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Correntes da Psicologia

Conceito:

Ao longo dos anos com a evolução da psicologia, surgiram várias correntes, em que cada
uma delas apoiava diferentes teorias e objetos de estudo.

Estruturalismo

Conceito

 O Estruturalismo é uma das correntes da psicologia que tem como objetivo analisar e estudar
a estrutura da mente humana. O estruturalismo definia a psicologia como a ciência da
consciência. Para os seguidores desta corrente, as operações mentais resultam da organização
de sensações elementares que se relacionam com a estrutura do sistema nervoso.

Defensores

Foi Wilhelm Wundt  (nascido a 16 de agosto de 1832, Alemanha) o principal responsável


propulsionador desta vertente. Wilhelm Wundt investigou a consciência humana,
nomeadamente as sensações e os sentimentos que eram considerados os processos mais
complexos da mente humana. Fundou o primeiro laboratório de psicologia experimental em
1897, onde elaborou testes e estudos que permitiram à psicologia desenvolver-se enquanto
ciência. Neste laboratório investigou as estruturas e a consciência da mente humana,
recorrendo a métodos de introspeção (“olhar para dentro”) - um processo rigoroso que
permitia descobrir sensações e sentimentos da experiência consciente.

A partir do trabalho de Wundt, vários cientistas aprofundaram o estruturalismo distinguindo-


o de outras áreas da psicologia. No entanto, com o tempo, esta vertente desaparece, restando
como vestígios as preocupações com as análises minuciosas de todos os componentes duma
função ou competência.

Mais tarde surge Edward Titchener, seguidor de Wundt, que usou o termo Estruturalismo
para diferenciar esta corrente do Funcionalismo. No entanto é correcto afirmar que Tichener
propôs uma nova abordagem do estruturalismo apesar de ter enunciado que apresentava a
forma de Psicologia postulada por Wundt. Para o fundador este método de estudo era um
processo rigoroso que tinha o objectivo de "extrair" as mais simples das sensações e
sentimentos da experiência consciente.

Funcionalismo

O Funcionalismo considera que o objectivo da psicologia é o ajustamento do organismo às


exigências do meio que vive. A psicologia deve estudar as funções adaptativas do
comportamento e dos processos mentais e não somente a sua estrutura e composição.

O funcionalismo está relacionado com a adaptação do ser humano às exigências provenientes


do meio que o rodeia. Segunda esta corrente, o objectivo da psicologia era estudar a
consciência continuamente no intuito de descobrir “o que fazem os homens?” e “porquê?”.
Assumiu uma vigorosa posição funcionalista ao criticar os métodos e propósitos
estruturalistas.

É importante começar por referir que os fundadores desta corrente da psicologia não tinham
qualquer intenção de criá-la. Sim é verdade que protestavam contra as limitações do
estruturalismo no entanto não desejavam substitui-lo.

Fundador do Funcionalismo

O seu grande fundador foi William James, que considera que o ser humano usa a mente para
se adaptar ao meio. Este psicólogo acreditava ser possível investigar os estados da
consciência. Elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca a compreensão
do seu funcionamento, em especial os processos adaptativos homem-ambiente, na medida em
que o homem “usa” a mente (a consciência) para se adaptar ao meio.

John Dewey (1859-1952) adoptou o ponto de vista de James, e, ao desenvolver o seu sistema


de psicologia, converteu-se no fundador oficial do Funcionalismo. Propôs que se estudasse o
organismo funcionando como um todo no seu ambiente. A introspecção era ainda aceite, mas
a observação era também proposta como método legítimo.

Como corrente da psicologia, o funcionalismo desapareceu, mas a herança da psicologia


funcionalista é ainda hoje visível na moderna psicologia americana pela atenção dada aos
processos envolvidos na adaptação ao ambiente, numa perspectiva evolucionista, tal como
acontece na abordagem  da aprendizagem na psicologia comportamentalista e nos estudos da
atenção, percepção, inteligência e testes.

Associacionismo

O termo associacionismo origina-se através da concepção de que a aprendizagem se dá por


um processo de associação das ideias - das mais simples ás mais complexas. Assim partia do
principio que para aprende algo complexo teria  de aprender primeiro as suas raízes ,isto é, as
ideias mais simples que lhe estavam associadas.

Thorndike formulou a lei do efeito, que viria a ser de grande utilidade para a psicologia
comportamentalista. De acordo com esta lei, todos os comportamentos de um organismo
vivo(um homem, um pombo, um rato, etc.) tendem a repetir-se se nós recompensarmos
(efeito) o organismo assim que emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento
tenderá a não acontecer se o organismo for castigado (efeito) após a sua ocorrência.
Concluindo, pela lei do efeito, o organismo irá associar essas situações a outras situações
semelhantes.

Behaviorismo

O Behaviorismo ou Comportamentalismo é uma corrente de pensamento que postula o


comportamento como objeto da Psicologia e estuda as interações entre as ações do indivíduo
e o ambiente.

Este termo foi definido pelo psicólogo americano john watson (1878–1958) em 1913, o qual
entendia que esta ciência deveria ser puramente objetiva, mensurável e experimental,
baseando-se nas ciências naturais, e que o comportamento deveria ser estudado a partir de
variáveis do meio. As bases desta corrente de pensamento foram traçadas pelo cientista e
renomado fisiologista russo ivan pavlov, em 1904.

Pavlov elaborou uma teoria da aprendizagem ao constatar, através de experimentos de


laboratório com cães, que tudo que aprendemos deve ser explicado pelo modo como os
estímulos ambientais ou internos são dispostos para produzir respostas, modelo que
denominou condicionamento. O autor entendia o psiquismo humano como um conjunto de
associações ou conexões entre estímulos e respostas.
Os princípios de aprendizagem dessa teoria se basearam nas ideias do empirismo, o qual
sustenta que a fonte de todo conhecimento é a experiência sensorial e a observação, levando
em conta fatos realmente observados para sustentar as explicações da natureza; e no
determinismo, o qual estabelece que qualquer evento é resultado de um grupo de
determinadas condições e variáveis.

Os behavioristas defendiam que quase todos os comportamentos característicos do ser


humano eram aprendidos, sendo este um ser que se desenvolve em função das condições
presentes no meio em que está inserido. Entendem que manipulando os elementos presentes
no ambiente (estímulos ou respostas a partir dos estímulos) pode-se controlar o
comportamento.

Watson acreditava na importância do meio para o desenvolvimento do indivíduo. Para ele,


alguns estímulos originavam determinadas respostas no organismo, ocasionadas pela
adaptação destes ao ambiente através da hereditariedade e da formação de hábitos. Criou o
conceito de comportamento respondente ou reflexo, o qual inclui as respostas produzidas por
estímulos antecedentes do ambiente, ou seja, interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito)
incondicionadas, sendo que as respostas independem de aprendizagem. O estímulo é
entendido pelas variáveis ambientais que interagem com o sujeito e a resposta defini-se por
aquilo que o organismo faz, sua ação sobre o meio. Assim, o homem começa a ser estudado
como produto do processo de aprendizagem e das associações estabelecidas durante a vida
entre estímulos e respostas.

O mais importante teórico do comportamentalismo, sucessor de Watson, é b. f. skinner (1904


-1990), psicólogo americano que desenvolveu trabalhos em psicologia experimental. Sua
linha de estudos ficou conhecida como Behaviorismo radical, o qual se sustenta no conceito
de comportamento operante, que corresponde às associações estímulo-reforço às respostas de
um sujeito. São os movimentos do organismo, não automáticos, que têm efeito sobre o
mundo ao seu redor, que operam sobre ele, e dizem respeito à interação sujeito-ambiente. O
reforço ou estímulo reforçador é a consequência, posterior a uma resposta, que altera sua
probabilidade de ocorrência futura.

Tese que ficou famosa a partir da Caixa de Skinner, experiência com ratos privados de
alimento, em laboratório, em que Skinner reforçava ou extinguia comportamentos, por meio
de estímulos reforçadores (alimento), produzindo aprendizagem nos ratos. Assim, de acordo
com a teoria do condicionamento operante, pode-se controlar um comportamento através da
manipulação dos elementos do ambiente, dos estímulos, o que pode levar: ao aumento ou
diminuição da frequência com que ele aparece;• à sua extinção;• ao seu aparecimento em
situações que se considera adequadas.

Para Skinner, a análise de um comportamento deve estar baseada nas possíveis respostas, mas
também no contexto em que ocorre e nos eventos que seguem às respostas. Assim, o que
propicia a aprendizagem dos comportamentos é a relação entre a ação do organismo sobre o
meio e seu efeito, na medida em que agimos ou operamos sobre o mundo em função das
consequências de nossas ações. Para esse autor, o mundo é algo já construído, e a realidade é
um fenômeno objetivo e o meio, por sua vez, pode ser manipulado.

A teoria comportamentalista teve e ainda tem influência no universo educacional. O conceito


de aprendizagem adotado por muito tempo em livros e manuais de Psicologia da Educação
baseava-se na definição comportamentalista, a qual afirma que aprendizagem é mudança de
comportamento. Essa teoria serviu por muito tempo de suporte à escola americana, tendo aos
poucos expressões em outros países, no que tange à ideia de uma educação baseada na
emissão de respostas e no reforço.

Gestaltismo

Conceito

O gestaltismo defende a necessidade de se compreender o homem como um todo. Os seus


fundadores defendem que o nosso comportamento depende e varia de acordo com aquilo que
percepcionamos. Então, qualquer fenómeno psicológico é uma totalidade organizada, não
redutível à soma dos elementos que a compõe, a percepção dos objectos é diferente da
percepção do somatório dos elementos que a constituem.

A palavra gestalt é de origem germânica, e significa “forma” ou “figura”. A psicologia de


gestalt, ou gestaltismo, desenvolveu-se a partir de 1912 na Europa, pela necessidade da
existência de uma teoria que, não esquecendo o valor e a necessidade da experimentação
científica, salienta sobretudo o aspeto global da realidade psicológica, postulando a
necessidade de se compreender o homem como uma totalidade.

Representantes
Teve como pioneiros os psicólogos Kurt Kofka (1886-1941), Wolfgang Köhler (1887-1967)
e o filósofo Max Wertheimer (1880 - 1943). Estes autores estudaram os processos percetivos
do sujeito, o comportamento natural do cérebro no processo de perceção. Defendiam que o
conhecimento do mundo e o nosso comportamento dependem e variam de acordo com aquilo
que percecionamos.

Pressupostos e contribuições

Ao contrário dos associonistas que partiam da essência, das ideias mais simples para alcançar
as ideias mais complexas associadas os gestaltistas partem das estruturas, das formas
defendendo que nós percepcionamos conjuntos organizados em totalidades.

Em suma a teoria da gestalt considera a percepção como um todo, e parte deste todo para
explicar as partes, enquanto que os associacionistas partiam das partes para explicar o todo.

A Lei da prägnanz (pregnância) ou da boa forma, é uma ideia fundamental na gestalt e,


pressupõe que há uma tendência de vermos a figura como tendo boa qualidade sob as
condições de estímulos.

Uma boa gestalt é simétrica, simples e estável, e não pode ser mais simples nem mais
organizada. É também chamada lei da simplicidade: os objetos são percebidos no modo mais
simples e ecológico. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada.

Psicanálise
Conceito

A Psicanálise é uma das corrente mais conhecida da Psicologia. A psicanálise é o campo de


hipóteses sobre o funcionamento e desenvolvimento da mente humana. Interessa-se tanto
pelo funcionamento mental "normal" como pelo patológico.

Sendo assim, a teoria da psicanálise é um campo de clínico e de investigação teórica da


psique humana independente da psicologia, embora também inserido nesta, desenvolvido por
Sigmund Freud que se propõe à compreensão e análise do homem, compreendido enquanto
sujeito inconsciente e abrange três áreas:

- um método de investigação da mente e seu funcionamento;

- um sistema teórico sobre a vivência e comportamento humano;

- um método de tratamento psicoterapêutico

Fundadores
Desenvolvida no fim do século XIX por Sigmund Freud, ela busca descrever as causas dos
transtornos mentais, o desenvolvimento humano, sua personalidade e motivações. De acordo
com Freud, o ser humano funciona por meio de duas pulsões inatas, a sexual e a de morte. E
teve como Impulsionadores: Alfred Adler, Carl G. Jung, Otto Rank, Karen Horney, Erich
Fromm, entre outros.

Freud desenvolve toda a sua explicação pelos níveis de consciência, buscando estimular o
próprio paciente a ter seus insights, ou seja, que ele mesmo compreenda o que está
acontecendo consigo e quais vias ele pode usar para se modificar e sair desse problema.
Trata-se de uma técnica não diretiva, ou seja, o analista não sugere que o paciente faça isto ou
aquilo. A análise acontece a partir das associações do paciente.

Freud recupera para a psicologia a importância da afectividade e ao postular o inconsciente


como objecto de estudo, quebrando assim a tradição da psicologia como a ciência da
consciência e da razão.

A sexualidade tem uma importância fundamental nesta corrente da psicologia mas não tem
um sentido restrito, ou seja, apenas genital. Tem um sentido mais amplo = toda e qualquer
forma de gratificação ou busca do prazer. Então a sexualidade neste sentido amplo existe em
nós desde que nascemos. Sucintamente podemos dizer que a vida humana é estudada a partir
da motivação básica, o impulso sexual ou princípio de prazer.

Segundo Freud a mente humana dividi-se em 3 elementos:

1) Consciente (ego) - raciocínio, operações lógicas;


2) Pré-consciente (superego) - memórias, interiorização de proibições sociais, produz
angústias, ansiedades e castiga o ego quando este aceita impulsos vindos do id;
3) Inconsciente (id) - pulsões, desejos e medos recalcados. Não obedece à lógica nem à
moral.

Freud tornou-se um autor polémico mas determinou alguns dos caminhos da psicologia, pelo
que os seus estudos ficaram ligados à psicologia do desenvolvimento, da motivação, e da
personalidade.

Pressupostos e contribuições

Psicanálise, razão e consciência - Descobrir a existência do inconsciente não é esquecer a


consciência, a razão, e abandoná-las como algo ilusório e inútil. É pela consciência, pela
razão, que desvendamos e deciframos o inconsciente. Por outras palavras, a razão não está
descartada apesar das forças irracionais inconscientes. Longe de desvalorizar a razão, a
psicanálise exige que o pensamento racional não "faça concessões às ideias estabelecidas, à
moral vigente, aos preconceitos e às opiniões de nossa sociedade, em que os enfrente em
nome da própria razão e do pensamento.

Construtivismo

Conceito
 O construtivismo nasceu com o objetivo de explicar como a inteligência humana se
desenvolve, determinado que o desenvolvimento intelectual do sujeito é determinado através
da relação com o meio.

Fundadores

O desenvolvimento deste conceito baseou-se no trabalho de Jean Piaget (nascido a 9 de


agosto de 1896, Suíça) e do seu trabalho com a inteligência infantil, onde tentou perceber
como se desenvolve o conhecimento humano. Piaget descobriu que a lógica infantil e os seus
modos de pensar são diferentes dos adultos, e baseado nesse estudo, definiu quatro estados de
desenvolvimento intelectual, em que cada um de características diferentes.

O fundador do construtivismo define-o como a teoria do desenvolvimento do conhecimento


em resultado de uma interacção com o meio. Piaget procurou determinar os processos de
construção do conhecimento desde as suas formas mais básicas até aos níveis mais
complexos, nomeadamente o conhecimento científico.

Pressupostos e contribuições

No construtivismo, a relação do sujeito com o meio explica o desenvolvimento intelectual de


cada um, estimulando, assim, o desenvolvimento da inteligência. Esta corrente apoia-se em
estruturas cognitivas que se vão organizando em estádios com sucessão regular, flexível e
cada vez mais complexa.

Assim o construtivismo defende que o conhecimento não é inato mas resulta da interação do
organismo com o meio. Piaget centrou-se no desenvolvimento da inteligência infantil,
“analisando os erros cometidos pelos alunos do ensino primário na realização de testes,
verificando que estes eram semelhantes, obrigando-o a explicar o pensamento das crianças
com qualidades diferentes do pensamento do adulto. Então, constatou que a lógica infantil era
distinta da dos adultos.

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