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Psicoterapia: conceitos e

objetivos

Prof. Me. Raquel Younes


Bibliografia da aula
• Capitulos 1 e 2: Eizirik,C.L., Aguiar,R.W.
Schestatsky. S.S. et al. Psicoterapia de
Orientação Psicanalítica: fundamentos
teóricos. Porto Alegre, Artmed, 2005
Definição:
• Para Cordioli (2008) as psicoterapias na
atualidade fazem parte de um plano de
tratamento de praticamente todos os
transtornos mentais, além de serem
reconhecidamente eficazes no auxilio a
pessoas que estejam passando por conflitos
emocionais, dificuldades em relações
interpessoais ou toda sorte de crises
existenciais.
Definição:
• Para Laplanche e Pontalis (1967) psicoterapia
consiste em: “qualquer método de tratamento
das desordens psíquicas ou corporais que
utilize meios psicológicos e, mais
precisamente a relação entre terapeuta e o
doente, (o que difere das demais relações de
trabalho) a hipnose, a sugestão, a reeducação
psicológica, a persuação, etc”.
• Teve sua origem na medicina antiga, na filosofia, na
religião, na cura pela fé e no hipnotismo.
• Segundo Stone (2005), já nos séculos XVI e XVII
começaram a surgir os hospitais psiquiátricos, que nada
mais eram que “depósitos” de doentes mentais. Mas foi
um século mais tarde, com o movimento do Iluminismo
que a psicoterapia começou a ser modelada conforme
hoje a conhecemos.
• Século XIX Freud no tratamento das histerias: cura pela
fala.
• Proliferação de modelos e métodos nem sempre
acompanhada de pesquisa, validação, efetividade e
objetivos. Essa preocupação surge na década de 50.
• De acordo com Cordioli (2008) existem atualmente cerca
de 250 modalidades distintas de psicoterapia.
• As psicoterapias distinguem-se quanto a seus
objetivos e fundamentos teóricos, bem como
a frequência das sessões, ao tempo de
duração, ao treinamento exigido do terapeuta,
e as condições pessoais que cada método
exige de seus profissionais.
• Ponto em comum: todas utilizam a
comunicação verbal no contexto da relação
interpessoal e divergem quanto aos objetivos
e o que entendem por critério de mudança.
Exemplos:
• Psicoterapia Psicanalítica: levar o paciente a
ter insight sobre si mesmo e sua vida, levá-lo a
refletir, entendendo a si e ao mundo em que
está inserido e a partir disso tomar decisões
ou não.
• Terapia Comportamental Cognitiva: Novas
aprendizagens, mudança de padrões de
comportamentos, correção de pensamentos
ou crenças disfuncionais.
• Terapia Familiar: Mudança de fatores
ambientais ou sistêmicos.
• Terapias de Grupos: Uso de fatores grupais
com objetivos em comum: tabagismo, drogas,
obesidade, adolescentes.
• Psicoterapia Psicodiâmica - também conhecida
como Dinâmica ou Breve - é uma abordagem
que utiliza conceitos psicanalíticos, mas que
oferece uma proposta com atendimentos
menos frequentes.
Abordagens e Derivados
• Dentro de uma abordagem, os objetivos e
método também podem variar:

Abordagem
Psicodinâmica

Psicoterapia
Terapia de
Casal
Psicoterapia Ludoterapia
Breve
TIPOS DE PSICOTERAPIA
Psicoterapias de Insight -
• Visa uma percepção do paciente de seu próprio
estado psíquico, compreensão de seu sofrimento.
• O tempo pode variar: desde uma psicoterapia
breve, que busca estimular a capacidade de síntese
do ego e estabelecendo-se um foco, até a
psicoterapia que promove uma regressão e
associação livre.
Psicoterapias de Apoio
• De curta duração
• Ocorrem as intervenções em crise onde se adota
predominantemente medidas imediatas de
modificação do ambiente externo.
• No apoio em crise busca-se o alívio dos sintomas
e o retorno ao equilíbrio anterior.
• O terapeuta é ativo, o estilo é mais
conversacional e apoiador.
• Instrumentos: busca de alternativas, informações,
confrontação, orientação.
• Geralmente é realizada em instituições (hospitais
e clínicas)
Psicoterapia de longa duração (análise)
• Visa possibilitar o acesso aos conflitos intrapsíquicos,
com vistas a elaborá-los e resolvê-los, colocando os
recursos do psiquismo a serviço da reestruturação,
reorganização e desenvolvimento da personalidade.
• A indicação desse tipo de tratamento prevê encontros
freqüentes (de 3 a 4 vezes por semana) e longa
duração.
• A ferramenta fundamental de trabalho nessa
abordagem é o manejo da relação transferencial. O
paciente tende a transferir para a figura do terapeuta
sentimentos e atitudes vivenciados com outros
personagens em outros tempos e cenários, reeditando,
assim, padrões de relacionamentos primários
experienciados com as figuras parentais na infância.
Psicoterapia em Grupo
• Utiliza-se o espaço para transmitir, simultaneamente,
instruções e conselhos e oferecer apoio a grupo de
pacientes com problemas, sintomas e doenças
semelhantes.
• Técnica: O reconhecimento de que não são os únicos a
sofrer, aparentemente, contribui para certa sensação de
melhora.
• O grupo favorece a IDENTIFICAÇÃO: a revelação de
particularidades e intimidades, o oferecimento de apoio
ao semelhante, o desenvolvimento de objetivo comum,
e a resolução das dificuldades e dos desafios que se
assemelham. Reduz o isolamento social e estigma,
favorecendo busca de alternativas de adaptação.
A linhagem da Psicanálise
Objetiva autoconhecimento e
desenvolvimento do ego, aumentando sua
PSICANÁLISE
capacidade para examinar seus problemas
e resolvê-los de modo mais adaptado.
Assim, ocorrem modificações permanentes
no ego.

PSICOTERAPIAS
EXPRESSIVAS OU
DIRIGIDAS AO INSIGHT
Reforçar o ego do paciente sem visar
promover modificações permanentes nesse
ego.

PSICOTERAPIA DE APOIO
Transformações em Psicanálise
• A ciência psicanalítica desde o final do século
XIX em que foi proposta vêm sofrendo
transformações que acompanham a evolução
da humanidade.
• Isso implica em mudanças na teoria e técnica.
• Como eram os pacientes da época de Freud?
• Sintomas típicos de neurose
• Clinica composta por mulheres, jovens, histéricas.
• Estendeu-se para portadores de fobia (Hans),
obsessivos, e posteriormente pacientes com
algum grau de transtorno de caráter.
• Após a Segunda Guerra a clientela passa a ser
composta de quadros mais graves, as psicoses e
neuroses de guerra, que exigiu uma primeira
grande adaptação da técnica clássica.
• Surge a técnica da análise de crianças.
• Diminui o preconceito pela análise de homens.
Clinica da Atualidade
• Evolução da ciência - nos faz repensar
padrões éticos em relação à vida: células
tronco, fertilização in vitro, transplantes
genéticos.
• Família: novas configurações vinculares –
familias monoparentais, homossexuais,
adoção.
• Educação: qual o papel e autoridade na
escola, noção de limites.
• Identidade: processa-se tanto a nível individual
quanto grupal e social. Crescente necessidade de
“existismo” – expectativas da sociedade, família,
etc. Globalização acarreta o apagamento das
diferenças, que é a matéria prima para qualquer
sentimento de identidade.
• Cultura do narcisismo: acirrada competição do
lugar ao sol, busca de metas idealizadas, ego
ideal X ego real.
• Pós-modernismo: introdução da imagem X
palavra + pensamento, confusão do real x
imaginário, o que parece ser como sendo.
O paciente da atualidade
• Frequentes queixas de problemas relativos a
sentimento de identidade.
• Patologias: depressão, quadros de ansiedade,
transtorno do pânico.
• Patologias graves: somatizadores, perversos, psicoses,
transtorno borderline, drogadições,
• Patologias do vazio – angustia existencial, pessoas que
não tem o sentido de porque e para que continuam
vivendo. Não são mais conflitos entre desejo-
repressão, mas angustia advindas das faltas e falhas
nos primórdios do desenvolvimento, buracos afetivos.
O que se espera de um terapeuta na
atualidade?
O que se espera de um terapeuta
• A descida do “Olimpo” – postura mais humana
e menos idealizada.
• Ênfase nas terapias incide no vínculo, embora
mantendo a assimetria da relação de trabalho
• Valores pessoais do terapeuta: ética, moral,
cultura.
• Encontro de caraterísticas entre terapeuta e
paciente.
• Diálogo com outros saberes.
Psicoterapia de Orientação
Psicanalítica ou Psicodinâmica
• A POA deriva da Psicanálise, segue sua teoria,
mas faz uma adaptação de sua técnica.
• Porque? Para conseguir formas de tratamento
mais abreviadas que a psicanálise clássica.
• A estratégia básica da Psicoterapia de
Orientação Psicanalítica procura solucionar
problemas delimitados.
Para tanto exige algumas condições do paciente:

- História de pelo menos um relacionamento


significativo com alguma pessoa ao longo da
vida
- Capacidade de especificar uma queixa
principal
- Capacidade para insight
- Verbalizar sentimentos, suportar emoções
como angustia e depressão que surgirem
- Motivação para mudanças e não apenas para
alivio de sintomas
- Curiosidade
- Capacidade de vinculação
- Desejo/sofrimento
- Auto-conhecimento
- Disponibilidade de tempo/dinheiro
- Suporte para o ofício de terapeuta/analista
Sofrimento Psíquico
Para que o paciente se disponha a fazer
um tratamento que é longo, difícil e
oneroso, é necessário que esteja sofrendo
um certo grau de desconforto psíquico sob
a forma de sintomas (físicos ou não) que
interferem na sua vida habitual, que ele
próprio não aceita ou não consegue lidar.
Os sintomas comumente manifestam-se em
forma de:
• Ansiedade
• Depressão e seus derivados (irritação, choro
fácil, apatia, anedonia)
• Alterações fisiológicas (sono, alimentação,
motricidade, sexualidade)
• Sob formas de prejuízos na vida adaptativa,
limitações ou incapacitações à vida
profissional
• Relações interpessoais e vida afetiva
• A dose do sofrimento deve ser
superior ao ganho secundário.
Contra-indicações
• Psicoses agudas
• Síndromes cerebrais orgânicas
• Pacientes com atrasos severos no
desenvolvimento
• Adições
• Perversões e determinadas disfunções
sexuais.
Outras situações de contra-indicações
• Tentativas seguidas de suicídio
• Alcoolismo crônico e adição a drogas
• Hospitalizações psiquiátricas prolongadas
• Pacientes submetidos a ECT
• Homossexual desejando tornar-se
heterossexual
• Sintomas crônicos e incapacitantes: fobia e toc
• Atuação auto ou hetero-destrutiva intensa.

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