Você está na página 1de 19

Clínica psicanalítica e travessia dos ideais.

Nosso objetivo, neste artigo, é elaborar um aspecto fundamental da clínica


psicanalítica, o de que o adoecimento psíquico diz respeito a relação entre o sujeito e
a dimensão dos ideais culturais, o que Freud chama de “moral sexual civilizada”
(Freud,, 1908/1996)). E que o percurso clínico, portanto, implica em uma
transformação na relação entre o sujeito e estes ideais.
Partimos da ideia de que a experiência clínica, nos dias de hoje, em que
operam-se transformações no discurso e nos valores morais, confirma a relação
descoberta por Freud entre sofrimento psíquicos e ideais civilizados, demarcando o
papel da clínica psicanalítica como centrada na elaboração, pelo sujeito, dos impasses
inerentes a suas formas de socialização. Levando em consideração, é claro, a forma
singular com cada sujeito é socializado.
Sabe-se que o percurso freudiano o leva a centrar , cada vez mais, a clínica
em torno da elaboração da fantasia primordial e, com ela, do complexo de
Édipo( Freud, 1924/1996). De fato, o conceito de complexo de Édipo é de difícil
construção em Freud, pois, se aparece no momento de virada em que este abandona o
método catártico em prol daquele próprio da psicanálise, passará a ganhar papel de
destaque lentamente, vindo a estabelecer-se como “complexo nuclear das
neuroses”apenas em 1924.
O Édipo, como cena primordial, vem demarcar a forma através da qual o
sujeito é propriamente socializado, isto é, em que entra em contato não apenas com as
interdições, mas igualmente com os ideais, demandas e expectativas da cultura. Desta
forma, como Freud coloca em o O ego e o Id ( 1923/1996) é em torno do Édipo que o
sujeito irá construir seu ideal do eu e, como saldo da interdição edipiana, o supereu
como agência moral.
Em que se pese os inúmeros impasses evidenciados em construções delicadas e,
algumas vezes, até datadas, realizadas por Freud ( 1931/2010) em torno da questão
da diferença dos sexos, por exemplo, pensamos que o caráter nuclear do complexo
mantém-se, nos dias de hoje, como orientação para a clínica, na medida em que vem
demarcar a forma como o sujeito relaciona-se com as expectativas e interdições da
cultura, encarnada nos primeiros agentes de autoridade simbólica.
As mudanças no registro da cultura, sem dúvida fundamentais para que possamos
compreender a clínica contemporânea, não nos parecem impedir que balizemos a
experiência clínica inaugurada pela psicanálise em torno de algumas questões
estruturais, que remetem à invenção freudiana: trata-se de um processo de queda da
idealização e de elaboração, pelo sujeito, da relação entre seus fantasmas e o caráter
narcísico do sofrimento .
Processo de simbolizacão da castracão, portanto, em que o sujeito pode
retornar ao laço social, evitando a fuga narcísica implicada no adoecimento. Isto é,
trata-se da ideia de Freud ( 1914/1996) de que o processo clínico deve substituir o
sofrimento neurótico por um sofrimento comum. Tal orientação clínica, então,
declina-se em uma estratégia de cura que reparte-se diferencialmente de acordo com
cada forma de mal estar, psicose, neurose e perversão, etc.
Tal simbolizacão da castracão, ou perda narcísica, foi articulada por Lacan
( 1953-54/1986) em seu ensino, já a partir dos anos 50. E , em que se pesem as
transformações em seu próprio ensino, permanece como um importante fio de
continuidade na clínica do psicanalista francês. Desta forma, não há clínica do
sujeito sem clínica dos ideais da civilização, e sem a perspectiva de que há uma
relação intrínseca, estrutural, entre sofrimento neurótico, narcisismo e ideais morais..

Neurose e moralidade.

Quando Freud (1914/1996) relaciona a divisão psíquica manifesta no


sofrimento neurótico ao conceito de repressão, a “pedro angular da psicanálise”,
assenta o terreno do sofrimento psíquico sobre aquele do laço social e dos ideais que
constituem a cultura. O percurso da clínica, portanto, foi pensado por Freud como
elaboração do caráter repressor inerente a estes ideais, através da escuta da forma
como cada sujeito os vivência em sua história singular.
A substituição do método catártico por aquele de associação livre significa que
o sujeito deve simbolizar o material reprimido, vencendo as resistências e tornando
consciente o inconsciente ( Freud, 1914-1916). De forma que o percurso clínico deve
orientar-se em torno da travessia das instâncias morais relacionadas ao ego.
Instâncias que, no psiquismo, constituem os agentes de recalque, denegação ou
rejeição, defesas que buscam expulsar a sexualidade inconsciente como um mal
insuportável, algo que não pode ser simbolizado pelo sujeito.
A associação livre, desta forma, é proposta em estrita oposição ao uso da
hipnose, já que nesta a autoridade simbólica introjetada pelo sujeito, e que levou a
constituição da repressão, é meramente substituída pela autoridade do médico, capaz
de sugestioná-lo na direção da rememoração do material inconsciente, das
representações expulsas da consciência. A emergência da associação livre é
tributária, neste sentido, da descoberta da fantasia, no sentido em que ênfase do
método freudiano passa a girar em torno das instâncias morais introjetadas pelo
sujeito no momento do complexo de Édipo como fantasma fundamental.
Associar livremente significa, então, que as resistências, relacionadas à
repressão, devem ser elaboradas na clínica, e que o material emergente da análise vai
no sentido do encontro do sujeito com formas de narrar sua própria história, de
simbolizá-la, que implicam no reconhecimento do inconsciente. Reconhecimento,
portanto, daquilo que não se adequa as instâncias egoicas e conscientes, do que
constrói-sé à revelia do processo secundário, e que retorna nos sintomas através do
fracasso da consciência em expulsar a diferença representada pela vida pulsional. O
sujeito descobre-se, na cena do Édipo, não apenas seu desejo parricida e incestuoso,
portanto. Mais fundamentalmente, descobre-se como sujeito divido, divisão que a
moralidade relacionada ao eu consciente busca negar.
A visada de Freud que fundamenta o processo interpretativo na clínica não
busca a significação do sintoma ou das formações do inconsciente no sentido de uma
hermenêutica, de uma interpretação pela via da significação . Como observou
Lacan(1999[1957-58]), o registro significação remete as instâncias imaginárias de
reconhecimento pautadas na centralidade da consciência e do ego, quando se trata
justamente do contrário, isto é, de compreender a heterogeneidade das palavras que
marcam e atravessam o sujeito, dividindo-o. Palavras que Lacan buscará relacionar
ao que chama de significante.
O que a clínica busca desvelar por trás dos sintomas, portanto, não é um
sentido em que o sujeito pode se reconhece enquanto indivíduo novamente, após
haver sido “dividido” pela intrusão do sintoma ou do mal estar de forma mais ampla,
mas sim esta mesma divisão simbolizada, reconhecida como inerente a seu núcleo
mais íntimo. A cena edípica não é fundamental apenas porque nela o sujeito se
reconhece como ser imoral, mas porque se reconhece em um conflito que,
estritamente, é insolúvel.
.
Em um artigo tardio, A negativa, em que investiga a forma como opera a
expulsão das representações do ego durante o desenvolvimento da criança, Freud
( 1925) descreve o momento de integração do ego prazer( interno) e do ego
realidade( externo) como interior ao atravessamento do Édipo, aquisição simbólica
de que o objeto passa a ser presença e ausência, bom e ruim, interior e exterior. Desta
forma, o método de tratamento e de de pesquisa do inconsciente, inaugurado por
Freud, busca situar o sujeito em uma cena em que bem e mal são fundamentalmente
ambivalentes.
A simbolizacão da perda narcísica no Édipo implica a quebra no maniqueísmo
na elaboração dos conflitos, e a integração da divisão de si como divisão no Outro.
Lacan, ( 1964/1998) em uma de suas recorrentes formalizações do momento de
constituição do sujeito no Édipo falará, no Seminário 11, em um movimento de
separação posterior à alienação, em que o sujeito pode relacionar-se com o Outro
através do “recobrimento de duas faltas”( p. 76). Movimento de travessia, portanto,
do fantasma como aquilo que encobre a falta no sujeito e no Outro.
A ética inerente ao pensamento de Freud o aproxima em alguns aspectos a
temas da filosofia de Nietzsche, como observaram inúmeros autores (por ex.,
Deleuze, 1967/1988 ), inclusive o próprio Freud, que não entrou em contato com sua
obra por receio de ser influenciado. O filósofo Alemão também buscou relacionar a
moral do homem civilizado, sua fixação em conceitos de Bem e de Verdade, seus
ideais, como razão de seu adoecimento, seu niilismo e “vontade “débil., sua
“neurastenia”.
Em Freud a superação deste impasse entre pulsão e moral, entre desejo e
civilização dá-se através de seu próprio reconhecimento. Trata-se de reconhecer o
sujeito como contraditório, afirmando o modelo do conflito psíquico e colocando em
pé de igualdade normalidade e patologia. Pelo contrário, são as expectativas de
normalidade e as tentativas de expulsão do negativo , ou do patológico, realizadas
pelas defesas do ego que provocam o adoecimento excessivo.
Por outro lado, se é verdade que Freud começa seu percurso evidenciando o
peso da moral sobre a neurose, principalmente a histeria, logo ele observa que a
interdição vinculada aos imperativos morais possui caráter estruturante da
subjetividade. O que viu também Lacan( 1999[1957-58]) quando, em seu primeiro
momento de retorno a Freud, confere prioridade a realização de uma leitura
“estruturalista”do complexo de Édipo. O que fazer, então, se a interdição é fonte de
adoecimento mas, igualmente, é estrutural, fonte de desejo?
Certamente, no caso da neurose, trata-se de, através da transferência, levar o
sujeito a atravessar o peso das idealizações, evidenciando o caráter narcísico do
excesso de moralidade que recobre o sofrimento. Entretanto, esta travessia da
fantasia, como a nomeou Lacan, não implica a recusa da moralidade em prol da
sexualidade inconsciente, mas sim, como buscarmos argumentar, o reconhecimento
do caráter não ultrapassável do conflito entre civilização e pulsão, e da forma como
este se atualiza em cada sujeito de maneira singular .
Apontar o caráter fundamental da questão da moral e a cultura, e a face
excessivamente repressora que esta tantas vezes adquire é salientar, também, a
necessidade que Freud rapidamente sentiu de trazer os impasses observados em seus
pacientes para o campo mais amplo de uma reflexão de cunho sociológico. O
primeiro texto estritamente cultural de Freud, Moral sexual civilizada e doença
nervosa moderna, sendo assim, é escrito já em 1907, inaugurando uma série de textos
de grande importância, não apenas para reflexões sobre a cultura, mas, igualmente,
sobre a clínica.
Em Freud o processo clínico não se propõe oferecer a cura para o mal estar na
cultura, operando através da aposta de seu reconhecimento já constitui uma forma
de atenuação do sofrimento excessivo que decorre dos ideais que buscam, justamente,
negá-lo. Existe algo aqui, como observou Lacan e depois deles inúmeros
comentadores ( Dunker,2015 Safatle, 2007 Zizek 2011) , não apenas de um eco,
mas de certa forma do retorno do tema hegeliano da potência do negativo e da
dignidade ontológica do mal. A “cura”psicanalítica torna-se impensável sem,
justamente, um dispositivo clínico que se pressupõem crítico as concepções de saúde
pautadas na dimensão da moral, do Bem e do bem estar. Trata-se de uma cura
absolutamente avessa ao furor sanadi, tantas vezes criticado por Freud.
Daí que Lacan ( 1959-1960/1991) tenha antevisto que o uso do teatro trágico
Grego para batizar o conceito de complexo de Édipo não era mero acaso, na
psicanálise, mas decorrente do método inaugurado por Freud, já que este procura
pensar o sujeito em uma divisão insolúvel, denunciando a recusa desta divisão como
a razão mesma do adoecimento.
Da mesma forma, então, como o teatro trágico pautou-se no reconhecimento da
contradição entre a Lei dos homens e as Leis divinas que dilacerava o homem Grego.
Forma artística que inaugura uma maneira inédita de narrativa, em que comédia e
tragédia uniam-se na representação de um homem que não mais coincidia consigo
mesmo.Ora, a aposta de que o conflito não deve ser oculto, mas sim tornar-se
produtivo, é característica fundamental, como viu Lacan, da ética psicanalítica e,
portanto, de sua clínica.

Sintoma e ideal.
Sabe-se que Freud, em sua época, tratava de sujeitos referenciados pela moral
vitoriana, isto é, a “contra-reforma”moral promovida à época da Rainha Vitória,
relacionada ao movimento de restauração que seguiu-se as revoluções políticas,
religiosas e econômicas nos séculos XVIII e XIX (Mezan, 2006). O século XIX
representa, de fato, um século de restauração dos valores abalados pelo
esclarecimento e pelas revoluções , de compromisso entre as forcas sociais e políticas
decadentes do antigo regime e a burguesia já consolidada como grupo social
dominante.
Contemporaneamente, foram profundas as transformações no registro da
moral. A identificação do sujeito perante uma lei de cunho interditor dá lugar a uma
organização social que promove o prazer, o gozo, mas que, nem por isso, deixa de ser
relacionada à moralidade. Com a alteração fundamental de que o caráter repressor da
organização social não é explícito, sendo denegado ( Safatle, 2008). Neste sentido a
lei social passa a funcionar como uma espécie de imperativo perverso, que forca o
gozo como uma imposição.
O sujeito neurótico, então, guia-se por estes ideais e sofre por não conseguir
sustentá-los, por vivência-los de forma martirizante, em uma busca constante por
reconstituir o pai ou a autoridade. Ele crê na moral social, porém continuamente falha
em adaptar-se a ela, em obedecer a seus imperativos. Fracasso que é testemunhado
pela insistência dos sintomas que, como Freud argutamente observou, representam
tentativas de cura malogradas.
Na neurose obsessiva o sujeito sustenta na fantasia o ideal de um pai
primordial não castrado, e rivaliza edipicamente com este Outro absoluto (que não
há), constituindo-o como autoridade no mesmo gesto em que procura rivalizá-la,
ultrapassá-la . ( Freud, 1909/2006) , Na histeria, por sua vez, o sujeito busca apontar
a insuficiência do Outro, questionando o mestre em nome de um ideal de mestria
não marcado pela impotência ( Lacan, 1951. Já o perverso reconhece a lei social
apenas para denegá-la, para dela subtrair-se, na medida em que é o outro o castrado,
aquele que precisou se submeter, e não o próprio sujeito ( Freud 1927/2006), .
Daí a duplicidade do mecanismo de defesa perverso, a denegação, na medida
em que nele a lei simbólica é reconhecida apenas para ser pervertida. O sujeito
precisa da testemunha do outro para que este o reconheça como alguém que não se
submete, que não sofreu a perda narcísica que todos passam para adentrar na cultura.
Mas, para negar a lei, transgredi-la, ele precisa reconhecê-la.
Que o sujeito neurótico tenha que sustentar o Bem e adoeça com isto,
significa que um dos elementos fundamentais do processo clínico é propiciar a queda
deste elemento excessivo, desta identificação excessiva realizada entre o sujeito e os
ideais. Desta forma, o terreno do adoecimento psíquico revela, para Freud, a
dimensão do fracasso da moral sexual civilizada, reabrindo o terreno da cultura como
dividido. A forma como tal subversão é realizada no adoecimento malogra, já que
sua característica é a de ser experenciado pelo sujeito como “déficit” individual,
fracasso de adaptação.
Por isto qualquer compreensão individualista do adoecimento psíquico, no
sentido de remetê-lo à dimensão de déficits e transtornos relacionados ao indivíduo
enquanto entidade psicológica autônoma, tende a reforçar a razão mesma de seu
adoecimento. Pois o próprio sentido do patológico, na psicanálise, pode ser
relacionado a um processo adoecedor de individualização relacionado à conformação
do sujeito a instâncias ideais que estruturam suas identificações e, no limite, seu
ego.
De fato, a travessia do Édipo encontra obstáculos na medida em que o
narcisismo primário, característico da criança em suas primeiros anos , ao chocar-se
com interditos culturais, pode retornar através da identificação do sujeito com a
autoridade, alojando-se na subsequente constituição do ideal do eu e do supereu.
Trata-se de uma das observações mais esclarecedoras de Freud, realizada a partir de
sua leitura do caráter libidinal do ego, em Introdução ao narcisismo ( 1914/2006) e
amadurecida em suas reflexões sobre a forma como o sujeito identifica-se com um
ideal ou líder em grupos, em Psicologia do eu e análise das massas ( 1921/2006) De
fato, Freud revela a base narcísica e sexualmente “interessada” dos ideais morais.
Daí que a travessia do Édipo gere tantos impasses, inclusive no momento
estruturalista de Lacan nos anos 50, em que o psicanalista francês buscou reler Freud
à luz da linguistica e da antropologia estruturais. Meramente identificar-se com o
agente de interdição parece reforçar, no sujeito, a fantasia e o adoecimento, já que o
objeto perdido pela imposição da Lei retorna na fantasia. Ao mesmo tempo, dar livre
vazão as expectativas do princípio do prazer e ao eu prazer da primeira infância é,
claramente, impossível, levando o sujeito ao adoecimento neurótico e a relações
narcísicas com a sexualidade e a cultura.
Ora, a cena em que o sujeito situa-se no Édipo é, portanto, trágica, já que a
única saída deste impasse estrutural é, justamente, seu reconhecimento, concomitante
à afirmação de que o sujeito é divido. Nem reforço da autoridade simbólica, nem
mera liberação da sexualidade reprimida, portanto, mas manejo, arranjo,construção
de um saber fazer com o conflito que não constitua uma tentativa de negá-lo. Daí que
muitos analistas tenham apontado em soluções “paradoxais”para o final de análise,
através de expressões como identificar-se com o sintoma ( Lacan, 1975-1976/ 2007),
ou postulando um saber fazer com este(Miller, 2005), já que a ideia da mera
eliminação do sintoma acarreta no reforço dos ideais de cura e bem estar.
Não nos parece por acaso que que Lacan tenha começado um remanejamento de
sua leitura estruturalista do complexo de Édipo através, justamente, de seminários
que tem em pecas trágicas seu ponto de orientação, na sequência que vai de Hamlet ,
no Seminário VI, passando por Antígona de Sófocles, no VII, chegando até a trilogia
dos confoutayne, de Claudel, no Seminário VIII. Lacan busca no teatro trágico formas
de se pensar a relação entre o desejo e a Lei paterna, a autoridade simbólica, que
recusem a alternativa conformação/ transgressão, ou que apontem as consequências
de uma forma maniqueista de ler o impasse entre vida pulsional e imperativos morais.
Trata-se, sobretudo, de apontar as consequências clínicas de tais leituras redutoras do
sofrimento psíquico.
Fuga do laco: sofrimento como interioridade.

O sofrimento psíquico de caráter neurótico caracteriza-se em um aspecto


fundamental por uma fuga dos impasses relacionados a entrada do sujeito no laço
social, impasses que reaparecem, na clínica, no retorno de questões edípicas através
do laço transferencial com o analista. O retorno do Édipo significa, na leitura que
propomos, que a não elaboração do narcisismo e do complexo de castracão recoloca
o sujeito continuamente perante os impasses que Freud delimitou, em Análise
terminável e intermin;avel (1934), como sendo o complexo de castracao e a inveja
do pênis. A aposta clínica é a de que o laço transferencial com o analista será uma
repetição das escolhas de objetos e da constituição da fantasia do sujeito, forma
através das quais ele responde à perda inerente a travessia do complexo de Édipo.
A fuga para a fantasia, realizada pela neurose, implica que o sujeito recusa,
em parte, sua inserção no laço e sua participação nos conflitos da vida coletiva..
Aquilo que Lacan, em sua análise do homem dos ratos, chama de mito individual do
neurótico, implica que o sujeito neurótico relaciona-se prioritariamente com seus
fantasmas individuais, negando a alteridade do laço social.
Na neurose, como coloca Freud em Introdução ao narcisismo, o sujeito recalca
seu investimento no objeto da realidade, mas conserva na fantasia uma versão ideal
do objeto. Na psicose não ocorreria esta substituição do objeto real pelo objeto no
fantasma, mas sim regressão direta ao narcisismo, e posterior constituição do delírio,
igualmente marcado pelo caráter mortífero do narcisismo. Na psicose há
rompimento mais profundo com a laço social, em um fenómeno que Freud descreve
através da bela expressão “crepúsculo do mundo”, procurando caracterizar o
momento de crise psicótica no caso Schreber. Daí que em a perda da realidade na
neurose e na psicose, Freud afirme que o neurótico entra em conflito o id, com seus
fantasmas, enquanto o psicótico, com a realidade, substituindo-a pelo delírio.
Já na perversão o sujeito mantém o investimento em um objeto real, mas é este
objeto da realidade que surge como fantasma, como encarnação fálica do pênis
materno, conforme Freud coloca o artigo de 27, o Fetichismo. Na perversão o sujeito
realiza aquilo a respeito de que o neurótico fantasia, relacionado-se com o outro
através do semblante de que tem seu narcisismo intacto, de que não passa pela
dimensão da perda inerente à construção do laço. O perverso, denegando a castracao
simbólica, “traveste” o objeto castrado como objeto fálico, transforma o outro em
objeto para, elevando-o ao estatuto de objeto do gozo, fazer-se reconhecido como
mestre capaz de instrumentalizar sua relação com o sexo.
Ora, em todas estas formas em que Freud realiza a leitura psicanalítica do
sofrimento psíquico, nos deparamos com uma recusa do laço que caracteriza-se pela
regressão ou fixação do sujeito no eixo narcísico da experiência. Regressão que pode
constituir-se, inclusive, como experiência coletiva, como laço social baseado na
recusa da alteridade e da perda narcísica representada pelo inconsciente.
Como Freud trabalha em psicologia das massas e analise do eu, tratam-se de
formas de laço que prometem, pela identificação dos sujeitos com o líder e seus
ideais, a recuperação do narcisismo primário perdido da infância, sustentada pela
expulsão da diferença como ameaça, inimigo. A regressão narcísica leva o sujeito a
expulsar sua divisão transformando-a, através da identificação com o lider ou ideal,
em um conflito com o inimigo exterior. A realidade passa a dividir-se, então, entre um
bem interno e o mal externo, e o mito individual do neurótico torna-se ideal coletivo.
Daí que tais soluções sejam, também, uma “cura” para o sujeito divido, forma
de ludibriar o mal estar na cultura e o caráter estrutural do conflito. Razão pela qual
também a psicanálise, como temos argumentado, fundamenta-se através de uma
crítica das idealizações e ideais, seja na clínica, seja na cultura.
A experiência primeira da neurose que Freud elabora em sua clínica,
entretanto, é do sujeito que não encontra tal “cura” através de uma autoridade capaz
de autenticar a negação do mal estar e a expulsão da divisão. Trata-se do sujeito cujo
fantasiar cria dificuldades para sua inserção no laço e que vive, portanto,à espera de
uma autoridade capaz de nomear seu mal estar, suturar sua divisão. Daí que ele
encontre o analista esperando que este coloque-se como mestre, sendo o processo
clínico propiciado justamente pela frustração que o analista realizada da demanda do
sujeito.
De fato, desde que descobriu o inconsciente, propondo-o não como
subproduto do adoecimento, mas como dado estrutural da subjetividade, Freud se
deparas com os limites da constituição unitária do ego, reintroduzindo o conflito
psíquico que a mitologia moderna do indivíduo autônomo buscou negar. Mitologia
expressa na narrativa “prometéica” do homem racional e consciente de si, capaz de
negar o peso da tradição, dos valores religiosos, da superstição, constituindo-se como
causa sui. ( BERMAN, MARSHAL).
É importante salientar que o conceito propriamente psicanalítico de
inconsciente, em Freud, é proposto quando este abandona a ideia de que o
inconsciente seria o produto de um trauma externo que criaria uma dissociação
psiquica, dividindo o sujeito entre um núcleo normal da subjetividade e outro,
expulso da consciência, relacionado ao patológico. No momento em que observa o
caráter fantasmático de grande parte das cenas traumáticas rememoradas através do
método catártico, a ideia de inconsciente deixa de ser remetida ao patológico como
campo exterior à subjetividade, passando a ser compreendida como universal, como
inerente à própria constituição do sujeito, compreendido como ser ao mesmo tempo
sexual e cultural.
Isto é, mesmo antes de haver proposto o conceito de narcisismo a partir de
1914, já no momento inaugural do método psicanalítico, Freud se confronta com os
limites da ficção do ego como agente unitário, constituindo tal ficção o verdadeiro
agente do excesso de repressão e idealização observado na neurose. Daí que exista,
inerente ao movimento da clínica freudiana, a ideia do ego como agente de expulsão
de uma negatividade que retorna nos sintomas, mas que tem também no fantasma um
de seus testemunhos indiretos. Afinal, o sujeito busca, na fantasia, justamente,
preservar o caráter ideal do objeto perdido.
Como Freud coloca em escritores criativos e devaneio, uma das características
do neurótico é a de que este fantasia de forma excessiva, sua relação com o objeto é
sempre mediada pelo fantasma edípico, já que viver a fantasia traz a vantagem de não
expor-se às vicissitudes da vida. Freud afirmará, portanto, em sua obra que uma
das características definidoras da neurose, mas também da psicose e da perversão, é o
excesso de interioridade em que o sujeito se recusa, de formas variadas, a participar
das trocas sociais e simbólicas, sendo a realidade recoberta pelo fantasma, pelo
delírio ou pelo objeto fetichista.
Esta relação entre adoecimento, moralidade e individuação, portanto, é
constitutiva do próprio campo da psicanálise e seu tratamento. Na histeria “clássica”,
na raiz do mal estar excessivo e do adoecimento neurótico, Freud encontra
exigências morais insustentáveis aliada a impossibilidade do sujeito de relacionar-se
com sua própria sexualidade fora da idealização e da fantasia..
O aspecto cultural de tal afecção salta aos olhos, dado o caráter epidêmico da
histeria no final do século XIX. E apenas o estabelecimento desta relação, entre ideais
morais e adoecimento, por parte de Freud, já marca um olhar inédito trazido pela
psicanálise às formas de sofrimento psíquico. Ela significa que certas formas
culturais privilegiariam certas maneiras de adoecimento, e que o sofrimento psíquico
varia de acordo com cada laço social.
O que permanece invariável, entretanto, é a hipótese do conflito psíquico e do
inconsciente, cuja consequência, elaborada explicitamente em 1930 em o Mal estar
na civilização, é a de que existe um mal estar estrutural, irremediável. As relações
entre as dimensão pulsuonal do sujeito e as demandas civilizadas são
intrinsecamente conflituais, de forma que todo laço implicará, necessariamente,
alguma forma de sofrimento psíquico “normal”, tornando-se este irreal ou excessivo,
perante as demandas impossíveis da civilização, ao peso que a dimensão dos ideais
confere aos sujeitos .
Pensamos, desta forma, que é possível argumentar que a psicanálise
possui uma leitura política a respeito das formações sociais, e que esta ideia implica
na subversão da moral e dos ideais, subversão esta que, em nossos tempos, concentra-
se na relação entre ideal social e narcisismo; época em que os ideias coletivos dos
tempos de Freud não deram lugar a uma sociedade desencantada, esclarecida, como
parecia dizer a agora já longínqua afirmação de Fukuyama de que a após a queda do
muro de Berlim assistiríamos ao fim da história, com o triunfo da democracia e do
mercado global. Pelo contrário, a crise dos ideias coletivos foi substituída por uma
sociedade narcísica( referncias).
De qualquer forma, a psicanálise não constitui-se como prática de readaptação
do sujeito ao laço social, mas sim de subversão daquilo que, neste laço, na forma
como o sujeito experiência e interioriza os valores inerentes ao laço, tornou-se
insuportável e desencadeou a fuga para a doença, como processo de exacerbação da
fantasia e recusa da realidade.

----------
PODE TERMINAR AQUI.

Se o sujeito foge para a doença, se existe o “ganho secundário da doença” que


é tão evidenciado por Freud, é porque encontra nos ideais sociais impasses que, em
algum momento, tornam-se insuportáveis, mas para a qual o adoecimento constitui
uma resposta insatisfatória. A imagem que Lacan explora, em seu texto função e
campo da fala e da linguagem na psicanálise, e que de fato é ilustrativa do
mecanismo de adoecimento psíquico para a psicanálise, é aquela do avestruz, que
enfia a cara na terra para “fugir”das ameaças da realidade.
Por isto a forma inaugural em que a psicanálise constitui-se, em Freud, é
através da cena da análise das histéricas, que não cessam de denunciar, através de seu
adoecimento, a moral patriarcal da civilização vitoriana . Forma fundamentalmente
ambígua de denúncia, que serve de crítica e confirmação deste laço: através da
enfermidade o sujeito produz um furo no saber do Outro como autoridade,
denunciando-o como impotente, mas demanda, ao mesmo tempo, uma autoridade
completa que suturasse o não saber inerente ao desejo.
Como coloca Lacan, a histérica, em sua crítica ao mestre, enquanto o destitui
de um lugar privilegiado, demanda um mestre de verdade, uma autoridade sem
falhas. Daí a fuga para a fantasia, a dificuldade em lidar com o objeto real e de
transformar a própria realidade, e a proposta da clínica como elaboração e queda do
fantasma, ou, como Lacan a resumiu, travessia da fantasia. O encontro com a
castracao marca a possibildiade do sujeito amar, desejar, fora do eixo das
idealizacacões e das identificações narcísicas.
O sintoma, então, ao mesmo tempo denuncia o laço social e o reforça,
confirma. Na contemporaneidade tal característica é evidente na produção em escala
epidemia da depressão, por exemplo ( Khel, Dunker): o indivíduo deprimido vem
denunciar que algo não vai bem com nossa “moral sexual” contemporânea, ao
mesmo tempo em que permanece preso a esta mesma moral, já que o sofrimento do
depressivo possui marcadas características narcísicas.

Indivíduo, modernidade e sofrimento.

O recurso à doença, em Freud, é fundamentalmente caracterizado por uma


fuga para a “interioridade”, um processo de individuação que nunca se efetua
propriamente, já que o sintoma sempre vem reabrir a feriada no sujeito e a
necessidade de endereçamento simbólico de seu mal estar. Ora, não se trata de
patologizar esta defessa do sujeito ou sua capacidade de construir fantasias e muito
menos o sintoma, mas sim de reconhecer que eles são testemunha de um impasse
estrutural. Movimento que é realizado na própria clínica, quando a interpretação dos
sintomas assim como a elaboração do sujeito vai na direcção das fantasias que os
sustentam, isto é, daquilo que Freud nomeou através do conceito de complexo de
Édipo.
Como colocamos anteriormente, não se trata de dar sentido aos sintomas através
da construção de uma chave de leitura em que estes são remetidos sempre a uma
história privada. Como Lacan bem percebeu, a interpretação vai no sentido de
reabrir., na divisão operada pela presença do sintoma, uma Outra cena que remete a
insistência do inconsciente, do sujeito do inconsciente para além das idealizações e
do narcisismo inerentes ao ego.
Isto é, o Édipo é, no limite, uma matriz de impasses e de contradições, sendo a
fantasia ou o mito individual do neurótico uma tentativa de negar tais impasses. E a
aposta clínica vai no sentido de que, através da travessia dos fantasmas edipicos, é
possível elaborar a queda da dimensão narcísica dos ideias, tornando possível
transformar, como pedia Freud, o sofrimento neurótico em sofrimento comum.
Nisto reside a análise freudiana da construção dos sintomas como “tentativa de
cura” malograda. De fato, o modelo fundamental que Freud fornece é o do delírio na
psicose como tentativa de cura, forma através da qual o sujeito busca sair da crise
que acarreta a regressão narcísica e o abandono da realidade, restabelecendo seu
pacto com a realidade, mas sem abandonar o narcisismo, também aqui tratando-se
uma “solução de compromisso”.
É neste sentido que o caso Schreber é paradigmático: o delírio do presidente
Schreber surge como tentativa de cura que formaliza um “acordo” possível entre a
vida pulsional do sujeito e os ideais através dos quais construiu sua imagem de si, seu
ego. O delírio é, também, uma solução de compromisso ou, como dirá Lacan anos
depois, uma suplência, uma costura possível, aquela que é possível para o sujeito
psicótico.
É preciso enfatizar, aqui, algo que nos parece fundamental e de fato nos
permite insistir na ideia de subversão psicanalítica, ou de que a psicanálise marca
uma nova forma de relação com o patológico, na cultura. Trata-se de uma
despatologizacão radical do negativo, do mal estar, que é empreendida por Freud.
Não apenas Freud enxerga racionalidade nos delírios, sintomas, fantasmas, etc,
como , ao apreende-los como “soluções de compromisso”, como testemunhas da
negociação entre as necessidade de satisfação pulsional e as imposições da cultura e
de seus ideais, os compreende como formas silenciadas que o sujeito tem de
reconhecer este conflito e como tentativas de cura, de retorno ao laço social e
simbolizacao, portanto. O sintoma, então, é uma forma de simbolizacao, e apenas
torna-se “patológica”na medida em que é vivida pelo sujeito como excessivamente
custosa, como insuportável. Em si, ele já é um arranjo, uma forma que o sujeito
encontra de simbolizar sua relação com a cultura, sua posição sexual, seus conflitos.
Pois qualquer processo de simbolizacão constitui-se como “solução de
compromisso”entre as exigências pulsionais dos sujeitos e os ideais culturais, como
negociação aonde está implicado o reconhecimento da castracão, da falta. A
dimensão patológica do sintoma, portanto, não se encontra na dimensão do conflito
e da “solução de compromisso” em si mesmos, mas sim em seu não reconhecimento,
sua negação realizada em nome de uma preservação dos ideais culturais.
Tal despatologizacao relaciona-se justamente ao reconhecimento do caráter
estrutural do conflito. A divisão entre inconsciente e consciente, e aquela entre as
necessidade pulsionais de satisfação e a civilização, são propriamente, incuráveis.
Trata-se de uma negatividade intrínseca à própria subjetividade, que relaciona-se,
inclusive, com a potência criativa dos sujeitos e formações sociais. O que existem
são formas mais ou menos “bem” sucedidas de relacionar-se com este divisão, de
reconhecê-la e utilizá-la como causa e condição para o amor, a criatividade, ou de
negá-la, expulsando-a como um mal absoluto, um estranho no sujeito ou no laço que
deve ser expurgado.
Em termos do que havíamos trazido anteriormente, sobre a relação entre o
adoecimento e a individuação, é correto dizermos que a fuga para a doença, para a
fantasia ou o delírio, constitui uma reposta malograda a um conflito, então, que é
fundante da própria cultura. Mas que no próprio adoecimento vemos reabrir aquilo
que o sujeito, em um primeiro momento, buscou excluir, isto é, sua divisão.

Conclusão.

A relação entre a dimensão moral e o adoecimento psíquico é inerente a obra de


Freud e à própria descoberta do inconsciente, já que este significa que Freud situa o
sujeito dentro de um paradigma conflitual, em que este é necessariamente divido e,
portanto, nunca plenamente absorvido, capturado, pelas demandas morais. Tal tese,
nos parece, é tão importante para a clínica clássica de Freud quanto para a clínica dos
casos contemporâneos, em que assiste-se, cada vez mais, a sujeitos capturados no
discurso moral através da promessa de realização narcísica.
De fato, neste sentido a psicanálise não é, e nunca foi, uma psicologia do
indivíduo, na medida em que o próprio conceito de indivíduo, cuja importância é
central para a modernidade, sinaliza uma espécie de ficção, de ideal que é preciso
subverter para encontrar o que a psicanálise, com Lacan, chama de sujeito. Desta
foram, o indivíduo, refém da ilusão de unidade, precisa excluir o campo do
pulsiuonal, do inconsciente mesmo, em uma tentativa sempre fracassada de reparar
seu dano narcísico, de suturar a feriada narcísica que Freud, no texto de 1917
Dificuldades no caminho da psicanálise, situa no centro do “progresso” ético possível
da humanidade.
Ora, podemos afirmar que Freud pensa a clínica a partir do reconhecimento
e elaboração simbólica da perda desta dimensão narcísica, perda esta que Lacan
nomeia, posterioramente, de “travessia da fantasia”. Atravessar o fantasma, então,
corresponde a simbolizar a perda narcísica que o fantasma busca suturar, E uma das
consequências subversivas da psicanálise foi haver mostrado como a dimensão
moral da cultura pode ser adoecedora, na medida em que constitui uma projeção dos
ideais narcísicos do homem.
O sujeito torturado pelo Bem é aquele que busca expulsar o o mal de si ou do
Outro, que recusa sua divisão como patológica. Desta forma, uma das subversões
operadas pelo discurso freudiano foi justamente haver mostrado a base narcísica,
“humana demasiado humana”, para falarmos com Nietszvhe, destes ideais, e que as
tentativas de eliminação do estranho e do diferente são sempre malogradas,
condenando o sujeito a um trabalho de expulsão virtualmente infinito.
Lacan já havia dito, em um texto inaugural, função e campo da fala e da
linguagem em psicanálise, que “deve renunciar a psicanálise aquele que não puder
compreender o horizonte da subjetividade de sua época”, e pensamos que tal assertiva
é seminal para que possamos pensar a psicanálise e de sua clínica no mundo
contemporâneo.
Mundo em que as demandas narcísicas colocadas pelo laco social acarretam em
novas formas de adoecimento que podem ser compreendidas, em termos da
metapsicologia freudiana, como formas de retorno da divisão do sujeito e do conflito
psíquico em uma época em que, supostamente, o paradigma psicanalítico do sujeito
do inconsciente, isto é, do sujeito “edipiano” e divido, teria sido superado.

Você também pode gostar