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PSICOLOGIA DAS

MASSAS E ANÁLISE
DO EU

FREUD, 1921
INTRODUÇÃO

 Enquanto fenômeno, as massas contemporâneas


se assemelham às do início do século passado
(séc. XX)?
 Estruturalmente, as massas contemporâneas
correspondem ao que Freud analisa a partir das
descrições de Le Bon?
INTRODUÇÃO

TESE CENTRAL: é o amor que faz a ligação nos grupos


humanos, tanto dos membros entre si quanto com o líder,
assegurando a solidariedade. Amor alimentado por
idealizações que desencadeiam o processo de identificação.
Ou seja, um grupo de indivíduos têm em comum o mesmo
objeto no lugar de seu ideal de Eu. Freud também disse no
texto, relembrando Totem e Tabu, que o que primeiro aparece
é o ódio, ódio ao pai que culmina no seu assassinato quando
a irmandade reforça seus laços.
INTRODUÇÃO
 Psicologia individual vs Psicologia social

 As relações do individuo podem ser analisadas


como fenômenos sociais

 A psicologia de massas trata o ser individual como


membro de uma tribo, um povo, uma casta, uma
classe, uma instituição, ou como parte de uma
aglomeração que se organiza como massa em
determinado momento, para um certo fim
OUTRO

Na vida psíquica do indivíduo:


modelo
objeto
auxiliador
adversário
INTRODUÇÃO

Após essa ruptura de um laço natural, o passo


seguinte é considerar os fenômenos que
surgem nessas condições especiais como
manifestações de um instinto especial
irredutível a outra coisa, o instinto social,
que não chega a se manifestar em outras
situações.
A ALMA COLETIVA SEGUNDO LE
BON
 Gustav Le Bon (1841-1931)
 A multidão: um estudo da mente popular (1895)
 Psicologia das Massas
O que é então uma “massa”, de que
maneira adquire ela a capacidade de
influir tão decisivamente na vida
psíquica do indivíduo, e em que
consiste a modificação psíquica que
ela impõe ao indivíduo?
Numa massa psicológica, quaisquer
que sejam os indivíduos que a
compõem, o simples fato de se terem
transformado em massa os torna
possuidores de uma espécie de alma
coletiva. Esta alma os faz sentir,
pensar e agir de uma forma bem
diferente da que cada um sentiria,
pensaria e agiria isoladamente.
 Na massa, acredita Le Bon, as aquisições
próprias dos indivíduos se desvanecem, e
com isso desaparece sua particularidade.
 O inconsciente próprio da raça ressalta,
o heterogêneo submerge no homogêneo.
 A superestrutura psíquica, que se
desenvolveu de modo tão diverso nos
indivíduos, é desmontada, debilitada, e o
fundamento inconsciente comum a todos
é posto a nu.
 É produzido um caráter mediano
dos indivíduos da massa, com
novas características. Fatores:

1. Sentimento de poder invencível


2. Contágio Mental
3. Sugestionabilidade
INDIVÍDUO NA MASSA
LE BON

- Dissolução da - Tendência a transformar


personalidade consciente imediatamente em atos as ideias
- Predominância da sugeridas
- Desce vários degraus na escala na
personalidade inconsciente civilização
- Orientação por via de - Instintivo – bárbaro
sugestão e de contágio dos - Espontaneidade, violência,
sentimentos e das ideias ferocidade, e também os
num mesmo sentido entusiasmos e os heroísmos dos
seres primitivos
ALMA DA MASSA
LE BON
- Nada é premeditado
- Impulsiva, volúvel e - Incapacidade para algo persistente
excitável - Intolerância à frustração
- Guiada quase - Sentimento de onipotência
exclusivamente pelo - Influenciável e crédula
inconsciente - Acrítica
- Obedece a impulsos nobres - Os sentimentos são sempre muito
ou cruéis, heroicos ou simples e muito exaltados
covardes - Não conhece dúvida nem incerteza
- Intolerante e crente na - Conservadora
autoridade - Ideias opostas podem coexistir e
- Requerem ilusões suportar umas às outras
 Moralidade das massas:

 As inibições individuais caem


 Os instintos dos primórdios são
despertados para a livre satisfação
instintiva
 Sob influência da sugestão as massas são
capazes de elevadas provas de renúncia,
desinteresse e devoção a um ideal
 Diferentes tipos de líderes:

 Adquirem importância pelas ideias de


que eles mesmos são fanáticos
 Poder misterioso, irresistível
 Prestígio: adquirido ou artificial e o
pessoal
 Todo prestígio depende do sucesso, e é
perdido com o fracasso
OUTRAS ABORDAGENS DA VIDA ANÍMICA COLETIVA

 A descrição de Le Bon enfatiza a vida


psíquica inconsciente
 Não contribui com nenhuma novidade
à literatura sobre o tema
 McDougall (The group mind):
 A massa não possui organização
 Condição: interesse partilhado num
objeto, orientação afetiva semelhante
e um certo grau de influência mútua
CONDUTA PSÍQUICA DA MASSA
‘DESORGANIZADA’ (McDougall)
 sem consciência de si,
 totalmente excitável,  sem autoestima e senso de
 impulsiva, apaixonada, responsabilidade, mas disposta a deixar-se
 instável, inconsequente, arrastar pela consciência de sua força e
 indecisa e no entanto inclinada a ações cometer malefícios que poderíamos
extremas,
esperar somente de um poder absoluto e
 suscetível apenas às paixões mais
irresponsável.
grosseiras e sentimentos mais singelos,
 Ela se comporta então como uma criança
 extraordinariamente sugestionável,
 ligeira nas considerações, mal-educada, ou como um selvagem
 veemente nos juízos, passional e desassistido numa situação que
 receptiva somente para as conclusões e os lhe é estranha; nos piores casos, ela
argumentos mais simples e imperfeitos, semelha mais um bando de bichos
 fácil de dirigir e intimidar, selvagens do que seres humanos
SUGESTÃO E LIBIDO
 Qual a explicação psicológica para a
transformação anímica do indivíduo
na massa?

- AUTOPRESERVAÇÃO

- SUGESTÃO (imitação)
LIBIDO
 Conceito para explicar a
psicologia da massa.
 Energia, tomada como
grandeza quantitativa, desses
instintos relacionados com
tudo aquilo que pode ser
abrangido pela palavra amor.
 Na psicanálise esses instintos
amorosos são chamados de
instintos sexuais.
 As relações de amor, os laços de
sentimento, constituem a
essência da alma coletiva.
 A massa se mantém unida graças
a algum poder: eros, amor
MASSAS IGREJA E
EXÉRCITO:
Espécies e estrutura
direcionamentos libidinal

PASSAGEIRAS
Com líder
DURADOURAS
Organizada
HOMOGÊNEAS E Duradoura
HETERÔNEAS
artificial

Ilusão do Chefe supremo


que ama a todos por igual
NATURAIS E ARTIFICIAIS Irmão mais velho,
substituto paterno
PRIMITIVAS E
ORGANIZADAS
DUAS MASSAS ARTIFICIAIS: IGREJA E EXÉRCITO

 Nessas duas massas artificiais cada


indivíduo se acha ligado
libidinalmente ao líder (Cristo,
general), por um lado, e aos outros
indivíduos da massa, por outro lado.
 Freud reprova os demais autores por
não terem apreciado suficientemente
a importância do líder na psicologia
da massa
 Outro indício de que a essência da massa
reside nas ligações libidinais nela existentes
nos é proporcionado pelo fenômeno do
pânico, que pode ser mais bem estudado nas
massas militares.
 O pânico surge quando uma massa desse tipo
se desintegra. É caracterizado pelo fato de as
ordens do superior não serem mais ouvidas e
cada um cuidar apenas de si, sem
consideração pelos demais. As ligações
mútuas cessaram, e uma angústia enorme e
sem sentido é liberada.
 um simples agrupamento não
constitui ainda uma massa,
enquanto laços afetivos não se
estabeleceram nele.
 Em qualquer grupamento surge
com facilidade a tendência para a
formação de uma massa
psicológica.
 Há diferenças entre massas
lideradas e não lideradas
 Freud se questiona se as massas com
líder são as mais primordiais e mais
completas; se nas outras ele não
pode ser substituído por uma ideia,
uma abstração, estado para o qual as
massas religiosas, com seu chefe
intangível, constituem já uma
transição; se uma tendência comum,
um desejo partilhável por grande
número de pessoas, não pode
fornecer tal substituto.
 O ódio a uma pessoa ou instituição
determinada poderia ter efeito
unificador e provocar ligações
afetivas semelhantes à dependência
positiva.
 Caberia perguntar se o líder é
realmente indispensável para a
essência da massa
 São ligações libidinais que
caracterizam a massa.
 Ambivalência afetiva
 Conforme o testemunho da
psicanálise, quase toda relação
sentimental íntima e prolongada
entre duas pessoas — matrimônio,
amizade, o vínculo entre pais e
filhos — contém um sedimento de
afetos de aversão e hostilidade, que
apenas devido à repressão não é
percebido.
 Nas antipatias e aversões não
disfarçadas para com estranhos que
se acham próximos, podemos
reconhecer a expressão de um amor
a si próprio, um narcisismo que se
empenha na afirmação de si, e se
comporta como se a ocorrência de
um desvio em relação a seus
desenvolvimentos individuais
acarretasse uma crítica deles e uma
exortação a modificá-los.
 Mas toda essa intolerância
desaparece, temporariamente ou de
maneira duradoura, por meio da
formação da massa e dentro da
massa. Enquanto perdura a
formação de massa, ou até onde se
estende, os indivíduos se conduzem
como se fossem homogêneos,
suportam a especificidade do outro,
igualam-se a ele e não sentem
repulsa por ele.
 Segundo nossas concepções teóricas, tal
limitação do narcisismo pode ser
produzida apenas por um fator, pela
ligação libidinal a outras pessoas.
 O amor a si encontra limite apenas no
amor ao outro, amor aos objetos.
 Aqui se perguntará se a comunidade de
interesses, por si e sem qualquer
contribuição libidinal, não leva
necessariamente à tolerância do outro e
à consideração por ele.
 A libido se apoia na satisfação das
grandes necessidades vitais e
escolhe como seus primeiros
objetos as pessoas que nela
participam. Tal como no indivíduo,
também no desenvolvimento da
humanidade inteira é o amor que
atua como fator cultural, no sentido
de uma mudança do egoísmo em
altruísmo.
 Portanto, se na massa
aparecem restrições ao amor-
próprio narcisista, inexistentes
fora dela, isso indica
forçosamente que a essência
da formação de massa consiste
em ligações libidinais de nova
espécie entre os membros da
massa.
IDENTIFICAÇÃO
A psicanálise conhece a identificação
como a mais antiga manifestação de uma
ligação afetiva a uma outra pessoa. Ela
desempenha um determinado papel na
pré-história do complexo de Édipo. O
garoto revela um interesse especial por
seu pai, gostaria de crescer e ser como
ele, tomar o lugar dele em todas as
situações. Digamos tranquilamente: ele
toma o pai como seu ideal.
IDENTIFICAÇÃO
A psicanálise conhece a identificação
como a mais antiga manifestação de uma
ligação afetiva a uma outra pessoa. Ela
desempenha um determinado papel na
pré-história do complexo de Édipo. O
garoto revela um interesse especial por
seu pai, gostaria de crescer e ser como
ele, tomar o lugar dele em todas as
situações. Digamos tranquilamente: ele
toma o pai como seu ideal.
Por fim, Freud destaca a principal
contribuição da psicanálise para a
compreensão do fenômeno de massa: 1) a
diferença entre o Eu e o Ideal de Si Mesmo;
2) Tipo de conexão dupla para isso: Definir e
colocar um objeto em vez de minhas ideias
aperfeiçoa o texto que busca desenvolver
uma hipótese de separação entre o ego
ideal e o ego ideal, que receberá a partir da
entrada do sujeito na sociedade, e suas
consequências no desenvolvimento
psicológico pessoal.

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