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II - O que é psicoterapia? 4
IV - Os objetivos da psicoterapia 7
Medicina e psicoterapia 17
Psicoterapia e atualidade 19
Essa mudança de definição se deu pois se percebeu que era possível interpretar os dados
da experiência de diferentes maneiras e não somente de uma forma.
As teorias contraditórias sobre algo mostram que aquilo só pode ser apreendido através de
antinomias.
Assim como a luz, a essência do psiquismo só pode ser descrita por antinomias.
A primeira:
Há provas das duas afirmações, então estas são verdades que só podem ser tidas como
relativas por enquanto, ou seja, relativas ao sistema psíquico sobre o qual se fala. Como a
individualidade é variável, então há uma infinidade de afirmações relativas, mas como a
individualidade é apenas um complemento ao homem comum e possível de ser comparado,
então é possível que haja algo comparável.
A segunda:
Nesse sentido, como psicoterapeuta, posso fazer apenas afirmações sobre o homem
genérico, porque não há como julgar a individualidade ali a sua frente.
Por conta disso, tenho que optar pelo método dialético, que consiste em confrontar as
averiguações mútuas.
Para isto, preciso deixar o outro apresentar todo seu material sem limitá-lo aos meus
pressupostos.
O efeito que a individualidade dele causa em mim é a única coisa que posso oferecer
ao paciente individual e legitimamente.
O desvio dessa atitude significa terapia por sugestão, onde o individual não importa perante
o genérico. É quando se aplica o conhecimento de outras individualidades. As técnicas, por
exemplo, pressupõem que todos os indivíduos são iguais. Se o terapeuta tem um método e
confia nele, alcançará efeito terapêutico, dentro das limitações do homem coletivo.
Há pessoas que são coletivas com individualidade subdesenvolvida. Há pessoas que são
individuais sem uma adaptação ao coletivo. Dependendo do caso, a terapêutica será
diferente.
Interpretação progressiva: uma parte infantil da personalidade que se encontram como que
no colo materno, passíveis de crescimento.
Isso não significa que as formas anteriores de interpretação estão erradas. Até porque um
paciente às vezes precisa de uma interpretação mais redutiva ou uma dose de bom senso e
não um mergulho profundo na personalidade. Agora, se for alguém mais inteligente e com
questões mais complexas, é momento de deixar as técnicas de lado e zelar pela
individualidade para servir de ponto de referência para o paciente.
Aqui o inconsciente passa para o primeiro plano, que passa a compensar a consciência,
através dos sonhos, por exemplo. E esses sonhos vão substituir os reguladores coletivos
anteriores: as crenças e pensamentos.
A neurose precisa desse retorno aos conteúdos míticos para que haja alguma evolução,
pois os métodos racionais da consciência já não podem alcançar este objetivo.
Terapeutas podem até apelar para visões míticas quando perceberem que o paciente está
pronto para isso.
A religião cumpre um papel expressivo nisso porque ela faz com que o homem se ligue a
pontos da profundidade humana.
A diferenciação moral do terapeuta é tão importante quanto o seu saber. Pois ao aderir ao
processo dialético, o terapeuta também sai do anonimato e presta contas ao paciente sobre
sua personalidade.
A psicoterapia traz uma variedade de casos. Por um lado, às vezes o paciente precisa
somente de um bom senso. Em segundo lugar, precisa de uma confissão para que seja
curado, a ab-reação. Alguns processos precisam de uma análise redutiva de seus sintomas.
Seja através de Freud ou de Adler, tratando do princípio infantil de busca pelo prazer ou a
busca de poder e de estar por cima.
O tempo vai depender do caso, mas depois de um tempo é bom espaçar para que o
paciente siga com a própria vida e não dependa mais do médico.
II - O que é psicoterapia?
Inicialmente, a terapia por sugestão era a mais comum, que se tratava de reprimir o sintoma
através das técnicas como a hipnose, e conselhos.
Com o advento da psicanálise, a tomada de consciência das causas, exigida pela terapia
FREUDiana, tornou-se o "leitmotiv" e a condição básica preliminar de todas as formas mais
recentes de psicoterapia. Viu-se que essa tomada de consciência das causas era MAIS
terapêutico.
A princípio, tivemos a teoria do trauma, no qual a catarse dos traumas sexuais e choques
eram o objetivo do tratamento para poder reduzir o sintoma.
Mas se viu que nem todas as neuroses se explicavam por traumas sexuais.
Daí o próprio FREUD não tardou em superar a teoria do trauma, e lançou a teoria do
recalque. Esta teoria é bem mais complexa e, conseqüentemente, o tratamento passou a
diferenciar-se. A teoria do recalque considera que as neuroses típicas são muito mais
distúrbios do desenvolvimento propriamente ditos. Seriam tendências sexuais da infância
que passariam ao inconsciente. Ao descobrir que essas fantasias se mostravam nos
sonhos, Freud começou a trabalhar com eles, e isso foi o início da terapia individual, porque
este método não tem como aplicar numa multidão. Não é algo rotineiro.
Então, o tratamento individual é aquele que mais mostra o respeito ético do médico e
seriedade científica.
As neuroses são produto de uma evolução defeituosa, que demorou anos e anos para se
formar, e não existe processo curso e intensivo que a corrija.
A neurose é mais uma doença psicossocial do que uma doença em si, ou seja, mostra mais
como a pessoa está se relacionando com a vida e com os outros. Seria um ponto de vista
de doença que inclui a relação da pessoa com a vida, e não mais um bem estar do corpo
individual.
Essa evolução mais recente vem procurando estabelecer como meta terapêutica não só a
conscientização dos conteúdos e das tendências causadoras das doenças, mas, além
dela, também a volta (redução) aos instintos primitivos e simples, a fim de
restabelecer no paciente sua condição humana natural e sem deformações.
É importante que o médico deixe imperar a NATUREZA e que evite, na medida do possível,
influenciar o paciente com seus próprios pressupostos filosóficos, sociais e políticos.
Ainda que todos os cidadãos suíços sejam iguais perante a lei, eles são bastante desiguais
entre si, e por isso, cada indivíduo só pode alcançar a felicidade a seu próprio modo.
Com isso, não se visa o "individualismo" mas unicamente uma forma de estabelecer a
condição prévia indispensável a todo ato responsável, que é que cada qual se conheça a si
mesmo e sua própria maneira de ser, e que tenha a coragem de assumi-la. O homem só
passa a ser responsável e capaz de agir, quando existe a seu modo; se não, não passaria
de um "maria-vai-com-as-outras", ou de um moleque de recados, sem personalidade
própria.
Isso decorre do preconceito com relação ao pensamento de Freud, com diversos choques.
Mas ainda assim a visão de Freud é materialista e não atende às disposições naturais da
psique humana.
A neurose depende muito mais da atitude da pessoa do que aconteceu na infância dela. A
pessoa tem que acabar se conformando e só vai fazer isso tomando a atitude adequada. A
atitude é a maior importância.
Freud achava que a cura da neurose vinha da conscientização das causas. Mas isso
não contribui na verdade, sendo que o que vai mudar é a atitude consciente.
Então é importante regredir também, mas em busca de reconhecer esses desejos. Isso
mostra que o paciente está em busca de si mesmo.
PARÁGRAFO 58 - ELE DIZ QUE A INTEÇÃO DELE É CURAR. Há uma contradição aqui
ou algum erro de tradução ou contexto?
Como a criança recém-nascida, que chega ao mundo com o cérebro pronto e altamente
desenvolvido, e cuja diferenciação foi formada pela experiência acumulada dos seus
antepassados, no decorrer de séculos e séculos sem conta. Assim também a psique
inconsciente é formada por instintos, funções e formas herdadas, já pertencente à psique
ancestral.. Essa herança coletiva não consiste em noções herdadas, mas na possibilidade
de semelhantes noções - em outras palavras, em categorias "a priori" de tipos de funções
possíveis. Essa herança pode ser chamada de instinto, no sentido original da palavra. Aliás,
o assunto não é tão simples assim; trata-se, ao contrário, de uma complicadíssima rede de
condições, que costumo chamar de arquetípicas. Este fato implica que, em dada situação, o
homem terá um comportamento provavelmente idêntico ao dos seus antepassados, nos
tempos de Matusalém. Logo, o inconsciente é visto como uma pre-disposição ao
conservadorismo extremo, ou como que uma garantia que jamais acontecerá algo de novo.
IV - Os objetivos da psicoterapia
NESTE TEXTO, JUNG APONTA DIVERSOS INDICADORES QUE SÃO NADA MAIS DO
QUE ALERTAS PARA O PERIGO DA UNILATERALIDADE
As teorias de Freud e Adler tem sua razão de ser porque de certa forma tiveram projeção a
partir das identificações das pessoas, ou seja, não podemos ignorar e dizer que não fazem
sentido, porque fazem, dá pra ver pela experiência.
Mas ao mesmo tempo não podemos escolher UMA DELAS COMO VERDADEIRA. Existem
casos que se explicam de uma forma e casos que se explicam da outra forma.
Jovens: os métodos de Freud e Adler podem bastar pois o objetivo é ajustar o jovem à
sociedade Ele está sob o signo do amanhecer e a neurose provém da hesitação ou do
recuo do caminho a seguir.
Ainda na fase juvenil, é preciso ver se o caso precisa ser visto a partir de Freud ou a partir
de Adler. Para isso, é bom seguir as resistências e levá-las a sério. Isso porque não
sabemos necessariamente mais do que os pacientes e muitos psiquismos não se encaixam
em nenhum dos esquemas existentes.
A psique humana é ambígua, então sempre temos que nos perguntar se determinado
comportamento é verdadeiro ou uma compensação de caráter.
Isso ressalta a postura de não ter objetivos, porque como é difícil saber, então é melhor
esperar e deixar que a própria natureza se expresse e se equilibre.
As grandes decisões da vida estão mais relacionadas aos instintos do que a decisões
racionais.
Não existe um sapato que sirva para todos, cada pessoa tem que lidar com a sua parte
irracional.
Pacientes muito racionais e/ou que já passaram por terapia sem sucesso não toleram muito
terapias racionais, então é necessário ir para o irracional.
Jung diz que ⅓ de seus pacientes sofrem porque estão sem sentido na vida.
Essa estagnação é uma vivência que se repetiu na humanidade várias vezes, inclusive
tornando-se tema de mitos e contos, onde se encontra uma chave especial que vai abrir a
porta, ou quando vem um animal que ajuda a encontrar um caminho.
O que fazer?
Apelamos aos sonhos porque neles se dá início à imaginação, o que é melhor que nada.
O que importa é o efeito, mas não que tenhamos que saber porque esse efeito ocorre.
O paciente sonhou que sua sobrinha estava doente e relacionou isso ao seu interesse por
ocultismo, como se isso fose patológico e estivesse lhe causando problemas. Independente
do que pensamos ou deixamos de pensar, houve um impacto com essa ideia e é isso que
importa. Essa percepção lhe causou uma mudança de atitude e essas ligeiras mudanças
que não surgem da razão é que colocam as coisas em movimento.
O médico também pode contribuir com as suas impressões, se causar efeito, tanto melhor
pois só nos deixamos sugestionar por aquilo que já estamos meio preparados para receber.
É necessário encontrar junto com o paciente a coisa eficaz, ou quase sendo, a coisa
verdadeira.
Toda obra humana é fruto da fantasia criativa. Se assim é, como fazer pouco caso do poder
da imaginação?
Além disso, é difícil a fantasia errar porque ela está ligada com a profundidade da alma e do
ser humano.
Regra: não ir além do significado contido no fator eficaz; a ideia é a sua conscientização
para que ele perceba que nele há uma dimensão que ultrapassa o nível pessoal. É preciso
que a pessoa entenda que algo não acontece somente a ela, mas que acontece com várias
pessoas. Da mesma forma, é importante ela ir além do momento presente, no sentido de
compreender a continuidade histórica, que é imprescindível a função religiosa, que tem uam
função psíquica de grande alcance.
Pintar essas fantasias é ficar independente do médico e deixar que o desconhecido aja em
você.
No começo da vida, é necessário que o jovem acredite que as coisas vem da sua vontade.
É necessário que ele se olhe dessa forma para que se possa ajustar à sociedade. Já na
segunda metada da vida,
A psique remonta ao estado primitivo e de certa forma ela consegue se manter em diálogo
com o consciente de forma que as exigências conflitantes da psique seja, satisfeitas.
Por que o interesse pela alma humana nos dias de hoje? Jung não responde mas pergunta.
E diz que as diferentes psicologias estão tentando se acercar do fenômeno.
Etapas do trabalho
Confissão >
Há uma relação entre a confissão e o tratamento analítico. Quando surge o pecado, surge a
parte oculta do psiquismo, o segredo. Esse segredo é um veneno para a comunidade e são
criados rituais e mistérios para lidar com isso e não contaminar a comunidade, ainda que
esse segredo seja um componente precioso para a diferenciação individual.
Quando se tem consciência de que e do que se oculta é melhor, pois quando não é
conscientemente encoberto, o conteúdo se separa da consciência na forma de um
complexo autônomo, que vive uma existência autônoma e não é perturbado pela
consciência.
Os complexos têm um efeito indireto no consciente, pois não ficam na consciência, e
causam pequenas neuroses, sendo as principais as falhas de consciência: lapsos de
memória, mal-entendidos, esquecimentos, movimentos desastrados, interpretação errônea
de coisas ditas e ouvidas.
Qualquer segredo pessoal atua como culpa ou pecado, ainda que não seja considerado
assim, por conta da nossa moral.
Outra forma de ocultar é conter, e o que pode ser contido é o que nos afeta, ou seja, os
afetos.
Se a contenção for pessoal e independente de uma convicção religiosa, ela pode ser tão
perigosa quanto um segredo.
Mal humor e irritabilidade dos virtuosos pode-se explicar pela contenção de afetos. Causa
isolumento, culpa e perturba.
Nada é mais insuportável do que prolongar uma harmonia baseada em afetos contidos.
Emoçoes reprimidas e segredos são a mesma coisa.
Segredo e contenção são danos que a natureza reage com a doença. Só são danosos
quando são de ordem PESSOAL
Esse primeiro passo levou o nome de método catártico - levar o paciente a um estado de
introspecção, que possa entrar em contato com conteúdos inconsciente nele, coisas que
forma recalcadas ou esquecidas. Isso é benéfico, embora desagradável, pois as qualidades
inferiores e até as condenáveis nos pertence, e nos dão substancialidade e corpo: é nossa
sombra. Ao retomar minha sombra, posso lembrar-me novamente como sou um ser
humano como os demais.
Esclarecimento >
Por outro lado, a pessoa pode ficar ligada não no médico, mas em si mesma, realizando
catarses consigo próprias, ligada ao inconsciente.
O vínculo a que a pessoa fica ligado médico tem uma natureza de pai-filho. Vira uma
dependência infantil, apesar da sua racinoalidade. Não é que essa infantilidade surgiu
agora, mas ela estava inconsciente reprimida e agora que aflorou. Quer retomar a situação
infantil com o pai que tinha desaparecido.
Agora com relação à pessoa que não se fixa na figura do médico, mas acaba se fixando em
si mesma, ocorre aqui que a imagem dos pais permanecem na forma de representações da
fantasia que posseum o mesmo poder de atração e a mesma dependência da transferência.
Aqueles que resistem à catarse ainda estão identificados com os pais, o que lhe confere
autoridade, independência e espírito crítico. São pessoas cultas e diferenciadas que
acabaram não sendo vítmias indefesas da atuação inconsciente da imagem dos pais, mas
se apoderaram dessa atividade através de sua identificação.incosnciente com os pais.
Freud desenvolveu o método interpretativo, pois nessas casos só a confissão não adianta.
Então ele precisava interpretar a transferência, explicar o que estava acontecendo.
Mas essa explicação de Freud é redutiva. Ela é destrutiva, quando exagerada e unilateral.
Mas o grande avanço de Freud foi ele comprovar que a humanidade tem um lado escuro.
Essa forma de pensar introduz um relativismo filosófico, que se mostra ainda na matemática
e na física de Einsten.
Nada mais ineficaz que ideias intelectuais. Mas quando essa ideia é uma realidade
psíquica, ela vai tomando conta sem a menor relação causal história. nessa hora é bom
prestar atenção. Porque as ideias que são realidades psíquicas representam forças
irrefutáveis e inatacáveis, do ponto de vista da lógica e da moral. São mais poderosas do
que o homem e sua cabeça; Ele acha que as produz, mas na verdade ele é apenas uas
porta veoz.
Aqui a pessoa para de olhar para o paraíso da infância e se coloca para se adaptar ao
mundo normalmente e te rpaciência com a propria insuficência., eliminando ilusões e
emoçoes, virando as coisas para o inconsciente, como se fosse sua fraquza.
As pessoas sem dificuldades na área do ajustamento social e da posição social podem ser
analisadas pelo prisma do prazer com maior probabilidade de acerto, do que as que se
encontram num estágio insuficiente de adaptação, isto é, as que, devido à sua inferioridae
social, têm necessidade de prestígio e poder.
Adler, ao tratar seus paciente a parti do princípio do poder, parte já do esclarecimento e não
espera demais do insight, mas reconhece que além dele se faz necessária a educação
social. Ele não deixa o doente lá, como uma criança abandonada com o conhecimento de
si, mas tenta torná-lo uma pessoa normalmente ajustada, medianto todos os recursos da
educação.
Adler quase que nega o inconsciente e começa o trabalho a partir de onde Freud nos
deixou. Por que olhar para o que há de ruim no pantanal do inconsciente? Budismo primitivo
desapegou-se de dois milhoes de deuses, assim também a psicologia é obrigada a se
distanciar dessa essência negativa que é o inconsciente freudano.
Pouco importa ter conhecimento das causas dos males, isso não leva a cura
necessariamente.
A árvore só consegue crescer com a ajuda de um bom jardineiro quando ela foi machucada
e ferida.
Todas as 3 etapas não são verdades que se engoliram e se substituíram, mas pelo
contrário, trata-se muito mais de aspectos dos princípios de um mesmo prpblema, sem
íntimas contradições entre si, assim como não há contradição entre a confissão e a
absolvição.
Transformação >
Quando se pergunta: o que a alma deseja além de se tornar um ser ajustado socialmente?
Ser normal é a média, que vale como objetivo para aquele que não consegue se ajustar por
conta de sua neurose.
Agora para pessoas que conseguem alcançar mais sucesso e satisfação, ser normal é algo
insuportável, sem esperança.
Dois tipos de neuróticos: uns que adoecem porque são APENAS normais e outros que
adoecem porque não conseguem tornar-se normais.
As exigências e necessidades do homem não são iguais para todo mundo. O que é para
uns salvação, para outros é prisão.
Há uma ideia de que o homem é um ser gregário, e alguém que fica melhor vivendo de
outra forma, sozinho e antisocial, parece ser algo ruim.
O médico deve se desfazer se deus pressupostos e usá-los apenas como hipótese para
esclarecimento do caso.
Não se trata de ensinar ou convencer, mas mostra como o médico reage ao paciente.
Segundo a teoria, um instinto reconhecido DEVERIA ser sublimado. Mas isso é algo difícil.
Podemos apelar para a razão, mas não podemos nos esquecer que o homem é tão
irracional quanto racional, e que por vezes a razão não basta para que um instinto se
modifique.
Uma convicção pode se tornar uma autoafirmação, uma rigidez, mas uma convicção sólida
é suave e flexível e progride melhor com os erros.
Nossos paciente sofrem da falta de liberdade por conta da neurose. Quando tentamos
adentrar no inconsciente, temos que nos defender da mesma neurose que encontramos lá.
O instinto sempre se apresenta junto com uma visão de mundo. Ele nos dá o que pensar.
Se não for pensado livremente, se tornará um pensamento compulsório. Nem o instinto nem
o espírito podem se liberar unilateralmente, estão sempre ligados. Mas essa ligação nem
sempre é tranquila, mas doloridade. Por isso a psicoterapia é para ajudar o paciente a ter
paciência em suportar o sofrimento.
O pecado original, a dor e o sofrimento cristão são importantes para a terapia nesse
sentido. Mais do que o fatalismo islâmico.
Não podemos fechar os olhos para a realidade de que a neurose não tem existência em si,
mas é a própria psique perturbada pela doença.
O fator fisiológico e o fator espiritual têm que ser considerados em nível de igualdade.
Medicina e psicoterapia
Com base em neuroses psíquicas, vamos ver as três etapas do procedimento médico, mas
do ponto de vista psicoterapêutico.
Anamnese
Ao contrário da que é feita na medicina, o psicoterapeuta não pode se dar por satisfeito,
pois sabe que o relato pode estar influenciado pelas próprias dificuldades da pessoa. Então
precisa, não só a partir dos seus conhecimentos, mas também de ideias e intuições, fazer
perguntas que talvez não tenham nada a ver com o caso em si apresentado.
Quanto mais o terapeuta se impressionar por fatores hereditários eventuais, mais terá a sua
capacidade comprometida.
Entender que o paciente é um “filhinho de papai” vai dizer mais sobre o processo de terapia
do que um nome específico como uma fobia, uma histeria, ou etc.
O conteúdo da neurose vai surgindo ao longo do processo, não aparece a partir de nenhum
exame. Por isso se mostra o paradoxo de que só no final do processo é que pode-se saber
o verdadeiro diagnóstico.
Todo psicoterapeuta não tem seu método, mas ele é o seu próprio método.
As teorias são auxiliares, não podem se tornar artigos de fé. Pois a psique humana não
pode ser apreendida numa teoria, e nem o mundo.
O terapeuta precisa saber que seu objeto não é a neurose, mas uma pessoa doente. Então
do que ela precisa? Diferentes métodos podem servir para diferentes pessoas.
APRIORISMO
As neuroses estão ligadas a distúrbios dos instintos. Estes não são impulsos cegos, mas
precisam ter a imagem de ambiente que o favorece em sua expressão para que ele exista.
Assim também as imagens que aparecem nos mitologemas são as que estão mais
intimamente ligada ao impulso dos instintos. Por isso que é necessário compreender isso na
psicoterapia.
Psicoterapia e atualidade
Não tem como recortar um fenômeno humano e dizer que somente aquilo faz parte do que
a psicoterapia pode se haver.
Mas há dificuldades.
A ciência não tem limite, ela sempre interfere nas outras áreas da vida.
Por mais que tentemos concentrar-nos no mais pessoal da pessoa, a nossa terapia não
teria sentido sem a pergunta: de que mundo vem o nosso doente, e a que mundo deve ele
ajustar-se?
Sabe-se que a imagem dos pais forma as crianças e ao longo da adaptação ela vai
entrando em embate até que, deixe de se projetar e se volte para a alma da pessoa.
E antes que não tínhamos esse conhecimento moderno, essa transição de criança para
adulto ou para pais era feita através de rituais nos primitivos.
A igreja católica também retém as imagens de pai e mãe por meio do papa e de própria
igreja.
Lembro-as apenas para mostrar que o tratamento da alma, nos tempos que nos
antecederam, visava as mesmas realidades fundamentais da vida humana que a
psicoterapia moderna.
A igreja faz com que a imagem dos pais não se destrua, ou seja, faz como que não seja
possível se livrar dela.
É possível desligar a imagem de pai e mãe dos outros e isso por vezes é um sucesso
terapêutico.
Pode passar para o médico; o que vai acontecer se for trabalhada a quebra dessa ligação
com ele?