Você está na página 1de 70

Síndromes

Ictéricas na
infância
Profª Marta Rolla e Bruno Eduardo
HAM IV
Icterícia
• A icterícia é uma condição que ocorre quando as hemácias
hemolisam , levando-o a produzir a bilirrubina, substância amarelo-
alaranjada que é difícil para um bebê eliminar, pois seu fígado não
está totalmente desenvolvido e com funcionamento adequado.

• O acúmulo de bilirrubina no sangue do bebê, chamada de


hiperbilirrubinemia.

• A coloração amarelada da bilirrubina impregna na pele do bebê e na


parte branca de seus olhos.
Icterícia
• Mais da metade de todos os recém-nascidos desenvolve algum nível de
icterícia durante a primeira semana de vida.

• Prematuros e crianças de ascendência asiática são mais propensos a


desenvolver icterícia.

• Os sintomas mais comuns de icterícia são:


Coloração amarela da pele, geralmente começando no rosto e descendo
pelo corpo, sendo que o desaparecimento se dá ao inverso, primeiro no
corpo e nas extremidades e, por último, no rosto.
Icterícia
• A icterícia é um achado clínico comum em recém-nascidos.

• A maioria dos casos de icterícia é benigna, mas, devido à


potencialidade de toxicidade da bilirrubina, os recém-nascidos
devem ser monitorados para identificar aqueles que poderão
desenvolver encefalopatia bilirrubínica aguda ou kernicterus.

• Esse quadro se caracteriza por letargia, hipotonia e sucção débil nos


primeiros dias de vida. E necessita de uma intervenção rápida e
agressiva para não evoluir para a forma crônica da doença com
sequelas neurológicas permanentes.
Icterícia Tipos:
Icterícia fisiológica: ocorre como uma resposta à capacidade limitada do bebê
para eliminar a bilirrubina nos primeiros dias de vida.

Icterícia do leite materno: ocorre em bebês amamentados, devido à baixa


ingestão de calorias ou desidratação.

Icterícia de hemólise: ocorre devido a doença hemolítica do recém-nascido,


quando apresenta elevada contagem de células vermelhas no sangue ou
sangramento.
Icterícia relacionada com a função hepática inadequada: ocorre devido a
infecção ou outros fatores.
Icterícia Fisiológica do Recém-Nascido

Refere-se ao quadro de
Ocorre devido ao aumento na
icterícia apresentado por
concentração da bilirrubina,
porcentagem significativa dos
substância pigmentada resultante
recém-nascidos durante sua
da destruição de glóbulos
primeira semana de vida, processo
vermelhos velhos ou defeituosos
considerado normal, por isso o
do sangue.
nome “fisiológica”.
Icterícia Fisiológica do Recém-Nascido

Nos primeiros dias de vida, há aumento


na formação da bilirrubina por causa do
maior número de hemácias e ao menor Apresenta, na maioria dos casos,
tempo de vida destes nos recém- evolução benigna, sem necessidade de
nascidos e a diminuição da capacidade tratamento.
de excreção da bilirrubina, devido à
imaturidade do fígado nos bebês.
Icterícia Fisiológica do Recém-Nascido

• Entretanto, se a bilirrubina estiver muito alta, existe o risco de


toxicidade com dano permanente ao sistema neurológico chamado
de Encefalopatia Bilirrubínica ou Kernicterus.

• Por isso, os recém-nascidos devem ser acompanhados de perto


para identificar aqueles que podem vir a desenvolver complicações.

• O banho de luz (fototerapia) pode ser indicado nestes casos.


Icterícia Fisiológica
A hiperbilirrubinemia indireta
denominada “fisiológica” caracteriza-se na
população de termo por início tardio (após
24 horas) com pico entre o 3º e 4º dias de
vida e bilirrubinemia total (BT) máxima de
12 mg/dL7 .
Zonas de Kramer
Principais causas da
hiperbilirrubinemia
indireta patológica
Colestase Neonatal
• É o termo utilizado para descrever as doenças que ocorrem no primeiro
mês de vida em que há diminuição da eliminação da bile, que passa,
então a acumular no organismo.

• Isso pode levar a cirrose com todas as suas complicações.

• As crianças podem apresentar icterícia, colúria e fezes de cor clara ou


esbranquiçada ( acolia fecal).

• Pode ser causada por agentes infecciosos, tóxicos, doenças metabólicas,


síndromes genéticas, entre outros
Colestase Neonatal
Colestase Neonatal

• Uma de suas causas mais frequentes é a Atresia Biliar.


• Definida como ausência ou obliteração dos ductos biliares extra-
hepáticos, sendo a principal indicação de transplante hepático em
crianças.
• Os recém-nascidos desenvolvem icterícia progressiva nas primeiras
8 semanas de vida e podem apresentar acolia fecal.
• Entretanto, muitas vezes no início do quadro aparentam bom
estado geral e adequado ganho de peso.
Colestase Neonatal
• Os testes laboratoriais apresentam níveis elevados de bilirrubina
conjugada (BD), discretos ou moderados aumentos de
aminotransferases e elevação da gama-glutamil transpeptidase
(GGT).

• Neste caso, o tratamento é cirúrgico e deve ser feito, idealmente, até


os 60 dias de vida.

• Outra causa prevalente é a Hepatite Neonatal.


Causas de Hiperbilirrubinemia

Pré-Hepáticas de Hiperbilirrubinemia - Produção


• Hemólise: Destruição excessiva de hemácias, liberando bilirrubina.
• Anemias hemolíticas, distúrbios genéticos, incompatibilidade sanguínea.

Hepáticas de Hiperbilirrubinemia – Conjugação e Capatação


• Hepatite: Inflamação do fígado que prejudica a capacidade de processar bilirrubina.
• Cirrose: Dano hepático crônico que interfere no metabolismo da bilirrubina.

Pós-Hepáticas de Hiperbilirrubinemia
• Obstrução Biliar: Bloqueio no sistema biliar que impede a excreção de bilirrubina.
• Cálculos biliares, tumores, estenose do ducto biliar.
Hepatites Virais

• Segundo estimativas, bilhões de pessoas já tiveram


contado com os vírus das hepatites e milhões são
portadores crônicos.
• O termo hepatite viral geralmente se refere
aos vírus hepatotrópicos, entre eles o do tipo A, B, C, D
e E, os responsáveis por mais de 90%
dos casos de hepatite.
• Podem causar ampla variedade de apresentações
clínicas, que vão desde de portador
assintomático, hepatite aguda, fulminante ou crônica
com cirrose hepática e ou carcinoma hepatocelular.
Hepatites virais
• Hepatite A (HAV) é usualmente caracterizada por ter
curta duração, ser autolimitada, conferir imunidade
duradoura e não evoluir para hepatopatia crônica.
• Frequente em nosso meio, sendo responsável pela
maioria dos casos de hepatites agudas em crianças.
• O HAV é um vírus RNA da família dos picornavírus
• O vírus é bastante estável; facilitando a transmissão
fecal-oral
Hepatite A

• Os vírus ingeridos replicam no intestino delgado, migram para o


fígado pela veia porta e se ligam ao receptor viral na membrana do
hepatócito.

• Há replicação e maturação do vírus, que é excretado pelas fezes,


através da bile.

• O dano hepático não é resultado direto do efeito citopático do vírus


sobre os hepatócitos, mas está mais associado à ação imunológica
mediada pelas células T.
Hepatite A
• A hepatite A é uma doença comum, de distribuição universal, com
alta prevalência em áreas de precárias condições sanitárias, sendo
um problema sério de saúde pública.

• A hepatite A é extremamente contagiosa, de transmissão fecal-oral,


direta ou indireta, através de água ou alimentos contaminados

• A transmissão é mais comum quando há contato pessoal íntimo e


prolongado do doente com um indivíduo suscetível à infecção.
Hepatite A

• Consequentemente, os fatores de risco são o convívio familiar e o


agrupamentos de pessoas (militares, prisões, creches e instituições que
cuidam de crianças sem controle de esfíncter e etc.)
• Nas crianças jovens, as infecções assintomáticas associadas ao prolongado
período de excreção fecal do vírus e a limitada higiene pessoal dessa faixa
etária fazem desse grupo uma importante fonte de infecção.
• A transmissão parenteral é incomum, mas possível. Durante o período de
incubação há uma breve fase virêmica (sete a 10 dias).
Hepatite A
• Crianças com menos de 2 anos frequentemente são assintomáticas,
enquanto que, comparativamente, cerca de 2/3 dos pacientes
adultos sintomáticos apresentam icterícia.

• Após o período de incubação, inicia-se a fase prodrômica, durante


duas semanas antes do início da icterícia.

• Achados como hepatomegalia dolorosa, esplenomegalia,


linfadenomegalia, mialgia e sintomas respiratórios, que se
assemelham ao resfriado comum, são menos frequentes.
Hepatite A – Fase Aguda

Febre;

Cefaleia;

Anorexia;

Náuseas e Vômitos;

Distúrbios do paladar e olfato - (aversão por carnes, frituras e odor de cigarro)

Alterações do hábito intestinal.


Hepatite A
• Período de incubação: varia de 15 a 50 dias (média de 28 dias).

• Fase prodrômica, que dura uma a duas semanas antes do início da


icterícia.

• Fase Ictérica: quando a doença é reconhecida com colúria, hipo e


acolia fecal e icterícia, que pode durar até quatro semanas.
Hepatite A

• Em um percentual de até quase 20% dos pacientes, pode-se verificar


aparente recuperação clínica e normalização das transaminases
dentro de poucas semanas até seis meses.

• Pode haver, então, reaparecimento dos sintomas, nova elevação de


enzimas, com ou sem bilirrubinúria ou icterícia, ou a recaída ser
assintomática, revelada apenas pelo aumento do nível de
aminotransferases - chamada de Fase Bifásica da hepatite A.
Avaliação Laboratorial
• As transaminases aumentam durante a fase prodrômica cerca de
uma semana antes do início da icterícia, com pico verificado quando
surge a bilirrubinúria.
• Seus níveis tendem a cair rapidamente com o início da icterícia,
• Pode haver redução dos níveis de albumina e elevação de globulinas
inespecíficas
• Alterações significativas do coagulograma acontecem nos quadros
mais graves – Insuficiência hepática
• O nível sérico de bilirrubina mais comumente oscile em torno de 7
mg/dL
Avaliação Laboratorial
• Os anticorpos específicos para o HAV começam a ser detectados no
final do período de incubação
• O anticorpo sérico IgM (anti-HAV IgM) aparece precocemente no
curso da doença
• Alcança sua concentração máxima entre a quinta e a oitava semanas
após a exposição e persiste por cerca de dois a seis meses;
• O anticorpo IgG (anti-HAV IgG) aparece simultaneamente ao IgM,
mas em geral sua concentração ascende de modo mais lento e dura,
provavelmente, por toda a vida. Sua presença indica exposição
passada ao HAV e imunidade duradoura.1,4
Vacinação

• A vacina de vírus A inativado tem se mostrado bastante segura, com


eficácia em torno de 94 a 100%.
• São necessárias duas doses com intervalo de seis meses.
• Administrada a partir de um ano de vida.
• Em crianças e adolescentes, mais de 97% desenvolvem anticorpos
após a primeira dose e 100%, após a segunda.
• Faz parte do calendário de vacinação do Programa Nacional de
Imunizações do Ministério da Saúde.
Hepatite B
• A hepatite pelo vírus B (HBV) representa significativo problema
mundial de saúde pública
• A infecção pelo HBV continua sendo a principal causa de hepatite
crônica, cirrose e hepatocarcinoma no mundo.
• O HBV é transmitido através de fluidos corpóreos e do sangue. Está
bem documentada e comprovada a transmissão desse vírus pela
exposição perinatal, pelas relações sexuais, pela exposição a sangue
e derivados, pelo transplante de órgãos ou tecidos, através de
seringas compartilhadas por usuários de drogas endovenosas, por
lesões de pele ou por picadas de agulhas.
Hepatite B
Hepatite B

• O HBV pertence ao grupo de vírus denominado hepadnavirus. O genoma


do vírus B, de dupla hélice parcial de DNA, replica-se através de um
intermediário RNA.

• É possível encontrar três tipos de partículas:


A menor delas é esférica e representa o antígeno de superfície (HBsAg)
com seu envoltório lipídico.
Essa partícula não é infecciosa e é produzida em grande quantidade
durante a infecção viral.
Hepatite B
Hepatite B

O núcleo central (core) possui uma proteína (HBcAg) que induz a


formação de anticorpos específicos pelos indivíduos infectados (anti-
HBcAg). O antígeno do core não é secretado, por isso é muito difícil a
sua detecção no sangue circulante, diferentemente do que ocorre no
fígado doente, onde é muito abundante.
Hepatite B

• Na zona central do vírus, observa-se a presença do ácido nucleico viral (DNA-


HBV) e outro antígeno, que foi denominado de antígeno e (HBeAg), que é
secretado e, diferentemente do HBcAg, pode ser detectado facilmente no
sangue periférico.

• Este antígeno associa-se a replicação e infectividade virais e leva à formação


de anticorpo específico (anti-HBeAg), que normalmente se correlaciona com a
parada de replicação viral.

• O DNA do vírus B também se localiza no core, mas pode ser encontrado no


Hepatite B

• Na exposição perinatal, a transmissão mãe-filho pode ocorrer


durante o parto, pela exposição do RN a sangue ou líquido
amniótico, durante a passagem pelo canal vaginal, pela
amamentação e também, mais raramente, por transmissão
transplacentária.
• A maior frequência da transmissão parece ocorrer durante o parto.
Sabe-se que crianças nascidas de mãe HBeAg reagentes têm risco
de 80% de adquirir a infecção pelo HBV durante o período neonatal
Hepatite B
• O período de incubação varia de 50 a 180 dias; a variabilidade do
tempo de incubação está relacionada ao número de partículas
infectantes inoculadas, à via de infecção e às interações HBV-
hospedeiro.

• O período de incubação varia de 50 a 180 dias; a variabilidade do


tempo de incubação está relacionada ao número de partículas
infectantes inoculadas, à via de infecção e às interações HBV-
hospedeiro.
Hepatite B
• O quadro clínico agudo da infecção pode ser assintomático e
anictérico, principalmente em crianças de baixa idade.

• Quando presente, é indistinto do apresentado na hepatite A

• Podendo manifestar-se com icterícia e outros sintomas


gastrintestinais, febre, astenia, artrite e exantema

• Na minoria dos casos, a apresentação pode ser de hepatite


fulminante.
Hepatite B - Quadro Clínico

A infecção crônica cursa também de forma assintomática

Podendo haver aumento ou não de transaminases

Hepatoesplenomegalia pode estar presente, embora o exame físico


esteja inalterado na maioria dos casos

Quando as complicações de falência hepática ainda não estão


presentes.
Hepatite B Marcadores Sorológicos
• A confirmação diagnóstica da infecção pelo HBV pode ser realizada
pelos testes sorológicos, que buscam identificar os antígenos e
anticorpos presentes nessa infecção.

• Esses antígenos e anticorpos aparecem e desaparecem no soro de


acordo com a fase evolutiva da infecção.

• Após o período de incubação, e antes do aparecimento da icterícia,


já podem ser detectados no soro os antígenos HBsAg e HBeAg, que
indicam a presença do HBV infectante e replicante.
Nesse período pré-ictérico ocorre aumento
gradativo dos níveis das aminotransferases,
Hepatite B expressando a lesão hepatocítica progressiva.

Marcadores
Sorológicos No início do período ictérico, as dosagens dessas
enzimas alcançam seus níveis mais altos.

Nessa fase, além dos sintomas da doença aguda,


nota-se também o aparecimento em concentrações
crescentes do anticorpo anti-HBc IgM.
A icterícia diminui conjuntamente com as concentrações do
Hepatite B HBsAg, do HBeAg e das dosagens de TGP.

Marcadores
Sorológicos O aparecimento do anti-HBe evidencia que o indivíduo está
caminhando para a recuperação, pois o mesmo é indicativo de
diminuição de replicação, com consequente queda da
infectividade.

Na fase de convalescença, haverá aumento progressivo das


concentrações de anti-HBs, o que indica a cura da infecção
pelo HBV, com consequente desenvolvimento da imunidade a
esse vírus.
Nos pacientes que evoluem para hepatite crônica, o
HBsAg permanecerá detectável no soro por mais de seis
meses.
Hepatite B
Marcadores Nesses casos, o indivíduo poderá permanecer reagente
Sorológicos para o HBeAg por vários anos ou apresentar
soroconversão.

Essa soroconversão se associa a significativa redução na


infectividade do soro e, usualmente, leva à normalização
dos níveis de transaminases e positividade do anticorpo
anti-HBe.
Pacientes vacinados contra o HBV haverá um padrão
sorológico típico, com desenvolvimento apenas de
anticorpos contra o antígeno de superfície, anti-HBs.
Hepatite B
Marcadores Os exames que detectam o DNA do HBV (DNA-
Sorológicos HBV). A quantidade do DNA-HBV no soro é
proporcional à carga viral presente, estando, portanto,
associada à replicação viral.

A pesquisa e quantificação dessas partículas são úteis


para determinar o estado de replicação e a resposta à
terapêutica e para detectar o HBV mutante.10
Hepatite B Marcadores Sorológicos
Hepatite B Marcadores Sorológicos
Curso Sorológico da Hepatite B
Hepatite B

A profilaxia inclui precauções universais ao lidar com secreções e uso de


preservativos nas relações sexuais.

Para usuários de drogas, programas de redução de danos devem ser encorajados.

Vacinação: consiste em quatro doses intramusculares nos tempos 0, 2, 4 e 6 meses


de vida.

A primeira dose pode ser administrada até 30 dias após o nascimento, sendo
preferencialmente aplicada nas primeiras 12 horas
Hepatite C

A Hepatite C é a maior causa de câncer no fígado.

O vírus da Hepatite C (HCV) e, assim como na Hepatite B, a doença pode ser aguda ou
crônica.

É, geralmente, assintomática na doença aguda

Cerca de 30% das pessoas infectadas eliminam o vírus espontaneamente, em um período de 6


meses, sem necessidade de tratamento.

Entretanto, os 70% restantes podem desenvolver a Hepatite C crônica.


Hepatite C

• Entre os indivíduos infectados pelo vírus da hepatite C (HCV),


somente pequena proporção é constituída de crianças e há pouca
ou nenhuma manifestação dessa infecção durante a infância.

• A infecção aguda é raramente reconhecida na criança, exceto em


circunstâncias especiais, como na exposição vertical de recém-
nascidos de mães sabidamente infectadas ou após hemotransfusão.
Hepatite C

• A maioria das crianças infectadas é assintomática e apresenta


níveis normais ou discretamente elevados de alanina
aminotransferase (ALT/TGP).

• Apesar de a história natural da infecção pelo HCV adquirida na


infância ter curso benigno na maioria dos casos, 4 a 6% dos
pacientes evoluem com cirrose e insuficiência hepática durante
a infância.
Hepatite C
• O vírus da hepatite C pertence à família Flaviviridae, mede 50nm e
consiste de um genoma de RNA.

• Existem seis genótipos principais que são diferenciados pela


sequência de nucleotídeos e dentro de cada genótipo seus subtipos.

• O genótipo mais frequente em todo o mundo é o tipo 1.

• Apesar da diversidade de genótipos, não há variação significativa


nas manifestações da doença que os envolve.
Hepatite C

• Ele age como um RNA mensageiro, sendo no citoplasma do


hepatócito transcrito em uma poliproteína, resultando na produção
do core e das enzimas virais.

• Nas crianças, a transmissão ocorre basicamente por duas vias:


parenteral ou vertical
Hepatite C

• Atualmente, a principal via de infecção nos países que realizam a


triagem para hepatite C é a transmissão vertical

• Constitui fator de risco a exposição a transfusões de sangue ou aos


seus produtos, principalmente entre as crianças com drepanocitose,
hemofilia, talassemia, câncer - sobretudo leucemias - e crianças
submetidas à hemodiálise.

• A via de transmissão horizontal entre crianças é rara.


Hepatite C

• O diagnóstico de hepatite C crônica na criança é, em geral,


estabelecido por exames de triagem sorológica das crianças com
risco aumentado para a infecção, como antecedentes de exposição
parenteral, ou naquelas que têm familiar infectado.

• Em crianças, há evidências de que a infecção pode se resolver


espontaneamente nos primeiros três anos após o contato, daí a
preferência por esperar esse tempo para se definir se existe
hepatite crônica, caso a viremia persista.
Hepatite C – Adulto

• Normalmente é assintomática, marcada pelo oscilação das transaminases, sem outra


causa aparente.
• Pacientes com sorologia positiva devem fazer o PCR para confirmar a infecção
crônica e também para determinar o genótipo.
• Sem tratamento maior risco de evoluir para cirrose e hepatocarcinoma
Hepatite D e E

Hepatite D - delta (HDV):


• Requer a presença do vírus da hepatite B para se replicar. A transmissão ocorre da mesma
forma que a hepatite B, precisa por tanto de uma infecção dupla.
• Mais comum no Norte do País

Hepatite E (HEV):
• Geralmente transmitida através de água ou alimentos contaminados, fecal-oral
• Pode ser particularmente grave em mulheres grávidas.
• Rara no Brasil, sendo mais comum na África e Ásia
Produção de bilirrubina:

Resumo de Hemácias são destruídas, a hemoglobina, uma proteína


que transporta oxigênio, é liberada e quebrada em
Ictericia heme e globina.

O heme é então convertido em biliverdina, que por


sua vez é convertido em bilirrubina dentro das
células do fígado.
Ictericia

Conjugação da bilirrubina:
• A bilirrubina produzida é inicialmente não conjugada (ou seja, indireta) e insolúvel em água.
Para torná-la solúvel em água, o fígado a converte em bilirrubina conjugada (ou seja, direta)
através de um processo chamado conjugação.
• A bilirrubina conjugada é excretada na bile e armazenada na vesícula biliar.
Excreção da bilirrubina:
• Quando o corpo precisa eliminar a bilirrubina, a bile é liberada da vesícula biliar para o
intestino delgado durante a digestão.
• No intestino delgado, a bilirrubina é transformada em urobilinogênio e estercobilinogênio,
que dão às fezes sua cor característica marrom.
Ictericia
Circulação entero-hepática:
• Parte do urobilinogênio é reabsorvida no intestino
delgado e retorna ao fígado, onde é novamente
excretada na bile. Isso é chamado de circulação
entero-hepática e contribui para a eliminação da
bilirrubina.
Quadro Clínico – Bilirrubina direta
Icterica

Prurido

Coluria (coloração escura da urina por liberação de Bb não conjugada)

Acólia Fecal ou hipocolia fecal – ausência de Bb conjugada nas fezes

Fadiga e fraqueza

Desconforto ou dor abdominal

Sintomas da causa subjacente


Causas – Bilirrubina
direta aumentada

Aumento na concentração de bilirrubina direta (ou


conjugada) no sangue devido a problemas no
processamento ou excreção da bilirrubina pelo
fígado.
As causas da icterícia por bilirrubina direta estão
relacionadas a distúrbios hepáticos ou obstrução no
sistema biliar.
Causas – Bilirrubina direta aumentada

Hepatite: infecções virais, consumo excessivo de álcool, reações adversas


a medicamentos e doenças autoimunes.

Cirrose Hepática e Biliar

Doenças hereditárias: Síndrome de Rotor, Síndrome de Dubin-Johnson


Causas – Bilirrubina direta aumentada

Obstrução Biliar: obstrução física nos ductos biliares que impeça a passagem da bile para
o intestino pode causar o acúmulo de bilirrubina direta no sangue.

Colangite: inflamação dos ductos biliares que pode resultar em icterícia por bilirrubina
direta.

Síndrome de Alagille: condição genética rara que afeta o fígado e os dutos biliares,
levando à icterícia, por escassez de ductos biliares intra-hepáticos
Causas – Bilirrubina
Indireta aumentada

Aumento na concentração de bilirrubina não


conjugada no sangue devido a problemas na
quebra, transporte ou conjugação da bilirrubina
pelo fígado.
Causas – Bilirrubina indireta aumentada

Hemólise:
• Causas de hemólise incluem anemias hemolíticas hereditárias, como a esferocitose hereditária, e outras
condições que levam à destruição acelerada dos glóbulos vermelhos.

Síndrome de Gilbert:
• Condição genética benigna que afeta a capacidade do fígado de processar a bilirrubina. Isso pode resultar
em episódios intermitentes de hiperbilirrubinemia não conjugada, muitas vezes precipitados por estresse,
jejum ou doenças intercorrentes.

Síndrome de Crigler-Najjar:
• Condição genética rara que se manifesta em duas formas, tipo 1 e tipo 2. Ambas as formas resultam em
hiperbilirrubinemia não conjugada grave devido a deficiências na enzima responsável pela conjugação da
bilirrubina.
Causas – Bilirrubina indireta aumentada

Doenças Hepáticas:
• Cirrose hepática ou hepatite, podem prejudicar a capacidade do fígado de
processar e excretar a bilirrubina, levando ao acúmulo de bilirrubina não
conjugada no sangue.

Medicamentos:
• Antibióticos, antipsicóticos e quimioterápicos, podem inibir a conjugação da
bilirrubina no fígado, resultando em hiperbilirrubinemia não conjugada.
Kernicterus

Sonolência

Hipotonia

Opistótono – espasmo muscular da coluna, ficando


em posição de arco

Rigidez muscular

Convulsões
Kernicterus

Condição neurológica grave e rara que resulta da


intoxicação cerebral por bilirrubina não conjugada,
uma forma tóxica da bilirrubina.

Essa intoxicação ocorre quando os níveis de


bilirrubina não conjugada no sangue ficam
extremamente elevados, acima de 20mg/dl,
ultrapassando a capacidade do fígado de processar
e eliminar essa substância de forma eficaz

Você também pode gostar