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DISCIPLINA:

PSICOTERAPIAS
BREVES
Professora: Lilian Ferraz
Formação: Psicóloga
Especialista em Atenção Psicossocial
Especialista em Psicologia da Saúde
Disciplina: Psicoterapia Breve Docente: Lilian Ferraz
Disciplina: Psicoterapia Breve Docente: Lilian Ferraz
Origem da Psicoterapia Breve de Orientação
Psicanalítica
• Foi uma técnica desenvolvida no século passado para atender a um público
que, por escassez de recursos ou de tempo, não podia fazer um tratamento
padrão.
• Desde os anos vinte, seguidores de Freud, como o psicanalista austríaco
Otto Fenichel, já achavam que algumas pessoas por causa da urgência e do
tipo do problema que estavam vivendo, poderiam ser encaminhadas para
terapias mais rápidas do que a psicanálise.
• A idéia foi ganhando força a partir das proposições de técnica ativa de 
Ferenczi (1919) às quais  Freud se  posicionou   favorável reforçando que  “o
que importa  é trazer ao conhecimento do paciente o inconsciente,os
impulsos recalcados e desmascarar  as  resistências” (LOWENKRON,2006) .
• Com o apoio , ainda  , de  Otto Rank  a terapia  breve  foi consolidando  
princípios  consistentes  até se  tornar  legitimamente  uma  abordagem
psicoterápica  aceita a mais  de  70 anos , especialmente  a  partir de
escolas  americanas. 

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Freud
1906-1908 – Atendimentos de curta
duraçao, eficazes. Técnica rápida e
objetiva.
1893 – “Estudos sobre a histeria” :
caso de Katharina.

Ferenczi
1918 – Método de “Terapia Ativa” e
Congresso Internacional de
Históri Budapeste
1924 – Publicação do livro
co “Desenvolvimento da Psicanálise”
com colaboração de Otto Rank.

Otto Rank
• Limite de tempo
• Foco (Trauma do nascimento)
• Boa Vontade

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Atualmente

Knobel (1986), Braier (1984),


Simon (1983) e Fiorini (1981)

Segundo Braier (1997, p. 3) “em nosso meio, os incipientes serviços


de psicopatologia hospitalar, os centros de saúde mental, as
instituições privadas e os hospitais psiquiátricos tiveram [...] de
implementar técnicas breves”. À isto se deve o fato das limitações
econômicas e de tempo da população que procurava pelo auxílio
terapêutico, estimulando de modo significativo o desenvolvimento e
a difusão das psicoterapias breves.

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O que é Psicoterapia Breve?

Quais são as indicações?

Qual é o tempo de duração?

Qual é o resultado esperado?

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O que é Psicoterapia Breve?
Um tratamento de natureza psicológica, de inspiração psicanalítica,
cuja duração é limitada. Busca obter uma melhora na qualidade de
vida em curto prazo, escolhendo um determinado problema mais
premente e focando os esforços na sua resolução.

Este tipo de tratamento envolve uma interação didática entre


paciente e terapeuta, com componentes afetivos, cognitivos e
educacionais. E uma psicoterapia psicodinâmica focal,
orientada para um objetivo, o que pressupõe que o paciente
seja capaz de cooperar com o terapeuta no contexto de uma
aliança terapêutica e seja capaz de resolver os conflitos
psicológicos subjacentes às suas dificuldades.

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Objetivo da Terapia Breve

“O objetivo deste tipo de terapia é trabalhar com o


presente”.
A terapia é orientada para o problema.

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Indicações
• Crises e emergências;
• Situações de ideação suicida;
• Automutilação em jovens;
• Fobias;
• Bulimia;
• Crise de identidade;
• Crise no trabalho;

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Situações de ideação suicida
• O psicoterapeuta precisa desenvolver empatia no que se
refere ao sofrimento humano, isto é, o profissional pode se
disponibilizar para se aproximar do lugar onde o paciente está
e, por meio de sua disponibilidade interpessoal, a esperança
de que o cliente possa reconhecer suas potencialidades – a
fim de ampliar sua maneira de enfrentamento de seus
sofrimentos – poderá ou não emergir. Sendo assim, uma
relação terapêutica que prima pelo cuidado e não pela cura
pode ser facilitadora para que o cliente ressignifique seu
desespero existencial e descubra perspectivas de manejo de
seus conflitos.
• Perls, Hefferline e Goodman (1997) salientam que a
psicoterapia é um método “não de correção, mas de
crescimento”.
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Situações de ideação suicida
• Disponibilizar-se para a dor do outro produz efeitos
igualmente dolorosos no profissional, ou seja,
acompanhar o cliente na luta com seu sofrimento significa
também se autoacompanhar, no sentido de saber que o
profissional só poderá oferecer aquilo que é possível
oferecer. Isso posto, cabe salientar a frase de Merighi
(2002) quando apresenta que: “Cuidar é inseparável da
compreensão e como com- preensão deve ser simétrica:
ouvindo o outro, ouvindo a nós mesmos, cuidando do
outro, cuidando de nós mesmos” (p. 158). Uma vez que
não temos controle sobre a vida do outro.

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Dor, angústia e automutilação em jovens
• O psicanalista, J. J. Rassial, revela que o real da puberdade
fi siológica, ou seja, o sustentáculo do conceito de
adolescência, aparece com frequência como acidente,
doença, catástrofe, “breakdown”. O adolescente queixa-se
de sobrecarga, de ser ultrapassado por modifi cações que o
afetam e também atingem o mundo externo, vivendo uma
aceleração temporal diante da qual se vê desarmado.
• Em “O Adolescente na Psicanálise a aventura da
subjetivação”, Raymond Cahan observa, curiosamente, o
desenvolvimento, no Ocidente, de uma patologia de
condutas: anorexia, bulimia e vômitos, práticas
toxicomaníacas, atos suicidas que não param de aumentar.

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Dor, angústia e automutilação em jovens
• Não podemos falar da dor sem falar do amor. Corporal ou
psíquica, seja qual for a idade do sujeito - criança, adolescente,
adulto, idoso - só existe dor, segundo Nasio, contra um fundo de
amor. E mais, todas as dores comportam uma parcela de histeria,
ou seja, a representação psíquica na origem de toda dor orgânica,
mantida à distância, mas inclusa no seio do sistema, explica a dor
corporal por um mecanismo aparentado ao da conversão histérica.
• A visão psicanalítica da clínica se caracteriza por ultrapassar a
simples observação e descrição dos fenômenos. Ela leva em
conta os aspectos subjetivos envolvidos na escolha da
automutilação como sintoma, ou seja, enquanto algo que
comporta uma presença cujo conteúdo não pode ser acessado e é
marcado, fundamentalmente, por uma incapacidade de
simbolização.

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Obsessão, compulsão, fobia e pânico
• Três termos traduzem a complexa noção freudiana de
Zwang: a compulsão, para sublinhar a sua origem interior;
o constrangimento, para especificar o seu efeito mais
imediato; e a obsessão, para descrever uma de suas
consequências mais sintomáticas na vida do sujeito.
• No curso da terapia psicanalítica, as dificuldades do
paciente nos relacionamentos atualizam-se, com
frequência, na transferência com o terapeuta. Conflitos em
torno da raiva, da independência e da separação são
especialmente proeminentes. Geralmente, cabe ao
terapeuta explorar o temor do paciente de se tornar
excessivamente dependente dele à medida que o
tratamento progride.
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Obsessão, compulsão, fobia e pânico
• Os psicanalistas ou psicoterapeutas podem ter que ajudar
os pacientes a se tornarem conscientes de sua ansiedade
em relação à expressão da raiva e à necessidade
associada de se defender contra ela. Além disso, o
terapeuta deve estimular o paciente a revisar os detalhes
do desencadeamento de um ataque de pânico e começar
a fazer a ligação entre a ansiedade em relação à
catástrofe e os eventos da vida. Dessa forma, a
capacidade de tornar psíquica a manifestação de pânico
do paciente aumentará a ponto de possibilitar que ele
veja algo que está sendo representado pelo ataque de
pânico.

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Contraindicações
• Psicoses;
• Transtornos de humor;
• Álcool e drogas;
• Transtornos de Personalidades;

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Duração

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Duração
• O número de sessões varia de acordo com o paciente e será decidido,
em conjunto, após as primeiras sessões.
• O mais comum é a frequência ser de uma vez por semana.
• O final da terapia deve ser anunciado, em geral, com um mês de
antecedência, e trabalhado adequadamente.
• Quando o terapeuta diz: "o tempo da PB será de sete meses e no final
avaliaremos se continua ou não", essa terapia provavelmente continuará
e o prazo não terá função alguma.
• O limite de tempo deve ser respeitado para que possa influenciar a
relação terapêutica. Para evitar confusões diversas, é preferível que seja
marcada uma data para o término e não um número fixo de sessões.
• Na data acordada, a terapia termina e um retorno poderá ser marcado
para dali a alguns meses; seis, de preferência.

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Focalização
• Segundo Malan, "o tratamento não pode deixar de ser focal, porque o
paciente mostra um único tipo de problema básico ao longo de sua vida. É
provável que qualquer material que o paciente traga represente um aspecto
deste problema e tudo o que o terapeuta terá de fazer é interpretar cada
aspecto à medida que apareça". Se essa afirmativa pode ser questionada em
relação ao fato de o paciente mostrar um único problema básico ao longo de
sua vida, em uma PB, que dura no máximo um ano, esta concepção se
verifica.
• Em todo caso, qualquer proposta de focalização é arbitrária e artificial,
apenas refletindo a opção teórica de referência. Segundo os diversos autores,
o foco pode ser: o sintoma, as defesas, a crise, a relação objetal, um traço de
caráter, um conflito, uma hipótese psicodinâmica de base, a questão edípica,
por exemplo.
• Na PB, o foco deverá permanecer presente, tal como uma falta na sessão
anterior, por exemplo, pois o terapeuta sabe que o tema existe, mas deverá
surgir na interpretação apenas no momento (timing) adequado. O terapeuta
deve permanecer em estado de atenção flutuante, sem se ater ativamente ao
foco.

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 HIPÓTESES PSICODINÂMICAS
• A(s) hipótese(s) psicodinâmica(s) se referem  a  elaboração do
psicanalista  a respeito do que  pode estar  acontecendo com o paciente ,
a respeito do que  lhe está causando sofrimento .
• É a teoria do analista sobre o conflito psíquico de seu paciente. Para 
elaborar  sua  hipótese  psicodinâmica  o analista  deve estar  atento às
seguintes  questões : qual o desejo que está reprimido e  que  não
consegue ser  realizado ; qual a  ansiedade envolvida; onde está  a
objeto bom e  o objeto mau ; qual a  verdade  que  não consegue ser 
conhecida  ou sustentada; qual é  o padrão de repetição; existe  algo que 
não foi dito e  por  que.
• O analista percorre os pontos levantados na entrevista  e  é bom que
fique atento  à  contratransferência  como sinal de alerta  e de 
comunicação. Tanto quanto a determinação do foco, a hipótese
psicodinâmica também vai sofrendo confirmações, modificações,
acréscimos e  negações. Com a prática, porém a escuta  analítica se 
aperfeiçoa  e  a  hipótese  sofre menos  possibilidades  de alterações.

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Resultados Esperados
Fiorini (1987) salienta que a técnica breve pode produzir
modificações dinâmicas maiores do que somente a
supressão de sintomas. Entre as modificações alcançadas ele
cita:
• Alívio ou desaparecimento dos sintomas;
• Modificações correlatas na manipulação das defesas, com a
substituição de técnicas mais regressivas por outras mais
adaptativas;
• Maior ajustamento nas relações com o meio;
• Incremento da auto-estima e da sensação de bem estar pessoal;
• Incremento de sua autoconsciência;
• Ampliação de perspectivas pessoais.

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Etapas e Manejo

1
• A terapia breve pressupõe um foco
definido.

2
• O tempo varia de 12 a 24 sessões
semanais.

• Uma entrevista inicial se faz


3 necessária para analisar se o
paciente é apto a terapia.

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• Uma hipótese psicodinâmica
4 sobre o paciente e o foco é
estabelecida.

• O tratamento básico é
5 modificado e adaptado –
manejo clínico.

• Preparação para o término.


6 • Análise dos resultados.

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Fundamentos da Terapia Breve de Orientação
Psicanalítica

1. O  analista  deve estar atento a  conduzir  o discurso do 


paciente  dentro dos  limites do foco pré acordado  entre 
ambos na entrevista  inicial. Na  terapia  o discurso poderá 
receber contribuições da  técnica  ativa  , aqui na terapia
breve de orientação psicanalítica praticamente deve-se 
utilizar  a técnica  para  garantir  o foco  e  buscar 
informações   que  agilizem o processo . A livre 
associação é  permitida  dentro do foco.

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• 2. Quanto às interpretações, devem ser dadas aquelas
que têm a ver com o foco. Destaca-se também que o
analista deve ter  a capacidade  de compreender  o
paciente  e  ter segurança  na sua  interpretação , bem
como capacidade  de  organizar  um plano terapêutico
circunscrito.

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• 3. A  base teórica  do analista , na  TBOP , exige  capacidade de 
raciocínio  mais rápido visto que  não há tanto tempo  disponível
para  inferir a  transferência e fazer  a  interpretação . Aconselha-
se que o analista iniciante  na  TBOP  se  utilize  da  base  teórica
Freudiana ,isto é que “ os problemas psicológicos do paciente e
os conflitos subjacentes, que devem ser resolvidos ao longo da
psicoterapia, devem ser de natureza edipiana ou triangular. Isso
implica que as dificuldades encontradas pelo paciente tenham
surgido durante a sua infância e comportem um amor pelo genitor
do mesmo sexo, que o impede de entrar em competição com ele,
na busca do afeto do genitor de sexo oposto. As queixas que
disso resultam são apresentadas, pelo paciente, como
dificuldades interpessoais bem delimitadas, ou como sintomas
bem específicos" (LOWENKRON,2006).

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• 4. Outra  diferença  entre  as  duas terapias  é  que  na 
TBOP  o “insight” se dá  na terapia  mas a “elaboração “
acontece fora da terapia  podendo se  alongar  por dois 
a  três  anos .Por  que teoricamente  o “insight” é um 
instante  em  que surge uma  compreensão onde  “tudo
muda”, ou “a perspectiva muda”, ou “tudo se re-encaixa”.
Já a “elaboração” é o tempo que o psiquismo precisa
para se “readaptar” e  pode demorar horas, dias ou anos,
independente se está ou não ainda no processo de
análise. 

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Técnicas específicas
• Ab-reação • Dióxido de carbono-
• Atividade do terapeuta oxigênio
• Aconselhamento • Caso de trabalho
• Estimulação ou auxiliar
provocação da • Catarse
ansiedade • Confrontação
• Supressão da ansiedade • Consulta conjunta
• Treinamento da • Brevidade do contato
Afirmação • Freqüência do contato
• Evitação seletiva • Abordagem do contrato
• Provocação • Controle pelo terapeuta
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Atividade 1 
• Atividade em grupo, escolher 5 tipos de técnicas
específicas, apresentar para turma, podendo realizar uma
simulação do uso da técnica ou fazer explicação
expositiva.

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Braier (1997) indica que na psicoterapia breve
podem ser utilizadas:
• Os assinalamentos: instrumentos terapêuticos necessários em toda terapia de
insight para facilitar o trabalho interpretativo;
• As perguntas: cabem não só na etapa diagnóstica, mas também durante o
tratamento propriamente dito, a fim de se obterem diversos e necessários
dados acerca do paciente. Relaciona-se este aspecto ao papel ativo do
terapeuta psicodinâmico e revela um terapeuta não-onipotente e interessado
no paciente;
• O fornecimento de informações: em certas ocasiões pode ser benéfico oferecer
informações ao paciente acerca de certos temas, tais como os vinculados a
sexualidade;
• As sugestões: são de diversas tendências e relacionam-se com a possibilidade
de estimular o paciente a enfrentar as situações;
• Os comentários: realizam-se essencialmente com o propósito de fomentar o
intercâmbio verbal;
• As intervenções de reasseguramento ou de reforço;
• As indicações;
• Os conselhos: de uso muito esporádico, exceto quando se trata de apoio
emocional.
Psicoterapias Breves
• Enquanto a psicanálise modifica a relação da
pessoa com o mundo, a psicoterapia breve muda
sua relação com o mal estar.
• Há basicamente duas linhas de psicoterapia breve:
a de orientação psicanalítica e a cognitiva ou
comportamental.
• A maior diferença entre elas, está na forma como o
terapeuta interpreta os conflitos e nas tarefas que
prescreve. Ao contrário da linha psicanalítica, a
cognitiva recomenda lições de casa.

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Diferenças Entre a Psicanálise e Psicoterapia Breve

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ESTUDOS DE CASOS
• A seguir, apresentamos registros de resultados com
populações muito pequenas, de um a três pacientes.
Uma psicoterapia muito breve com um único paciente e
relatada por Saul. Acorrentada a temores hipocondríacos,
a paciente, uma americana de classe média, solteira, 30
anos, foi atendida em duas entrevistas com três semanas
de intervalo. Saul empregou a interpretação de forma
ativa, e apoio. Foi-lhe fornecido um núcleo de
compreensão interna (insight) e apoio, permitindo-lhe
ampliar sua consciência do ato e crescer emocionalmente
com novas experiências; a função dinâmica do sintoma
foi interpretada, e fizeram-se sugestões sobre como
manejá-la.
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• Após um ano de acompanhamento verificou-se que ela fora
consideravelmente ajudada. Os resultados com dois pacientes
tratados pela psicoterapia breve são relatados por Haley, um
rapaz de 17 anos com enurese, e um senhor de 65 anos que
se queixava de insônia. Foram tratados através de uma
abordagem diretiva muito atuante, com técnicas de sugestões
e hipnose. Um ano depois, ambos registravam recuperação
mantida. Visher relata o estudo de um único caso. A paciente,
uma mulher de 32 anos, branca, americana de classe média,
foi atendida em nove sessões devido a seu estado de
ansiedade. O tratamento envolveu um foco de apoio nos
problemas reais correntes, interpretações e aconselhamento;
a comunicação não verbal foi usada para manifestar a
expectativa de um tratamento de duração limitada. Muitos
anos depois, a paciente informou estar bem.

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• Mudanças nos níveis de angústia e no estilo de adaptação em resposta à psicoterapia
breve foram estudadas por Jacobs e colegas. Os pacientes deterninavam sua própria
angústia manifesta antes da sessão; o terapeuta avaliava o nível de angústia após cada
sessão semanal e as transcrições das sessões eram avaliadas por três juízes
independentes, que pesquisavam o estado semanal da força do ego do paciente e seu
grau de incapacitação. Três casos foram relatados. A paciente A, universitária de 20
anos com história de distúrbios psicossomáticos, veio para se tratar de uma depressão.
Atendida em 24 sessões num período de seis meses, apresentou melhorias em sua
vida, refletidas em auto-avaliações decrescentes de angústia durante a Segunda metade
do tratamento, que concordavam com as avaliações do terapeuta. As estimativas dos
juízes indicaram uma melhoria significativa na Segunda metade do tratamento. O
paciente B, universitário de 21 anos, queixava-se de ansiedade intensa e de dificuldade
em se relacionar com outras pessoas. Também ele foi atendido durante seis meses,
num total de 24 sessões. Encaminhado para psicanálise no final do tratamento, foi
rejeitado como não adequado. Submeteu-se a outra forma de terapia a longo prazo.
Nem o paciente, nem o terapeuta, nem os três juízes perceberam mudanças no grau de
sua angústia no correr do tratamento. A paciente C, universitária de 20 anos, queixava-
se de timidez e sentimentos de incapacidade. Foi atendida 16 vezes durante um período
de seis meses. Obteve melhoria um tanto duvidosa, mas teve alta porque se sentia mais
segura. Sua auto-avaliação apresentou melhoria significativa mas nem o terapeuta nem
os juízes encontraram melhorias marcantes em seu nível de angústia, embora se
verificasse uma tendência nessa direção. A Segunda fase da pesquisa diz respeito às
manifestações cacacterológicas ou modo de adaptação.
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Os autores classificam os vários estilos de adaptação, que chamam de força do ego, em
cinco dimensões, que refletem a capacidade do indivíduo para: (1) lidar com seus
próprios impulsos; (2) relacionar-se com os outros: (3) funcionar independentemente; (4)
manipular sentimentos e frustrações; (5) sentir-se bem quanto a seu valor,
correspondendo a controle dos impulsos relações interpessoais, autonomia, tolerância à
frustração e auto-estima. Uma escala de 19 pontos foi aplicada por três juízes às
transcrições das sessões terapêuticas, na avaliação semanal da força do ego. A paciente
A foi considerada inicialmente como sendo impetuosa, evitando contato com os outros,
passiva e independente, facilmente irritável e auto-depreciativa. Uma melhoria
significativa foi observada na autonomia, na tolerância à frustração, na auto-estima, mas
ela falhou em apresentar mudança apreciável na capacidade para controlar os impulsos
ou nos relacionamentos interpessoais. Pelas avaliações, o paciente 13 foi descrito como
sendo ruminador, obsessivo e ritualista, evitando contato mais íntimo com os outros,
passivo e sem afirmação, vencido como corta facilidade por sentimentos de frustração, e
vendo-se como menos digno e eficiente do que lhe seria permitido. Nesse paciente,
apenas os relacionamentos interpessoais apresentaram melhoria marcante. As medidas
de desvio para os outros quatro fatores tenderam a diminuir, mas não significativamente.
A paciente C foi mostrada pelas avaliações como sendo espontânea e relativamente
impetuosa, capaz de estabelecer muitos contatos sociais, submissa, passiva, infantil o
facilmente agitada por sentimentos e recuos, exigindo elogio e bastante reforço para
apoiar sua auto-estima. Apenas a autonomia pareceu obter aumento considerável.
Melhorias fronteiriças foram verificadas na auto-estima, enquanto que as outras três áreas
permaneceram inalteradas.
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• Uma pesquisa invulgar sobre resultados foi feita por Lord, que empregou os cartões
“antes” e “depois” de Rorschach em doi pacientes submetidos a seis meses de
psicoterapia. O autor conclui que “ambos, um ano depois do contato inicial,
desenvolveram mudanças comportamentais visíveis em direção a um ajustamento
social e pessoal mais adequado, sendo este o critério da psicoterapia bem sucedida”.
Ambos tinham manifestado problemas de tal gravidade, que chegaram a interferir em
seus ajustamentos interpessoais e vocacionais. O paciente do sexo masculino, desde
a infância experimentava com freqüência um bloqueio completo da fala. Um ano após
o tratamento, falava regularmente diante de pessoas; quando sentia alguma
ansiedade, tornava-se incapaz de falar com fluência, mas durante seis meses não
sofrera bloqueio completo. O segundo paciente, do sexo feminino, queixava-se de
solidão e instabilidade no trabalho. Ela ficava embaraçada e se sentia culpada em
companhia de mulheres, e quando em companhia de homens, sofria de grave
ansiedade; o conteúdo sexual predominava em seus pensamentos. Um ano mais
tarde, tinha sido eleita secretária de um clube de mulheres, e relatou que já possuía
grande número de amigas relativamente íntimas, e até pensava em se casar. Lord
conclui que: (1) as configurações básicas da personalidade permaneceram
reconhecidamente constantes, apesar do sucesso da psicoterapia breve; (2) podem
ocorrer modificações mensuráveis na personalidade; (3) estas incluem equilíbrio
interno mais adequado entre os fatores intelectuais e emocionais da personalidade, e
emergência de processos de pensamento que estão “alinhados ao pensamento da
comunidade”.

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Atividade 2
• Atividade 2, a partir do estudo de caso, identifique a
história do paciente, sua queixa, qual era o foco da
terapia, quais técnicas específicas foram utilizadas, qual
tempo de duração, como foi realizado o fechamento e
quais resultados foram obtidos.

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Referências Bibliográficas
• CALIGOR, Eve; KERNBERG, Otto; CLARKIN, John.
Psicoterapia dinâmica das patologias leves de
personalidade. Tradução Sandra Maria Mallmann da
Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2008, 288p.
• HEGENBERG, M. Psicoterapia Breve. – 3. ed. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2010.
• MALAN, David; DELLA SELVA, Patricia Coughlin.
Psicoterapia Dinâmica Intensiva Breve – um método
inovador. Tradução de Ana Paula Pereira Breda. Porto
Alegre: Artmed, 2008.
Obrigada!

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