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DICIONÁRIO

DA
PSICANÁLISE
PARTE 1

Por Adélia Tabaczinski

@egolaboficial

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SUMÁRIO

1 Acting out.....................................................3
2 Análise leiga.................................................4 
3 Bixessualidade.............................................5
4 Castração......................................................6
5 Clivagem.......................................................7
6 Desejo...........................................................8
7 Desestimação...............................................9
8 Eu (EGO)........................................................10
9 Falo................................................................11
10 Fantasia.......................................................12
11 Fixação........................................................13
12 Identificação...............................................14
13 Inconsciente...............................................15
14 Isso (ID).......................................................16
15 Metapsicologia...........................................17
16 Pulsão..........................................................18
17 Recalque x Repressão...............................19
18 Repetição....................................................20
19 Resistência..................................................21
20 Supereu (Superego)..................................22
21 Transferência.............................................23
22 Trauma.......................................................24
Acting Out
Noção criada pelos psicanalistas de língua inglesa e depois
retomada tal e qual em francês, para traduzir o que Sigmund Freud
denomina de colocação em prática ou em ato, segundo o verbo
alemão agieren. O termo remete à técnica psicanalítica e designa a
maneira como um sujeito passa inconscientemente ao ato, fora ou
dentro do tratamento psicanalítico, ao mesmo tempo para evitar a
verbalização da lembrança recalcada e para se furtar à
transferência. No brasil também se usa “atuação”.
Foi em 1914 que Freud propôs a palavra Agieren (pouco corrente em
alemão) para designar o mecanismo pelo qual o sujeito põe em prática
pulsões, fantasias e desejos. Aliás, convém relacionar essa noção com a
de ab-reação (Abreagieren). O mecanismo está associado à
rememoração, à repetição e à elaboração (ou perlaboração). O paciente
“traduz atos” aquilo que esqueceu: “É de se esperar, portanto”, diz Freud,
“que ele ceda ao automatismo de repetição que substitui a compulsão à
lembrança, e não apenas em suas relações pessoais com o médico, mas
também em todas as suas ocupações e relações atuais, bem como
quando, por exemplo, lhe sucede apaixonar-se durante o tratamento.”
Para responder a esse mecanismo, Freud preconiza duas soluções:
(1) fazer o paciente prometer, enquanto se desenrola o tratamento,
não tomar nenhuma decisão grave (casamento, escolha amorosa
definitiva, profissão) antes de estar curado; (2) substituir a neurose
comum por uma neurose de transferência, da qual o trabalho
terapêutico o curará. 3
Análise leiga
Chama-se análise leiga ou análise profana, ou ainda psicanálise
leiga ou profana, à psicanálise praticada por não-médicos. Os dois
adjetivos (leiga e profana) significam também que a psicanálise, na
ótica freudiana, é uma disciplina perfeitamente distinta de todos os
tratamentos da alma e de todas as formas de confissões
terapêuticas ligadas às religiões. Por conseguinte, ela deve
construir seus próprios critérios de formação profissional, sem se
subordinar nem à medicina (da qual a psiquiatria faz parte) nem a
qualquer religião, seja esta ligada ao protestantismo, ao
catolicismo, ao judaísmo, ao islamismo ou ao budismo, nem
tampouco as religiões animistas ou às seitas.
Sob esse aspecto, a única formação aceitável para um psicanalista,
sejam quais forem seu grau universitário e sua religião, é submeter-
se a uma análise e, em seguida, a uma supervisão.

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Bissexualidade
Termo proveniente do darwinismo e da embriologia, e adotado
pela sexologia no fim do século XIX (simultaneamente a
homossexualidade e a heterossexualidade), para designar a
existência, na sexualidade humana e animal, de uma predisposição
biológica dotada de dois componentes: um macho ou masculino e
um fêmea ou feminino. Por extensão, fala-se de bissexualidade para
designar uma forma de amor carnal entre pessoas que ora
pertencem ao mesmo sexo, ora ao sexo oposto. Retomado por
Sigmund Freud e por todos os seus sucessores como um conceito
central da doutrina psicanalítica da sexualidade, ao lado dos de
libido e pulsão, foi progressivamente utilizado para designar uma
disposição psíquica inconsciente que é própria de toda a
subjetividade humana, na medida em que esta se fundamenta na
existência da diferença sexual, isto é, baseia-se na necessidade de o
sujeito fazer uma escolha sexual, quer através do recalque de um
dos dois componentes, quer, ainda, através de uma renegação da
realidade da diferença sexual.

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Castração
Freud denominou complexo de castração o sentimento inconsciente de
ameaça experimentada pela criança quando ela constata a diferença
anatômica entre os sexos. Menino fica com medo de perder seu pênis,
pois vê que a menina não tem e a menina fica na ilusão que o seu pênis
irá nascer. A castração configura o fim do Édipo do menino, pois com
medo de perder o falo ele abre mão das suas pretensões libidinais com a
mãe e o seu Édipo se resolve. Na menina o complexo de castração é o
início do seu Édipo, ela se decepciona com mãe “que não deu um falo
para ela” e então se volta ao pai.

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Clivagem
Expressão usada por Freud para designar um fenômeno encontrado
sobretudo no fetichismo e nas psicoses, e que implica na coexistência no
ego de duas atitudes psíquicas contraditórias em relação á realidade
externa, estão em jogo: ou uma realidade insuportavelmente dolorosa, ou
uma demanda pulsional extraordinariamente intensa, causando uma cisão
na qual, por um lado, é mantido o reconhecimento da realidade e, por outro
há uma negação da realidade em questão, com a colocação, em seu lugar, de
um produto desejado. Essas duas atitudes persistem lado a lado sem se
influenciarem reciprocamente. Os estudos de Breuer e Freud sobre a
histeria já faltavam de alterações da consciência, em que a clivagem do ego
leva à formação de grupos psíquicos separados. Mais tarde, nos artigos
fetichismo (1927). A divisão do ego no processo de defesa (1940[1938]) e
Esboço da psicanálise (1940[1938]), Freud define mais precisamente o
mecanismo de clivagem com o resultado de um conflito entre ego e a
realidade. Mesmo nas psicoses, o ego não consegue desligar-se totalmente
da realidade, o que implica manter uma parte em contato, ao mesmo tempo
em que a outra, sob influência das pulsões, desliga o ego da realidade,
produzindo uma nova realidade delirante. No fetichismo, a realidade
recusada é a diferença entre os sexos, ou seja, a falta de pênis nas mulheres,
fonte de intensa angústia de castração. O fetiche surge como um substituto
do pênis, ao mesmo tempo em que se mantem conhecimento de que as
mulheres não tem pênis, Freud chama atenção para o fato de que, apesar de
a clivagem ser fundamental para os estudos psicóticos e perversos,
encontra-se em menor intensidade, nos estados neuróticos.

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Desejo
Para Freud, essa ideia é empregada no contexto de uma teoria do
inconsciente para designar ao mesmo tempo, a propensão e a realização
da propensão. Nesse sentido, o desejo é a realização de um anseio ou voto
inconsciente. Lacan, conceituou a ideia de desejo em psicanalise a partir
da tradição filosófica, para dela fazer a expressão de uma cobiça ou
apetite que tendem a se satisfazer no absoluto, isto é, fora de qualquer
realização de um anseio ou de uma propensão. Segundo essa concepção
lacaniana, emprega-se a palavra desejo no sentido de desejo de um
desejo.(Roudinesco, Plon – Dicionário de Psicanálise). O desejo é sempre
um retorno. É uma volta daquela experiência que um dia se formou e que
deixou um traço mnêmico. Esse traço precisa ser repetido para que o
desejo então se realize. Freud explicou mais sobre o Desejo no texto de
1900 – Interpretação dos Sonhos, onde o mesmo vai dizer que o sonho é
uma realização alucinada de um desejo, para produzir essa regressão.

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Desestimação
Diversamente do que ocorre no mecanismo de repressão, na
desestimação, aquilo que é rejeitado não se integra ao inconsciente do
indivíduo, retornando do real como alucinação e não do “interior”.
Expressões como “desinvestimento da realidade” ou “perda da realidade”
referem-se a esse mecanismo primitivo de separação e rejeição, para o
exterior, da percepção insuportável. Do ponto de vista econômico, Freud
diz que há um desinvestimento da percepção e um retraimento narcísico
da libido. Sugere uma recusa em atribuir sentido ao que foi rejeitado.
Laplanche e Pontalis (1983) definem a desestimação como um
mecanismo específico que origina o “fato” psicótico, consistindo numa
rejeição primordial de um “significante” fundamental, por exemplo, o
falo, como significante do complexo de castração. Valls (1985) conceitua
a desestimação como um processo de não aceitação, por parte do eu
consciente, de alguém dado da realidade, por exemplo, a diferença entre
os sexos (como nas perversões sexuais), ou de algo doloroso como a perda
de um ser amado (confusão alucinatória). A realidade rechaçada é tapada
por outra percepção (o fetichismo, no fetichismo; o pênis, na
homossexualidade; a alucinação do objeto perdido, na psicose).

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Eu (EGO)
Termo empregado na filosofia e na psicologia para designar a pessoa
humana como consciente de si e objeto do pensamento. No Brasil
também se usa “ego”. Retomado por Freud, esse termo designou, num
primeiro momento, a sede da consciência. O eu foi então delimitado num
sistema chamado primeira tópica, que abrangia o consciente, o pré-
consciente e o inconsciente. A partir de 1920, o termo mudou de estatuto,
sendo conceituado por Freud como uma instância psíquica, no contexto
de uma segunda tópica que abrangia outras duas instâncias: o supereu
(superego) e o isso (id). O eu tornou-se em grande parte, inconsciente.Essa
segunda tópica (eu/isso/supereu) deu origem a três leituras divergentes
da doutrina freudiana: a primeira destaca um eu concebido como um
polo de defesa ou de adaptação à realidade; a segunda mergulha o eu no
isso, divide-o num eu e num Eu, este determinado por um significante; e
a terceira inclui o eu numa fenomenologia do si mesmo ou da relação de
objeto.

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Falo
Diversas palavras são empregadas para designar o órgão masculino. Se a
palavra pênis fica reservado ao membro real, a palavra falo, derivada do
latim, designa esse órgão mais no sentido simbólico. Conceito polêmico e
complexo. Freud foi muito criticado por esse conceito e até mesmo
acusado de misoginia (ódio as mulheres).Lacan faz uso do termo, mais
que o próprio Freud. Lacan fez dele, a partir de 1956, o próprio
significante do desejo, aplicando-lhe uma maiúscula e o evocando, antes
de mais nada, como o “falo imaginário” e depois como o “falo da mãe”,
antes de passar finalmente à ideia de “falo simbólico”. Foi assim que ele
revisou a teoria freudiana dos estádios, da sexualidade feminina e da
diferença sexual, mostrando que o complexo de Édipo ou de castração
consiste numa dialética “hamletiana” do ser: ser ou nãor ser o falo, tê-lo
ou não o ter.

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Fantasia
A noção de fantasia está ligada ao abandono de uma primeira ideia que
Freud tinha sobre a origem traumática dos sintomas e a ligação dos
sintomas com a sexualidade. Ele entendia que teria havido sempre a
intrusão e/ou sedução de um adulto em relação a uma criança, e que isso
teria ocorrido de verdade. Por fim, Freud começou a perceber e se
questionar se essas cenas haveriam ocorrido na realidade. Freud se
questiona: “Se isso não aconteceu, por que meus pacientes trazem esses
fatos com tanta frequência?” Então ele intui que isso possa ser uma
fantasia de sedução. Desenvolvendo então esse conceito, ele vai chegar
na existência de três fantasias:1) Fantasia de sedução: Origem do desejo;2)
Fantasia da cena primária: referente ao desejo desse pai e dessa mãe para
o nascimento desse filho;3) Fantasia de castração: entender qual a
relação simbólica da diferença entre os sexos e na diferença entre os
gêneros. A fantasia é o conceito chave para a direção do tratamento, pois
todo os sintoma está multideterminado por várias fantasias, assim como
uma fantasia multidetermina muitos sintomas.

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Fixação
Fixação um termo que aparece nos anos de 1905, para explicar porque
algumas fantasias se estabelecem de um modo preferencial para um
sujeito num determinado momento do sua constituição psíquica. Então o
ponto de fixação é a escolha entre as diferentes modalidades de prazer e
de satisfação que vai funcionar como um ponto de regressão, ou seja,
diante das frustrações, diante dos fracassos, diante da castração, o sujeito
vai recorrer uma espécie de satisfação substitutiva. Como se ele dissesse
“Eu não posso ter acesso a isso, mas eu posso voltar na minha história,
em momentos privilegiados de satisfação e me contentar com isso”.
Portanto esse ponto que a gente volta para se defender da castração e da
falta de desejo, Freud chama de ponto de fixação, ele também é o ponto
de implantação de uma espécie de fantasia fundamental ao qual o sujeito
volta a se agarrar diante das mazelas que a vida lhe apresenta.A fixação é
responsável também, por um dos aspectos que Freud considerava mais
difícil de ser curado pela própria psicanálise que ele chamava de
aderência da libido, e inércia da libido. Esse caráter repetitivo e
monótono nos nossos fracassos e frustrações, pode se atribuir o conceito
de fixação.

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Identificação
Termo empregado em psicanálise para designar o processo central pelo
qual o sujeito se constitui e se transforma, assimilando ou se
apropriando, em momentos-chave de sua evolução, dos aspectos,
atributos ou traços dos seres humanos que o cercam.

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Inconsciente
Para explicar o inconsciente usei a fonte primordial desse assunto, o
texto de Freud “O Inconsciente (1915)”.No artigo, Freud explica o
inconsciente (ics) levando em consideração mais dois sistemas: o
consciente (cs) e o pré-consciente(pcs). O ics só pode ter acesso a partir do
sistema pcs/cs, que esses sistemas por sua vez impõem uma censura
fazendo com que os conteúdos se tornem distorcidos e modificados na
consciência. O determinismo psíquico orienta todo o raciocínio
freudiano para chegar ao conceito de Inconsciente. Segundo este
princípio, para todo evento há uma causa. Nada ocorre ao acaso. Se um
evento parece ocorrer espontaneamente, isto se deve aos elos entre os
eventos e pensamentos anteriores, ocultos no inconsciente. Sempre há
uma conexão entre os pensamentos, e tal conexão pode ser explicada a
partir da hipótese ou “suposição do inconsciente”. O INCONSCIENTEO
inconsciente cria barreiras para que a ideia não venha a cs. “A essência
do processo de repressão não está em pôr fim, em destruir a ideia que
representa um instinto, mas em evitar que se torne consciente.” “A fim de
que isso aconteça, a pessoa sob análise deve superar certas resistências
— resistências como aquelas que, anteriormente, transformaram o
material em questão em algo reprimido rejeitando-o do consciente.” No
inconsciente estão desejos que não são admitidos na consciência, e
passam por um processo de desligamento. A coisa e a palavra são
desconectadas. O analista trabalha acessando o inconsciente de cada
paciente, através de lacunas, como os atos falhos, os sonhos, os chistes. O
inconsciente se manifesta na linguagem verbal e não verbal. O objetivo
do analista é ajudar o paciente a dar palavra onde não tem palavra.

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Isso (ID)
Podemos ver o conceito de Freud sobre o ID, no texto o Ego e o Id (O Eu e
o Isso) (1923). Esse conceito foi trazido por Geog Groddeck um dos
discípulos de Freud. A fundamentação do ID se dá pelo entendimento de
um princípio originário das nossas pulsões. É o ponto onde o somático e
o psíquico se encontram, onde está as inscrições das representações no
corpo e onde o recalque originário ocorreria. Um conceito dirigido a
força motriz, causal dos nossos desejos, de natureza quantitativa, isto
quer dizer, está ligado a quantidade de libido que está disponível a
alguém (@chrisdunker).A introdução do conceito de “Isso” (ID) por Freud
na teoria psicanalítica está intrinsecamente ligada à grande
reformulação dos anos de 1920-1923. Sabendo que essa se caracteriza
pela modificação da teoria das pulsões, pela elaboração de uma nova
psicologia do eu, que levava em conta suas funções inconscientes de
defesa e recalque, e pela definição de uma nova tópica, na qual o “Isso”
(ID) veio ocupar o lugar que fora do inconsciente na tópica anterior.

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Metapsicologia
Inspirada e equivalente aos conceitos da metafísica. Na metapsicologia
se encontram conceitos básicos da psicanálise. Diferente da metafísica,
Freud argumentava que a metapsicologia seria um saber aberto a
experiência, a revisões sistemáticas e decorrentes principalmente da
vivência clinica. Essa teoria para Freud, era compatível com a ciência, e
não com a filosofia, religião, artes ou figuras de opinião. @chrisdunker
Podemos dizer, que apesar de ser considerado uma ciência, o nome
Metapsicologia, remete a algo não palpável e nem visível, porém
explicável. “Pesquisa especulativa que visa esclarecer a dinâmica,
topografia (id, ego, superego) e economia (quantidade de energia psíquica
ou investimento) dos processos psíquicos [A criação deste termo por
Sigmund Freud é um dos marcos do advento da psicanálise.].”No
dicionário de psicanálise (Roudinesco, Plon): “Termo criado por Freud,
em 1896, para qualificar o conjunto de sua concepção teórica e distingui-
la da psicologia clássica. A abordagem metapsicológica consiste na
elaboração de modelos teóricos que não estão diretamente ligados a uma
experiência prática ou a uma observação clínica: ela se define pela
consideração simultânea dos pontos de vista dinâmico, tópico e
econômico.”

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Pulsão
Um conceito que está bem desenvolvido no trabalho chamado , Três
Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (Freud, 1905). Onde Freud diz que
a sexualidade humana não está baseada em instintos, como nos animais,
mas sim está baseada nas pulsões. Para melhor compreensão, podemos
dizer que um instinto são comportamentos inatos que fazem o animal
conservar a espécie (sexual e de agressividade). Já a pulsão é uma
desnaturalização do instinto. O instinto atende apenas as necessidades e
a pulsão atende aos desejos. A pulsão tem sua fonte corporal, ligada
particularmente as nossas membranas (furos), como por exemplo, a boca,
o ânus, os olhos, ouvidos, a pele. A forma como o adulto atravessou o
corpo do bebê, determina a criação de suas zonas pulsionais e erógenas.A
pulsão sempre se dirige a um objeto, mas ela nunca encontra o mesmo. O
objeto da pulsão é indeterminado, por isso em uma análise, não posso
colocar todas as patologias em uma caixa e tratar todas as pessoas da
mesma forma, pois é um processo dinâmico e pessoal. A meta da pulsão
será sempre a satisfação. O homem busca aquilo que deseja, porém só
desejamos aquilo que nos falta. A falta nos movimenta.A pulsionalidade
humana é a origem dos conflitos, que determina a formação dos
sintomas.Durante todo trabalho de Freud, houve uma grande evolução
na sua teoria da pulsão:1905 – Pulsão sexual x Pulsão de auto
conservação 1914 – Pulsão auto erótica x Pulsão objetal. Por fim, em 1920,
todas as pulsões citadas a cima viraram Pulsão de vida que foi
contraposto com a teoria da Pulsão de Morte.1920 – Pulsão de Vida x
Pulsão de Morte
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Recalque x Repressão
Esses dias assisti a uma aula de psicanálise, onde o palestrante falou que
recalque e repressão eram as mesmas coisas. Isso me trouxe um sério
desconforto, pois não são!E devido a algumas primeiras traduções
equivocadas, dessas palavras, talvez por algum tempo possa ter gerado uma
certa dúvida sobre seus significados. No livro: Freud a alma humano (nunca
cheguei a ler), ele trás os erros de tradução que tiveram na obra do Freud.
Resgatando minhas primeiras aulas na formação em psicanálise, tentando
explicar de uma forma simples, o recalque, são todos os desprazeres ligados
a moral e a ética, experiências vividas na primeira infância, onde cada um
de nós apenas recalca a ideia do objeto. O recalcamento não tem memória,
fica no inconsciente, são traumas que não querem ser lembrados. Já a
repressão, tem memória, porém o consciente retira essas informações, e
reprime para que elas não sejam lembradas, mas isso não quer dizer que
elas não possam mais ser acessadas. Podemos dizer que a repressão está no
pré-consciente e o conteúdo recalcado está no inconsciente.No dicionário
de psicanálise da Elisabeth Roudinesco e do Michel Plon eles trazem o
seguintes significados: Recalque: Para Freud, o recalque designa o processo
que visa a manter no inconsciente todas as ideias e representações ligada às
pulsões e cuja a realização, produtora de prazer, afetaria o equilíbrio do
funcionamento psicológico do individuo, transformando-se em fonte de
desprazer. Freud, que modificou diversas vezes sua definição e seu campo
de ação, considera que o recalque é constitutivo do núcleo original do
inconsciente. Repressão: Em psicanálise, a repressão é uma operação
psíquica que tende a suprimir conscientemente uma ideia ou um afeto cujo
o conteúdo é desagradável.

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Repetição
Repetição designa um movimento universal, uma pulsão que rege a
ordem biológica, psíquica, social e, até mesmo, cósmica. Há milhares e
milhares de anos a terra repete invariavelmente a mesma órbita elíptica
ao redor do sol. Analogamente, a historia da humanidade repete
constantemente os mesmos conflitos e as mesmas soluções precárias. E
mais próximo de nós, nosso corpo repete incansavelmente, desde o
nascimento até a morte, os mesmos gestos vitais, comer, evacuar, dormir,
respirar. Nosso corpo repete e, graças à repetição consolida-se um corpo.
Da mesma forma nosso psiquismo experimenta, ao longo da vida, os
mesmo sentimentos, pensamentos e atos. (J. D. Nasio)A preocupação
sobre o assunto repetição, começa a aparecer, a partir da década de 10,
quando Freud passa seu foco de estudos da histeria para a neurose
obsessiva. Onde as formações de pensamento, as formações obsessivas e
compulsivas tem uma estrutura muito fortemente associadas com a
repetição. E ele percebe que a repetição não é apenas um principio que
está ligado a própria definição de desejo, que um retorno a traços
mnêmicos de satisfação. Freud confirma que o desejo é repetição, mas
também quando ele define o conceito de pulsão e vai dizer que a pulsão é
um retorno a um modo de satisfação anterior.O conceito de repetição,
vai ganhar um reforço na obra conceitual de Freud a partir do texto
Além do principio do prazer (1920).

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Resistência
Freud define o tratamento psicanalítico como aquele que opera por meio
da transferência, e com aquele que leva em conta a resistência, ou seja,
qual o motivo de alguém para não lembrar das suas primeiras
experiências, qual o motivo para alguém não querer saber dos seus
impulsos hostis, qual o motivo faz com que esqueçamos das nossas
fantasias e tornamos inconscientes e recalcadas. Esse motivo clinico é
chamado por Freud de resistência. A resistência ocorre dentro da
transferência. Um exemplo de resistência é quando repetimos as mesmas
histórias. A repetição é um mecanismo de resistências, repetimos para
não lembrar do que interessa.Por fim, a resistência é um termo
empregado em psicanálise para designar o conjunto das reações de uma
analisando cujas manifestações, no contexto do tratamento, criam
obstáculos ao desenrolar da análise

21
Supereu (Superego)
Conceito criado por Sigmund Freud para designar uma das três
instâncias da segunda tópica, juntamente com o eu (ego), isso (id). O
supereu mergulha suas raízes no isso e, de uma maneira implacável,
exerce as funções de juiz e censor em relação ao eu.Resumidamente: O ID
são as pulsões, o Superego a lei e o Ego aquele que trabalha para, de certa
forma, satisfazer ambos dentro de uma realidade aceitável.o Superego
age como parte da estrutura da personalidade cultural do indivíduo,
representando a construção de todos os valores sociais que foram
absorvidos pela pessoa ao longo da vida e que atuam como controladores
dos instintos “animalescos”.Todos os ideais internalizados e que formam
o Superego são adquiridos através dos valores familiares particulares de
cada indivíduo, assim como aqueles partilhados pela sociedade em que
está inserido, por exemplo.O Superego atua em todos os três níveis de
consciência do ser humano: consciente, pré-consciente e inconsciente.
Em alguns casos, quando ocorre o sentimento de culpa por algo que a
pessoa não consegue entender o motivo, pode significar que houve a
atuação do Superego no âmbito do inconsciente, tentando suprimir as
vontades do Id.

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Transferência
Aparece em Freud no início da sua separação ao método catártico, como
fundamento da ação clínica. A transferência refere-se a reatualização na
reação com o analistas de afetos, relações, identificações, escolhas de
objetos, que estão na história sexual, na história narcísica, na história
desejante daquela pessoa. A transferência é basicamente um caso
específico do princípio de repetição, onde a gente repete com o outro
aquilo que nos formou até o momento. Essa repetição ela é crucial, mas
ela pode se desdobrar em algumas variantes, então quando o que repete
ao nosso modo de amar, a gente fala em transferência positiva, quando o
que se repete é o nosso modo de odiar, a gente fala em transferência
negativa, quando se repete ao nosso modo de manter relações de prazer e
desprazer falamos em uma transferência erotizada, quando se repete são
modos de querer agradar, querer se adequar ao outro, a gente vai falar
em transferências narcísicas. A transferência é o grande motor do
tratamento, mas é também um grande obstáculo, ela é uma forma, como
diz o Freud, de amor. Ela não é específica do tratamento psicanalítico, ela
acontece na vida cotidiana, nas relações que a gente tem com as pessoas
do nosso cotidiano. A transferência é o meio pelo qual conseguimos
operar transformações nos pacientes.

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Trauma
É um conceito que vem da medicina e que se refere a entrada de um objeto
estranho que pode ocasionar uma patologia. Freud descobre que o encontro
com a sexualidade para a criança, tem sempre um valor traumático, ele
sempre acontece antes da hora ou depois da hora. Ocorre que o trauma não
precisa ser como Freud pensava no começo como ataque de intrusão
sexual, mas o trauma é eficaz como a instância que gera e impulsiona o
recalcamento, porque ele se conecta com a fantasia da criança e depois o
adulto vai construir com relação a sexualidade.O trauma acontece sempre
em dois momentos. O traumático, só é traumático se um evento se conectar
com um evento anterior, que havia permanecido determinado e que é
reativado posteriormente pelo reencontro da coisa sexual. Portanto o
trauma é um segundo momento, ele ativa uma experiência que tinha ficada
incerta em um momento anterior.O trauma foi exemplificado no caso Irma,
que em sua análise Freud ajuda a entender porque a mesma não conseguia
entrar em lojas de roupas. Retornando ao passado, Irma lembra que quando
criança entrou em uma loja de doces, e um adulto lhe tocou os genitais por
cima da roupa. Irma ficou na dúvida se aquilo estava certo ou errado, se foi
prazeroso ou desprazeroso, quando Irma retorna na loja de doces, o mesmo
fato acontece novamente e percebe que aquilo não foi correto, e cria um
deslocamento do trauma na vida adulta, não conseguindo entrar em lojas
de roupa, o vendedor tocou seus genitais por cima dos tecidos, esse
elemento a roupa aparece deslocado em um sintoma, loja de roupa.Quando
ela se da conta da conotação sexual, ela recalca esses dois tempos e o
retorno do recalcado aparece no sintoma na fase adulta de não conseguir ir
nas lojas de roupas.

24
REFERÊNCIAS

Dicionário da Psicanálise por Elisabeth Roudinesco e


Michel Plon

Glossário da Psicanálise por Christian Dunker

Transgeracionalidade - de escravo a herdeiro: um destino


entre gerações por Ana Rosa Chait Trachtenberg e outros.

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