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DESVENDANDO O

PODER DA HIPNOSE
NA PRÁTICA CLÍNICA

Descubra como melhorar sua


conexão com os pacientes e
acelerar os seus resultados clínicos.

LAIZ LIMA RICCI


Introdução à Hipnose na Psicologia
1.1 Definição e Conceituação de Hipnose
1.2 A Relevância da Hipnose no Contexto da Psicologia Contemporânea
1.3 Breve Histórico da Hipnose e suas Aplicações na Psicologia
Princípios Éticos e Responsabilidades na
Hipnose Clínica
2.1 Ética e Prática Profissional
2.2 Consentimento Informado e Confidencialidade
2.3 Limites e Contraindicações da Hipnose
Fundamentos da Hipnose
3.1 Processo de Indução Hipnótica: Etapas e Técnicas
3.2 Sugestão e Sugestionabilidade: Conceitos e Avaliação
3.3 Estados de Consciência e Hipnose: Uma Visão Simplificada
Desenvolvendo Habilidades em Hipnose: Dicas
e Recursos
4.1 Aprimorando a Comunicação e a Escuta Ativa
4.2 Linguagem corporal
4.3 A importância do tom de voz na hipnose
Hipnose Conversacional na Terapia
5.1 Definição e Princípios da Hipnose Conversacional
5.2 Técnicas e Estratégias para Implementar a Hipnose Conversacional
5.3 Aplicações Práticas da Hipnose Conversacional na Terapia
Aplicações Clínicas da Hipnose na Psicologia
6.1 Hipnose no Manejo do Estresse e Ansiedade
6.2 Hipnose no Tratamento de Fobias e Medos
6.3 Hipnose no Controle da Dor e Distúrbios Psicossomáticos
6.4 Hipnose e Psicanálise: Uma Integração
6.5 Prática Supervisionada e Formação Continuada
A técnica que mudou a minha vida e a dos
meus pacientes!

Minha jornada na hipnose começou em 2017 durante um curso de


hipnose ericksoniana com Stephen Adler. Esse foi o ponto de
partida para minha especialização em hipnose conversacional,
focada principalmente no tratamento da ansiedade e depressão.

Após um ano imersa nos estudos da hipnose ericksoniana,


embarquei em uma jornada de aprendizado sobre a hipnose
clássica, participando de um treinamento nos Estados Unidos
conduzido pelo filho de Dave Elman. Esse período me permitiu
explorar uma variedade de técnicas, incluindo regressão e terapia
das partes.

Aplicando essas ferramentas com meus pacientes em consultório,


pude aprimorar e adaptar as técnicas, otimizando meus resultados
no tratamento de questões como ansiedade, depressão, medos,
fobias, crises e bloqueios emocionais.

E a partir de agora, você vai entender como todo o meu


conhecimento com a hipnose clínica vai mudar a realidade dos
seus atendimentos no consultório.
Introdução à Hipnose na Psicologia

Bem-vindo ao capítulo 1 do livro "Introdução à Hipnose na


Psicologia". Neste capítulo, vou te apresentar os conceitos
fundamentais da hipnose, sua relevância no contexto da psicologia
contemporânea e um breve histórico das aplicações da hipnose na
psicologia.

Em primeiro lugar, abordaremos a definição e a conceituação de


hipnose. Você aprenderá sobre a natureza da hipnose, os
diferentes tipos de hipnose e como ela pode ser aplicada em
situações terapêuticas. Também exploraremos os mitos e as
verdades sobre a hipnose e como ela pode ser usada como uma
ferramenta eficaz para ajudar as pessoas a aliviar sintomas de
distúrbios psicológicos, como ansiedade, depressão, transtorno de
estresse pós-traumático (TEPT), fobias, entre outros.

Vamos caminhar pela história da hipnose e suas aplicações na


psicologia, bem como sua relevância no contexto da psicologia
contemporânea. Você aprenderá sobre as origens da hipnose,
desde as práticas antigas até a hipnose moderna. Também
veremos como a hipnose tem sido usada na psicologia ao longo do
tempo e como ela evoluiu para se tornar uma ferramenta valiosa
para ajudar os pacientes a lidarem com uma variedade de
problemas psicológicos, incluindo transtornos de ansiedade, crises
de pânico, dores crônicas, transtornos alimentares, depressão,
entre outros.
Em meados do século XIX, Charcot, um neurologista francês,
utilizava a hipnose como uma técnica para tratar pacientes com
histeria. Ele acreditava que a histeria era uma doença neurológica
e que a hipnose poderia ser utilizada para acessar a mente
inconsciente dos pacientes e, assim, descobrir as causas
subjacentes de seus sintomas.

Freud, que estudou sob a orientação de Charcot, também se


interessou pela hipnose como uma técnica terapêutica. Ele
acreditava que a hipnose poderia ajudar a acessar conteúdos
reprimidos do inconsciente, que eram a causa dos sintomas
neuróticos. No entanto, Freud acabou abandonando a hipnose
como técnica terapêutica principal em favor do método da
associação livre e da interpretação dos sonhos, que se tornaram os
pilares da psicanálise.

Apesar de ter abandonado a hipnose como técnica


principal, Freud continuou acreditando na importância
de acessar o inconsciente para tratar os pacientes. Sua
teoria do inconsciente, que se baseava em grande parte
em seus estudos sobre a histeria e a hipnose, foi
fundamental para o desenvolvimento da psicanálise
como um campo de estudo da mente humana.

Entender sobre os teóricos que estudaram a hipnose na psicologia


nos permite compreender como essa técnica foi desenvolvida ao
longo do tempo e como ela foi incorporada à prática clínica.
Além disso, a história da hipnose na psicologia também nos
permite entender como as teorias e abordagens psicológicas
foram influenciadas pela hipnose e como a hipnose, por sua vez,
também foi influenciada por essas teorias.

Ao estudar a história da hipnose na psicologia, também é possível


compreender melhor os fundamentos dessa técnica, como ela
pode ser aplicada em diferentes contextos clínicos, além de
entender como foi desenvolvida e pode ser aprimorada por meio
do desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas.

Por fim, é importante ressaltar que a história da hipnose na


psicologia também nos mostra como ela pode ser utilizada de
forma ética e responsável na prática clínica, levando em
consideração os riscos e benefícios envolvidos e respeitando os
direitos e autonomia dos pacientes.

É importante que você entenda e tenha clareza sobre a definição


da hipnose e os seus diferentes tipos, bem como as situações
terapêuticas onde ela pode ser aplicada. Apesar de ser uma
ferramenta simples, é extremamente eficaz, podendo ser usada
como ferramenta única no processo terapêutico ou associada a
outras técnicas.

Ela nos permite acessar sentimentos e memórias profundas do ser


humano, e ao mesmo tempo ter a chance de trazer uma leveza a
todas essas questões acessadas de uma forma tão simples e
prática, que talvez outras técnicas não nos permita.
Ao longo deste capítulo, você será introduzido a conceitos
importantes e históricos da hipnose na psicologia, que serão
expandidos e aprofundados nos capítulos seguintes.

1.1 Definição e Conceituação de Hipnose

A história da hipnose remonta à Grécia antiga, quando os


curandeiros usavam rituais para induzir transe aos seus pacientes. O
estado de transe é um estado alterado de consciência em que a
pessoa permanece mais focada para dentro de si mesma,
tornando-se mais receptiva a sugestões e ideias. É um estado em
que a mente está mais relaxada e aberta, permitindo que a pessoa
acesse partes de si mesma que normalmente não estão disponíveis
no estado de consciência normal. O estado de transe pode ser
induzido por meio de técnicas como a hipnose, meditação,
visualização e outras práticas similares.

A hipnose moderna como conhecemos hoje em dia, começou a ser


desenvolvida no final do século XVIII, por Franz Anton Mesmer, um
médico alemão que desenvolveu o conceito de magnetismo animal.
Posteriormente, James Braid, um oftalmologista escocês, introduziu
o termo "hipnose" em 1841, derivado da palavra grega "hypnos", que
significa sono. Ele acreditava que a hipnose era um estado de sono
induzido artificialmente e que o paciente estava em um estado de
"monoideísmo", ou seja, focado em apenas uma ideia.

Ao longo do tempo, outros nomes importantes contribuíram para a


definição e conceituação da hipnose. Um deles foi Milton Erickson,
psiquiatra americano que desenvolveu a técnica da hipnose
ericksoniana, conhecida por ser mais flexível e individualizada para
cada paciente. Outro nome importante é Dave Elman, um
hipnoterapeuta americano que desenvolveu técnicas para hipnose
rápida e eficaz, mais conhecida como hipnose clássica.

Hoje em dia, a hipnose é definida como um estado alterado de


consciência em que o paciente se encontra em um estado de
relaxamento profundo e sugestionabilidade aumentada. Nesse
estado, o paciente pode acessar memórias e sentimentos que
podem estar bloqueados ou reprimidos em sua mente inconsciente,
permitindo que trabalhem em questões emocionais e
comportamentais de uma forma mais profunda e eficaz.

É importante ressaltar que a hipnose não é um


estado de sono, como muitas pessoas pensam,
apesar de existirem algumas semelhanças
superficiais que podem causar essa confusão.
É importante entender a diferença
entre hipnose e sono:

Atividade cerebral: Durante o sono, o


1. cérebro passa por diferentes estágios de
atividade elétrica, incluindo o sono REM
(Movimento Rápido dos Olhos) e o sono não
REM. Na hipnose, a atividade cerebral é
diferente daquela observada em estados de
sono profundo. Na verdade, a hipnose
geralmente envolve um estado de maior
concentração e atenção, em vez de
relaxamento profundo.

Consciência e controle: Durante o sono, nossa


2. consciência está diminuída ou ausente. Em
contraste, na hipnose, a pessoa mantém um
certo grau de consciência e controle. O
hipnotizado está ciente do que está
acontecendo e pode interagir com o terapeuta
ou responder a sugestões.
Sensibilidade aos estímulos: Em um estado de
3. sono profundo, as pessoas geralmente não
respondem a estímulos externos, como sugestões
verbais. Na hipnose, as sugestões do terapeuta
têm o potencial de influenciar as experiências e
os comportamentos do indivíduo.

Propósito: A hipnose é induzida com um


4. propósito terapêutico, enquanto o sono é uma
função natural do corpo para descanso e
recuperação.
A hipnose é um estado de concentração interior e
sugestionabilidade aumentada, em que a mente do indivíduo
permanece ativa e receptiva a sugestões terapêuticas, o que a
torna uma ferramenta eficaz para intervenções em saúde mental.

Na prática da psicoterapia, a
hipnose tem se mostrado uma
ferramenta útil para ajudar os
pacientes a lidar com uma
variedade de questões emocionais
e comportamentais.

Além de auxiliar no processamento de traumas e no alívio da


ansiedade, estresse e dor, essa abordagem terapêutica permite
que os pacientes tenham acesso a recursos internos e habilidades
para gerenciar melhor suas emoções e comportamentos. A
combinação da hipnose com outras técnicas terapêuticas oferece
uma abordagem diferenciada ao tratamento, ampliando as
possibilidades de resolução de questões complexas, e muitas
vezes, encurtando o tempo necessário para alcançar resultados
terapêuticos satisfatórios. Essa integração terapêutica fortalece o
poder de transformação e promove um caminho mais eficaz rumo
ao bem-estar e à saúde mental dos pacientes.
1.2 A Relevância da Hipnose no Contexto
da Psicologia Contemporânea

A hipnose é uma técnica antiga que tem sido usada por diferentes
culturas em todo o mundo há milhares de anos. No entanto, sua
utilização na psicologia contemporânea é relativamente recente.
O uso da hipnose na psicologia moderna teve um grande impulso
graças ao trabalho do médico e psiquiatra escocês James Braid,
no século XIX.

Braid é conhecido por ter cunhado o termo "hipnose" em 1841, a


partir da palavra grega "hypnos", que significa sono. Ele foi um dos
primeiros a estudar sistematicamente a hipnose e a reconhecê-la
como um estado mental diferente do sono natural. Braid também
desenvolveu técnicas para induzir o estado de hipnose, como a
fixação do olhar em um objeto brilhante.

Mais tarde, outros grandes nomes da psicologia, como Sigmund


Freud e Milton Erickson, exploraram o potencial da hipnose na
prática clínica. Freud inicialmente incorporou a hipnose em sua
prática, reconhecendo sua capacidade de acessar o inconsciente
e desvendar traumas emocionais reprimidos. No entanto, ao longo
do tempo, ele mudou o foco de seu trabalho para a psicanálise.
Por outro lado, Milton Erickson, um influente psiquiatra e terapeuta,
revolucionou a hipnose ao desenvolver técnicas mais indiretas e
sutis. Essas contribuições marcaram o início de uma compreensão
mais ampla e eficaz da hipnose na prática clínica.
Como psicóloga, minha linha inicial
teórica e base de estudos sempre foi o
trabalho de Freud, e conhecendo
profundamente seu trabalho, bem como a
hipnoterapia, acredito que se ele tivesse
acesso à hipnose contemporânea mais
elaborada e estruturada, jamais a teria
abandonado.

Sigmund Freud foi um dos primeiros psicólogos a trabalhar com


pacientes histéricos. A histeria era um transtorno psicológico que
resultava de conflitos emocionais reprimidos e não resolvidos que se
manifestavam no corpo. Ele acreditava que a histeria era causada
por traumas sexuais na infância que a pessoa não conseguia
lembrar ou expressar verbalmente, mas que ainda assim afetavam
sua vida adulta.

Os sintomas da histeria incluíam paralisia, tremores, falta de ar,


dores físicas sem causa aparente e alterações sensoriais. Freud
utilizou a hipnose para tratar a histeria, mas depois abandonou em
favor da psicanálise. Ele considerou a histeria um dos transtornos
psicológicos mais importantes e influentes na história da psicologia.
Em suas sessões com pacientes histéricos, Freud usava uma técnica
chamada "associação livre", na qual o paciente era encorajado a
falar livremente sobre seus pensamentos e emoções, sem se
preocupar com a lógica ou coerência. Ele acreditava que isso
permitiria ao paciente acessar seus pensamentos e emoções
inconscientes, que estavam por trás de seus sintomas histéricos.

Acreditava também que as memórias vinham à tona durante a


associação livre apenas quando o paciente já possuía recursos e
estava preparado para lidar com tais lembranças. Em seu trabalho
com a associação livre, acreditava que quando o paciente era
capaz de acessar essas memórias e entender a origem dos seus
problemas, seus sintomas desapareciam.

Além disso, Freud também usava a hipnose em seus primeiros anos


de prática, acreditando que isso poderia ajudar a acessar os
traumas reprimidos. No entanto, ele abandonou a hipnose como
técnica principal de tratamento, acreditando que a associação
livre era mais eficaz e menos invasiva. Ele percebeu que utilizando
a hipnose, conseguia trazer à tona algumas memórias reprimidas
pelos pacientes, e não teve bons resultados por seus pacientes
apresentarem crises histéricas.

Entretanto, no mundo contemporâneo percebemos na hipnose, e


principalmente em um processo de regressão, que não basta trazer
à tona a memória, precisamos também mudar a interpretação que
o paciente teve dela ainda dentro do estado de hipnose, para
que ele possa, de fato, se sentir aliviada e melhor em relação a
esse problema.
Caso não seja feita essa mudança de interpretação, o paciente
pode sim passar por períodos difíceis até que a mente possa
elaborar essas memórias por conta própria. Esse é o grande motivo
de sabermos como aplicar corretamente a técnica para poder
melhor ajudar o paciente e não causar nenhum desajuste ou
desregulação em sua vida.

O trabalho de Freud com pacientes histéricos e sua teoria sobre a


histeria tiveram um impacto significativo no campo da psicologia.
Ele foi um dos primeiros a reconhecer a importância do
inconsciente e a explorar a ideia de que os traumas psicológicos
reprimidos poderiam causar problemas emocionais e
comportamentais.

Por exemplo, Freud descreveu casos em que pacientes


apresentavam sintomas físicos inexplicáveis, como paralisias ou
cegueira, que não tinham uma causa orgânica aparente. Através
de sua abordagem psicanalítica, ele identificou que esses sintomas
eram manifestações de conflitos emocionais reprimidos, muitas
vezes relacionados a experiências traumáticas na infância.

Um exemplo clássico é o caso de "Dora", uma das pacientes mais


famosas de Freud. Ela apresentava sintomas como tosse crônica e
problemas respiratórios sem causa médica evidente. Por meio da
terapia psicanalítica, Freud descobriu que esses sintomas estavam
ligados a traumas sexuais infantis e conflitos familiares. Através da
análise, Dora conseguiu acessar e confrontar esses traumas,
levando a uma melhora significativa em seus sintomas.
Esses exemplos ilustram como Freud ajudou a compreender que
traumas reprimidos podem se manifestar de maneiras diversas,
afetando a saúde mental e física. Sua abordagem pioneira abriu
caminho para o desenvolvimento da psicologia e da psicoterapia
moderna, permitindo aos pacientes confrontar e superar os
impactos de traumas passados em suas vidas.

Sua técnica de associação livre se tornou uma pedra fundamental


da psicanálise e influenciou muitas outras abordagens terapêuticas
que surgiram desde então.

A hipnose tem se mostrado uma ferramenta terapêutica


complementar eficaz na prática clínica para lidar com diversas
questões psicológicas, tais como ansiedade, depressão, fobias,
traumas e vícios.

A Resolução CFP nº 013/2000 aprovou e


regulamentou o uso da Hipnose como recurso
auxiliar de trabalho do Psicólogo, dentro dos
padrões éticos que garantem a segurança e o bem-
estar da pessoa atendida.

É uma ferramenta valiosa para o tratamento de transtornos


mentais, mas não deve ser vista como uma cura definitiva. Ela
permite que os pacientes tenham acesso a recursos internos e
habilidades para gerenciar melhor suas emoções.
Ela pode proporcionar alívio dos sintomas, melhorar a qualidade de
vida e promover o autoconhecimento, mas é geralmente usada em
conjunto com outras abordagens terapêuticas para obter os
melhores resultados.

Um exemplo de aplicação da hipnose é na terapia de exposição


para fobias, em que ela pode ser utilizada para ajudar o paciente
a visualizar situações que normalmente causam medo ou
ansiedade, possibilitando que ele possa se sentir mais confortável
e menos ansioso quando confrontado com essas situações na vida
real.

Além disso, a hipnose pode ser uma ferramenta para ajudar os


pacientes a explorarem e compreenderem seus pensamentos e
emoções de forma mais profunda. Por meio da hipnoterapia, o
terapeuta pode ajudar o paciente a acessar seus pensamentos e
emoções inconscientes, permitindo que eles entendam melhor suas
crenças e comportamentos.

No tratamento de transtornos alimentares, a hipnose também pode


ser utilizada de forma eficaz. Ela pode auxiliar o paciente a
desenvolver uma imagem positiva do corpo, lidar com pensamentos
negativos sobre a alimentação e desenvolver hábitos alimentares
mais saudáveis, além de controlar a compulsão alimentar. Em
resumo, a hipnose é uma técnica terapêutica útil e segura que
pode ajudar os pacientes a lidar com uma variedade de problemas
psicológicos, sempre dentro dos padrões éticos e de segurança
garantidos pelo Conselho Federal de Psicologia.
1.3 Grande Nomes da Hipnose e suas
contribuições
Como mencionado anteriormente, a história da hipnose remonta a
antigas práticas de cura e rituais religiosos. No entanto, a hipnose
como a conhecemos hoje começou a ganhar forma no século XVIII,
com o surgimento de importantes figuras e avanços no campo da
psicologia. Vou explorar a evolução histórica da hipnose e suas
aplicações na psicologia, destacando grandes nomes, datas e
fatos relevantes.

Franz Anton Mesmer (1734-1815): Mesmer, um médico


1. austríaco, é considerado o precursor da hipnose moderna.
Ele desenvolveu a teoria do "magnetismo animal" e
acreditava que poderia curar doenças equilibrando o fluido
magnético presente no corpo. Mesmer usava técnicas de
indução que lembravam a hipnose, embora seu método fosse
baseado em conceitos errôneos. Apesar disso, ele abriu o
caminho para o estudo da hipnose na medicina e na
psicologia.

James Braid (1795-1860): Braid, um médico escocês, é


2. considerado o "pai da hipnose moderna". Ele cunhou o termo
"hipnotismo" em 1841 e foi o primeiro a descrever a hipnose
como um estado psicológico, em vez de um fenômeno místico
ou magnético. Braid acreditava que a hipnose era um estado
de concentração intensa e propôs a teoria do "sono nervoso"
para explicá-la.
Jean-Martin Charcot (1825-1893): Charcot, um neurologista
3. francês, foi um dos primeiros a estudar a hipnose no contexto
da medicina e da psicologia. Ele acreditava que a hipnose
era um estado patológico, relacionado à histeria, e usava a
hipnose para estudar e tratar pacientes histéricos. Embora
suas teorias sobre a histeria tenham sido posteriormente
contestadas, Charcot contribuiu para o reconhecimento da
hipnose como uma área legítima de estudo.

Hippolyte Bernheim (1840-1919): Bernheim, um médico francês


4. e contemporâneo de Charcot, acreditava que a hipnose era
um estado de sugestionabilidade aumentada e que poderia
ser induzida em quase todos os indivíduos. Bernheim também
enfatizou a importância da sugestão pós-hipnótica e seu
potencial terapêutico.

Sigmund Freud (1856-1939): Freud, o criador da psicanálise,


5. inicialmente usou a hipnose em seu tratamento de pacientes
com histeria. Embora ele tenha abandonado a hipnose em
favor da associação livre, a experiência de Freud com a
hipnose influenciou o desenvolvimento de suas teorias sobre
o inconsciente e os processos mentais.

Milton H. Erickson (1901-1980): Erickson foi um psiquiatra


6. americano e um dos principais defensores da hipnose clínica
no século XX. Ele desenvolveu uma abordagem inovadora e
não convencional à hipnose, conhecida como "hipnose
ericksoniana".
Erickson acreditava na individualização do tratamento e
utilizava técnicas hipnóticas indiretas, como metáforas e
sugestões ambíguas, para ajudar os pacientes a acessar
recursos internos e resolver problemas. Sua abordagem teve
um impacto significativo no campo da hipnoterapia e nas
abordagens modernas da psicologia.

Dave Elman (1900-1967): Elman foi um hipnotista americano


7. que contribuiu para a popularização da hipnose como uma
ferramenta terapêutica. Ele desenvolveu um método de
indução rápida, conhecido como "indução de Dave Elman",
que é amplamente utilizado por hipnoterapeutas e
profissionais da saúde. Elman também enfatizou a
importância da sugestão direta na hipnose e seu potencial
para produzir mudanças rápidas e duradouras.

A evolução histórica da hipnose na psicologia tem sido um


processo contínuo e dinâmico, com muitos avanços e descobertas
ocorrendo ao longo dos séculos. A jornada da hipnose, desde suas
origens antigas até sua aceitação como uma técnica respeitável e
eficaz na prática clínica, demonstra a capacidade da humanidade
de explorar, compreender e aprimorar o conhecimento científico.

À medida que o campo da psicologia continua a evoluir, novas


abordagens e técnicas hipnóticas estão sendo desenvolvidas e
aperfeiçoadas. Além disso, a crescente aceitação da hipnose na
comunidade científica tem levado a um maior interesse em
pesquisas e estudos sobre a eficácia da hipnose em diferentes
contextos terapêuticos. Esses avanços, por sua vez, estão
ajudando a desmistificar a hipnose e a superar o ceticismo e os
mal-entendidos que a cercam.

A integração da hipnose com outras abordagens terapêuticas,


como a terapia cognitivo-comportamental e a psicanálise,
demonstra a versatilidade e a adaptabilidade desta técnica. Essa
capacidade de ser aplicada em diversos contextos terapêuticos
permite que a hipnose continue a se expandir e a se tornar uma
parte cada vez mais importante da prática clínica.

Por fim, a evolução histórica da hipnose na psicologia destaca a


importância da colaboração e da troca de conhecimentos entre
diferentes campos e tradições científicas. À medida que a hipnose
avança, é crucial que os profissionais da área continuem a
compartilhar e a aprender uns com os outros, ajudando a promover
uma compreensão mais profunda e eficaz desta técnica poderosa
e valiosa.

Princípios Éticos e Responsabilidades na


Hipnose Clínica

Talvez este seja, na minha opinião, um dos capítulos mais


importantes. Entender a seriedade da ética dentro desse trabalho
quer dizer entender o respeito que você deve ter com a história e a
dor de cada pessoa que se senta à sua frente dentro do
consultório.
É sobre olhar para essa pessoa como além de um paciente, mas
também como um ser humano! Alguém que carrega uma bagagem
dolorida e que confia a você a sua história de vida.

Dito isso, é com essa seriedade que devemos encarar esse


trabalho, com o cuidado de caminhar por feridas profundas que
muitas vezes só serão expostas a você, não podendo ultrapassar as
barreiras das paredes do seu consultório.

Cada ser humano que confiar a você o seu coração, merece 100%
do seu cuidado e responsabilidade de se comprometer em dar o
seu melhor. Não inicie seus atendimentos enquanto não puder ter
esse olhar para o seu paciente.

Por isso, é importante que todos os profissionais que trabalham


com saúde mental sejam cuidadosos e éticos em seu trabalho para
garantir a melhor experiência possível para seus pacientes.

2.1 Ética e Prática Profissional

A ética é uma área que se preocupa com o comportamento


humano em sociedade e busca estabelecer padrões de conduta
para guiar as relações interpessoais. Na hipnose clínica, a ética é
de extrema importância, pois envolve questões delicadas como a
vulnerabilidade do paciente e a responsabilidade do terapeuta.

A ética na saúde mental envolve uma série de princípios e valores


que guiam a conduta dos profissionais que atuam nessa área. Isso
é especialmente importante não somente em relação ao
hipnoterapeuta, mas qualquer profissional da saúde mental.

Quando um paciente busca ajuda de um profissional da saúde


mental, ele já está com seu emocional abalado, tornando-o mais
vulnerável a informações que pode receber, aumentando seu nível
de sugestionabilidade, como veremos ao decorrer dos capítulos e
conforme vocês passam a entender melhor como funciona o
processo. E quando o paciente confia no profissional que procura,
esse nível se torna ainda maior, por isso devemos exercer esse
trabalho com muita cautela e seriedade.

A ética na hipnose clínica envolve respeitar a autonomia e a


dignidade do paciente, informá-lo sobre o processo e a técnica,
obter o consentimento informado, manter a confidencialidade dos
dados obtidos durante as sessões e buscar sempre agir de acordo
com os melhores interesses do paciente. Esse último ponto inclui,
basicamente, trabalhar somente questões que o paciente esteja
pronto ou queira lidar.

Ou seja, talvez você perceba alguns pontos que ele poderia


trabalhar em sua vida para que possa estar mais leve. Você pode
mencionar tais pontos, mas jamais exigir que ele trate essas
questões. Caso o paciente diga que realmente incomoda e que
deseja olhar para isso, vocês podem dar atenção a esse problema,
caso não perceba abertura, foque naquilo que o paciente procura.
É de extrema importância que os profissionais da saúde mental,
incluindo os hipnoterapeutas, mantenham-se atualizados e em
constante estudo para aprimorar suas técnicas e práticas. Isso se
deve ao fato de que a saúde mental é uma área complexa e em
constante evolução, com novas descobertas e abordagens
surgindo com frequência.

Além disso, é importante que os


profissionais da saúde mental tenham
consciência de que a hipnose não é uma
cura milagrosa, mas sim uma técnica
terapêutica que pode auxiliar no
tratamento de diversos problemas
psicológicos e emocionais.

Apesar de não apresentar riscos aos pacientes, é necessário ter


cautela e responsabilidade ao utilizar a hipnose como ferramenta
terapêutica, sempre respeitando os limites e necessidades
individuais de cada paciente.

Os resultados da hipnose podem variar de paciente para paciente


e não há garantias de que a técnica seja a solução definitiva para
um problema. Por isso, é importante que os profissionais da saúde
mental estejam sempre atentos às reações e evoluções de seus
pacientes, e sejam capazes de avaliar quando a hipnose é
indicada e quando outras abordagens terapêuticas podem ser
mais eficazes.
2.2 Consentimento Informado e
Confidencialidade
O consentimento informado e a confidencialidade são
fundamentais na prática clínica em hipnose e em qualquer outra
abordagem de saúde mental. A ética profissional exige que o
paciente seja informado e compreenda plenamente o processo,
seus objetivos e possíveis efeitos, e que dê seu consentimento de
forma livre e voluntária antes do início do tratamento.

É essencial explicar ao paciente como funciona o processo,


desmistificar a técnica desassociando-a de qualquer possível ideia
"mágica" que ele traga, e tirar todas as dúvidas que possam existir
sobre o processo antes de iniciar a hipnose.

A confidencialidade, por sua vez, é um pilar fundamental da


relação terapêutica, protegendo a privacidade do paciente e
garantindo que suas informações sejam protegidas. Profissionais
da saúde mental têm a obrigação de manter em sigilo todas as
informações relacionadas ao tratamento, salvo em casos de
obrigação legal, risco iminente à vida ou integridade do paciente
ou de terceiros, ou quando o próprio paciente autoriza a
divulgação.

Esses princípios éticos têm suas raízes na história da prática clínica


em saúde mental, que se desenvolveu a partir do século XVIII com
a institucionalização do tratamento moral e da psiquiatria, seguido
pela psicanálise e outras abordagens terapêuticas.
Em 1947, a Associação Americana de Psicologia (APA) publicou seu
primeiro código de ética profissional, que estabeleceu normas
para a conduta ética e a responsabilidade dos psicólogos.

Se o paciente não se sentir seguro para compartilhar informações


pessoais e sensíveis durante as sessões, pode ser difícil para o
terapeuta ajudá-lo a lidar com seus problemas e alcançar seus
objetivos terapêuticos. Por isso, trabalhar de acordo com a ética
clínica é essencial para que seu paciente possa se sentir seguro e
confiante com você.

2.3 Limites e Contraindicações da Hipnose

A hipnose é uma técnica poderosa que pode trazer muitos


benefícios para os pacientes, mas é importante lembrar que ela
tem seus limites e contraindicações. Compreendo que pode existir
uma preocupação em relação ao uso da hipnose em determinados
transtornos, e gostaria de esclarecer que a técnica em si não é
perigosa. No entanto, é importante lembrar que a hipnose não é
uma solução mágica para todos os problemas e que os resultados
podem variar de pessoa para pessoa.

Existem alguns transtornos que não são recomendados para o


uso da hipnose, pois não temos evidências suficientes de sua
eficácia e segurança. É o caso dos transtornos psicóticos,
epilepsia, distúrbios dissociativos e outras condições que
afetam a capacidade cognitiva do paciente.
Transtornos psicóticos, por exemplo, não parecem apresentar
muita evolução, visto que o paciente vive em um estado de
realidade alterada, comprometendo sua capacidade imaginativa
separada da sua própria realidade, o que é essencial para este
trabalho. Já o trabalho com epilepsia deve ser muito cauteloso,
principalmente ao trazer à tona alguma emoção muito forte para
evitar possíveis convulsões durante a sessão de hipnose.

Os distúrbios dissociativos, como a síndrome de múltiplas


personalidades, podem tornar o paciente vulnerável a sugestões
que possam reforçar a presença de diferentes personalidades. É
uma condição um tanto rara, mas devemos ter cautela se nos
depararmos com uma ao longo da nossa jornada.

Outras condições, como depressão grave e transtornos de


ansiedade, podem exigir cuidados especiais na aplicação da
hipnose, bem como o acompanhamento de psicólogo e psiquiatra
experientes e capacitados. Portanto, é essencial que o profissional
da saúde mental esteja ciente dos limites e contra indicações da
hipnose para garantir a segurança e eficácia do tratamento de
seus pacientes.

Além disso, é importante destacar que o uso da hipnose deve ser


feito por profissionais capacitados e com conhecimento em
psicopatologia e técnicas de hipnose clínica. Isso garantirá que o
paciente seja avaliado corretamente e que a técnica seja aplicada
de forma segura e ética.
Fundamentos da Hipnose
A hipnose é uma técnica que envolve a indução de um estado
alterado de consciência, em que a pessoa fica mais aberta a
sugestões e mudanças comportamentais. Os fundamentos da
hipnose incluem:

Foco na atenção: a hipnose envolve o foco da atenção


1. do indivíduo em um estímulo específico, como a voz do
hipnoterapeuta que vai guiar o seu foco para dentro
de si mesmo.

Sugestão: a sugestão é a parte central da hipnose. Ela


2. envolve a comunicação de ideias ou comportamentos
desejados para a pessoa hipnotizada.

Relaxamento: a hipnose geralmente começa com uma


3. técnica de relaxamento, que ajuda a pessoa a se
sentir mais calma e tranquila.

Imaginação: uma das definições de hipnose que uso


4. também, é que ela é a utilização da imaginação a
nosso favor, com o objetivo de criar uma sensação de
realidade na mente da pessoa hipnotizada.

Concentração: a hipnose envolve a capacidade de se


5. concentrar e focar na sugestão ou instrução dada pelo
hipnoterapeuta.
Confiança: a pessoa hipnotizada deve confiar no
6. hipnoterapeuta e se sentir confortável para permitir a
sugestão.

Aceitação: a pessoa hipnotizada deve estar disposta a


7. aceitar a sugestão e acreditar que ela é possível.

Esses são alguns dos fundamentos da hipnose, mas é importante


lembrar que a técnica pode variar de acordo com o estilo e
treinamento do hipnoterapeuta.

Existem muitas abordagens diferentes para induzir a hipnose, e


cada uma pode ser mais eficaz para diferentes tipos de pessoas.
Dominar a base de qualquer técnica é a chave para aplicar
técnicas mais avançadas com mais facilidade.

3.1 Processo de Indução Hipnótica: Etapas


e Técnicas
A indução hipnótica é o processo de levar uma pessoa a um
estado de transe hipnótico, e é uma das partes fundamentais da
hipnose. Desde o século XVIII, vários teóricos e hipnotistas
contribuíram para o desenvolvimento de técnicas e etapas de
indução hipnótica.

Um dos primeiros teóricos a estudar a hipnose foi Franz Mesmer, no


final do século XVIII. Ele desenvolveu uma técnica de indução que
ficou conhecida como Mesmerismo, que envolvia a ideia de uma
energia hipnótica chamada "fluido magnético". A indução de
Mesmer também é conhecida como "passe magnético", e ele
acreditava que todas as pessoas possuem um campo magnético e
que problemas de saúde eram causados por um desequilíbrio nesse
campo.

Para induzir a hipnose, Mesmer usava gestos, palavras e toques


para criar uma sensação de relaxamento e sugestionabilidade no
paciente. Ele também utilizava ímãs para equilibrar o campo
magnético do paciente.

A técnica de Mesmer teve um impacto significativo no


desenvolvimento da hipnose, influenciando outros grandes nomes
na área, como James Braid e Émile Coué. Braid desenvolveu uma
técnica de indução que se baseava no relaxamento físico. O
relaxamento progressivo de Braid é uma técnica de indução
hipnótica que se concentra no relaxamento muscular progressivo.

Aqui está um passo a passo básico:

1. Peça para que o paciente se sente


confortavelmente em uma cadeira ou
sofá, com os olhos fechados. Pode
colocar uma música de fundo de
relaxamento caso desejar.

2. Comece com a sugestão de que o


paciente relaxe as áreas do corpo,
começando pelos pés e subindo até a
cabeça, usando a imaginação para visualizar essas áreas
relaxando e a percepção corporal para colocar o foco em
cada área que você for mencionando para que ele vá
soltando os músculos e se permitindo relaxar.

3. Peça ao paciente que foque na sensação de tensão em


seus músculos e sugira que ele solte essa tensão
gradualmente, começando pelos dedos dos pés.

4. À medida que cada área do corpo é relaxada, sugira que o


paciente sinta uma sensação de calor e relaxamento.

5. Quando o paciente relaxou todos os músculos do corpo,


sugira que ele sinta uma sensação de calma e paz.

6. Continue a falar com o paciente em um tom suave e


tranquilo, usando sugestões positivas para aprofundar o
relaxamento.

7. Quando o paciente estiver em um estado de relaxamento


profundo, você pode começar a sugerir que ele se sinta
mais relaxado, tranquilo e receptivo a suas sugestões, e
então dar sequência ao processo de hipnose para tratar
aquilo que foi proposto nessa sessão, iniciando aqui com a
técnica que desejar.

É importante lembrar que cada pessoa é única e pode responder


de maneira diferente a essa técnica. Além disso, o terapeuta deve
ajustar a técnica de acordo com as necessidades e preferências
individuais do paciente.
Na década de 1930, Dave Elman desenvolveu uma técnica de
indução rápida que se tornou bastante popular entre os hipnotistas
e terapeutas, sendo hoje uma das induções mais utilizadas. É
conhecida principalmente por ter a capacidade de levar uma
pessoa a um estado profundo de transe em menos de 6 minutos.
Conhecida como "Indução de Dave Elman", consiste em 4 passos
colocados em ordem específica que são:

1. Catalepsia dos olhos: Peça para o paciente de olhos


fechados, imaginar todos os músculos dos olhos desligando
um a um, até que fiquem totalmente relaxados e desligados.
Quando ele sentir que os músculos dos olhos já estão
completamente relaxados e desligados, peça para que ele
faça um único teste de tentar abrir os olhos e dando a
sugestão de que eles estão completamente colados e
simplesmente não abrem.

2. Fracionamento: Então, peça para que o paciente abra e


feche os olhos por 3 vezes, dando a sugestão de que cada
vez que ele fizer isso, pode ir mais profundo no estado de
hipnose.

3. Desligamento do braço: Diga que da mesma maneira que


ele desligou completamente os músculos dos olhos, que ele
desligue completamente os músculos do braço que estiver à
sua frente (do hipnoterapeuta), e então diga para o paciente
se é o direito ou esquerdo. Peça para que ele imagine esse
braço completamente relaxado e pesado, como se fosse uma
toalha molhada, dizendo que em algum momento você vai
levantar o braço pelo pulso e deixá-lo cair sobre seu colo, e
que assim que fizer isso, ele poderá ir ainda mais fundo no
relaxamento, mas que você não precisa que ele te ajude,
que simplesmente se concentre em manter o braço relaxado.
Então levante o braço e solte no colo do paciente, sempre
sugerindo que ele vá mais profundo nesse estado.

4. Amnésia dos números: Agora com o corpo completamente


desligado e relaxado, diga que vocês irão iniciar o
relaxamento mental. Então peça para que ele faça uma
contagem regressiva, em voz alta, devagar, começando pelo
número 100. Que a cada número que ele disser, poderá ir
ainda mais fundo, e que quando chegar próximo ao 97 ou até
mesmo antes, esses números somem completamente e ele
poderá entrar em um estado de relaxamento muito profundo.
Não deixe o paciente contando até o fim, se ele continuar
contando até o 95 ou 94, peça para que ele imagine os
números sumindo da sua mente e seu relaxamento ficando
duas vezes mais forte.

Outro nome importante na história da hipnose foi Milton H.


Erickson, que desenvolveu uma técnica de indução que se
baseava em metáforas e sugestões indiretas. Sua técnica de
hipnose ericksoniana é amplamente utilizada em terapia e
treinamento. Erickson aplicava a hipnose de forma mais flexível,
adaptando-se às necessidades específicas de cada indivíduo, o
que possibilitava uma ampla gama de aplicações terapêuticas e
permitindo que a hipnose fosse mais facilmente aceita e integrada
pelo paciente.
Aqui vai um exemplo de indução
ericksoniana:
"Convido você a sentar confortavelmente em sua cadeira e
fechar seus olhos, permitindo que sua mente se concentre
apenas nas minhas palavras. Respire profundamente e sinta
o ar entrando e saindo de seu corpo. Ao inspirar, imagine
um perfume suave e agradável que vem até você, e ao
expirar, imagine que qualquer tensão e preocupação vão
embora.

Enquanto você respira, se imagine em um lugar tranquilo,


onde se sinta completamente à vontade. Talvez seja um
campo verde com uma brisa suave, ou uma praia com
ondas suaves e quentes acariciando seus pés. Visualize as
cores ao seu redor, sinta a textura do chão sob seus pés,
ouça os sons à sua volta, sinta o cheiro do ambiente e, se
quiser, até sinta o gosto de uma fruta ou bebida deliciosa.

Agora, imagine que está olhando para um objeto à sua


frente, pode ser uma flor, um cristal, um livro, o que quiser.
Perceba as suas formas, cores, texturas, e como ele se
encaixa perfeitamente no cenário. Permita que sua mente
vagueie livremente, e sinta como sua imaginação começa a
se aprofundar. A cada respiração, sinta-se mais e mais
relaxado, e permita que sua mente fique cada vez mais
aberta à experiência.
Lentamente, comece a imaginar que suas mãos estão se
aproximando desse objeto, tocando-o suavemente,
explorando suas características. Sinta sua pele contra o
objeto, perceba a temperatura e a textura do material. À
medida que você se concentra mais e mais, sua mente se
abre cada vez mais para a experiência, e você começa a
se sentir cada vez mais à vontade e relaxado.

E conforme você segura o objeto em sua mão, sinta o peso


e a textura dele. Permita que sua atenção se concentre
completamente no objeto e nas sensações que ele
proporciona. Enquanto você se concentra no objeto, você
começa a sentir uma sensação de relaxamento cada vez
mais profunda se espalhando por todo o seu corpo. Você
sente seu corpo se tornando cada vez mais pesado e
relaxado, como se você estivesse afundando em uma
nuvem de tranquilidade.

E enquanto você continua a segurar o objeto, você pode


começar a perceber que seus pensamentos estão se
tornando mais lentos e calmos. Qualquer tensão que você
tenha sentido antes está começando a desaparecer
completamente. E você pode continuar a relaxar e
desfrutar dessa sensação de tranquilidade pelo tempo que
desejar, permitindo que seu corpo e mente se sintam cada
vez mais relaxados e tranquilos".
Hoje em dia, existem várias técnicas de indução hipnótica
disponíveis, incluindo técnicas de relaxamento, sugestão direta,
sugestão indireta, metáforas e outras. Cada técnica pode ser
adequada para diferentes pacientes e situações clínicas, e o
terapeuta deve selecionar a técnica mais apropriada para cada
caso. Após a indução, o terapeuta pode então seguir e utilizar a
técnica desejada para tratar o problema proposto.

3.2 Sugestão e Sugestionabilidade:


Conceitos e Avaliação

Depois da indução, o terapeuta pode iniciar a técnica desejada


para o tratamento. Essa técnica pode variar de acordo com o
objetivo do tratamento e com as necessidades específicas do
paciente. O terapeuta pode utilizar sugestões verbais,
visualizações, metáforas ou outras técnicas para ajudar o paciente
a fazer mudanças positivas em seu comportamento, emoções e
pensamentos.

Nesse momento, é importante que o terapeuta esteja totalmente


presente e focado no paciente, utilizando uma linguagem clara e
direta para transmitir as sugestões de forma eficaz. Além disso, o
terapeuta deve estar atento à resposta do paciente, observando
sinais de aceitação ou resistência às sugestões. Por exemplo, se o
terapeuta pedir para o paciente entrar em contato com alguma
emoção que pretendem trabalhar, e o paciente não esboçar
reações, o terapeuta deve ajustar sua abordagem de acordo com
as necessidades do paciente.
A sugestão é uma ferramenta essencial na hipnose e consiste na
apresentação de uma ideia ou imagem mental que pode influenciar
o comportamento ou o pensamento do paciente. A
sugestionabilidade, por sua vez, é a capacidade de um indivíduo
em receber e responder a sugestões.

A sugestionabilidade pode acontecer tanto conscientemente


quanto inconscientemente. Alguns indivíduos são mais suscetíveis a
sugestões do que outros, e essa suscetibilidade pode variar de
acordo com o contexto e o estado emocional da pessoa. Também é
importante ressaltar que quanto mais eu confio em uma pessoa,
mais aberto me torno para receber informações dela sem que eu
precise racionalizá-las. Partindo desse princípio, é de extrema
importância que o terapeuta passe confiança para o seu paciente,
dessa maneira ele se torna mais aberto às sugestões que o
terapeuta oferecer.

A sugestionabilidade é uma habilidade que pode ser aprimorada


através da prática. O uso da hipnose pode ajudar a aumentar a
sugestionabilidade de uma pessoa, tornando-a mais aberta a
sugestões positivas e transformações comportamentais desejadas.
É importante lembrar que a sugestionabilidade não significa falta
de controle ou vontade própria. A pessoa sempre mantém o
controle sobre suas ações e decisões, mesmo quando está aberta a
sugestões.

Um dos grandes nomes que contribuíram para o estudo da sugestão


e da sugestionabilidade foi o psicólogo francês Emile Coué, que
desenvolveu a técnica da "afirmação consciente" no início do
século XX. Ele acreditava que a repetição de sugestões positivas
poderia ajudar na cura de doenças e no desenvolvimento de
habilidades. Coué também foi um dos pioneiros na utilização da
hipnose como ferramenta terapêutica.

Por exemplo, se alguém deseja ter mais confiança em si mesmo,


pode dizer a si mesmo várias vezes ao dia: "Todos os dias, em todos
os sentidos, eu estou ficando mais confiante". Esse tipo de
afirmação positiva pode ajudar a pessoa a acreditar em si mesma e
a desenvolver a confiança necessária para alcançar seus objetivos.

Outro exemplo seria para lidar com a ansiedade. A pessoa pode


repetir a si mesma frases como "Eu sou calmo e relaxado" ou "Eu
estou em paz e equilibrado". Essas afirmações ajudam a pessoa a
se concentrar em um estado de calma e a reduzir a ansiedade.

É importante lembrar que as afirmações positivas não são uma


solução rápida para problemas emocionais ou psicológicos mais
profundos. No entanto, elas podem ser uma ferramenta útil para
aumentar a autoconfiança e promover um estado de calma e bem-
estar emocional.

Você não é os seus pensamentos, mas se torna aquilo que pensa


constantemente. Por esse motivo, essas sugestões terão um efeito
na vida da pessoa a partir da repetição diária desses pensamentos.
Lembrando também que "efeito" não quer dizer a resolução de um
problema, mas podem contribuir muito no processo terapêutico e
estilo de vida. E isso também deve ser explicado para o paciente,
para que ele entenda que pode ter "benefícios", e não resolução.

Outro grande nome que contribuiu para o estudo da sugestão foi o


psiquiatra e hipnoterapeuta britânico Milton H. Erickson. Ele
desenvolveu uma abordagem de sugestão indireta, utilizando
histórias, metáforas e linguagem ambígua para induzir um estado
de transe no paciente e transmitir sugestões de maneira sutil e
eficaz. Erickson também é conhecido por ter influenciado
significativamente a prática da terapia breve.

Um exemplo de sugestão indireta ericksoniana pode ser utilizado


pelo terapeuta no consultório com o paciente é através do uso de
metáforas. Por exemplo, o terapeuta pode contar uma história
sobre uma borboleta que, por meio de seu processo de
transformação, superou suas limitações e se tornou forte e capaz.
O terapeuta pode então associar a história à vida do paciente,
sugerindo que eles também são capazes de se transformar e
superar seus desafios.

Vou contar a metáfora da borboleta com detalhes


para que você possa imaginar e sentir cada etapa:

"Imagine que você é uma borboleta.


Está dentro de um casulo, um lugar
escuro e apertado. Se sente restrito, sem
espaço para se mover. Mas você sabe
que existe um mundo lá fora, um mundo
colorido e vibrante.
Você começa a sentir um impulso para sair do casulo e explorar
esse mundo. Começa a se esforçar para quebrar a casca,
empurrando e movendo suas asas para rompê-la. Cada vez que se
esforça, a casca começa a se abrir um pouco mais.

Agora imagine que você finalmente consegue romper a casca e sair


do casulo. Estica suas asas e elas começam a se abrir e se
expandir. Começa a sentir a luz do sol em seu corpo e o ar fresco
em suas asas. Se sente livre e leve, pronta para voar.

Você é uma borboleta agora, e o mundo é seu para explorar. Cada


vez que bate suas asas, você se move com graça e facilidade.
Você é uma criatura bela e poderosa."

Essa metáfora da borboleta pode nos ajudar a entender como


podemos nos sentir presos ou restritos em nossas vidas. Mas assim
como a borboleta, podemos romper as cascas que nos limitam e
voar livremente em direção a nossos sonhos e objetivos. Podemos
nos transformar e crescer em algo belo e poderoso, assim como a
borboleta.

Outro exemplo de sugestão indireta pode ser a utilização de


palavras ambíguas ou frases incompletas que permitem que o
paciente preencha as lacunas com seus próprios pensamentos e
sentimentos. Por exemplo, o terapeuta pode dizer: "Algumas
pessoas acham que mudar é difícil, mas outras descobrem que a
mudança pode ser..." e deixar o paciente completar a frase com
suas próprias palavras. Isso permite que o paciente se sinta mais
envolvido no processo de mudança e dê mais significado às suas
próprias crenças e desejos.

Um exemplo de sugestão indireta com a utilização de palavras


ambíguas poderia ser: "Você pode perceber agora como é fácil
sentir-se leve enquanto deixa suas preocupações para trás. Talvez
seja como se um peso estivesse sendo levantado e você pudesse
flutuar livremente, como se nada pudesse te segurar.

E é engraçado como algumas vezes o simples ato de respirar


profundamente pode fazer toda a diferença." Nessa sugestão,
palavras como "leve", "preocupações", "peso", "flutuar" e "respirar
profundamente" são ambíguas e podem ser interpretadas de
diferentes formas pelo paciente, permitindo que a sugestão seja
absorvida de forma mais indireta e sutil.

Em suma, compreender a sugestão e a sugestionabilidade é


essencial para o profissional de hipnose clínica, pois são elas que
possibilitam a construção do ambiente propício para a realização
do trabalho terapêutico com eficácia e segurança.

3.3 Estados de Consciência e Hipnose: Uma


Visão Simplificada

O estudo dos estados de consciência é uma área muito complexa e


fascinante, que tem sido explorada por filósofos, psicólogos,
neurocientistas e outros especialistas ao longo dos anos. A hipnose
é uma técnica que visa induzir um estado alterado de consciência
em uma pessoa, e para entender como isso funciona, é importante
conhecer um pouco sobre os diferentes estados de consciência.

Mas antes de nos relacionarmos à hipnose, vamos primeiro entender


um pouco mais sobre os estados de consciência e os principais
autores que contribuíram para este tema. Alguns dos maiores
autores que contribuíram para esse campo incluem William James,
Sigmund Freud, Carl Jung e Arnold Mindell, entre outros. Vamos
entender melhor o que cada autor propõe e como essas ideias se
conectam:

1. William James
William James, um dos fundadores da psicologia moderna, propôs
que a consciência não é uma entidade estática, mas sim um
processo em constante mudança. Em sua obra "As Variedades da
Experiência Religiosa", James explorou diferentes tipos de estados
de consciência, como êxtase, transe e estados meditativos. Ele
propõe a ideia de que existem diferentes estados de consciência
que são alcançados através de práticas religiosas ou espirituais,
como a meditação, oração, entre outros.

No livro, James descreve vários desses estados de consciência,


como o estado místico, que é caracterizado por uma sensação de
unidade com o universo, transcendendo a si mesmo e ao mundo
material. Um exemplo seria a meditação profunda em que a pessoa
se sente conectada ao universo, transcendendo o eu e o mundo
material. Durante a meditação, a pessoa pode ter uma sensação de
paz e plenitude.
Outro estado descrito é o estado de consciência automática, em
que a pessoa parece estar em um estado de transe, executando
ações sem pensar conscientemente, como quando uma pessoa está
dirigindo para casa depois de um longo dia de trabalho e chega ao
destino sem lembrar do trajeto. Esse estado de consciência
automática pode ocorrer quando a pessoa está fazendo algo que
já está muito acostumada a fazer.

Ele também discute a importância da consciência de si, que é


fundamental para o desenvolvimento pessoal e espiritual, como
quando uma pessoa está praticando a introspecção, refletindo
sobre suas emoções e pensamentos, tentando entender o que está
acontecendo dentro de si. Esse estado de consciência de si é
fundamental para o desenvolvimento pessoal e espiritual.

James enfatiza que esses estados de consciência são importantes


para o entendimento da experiência religiosa, mas também têm
relevância para a psicologia em geral, já que muitos desses estados
são alcançados por meio de práticas que podem ser usadas para
fins terapêuticos. Muitas das práticas religiosas têm como objetivo
alcançar estados alterados de consciência, que podem fornecer
insights sobre a natureza da experiência humana e serem usados
para promover a saúde mental e o bem-estar.

Embora a religião possa não ser a única maneira de alcançar


estados alterados de consciência, muitas das práticas religiosas
envolvem uma dimensão espiritual que pode ser importante para
muitas pessoas que procuram essas experiências. Essa dimensão
espiritual pode ajudar as pessoas a encontrar um significado mais
profundo em suas vidas, e isso pode ter implicações positivas para
a saúde mental e o bem-estar.

2. Sigmund Freud
Sigmund Freud, por sua vez, desenvolveu a teoria do inconsciente e
da mente dividida em três partes: o id, o ego e o superego. Ele
acreditava que a hipnose permitia o acesso ao inconsciente e era
uma ferramenta útil para tratar distúrbios psicológicos.

Sigmund Freud acreditava que a nossa mente é dividida em três


partes: o "id", que é a parte primitiva e impulsiva que busca
satisfação imediata; o "ego", que é a parte consciente que busca
equilibrar os desejos do id com a realidade externa; e o "superego",
que é a parte moral da mente que regula nosso comportamento em
relação aos padrões éticos e morais da sociedade.

Segundo Freud, a hipnose permite acessar o inconsciente, onde


estão armazenados nossos desejos, traumas e conflitos internos. Por
isso, a hipnose pode ser uma ferramenta útil para tratar problemas
psicológicos, como ansiedade, fobias e traumas.

O id é a parte mais primitiva da mente, que contém os impulsos e


desejos básicos, como a fome, a sede e o desejo sexual. É regido
pelo princípio do prazer, que busca gratificação imediata e sem
consideração pelas consequências. O id é a parte da mente que
contém nossos desejos mais primitivos e instintivos. É como se fosse
um bebê dentro de nós, que quer tudo o que deseja imediatamente,
sem se importar com as consequências. Por exemplo, quando
estamos com fome, o id nos faz querer comer imediatamente, sem
pensar se estamos em um lugar apropriado para comer ou se a
comida é saudável.

O ego é a parte consciente da mente, que lida com a realidade


externa e busca equilibrar as demandas do id com as exigências do
mundo externo. É regido pelo princípio da realidade, que busca
alcançar a satisfação dos desejos do id de uma maneira que seja
aceitável socialmente.

É como se fosse nosso senso de responsabilidade e controle. Por


exemplo, quando estamos com fome, o ego nos faz pensar onde
podemos encontrar comida saudável e segura para comer, mesmo
que isso signifique ter que esperar um pouco mais para saciar nossa
fome.

O superego é a parte moral da mente, que regula o comportamento


em relação aos padrões éticos e morais da sociedade. É formado a
partir dos valores e normas que aprendemos desde a infância e é
influenciado por figuras de autoridade, como pais e professores.

Ele nos faz pensar sobre o que é certo e errado. Por exemplo, se
estamos com fome e vemos uma fruta na árvore do vizinho, o
superego nos faz pensar que é errado pegar a fruta sem permissão,
mesmo que isso signifique que teremos que encontrar outra forma
de saciar nossa fome.
De acordo com Freud, o ego está constantemente equilibrando as
demandas do id e do superego, e a dinâmica entre essas três
partes pode causar conflito interno e afetar a saúde mental. A
terapia psicanalítica busca trazer à consciência os conflitos
inconscientes e ajudar o paciente a integrar e lidar com as
diferentes partes da sua mente de uma maneira mais saudável.

Isso significa que o conflito entre as diferentes partes da mente


pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade,
depressão e transtornos alimentares. Por exemplo, uma pessoa
pode sentir vontade de comer um bolo inteiro (id), mas sabe que
isso não é saudável (superego) e tenta encontrar uma maneira de
equilibrar essas demandas (ego). Se ela não consegue encontrar
um equilíbrio saudável, pode desenvolver um transtorno alimentar.

A terapia psicanalítica busca ajudar o paciente a entender esses


conflitos internos e a encontrar maneiras mais saudáveis de lidar
com eles. Por exemplo, um paciente pode ter sentimentos de raiva
reprimidos em relação aos pais (inconsciente) que afetam suas
relações pessoais e profissionais (consciente). O terapeuta pode
ajudar o paciente a trazer esses sentimentos à consciência e a
encontrar maneiras mais saudáveis de lidar com eles, como a
comunicação assertiva em vez da agressão passiva.

Para Freud, o inconsciente é a parte da mente que contém


conteúdos que não são conscientemente acessíveis. Esses
conteúdos podem ser pensamentos, memórias, desejos, impulsos e
emoções reprimidas que foram suprimidas da consciência devido a
seu caráter ameaçador ou doloroso. Freud acreditava que esses
conteúdos inconscientes poderiam influenciar significativamente o
comportamento e as emoções do indivíduo, mesmo que ele não
estivesse ciente disso.

O pai da psicanálise considera que o inconsciente é uma das


partes mais importantes da mente humana, pois é a fonte de muitos
dos nossos desejos e impulsos que são considerados socialmente
inaceitáveis ou inapropriados. Esses desejos são governados pelo id
e podem causar conflito interno com o superego, que controla o
comportamento moralmente aceitável.

Além disso, ele acreditava que o inconsciente não segue as mesmas


regras lógicas e racionais da mente consciente, e que é governado
por processos primários, como a satisfação imediata das
necessidades e desejos. Isso pode levar a comportamentos
irracionais e impulsivos que podem ser prejudiciais ao indivíduo. Por
exemplo, alguém pode ter um medo irracional de um animal que
nunca causou dano antes.

No entanto, para Freud, o inconsciente não era apenas uma fonte


de problemas e conflitos. Ele defendia que, se acessado e
integrado adequadamente à consciência, o inconsciente poderia
ser uma fonte de criatividade, intuição e insight. Por exemplo, um
artista pode criar uma obra de arte a partir de um sonho ou de um
impulso inconsciente. É quando dizemos que a arte é a capacidade
de transformar o sofrimento em algo palpável e produtivo. Por meio
da psicanálise, Freud desenvolveu técnicas para acessar o
inconsciente e trabalhar com seu conteúdo, visando a cura e o
crescimento pessoal.

3. Carl Jung
Carl Jung, um dos discípulos de Freud, desenvolveu a teoria dos
arquétipos e da psicologia analítica. Segundo Jung, os arquétipos
são padrões universais e atemporais que fazem parte do
inconsciente coletivo da humanidade. Esses padrões podem ser
percebidos em sonhos, mitos, contos de fadas, símbolos e em outras
manifestações culturais. Os arquétipos não são apenas imagens
mentais, mas também possuem um forte componente emocional e
afetivo.

Jung acreditava que a mente humana é dividida em dois níveis: o


consciente e o inconsciente. O consciente é a parte da mente que
está em contato com a realidade externa e que é acessível à
consciência. Já o inconsciente é a parte da mente que está fora da
consciência e que contém conteúdos reprimidos, traumas, desejos,
medos, entre outros. Segundo Jung, o inconsciente é tão importante
quanto o consciente, pois influencia significativamente nosso
comportamento e nossa vida emocional.

De acordo com a teoria de Jung, o inconsciente é dividido em duas


partes: o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. O
inconsciente pessoal contém experiências, memórias e emoções
individuais que foram reprimidas ou esquecidas.

Já o inconsciente coletivo é um nível mais profundo do inconsciente,


que contém conteúdos que são compartilhados por todos os seres
humanos, independente de suas culturas, experiências ou histórias
de vida.

Para entender melhor os arquétipos, podemos usar como exemplo o


arquétipo da mãe. Esse padrão é comum a todas as culturas e
representa a figura materna, protetora, nutridora e cuidadora. Ele
pode ser encontrado em mitos, contos de fadas e até mesmo em
nossos sonhos.

Quando sonhamos com uma figura materna carinhosa, estamos


entrando em contato com esse arquétipo. Outro exemplo é o
arquétipo do herói, que representa a figura corajosa e que enfrenta
desafios. Ele pode ser encontrado em histórias de aventura e em
muitos mitos e contos populares, como a história de Hércules ou a
saga de Frodo em "O Senhor dos Anéis".

Ao compreender o arquétipo do herói e como ele influencia sua


vida, você pode usar essa compreensão para inspirar e motivar a si
mesmo a perseguir seus próprios objetivos e superar desafios. Isso
pode ajudá-lo a encontrar um senso de propósito e significado em
sua vida.

Por outro lado, se você não estiver ciente desse arquétipo, pode se
sentir desmotivado ou perdido, sem saber como lidar com desafios
e objetivos significativos em sua vida. Ao compreender e integrar
esse arquétipo em sua vida consciente, você pode se tornar mais
capaz de lidar com desafios e encontrar um sentido de propósito
em sua jornada.

Jung acreditava que o estudo dos arquétipos e do inconsciente


poderia ajudar as pessoas a se conhecerem melhor, a se tornarem
mais conscientes de seus padrões de comportamento e a viverem
uma vida

mais autêntica e realizada. Embora sejam diferentes, o inconsciente


pessoal e o inconsciente coletivo interagem entre si. Assim,
podemos entender que o inconsciente pessoal é como uma gota no
oceano, enquanto o inconsciente coletivo é como o próprio oceano.

4. Arnold Mindell
Arnold Mindell é um psicólogo americano que desenvolveu uma
abordagem terapêutica conhecida como Process Work. Ela ajuda a
trabalhar com as dinâmicas que acontecem em um grupo ou
pessoa, em vez de se concentrar apenas no que está visível ou
consciente. Em outras palavras, a terapia se concentra nos
"processos" em vez dos "conteúdos".

Mindell acredita que cada pessoa e sistema (como uma família, um


grupo ou uma organização) tem um processo próprio e que este
processo pode ser acessado através do uso de técnicas como a
atenção focada, a escuta profunda e a interpretação de sinais
corporais e emocionais.

O objetivo do Process Work é ajudar as pessoas a trabalhar com


seus próprios processos internos e os processos em seus sistemas, a
fim de descobrir novos insights, resolver conflitos e alcançar uma
maior compreensão de si mesmos e do mundo ao seu redor. O
trabalho de Mindell é frequentemente utilizado em terapia
individual e de casais, bem como em organizações e grupos
comunitários.

Arnold Mindell também fala sobre o processo de Dreambody, que é


uma abordagem terapêutica que usa o sonho e a linguagem
corporal para acessar e transformar experiências inconscientes em
níveis profundos.

Essa abordagem se baseia na ideia de que o corpo humano é um


sistema inteligente e que nossos sonhos e sintomas físicos são
expressões desse sistema, oferecendo insights sobre questões
emocionais e psicológicas. Ao explorar e trabalhar com esses
aspectos através de exercícios corporais, meditações e diálogos, o
processo de Dreambody busca promover a integração e a cura de
traumas e conflitos pessoais.

Embora os estados de consciência estudados por William James,


Sigmund Freud, Carl Jung e Arnold Mindell tenham abordagens
diferentes, eles podem ser relacionados à hipnose de alguma
forma. James e Freud, por exemplo, exploraram o inconsciente e
sua influência sobre o comportamento consciente. Jung, por outro
lado, desenvolveu a teoria dos arquétipos e do inconsciente
coletivo. Já Mindell enfatizou a importância da integração de
diferentes aspectos da psique para uma vida equilibrada.
Em relação à hipnose, esses estados de consciência podem ser
utilizados para acessar o inconsciente e trabalhar com sugestões e
reprogramações mentais. Além disso, a hipnose pode ser uma
ferramenta útil para ajudar as pessoas a integrar diferentes
aspectos da mente, que é um conceito fundamental em
abordagens como a psicologia junguiana e o processo de
dreambody de Mindell.

Desenvolvendo Habilidades em Hipnose:


Dicas e Recursos

Aprimorar a comunicação, escuta ativa, linguagem corporal e tom


de voz é essencial na hipnose porque essa prática terapêutica
envolve uma interação entre o terapeuta e o paciente, e a eficácia
da hipnose depende em grande parte da qualidade dessa
interação.

Uma boa comunicação é fundamental para estabelecer uma


relação de confiança do paciente para o terapeuta, o que é
essencial para o sucesso da hipnose. O terapeuta deve ser claro em
suas instruções e linguagem para que o paciente possa
compreender realmente a essência daquilo que é passado.

A escuta ativa é o que ajuda o terapeuta a entender as


necessidades e desejos do paciente, bem como detectar possíveis
resistências ou dificuldades. O terapeuta deve estar presente e
atento ao que o paciente está dizendo, e responder
adequadamente para que a hipnose flua sem obstáculos.
A linguagem corporal também é um aspecto importante, pois pode
ajudar a estabelecer uma conexão maior dentro da sessão e
transmitir uma sensação de calma e confiança. O terapeuta deve
estar ciente de sua postura, gestos e expressões faciais, evitando
comportamentos que possam ser interpretados como ameaçadores
ou hostis.

Finalmente, o tom de voz pode afetar o estado emocional do


paciente. O terapeuta deve falar de maneira calma e suave,
transmitindo uma sensação de tranquilidade e confiança, e usando
variações no tom de voz para enfatizar pontos importantes ou
induzir a um estado de relaxamento.

4.1 Aprimorando a Comunicação e a Escuta


Ativa
Uma das maiores referências em comunicação e escuta ativa é o
psicólogo americano Carl Rogers (1902-1987). Fundador da
abordagem humanista, acreditava que a escuta ativa era
fundamental para criar um ambiente de apoio e compreensão entre
o terapeuta e o paciente. Ele desenvolveu uma abordagem
terapêutica centrada no paciente, onde o terapeuta deve criar um
ambiente acolhedor e empático para o paciente, fornecendo-lhe
um espaço seguro para compartilhar seus sentimentos e
experiências.

A escuta ativa é uma técnica de comunicação que envolve prestar


atenção total ao que o outro está dizendo, entendendo o
significado e a intenção por trás das palavras, mostrando interesse
e compreensão. Ela demanda que você esteja totalmente presente,
se permitindo envolver com a história do paciente, porém não tanto
ao ponto de se perder sentindo as emoções que ele sente. É a
capacidade de poder se imaginar na situação do paciente,
compreender sem julgamento seus pensamentos e sentimentos, mas
continuar dentro da sua própria racionalidade para poder fazer as
interpretações necessárias. Essa técnica é essencial para um bom
atendimento em psicologia e pode ser particularmente útil durante
a hipnose clínica.

Imagine que um paciente chega em seu consultório e começa a


falar sobre seu medo de altura. Ele conta que recentemente teve
uma crise de ansiedade enquanto subia em um prédio alto para
uma reunião de trabalho e que desde então tem evitado situações
semelhantes.

Ao invés de simplesmente responder com uma interpretação teórica


pronta, você decide praticar a escuta ativa. Você se concentra em
estar totalmente presente no momento e ouvir com atenção o que o
paciente está dizendo, sem julgamento ou interrupção.

Enquanto o paciente fala, você percebe que ele menciona várias


vezes a sensação de que o chão está se movendo sob seus pés e
que ele se sente tonto. Você então usa a técnica da repetição para
esclarecer seu entendimento: "Então você sente que o chão está se
movendo e isso te faz sentir tonto?". O paciente confirma e
adiciona que essa sensação o faz perder o equilíbrio e se sentir
inseguro, o que alimenta seu medo de altura. A partir daí, você
pode usar sua formação teórica para interpretar as associações
entre os sintomas físicos e emocionais que o paciente está
relatando, e como eles podem estar relacionados a experiências
passadas.

Dessa forma, ao praticar a escuta ativa, você pode realmente


entender o que o paciente está sentindo e oferecer uma
interpretação mais precisa e personalizada do que simplesmente
aplicar uma teoria pré-concebida.

4.2 Linguagem Corporal


A linguagem corporal é uma forma de comunicação não verbal que
envolve gestos, postura, expressões faciais, movimentos dos olhos e
outras manifestações do corpo. É uma forma de expressão que
pode transmitir emoções, intenções e informações que
complementam ou contradizem as palavras que estamos dizendo.

Por exemplo, se uma pessoa está cruzando os braços na frente do


peito e tem uma expressão fechada, isso pode indicar que ela está
se sentindo defensiva ou desconfortável. Já se uma pessoa está
sorrindo, faz contato visual e tem uma postura aberta, isso pode
indicar que ela está se sentindo confortável e receptiva.

A linguagem corporal pode nos ajudar de várias maneiras, como:

1. Entender melhor os sentimentos e emoções dos outros:


Observando a linguagem corporal de uma pessoa, podemos
ter uma ideia de como ela está se sentindo, mesmo que ela
não esteja expressando seus sentimentos com palavras.
2. Comunicar melhor as nossas próprias emoções e
intenções: Através da nossa linguagem corporal, podemos
expressar nossas emoções e intenções de forma mais clara e
autêntica.

3. Melhorar nossa comunicação interpessoal: Quando


estamos conscientes da nossa própria linguagem corporal e
da dos outros, podemos nos comunicar com mais clareza e
eficácia, o que pode melhorar nossas relações pessoais e
profissionais.

Na hipnose, a linguagem corporal é uma ferramenta capaz de ler e


interpretar o mundo interno de um paciente e pode ajudar o
profissional a compreender melhor as emoções e necessidades
dele, o que pode levar a um tratamento mais efetivo.

Alguns exemplos de como a linguagem corporal pode ser utilizada


em um tratamento incluem:

Observação da postura do paciente: Uma postura encurvada


pode indicar ansiedade ou tristeza, enquanto uma postura ereta
pode indicar confiança e autoestima.
Observação dos gestos: Movimentos repetitivos, como roer as
unhas ou bater o pé, podem indicar ansiedade ou nervosismo.
Por outro lado, gestos amplos e expressivos podem indicar uma
personalidade extrovertida.
Observação das expressões faciais: Expressões faciais
podem ser utilizadas para identificar emoções, como tristeza,
raiva, felicidade e medo.

Ao aprimorar suas habilidades de leitura da linguagem corporal, os


profissionais da área da saúde mental podem se tornar mais
efetivos em sua comunicação com os pacientes e ajudá-los a
superar seus problemas emocionais.

4.3 A importância do tom de voz na


hipnose
A importância do tom de voz na hipnose é uma questão
fundamental para os hipnoterapeutas. Desde os primórdios da
hipnose, pesquisadores e praticantes observaram a influência da
voz na capacidade de induzir o transe hipnótico. A seguir, serão
apresentados alguns nomes importantes que contribuíram para o
entendimento dessa questão:

James Braid: foi um dos primeiros a observar a importância da


sugestão verbal e do tom de voz na indução do transe
hipnótico. Ele percebeu que palavras específicas, ditas em um
tom calmo e suave, tinham o poder de levar as pessoas a um
estado de relaxamento profundo.
Milton H. Erickson: era conhecido por sua habilidade em
adaptar sua linguagem e tom de voz às necessidades de cada
paciente. Seu tom de voz era geralmente calmo e ritmado,
criando um ambiente seguro e acolhedor para a hipnose.
Dave Elman: enfatizou a importância de usar um tom de voz
firme e assertivo ao dar sugestões hipnóticas, para que o
paciente se sinta seguro e confiante durante a sessão.

O tom de voz do hipnoterapeuta pode influenciar o paciente de


diversas maneiras. Um tom de voz mais calmo e suave pode ser
mais adequado para ajudar o paciente a relaxar e entrar em um
estado de transe mais profundo. Por exemplo, se um paciente está
muito ansioso ou tenso, um tom de voz calmo e suave pode ajudá-
lo a se sentir mais relaxado e confortável.

Em alguns casos, usar um tom de voz mais firme na hipnose pode


ser útil para ajudar o paciente a sair de um estado de transe
profundo ou para enfatizar a importância de uma sugestão
específica. Por exemplo, se um paciente está em um estado de
transe muito profundo e parece não estar respondendo às
sugestões, o terapeuta pode usar um tom de voz mais firme para
trazê-lo de volta ao estado consciente. Ou então, se o paciente
fica muito envolvido com alguma emoção, pode não conseguir
buscar soluções necessárias para resolver o problema proposto,
nesse ponto, usar um tom de voz mais firme ajuda o paciente a
conseguir direcionar sua atenção para a busca de solução e sair do
problema.

É importante lembrar que a escolha do tom de voz depende muito


do paciente e da situação em questão. O terapeuta deve sempre
estar atento à resposta do paciente e ajustar sua linguagem e tom
de voz de acordo com suas necessidades.
Dominar a habilidade de alternar entre os tons de voz é importante
para que o terapeuta possa se adaptar às necessidades do
paciente. Ao variar a entonação, intensidade e ritmo do discurso,
ele pode ajudar o paciente a se concentrar em sugestões
específicas e induzir um estado de transe mais profundo. Além
disso, alternar os tons de voz pode ajudar a manter a atenção do
paciente e evitar a monotonia, o que pode tornar o processo
hipnótico mais eficaz.

Hipnose Conversacional na Terapia

Neste capítulo, iremos explorar a técnica da hipnose


conversacional, que é uma forma sutil e eficaz de utilizar a hipnose
na terapia. Aqui você vai poder compreender como a hipnose
acontece o tempo todo, e que você não precisa de um transe
formal para atingir esse estado mais aberto e receptivo. É uma
ótima ferramenta para que o seu paciente se abra mais a ouvir
aquilo que você precisa falar.

A hipnose conversacional é uma técnica que se baseia na


comunicação e conexão entre o terapeuta e o paciente, sem a
necessidade de um transe formal como na hipnose tradicional.
Nessa abordagem, o terapeuta utiliza técnicas como a interrupção
de padrão, humor, reenquadramento e metáforas para guiar o
paciente em direção à resolução de problemas e mudanças
comportamentais desejadas.

Os benefícios da hipnose conversacional incluem maior


engajamento do paciente no processo terapêutico, maior
compreensão e aceitação das sugestões dadas pelo terapeuta, e
uma experiência terapêutica mais suave e natural, sem a sensação
de que está sendo hipnotizado.

Para psicólogos, aprender hipnose conversacional pode ser uma


ótima ferramenta para adicionar ao seu arsenal terapêutico, uma
vez que essa técnica pode melhorar a eficácia dos seus
atendimentos. A habilidade de se comunicar efetivamente com o
paciente e guiá-lo para a resolução de problemas pode ser crucial
para o sucesso do tratamento. Além disso, a hipnose conversacional
pode ser utilizada em todas as abordagens terapêuticas.

Lembre-se que ela é uma ferramenta poderosa, mas que deve ser
usada com ética e responsabilidade. Com as técnicas corretas,
você pode ajudar seus pacientes a atingirem seus objetivos
terapêuticos de forma mais eficiente e confortável.

5.1 Definição e Princípios da Hipnose


Conversacional
A hipnose conversacional é uma técnica que se baseia na
comunicação sutil e na conexão entre o terapeuta e o paciente,
sem a necessidade de um transe formal. É uma abordagem mais
natural e flexível, onde o terapeuta utiliza a linguagem de forma
estratégica para conduzir o paciente a uma mudança positiva.

É um estado onde o paciente não vai estar em um relaxamento com


os olhos fechados como em um transe formal, será como uma
"conversa normal", mas ele estará muito mais aberto e receptivo às
informações que receber.

O conceito de hipnose conversacional remonta ao trabalho de


Milton H. Erickson, que foi o pioneiro da hipnose conversacional. Ele
acreditava que a hipnose não precisava ser uma experiência formal
e que poderia ser realizada por meio de sugestões indiretas e
metáforas durante uma conversa com o paciente.

Erickson considerava a hipnose como uma forma de comunicação


entre o terapeuta e o paciente, na qual o objetivo era criar um
estado alterado de consciência para que ele pudesse acessar
recursos internos e solucionar seus problemas.

Os princípios da hipnose conversacional incluem o estabelecimento


de rapport, ou seja, a construção de uma relação de confiança e
empatia entre o terapeuta e o paciente. Isso é fundamental para
que haja uma comunicação mais fluida e uma abertura do paciente
para a sugestão terapêutica. É uma abordagem altamente
individualizada, pois as sugestões e metáforas utilizadas são
específicas para cada um, levando em conta suas crenças, valores
e experiências.

Outro princípio importante é o uso de linguagem indireta e


metafórica, que ajuda a contornar as resistências do paciente e a
acessar suas questões inconscientes de forma mais suave e natural.
O terapeuta também deve estar atento à linguagem corporal do
paciente, pois isso pode indicar suas emoções e pensamentos
inconscientes, permitindo uma intervenção mais precisa e eficaz.

Essa abordagem permite uma maior personalização do tratamento


e uma maior efetividade no alcance dos objetivos terapêuticos.
Atualmente, ela é amplamente utilizada na prática clínica por
hipnoterapeutas e psicólogos, e seus princípios permitem que o
terapeuta estabeleça uma conexão profunda com o paciente e
utilize a comunicação para levá-lo a um estado de transe hipnótico.

5.2 Técnicas e Estratégias para


Implementar a Hipnose Conversacional

A hipnose conversacional é uma técnica que permite ao terapeuta


se conectar com seu paciente de maneira discreta e natural,
usando a comunicação verbal e não-verbal. Diferente da hipnose
tradicional, onde o terapeuta usa uma abordagem mais direta e
sugestiva, na hipnose conversacional o terapeuta utiliza uma
linguagem sutil e indireta para conduzir o paciente a um estado
onde sua mente está mais aberta, como no estado de transe.

As técnicas e estratégias para implementar a hipnose


conversacional foram desenvolvidas por vários grandes nomes da
hipnose, incluindo Milton Erickson, Stephen Gilligan, Ernest Rossi e
Jeffrey Zeig, entre outros. Milton Erickson, em particular, é
considerado o pioneiro da hipnose conversacional e sua
abordagem é amplamente utilizada na hipnoterapia moderna.
Milton Erickson desenvolveu diversas técnicas que buscavam induzir
o estado de transe hipnótico de forma sutil e natural, como por
exemplo, utilizando histórias e metáforas. Ele acreditava que a
hipnose conversacional era uma forma de comunicação eficaz que
podia ser utilizada em diversas áreas da vida, não apenas na
terapia.

As técnicas e estratégias de hipnose


conversacional incluem:
Sugestões indiretas: inclui a estratégia de sugestões
1. indiretas, que é uma técnica usada na hipnose
conversacional para comunicar sugestões ao paciente
de uma forma sutil e indireta. Em vez de usar sugestões
diretas, como "você está ficando mais relaxado", o
terapeuta usa linguagem figurativa, metáforas ou
histórias para transmitir a sugestão de forma indireta,
permitindo que o paciente faça sua própria
interpretação e incorporação da sugestão sem
resistência ou conscientização. Por exemplo, em vez
de dizer diretamente "você está ficando mais
confiante", o terapeuta pode contar uma história sobre
uma pessoa que superou seus medos e se tornou mais
confiante. A mensagem é transmitida de forma
indireta, permitindo que o paciente faça sua própria
interpretação e internalize a sugestão sem sentir que
está sendo manipulado ou controlado. Essa técnica é
é particularmente útil para pacientes que podem
resistir a sugestões diretas ou que são mais
sugestionáveis por meio de uma abordagem indireta.
Pessoas mais controladoras tendem a responder melhor
a essa abordagem.

Padrões linguísticos: a técnica de padrões


2. linguísticos na hipnose conversacional é baseada na
ideia de que certos padrões de linguagem podem
influenciar a mente inconsciente do paciente de
maneira sutil e indireta. Essa técnica envolve o uso de
frases ou perguntas que contêm padrões gramaticais
específicos, que podem criar uma sensação de
confusão na mente consciente do paciente, enquanto
ao mesmo tempo, o inconsciente capta a mensagem de
maneira mais clara.

Uma delas é a técnica de "quebra de padrão", que


consiste em interromper um padrão comportamental ou
cognitivo do paciente para levá-lo a uma nova
perspectiva. Essa técnica pode ser usada para ajudar o
paciente a mudar comportamentos indesejados ou
para quebrar padrões de pensamento limitantes.

Consiste basicamente em usar palavras, frases ou


entonações que quebram o padrão daquilo que o
paciente está esperando, como por exemplo aumentar
repentinamente o tom de voz de uma maneira a
chamar a atenção do paciente sem ele esperar que
você vá fazer isso. Ou então trazer alguma frase ou
colocação que seria inesperado. O foco é fazer com
que o paciente quebre o ciclo do pensamento que
estava para que possa dar maior atenção ao que você
acabou de dizer.

Metáforas: a técnica de utilização de metáforas é


2. bastante comum na hipnose conversacional e consiste
em contar histórias ou utilizar comparações para
transmitir uma mensagem ao paciente. As metáforas
podem ser usadas para ajudar o paciente a
compreender e processar situações complexas, alterar
perspectivas ou gerar insights. Por exemplo, um
terapeuta pode contar a história de uma borboleta que
emerge de seu casulo para ilustrar a ideia de
transformação ou mudança.

Ancoragem: associar um estado emocional ou


3. comportamental desejado a um estímulo externo
específico. Sabe quando você sente um perfume e
lembra de uma pessoa específica? Ou quando ouve
uma música e lembra de um lugar ou momento que
viveu? Essas são todas âncoras, estímulos externos que
têm a capacidade de eliciar um estado interno.
Um exemplo de ancoragem é a associação entre a
sensação de relaxamento e o som de uma música
calma. Ao escutar essa música, a pessoa pode sentir a
mesma sensação de relaxamento que sentiu quando a
ancoragem foi estabelecida.

Na terapia, podemos utilizar a ancoragem para ajudar


o paciente a acessar estados emocionais mais positivos
e recursos internos. Por exemplo, se o paciente precisa
de mais confiança para enfrentar uma situação
desafiadora, podemos associar o sentimento de
confiança a uma imagem, palavra ou gesto específico.
Depois, sempre que o paciente precisar dessa
sensação, pode acessá-la por meio da ancoragem.

Um outro exemplo de ancoragem seria associar a


sensação de coragem a um objeto físico, como uma
pedra ou até mesmo alguma parte do corpo, e pedir ao
paciente para mantê-la consigo ou tocar a parte
escolhida sempre que precisar dessa sensação. A
pedra seria um lembrete constante do sentimento de
coragem, e o paciente poderia acessá-lo facilmente
quando precisar. Esse estado interno associado à um
toque em alguma parte específica do corpo deve ser
sempre com uma intensidade parecida.
Rapport: o rapport é a habilidade de criar uma
4. conexão genuína e harmoniosa entre o terapeuta e o
paciente, estabelecendo uma relação de confiança e
empatia. É uma técnica fundamental para o sucesso da
terapia e para que o paciente se sinta confortável em
compartilhar suas emoções e experiências.

Um exemplo de rapport seria um terapeuta que, ao


receber um novo paciente, inicia a sessão fazendo
perguntas abertas e mostrando interesse genuíno pelo
que o paciente tem a dizer. Ele pode utilizar a
linguagem corporal para demonstrar que está
prestando atenção, como manter contato visual,
inclinar-se levemente na direção do paciente e fazer
pequenos gestos de concordância ou compreensão.

Além disso, o terapeuta pode espelhar sutilmente a


linguagem corporal do paciente, como cruzar as pernas
da mesma maneira que o paciente, usar uma
linguagem similar à dele e ajustar a velocidade e tom
de voz para que estejam em sintonia. Tudo isso ajuda a
criar um ambiente seguro e confortável para o paciente
e a estabelecer um vínculo terapêutico positivo.
A hipnose conversacional é uma ferramenta poderosa para a
hipnoterapia, permitindo que o terapeuta ajude o paciente a lidar
com questões emocionais e comportamentais de maneira mais
eficaz e com menos resistência. Além de Erickson, outros
profissionais também contribuíram para o desenvolvimento das
técnicas e estratégias da hipnose conversacional, como por
exemplo, Stephen Lankton, Jeffrey Zeig e Bill O'Hanlon.

5.3 Aplicações Práticas da Hipnose


Conversacional na Terapia
A hipnose conversacional é uma técnica relativamente recente, mas
já tem sido amplamente utilizada na psicologia clínica como uma
ferramenta eficaz no tratamento de diversas condições. Nesta
seção, serão apresentadas algumas das principais aplicações
práticas da hipnose conversacional na terapia.

Uma das primeiras aplicações da hipnose conversacional foi


desenvolvida por Milton Erickson, que utilizou a técnica para tratar
pacientes com transtornos de ansiedade e depressão. Ele usou a
hipnose conversacional para ajudar os pacientes a desenvolverem
novos padrões de pensamento e comportamento, com o objetivo de
melhorar sua qualidade de vida. Vou descrever um exemplo passo a
passo de como usar a hipnose conversacional na ansiedade:

Estabelecimento de rapport: O terapeuta estabelece uma


1. conexão empática e de confiança com o paciente. Isso pode
ser feito através de técnicas como espelhamento, validação
emocional e escuta ativa.
Identificação do gatilho da ansiedade: O terapeuta busca
2. identificar o gatilho que dispara a ansiedade do paciente,
que pode ser uma situação, uma pessoa ou um pensamento
específico.

Utilização de técnicas de sugestão indireta: O terapeuta


3. utiliza técnicas de sugestão indireta para diminuir a
ansiedade do paciente. Por exemplo, ele pode contar uma
história que envolva uma situação semelhante àquela que
causa ansiedade no paciente, mas com um final positivo.

Ancoragem: O terapeuta pode ancorar uma sensação


4. positiva, como a calma, por meio de uma palavra, imagem ou
gesto. Por exemplo, ele pode pedir ao paciente que pense
em um momento em que se sentiu completamente relaxado
e, em seguida, associar essa sensação a uma palavra ou
gesto específico.

Utilização de metáforas: O terapeuta pode utilizar


5. metáforas para ajudar o paciente a lidar com a ansiedade.
Por exemplo, ele pode comparar a ansiedade a uma onda do
mar, que sobe e desce, mas que nunca fica parada. Isso
pode ajudar o paciente a perceber que a ansiedade é uma
emoção temporária e que ele pode aprender a lidar com ela.

Reframe: O terapeuta pode ajudar o paciente a reformular


6. sua perspectiva em relação à situação que causa ansiedade.
Por exemplo, ele pode perguntar ao paciente como ele se
sentiria se a situação fosse vista de outra maneira.
Finalização da sessão: O terapeuta encerra a sessão com
7. sugestões positivas e reforçamento da sensação de calma e
controle que o paciente experimentou durante a sessão.

E todos esses passos acima são feitos em uma "conversa normal"


sem um transe formal. A hipnose está acontecendo, mas para o
paciente pode ser que pareça uma simples sessão de terapia
convencional, porém terá um impacto muito maior.

Além disso, a hipnose conversacional também tem sido utilizada no


tratamento de transtornos alimentares, como a compulsão
alimentar, ajudando os pacientes a melhorar sua autoimagem e
autoestima, além de modificar comportamentos disfuncionais em
relação à alimentação. A seguir temos um exemplo passo a passo
de como usar a hipnose conversacional no tratamento de
transtornos alimentares:

Estabelecer rapport: Inicie a sessão estabelecendo rapport


1. com o paciente, usando técnicas de linguagem corporal, tom
de voz e escuta ativa para criar uma conexão de confiança.

Identificar crenças limitantes: Pergunte ao paciente sobre


2. suas crenças sobre a alimentação e o corpo, identificando
aquelas que são limitantes e negativas, como "Eu nunca vou
ser magro o suficiente" ou "Eu não posso comer isso, é muito
calórico".

Reframe: Use a técnica de Reframe para ajudar o paciente


3. a mudar suas crenças limitantes. Por exemplo, se o paciente
acredita que nunca será magro o suficiente, você pode
perguntar "O que seria ser magro o suficiente para você?
Talvez você possa se concentrar em ser saudável e sentir-se
bem em vez de se concentrar em um número na balança."

Ancorar: Use a técnica de Ancoragem para ajudar o


4. paciente a lidar com seus desejos e impulsos alimentares. Por
exemplo, você pode criar uma âncora para o paciente
associar um sentimento de calma e controle quando sente o
desejo de comer compulsivamente.

Reframing positivo: Use o Reframing Positivo para ajudar o


5. paciente a mudar sua perspectiva em relação à alimentação.
Em vez de se concentrar em "não poder" comer algo,
concentre-se em escolher alimentos que os nutrem e os
fazem sentir bem.

Visualização: Use a técnica de visualização para ajudar o


6. paciente a imaginar um futuro em que ele se sinta em paz
com a alimentação e o corpo. Por exemplo, você pode
orientá-lo a visualizar uma cena em que se sinta confiante
em sua pele e desfrutando de uma refeição saudável e
deliciosa.

Sugerir tarefas de casa: Sugira tarefas de casa para o


7. paciente, como manter um diário de alimentos ou praticar a
ancoragem em casa. Isso ajuda a manter o progresso feito
na sessão e reforça as técnicas de hipnose conversacional
aprendidas.

Lembre-se de que cada paciente é único, e o tratamento deve ser


personalizado de acordo com suas necessidades específicas. A
hipnose conversacional pode ser usada em conjunto com outras
terapias para um tratamento abrangente de transtornos
alimentares. É importante que o paciente se sinta confortável e
seguro durante todo o processo.

Podemos usar a hipnose conversacional também, por exemplo, no


tratamento de dores crônicas e outras condições médicas, como a
síndrome do intestino irritável e a hipertensão arterial. A técnica
pode ser usada para ajudar os pacientes a controlarem suas
emoções e reações fisiológicas, o que pode levar a uma melhoria
significativa nos sintomas.

Como vocês podem perceber, a aplicação da técnica é bem


parecida para os diferentes tipos de problemas, só precisamos
ajustar e adaptar para a realidade de cada paciente.

Aplicações Clínicas da Hipnose na


Psicologia

A hipnose é uma técnica que tem sido cada vez mais utilizada na
psicologia para o tratamento de diversas condições emocionais e
comportamentais. Desde o século XIX, muitos autores contribuíram
para o desenvolvimento da hipnose na psicologia, incluindo Jean-
Martin Charcot, Sigmund Freud, Milton Erickson, entre outros.

Charcot foi um dos primeiros a aplicar a hipnose na psicologia,


usando-a para tratar a histeria, uma condição que hoje é
conhecida como transtorno de conversão. Sigmund Freud também
utilizou a hipnose em sua prática clínica, mas acabou por
abandoná-la em favor do método psicanalítico que ele mesmo
desenvolveu.

Milton Erickson, por sua vez, é considerado um dos principais nomes


da hipnose na psicologia moderna, sendo conhecido por suas
técnicas de hipnose conversacional e sua abordagem centrada no
paciente. Ele acreditava que a hipnose era uma ferramenta valiosa
para o tratamento de diversas condições emocionais e
comportamentais, e desenvolveu técnicas específicas para tratar a
ansiedade, a depressão, a dor crônica, entre outros problemas.

Atualmente, a hipnose é frequentemente usada no tratamento de


transtornos de ansiedade, fobias, depressão, transtornos
alimentares, traumas, entre outras condições. Além disso, a hipnose
é frequentemente combinada com outras abordagens terapêuticas
para potencializar os resultados do tratamento.

Vamos ver agora algumas das principais aplicações clínicas da


hipnose na psicologia, incluindo o manejo do estresse e ansiedade,
o tratamento de fobias e medos, o controle da dor e distúrbios
psicossomáticos, e a integração da hipnose no processo
psicoterapêutico.

Além disso, abordaremos a importância da prática supervisionada e


da formação continuada na hipnose clínica. É importante para os
psicólogos em formação compreenderem que a hipnose é uma
técnica poderosa que deve ser usada com responsabilidade e
somente após treinamento adequado.

Ao longo deste capítulo, você irá aprender como a hipnose pode


ser aplicada de forma segura e eficaz no tratamento de diversas
condições psicológicas. Vamos juntos explorar cada uma dessas
aplicações e entender como a hipnose pode ser uma grande aliada
no processo de promoção da saúde mental.

6.1 Hipnose no Manejo do Estresse e


Ansiedade

A hipnose é uma técnica cada vez mais utilizada no manejo do


estresse e ansiedade. Ela tem se mostrado eficaz na redução dos
sintomas associados a esses problemas, como tensão muscular,
taquicardia, respiração acelerada, sudorese, entre outros.

Muitos estudiosos da área da hipnose e psicologia têm contribuído


para o avanço das aplicações clínicas da hipnose no manejo do
estresse e ansiedade. Entre eles, podemos citar Milton Erickson, que
utilizou a hipnose para tratar pacientes com ansiedade
generalizada, fobias e transtornos de ansiedade específicos. Outro
nome importante é John Grinder, que desenvolveu a técnica da
Programação Neurolinguística (PNL), que tem sido aplicada no
manejo do estresse e ansiedade.

Estudos científicos também têm mostrado a eficácia da hipnose no


manejo dessas condições. Um estudo publicado na revista
International Journal of Clinical and Experimental Hypnosis em 2009
mostrou que a hipnose foi eficaz na redução dos sintomas de
ansiedade em pacientes com câncer.

Existem várias técnicas e estratégias utilizadas na hipnose para o


manejo do estresse e ansiedade. Algumas delas são:

Relaxamento progressivo: Nessa técnica, a pessoa é


1. levada a um estado de relaxamento profundo através de
instruções de relaxamento para diferentes grupos
musculares. A sugestão é para que o indivíduo sinta uma
sensação de relaxamento e conforto em todo o corpo, o que
ajuda a reduzir a tensão física e mental.

Visualização: A técnica de visualização envolve a criação


2. de imagens mentais vívidas e relaxantes, que ajudam a
pessoa a se sentir mais calma e tranquila. Por exemplo, a
pessoa pode ser instruída a imaginar uma cena pacífica e
serena, como caminhar por uma praia vazia em um dia
ensolarado.

Controle da respiração: O controle da respiração é uma


3. técnica que ajuda a reduzir a ansiedade e a tensão física. A
pessoa é instruída a respirar profundamente e lentamente,
enchendo o abdômen e depois os pulmões, e depois
expirando lentamente. Essa técnica ajuda a reduzir a
frequência cardíaca e a pressão arterial, o que ajuda a
acalmar o sistema nervoso.
Ancoragem: A pessoa pode ser instruída a associar uma
4. sensação de calma e relaxamento a uma palavra específica,
como "paz", ou a um gesto, como apertar o polegar contra
os outros dedos.

Essas são apenas algumas das técnicas e estratégias utilizadas na


hipnose para o manejo do estresse e ansiedade. Cada técnica
pode ser personalizada e adaptada às necessidades individuais de
cada pessoa. O terapeuta trabalha em colaboração com o
paciente para ajudá-lo a alcançar seus objetivos terapêuticos e um
estado de maior calma e bem-estar.

6.2 Hipnose no Tratamento de Fobias e


Medos

A hipnose é uma ferramenta poderosa no tratamento de fobias e


medos, pois permite acessar o inconsciente e trabalhar diretamente
com as emoções e crenças subjacentes a esses problemas. Ela
pode ser usada em conjunto com a psicoterapia convencional para
aprimorar os resultados e acelerar o resultado do tratamento.

O psicólogo pode adaptar a psicoterapia convencional ao incluir


técnicas hipnóticas, como a indução de transe, sugestões
terapêuticas, visualização guiada e ressignificação. Por exemplo,
durante a indução de transe, o terapeuta pode ajudar o paciente a
relaxar profundamente e acessar as memórias e emoções
relacionadas à fobia ou medo em questão. Com a ajuda do
terapeuta, o paciente pode então mudar suas interpretações
relacionadas ao problema e crenças negativas.
Foi apenas na década de 1950 que a hipnose ganhou mais
destaque no tratamento de fobias, quando o psiquiatra americano
Milton H. Erickson desenvolveu uma técnica de indução hipnótica
que utilizava sugestões indiretas e metáforas para acessar o
inconsciente e modificar padrões de comportamento.

Outro importante nome no tratamento de fobias com hipnose é o


psicólogo americano Joseph Wolpe, que desenvolveu a técnica de
dessensibilização sistemática na década de 1950. Essa técnica
consiste em expor gradualmente o paciente a situações que geram
ansiedade, enquanto este está em um estado de relaxamento
profundo, induzido pela hipnose. Com a repetição desse processo,
o paciente começa a se acostumar com as situações que antes o
causavam ansiedade, até que deixam de ser um problema
aprendendo a lidar com a situação de forma mais calma e
confiante.

A hipnose pode ser utilizada para acessar o inconsciente e


reprogramar padrões de pensamento, ajudando o paciente a
superar o medo. Ela também pode ser utilizada para identificar a
causa subjacente da fobia ou medo. Por exemplo, muitas vezes a
fobia de voar pode ter origem em um evento traumático na infância
ou em uma crença limitante sobre a segurança do voo. Através da
hipnose, é possível acessar essas memórias e crenças e dar a elas
uma nova interpretação, ajudando o paciente a superar a fobia.

É importante lembrar que a hipnose não é uma solução mágica


ou rápida para fobias e medos.
Se você trabalha com um paciente que tem fobia de aranha, por
exemplo, não quer dizer que após o tratamento com a hipnose ele
vai passar a amar aranhas ou até mesmo não sentir incômodo
algum. Ele vai continuar não gostando e preferindo não tê-las por
perto, porém não se sentirá mais paralisado quando se deparar
com elas e terá ferramentas para conseguir enfrentar a situação
sem que sinta todo aquele desespero. Deve ser usada em conjunto
com uma abordagem terapêutica completa e individualizada para
melhores resultados.

6.3 Hipnose no Controle da Dor e


Distúrbios Psicossomáticos

A dor é um sinal de alerta do corpo, que indica que algo não está
bem e pode ter várias causas, incluindo lesões, inflamações e
doenças crônicas. Quando se trata de dor física em consultórios
psicológicos, as queixas mais comuns são dores de cabeça, dores
nas costas, dores no pescoço e dores abdominais.

Essas dores podem estar relacionadas a fatores emocionais, como


estresse, ansiedade e depressão. A tensão muscular crônica, por
exemplo, pode ser causada por emoções reprimidas, pensamentos
negativos e estresse prolongado. A dor crônica é um tipo de dor
que persiste por mais de três meses e pode ter um impacto
significativo na qualidade de vida das pessoas, afetando a
capacidade de trabalho, o sono, o humor e as relações
interpessoais. A hipnose pode ser usada para alterar a percepção
da dor e a resposta emocional a ela.
Já no tratamento dos distúrbios psicossomáticos, que são
problemas físicos causados ou agravados por fatores psicológicos
como estresse e ansiedade, essa técnica pode ajudar a identificar
e tratar a causa emocional subjacente do problema físico. Esses
distúrbios podem incluir problemas digestivos, dores de cabeça,
dores no corpo, entre outros. A hipnose pode ajudar a reduzir a
tensão muscular, diminuir a ansiedade e melhorar a qualidade do
sono, o que pode levar a uma redução da intensidade e frequência
dos sintomas físicos.

Suponha que um paciente chegue em um consultório de psicologia


relatando dores crônicas nas costas que o têm incomodado há
anos. Após uma avaliação inicial, o psicólogo verifica que não há
nenhuma causa física para as dores se certificando de que o
paciente já procurou ajuda médica e fez os exames necessários
para descartar as origens orgânicas, e suspeita que elas possam
estar relacionadas a algum fator emocional.

O psicólogo então sugere uma abordagem de hipnose para


trabalhar com a dor crônica. Na primeira sessão, ele pode induzir o
paciente a um estado de transe leve e pedir que ele visualize sua
dor como um objeto ou imagem, dando-lhe uma forma, cor e
tamanho. Em seguida, o paciente deve se concentrar na imagem e
tentar mudá-la, por exemplo, reduzindo seu tamanho.Nas sessões
subsequentes, o psicólogo pode continuar trabalhando com o
paciente em um estado de transe, utilizando sugestões e metáforas
para ajudá-lo a relaxar e lidar com a dor. Por exemplo, ele pode
sugerir que o paciente visualize a dor diminuindo cada vez mais, ou
pode usar metáforas de transformação, como imaginar a dor como
uma folha que cai de uma árvore e se dissolve no chão.

O psicólogo também pode trabalhar com o paciente para


identificar possíveis causas emocionais subjacentes à dor crônica,
como estresse ou traumas passados, utilizando técnicas de
regressão ou terapia das partes, por exemplo, para ajudá-lo a
desconectar esses momentos da carga emocional negativa e então
encontrar formas mais saudáveis de lidar com esses sentimentos.

Ao longo do tratamento, o paciente pode começar a sentir redução


da dor e melhora na qualidade de vida, o que pode levar a uma
maior confiança no uso da hipnose como uma ferramenta eficaz no
manejo de sua dor crônica.

É importante destacar que a


hipnose não substitui o tratamento
médico convencional, mas pode
ser usada em conjunto com outras
abordagens terapêuticas, como a
psicoterapia e a medicina.
6.4 Hipnose e Psicanálise: Uma Integração

A integração da hipnose com a psicanálise tem sido um tema


relevante na literatura psicológica há muitos anos. Grandes nomes
da psicanálise, como Sigmund Freud e Carl Jung, já utilizaram
técnicas hipnóticas em seus tratamentos. No entanto, foi com a
contribuição de Milton Erickson, considerado um dos fundadores da
hipnoterapia moderna, que a hipnose passou a ser vista como uma
ferramenta útil na psicanálise.

Erickson desenvolveu, como vimos, uma abordagem mais flexível e


individualizada, na qual a hipnose era usada como uma técnica
complementar à psicoterapia. Ele utilizava a hipnose para acessar
os recursos internos do paciente e promover mudanças mais
profundas e duradouras em seu psiquismo.

Outra importante contribuição foi a de Theodore Barber, que em


1961 publicou o livro "Hypnosis: A Scientific Approach" que tem
como ideia central apresentar a hipnose como uma abordagem
científica e segura que pode ser utilizada pelos psicólogos em seus
tratamentos, proporcionando uma maior eficácia terapêutica.

O livro traz uma revisão das pesquisas e estudos mais recentes


sobre a hipnose e apresenta diversas aplicações práticas dessa
técnica na psicologia, como no manejo do estresse, ansiedade,
fobias, medos, controle da dor, distúrbios psicossomáticos e
integração com a psicanálise. Ao unir a hipnose com a psicoterapia
convencional, o psicólogo pode potencializar os resultados do
tratamento e auxiliar seus pacientes a alcançar uma maior
qualidade de vida emocional e mental.

Um exemplo de como a hipnose pode ser utilizada em uma sessão


de terapia psicanalítica seria durante a técnica de regressão, na
qual o paciente é levado a reviver eventos passados para
compreender suas causas e consequências em seu comportamento
atual.

A hipnose pode ser utilizada para facilitar esse processo,


permitindo que o paciente acesse memórias mais profundas e
reveladoras, e então possa mudar sua interpretação sobre tais
acontecimentos gerando novos sentimentos referentes à essas
memórias.

A integração da hipnose com a psicanálise permite que o terapeuta


acesse conteúdos inconscientes que muitas vezes não são
acessíveis por meio da fala ou da associação livre. Ela é uma
ferramenta extremamente enriquecedora que pode aprimorar o
trabalho psicanalítico ajudando a desbloquear resistências do
paciente, facilitando o processo terapêutico, e assim, acelerando
os resultados e o progresso da terapia.

6.5 Prática Supervisionada e Formação


Continuada

A prática supervisionada e a formação continuada são


fundamentais para que um profissional de hipnose possa se
aprimorar e oferecer um atendimento de qualidade para seus
pacientes. É uma atividade muito comum na formação de
profissionais em diferentes áreas, incluindo a psicologia e a hipnose
clínica. Consiste em um processo no qual um profissional mais
experiente, chamado de supervisor, orienta e acompanha um
profissional em formação, chamado de supervisionando, em suas
atividades clínicas.

Na psicologia e na hipnose clínica, a prática supervisionada é muito


importante para o aprimoramento das habilidades do profissional
em formação, bem como para garantir que o tratamento oferecido
ao paciente seja eficiente e ético.

O supervisor tem a responsabilidade de guiar o supervisionando,


oferecendo orientações e feedbacks sobre seu desempenho clínico,
ajudando-o a identificar seus pontos fortes e fracos, bem como
sugerindo técnicas e estratégias para aprimorar sua prática clínica
e orientando com alguns casos específicos que sejam discutidos na
supervisão.

Essa prática é uma atividade contínua e requer a


participação de ambos, supervisor e supervisionado,
com o objetivo de garantir o progresso na formação do
profissional em hipnose clínica.
Além disso, essas práticas permitem uma troca de conhecimentos e
experiências entre os profissionais, contribuindo para o avanço da
área como um todo.

Manter-se atualizado e aprimorar constantemente seus


conhecimentos é essencial para o profissional da área de saúde
mental. Isso porque a psicologia e outras áreas relacionadas estão
em constante evolução, e novas técnicas, abordagens e
descobertas são feitas regularmente.

A prática clínica pode ser complexa e variada, e cada paciente


traz consigo suas próprias particularidades e desafios. Desenvolver
novas habilidades e ferramentas pode ajudar o profissional a se
adaptar a cada caso e oferecer tratamentos mais eficazes e
personalizados.

A educação continuada pode ser realizada de diversas formas,


incluindo cursos, workshops, seminários, supervisão clínica e leituras
complementares. Essas atividades permitem que o profissional se
atualize sobre novas teorias, técnicas e pesquisas, bem como
aprimore suas habilidades em áreas específicas.

Manter-se atualizado e buscar constantemente por aprendizado


também pode ajudar a evitar a estagnação profissional. Portanto, é
fundamental que os profissionais da área da saúde mental se
comprometam e busquem constantemente aprimorar seus
conhecimentos e habilidades.
Nossa jornada através das maravilhas da hipnose clínica
chega ao fim, mas o conhecimento que adquirimos é o
ponto de partida para algo extraordinário. Ao explorar
esse mundo fascinante, aprendemos que a hipnose não é
apenas um estado de transe misterioso, mas sim uma
ferramenta poderosa para ajudar a desvendar os segredos
mais profundos da mente humana.

Descobrimos que a criação de uma conexão genuína e de


confiança com o paciente é a chave para abrir as portas
do subconsciente. A arte de comunicar-se, não apenas
com palavras, mas também com gestos, olhares e
tonalidade de voz, torna-se uma dança sutil para guiar a
mente do paciente em direção à cura.

As sugestões cuidadosamente formuladas, envoltas em


metáforas e histórias, são como pétalas de flores
delicadas, suavemente depositadas no jardim da mente,
dando frutos de transformação e bem-estar.

Conforme exploramos a infinidade de técnicas e


protocolos hipnóticos, descobrimos que não há uma
fórmula única; é a combinação habilidosa de métodos que
permite desvendar os nós dos problemas emocionais.
E, à medida que nos despedimos, carregamos conosco a
consciência de que, embora a hipnose seja uma
ferramenta incrível, seu uso ético e responsável é a bússola
que nos guia para trilhar o caminho da cura e do
crescimento.

Conheça todas as teorias,


domine todas as técnicas, mas ao
tocar uma alma humana, seja
apenas outra alma humana.

Carl Jung

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@laizricci

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