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INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE
AS SETE ESCOLAS DE PSICANÁLISE (Estudos das Principais
Correntes Psicanalíticas Modernas Freudiana e Lacanaiana)
ALUNO (A):_______________________________________________
CIDADE:__________________________________________________
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CAPÍTULO I- SIGMUND FREUD. 06
1.1Dados biográficos 06
1.2 Psicanálise freudiana 08
Ótimo estudo.
Rejane Mello.
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CAPÍTULO I
SIGMUND FREUD 6
O seu pai, Jacob, um negociante de lã, contava então 41 anos e já tinha dois
filhos de um primeiro casamento quando se casou com Amália, então com 21 anos,
tendo nascido o seu primeiro filho de nome Sigmund (só mais tarde é que ele mudou
o seu nome para Sigmund). Em Viena, ao completar os seus estudos secundários,
Sigmund já sabia latim, grego, judeu, alemão, francês, inglês e tinha noções de
italiano e espanhol.
1.2 Judaísmo
Seu pai, Jacob, sem ser um religioso praticante, era um profundo estudioso
do Talmud (livro da sabedoria judaica) e, por ocasião do ritual de circuncisão (ritual
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judaico que sucede ao nascimento) do bebê Sigmund, registrou esse fato na bíblia
da família, a mesma que ele presenteou a Freud quando este completou 35 anos de
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idade, com uma dedicatória que preconizava a condição de futuro gênio do filho.
Freud foi o primeiro filho. (eram sete) de Jacob com Amália, sendo que o
nome “Sigmund” equivale a “Salomão”, e foi-lhe dado em homenagem ao seu avô
que falecera dois meses antes do seu nascimento e ao bisavô que também tinha
esse nome, sendo que esses dois últimos foram rabinos.
1º) o religioso, que ele não aceitava, da mesma forma que não aceitava como
sendo saudável qualquer outra forma de fé religiosa;
2º) uma clara ambiguidade quanto à sua condição de um sionista voltado para
a causa da criação do estado nacional judeu (o atual Estado de Israel);
3º) uma consistente aceitação de que ele possuía um espírito judeu. Ainda
vale consignar na vida de Freud que ele casou-se com Marta (também uma judia,
com alguns familiares sendo importantes autoridades religiosas) e com ela teve seis
filhos, sendo que a caçula, Ana, foi a única que se tornou psicanalista, a sua mais
importante seguidora e sucessora.
1.3 Médico
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Freud concluiu com brilhantismo o seu curso médico, com 25 anos, na
Universidade de Viena, tendo feito um longo aprendizado em neurologia, dedicando-
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se a pesquisas (passava horas dissecando nervos de peixes raros, fez importantes
investigações sobre a cocaína, etc., etc.), e publicou inúmeros trabalhos dessa área
que obtiveram um expressivo reconhecimento científico.
Embora tenha enfrentado uma forte corrente antissemita, que então estava
vigente na Universidade de Viena, Freud logrou a distinção de ser nomeado
professor de Neuropatologia, e o fato de ter obtido o “Prêmio Goethe de Literatura”
possibilitou viajar a Paris para conhecer o trabalho do mestre Charcot, que lá
pontificava com a aplicação de técnicas hipnóticas.
Posteriormente, Freud voltou à França, dessa vez para Nancy, também para
aprofundar-se nos mistérios do hipnotismo, através das demonstrações de
Bernheim. De volta a Viena, além dos recursos médicos habituais da época para o
tratamento dos distúrbios “neuropsicológicos”, como era o emprego de banhos
mornos, massagens, clinoterapia (repouso no leito), pequenos estímulos elétricos e
barbitúricos, Freud passou a empregar a técnica da hipnose na sua clínica privada.
Muito cedo ele se deu conta de que era um mau hipnotizador, e substituiu
esse recurso por técnicas que promovessem uma “livre associação de ideias” que
possibilitassem um acesso às repressões inconscientes das suas pacientes
histéricas. O desdobramento evolutivo desses fatos, que o levaram à construção do
majestoso edifício da psicanálise.
Como esquema didático, creio que cabe fazer um quadro com as principais
áreas da psicanálise que foram estudadas por Freud, que são as seguintes: 1)
OS CASOS CLÍNICOS 10
2.1 Ana O
Em 1918, Freud publicou o famoso caso conhecido por O homem dos lobos
(o título real é: Da história de uma neurose infantil), embora ele tenha tratado esse
paciente, de nome Sergei, no período de 1910 a 1914. Tratava-se de jovem de 18
anos, com graves sintomas fóbicos, obsessivos e paranoides, com
psicossomatizações (creio que hoje ele seria diagnosticado como sendo um
borderline), cuja análise sofreu várias incidências que valem ser bem conhecidas
pelo leitor.
Através de uma minuciosa e prolongadíssima análise de um sonho no qual
apareciam sete lobos empoleirados em uma janela, Freud visa reconstruir a neurose
3.1-Trabalhos de Técnica
Freud nunca deixou de integrar a teoria com a técnica; pelo contrário, sempre
procurou respaldar uma na outra, de modo a que se fertilizassem reciprocamente.
Dessa forma, ele escreveu inúmeros artigos específicos sobre técnica
psicanalítica, além daqueles outros que aludiam indiretamente à técnica e à prática,
como são os historiais clínicos e, inclusive, em muitos trabalhos teóricos aparecem
comentários dele sobre aspectos técnicos.
Já em 1905, no trabalho sobre a psicoterapia, que resultou de uma
conferência pronunciada numa escola de medicina, Freud apontava alguns aspectos
técnicos da nova ciência que privilegiava a dinâmica do inconsciente.
É nesse artigo que aparece a famosa metáfora que ele toma de Leonardo da
Vinci, ao dizer que o tratamento dos transtornos emocionais, tal como a arte,
comporta duas concepções na aplicação prática.
Uma, é por via “di porre”, na qual o terapeuta, por meio de técnicas
sugestivas, como as hipnóticas, põe os seus conhecimentos dentro da mente do
paciente, da mesma forma como faz o pintor com as tintas sobre uma tela em
branco.
A segunda concepção consiste na “via di levare”, na qual, como na escultura
em que o artista remove um excesso de matéria de um bloco de mármore, e daí
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pode surgir uma figura humana que estava como que adormecida. Neste contexto,
também o psicanalista pode ser, sobretudo, o propiciador do surgimento de aspectos
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vivos que estão perdidos, ou ocultos nas profundezas do inconsciente dos
pacientes.
O período que vai dos anos de 1912 a 1915, coincidente com algumas
importantes dissidências no incipiente movimento psicanalítico, é justamente aquele
em que aparecem os principais textos de Freud relativos às recomendações básicas
para todos aqueles que pretendessem empregar o método psicanalítico.
Assim, é necessário destacar trabalhos como A Dinâmica da Transferência
(1912), no qual ele diferencia formas diferentes de transferência e explica algumas
relações entre a transferência e a resistência.
Também, nesse mesmo ano, aparece a obra Recomendações aos Médicos
que Exercem a Psicanálise (é aqui que Freud faz a célebre metáfora de que o
analista deveria comportar-se como “um espelho que...”, tal como aparece
explicitada no capítulo 26).
Em 1913-1914, sob o título geral de Novas Recomendações sobre a Técnica
da Psicanálise, Freud brinda-nos com dois textos importantes: um é “Sobre o Início
do Tratamento” (no qual ele traz a metáfora de que, tal como no jogo de xadrez, as
aberturas são conhecidas e previsíveis, enquanto o desenrolar e o término do jogo
analítico são imprevisíveis e cheios de surpresas).
Por conseguinte, o outro artigo é Recordar, Repetir e Elaborar, que adquiriu
importância por representar um primeiro esclarecimento profundo acerca do
fenômeno do acting-out como substituto da resistência a lembrar-se daquilo que foi
reprimido.
Em 1915, Freud publica Observações sobre o Amor Transferencial que
representa um sério alerta quanto aos riscos de envolvimento, mais especificamente
o de o analista ficar enredado nas malhas de uma contratransferência erotizada.
Freud volta a elaborar as suas ideias a respeito dos principais fenômenos que
cercam a técnica e a prática da psicanálise em conferências realmente
pronunciadas, como em Conferências Introdutórias (1916), ou em textos que
simulam conferências com um auditório imaginário, como em Novas Conferências
Introdutórias à Psicanálise (1933), além dos textos posteriores, como os magníficos
trabalhos de 1937: Análise Terminável e Interminável e Construções em Análise.
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Logo, os estudos tão bem elaborados pelo Pai da Psicanálise e suas ideias
singulares e extraordinárias revolucionaram o mundo do estudo da mente, bem
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como influenciaram até hoje a visão de muitos. Além disso, a quebra de paradigmas
se apresentou desafiador e o tema PSI não seria mais o mesmo.
Todo texto psicanalítico, quer seja ele de natureza teórica ou técnica, para
adquirir um significado vivencial e uma ressonância empática com o autor e o
assunto, necessita ser lido dentro de um contexto histórico-evolutivo, social, cultural
e científico no qual está inserido.
Assim, utilizando um recurso unicamente de finalidade didática, penso que
podemos dividir a história da assistência aos transtornos mentais e emocionais em
três grandes períodos: pré-história, pródromos científicos e psicanálise como
ciência.
4.1 Pré-História
5.1Teoria do Trauma
Durante muito tempo, o aspecto mais conhecido e discutido da obra de Freud
era o da teoria da libido, que ele elaborou inspirado nos modelos da eletrodinâmica
ou da hidrodinâmica vigentes na ciência da época.
Assim, o conceito de libido, que Freud concebeu como sendo a manifestação
psicológica do instinto sexual, recebeu sua origem na tentativa de explicar
fenômenos, tais como os da histeria, que Freud explicava como sendo resultantes
do fato de que a energia sexual era impedida de expandir-se através de sua saída
natural e fluía, então, para outros órgãos, ficando restringida ou contida em certos
pontos e manifestando-se através de sintomas vá- rios.
Freud chegara à conclusão de que as neuroses, como a histeria, a neurose
obsessiva, a neurastenia e a neurose de angústia (fobia), teriam sua causa imediata
no aspecto “econômico” da energia psíquica, ou seja, num represamento
quantitativo da libido sexual.
Autor prolífico, sendo suas investigações mais originais, que ainda persistem
como importantes e vigentes aquelas referentes aos estágios pré-genitais do
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desenvolvimento, sendo importante ressaltar seu artigo de 1919, Uma forma de
resistência Neurótica contra o método psicanalítico, no qual, de forma extremamente
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atual, discorre sobre o problema dos pacientes narcisistas “pseudocolaboradores”
A inclusão do Wilhelm Reich justifica-se devido a que por meio do seu livro
Análise do Caráter (1933) colaborou de forma inestimável para o entendimento de
que uma análise poderia ir muito além da remoção dos sintomas e que ela também
deveria visar mudanças na “armadura caracterológica resistencial” de que todo
paciente é portador, em alguma forma ou grau. Sua ruptura com Freud deu-se a
partir do seu artigo sobre o caráter masoquista de 1932. Posteriormente houve por
parte de Reich um desvio quase total dos princípios essenciais da psicanálise.
6.4.1-Melanie Klein
A Escola dos Teóricos das Relações Objetais, com Melanie Klein, como um
dos seus maiores representantes, transforma-se no berço de uma nova visão da
práxis psicanalítica, ao desenvolver formas diferentes de interpretação dos conceitos
enunciados por Freud, abrindo espaço para a formulação de novas propostas de
trabalho.
Neste contexto, a escola kleiniana valoriza fortemente, a existência de um ego
primitivo, já desde o nascimento, a fim de que este mobilizasse defesas arcaicas –
dissociações, projeções, negação onipotente, idealização, etc.
Tudo isso, para contra restar as terríveis ansiedades primitivas advindas da
inata pulsão de morte, isto é, da inveja primária, com as respectivas fantasias
inconscientes. M. Klein conservou o complexo de Édipo como o eixo central da
psicanálise, porém o fez recuar para os primórdios da vida, assim descaracterizando
o enfoque triangular edípico, medular da obra freudiana.
A observação dos adultos e o emprego da técnica psicanalítica a induziram a
investigar os estágios iniciais do desenvolvimento infantil. O trabalho dela, tomando
como base a teoria psicanalítica de Freud, foi criar a técnica de brincar com as
crianças e, através do brinquedo, compreendê-las.
Este período fica caracterizado pela mudança de foco dos psicanalistas, que
passam a valorizar aspectos relacionados com o desenvolvimento emocional
primitivo: as relações objetais parciais e as fantasias do inconsciente, com suas
respectivas ansiedades e defesas primitivas.
Conserva-se a regra de que somente teriam valor verdadeiramente
psicanalítico às interpretações unicamente dirigidas às neuroses de transferência,
porém começa a ganhar um amplo espaço de valorização, a contratransferência,
criando-se desta forma os primórdios da psicanálise baseada na relação
transferencial - contratransferencial.
Expoentes desta época são Joan Rivière, S. Isaacs, Segal, Rosenfeld,
Meltzer e Bion.
De acordo com uma analogia feita por Kohut, assim como a fisiologia do
aparelho respiratório de um bebê necessita de uma atmosfera que contenha
oxigênio para sobreviver, o self nascente de um bebê necessita de um ambiente que
contenha self-objetos respondendo empaticamente às suas necessidades
psicológicas.
Em suas observações, Kohut formulou, a partir do exercício clínico, o conceito
estrutural do self-objeto: o indivíduo que numa espécie de vivência aglutinada
desempenha as funções ainda impossíveis ao bebê, que não possui um self
estruturado, mas apenas um núcleo de self a ser desenvolvido a partir dessa
vinculação com o outro self.
Kohut afirma que os self-objetos que cumprem funções psicológicas para o
bebê são reconhecidos e experimentados pelas funções que exercem junto a ele e
não por sua existência e característica individual, ou seja, para o bebê, o adulto que
cuida é parte de si mesmo.
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