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Sobre a concepção de sujeito em Freud e Lacan  Resenha

José Roney de Freitas Machado

A noção de sujeito nem sempre esteve presente na Psicanálise. Embora o mestre


vienense tenha contribuído para o seu desenvolvimento, quem o formulou foi Lacan a
partir do seu movimento de retorno a Freud. Deste modo, pode-se dizer que, o
inconsciente é freudiano, ao passo que, o sujeito enquanto efeito do inconsciente é
lacaniano
Em seu texto, Sobre a concepção de sujeito em Freud e Lacan (2012), Barroso
aborda a noção de sujeito desde os seus primeiros aprontos (subliminares) na obra de
Freud. Na perspectiva biologista freudiana, pode-se entrever o sujeito enquanto algo
intermediário entre as pulsões e os seus objetos. Ao estabelecer o conceito de
inconsciente, Freud, apesar de sua inclinação positivista, colocou em xeque os postulado
racionalista de que o eu (consciente) seria o senhor absoluto de suas próprias
faculdades. Desde modo, indiretamente, Freud acabou por fazer referência ao sujeito 
não como Lacan o faz desde a prédiga do sujeito subversivo , ou melhor, à existência
de uma forma outra de subjetividade.
Com efeito, o pressuposto do inconsciente permitiu a Freud elaborar uma teoria
do aparelho psíquico que descrevia as suas relações tópica, econômica e dinâmica com
base no trânsito pulsional. No primeiro momento, o princípio do prazer daria a tônica de
seu funcionamento (satisfação pulsional, descarga de energia). Não obstante, na medida
em que Freud avançou em suas pesquisas e estabeleceu os conceitos de narcisismo e
pulsão de morte, sua teoria sofreu certos reajustes, de modo que, o princípio da não
perturbabilidade absoluta (tendência ao zero pulsional, bem como a modalidades de
satisfação mais além do princípio do prazer) passou a ser considerado o motor do
psiquismo, por conseguinte, o modo de funcionamento do sujeito, identificado na
instância do eu. Portanto, se na primeira tópica, o psiquismo era estruturado em
inconsciente, pré-consciente e inconsciente (tríade dinamizada pelas pulsões sexuais e
de autoconservação), na segunda tópica, Freud introduz as instâncias do isso, eu e
supereu (tríade dinamizada pelas pulsões de vida e pulsão de morte).
Na égide da segunda topografia, o eu seria um complexo de investimentos
objetais abandonados, isto é, a parte do isso que foi modificada ao entrar em contato
com a realidade, com a cultura e seus aparatos de valores e censuras.
Ao retornar à Freud, Lacan soube se apropriar das questões relacionadas à
constituição do eu  problematizadas por ele a partir da tese do estádio do espelho , da
hipótese do inconsciente  desde a qual ele engendra a ideia de sujeito cindido,
dividido, sujeito do inconsciente propriamente dito, contrário ao sujeito do
conhecimento cartesiano ; bem como das premissas relacionadas à pulsão de morte 
donde estabelece o campo do gozo.
Em Lacan, a noção de sujeito (apenas subentendida em Freud) sofre importantes
transformações na medida em que o ensino lacaniano avança.do primado do simbólico à
concepção do gozo e, por fim, atinge seu ápice no conceito de falasser, o ser falante, da
ordem do real, expressão do inconsciente real, que enquanto tal, não se inscreve nas
cadeias significantes que determinam o registro do simbólico.

Referência

Barroso, A, F. (jan.jun.2012). A concepção de sujeito em Freud e Lacan. Barbaroí,


Santa Cruz do Sul, 36, pp. 149-159. Recuperado de:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/barbaroi/n36/n36a09.pdf

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