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AVALIAÇÃO DE RISCO DE VIOLÊNCIA NAS

RELAÇÕES ÍNTIMAS

IRIS ALMEIDA
SPOUSAL ASSAULT RISK ASSESSMENT GUIDE (SARA) KROPP,
HART, WEBSTER & EAVES (1995)
Versão Portuguesa Almeida & Soeiro (2005)
DESCRIÇÃO DO SARA

20 fatores/itens agrupados em 5
áreas/secções

– História Criminal
– Ajustamento Psicossocial
– História de Violência Conjugal
– Índice de Ofensas
– Outras considerações
DESCRIÇÃO DO SARA
• I. História Criminal • II. Ajustamento Psicossocial
• Violência contra membros • Problemas de relacionamento
da família recentes
• Violência contra estranhos • Problemas de emprego
ou conhecidos recentes
• Violação da liberdade • Vítima e/ou testemunha de
condicional ou supervisão violência familiar
comunitária • Abuso/dependência recente de
substâncias
• Recente ideação/intenção
suicida ou homicida
• Sintomas psicóticos e/ou
maníacos recentes
• Desordens da personalidade
(raiva, impulsividade,
comportamento instável)
DESCRIÇÃO DO SARA
• III. História de Violência • IV. Índice de Ofensas
• Violência física perpetrada no
• Violência severa e/ou
passado
violência sexual
• Violência sexual e ciúme extremo
(passado) • Uso de armas e/ou ameaças
• Uso de armas e/ou ameaças de de morte credíveis
morte credíveis (passado) • Violação da proibição de
• Recente intensificação da permanência e ausência de
violência, em frequência e contactos
severidade
• Violação da proibição de
permanência e ausência de
contactos, efetuada no passado
• Minimização extrema ou negação
da história de violência conjugal
• Atitudes que suportam ou
atenuam a violência conjugal
I. História Criminal
I. História Criminal

• Estudos indicam que o prévio registo


criminal de ofensas não relacionadas
com a violência conjugal está
associado com um aumento do risco
de violência em geral e, mais
especificamente, com a reincidência
da violência conjugal
História Criminal

• Violência contra membros da família


• Violência contra estranhos ou
conhecidos
• Violação da Liberdade Condicional,
Medidas de Coação ou Não
Cumprimento de Injunção
Fator 1: Violência Contra Membros da
Família

• Refere-se à violência direta contra membros


da família de origem do indivíduo ou contra os
próprios filhos
• Uma das conclusões mais comuns na
investigação é que os agressores com história
de violência possuem uma maior
probabilidade de se comprometerem com
violência futura do que aqueles que não
possuem um historial de violência (Monahan,
1981; Webster, Dickens & Addario, 1985)
Fator 1: Violência Contra Membros da
Família

• Agressores que exercem violência


contra as próprias mulheres e que têm
uma história de violência física e sexual
contra membros da família, aumenta o
risco de reincidência da violência
(Gondolf, 1988; Hotaling & Sugarman,
1986; Saunders, 1992b; Sonkin et al.,
1985; Stuart & Campbell, 1989)
Fator 1: Violência Contra Membros da
Família

Agressão ou tentativa da mesma contra membros da família (actual e


2
no passado)
1 Ameaça de agressão a membros da família (efectuada no passado)
Não há tentativa ou ameaça de agressão contra membros da família
0
(efectuada no passado)
Fator 2: Violência Contra Estranhos
ou Conhecidos

• Refere-se à violência direta contra pessoas que


não são membros da família legal ou biológica
• “Geralmente homens violentos” (aqueles que são
violentos fora e dentro de casa) estão mais
comprometidos com a violência de uma forma
frequente e severa, do que os outros que exercem
violência contra as próprias mulheres (Cadsky &
Crawford, 1988; Fagan, Stewart & Hansen, 1983;
Gondolf, 1988; Saunders, 1992b; Sonkin, 1987;
Stuart & Campbell, 1989).
Fator 2: Violência Contra Estranhos
ou Conhecidos

Agressão ou tentativa da mesma contra estranhos ou conhecidos


2
(actual e no passado)
Ameaça de agressão a estranhos ou conhecidos (efectuada no
1
passado)
Não há tentativa ou ameaça de agressão contra estranhos ou
0
conhecidos (efectuada no passado)
Fator 3: Violação da Liberdade Condicional, Medidas de
Coação ou Não Cumprimento de Injunção

• Refere-se aos fracassos de suporte das


condições de caução, ordens do
tribunal, liberdade condicional ou
supervisão comunitária.
• É irrelevante se as condições impostas
foram seguidas de um incidente ou
alegação de violência doméstica;
qualquer fracasso é considerado um
pobre indicador de prognóstico.
Fator 3: Violação da Liberdade Condicional, Medidas de
Coação ou Não Cumprimento de Injunção

• Agressores que violaram os termos da


liberdade condicional (liberdade condicional
total ou parcial, supervisão obrigatória,
ausência temporária) ou as medidas de
coação são mais suscetíveis a reincidir do que
os outros agressores (Andrews, 1991; Hart,
Kropp & Hare, 1988; Nuffield, 1982).

• Esta relação mantém-se verdadeira quando a


reincidência violenta é um padrão (Harris, Rice
& Quinsey, 1993).
Fator 3: Violação da Liberdade Condicional, Medidas de
Coação ou Não Cumprimento de Injunção

Detenções efectuadas no passado devido a violação dos termos da


2 liberdade condicional, das medidas de coacção ou do não
cumprimento de injunção
Violação dos termos da liberdade condicional, das medidas de
1 coacção ou do não cumprimento de injunção, que não resultou em
detenção (efectuada no passado)
Não existe história de violação dos termos da liberdade condicional,
0
das medidas de coacção ou do não cumprimento de injunção
II. Ajustamento Psicossocial
II. Ajustamento Psicossocial

• Problemas de relacionamento recentes


• Problemas de emprego recentes
• Vítima e/ou testemunha de violência familiar
• Abuso/dependência recente de substâncias
• Recente ideação/intenção suicida ou homicida
• Sintomas psicóticos e/ou maníacos recentes
• Desordens da personalidade (raiva,
impulsividade, comportamento instável)
Fator 4: Problemas de
Relacionamento Recentes

• Em geral, agressores com


relacionamentos íntimos instáveis
tendem a ter mais histórias criminais,
maior frequência de ofensas violentas e
um índice mais elevado de reincidência
violenta do que aqueles que têm
relacionamentos estáveis (Andrews,
1991; Snyder & Fruchtman, 1981)
Fator 4: Problemas de
Relacionamento Recentes
• O risco de violência parece ser mais
elevado de acordo com as seguintes
circunstâncias:
– (a) o homem vive com a sua companheira,
mas ela quer terminar a relação;
– (b) o homem está separado da
companheira, mas ele quer retomar a
relação;
– (c) existência de uma separação súbita ou
recente (Crawford & Gartner, 1992;
Kennedy & Dutton, 1989; NcNeil, 1987;
Solicitor General of Canada, 1985; Sonkin,
Martin & Walker, 1985)
Fator 4: Problemas de
Relacionamento Recentes

Separação da companheira ou conflitos extremos no relacionamento


2
conjugal durante o último ano
Conflitos moderados no relacionamento conjugal durante o último
1
ano
Não existiram alterações da situação conjugal nem conflitos
0
resultantes da situação conjugal durante o último ano
Fator 5: Problemas de Emprego
Recentes

• O desemprego está associado ao aumento do risco de


reincidência (Andrews, 1991).
• Agressores desempregados têm uma maior probabilidade de
reincidir na violência (Tittle, Villemez & Smith, 1978).
• Salários baixos e problemas financeiros também são um fator
de risco para a violência conjugal (Campbell, 1986; Hotaling &
Sugarman, 1986; Stuart & Campbell, 1989).
• Alterações súbitas e recentes nas condições de emprego –
mais especificamente, ser despedido ou dispensado
temporariamente – podem estar associadas ao aumento do
risco de violência (McNeil, 1987).
• Geralmente, pensa-se que alguns homens descarregam as
suas frustrações e raiva relacionados com o emprego, nos seus
familiares (Saunders, 1993).
Fator 5: Problemas de Emprego
Recentes

Desemprego frequente, com um historial de emprego instável durante


2
o último ano
Desemprego frequente, com um historial de emprego estável entre o
1 último ano; ou emprego frequente, com um historial de emprego
instável durante o último ano
Emprego frequente, com um historial de emprego estável durante o
0
último ano
Fator 6: Vítima e/ou Testemunha de Violência Familiar na
Infância ou Adolescência

• Existe uma forte ligação entre


vitimização infantil e criminalidade
(Dutton & Hart, 1992; Kaufamn &
Zigler, 1989; Widom, 1989).
• Ser vítima ou testemunha de violência
familiar na infância ou adolescência
está associado com o aumento do risco
de violência doméstica enquanto adulto
(Hotaling & Sugarman, 1986)
Fator 6: Vítima e/ou Testemunha de Violência Familiar
na Infância ou Adolescência

• Caesar (1988) refere que os agressores de


violência conjugal têm maior probabilidade se
tiverem sido vítimas de abuso – isto é, foram
vítimas e testemunhas de violência familiar.
• Em agressores de violência conjugal o risco
de reincidência da mesma, também está
associado ao sofrimento ou ao testemunho de
violência familiar na infância ou adolescência
(Saunders, 1992b; Sonkin, 1987)
• Saunders (1993), recentemente, listou esta
variável como um dos três mais
“proeminentes” fatores de risco da violência
conjugal
Fator 6: Vítima e/ou Testemunha de Violência Familiar
na Infância ou Adolescência

Vítima e/ou testemunha de frequente ou séria violência familiar na


2
infância ou adolescência
Vítima e/ou testemunha de violência doméstica menos frequente e
1
menos séria na infância ou adolescência
Nunca foi vítima ou testemunha de violência familiar na infância ou
0
adolescência
Fator 7: Problemas Relacionados com
o Uso de Substâncias

• O abuso de substâncias está relacionado com a


criminalidade ou reincidência de um modo geral (ex.
Harris et al., 1993; Monahan, 1981)
• O recente abuso de substâncias está associado com
o risco de reincidência da violência entre agressores
de violência conjugal (Gondolf, 1988; Saunders,
1992b; Sonkin, 1987; Stuart & Campbell, 1989;
Walker, 1989)
• Segundo Saunders (1993), o abuso de álcool é
considerado um dos três proeminentes fatores de
risco para a violência conjugal; acrescenta-se ainda
que o uso crónico pode influenciar a discussão
familiar por causa da utilização excessiva.
Fator 7: Problemas Relacionados com
o Uso de Substâncias

Abuso grave de substâncias ou dependência de substâncias no último


2
ano
1 Abuso menos grave de substâncias no último ano
Não existe evidência de abuso de substâncias ou dependência no
0
último ano
Fator 8: Recente Ideação/Intenção Suicida ou
Homicida

• A ligação entre ideação/intenção homicida e o risco de


violência é evidente por si só

• Contudo, a associação entre o suicídio e o risco de


violência é menos óbvia, sendo o suicídio
frequentemente indicador de uma situação de
desespero para o agressor, e geralmente considerado
um fator de risco (Goldsmith, 1990; Saunders, 1992b;
Stuart & Campbell, 1989)

• Homens que matam as suas companheiras,


frequentemente experienciam uma ideação/intenção
suicida antes de cometerem o crime; de facto, não é
invulgar que esses homens tentem ou cometam o
suicídio depois do homicídio
Fator 8: Recente Ideação/Intenção Suicida ou
Homicida

2 Grave ideação/intenção suicida ou homicida durante o último ano


Ideação/intenção suicida ou homicida menos grave durante o último
1
ano
Inexistência de ideação/intenção suicida ou homicida durante o
0
último ano
Fator 9: Sintomas Psicóticos e/ou
Maníacos Recentes
• Alguns estudos referem uma correlação
positiva entre a psicose e a violência (e.g.
Swanson, Holzer, Ganju & Jono, 1990;
Monahan, 1992);
• Contudo, outros referem que a psicose (em
tratamento) está associada com a diminuição
da reincidência do risco de violência (Rice,
Harris & Cormier, 1992)
• Uma conclusão mais consistente é que os
sintomas psicóticos e/ou maníacos recentes
estão associados com o aumento do risco de
violência a curto prazo (e.g. Binder & McNeil,
1988; Link & Stueve, 1994).
Fator 9: Sintomas Psicóticos e/ou
Maníacos Recentes

2 Sintomas psicóticos ou maníacos graves durante o último ano


1 Sintomas psicóticos ou maníacos menos graves durante o último ano
0 Inexistência de sintomas psicóticos ou maníacos durante o último ano
Fator 9: Sintomas Psicóticos e/ou
Maníacos Recentes
• Codificar o item de acordo com a gravidade no último ano,
negligenciando o facto do indivíduo ter recebido tratamento
• Sintomas psicóticos incluem:
– (a) discurso desorganizado e ilógico,
– (b) ilusões,
– (c) alucinações
– (d) comportamentos bizarros
• Sintomas maníacos incluem:
– (a) euforia extrema ou irritabilidade,
– (b) grandiosidade,
– (c) pensamento e discurso acelerado
– (d) hiperatividade motora.

“Grave” significa que os sintomas resultam em tratamento


psiquiátrico (ambulatório ou interno) ou que o indivíduo possui o
funcionamento social substancialmente debilitado.
Fator 10: Desordens da Personalidade Caracterizadas
por Raiva, Impulsividade ou Comportamento
Instável

• As perturbações de personalidade são muito comuns


na criminalidade em geral (e.g. Hare, 1983, 1991) e
especificamente na violência conjugal (Hamberger &
Hastings, 1988; Hart, Dutton & Newlove, 1993)

• As perturbações de personalidade são


caracterizadas por raiva, impulsividade e
comportamentos instáveis (e.g. psicopatia/anti-social,
borderline/estados limites da personalidade,
narcisismo ou histrionismo) e estão associadas com o
aumento do risco de comportamento criminal,
incluindo violência e reincidência da violência (Hare,
1991; Harris et al., 1993; Sonkin, 1987)
Fator 10: Desordens da Personalidade Caracterizadas
por Raiva, Impulsividade ou Comportamento Instável

Desordens da personalidade caracterizadas por sérios problemas


2
relativos a raiva, impulsividade ou comportamento instável
Desordens da personalidade caracterizadas por problemas menos
1
sérios relativos a raiva, impulsividade ou comportamento instável
Inexistência de desordens da personalidade caracterizadas por
0 problemas crónicos relativos a raiva, impulsividade ou
comportamento instável
Fator 10: Desordens da Personalidade Caracterizadas
por Raiva, Impulsividade ou Comportamento Instável
• “Sério/Grave” significa que os sintomas
resultam em tratamento psiquiátrico
(ambulatório ou interno) ou que o indivíduo
possui o funcionamento social
substancialmente debilitado (ex. resultado
total da PCL-R ≥ 25; diagnóstico de qualquer
desordem Cluster B - DSM-III-R);
• “Menos Grave/Sério” significa que não foi
requerido tratamento e resulta apenas numa
branda debilitação do funcionamento social
(ex. resultado total da PCL-R entre 15 e 25;
traços proeminentes de qualquer desordem
Cluster B - DSM-III-R).
III. História de Violência Conjugal
III. História de Violência Conjugal
• Violência física perpetrada no passado
• Violência sexual e ciúme extremo (passado)
• Uso de armas e/ou ameaças de morte credíveis
(passado)
• Recente intensificação da violência, em frequência
e severidade
• Violação da proibição de permanência e ausência
de contactos, efetuada no passado
• Minimização extrema ou negação da história de
violência conjugal
• Atitudes que suportam ou atenuam a violência
conjugal
Fator 11: Violência Física Perpetrada
no Passado
• Os homens que demonstraram possuir
comportamento violento e agressivo em
relacionamentos anteriores ou em
relacionamentos atuais possuem um risco de
violência futura (Fagan et al., 1983; Sonkin,
1987)

• A reincidência estimada para a violência


conjugal varia entre 30 a 70% durante um
período de um a dois anos (Dutton, 1995);
estas estimativas parecem aplicar-se
consoante o agressor é ou não detido e/ou
tratado (Hamberger & Hastings, 1993).
Fator 11: Violência Física Perpetrada
no Passado

2 Violência física em relacionamentos anteriores ou actuais


1 Tentativa de violência física em relacionamentos anteriores ou actuais
Inexistência de violência física ou tentativa da mesma em
0
relacionamentos anteriores ou actuais
Fator 12: Violência Sexual e Ciúme Sexual
Extremo demonstrados no passado
• As tipologias de violência conjugal
frequentemente indicam que os padrões mais
severos envolvem violência sexual e ciúme
extremo (Gondolf, 1988; Snyder &
Fruchtman, 1981)

• Além disso, os homens que agrediram


sexualmente as suas companheiras e/ou
demonstraram ciúmes excessivos possuem
risco de reincidência da violência (Goldsmith,
1990; Saunders, 1992b, Stuart & Campbell,
1989; Walker, 1989).
Fator 12: Violência Sexual e Ciúme Sexual
Extremo demonstrados no passado

Violência sexual em relacionamentos anteriores ou actuais ou pelo


2 menos um acto de violência física ocorrida anteriormente no contexto
de ciúme excessivo
Tentativa de violência sexual em relacionamentos anteriores ou
1
actuais ou possui história de ciúme excessivo
Inexistência de violência sexual ou tentativa da mesma em
0 relacionamentos anteriores ou actuais e inexistência de história de
ciúme excessivo
Fator 13: Uso de Armas e/ou Ameaças de
Morte Credíveis efetuadas no passado
• Os agressores que utilizaram uma arma em
vários relacionamentos anteriores ou que
ameaçaram utilizar uma arma no futuro,
possuem um aumento de risco de
reincidência da violência (Sonkin, Martin &
Walker, 1985)

• Os homens que fizeram ameaças de morte


credíveis ou ameaças de ofensas corporais
contra as suas parceiras (i.e. homens que
incutiram medo às suas parceiras) possuem
um aumento de risco de reincidência da
violência (Gondolf, 1988; Sonkin, 1987;
Stuart & Campbell, 1989; Walker, 1989)
Fator 13: Uso de Armas e/ou Ameaças de
Morte Credíveis efeituadas no passado

Utilização de armas ou ameaças de morte credíveis efectuadas no


2
passado
Ameaça de utilização futura de uma arma ou ameaças sérias de
1
ofensas corporais efectuadas no passado
Não existe evidência de (a) uso de armas ou ameaças de utilização
0 futura de armas, ou (b) ameaças credíveis de ofensas corporais ou
morte no passado
Fator 14: Recente Intensificação da Violência,
em Frequência ou Severidade

• O padrão de intensificação da violência,


em frequência ou severidade, está
associado com o risco iminente de
reincidência dessa mesma violência
(Sonkin, 1987; Stuart & Campbell, 1989)
Fator 14: Recente Intensificação da Violência,
em Frequência ou Severidade

Intensificação definida em frequência e/ou severidade de


2
comportamento violento durante o último ano
Possível aumento em frequência e/ou severidade de comportamento
1
violento durante o último ano
Não existe aumento aparente em frequência e/ou severidade de
0 comportamento violento no último ano, ou não existe uma história
aparente de comportamento violento durante o último ano
Fator 15: Violação da Proibição de Permanência e
Ausência de Contactos, efetuada no passado

• Investigações indicam que a violação das condições


de liberdade condicional e/ou supervisão comunitária
(no passado) está associada com a reincidência da
violência (ver Item 3)

• No entanto, existem poucas evidências diretas que


suportem esta temática, com base no axioma de que
o comportamento passado é o melhor preditor de
comportamento futuro e agressores com uma história
de violação da proibição de permanência e ausência
de contactos, ou violação de uma ordem do tribunal
(e.g. caução, suspensão da pena ou medidas
restritivas) estão em risco de reincidência da violência
Fator 15: Violação da Proibição de Permanência e
Ausência de Contactos, efetuada no passado

Detenções, efectuadas no passado, por violação da proibição de


2
permanência e ausência de contactos ou ordem do tribunal
Violação, efectuada no passado, da proibição de permanência e
1 ausência de contactos ou ordem do tribunal que não resultou em
detenção
Não houve no passado violação da proibição de permanência e
0 ausência de contactos ou ordem do tribunal, ou nunca lhe não foram
atribuídas tais ordens
Fator 16: Minimização Extrema ou Negação da
História de Violência Conjugal
• A maioria dos agressores mais perigosos e
reincidentes habitualmente minimizam e/ou negam o
seu comportamento antissocial

• Esta assunção é verdadeira em todos os agressores


violentos de uma forma geral, e em particular nos
agressores de violência conjugal (Dutton, 1995; Hare,
1991; Saunders, 1992b; Webster et al., 1985)

• Esta minimização e negação estão associadas com a


relutância em cessar voluntariamente o
comportamento violento ou com a relutância em
integrar programas de tratamento, e com o aumento
do risco de reincidência da violência (Dutton, 1988;
Sonkin, 1987)
Minimização extrema ou negação de comportamento violento
exercido no passado, apesar das evidências contrárias, como indicado
por um ou mais dos seguintes itens:
(a) negação de todas ou de algumas agressões efectuadas no passado;
2 (b) negação da responsabilidade pessoal em todas ou de algumas
agressões efectuadas no passado (ex. culpabiliza a vítima);
(c) negação das graves consequências de todas ou de algumas
agressões efectuadas no passado (ex. afirma que a vítima não sofreu
injúrias físicas).
Minimização moderada ou negação de comportamento violento
exercido no passado, apesar das evidências contrárias, como indicado
por um ou mais dos seguintes itens:
(a) negação de algumas agressões efectuadas no passado, admitindo
outras;
1 (b) negação da responsabilidade pessoal em algumas agressões
efectuadas no passado (ex. culpabiliza a vítima), mas aceita a
responsabilidade de outras;
(c) negação das graves consequências de algumas agressões
efectuadas no passado (ex. afirma que a vítima não sofreu injúrias
físicas), mas reconhece as consequências de outras.
Não existe discrepância ou é reduzida entre a responsabilidade dos
0
actos passados e o que está documentado
Fator 17: Atitudes que Suportam ou Atenuam a
Violência Conjugal

• As investigações sugerem que uma série de atitudes


sociopolíticas, religiosas, culturais e pessoais (i.e.
crenças ou valores) diferenciam os homens que
agrediram recentemente as suas companheiras,
daqueles que não as agrediram (e.g. Saunders,
1992b; Straus et al., 1980)

• Encorajamento implícito ou explícito (a) o patriarcado


(prerrogativa masculina), (b) a misoginia e/ou (c) a
utilização de violência para resolver conflitos

• Estas atitudes frequentemente coexistem com a


minimização/negação da violência conjugal, e estão
associadas ao aumento do risco de reincidência da
violência (Goldsmith, 1990; Sonkin, 1987)
Fator 17: Atitudes que Suportam ou Atenuam a
Violência Conjugal

Explicitamente defendem atitudes que suportam ou atenuam a


2
violência conjugal
Implicitamente defendem atitudes que suportam ou atenuam a
1
violência conjugal
Não existe evidência de atitudes que suportam ou atenuam a violência
0
conjugal
IV. Índice de Ofensas
IV. Índice de Ofensas

• Violência severa e/ou violência sexual


• Uso de armas e/ou ameaças de morte
credíveis
• Violação da proibição de permanência
e ausência de contactos
Fator 18: Violência Severa e/ou Violência
Sexual

• O índice de ofensa da violência severa e da


violência sexual está associado com o
aumento do risco de violência futura (Sonkin,
1987; ver Itens 11 e 12)

• Codificar este item com base apenas no


índice de ofensa
Fator 18: Violência Severa e/ou Violência
Sexual

2 Índice de ofensa de violência severa e/ou sexual


1 Índice de ofensa de violência menos grave
0 Inexistência de índices de ofensa física ou sexual

Nota. “Violência Severa” significa que a vítima sofreu sérias injúrias físicas (i.e.
requereu atenção médica).
Fator 19: Uso de Armas e/ou Ameaças de
Morte Credíveis

• O uso de armas e ameaças de morte


que causam medo na(s) vítima(s) está
associado com o aumento do risco de
violência futura (ver Item 13)

• Codificar este item com base apenas no


índice de ofensa
Fator 19: Uso de Armas e/ou Ameaças de
Morte Credíveis

Índice de ofensa com utilização de armas ou ameaças de morte


2
credíveis
Índice de ofensa com ameaça de futura utilização de uma arma ou
1
ameaças sérias de ofensas corporais
Não existe evidência de índices de ofensa com (a) uso de armas ou
0 ameaças de futura utilização de armas, ou (b) ameaças credíveis de
ofensas corporais ou morte

Nota. “Arma” inclui armas de fogo, facas e objetos como paus; “Credível” significa
que as ameaças são percebidas como credíveis pela vítima. Ameaças ambíguas
(e.g. “Eu irei apanhar-te”) são percebidas como credíveis pela vítima e devem ser
codificadas como ameaças relativas a ofensas corporais.
Fator 20: Violação da Proibição de
Permanência e Ausência de Contactos

• Violações anteriores das ordens de


proibição de permanência e ausência
de contactos podem estar associadas
com um aumento de risco de violência
futuro (ver item 16).

• Codificar este item com base apenas no


índice de ofensas
Fator 20: Violação da Proibição de
Permanência e Ausência de Contactos

O índice de ofensa inclui uma detenção por violação a proibição de


2
permanência e ausência de contactos ou ordem do tribunal
O índice de ofensa envolve a violação da proibição de permanência e
1 ausência de contactos ou ordem do tribunal que não resultou em
detenção
O índice de ofensa não envolve violação da proibição de permanência
0 e ausência de contactos ou ordem do tribunal, ou nunca lhe não
foram atribuídas tais ordens

Nota. “Ordem do tribunal” inclui caução, suspensão da pena ou medidas


restritivas.
DESCRIÇÃO DO SARA

• V. Outras Considerações
• Não contém itens específicos
• Podem ter como base a história passada,
comportamento recente ou índice de ofensa
• Permite ao avaliador anotar fatores de risco
que não se encontram incluídos no SARA
• Exemplos:
– Comportamentos de perseguição – Stalking
– História de desfiguração, tortura e mutilação
– Sadismo sexual
– Acesso fácil a armas de fogo
COTAÇÃO SARA

• O SARA não é “cotado” da mesma


forma que a maioria dos testes
psicológicos

• I. Presença de Itens Individuais


– 0= Ausente,
– 1= Parcialmente Presente,
– 2= Presente
– - = Quando não existe informação
suficiente
COTAÇÃO SARA

• Presença de Itens Críticos


– Os itens críticos são aqueles que, dadas as
circunstâncias do caso, são suficientes, por si
próprios, para levar o avaliador a concluir que o
indivíduo apresenta um risco iminente
– Não se soma simplesmente os códigos numéricos
dos itens individuais do SARA para se obter um
resultado total
– É concebível que um avaliador possa julgar um
indivíduo que possua um elevado risco de violência
com base num único item crítico
– 0= Ausente,
– 1= Presente
COTAÇÃO SARA: SÍNTESE DOS CRITÉRIOS DE RISCO

CRITÉRIOS DESCRIÇÃO
DE RISCO

Baixo O indivíduo não necessita de qualquer intervenção ou


estratégias de supervisão concebidas para gerir o risco de
reincidência da violência e que não há necessidade de
controlo do próprio

Moderado O indivíduo requer algumas estratégias de gestão, incluindo,


pelo menos, vigilância frequente

Elevado Existe uma necessidade urgente de desenvolver um plano de


gestão de risco, que envolve (no mínimo) advertências,
aumento dos níveis de supervisão, colocação do indivíduo
numa lista prioritária para tratamento e agendar reavaliações
regulares.
Alguns casos de risco elevado requerem uma resposta de
emergência (e.g. hospitalização, suspensão da liberdade
condicional)
Itens do SARA Natureza/Tipo Gestão
1, 2, 3, 15, 20 Estática ▪ Supervisão – monitorização intensa
10, 16, 17 ▪ Supervisão intensa (estática)
▪ Terapia individual a longo prazo
Fundamentalmente
(dinâmica)
Estática
▪ Terapia de grupo (dinâmica)
▪ Psico-educação (dinâmica)
4, 5 ▪ Tratamento interpessoal – em grupo ou
individual (estática)
Estática e/ou
▪ Conselhos legais ou discussão acerca da
Dinâmica
decisão (dinâmica)
▪ Aconselhamento vocacional
7, 8, 9 ▪ Ordens do tribunal – Abstinência,
separação da urina
▪ Tratamento de álcool/drogas
▪ Aconselhamento
Dinâmica
▪ Hospitalização
▪ Medicação Psicotrópica
▪ Ordens do tribunal – restrições de uso
de armas
BRIEF SPOUSAL ASSAULT FORM FOR THE EVALUATION OF
RISK – B-SAFER (KROPP, HART & BELFRAGE, 2005)
VERSÃO PORTUGUESA ALMEIDA & SOEIRO (2005)

SPOUSAL ASSAULT RISK


ASSESSMENT: POLICE
VERSION (SARA: PV)
FORMATO DO SARA: PV

10 fatores/itens agrupados em 2
áreas/secções

– História de Violência Conjugal


– Ajustamento Psicossocial
– Outras considerações
Fatores de Risco
Secção1. História de Violência Conjugal Secção 2. Ajustamento Psicossocial
Fator 1. Atos violentos (e.g. violência Fator 6. Outros crimes (não relacionados
física, sexual, utilização de armas) com o crime de violência conjugal)
Fator 2. Ameaças ou pensamentos Fator 7. Problemas de relacionamento (e.g.
violentos (e.g. ameaças de morte, ideação conflitos, separação/divórcio)
suicida)
Fator 3. Intensificação da violência (e.g. Fator 8. Problemas de emprego (e.g.
frequência e severidade) desemprego, emprego instável)
Fator 4. Violação das ordens de tribunal Fator 9. Problemas relacionados com o
(e.g. liberdade condicional, medidas de abuso de substâncias (e.g. álcool, droga,
coação) medicamentos)
Fator 5. Atitudes violentas (e.g. ciúme, Fator 10. Problemas de saúde mental (e.g.
crenças, culpabilização da vítima) doenças mentais, desordens da
personalidade)
I. História de Violência Conjugal
1. Actos Violentos

• Os homens que demonstraram possuir comportamento violento


e agressivo em relacionamentos anteriores ou atuais possuem
um risco de violência futura (Campbell, Sharps & Glass, 2001;
Dutton & Kropp, 2000; Fagan et al., 1983; Harrell & Smith,
1996; Healy, Smith & O’Sullivan, 1998; Riggs, Caulfield &
Street, 2000; Saunders & Browne, 2002; Sonkin, 1987)

• Violência física atual ou tentativa, inclui violência sexual e


utilização de armas

• “Grave” inclui situações como ameaça de morte e situações que


requeiram cuidados hospitalares, estas situações são
codificadas como “P”

• Situações que envolvam menos gravidade são codificadas com


“E”
1. Atos Violentos

P Indício de actos violentos no contexto da violência conjugal


E Possível indício de actos violentos no contexto da violência conjugal
A Não existe indício de actos violentos no contexto da violência conjugal

“Atos Violentos” são aqueles que envolvem agressões físicas recentes ou


tentativa das mesmas. A definição inclui violência sexual recente ou
tentativa da mesma (isto é, atos violentos que ocorrem durante o contacto
sexual), bem como ameaça ou utilização de armas
Estes atos podem ser deliberados, isto é, cometidos com a consciência de
que irão causar sofrimento ou medo, ou podem ser involuntários, isto é,
cometidos sem se considerar o seu potencial sofrimento ou medo
2. Ameaças ou Pensamentos Violentos

• Pensamentos homicidas ou agressivos, impulsos, planos ou comportamentos

• Homens que fazem ameaças de morte credíveis possuem um maior risco de


reincidência da violência (Gondolf, 1988; Sonkin, 1987; Dutton & Kropp, 2000;
B. Hart, 1992; Stuart & Campbell, 1989; Walker, 1989)

• Também, agressores que utilizaram ou ameaçaram utilizar armas, possuem um


maior risco de reincidência da violência e maior risco de homicídio conjugal
(Campbell et al., 2001; Sonkin, Martin & Walker, 1985)

• Comportamentos de perseguição e de assédio são uma forma de ameaça que


é de particular relevância para a violência conjugal

• O assédio persistente e as ameaças são também fatores de risco que podem


intensificar violentamente as ameaças de morte (McFarlane, Campbell &
Watson, 2002)
2. Ameaças ou Pensamentos
Violentos
P Indício de ameaças ou pensamentos violentos que implicam violência conjugal
Possível indício de ameaças ou pensamentos violentos que implicam violência
E
conjugal
Não existe indício de ameaças ou pensamentos violentos que implicam
A
violência conjugal

• “Ameaças Violentas” são expressões ou actos que provavelmente causam um medo razoável na
vítima. As expressões incluem ameaças orais ou escritas que têm como objetivo atemorizar a vítima.
Os atos incluem comportamentos indutores de medo (e.g. perseguição, empunhar uma arma). As
ameaças podem ser explícitas ou implícitas e podem ser efetuadas direta ou indiretamente.

• “Pensamentos Violentos” incluem ideação (e.g. fantasias, planos, impulsos) que envolve agressão
física. Os pensamentos violentos constituem algo mais do que ideias transitórias, impulsos ou
expressões momentâneas; geralmente são persistentes ou intrusivos.

• Os pensamentos violentos podem ser inferidos a partir de comportamentos (e.g. atos que envolvem
planeamento, tais como, viajar para uma cidade diferente para cometer a agressão). Tais inferências
são mais exatas quando baseadas num modelo de comportamento em vez de se basearem num
único ato
3. Intensificação da Violência

• Aumento, em frequência ou severidade, de violência física/sexual ou


ameaça/ideação/intenção ao longo do tempo

• Os relacionamentos abusivos podem ser caracterizados segundo


padrões ou ciclos de violência

• Um padrão importante envolve uma intensificação recente da violência,


em frequência ou severidade

• Esse padrão está associado com o risco iminente de reincidência da


violência (B. Hart, 1992; Sonkin, 1987; Stuart & Campbell, 1989; Weisz,
Tolman & Saunders, 2000) e pode reflectir a “trajectória da violência” ao
longo do tempo (Greenland, 1985)

• A intensificação da violência conjugal muitas vezes está associada com


ameaças de morte (Campbell, 1995; Campbell et al., 2003).
3. Intensificação da Violência

Indício de intensificação de actos, ameaças ou pensamentos violentos que


P
envolvem violência conjugal
Possível indício de intensificação de actos, ameaças ou pensamentos violentos
E
que envolvem violência conjugal
Não existe indício de intensificação de actos, ameaças ou pensamentos
A
violentos que envolvem violência conjugal

“Intensificação” significa que os atos, ameaças ou pensamentos violentos se


intensificaram, ao longo do tempo, em termos de severidade, frequência ou
diversidade
4. Violação das Ordens do Tribunal

• Existem indícios na literatura de que agressores que


violaram os termos da liberdade condicional, as medidas de
coação ou o não cumprimento de injunção, são mais
suscetíveis de reincidir do que os outros agressores
(Andrews & Bonta, 1996; Hart, Kropp & Hare, 1988;
Nuffield, 1982)

• Agressores com uma história de violação da proibição de


permanência e ausência de contactos, ou violação de uma
ordem do tribunal (e.g. caução, suspensão da pena ou
medidas restritivas) possuem maior probabilidade de risco
de reincidência da violência
4. Violação das Ordens do Tribunal

Indício de violação das ordens do tribunal emitidas para prevenir a violência


P
conjugal
Possível indício de violação das ordens do tribunal emitidas para prevenir a
E
violência conjugal
Não existe indício de violação das ordens do tribunal emitidas para prevenir a
A
violência conjugal

“Violação das Ordens do Tribunal” refere-se a uma rutura das condições da


caução, da liberdade condicional, das medidas de coação, do não cumprimento
de injunção, entre outras
5. Atitudes Violentas

• A literatura, frequentemente, refere que os agressores mais persistentes


minimizam a gravidade da violência, desviam a responsabilidade pessoal e
negam inteiramente o seu envolvimento em violência

• Esta minimização e negação estão associadas com a relutância em cessar


voluntariamente o comportamento violento ou em integrar programas de
tratamento (Dutton, 1988; Gondolf & White, 2001; Hanson & Wallace-Capretta,
2000; Shepard et al., 2002; Sonkin, 1987)

• A minimização e a negação também podem afetar outras estratégias de gestão


do risco, tais como, monitorização e supervisão

• Alguns indícios sugerem que essas atitudes podem ser aprendidas na família de
origem do agressor, já que um número elevado de homens que cometem este
tipo de crime, foram vítimas ou testemunhas de violência familiar na infância ou
adolescência (Kessler, Molnar, Feurer & Appelbaum, 2001; Riggs et al., 2000;
Schumacher et al., 2000)
5. Atitudes Violentas

P Indício de atitudes violentas


E Possível indício de atitudes violentas
A Não existe indício de atitudes violentas

“Atitudes Violentas” são valores, crenças ou pensamentos que


desculpabilizam a violência conjugal
Inclui crenças e valores sociopolíticos, religiosos, culturais e pessoais,
que direta ou indiretamente fomentam, ou desculpam, comportamentos
abusivos e violentos (e.g. ciúme, misoginia e patriarcado)
Indivíduos que apresentam atitudes negativas parecem estar pouco
cientes da sua história de violência conjugal e minimizam ou negam as
suas ações ou as consequências das mesmas.
I. Ajustamento Psicossocial
6. Outros Crimes

• Um agressor com um historial de violência, mesmo que não esteja


diretamente relacionado com a violência conjugal, apresenta maior
probabilidade de reincidência de atos violentos nos relacionamentos
íntimos

• A violência exercida fora do contexto familiar é também citada como


um fator de risco de reincidência da violência conjugal e com
ameaças de atentado à vida (Campbell et al., 2003; Gondolf & White,
2001; Hanson & Wallace-Capretta, 2000; Jones & Gondolf, 2001)

• Outro tipo de crimes também está associado a um certo risco de


violência conjugal, uma vez que reflete atitudes violentas e
comportamento antisocial (Huss & Langhinrichsen-Rohling, 2000)

• Isto provavelmente está associado a maior frequência e severidade


de violência futura.
6. Outros Crimes

P Indício de outros crimes


E Possível indício de outros crimes
A Não existe indício de outros crimes

“Outros Crimes” refletem tendências para se enquadrar num comportamento


antissocial persistente, frequente ou diversificado; atitudes antissociais e
associação com outros parceiros antissociais.
7. Problemas de Relacionamento

• O risco de violência parece ser mais elevado na


violência conjugal, quando existem problemas no
relacionamento

• Por exemplo, quando:


– (a) o homem vive com a sua companheira, mas ela quer
terminar a relação;
– (b) o homem está separado da companheira, mas ele
quer retomar a relação; ou
– (c) existência de uma separação súbita ou recente
(Campbell et al., 2001; Dutton & Kropp, 2000; Kennedy &
Dutton, 1989; Kyriacou et al., 1999; McNeil, 1987; Riggs
et al., 2000)
7. Problemas de Relacionamento

P Indício de problemas graves no relacionamento íntimo


E Possível indício de problemas graves no relacionamento íntimo
A Não existe indício de problemas graves no relacionamento íntimo

“Problemas Graves” refletem uma dificuldade em estabelecer ou manter


relacionamentos íntimos, tais como, indivíduos solteiros de longa data, múltiplas
separações e reconciliações no decorrer do relacionamento ou sérios conflitos
relacionais (e.g. infidelidade frequente, violência conjugal)
8. Problemas no Emprego

• Os problemas laborais estão associados com o risco de criminalidade e


violência em geral (Andrews & Bonta, 1996, 2003)

• Uma mudança repentina no estatuto laboral (ex. despedimento ou


dispensa temporária) está associada com o aumento de risco de
violência (McNeil, 1993)

• Salários baixos, instabilidade no emprego e problemas financeiros


também são um dos mais comuns fatores de risco de violência
doméstica (Carlson et al., 1999; Dutton & Kropp, 2000; Hanson &
Wallace-Capretta, 2000; Hotaling & Sugarman, 1986; Kyriacou et al.,
1999; Riggs et al., 2000; Schumacher et al., 2000; Sherman et al., 1992;
Stuart & Campbell, 1989)

• O desemprego é também um fator de risco que está associado com as


ameaças de morte (Campbell et al., 2003)
8. Problemas no Emprego

P Indício de problemas graves no emprego


E Possível indício de problemas graves no emprego
A Não existe indício de problemas graves no emprego

“Emprego” significa emprego a tempo inteiro (incluindo trabalho por conta


própria)
“Problemas Graves” inclui longos períodos de desemprego, sérias dificuldades
financeiras, mudanças frequentes de emprego, dificuldade em encontrar e em
manter um emprego, fraco desempenho profissional (e.g. absentismo, atrasos)
9. Problemas Relacionados com o Uso de
Substâncias

• O abuso recente de substâncias está associado com o risco


de reincidência da violência e é considerado um dos mais
proeminentes fatores de risco (Gondolf, 2001; Hanson &
Wallace-Capretta, 2000; Jones & Gondolf, 2001; Saunders,
1992; Stuart & Campbell, 1989)

• Segundo Saunders (1993), o abuso crónico de substâncias,


e em particular o uso excessivo de álcool, poderá ser a
causa de conflitos familiares

• O abuso de substâncias provavelmente está associado à


frequência, severidade, iminência e natureza (ex.
reativa/impulsiva) de futura violência conjugal
9. Problemas Relacionados com o Uso de
Substâncias

P Indício de problemas graves relacionados com o abuso de substâncias


E Possível indício de problemas relacionados com o abuso de substâncias
Não existe indício de problemas graves relacionados com o abuso de
A
substâncias

“Uso de Substâncias” inclui o uso de drogas ilegais, assim como, a má


utilização de drogas legais (ex. álcool, medicação prescrita)

“Problemas Graves” significa uma saúde debilitada pelo uso de


substâncias ou a deterioração da socialização (e.g. overdose, doença
física, prisão, perda de emprego, problemas de relacionamento,
condicionamento permanente na aquisição e uso de substâncias)
10. Problemas de Saúde Mental

• As perturbações mentais não são a principal causa da violência e a


literatura acerca da avaliação de risco sugere que os sintomas de
desordem mental (e.g. psicóticos e/ou maníacos) estão associados com
o comportamento violento

• As perturbações de personalidade caracterizadas por raiva,


impulsividade e instabilidade comportamental (desordens de
personalidade antissocial, borderline, narcisismo e histrionismo) estão
também associadas com aumento do risco de violência conjugal

• Os sintomas das perturbações mentais podem também estar


associados à iminência de futura violência (Binder & McNiel, 1985; Link
& Stueve, 1994)

• Os sintomas de perturbações mentais podem interferir com as


capacidades do agressor ou a motivação para se submeter aos
tratamentos e supervisão (e.g. participação em programas de
intervenção)
10. Problemas de Saúde Mental

P Indício de problemas graves de saúde mental


E Possível indício de problemas graves de saúde mental
A Não existe indício de problemas graves de saúde mental

“Saúde mental” refere-se ao funcionamento mental e de personalidade,


incluindo afeto, comportamento e cognição.
“Problemas Graves” inclui diminuição da saúde mental, incluindo
distúrbios no pensamento e na perceção (e.g. ilusões e alucinações), no
intelecto (e.g. diminuição das capacidades cognitivas), nas emoções (e.g.
mania, depressão, raiva ou ansiedade) e no comportamento (e.g.
impulsividade extrema e suicídio). Tais distúrbios, muitas vezes, são
sintomas de desordem mental e podem levar a tratamentos psicológicos
ou psiquiátricos (em regime de internamento ou ambulatório)
AVALIAÇÃO DOS FATORES

• Presente (últimas 4 semanas e inclui o incidente


que se encontra em investigação) e Passado
(anterior às 4 semanas)

- Omisso (informação insuficiente)


A- Ausente
E- Eventualmente ou parcialmente
presente
P- Presente
DANGER ASSESSMENT (DA, JACQUELYN CAMPBELL, 1986)
VERSÃO PORTUGUESA FONSECA, MANITA, SAAVEDRA, &
MAGALHÃES (2013)
DESCRIÇÃO DA

Originalmente construída para avaliar o risco de


femicídio
Ajudar as mulheres a perceberem o risco
Todos os itens têm por base fatores de risco que têm
sido associados ao femicídio (McFarlane, Wilson, Malecha,
Lemmery, 2000)

Aceder à perigosidade/risco pode ajudar a


proporcionar maior proteção para as vítimas, um
tratamento mais apropriado para agressores e melhor
atribuição de recursos do sistema de justiça (Goodman,
Dutton & Bennett, 2000)
APLICAÇÃO DA

Pode ser utilizado por qualquer pessoa que trabalhe


com mulheres vítimas de violência – profissionais de
saúde mental, advogados, polícias, psicólogos,
profissionais de saúde, …..

Aplica-se a mulheres vítimas de violência conjugal


(não está muito direcionado para homens)

Autoavaliação

Heteroavaliação
Profissionais de saúde mental, advogados, polícias,
profissionais de saúde
ESTRUTURA DA: 2 PARTES
1ª Parte – Pretende medir a severidade, frequência e
padrão da agressão – Calendário do ano anterior

É pedido à mulher que marque aproximadamente os dias


em que os abusos físicos ocorreram e para classificar a
severidade do incidente numa escala de 1 a 5
1 – Esbofetear, empurrar, sem danos e/ou dores
persistentes
5 – Uso de arma, lesão de arma
Este exercício foi concebido para aumentar a
consciencialização das mulheres, a reduzir a negação e a
minimização do abuso e a relembrar outras situações
38% das mulheres que inicialmente negaram a severidade,
acabaram por mudar de opinião (Hopkins, 2005)
ESTRUTURA DA: 2 PARTES
2ª Parte – Constituída por 20 questões – Permite
identificar o perigo de permanecer na relação
Fatores de risco de femicídio e fatores de violência
conjugal
Cada questão remete para um comportamento
específico
E.g. “Ele possui uma arma de fogo?” Ele ameaça
magoar/maltratar os seus filhos? (Hopkins, 2005)
Resposta dicotómica – Sim/Não
A pontuação é obtida a partir da soma dos itens
respondidos afirmativamente
Um número elevado de respostas afirmativas significa
que grande parte dos fatores de risco está presente
(Campbell, 2004)
PARA MELHOR AVALIAÇÃO DO RISCO É NECESSÁRIO SOMAR OU
SUBTRAIR ALGUNS PONTOS, AO Nº TOTAL DE RESPOSTAS SIM (1 A 20)

4 Pontos Respostas sim P2 e P3

3 Pontos Resposta Sim P4

2 Pontos Resposta Sim P5, P6 e P7

1 Ponto Resposta Sim P8 e P9

Subtrair 3 Pontos Se respondeu à P3a


PONTUAÇÃO RISCO
-3 a 8 Pontos Variável – Pode mudar
rapidamente, atenção a outros
ou novos fatores de risco

9 a 13 Pontos Elevado – Plano de segurança


da vítima
14 e 17 Pontos Severo – Plano de segurança,
consultar magistrados, elevado
nível de recomendação de
supervisão

18 a 40 Pontos Extremo – Plano de segurança,


condenação do agressor, maior
supervisão de situações de
liberdade condicional
ESCALA DE PREDICCIÓN DE RIESGO DE VIOLÊNCIA GRAVE CONTRA LA
PAREJA (EPV, ECHEBURÚA, FERNANDÉZ-MONTALVO, LÓPEZ-GONI &
CORRAL, 2009)
ESCALA DE PREDIÇÃO DE RISCO DE VIOLÊNCIA GRAVE NAS RELAÇÕES
ÍNTIMAS (EPRVGRI, AZEVEDO & SOEIRO, 2010)
DESCRIÇÃO

20 itens que diferenciam violência severa da


não severa

Avaliar o risco de violência grave ou letal

Auxilia profissionais (e.g. juízes, forças


policiais, psicólogos) a adotarem medidas de
proteção às necessidades das vítimas

Escala de resposta de 2 pontos (0=Ausente;


1= Presente)
DESCRIÇÃO

5 áreas:

Dados Pessoais
Situação da relação do casal
Tipo de violência
Perfil do agressor
Vulnerabilidade da vítima

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