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Universidade Federal do Pará

Faculdade de Letras – Castanhal


Letras – Língua Portuguesa

Oficina de Ensino de Literatura


Discentes: Antonio Victor Menezes de Souza; Adailson da Costa Moreira; Benedito
Hora de Souza
Docente: José Guilherme dos Santos Fernandes

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Conteúdo

Pretende-se trabalhar com os “Contos”

Material

O material escolhido para trabalhar seria o seguinte:

Deixa que eu conto. 1ª Ed. – São Paulo: Global, 2003. – (Coleção Literatura em
minha casa; v. 2. Conto). Vários autores.

Tendo como exemplo o conto da autora Cora Coralina, intitulado de “Medo”

Cora Coralina – Medo

Não há nada de que a criatura humana tenha mais pavor do que de morto.
Deve haver realmente e de forma obscura uma força tremenda, invisível e
imensurável da parte de quem morreu sobre aquele que anda firme na vida,
anulando neste a capacidade de resistir à presença, ao contato ou à simples
suspeita da aproximação daquele. Daí as inibições físicas e psíquicas,
incontroladas, mesmo quando se trata de pessoas queridas que já se foram.

O pavor domina o vivo obliterando todo o mecanismo do raciocínio e da


capacidade de indagação e pesquisa esclarecedora do sobrenatural quando este se
apresenta espontaneamente. Falta aos mais destemidos e temerários a coragem de
perguntar.
Nem os descrentes e corajosos e afoitos se sentem com a coragem de fazer
perguntas ou indagar qualquer coisa quando o caso se apresenta.

Desse medo obscuro, profundo e selvagem que a criatura não conseguiu


disciplinar, surgem os casos trágicos, cômicos e humorísticos acontecidos com
alguns mortos aparentes que tornaram à vida e até mesmo, a simples aparência,
suposição e engano, ligados à ideia da morte.

Viajava uma jardineira, expresso ou perua, como se diz, de Goiânia para


Goianápolis. Levava na coberta, entre malas e trouxas, um caixão vazio de defunto,
destinado para uma pessoa falecida naquele distrito.

Logo adiante na estrada, um homem parado da sinal e a perua para.

Dentro, tudo cheio. O homem que precisava seguir sua viagem aceitou viajar
na coberta com os volumes e o caixão vazio. Subiu. O tempo tinha se fechado para
chuva e logo começou a pingar grosso. O sujeito em cima achou que não seria nada
demais ele entrar dentro do caixão e ali se defender da chuva. Pensou e melhor fez.
Entrou, espichou bem as pernas, ajeitou a cabeça na almofadinha que ia dentro,
puxou a tampa e, bem confortado, ouvia a chuva cair.

Mais adiante, dois outros esperavam condução. Deram sinal e a perua parou
de novo: os homens subiram a escadinha e se acocoraram no alto. Iam conversando
e molhados com a chuva fina e insistente.

Passado algum tempo o que ia resguardado escutando a conversa ali em


cima levantou devagarinho a tampa do caixão e perguntou de dentro, só isto:
“Companheiro, será que a chuva já passou?”. Foi um salto só, que os dois
embobados fizeram do coletivo correndo.

Um quebrou a perna, o outro partiu braços e costelas e ficaram ambos


estatelados do susto e sem fala, na estrada.

Cora Coralina. Medo. Deixa que eu conto. 1ª Ed. – São Paulo: Global, 2003. –
(Coleção Literatura em minha casa; v. 2. Conto). Página 11-14.

Objetivos
Tendo em vista que para a execução da presente Proposta de intervenção,
pretendemos trabalhar com a primeira série do ensino médio, onde devemos
Incentivar a leitura, por meio de contos (iniciando pelo que foi indicado
anteriormente), onde os alunos vão ter contato com a literatura, de forma “leve”, a
qual eles poderão fazer ligação do conto lido, com as histórias locais, reproduzindo-
as para a turma, de forma oral, trocando experiências e conhecimentos. Com isso,
podemos destacar; as leituras, interação com os colegas, a oralidade.

Procedimentos didáticos

Determinação do horizonte de expectativas

Após chegar a sala de aula, o professor se deparou com alunos que já


possuíam certa familiaridade com a literatura, mais especificamente o conto (com a
maioria da turma). Tendo isto em mente, ele decidiu que o “melhor caminho” a se
tomar, seria trabalhar com este gênero, de modo a tornar a experiência mais natural
para os alunos.

Ter este tipo de conhecimento prévio é sempre muito vantajoso para o


professor, pois permite que ele elabore melhores abordagens. Portanto, é essencial
que haja comunicação entreas partes, se tornando uma experiência positiva e cheia
trocas de conhecimentos.

Atendimento do horizonte de expectativas

Esta fase está condicionada a anterior. E é possível perceber que o conto já é de


conhecimento dos alunos e visto como um dos gêneros mais importantes.

Nesse instante, o professor deve mover-se de modo a tornar mais real o encontro
obra/leitor atendendo logicamente as expectativas que foram observadas. Desse
modo, as ações adotadas pelo docente podem ser diversificadas, tais como estantes
de livros variados em sala, cartazes com títulos de diversos contos, vídeos com
variado número de obras. No momento em que esse aluno está em contato com os
variados nomes de contos, nomes de autores e livros, o professor precisa ser um
exímio observador, fazendo registro da frequência do interesse por determinados
livros, nomes de contos ou autores em razão de outros.E a partir desse registro o
docente elege entre textos/autor mais procurados pelos alunos, um conto para ser
trabalhado. Baseando-se nesse registro o professor anuncia o texto escolhido.

Diante dos registros feitos pelo professor o texto a ser escolhido aponta para o conto
Medo, de Cora Coralina.A partir daí começa o trabalho com a obra, com uma leitura
individual e silenciosa.Finalizada a leitura o professor deve ler o texto em voz alta de
modo a provocar a interação dos alunos, a partir de perguntas que já foram
previamente elaboradas e que sejam capazes de promover a busca de sentidos do
texto. Esse trabalho contexto pode ser estendido por mais encontros.

Uma outra sugestão é solicitar que os alunos conversem comfamiliares/amigos do


seu convívio escolar a respeito de pessoas que eles conheçam e que gostem de ler
e convidá-lo para participar de uma aula para falar sobre a relação estabelecida
entre livro e leitura.

Rupturas do horizonte de expectativas

Levando em consideração a participação de um convidado para compartilhar suas


leituras e sua relação com os livros, o professor propõe um debate sobre as
diferentes experiências de leitura de cada um e diante dessa realidade unir uma
reflexão que dialogue com outros sentidos presentes no conto.Tendo em vista que
essa discussão leve a várias reflexões, o professor pode propor leitura de outro
conto.

Nesse momento o próprio professor deve fazer a leitura do texto proposto, sempre
pedindo a participação dos alunos. Para que a proposta continue com esse texto é
necessário que o professor divida a turma em plateia e atores, logo após, fazer uma
dramatização do conto. O papel dessa plateia será o de observar e criticar, sempre
analisando se a proposta da dramatização foi de fato coerente com alguns dos
sentidos propostos no texto. Mas para isso, a plateia deverá ser dividida outra vez
em grupos menores e cada grupo deverá ficar como observador de um personagem,
sempre buscando identificar a diversidade de sentidos que as ações e as falas
desses personagens remetem ao texto.

Questionamentos do horizonte de expectativas


Após toda essa atividade anterior com a turma e tendo observado a abertura
e a oportunidade de aprofundar mais os questionamentos dos alunos com relação a
toda a narrativa do conto “medo”, fez-se necessário abrir uma nova proposta de
atividades aos alunos, onde todos ali deveriam escolher dentre os personagens do
conto, um em especial que de alguma forma fez com que ele tivesse de alguma
forma, elevado sua curiosidade e expectativas em descobrir o desfecho da historia.
Tendo feito isto, o professor pede para que todos formem um circulo com as
carteiras de forma que todos pudessem enxergar-se, a partir daí, adentrar no conto
e tornam-seos próprios personagens da historia.

O professor finaliza esse momento com a turma fazendo uma reflexão de


comoliteratura é capaz de nos influenciar e nos deixar ser influenciado, em especial
no gênero “Conto”, onde nesse caso fez com que cada um procurasse dentro do
conto o personagem que de alguma forma havia uma semelhança com o próprio
leitor, sendo elas físicas, emocional, e etc. fazendo assim, com que o mesmo se se
torna personagem do conto.

Ampliação do horizonte de expectativas

Feito isto, observando que a maioria da turma deixou-se envolver-se na


literatura e leitura dos contos, o professor sugere que cada aluno fique responsável
para o próximo encontro, de trazerem de casa um conto que ele ache que o colega
poderia ser o personagem principal do mesmo. Neste encontro, todos terão a
oportunidade de contar seus contos escolhidos e chamar o colega que achar que em
seu ponto de vista poderia ser o personagem principal do conto e o “por que” da
escolha. Acredito sim, que alem de haver uma interação de todos da turma, haverá
um momento muito prazeroso da oralidade da literatura.
REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação do leitor: alternativas


metodológicas/ Vera Teixeira de Aguiar /e/ Maria da Glória Bordini. – Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1988.

Deixa que eu conto. 1ª Ed. – São Paulo: Global, 2003. – (Coleção Literatura em
minha casa; v. 2. Conto). Vários autores.

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