrado preocupações com temáticas e problemas de seu
tempo, como a Educação, por exemplo, o pesquisador genebriano não elaborou um
método pedagógico, como muitos pensam equivocadamente. 

A teoria epistemológica de Jean Piaget 


Conforme Rappaport (1981), a obra de Piaget explica o processo de
desenvolvimento e os mecanismos mentais que o sujeito utiliza nas diferentes fases da
vida para poder entender o mundo. Para ela, Piaget dedicou-se ao estudo do
“desenvolvimento do conhecimento da lógica, espaço, tempo, causalidade, moralidade,
brinquedo, Iinguagem e matemática” (p. 51). Em Ries (2007), Piaget postulava que uma
pessoa não resolve determinados problemas porque não apresenta condições estruturais
de ordem cognitiva, que lhe permita compreender problemas dessa ordem. Para Ries,
Piaget: 

[...] entendia que as diferenças entre as crianças e adultos eram de natureza


qualitativa; à medida que a criança desenvolve a sua inteligência irá construir estruturas
cognitivas progressivamente mais complexas e mais abrangentes, isto é, ela não se torna
mais inteligente enquanto desenvolve , mas passa a apresentar um tipo diferente de
inteligência diferente do estágio anterior.(RIES, 2007, p. 103 -104). 

Para Rappaport (1981), a função do desenvolvimento em Piaget não se acha em


produzir cópias internalizadas da realidade externa, mas na construção de estruturas
lógicas que permitam ao indivíduo agir no e sobre o mundo de formas cada vez mais
complexas. 
Na verdade, Piaget privilegiou em seus estudos, o conhecimento acerca do
desenvolvimento cognitivo dos humanos dando a essa dimensão da vida mental o
necessário aprofundamento e não no processo da aprendizagem, como pode pensar
alguns iniciadores no estudo da aprendizagem. 
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VISÃO DE HOMEM E DE MUNDO 


Conforme Ries (2007), em virtude de a teoria de Jean Piaget ser identificada por
seu próprio idealizador como matriz interacionista, não é possível imaginar sua
compreensão de modo a descolar o homem do mundo. Nessa direção, Ries (2007, p.
107), destaca o pensamento do próprio Piaget, quando evidencia que “[...] conhecer não
consiste em copiar o real, mas em agir sobre ele e em transformá-lo, de modo a
compreendê-lo em função de sistemas de transformação a que estão ligadas essas
ações”.(PIAGET,1978,p.19). 

4-GESTALT

A Psicologia da Gestalt estuda as sensações de espaço forma e tempo forma. As


bases dessa teoria foram estruturadas por Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt
Koffka.
O termo Gestalt, em português, significa forma ou configuração, porém não é
muito utilizado em Psicologia por não condizer com seu significado nesta área
especificamente. A Psicologia da Gestalt é uma teoria coerente dentro da história da
Psicologia.
Desenvolvida por Chrinstiam Von Ehrenfels, filósofo e psicólogo, a Psicologia
da Gestalt estuda as sensações (dado psicológico) de espaço-forma e tempo-forma (o
dado físico).
As bases dessa teoria psicológica foram estruturadas a partir desses estudos, que
estabeleciam a forma e sua percepção, por Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt
Koffka.
A Teoria da Gestalt estuda a percepção e a sensação do movimento, os processos
psicológicos envolvidos diante de um estímulo e como este é percebido pelo sujeito.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
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A Psicologia da Educação tem o objetivo de auxiliar o trabalho educacional, à


medida que apresenta abordagens de estudo do comportamento humano, especialmente,
na forma como a aprendizagem ocorre, considerando a singularidade humana.
Assim, pode-se dizer que Psicologia da educação é o ramo que estuda o processo
de ensino/aprendizagem em diversas vertentes: os mecanismos de aprendizagem nas
crianças e adultos (o que está estreitamente relacionado com a psicologia do
desenvolvimento); a eficiência e eficácia das táticas e estratégias educacionais; bem
como o estudo do funcionamento da própria instituição escolar.
A aprendizagem constitui uma dos principais preocupações dos cientistas que,
nos laboratórios de Psicologia, pesquisaram a vida mental e o comportamento. A maior
parte dos comportamentos e conhecimentos exibidos pelos indivíduos é aprendido.
A maioria dos autores considera o processo ensino-aprendizagem como o objeto
fundamental desta ciência ou o estudo científico da aprendizagem e do ensino,
principalmente quando se trata de formação de professores. Contudo, importa também
abranger a educação familiar da criança e do adolescente, considerando que o processo
ensino-aprendizagem não se limita ao aspecto puramente cognitivista, sendo também
afetivo-motivacional, ultrapassando o contexto escolar (Barros & Barros, 1996).
Ao longo do processo de desenvolvimento, cada ser humano adquire,
gradualmente, uma infinidade de competências, regras, informações e maneiras de lidar
com as pessoas, coisas e situações, que resultam tanto de aprendizagem orientada de
modo planejado, quanto de processos espontâneos e até acidentais.
O ensino em escolas de todos os níveis de desenvolvimento são metas que só
podem ser alcançadas se ocorrer a aprendizagem em cada pessoa envolvida.
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TRABALHO EM EQUIPE 1
Leonor Cordeiro Brandão

INTRODUÇÃO

Ninguém vive isolado e não se pode compreender o comportamento do individuo sem


considerar a influência de outro. Estabelecemos relações onde há, naturalmente, uma
intenção particular de cada uma das pessoas envolvidas, isso significa entrar em
entendimento para que algum objetivo seja alcançado. A chegada ao objetivo depende
então, necessariamente, desse relacionamento.

Todos nós vivemos e pertencemos a diferentes grupos: grupos de família, de trabalho,


de clube, de futebol, entre outros.

Segundo Schutz apud Bergamini (1982) todo o indivíduo tem três necessidades
interpessoais: Inclusão, Controle e Afeição e, ao associar-se a um grupo, cada pessoa irá
passar por diferentes formas de atendimento de suas necessidades.

Bergamini (1982) distingue dois tipos de pequenos grupos: o sócio-grupo – aquele que
se organiza e se orienta em função da execução ou cumprimento de uma tarefa; e o
psicogrupo – estruturado em função da polarização dos seus próprios membros.

Kurt Lewin apud Bergamini (1982) considera que a dinâmica do grupo é determinada
pelo conjunto de interações existentes no interior de um espaço psicossocial. O
comportamento dos indivíduos é função dessa dinâmica grupal, independente das
vontades individuais. Portanto, são elaborados quatro pressupostos:

 A interação do indivíduo no grupo depende de uma clara definição de sua


participação no seu espaço vital;
 O indivíduo utiliza-se do grupo para satisfazer suas necessidades próprias;
 Nenhum membro de um grupo deixa de sofrer o impacto do grupo e não escapa à
sua totalidade;
 O grupo é considerado como um dos elementos do espaço vital do indivíduo.

Numa época de mudanças organizacionais onde se verifica uma intensa busca por
produtividade, rapidez, flexibilidade e comprometimento com os resultados, faz-se
necessária cada vez mais, a potencialização do trabalho em equipe.

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Texto desenvolvido com o envolvimento e participação dos docentes da área de Psicologia Organizacional para as disciplinas de
Psicologia Organizacional I e II da UNIP. A autora é formada em Psicologia pela Universidade Newton Paiva Ferreira de Belo
Horizonte em 1982, tendo atuado como consultora interna em gestão da qualidade na Secretaria de Educação do Estado de Minas
Gerais, atualmente consultora na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho, docente e supervisora de estágio na UNIP
-Universidade Paulista em Sorocaba e docente do curso de pós graduação em Recursos Humanos da UNISO (Universidade de
Sorocaba). Co-autora do livro Solucionando Problema – Melhorando Resultados. Belo Horizonte: FCO, 1985. Mestranda em
Administração de Empresas pela UNIP (Universidade Paulista).
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A compreensão do funcionamento e das manifestações dos grupos dentro das


organizações passa a ser uma tarefa decisiva pois, através do grupos é possível atender
à satisfação de necessidades sociais, permitir que cada um estabeleça seu autoconceito,
conseguir apoio para à consecução dos objetivos e reconhecer a capacidade de
modificar comportamentos

Assim sendo, este artigo tem por finalidade apresentar a conceituação de grupo e
equipe, os fatores básicos para a existência de uma equipe, a formação dos grupos, tipos
de equipes de trabalho, critérios para uma definição de uma equipe, bem como os
estágios de seu desenvolvimento. Trataremos ainda do papel emocional, vantagens do
trabalho em equipe, condições externas que afetam o seu funcionamento, os possíveis
aspectos negativos do trabalho em equipe, causas do mau funcionamento da equipe e a
liderança.

GRUPO OU EQUIPE?

Segundo Spector (2002) um grupo de trabalho é a união de duas ou mais pessoas que
interagem umas com as outras e dividem algumas tarefas, visando objetivos inter-
relacionados.

Sherif apud Aguiar (1997) propõe algumas características que distinguem um grupo de
uma coleção de pessoas: interação entre os membros, objetivo e conjunto de normas
comuns, conjunto de papéis e uma rede de atração interpessoal.

Para Wagner III e Hollenbeck apud Fiorelli (2000, p.41) “grupo é um conjunto de duas
ou mais pessoas que interagem entre si de tal forma que cada uma influencia e é
influenciada pela outra”. Para eles, equipe é um “tipo especial de grupo em que, entre
outros atributos, evidencia-se elevada interdependência na execução das atividades”.

Vergara apud Fiorelli (2000, p.142) acredita que “ para que um conjunto de pessoas se
torne uma equipe é preciso que haja um elemento de identidade, elemento de natureza
simbólica, que una as pessoas, estando elas fisicamente próximas ou não”.
Fiorelli (2000, p.143 ) sugere um conceito de equipe que procura integrar o
funcionamento com o vínculo emocional, no qual “Uma equipe é um conjunto de
pessoas:

1. com um senso de identidade, manifesto em comportamentos desenvolvidos e


mantidos para o bem comum;
2. em busca de resultados de interesse comum a todos os seus integrantes,
decorrentes da necessidade mútua de atingir objetivos e metas específicas.”

Segundo este autor, quando o vínculo emocional ou a interdependência deixam de


existir, a equipe transforma-se em grupo, ou um grupo pode se tornar uma equipe com o
surgimento desses dois aspectos.
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FATORES BÁSICOS PARA A EXISTÊNCIA DE UMA EQUIPE

 .A existência de objetivos comuns e interdependência para atingi-los (conteúdo)


 Uma certa divisão de papéis ou tarefas (estrutura)
 O sentimento de pertencer e a existência de vínculo emocional. (processo)

Segundo Wagner III e Hollenbeck (1999), em geral as pessoas enquanto membros do


grupo:

 Definem a si mesmas como membros;


 São definidas pelas outras como membros;
 Identificam-se umas com as outras;
 Envolvem-se em interação freqüente;
 Participam de um sistema de papéis interdependentes;
 Compartilham normas comuns;
 Buscam metas comuns, interdependentes;
 Sentem que sua filiação ao grupo é compensadora;
 Possuem uma percepção coletiva da unidade;
 Unem-se em todo com outros grupos ou indivíduos.
Tudo isso faz com que o grupo estabeleça suas fronteiras e sua permanência e é o que
dará identidade ao grupo e o diferenciará de outros grupos.

FORMAÇÃO DE GRUPOS

Como é apresentado normalmente na literatura, Maslow em sua teoria motivacional,


estabelece uma hierarquia de necessidades humanas, onde não é possível atender uma
necessidade mais elevada se as necessidades primárias não estiverem satisfeitas.

As principais razões para a formação de grupos são, em primeiro lugar a necessidade,


logo depois o desejo de proximidade e, finalmente, os desafios. Grupos se constituem a
partir da existência de interesses comuns que vão desde a necessidade de sobrevivência
até os anseios de segurança, estima ou status.

O desejo da proximidade física está ligado à atração que as pessoas exercem umas sobre
as outras e a possibilidade que elas têm de confirmar suas crenças e valores. A interação
social atende à necessidade de reconhecimento, estruturação do tempo e outras
carências humanas.
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Desafios fazem com que pessoas se reúnam para tentar superar coletivamente as
dificuldades e são uma poderosa razão para a formação de equipes de trabalho. Nos
campeonatos esportivos, podemos observar inúmeros exemplos de grupos de alta
competência movidos quase que exclusivamente pelos desafios. E não só os atletas
estão em busca da superação de seus recordes desportivos como os organizadores e
patrocinadores atrás de seus recordes econômicos. O público em geral assiste, torce e
participa movido pelo desejo de proximidade (os que vão aos estádios) e o de
“pertencer” e expressar-se emocionalmente, mesmo assistindo pela TV.

Segundo Minicucci (1995) há diversas razões pelas quais os indivíduos passam a


pertencer a vários grupos, tais como:

COMPANHEIRISMO - Uma das necessidades básicas do homem é a necessidade


social. O homem necessita estabelecer relações interpessoais. Todos sentimos
necessidade de um companheiro.

IDENTIFICAÇÃO - Identificar significa ser semelhante, parecer. Buscamos no grupo o


processo de identificação

COMPREENSÃO - Nossas relações causam tensões, frustrações. Às vezes buscamos o


grupo para sermos compreendidos.

ORIENTAÇÃO - O grupo coeso funciona como um guia para o comportamento mais


adequado. A palavra orientação, de oriente, rumo, norte, significa, dá origem.

APOIO - O grupo oferece apoio ao indivíduo em suas atividades.

PROTEÇÃO - Se as pressões externas são muito fortes o grupo protege o individuo.

Portanto, as pessoas precisam do companheirismo dos elementos do grupo,


identificando-se com eles, para que sejam compreendidos dando-lhes orientação, apoio
e proteção.

Os grupos podem ser formais ou informais.

Formais - designados pela organização. Criados para executar tarefas consideradas


essenciais à realização dos objetivos organizacionais.

Informais - não são criados oficialmente para atender aos objetivos organizacionais.
Emergem a partir das relações “naturais” entre as pessoas. Podem ser:

Grupos de interesse – as pessoas se juntam em torno de uma causa comum.

Grupos de amizade – desenvolve por razões pessoais, interesses comuns e


assuntos alheios ao trabalho.
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Grupos de apoio – os membros se ajudam mutuamente.

Grupos informais podem ter um impacto positivo no desempenho do trabalho, podem


ajudar a satisfazer as necessidades pessoais de seus membros.

TIPOS DE EQUIPES DE TRABALHO

Dubrin (2003) relaciona cinco tipos representativos de equipes: autogeridas,


multifuncionais, de alta gerência, grupos de afinidades e equipes virtuais.

Equipes Auto Geridas

São grupos de trabalho cujos membros têm poder para desempenhar muitos deveres
atribuídos anteriormente ao supervisor. As responsabilidades da “auto-gestão” incluem:
planejamento e cronograma de trabalho; treinamento dos membros; compartilhar
tarefas; cumprimento de metas de desempenho; garantia de alta qualidade e resolução
de problemas no dia a dia.

Normalmente é eleito um líder de equipe, desempenhando um papel de ligação entre a


equipe e o nível mais alto da gerência.

Entre os atributos para equipes auto geridas encontramos:

 ênfase na participação;
 líder e membros trabalham juntos;
 tomada de decisão em grupo;
 tarefas compartilhadas;
 responsabilidade coletiva.

Equipes Multifuncionais

Equipe formada por trabalhadores de diferentes especialidades, mas com


aproximadamente o mesmo nível organizacional, que se reúnem para realizar uma
tarefa. Dubrin (2003) acrescenta que o propósito dessas equipes é juntar o talento de
trabalhadores para desempenhar uma tarefa que necessite dessa combinação.
Normalmente estas equipes são formadas para desenvolvimento de novos produtos,
melhoria da qualidade e redução de custos.
Existem ainda três tipos de equipes semelhantes às equipes multifuncionais e
importantes na organização. Equipes de projetos, comitês e força-tarefa – agregam
pessoas fora de suas atribuições diárias, possuem fins específicos e são liderados por
alguém designado.
Equipes de Alta Gerência
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Formada pelo grupo de executivos das organizações. São consideradas equipes tendo
em vista que as principais decisões são tomadas em colaboração, incluindo todos os
membros da alta gerência.

Grupos de Afinidade

São diferentes tipos de equipes, um grupo de envolvimento de empregados composto de


trabalhadores que se reúnem regularmente fora de seus grupos funcionais, com o
objetivo de aplicar seus conhecimentos e sua atenção a importantes questões do local de
trabalho (círculos de qualidade, grupos de solução de problemas etc.,)
Equipes virtuais

Pessoas que trabalham juntas e resolvem problemas por intermédio de computadores e


não com a interação cara a cara. Fazem reuniões eletrônicas guiadas por um software
especial e, usando às vezes facilitadores de grupos.

PAPEL EMOCIONAL DA EQUIPE

Segundo Fiorelli (2000) equipes constituem um espaço psicológico para compartilhar


emoções. Este papel emocional compreende vários aspectos e manifesta-se de várias
maneiras.
Racionalização.

A equipe adota determinado comportamento porque “todo mundo faz assim”. Este
mecanismo tem eficácia na redução da ansiedade que acompanha a decisão, tanto para
correr maiores riscos, como para furtar-se a eles.

Modelação
Os integrantes chegam a imitar o eventual líder em notável processo de identificação. O
comportamento não chega a ser só copiado, mas reproduzido na qualidade de modelo.

Negação da Realidade
Este mecanismo pode emergir da necessidade inconsciente da manutenção da equipe. A
relutância dos integrantes em utilizar novas tecnologias pode ser a negação da realidade
de que a especialização que os unia está ultrapassada.

Derivativo para carências afetivas


Transferência para a equipe da demanda por afeto que supervisores (e familiares) não
conseguem suprir.
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Preservação da coesão
A manifestação de sentimentos de coesão significa que as pessoas têm condições de
encontrar e liberar energia para superar as dificuldades.

Espaço para representar

Equipes constituem o palco em que o individuo possui importante espaço para


representar, onde tem oportunidade de dar vazão a suas fantasias, a seu lado
lúdico.

Espaço para catarse

Em situação de crise equipes se tornam verdadeiros muros de lamentação, um espaço


para manifestações emocionais, em autêntica catarse coletiva ou individual.

Útero protetor

O trabalho em equipe proporciona a oportunidade de isolamento, representada por


espaço e tempo exclusivos. Um abrigo contra tempestades, gerando conforto emocional.

VANTAGENS DO TRABALHO EM EQUIPE

Fiorelli (2000) apresenta as seguintes vantagens do trabalho em equipe:

 Melhor tratamento das informações - as equipes favorecem a franqueza, a confiança


e o respeito reduzindo assim interpretações subjetivas. Possibilita ainda o debate de
pontos de vistas diferentes, muitas vezes complementares ou opostos.
 Redução da ansiedade nas situações de incerteza – Favorecem o apoio mútuo,
certificam-se de que outras pessoas possuem as mesmas ansiedades e experimentam
novos comportamentos;
 Maior geração de idéias
 Interpretação menos rígida dos fatos e situações
 Maior probabilidade de evitar erros de julgamento
 Simplificação da supervisão
 Simplificação das comunicações interpessoais
 Fidelidade às decisões tomadas
 Maior aceitação das diferenças individuais
 Melhor aproveitamento das potencialidades individuais – A integração aumenta o
conhecimento mútuo, propiciando um melhor aproveitamento das habilidades de
cada um e neutralizando os pontos fracos.
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 Maior chance de sucesso para ações complexas

POSSÍVEIS ASPECTOS NEGATIVOS DO TRABALHO EM EQUIPE

Segundo Fiorelli (2000) o culto às virtudes do trabalho em equipe tem contribuído para
entronizá-las como remédio para todos os males e situações e isso favorece o uso de
técnicas inadequadas e quando mal conduzidas as equipes podem revelar-se
contraproducente. O autor aponta para algumas situações que podem ser negativas no
trabalho em equipe, dentre elas:

 Criação da cultura do “consenso obrigatório”


 Redução excessiva da supervisão - Supervisores que adquirem demasiada confiança
em suas equipes acabam por se distanciar dos acontecimentos comprometendo suas
percepções e conhecimento do cotidiano organizacional.
 Radicalização em torno das decisões tomadas
 Sentimento de identidade excessivo – Esse sentimento pode dificultar a aceitação de
novos integrantes, percebidos como perigo a estabilidade do grupo.
 Redução da ousadia em tomadas de decisão - Schein apud Fiorelli (2000) alerta
para duas linhas de pensamento quando se trata de decisões que envolvem riscos.
Grupos tenderiam a ser mais conservadores do que indivíduos isolados, perde-se a
responsabilidade sobre a decisão.

CAUSAS DO MAU FUNCIONAMENTO DA EQUIPE

Peter Drucker apud Fiorelli (2000, p. 157) alerta : “a equipe certa não garante a
produtividade, mas a errada a destrói”.
Segundo Fiorelli (2000) existem várias causas que contribuem para falhas no
funcionamento de uma equipe.
1. Liderança despreparada ou sem perfil para a tarefa
2. Escolha dos participantes sem preocupação com o perfil, com a tarefa e com a
disponibilidade de tempo;
3. Falta de preocupação em fixar missão a perseguir e objetivos a alcançar;
4. Supervisão inadequada ou inexistente.

FATORES QUE INTERFEREM NO FUNCIONAMENTO DAS EQUIPES

Segundo Fiorelli (2000) o funcionamento da equipe dependerá de como as pessoas


atuam e, para isso, diversos fatores contribuem. A importância de cada um desses
fatores depende das características da equipe, do serviço e de aspectos situacionais.
Abaixo alguns fatores que interferem no funcionamento das equipes:
 Formalismo
 Quantidade de pessoas
 Qualificação das pessoas
 Técnicas de funcionamento de equipe – conhecimento por parte do coordenador de
técnicas de funcionamento de equipe.
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 Tipo de trabalho executado


 Experiências anteriores dos participantes
 Cultura organizacional para o trabalho em equipe
 Características comportamentais das pessoas.
 Fluxo das atividades

A IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMA

A forma como nos sentimos acerca de nós mesmos é algo que afeta
crucialmente todos os aspectos da nossa experiência, desde a maneira como agimos no
trabalho, no amor e no sexo, até o modo como atuamos como pais, e até aonde
provavelmente subiremos na vida.
Nossas reações aos acontecimentos do cotidiano são determinadas por quem e
pelo que pensamos que somos. Os dramas da nossa vida são reflexo das visões mais
íntimas que temos de nós mesmos. Assim, a auto-estima é a chave para o sucesso ou
para o fracasso. É também a chave para entendermos a nós mesmos e aos outros.
Além de problemas biológicos, não consigo pensar em uma única dificuldade
psicológica – da ansiedade e depressão ao medo da intimidade ou do sucesso, ao abuso
de álcool ou drogas, às deficiências na escola ou no trabalho, ao espancamento de
companheiros e filhos, às disfunções sexuais ou à imaturidade emocional, ao suicídio ou
aos crimes violentos – que não esteja relacionada com uma auto-estima negativa.
De todos os julgamentos que fazemos, nenhum é tão importante quanto o que
fazemos sobre nós mesmos. A auto-estima positiva é requisito importante para uma vida
satisfatória. Vamos entender o que é auto-estima. Ela tem dois componentes: o
sentimento de competência pessoal e o sentimento de valor pessoal. Em outras palavras,
a auto-estima é a soma da autoconfiança com o auto-respeito. Ela reflete o julgamento
implícito da nossa capacidade de lidar com os desafios da vida (entender e dominar os
problemas) e o direito de ser feliz (respeitar e defender os próprios interesses e
necessidades).
Ter uma auto-estima elevada é sentir-se confiantemente adequado à vida, isto é,
competente e merecedor, no sentido que acabamos de citar. Ter uma auto-estima baixa é
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sentir-se inadequado à vida, errado, não sobre este ou aquele assunto, mas ERRADO
COMO PESSOA. Ter uma auto-estima média é flutuar entre sentir-se adequado ou
inadequado, certo ou errado como pessoa e manifestar essa inconsistência no
comportamento – às vezes agindo com sabedoria, às vezes como tolo – reforçando,
portanto, a incerteza.
A capacidade de desenvolver uma autoconfiança e um auto-respeito saudáveis é
inerente à nossa natureza, pois a capacidade de pensar é a fone básica da nossa
competência, e o fato de que estamos vivos é a fonte básica do nosso direito de lutar
pela felicidade. Idealmente falando, todos deveriam desfrutar um alto nível de auto-
estima, vivenciando tanto a autoconfiança intelectual como a forte sensação de que a
felicidade é adequada.
Entretanto, infelizmente, uma grande quantidade de pessoas não se sente assim.
Muitas sofrem de sentimentos de inadequação, insegurança, dúvida, culpa e medo de
uma participação plena na vida – um sentimento vago de “eu não sou suficiente”. Esses
sentimentos nem sempre são reconhecidos e confirmados de imediato, mas eles existem.
No processo de crescimento e no processo de vivenciar esse crescimento, é
muito fácil que nos alenemos do autoconceito positivo (ou que nunca formemos um).
Poderemos nunca chegar a uma visão feliz de nós mesmos devido a informações
negativas vindas dos outros, ou porque falhamos em nossa própria honestidade,
integridade, responsabilidade e auto-afirmação, ou porque julgamos nossas próprias
ações com uma compreensão e uma compaixão inadequadas. Entretanto, a auto-estima é
sempre uma questão de grau.
Não conheço ninguém que seja totalmente carente de auto-estima positiva, nem
que seja incapaz de desenvolver auto-estima. Desenvolver a auto-estima é desenvolver a
convicção de que somos capazes de viver e somos merecedores da felicidade e,
portanto, capazes de enfrentar a vida com mais confiança, boa vontade e otimismo, que
nos ajudam a atingir nossas metas e a sentirmo-nos realizados.
Desenvolver a auto-estima é expandir nossa capacidade de ser feliz. Se
entendermos isso, poderemos compreender o fato de que para todos é vantajoso cultivar
a autoestima. Não é necessário que nos odiemos antes de aprender a nos amar mais; não
é preciso nos sentir inferiores para que queiramos nos sentir mais confiantes. Não temos
de nos sentir miseráveis para querer expandir nossa capacidade de alegria.
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Quanto maior a nossa auto-estima, mais bem equipados estaremos para lidar
com as adversidades da vida; quanto mais flexíveis formos, mais resistiremos à pressão
de sucumbir ao desespero ou à derrota. Quanto maior a nossa auto-estima, maior a
probabilidade de sermos criativos em nosso trabalho, ou seja, maior a probabilidade de
obtermos sucesso. Quanto maior a nossa auto-estima, mais ambiciosos tenderemos a
ser, não necessariamente na carreira ou em assuntos financeiros, mas em termos das
experiências que esperamos vivenciar de maneira emocional, criativa ou espiritual.
Quanto maior a nossa auto-estima, maiores serão as nossas possibilidades de
manter relações saudáveis, em vez de destrutivas, pois, assim como o amor atrai o amor,
a saúde atrai a saúde, e a vitalidade e a comunicabilidade atraem mais do que o vazio e
o oportunismo.
Quanto maior a nossa auto-estima, mais inclinados estaremos a tratar os outros
com respeito, benevolência e boa vontade, pois não os vemos como ameaça, não nos
sentimos como “estranhos e amedrontados num mundo que nós jamais criamos”
(citando um poema de A. E. Housman), uma vez que o auto-respeito é o fundamento do
respeito pelos outros. Quanto maior a nossa auto-estima, mais alegria teremos pelo
simples fato de ser, de despertar pela manhã, de viver dentro dos nossos próprios
corpos. São essas as recompensas que a nossa autoconfiança e o nosso auto-respeito nos
oferecem.
Auto-estima, seja qual for o nível, é uma experiência íntima; reside no cerne do
nosso ser. É o que EU penso e sinto sobre mim mesmo, não o que o outro pensa e sente
sobre mim. Quando crianças, nossa autoconfiança e nosso auto-respeito podem ser
alimentados ou destruídos pelos adultos – conforme tenhamos sido respeitados, amados,
valorizados e encorajados a confiar em nós mesmos.
Mas, em nossos primeiros anos de vida, nossas escolhas e decisões são muito
importantes para o desenvolvimento futuro de nossa auto-estima. Estamos longe de ser
meros receptáculos da visão que as outras pessoas têm sobre nós. E de qualquer forma,
seja qual tenha sido nossa educação, quando adultos o assunto está em nossas próprias
mãos. Ninguém pode respirar por nós, ninguém pode pensar por nós, ninguém pode nos
dar autoconfiança e amor-próprio.
Posso ser amado por minha família, por meu companheiro ou companheira e por
meus amigos e, mesmo assim, não amar a mim mesmo. Posso ser admirado por meus
colegas de trabalho e mesmo assim ver-me como um inútil. Posso projetar uma imagem
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de segurança e uma postura que iludem virtualmente a todos e ainda assim tremer
secretamente ao sentir minha inadequação. Posso preencher todas as expectativas dos
outros e, no entanto, falhar em relação às minhas; posso conquistar todas as honras e
apesar disso sentir que não cheguei a nada; posso ser adorado por milhões e despertar
todas as manhãs com uma nauseante sensação de fraude e vazio. Chegar ao “sucesso”
sem conquistar uma auto-estima positiva é ser condenado a sentir-se um impostor que
aguarda intranquilo ser desmascarado.
Assim como a aclamação dos outros não cria a nossa auto-estima, também não o
fazem os conhecimentos, a competência, as posses materiais, o casamento, a
paternidade, a dedicação à caridade, as conquistas sexuais ou as cirurgias plásticas.
Essas coisas PODEM às vezes fazer com que nos sintamos melhor sobre nós
mesmos temporariamente, ou mais confortáveis em situações particulares, mas conforto
não é auto-estima. A tragédia é que existem muitas pessoas que procuram a
autoconfiança e a auto-estima em todos os lugares, menos dentro delas mesmas, e,
assim, fracassam em sua busca.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia-


SãoPaulo: Saraiva, 2001.

DUBRIN, Andrew J. Fundamentos do Comportamento Organizacional. São Paulo:


Pioneira Thomson Learning, 2003.

AGUIAR, M. A . F. , Psicologia Aplicada à Administração. São Paulo: Excellus, 1997.

BERGAMINI, C. W., Psicologia Aplicada à Administração de Empresas. São Paulo:


Atlas, 1996.
FIORELLI, J.O. Psicología para Administradores. São Paulo: Atlas, 2000.

LOPES,Patrícia."Gestalt"; BrasilEscola.
Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/gestalt.htm>. Acesso em 20 de maio
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MINICUCCI, A , Psicologia Aplicada à Administração. São Paulo: Atlas, 1995.

PORTAL DA EDUCAÇÃO. Disponível em:


< http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/42384/teoria cognitivista-de-
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