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Violência doméstica é um padrão de comportamento que envolve violência ou outro tipo de abuso

por parte de uma pessoa contra outra num contexto doméstico, como no caso de
um casamento ou união de facto, ou contra crianças ou idosos. Quando é perpetrada por um
cônjuge ou parceiro numa relação íntima contra o outro cônjuge ou parceiro denomina-se violência
conjugal, podendo ocorrer tanto entre relações heterossexuais como homossexuais, ou ainda entre
antigos parceiros ou cônjuges. A violência doméstica pode assumir diversos tipos, incluindo abusos
físicos, verbais, emocionais, económicos, religiosos, reprodutivos e sexuais. Estes abusos podem
assumir desde formas subtis e coercivas até violação conjugal e abusos físicos violentos como
sufocação, espancamento, mutilação genital feminina e ataques com ácido que provoquem
desfiguração ou morte. Os homicídios domésticos incluem o apedrejamento, imolação de noivas,
morte por dote e crimes de "honra".
Em todo o mundo, a esmagadora maioria das vítimas de violência doméstica são mulheres, sendo
também as mulheres as vítimas das formas mais agressivas de violência.Em alguns países, a
violência doméstica é muitas vezes vista como justificável, especialmente em casos de ocorrência
ou suspeita de infidelidade por parte da mulher, em que é legalmente permitida. A investigação tem
confirmado que existe uma correlação direta e significativa entre o nível de igualdade de género de
um país e a prevalência de violência doméstica. A violência doméstica é um dos crimes que menos
é declarado em todo o mundo, tanto no caso das mulheres como dos homens. Devido ao estigma
social associado à vitimização masculina, há maior probabilidade das vítimas masculinas serem
negligenciadas pelos serviços de saúde..
A violência doméstica ocorre quando o abusador acredita que o seu abuso é aceitável, justificado
ou improvável de ser reportado. A violência doméstica pode dar origem a ciclos de abuso
interrelacionais, criando a imagem em crianças e outros membros da família que o abuso é
aceitável. Poucas pessoas nesse contexto são capazes de se reconhecer no papel de abusadores
ou vítimas, uma vez que a violência é considerada uma disputa familiar que simplesmente se
descontrolou.[10] A consciencialização, percepção, definição e documentação da violência doméstica
difere significativamente de país para país. Em muitos casos, a violência doméstica ocorre no
contexto de um casamento forçado ou de um casamento infantil.
Em relações afetivas abusivas, pode ocorrer um ciclo abusivo durante o qual aumenta a tensão e é
cometido um ato violento, seguido por um período de reconciliação e calma. As vítimas podem ser
encurraladas para situações de violência doméstica através de isolamento, poder e controlo,
aceitação cultural, falta de recursos financeiros, medo, vergonha ou para proteger os filhos. Na
sequência dos abusos, as vítimas podem desenvolver incapacidades físicas, problemas de saúde
crónicos, doenças mentais, incapacidade de voltar a criar relações afetivas saudáveis e
incapacidade financeira. As vítimas podem ainda desenvolver problemas psicológicos,
como perturbação de stress pós-traumático. As crianças que vivem em lares violentos demonstram
frequentemente problemas psicológicos desde muito novas, como agressividade latente, o que em
idade adulta pode contribuir para perpetuar o ciclo de violência.
Consequências

As Consequências da violência doméstica dependem de diversos factores, segundo Emery&Laumann-Billings


(1998):
-Do tipo de violência: física, psicológica ou/e sexual, económica, …
Na maior parte das situações, não há apenas um tipo de violência, podendo acontecer todos eles em
simultâneo.
Quanto mais abrangente é a violência, mais gravosas são as consequências.

- Da frequência e duração
Quanto mais continuados são os comportamentos violentos e quanto maior for o período da relação com
violência, maiores serão os danos.

- Da intensidade / gravidade
Quanto mais traumáticas são as agressões e quanto mais graves são as lesões ou danos provocados, mais
profundas serão as suas consequências.

- Das características individuais da vítima:


- Quanto mais frágil é a vítima, maiores poderão ser os danos;
- Quanto mais nova, maior é a probabilidade de afectar o seu desenvolvimento;
- Quanto maior for a dependência - afectiva, social, económica, habitacional - mais repercussões terá no bem-
estar da vítima e maior será a dificuldade em se libertar do agressor.

- Do grau de intimidade e de ligação existente


Quanto mais íntima é a relação entre agressor e vítima e quanto maior for a proximidade relacional, mais
graves são as consequências do comportamento agressivo (ex. a violência pelo marido é mais traumática do
que o mesmo tipo de violência realizada por uma pessoa desconhecida).

- Das respostas dos outros significativos


Quanto mais os familiares, amigos e outros, se distanciam, se silenciam e adoptam atitude tolerante face à
violência que sabem existir, quanto mais a culpam pela situação, mais a vítima se isola, se deprime, se
abandona à situação de vítima e mais graves serão as consequências

As consequências da violência doméstica podem afectar diversos domínios e sistemas


envolvidos.

1 - Como Consequências nas Vítimas, poderão existir:


1.1 - Consequências Físicas
São as mais visíveis. Podem originar fracturas, invalidez, deficiências visuais, auditivas, motoras e até a Morte.

1.2 - Distúrbios Emocionais


São variados e muitas vezes apontadas pelos agressores como a razão para que eles, agressores, se
descontrolem e agridam. Afectam:
- Perturbações intelectuais e da memória das vítimas ( e seus filhos) : pesadelos, confusão, dificuldades de
concentração e de memorização, imagem negativa de si (de incapaz, de fraca, de dependente, de inferior
aos outros);
- Perturbações relacionais: Vêm as outras pessoas como potenciais agressores em quem não podem
confiar, ou como pessoas superiores que não têm interesse em conhecê-las;
- Sintomatologia depressiva: a depressão, a vergonha, o isolamento (mesmo dos seus familiares e amigos
mais próximos), a auto-culpabilização, a desvalorização de si, a falta de confiança e sentimentos de
impotência;
- Distúrbios de ansiedade e evitamento como: hipervigilância, medo, fobias e ataques de pânico,
perturbações do sono, desordens da alimentação e disfunções sexuais.

1.3 - Consequências Financeiras


- Pobreza/ dificuldades por falta de comparticipação financeira do agressor, por exploração financeira (controle
dos bens, destruição de bens).

1.4 - Consequências Profissionais


É frequente uma vítima de violência doméstica ser impedida de trabalhar ou, se trabalha, ser explorada
financeiramente pelo agressor.
Tem habitualmente maior dificuldade em integrar-se profissionalmente e em manter o posto de trabalho por:
- Absentismo (pelas lesões sofridas, por falta de apoio na gestão da vida dos filhos);
- Mais baixo vencimento – pelas faltas de assiduidade, pela indisponibilidade e inflexibilidade de horários, pelo
menor rendimento e menor ascensão na carreira;
- Despedimento – motivado pelos desacatos feitos pelos agressores no local de trabalho, pelas faltas ao
trabalho;
- Abandono da profissão – por imposição do agressor, por fragilidade ou por ausência continuada e dificuldade
de integração;
- Necessidade de protecção – perante as perseguições feitas pelo agressor junto ao local de trabalho e nas
deslocações entre este e a residência.
Consequências nos Filhos:
- Aprendizagem do comportamento agressivo - estima-se que filhos de casais violentos têm 2 ou 4 vezes mais
probabilidades de apresentarem problemas comportamentais (Grychet al, 2000);
- Possibilidade de futuras dificuldades de adequação de comportamento nas relações de intimidade;
- Maior dificuldade de integração social;
- Sentimentos ambivalentes para com os pais;
- Maior probabilidade de desenvolver doença psíquica;
- Sofrimento emocional.

3. Consequências no Agressor:
- Agravamento do comportamento – quanto mais se mantém este comportamento sem intervenção, mais ele se
agrava;
- Aumento da Perturbação - o comportamento violento vai agravando ao longo do tempo, se não houver
intervenção psicoterapéutica;
- Degradação Pessoal;
- Maior perturbação Relacional.

4. Consequências na Família:
- Desagregação Familiar;
- Carências diversas (económicas, saúde, inserção social);
 Perturbação da comunicação, desagregação familiar, reprodução de modelos de funcionamento.

5. Na Sociedade:
- Custos sociais;
- Custos económicos:
- Custos políticos.
.
A violência doméstica em Angola (página 2)

Violência sexual (submeter a vítima a práticas sexuais contra a sua vontade)


Violência Social
 Isolamento social (restrição do contacto com a família e amigos, proibir o acesso ao
telefone, negar o acesso aos cuidados de saúde)
 Controlo económico (negar o acesso ao dinheiro ou a outros recursos básicos, impedir a
sua participação no emprego e educação)
 Ameaças (à integridade física, de prejuízos financeiros)
O Regime Natureza da Violência Doméstica
A violência doméstica tem origem em todo um contexto social. Ela é reflexo das amplas estruturas de
desigualdade económica e social na sociedade.
Por ser um problema transversal, acontece em diferentes contextos, independentemente de factores
sociais, económicos, culturais, etários. Apesar de ser exercida, na grande maioria, sobre mulheres,
atinge directa, ou indirectamente crianças, idosos e outras pessoas mais vulneráveis ou com
deficiência física. Algumas investigações académicas chamam a atenção para um aparente aumento
das vítimas de sexo masculino.
Os estudos sobre o tema são relativamente recentes, tendo, no máximo, cerca de 25 anos. Em termos
gerais, teve origem na Europa ocidental, América do norte, Austrália e Nova Zelândia. Muitos desses
estudos debruçaram-se sobre a cultura dominante, embora existam, cada vez mais, sobre a
população indígena, a comunidade imigrante e os grupos de refugiados.
Há estudos que indicam a existência, em algumas comunidades, de um caso de violência conjugal em
cada três casamentos. É um fenómeno que parece não ser desconhecido em nenhuma região do
globo.
Factores ou Causas da Violência Doméstica
É difícil de destacar com precisão as reais causas que levam a violência domestica por ser um
problema bastante complexo.
Segundo Machado e Gonçalves (2003) consideram factores contribuintes para a violência:
 O isolamento (geográfico, físico, afectivo e social),
 O poder e o domínio ou a influência moral
E ainda consideram que as causas mais próximas que tendem para a violência doméstica estão
baseadas:
 Nascrenças e atitudes;
 Situações de stress (desemprego; problemas financeiros; gravidez; mudanças de papel
– tais como início da frequência de um curso ou novo emprego do outro);
 Frustração;
 Alcoolismooutoxico-dependência;
 Vivências infantis de agressão ou de violência parental;
 Personalidadesádica;
 Perturbaçõesmentaisoufísicas;
As Consequências da ViolênciaDoméstica
As Mulheres sobreviventes de violência sofrem, a longo prazo, graves danos emocionais, psicológicos
e físicos.
Consequências ao nível da saúde física
 Nódoasnegras
 Dores de cabeça
 Abortoespontâneo
 Hemorragias
 Fracturas
 Problemasginecológicos
Consequências ao nível da saúde mental
 Baixa auto-estima
 Sentimento de incapacidade
 Ansiedade
 Irritabilidade
 Depressão
 Perda de memória
 Abuso de álcool e drogas
 Tentativas de suicídio
Consequênciassociais
 Isolamento
 Dependênciaeconómica
 Perda do emprego (Muitas mulheres envolvidas em violência doméstica, perdem o
emprego ou são obrigadas a despedir-se, devido a: Assédio(telefonemas, visitas
constantes)
 Baixasprolongadas
 Dificuldades de concentração
 Baixa de produtividade
 Sequestro em casa
Porém, o problema não seria tão grave se toda essa questão fosse reduzida às lesões físicas
decorrentes da violência. Em psiquiatria os dados são muito mais graves. Enquanto as lesões físicas
têm um prognóstico razoavelmente bom, as lesões emocionais costumam evoluir mal, enquanto as
lesões físicas afectam a pessoa agredida, as lesões emocionais podem acometer uma comunidade
inteira.
CAPÍTULO 2.

SITUAÇAO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM ANGOLA


2.1. Principais Causas da Violência Doméstica em Angola
2.1.1. O uso excessivo de bebidas alcoólicas
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas tem sido a principal causa dos casos de violência
doméstica ocorridos em Angola, declarou em Luanda a ministra da Família e Promoção da Mulher.
Em declarações à agência angolana de notícias (ANGOP), à margem dum "Workshop sobre o
Combate ao Consumo Excessivo de Bebidas Alcoólicas", a governante fez saber que casos de abusos
sexuais a menores, conflitos nos lares, homicídios, entre outros actos criminosos são, na sua maioria,
motivados pelo "uso exagerado de bebidas alcoólicas".
"O fenómeno do alcoolismo tem causado consequências drásticas na nossa sociedade, dando origem
a casos de maridos que matam mulheres, mulheres a matarem maridos, filhos a matarem pais, fatos
que estão a causar desintegração das famílias e a influenciarem negativamente no processo de
desenvolvimento do país", frisou.
Ela aconselhou igualmente as famílias a procuram sempre as instituições especializadas, para
aconselhamentos dos casais, visando diminuir o impacto da violência baseada no género na
sociedade.
2.1.2. Apobreza social e a falta de diálogo familiar
Segundo a deputada Maria Mpava Medina para resolver essa situação e conseguir harmonia familiar
deve-se fazer questão de garantir a educação, sensibilização e formação das pessoas.
De acordo com estimados, ao menos um terço dos 16 milhões de habitantes de Angola padecem
pobreza.
Defendeu, por outra parte, que as vítimas conheçam quais são seus direitos e saibam para onde se
dirigir para fazer valer suas demandas. Por outro lado, disse ser também importante que os
agressores no seio dos lares sejam reeducados pela sociedade.
Em Angola, País que vive hoje imerso em um intenso período de reconstrução nacional, muitos
admitem que as mulheres são ainda vítimas da violência intrafamiliar e sofrem desigualdades nas
oportunidades de emprego.
2.2. SituaçãoJurídica da ViolênciaDoméstica
O ordenamento jurídico angolano passa a incorporar, depois da competente promulgação, a prática
da violência doméstica como crime público, na sequência da aprovação, pela Assembleia Nacional,
da "Lei Contra a Violência Doméstica".
A lei que tipifica os casos de violência dentro do lar como um crime público resulta da adequação da
proposta do Executivo às recomendações sugeridas pelos parlamentares aquando da sua discussão
na especialidade no dia 13 de Janeiro de 2011.
Naquele data os deputados sugeriram a conformação da proposta de lei aos princípios e garantias
jurídico criminal, conciliação e coesão familiar, a reinserção e protecção da vítima e do agente do
crime, bem como da oportunidade de sancionar e responsabilizar os actos que atentem contra a
mulher grávida e outras práticas que atentem contra a dignidade humana.
Nesse âmbito, a adequação procurou delimitar o objecto, bem como ampliar o espectro da lei, com o
intuito de dar resposta célere à realidade social actual, de forma a evitar qualquer atentado aos
direitos, liberdades e garantias fundamentais das pessoas.
Nessa perspectiva, foi aclarado o conceito de violência doméstica, suas manifestações no seio
familiar, patrimonial, sexual, físico e psicológico, bem o impacto na sociedade. O diploma adopta um
conjunto de medidas de apoio e protecção da vítima e do agente entre os quais se destaca a
possibilidade de encaminhamento para espaços de abrigo, sempre que a gravidade da situação
determine, a restrição de contactos entre a vítima e o agente do crime, quando a segurança da vítima
ou interesse processual se imponha.
Insere-se nesse âmbito a prestação de apoios gratuitos, entre os quais o psicológico, social, médico e
jurídico, bem como a consagração do estatuto de vítima para efeitos legais.
No domínio da responsabilidade criminal evita-se a duplicação de preceitos penais no ordenamento
jurídico angolano e são criados novas tipificações penais públicas e as respectivas sanções, tais como
a ofensa à integridade física ou psicológica grave e irreversível, a falta de prestação de alimentos à
criança e de assistência devida à mulher grávida.

Conclusão
A violência domestica é um mal que se registra em todo o mundo. Ela se manifesta de várias e
diferentes formas que pode ser física, psicológica, social, moral, económica, emocional ou sexual.
As causas da violência doméstica são muito complexas. Em alguns casos são motivadas pela
hierarquia existente na família, onde o agressor sente-se autoridade máxima, única, indispensável e
inerrante, desprezando a presença e existência de sentimentos dos outros membros da mesma
família. Noutros casos são motivados pela desigualdade de recursos socioeconómicos, e ainda entre
outros tantos, existe os casos motivados pela frustração no desempenho social, afectivo, sexual,
laboral e psicológico.
Para combater a violência domestica os Estados, em particular o Estado Angolano, converteu-a em
crime punido por lei. E tem levado a cabo uma serie de campanhas de mobilização e divulgação da
mesma lei, incentivando o dialogo no lar de modo a prevenir males, instabilidades e garantir a
harmonia na família.

Bibliografia
 Gabinete das Nações Unidas de Viena, ESTRATÉGIAS DE COMBATE À VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA: manual de recursos / ONU; trad. Emanuel Fernando Gomes de Barros
Matos. -Lisboa: Direcção-Geral da Saúde, 2003.
 Cláudia Alves, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. Coimbra, 2005.
 Mariana Pereira Domingues, VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE, Filosofia - 10º ano.
Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, Data de Publicação: 21/09/2007
 Artigo elaborado a partir da tese de A.S. NEVES, intitulada "A VIOLÊNCIA FÍSICA DE
PAIS E MAES CONTRA FILHOS: CENÁRIO, HISTÓRIA E SUBJETIVIDADES".
Universidade de São Paulo, 2005.
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia
 http://www.apav.pt/pdf/violenc_domest_2006.pdf
 http://www.viole

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