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PSICOLOGIA GERAL I

AS PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA NO


SÉCULO XX

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Identificar as principais teorias da psicologia no século XX.

A partir desta aula introdutória sobre as principais teorias da psicologia no século xx , você será capaz de

entender melhor o conceito de Psicologia sobre diversos enfoque. O objetivo é entender as definições e seus

principais conceitos. Bem como, reconhecer as diferentes teorias psicológicas.

1 As principais teorias da psicologia no século XX


A Psicologia enquanto ramo da Filosofia estudava a alma. A Psicologia científica nasce quando, de acordo com os

padrões de ciência do século XX, Wundt preconiza a Psicologia “sem alma”. O conhecimento tido como científico

passa a ser aquele produzido em laboratórios, com o uso de instrumentos de observação e medição. Se até então

a Psicologia estava subordinada à Filosofia, a partir daquele século ela passa a ligar-se a especialidades da

Medicina, que assumira, antes da Psicologia, o método de investigação das ciências naturais como critério

rigoroso de construção do conhecimento.

Essa Psicologia científica se constituiu de três escolas:


• Estruturalismo;
• Funcionalismo;
• Associacionismo (ou conexionismo) - Posteriormente foi substituída, no século XX, por novas teorias.
Ao longo do processo histórico de desenvolvimento do pensamento e da pesquisa psicológica, várias escolas (ou,

correntes) da psicologia foram surgindo.

Fique ligado
As três mais importantes tendências teóricas da Psicologia neste século são consideradas por
inúmeros autores, como Politzer e Japiassu como sendo: Behaviorismo ou Teoria (S-R), a
Gestalt e a Psicanálise.

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2 Behaviorismo
Escola behaviorista

Psicólogo John Watson (1878-1958)

Dedica-se ao estudo das interações entre o individuo e o ambiente, entre as ações do individuo (suas respostas)

e o ambiente (as estimulações). S ―> R

Para os behavioristas o comportamento é um conjunto de respostas adquiridas que visa permitir ao organismo

uma melhor adaptação ao mundo exterior.

B. F. Skinner (1904-1990)

Suas pesquisas com cobaias levaram-no ao desenvolvimento de uma teoria da aprendizagem conhecida como

modelagem. Quando as consequências de um comportamento aumentam a frequência desse mesmo

comportamento diante do estímulo que o eliciou, Skinner chamou tais consequências de reforços. De forma

contrária, quando as consequências diminuem a frequência do comportamento diante do estímulo que o eliciou,

chamou de punições. Esquemas de reforços e punições são, segundo ele, as forças modeladoras de quaisquer

comportamentos.

Um dos princípios do condicionamento operante que diz respeito à aprendizagem de comportamentos

complexos, dividindo-os em partes simples até o total aprendizado. Ex. nadar; mudança de hábito alimentar, etc.

A palavra reforço tem a ver com algo que reforça o comportamento antes que este seja emitido (seja positiva ou

negativamente). Já a punição só ocorre após a emissão de um comportamento ou resposta indesejada.

Elimina-se um comportamento através da emissão de estímulo aversivo. Não dar sobremesa para a criança que

não comeu salada e legumes, a fim de ver se ela aprende a comer de tudo pela punição de lhe ser retirada a

melhor parte da refeição.

3 Behaviorismo: modelagem de comportamentos


Analise o esquema abaixo:

Esquema simplificado do processo de modelagem de comportamentos, segundo Skinner.

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Tomemos o caso da criança que desenvolveu o comportamento de fazer birra. Se a mãe desejar que esse

comportamento não mais se manifeste, ela pode proceder a determinados arranjos de contingências que levem à

extinção do mesmo. Não fornecendo a bala que instalou o comportamento inadequado, a frequência da resposta

birra tende a ser nula.

Visa eliminar um comportamento indesejado com a ausência de reforço. Não é nem punição, nem reforço

negativo nem, muito menos, reforço positivo. Simplesmente não há reforço de tipo algum. Exemplo: os pais

elogiam os filhos pelo uso de palavras como “por favor” e obrigado”. Se, mais tarde, as boas maneiras da criança

deixarem de ser elogiadas, poderão desaparecer.

Outro esquema, nesse mesmo caso, poderia ser a apresentação de um estímulo aversivo — ou reforçador

negativo.

A mãe pode castigar fisicamente a criança, por exemplo, o que irá reduzir mais rapidamente a frequência da

resposta.

Os comportamentalistas, especialmente os skinnerianos, não consideram válido o emprego de procedimentos

punitivos como esse, inclusive porque eles podem instalar, por imitação, novos comportamentos indesejáveis.

4 Gestalt
Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou configuração.

Ernst Mach (1838-1916), físico, e Christian von Ehrenfels (1859-1932), filósofo e psicólogo, desenvolviam uma

psicofísica com estudos sobre as sensações (o dado psicológico) de espaço-forma e tempo-forma (o dado físico) e

podem ser considerados como os mais diretos antecessores da Psicologia da Gestalt.

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Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kohler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941), baseados nos estudos

psicofísicos que relacionaram a forma e sua percepção, construíram a base de uma teoria eminentemente

psicológica.

Iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do movimento. Os gestaltistas estavam preocupados em

compreender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido

pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade.

É o ponto de partida e também um dos temas centrais dessa teoria. Diferentemente da teoria S-R dos

behavioristas, os gestaltistas afirmam que entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo

encontra-se o processo de percepção. O que o indivíduo percebe e como ele percebe, são dados importantes para

a compreensão do comportamento humano.

Ex: Cinema. O movimento na tela é uma ilusão de ótica causada pela pós-imagem retiniana. Como as imagens vão-

se sobrepondo em nossa retina temos a sensação de movimento. Mas de fato o que está na tela é uma fotografia

estática.

5 Psicanálise
Estuda as manifestações do desequilíbrio psicológico e foi no contato com seus pacientes que elaborou sua

teoria.

Método de investigação: interpretativo – busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e

palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos.

Prática profissional (forma de tratamento): análise – busca o autoconhecimento.

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Figura 1 - Sigmund Freud, criador do paradigma psicanalítico.

6 A descoberta do inconsciente
“ Qual poderia ser a causa de os pacientes esquecerem tantos fatos de sua vida interior e exterior?”

Resistência: Força psíquica que se opõe a tornar consciente, a revelar um pensamento.

Repressão: Processo psíquico que visa encobrir, fazer desaparecer da consciência, uma ideia ou representação

insuportável e dolorosa que está na origem do sintoma.

A primeira teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico

Primeira concepção sobre estrutura e o funcionamento da personalidade – três instâncias psíquicas:

Inconsciente

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Conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência – reprimidos pela ação de censuras

internas.

Pré-consciente

Conteúdos acessíveis à consciência.

Consciente

Recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior (percepção, atenção e raciocínio) e as do interior.

Escola psicanalítica - Sigmund Freud (1856-1939) => comportamento anormal e suas injunções inconscientes.
• A principal tese psicanalítica é a da existência de processos inconscientes na mente.
• O inconsciente, segundo Freud, estaria dissociado da realidade e seria regido pelo que ele chamou de
princípio do prazer.
Em 1900, em seu livro A interpretação do sonho, Freud propôs a sua primeira teoria (ou, tópica) sobre a

estrutura da mente. Nela a mente foi dividida em três sistemas:


• O inconsciente (como já dito, regido pelo princípio do prazer);
• O pré-consciente e a consciência (estes últimos regidos pelo princípio da realidade).
Entre esses sistemas, as censuras que impediriam que conteúdos indesejados do inconsciente e do pré-

consciente chegassem à consciência.

Figura 2 - 1ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1900)

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A segunda teoria do aparelho psíquico.

Em 1920, Freud propôs um aperfeiçoamento de sua primeira teoria, incluindo processos dinâmicos da mente: o

id, o ego e o superego.

Introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se aos três sistemas da personalidade.

Figura 3 - 2ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1920) - Percepção Consciente

7 A teoria da personalidade
A personalidade é formada por três instâncias:

ID

É regido pelo princípio do prazer. O íd é a instância que, contém os impulsos inatos, as inclinações mais

elementares do indivíduo. Segundo LAPLANCHE e PONTALIS (1986, p.660)

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Id => polo pulsional (força impelidora ou uma pressão inconsciente) da personalidade. Estaria nas pulsões a

origem de nossas vontades, impulsos e desejos. Tais forças, que teriam suas origens nos processos biológicos,

produziriam necessidades (tensões) a serem realizadas (descarregadas). Na consciência tais pressões se

associariam, por algum motivo histórico, a representações (objetos) que possibilitassem sua real ou imaginária

descarga (e, a partir daí, as sensações de prazer).

Ego (EU)

É regido pelo princípio da realidade ( junto com o princípio do prazer rege o funcionamento psíquico). Instância

que se situa como representante dos interesses da totalidade da pessoa e que como tal é investido de libido

(corresponderia a um tipo de energia oriunda das transformações das pulsões sexuais) narcísica (investimentos

libidinosos que um indivíduo faria em si próprio e ao seu próprio corpo. Ou seja, a posição narcísica pressupõe

como objetos da libido o próprio sujeito e seu corpo).

Estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, da realidade e as “ordens” do suprego.

Desenvolve-se no decorrer da vida da pessoa.

Convive segundo regras socialmente aceitas, sofre as pressões imediatas do meio e executa ações destinadas a

equilibrar o convívio da pessoa com os que a cercam.

Composto por energias - pulsões (de vida e de morte) - determinadas biologicamente e determinantes de desejos

e necessidades que não reconhecem qualquer norma socialmente estabelecidas.

Não é socializado, não respeita convenções, e as energias que o constituem buscam a satisfação incondicional do

organismo.

Superego

Origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização das proibições, dos limites e da autoridade.

Instância que julga e critica, constituída por interiorização das exigências e das interdições parentais.

É um depositário das normas e princípios morais do grupo social a que o indivíduo se vincula.

Seu conteúdo refere-se a exigências sociais e culturais.

O foco de atenção da Psicanálise dirige-se à relação entre as energias oriundas do id e os impedimentos que o

superego lhes impõe.

Fique ligado
As pulsões reprimidas, pelo superego, constituem uma região chamada inconsciente.

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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Saúde mental e transtorno mental.
• A promoção da saúde mental.
• Personalidade.
• Transtornos de personalidade.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu os diferentes enfoques teóricos da Psicologia.

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