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CURSO DE PSICOLOGIA
RIBEIRÃO PRETO
2022
Inicialmente, a terminologia “massas” é explicada para que o leitor tenha um norte do
que o autor - Freud - entendia por massas, para, enfim, dar início aos estudos sobre psicologia
das massas. Freud entende que a psicologia de grupo está dentro da psicologia individual,
com base no argumento de que outras pessoas estão envolvidas na vida mental do indivíduo a
partir de dentro e de fora ao mesmo tempo.
Para Bleuler, o indivíduo sempre, em qualquer situação, sofre influência do grupo que
está inserido, seja ele de um grupo mínimo de pessoas ou de apenas uma pessoa. Dessa
forma, é explicado no texto que a psicologia das massas vê o indivíduo como um membro de
“uma tribo, um povo, uma casta, uma classe, uma instituição” (Freud, 1921).
Ademais, para Le Bon, a pessoa, quando se insere em uma sociedade, um grupo etc,
terá comportamentos que diferem do esperado, ou seja, torna-se parte integrante de uma
massa psicológica.
“O fato mais singular, numa massa psicológica, é o seguinte: quaisquer que
sejam os indivíduos que a compõem, sejam semelhantes ou dessemelhantes o seu
tipo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o simples fato de se
terem transformado em massa os torna possuidores de uma espécie de alma
coletiva. Esta alma os faz sentir, pensar e agir de uma forma bem diferente da que
cada um sentiria, pensaria psicologia das massas e análise do eu e agiria
isoladamente. Certas idéias, certos sentimentos aparecem ou se transformam em
atos apenas nos indivíduos em massa. A massa psicológica é um ser provisório,
composto de elementos heterogêneos que por um instante se soldaram, exatamente
como as células de um organismo formam, com a sua reunião, um ser novo que
manifesta características bem diferentes daquelas possuídas por cada uma das
células” (Le Bon, 1895, p. 13).
Afim, para Freud, em um grupo, todas as regras e morais que guiam o ser humano são
destruídas, fazendo com que os instintos primordiais e selvagens do homem venham à tona,
sendo em sua gênese cruéis e destrutivos. Além dessa capacidade, as massas também
conseguem ser extremamente fiéis à um ideal ou líder. Dessa forma, as massas não estão
interessadas em estarem certas ou serem verdadeiras, elas anseiam por ilusões, ideias e um
líder que lhes diga o irreal.
“A massa é um rebanho dócil, que não pode jamais viver sem um senhor.
Ela tem tamanha sede de obediência, que instintivamente se submete a qualquer um
que se apresente como seu senhor.” (Le Bon, 1895, p. 86).
Freud usou Le Bon para exemplificar seus pensamentos sobre a psicologia das
massas, ele exemplifica que esse pensamento não é algo novo, mas sim algo que foi repetido
por vários autores.
Ao longo do texto, Freud explica que há uma contradição em como as massas são
vistas, isso ocorre pois, para ele, apesar dos grupos gerarem um instinto animalesco no ser
humano, eles também trouxeram benefícios, como o desenvolvimento de diferentes culturas,
rituais, modo de viver e revoluções que trouxeram melhora para a sociedade em que o grupo
estava inserido. Para exemplificar mais esse pensamento, ele cita McDougall, que aborda
esse pensamento. Esse autor, em seu livro The Group Mind (1920) cita 5 condições principais
para que o grupo se eleve, entre elas está que o grupo deve ter tradições, costumes, que o
grupo possua rivalidade entre eles, que os indivíduos possuam vínculo afetivo com a massa e
que o grupo possua uma divisão.
Por fim, Freud diz que, em um grupo, o indivíduo passa por uma mudança em sua
frequência, sendo isso um fato.
“Sua afetividade é extraordinariamente intensificada, sua capacidade
intelectual claramente diminuída, ambos os processos apontando, não há dúvida,
para um nivelamento com os outros indivíduos da massa” (Freud, 1921, p. 29).