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Artigo escolhido: Fonseca, D. H., Ribeiro, C. G., & Leal, N. S. B. (2012). Violência
doméstica contra a mulher: realidades e representações sociais. Psicologia &
Sociedade, 24(2), 307-314. Disponível em :
https://www.scielo.br/j/psoc/a/bJqkynFqC6F8NTVz7BHNt9s/?format=pdf&lang=pt
Fichamento
→ Resumo e Introdução
- O estudo "Violência doméstica contra a mulher: Realidades e Representações
Sociais" tem como finalidade, conhecer as representações sociais de vítimas de
violência doméstica, entender como este fenômeno é interiorizado e como essa
violência afeta na vida da vítima.
→ Categorias da violência
- A partir da definição de violência da Organização Mundial da Saúde, é possível
dividir a violência em três categorias: auto infligida, interpessoal e coletiva. Todas
essas violências apresentam subtipos, como: violência entre familiares é um subtipo
da violência interpessoal e pode ser dividida novamente em violência entre casais.
→ Patologias que uma pessoa que convive em um contexto violento tende a desenvolver
- Alcoolismo, depressão, ansiedade, uso de drogas, fobias, distúrbios alimentares,
baixa autoestima, etc.
→ Metodologia
- No presente artigo, foi feito um estudo de campo do tipo descritivo de abordagem
qualitativa é considerada uma amostra não probabilística. O estudo foi dirigido a 12
mulheres de 18 anos ou mais que buscaram a Delegacia Especializada no
Atendimento à Mulher no município de João Pessoa, Estado da Paraíba.
- A coleta de dados ocorreu entre março e abril de 2010 e foi aprovada pelo Comitê
de Ética da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba.
- A ideia era realizar uma entrevista envolvendo 5 perguntas, certificando o
entendimento sobre a violência, as causas, de que forma visualizavam o agressor,
as consequências e outras demais pontuações. As entrevistas se deram numa
localidade mais reservada para a sustentação do sigilo das informações recebidas
durante a pesquisa, garantindo critérios éticos. Foram apenas considerados para a
coleta de dados apontamentos em que as participantes estivessem vivenciando ou
já tivessem vivenciado anteriormente experiências de violência conjugal de
quaisquer tipos, e também não ter se recusado a assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE).
→ Resultados e Discussões
- Os resultados foram organizados em forma de tabela, demonstrando categorias sub
categorias desenvolvidas a partir dos seguintes tópicos:
→ Tipos de violência
- Foi constatado que a violência psicológica ou emocional e a violência física são as
mais frequentes. Na maioria dos casos, a violência psicológica ou emocional é a
mais encontrada, principalmente nas modalidades de humilhações, xingamentos e
desprezo.
→ Representações da violência
- Os sentimentos ligados à representação da violência são negativos e depreciativos.
Com a harmonia destruída, o casal passa a não ter mais qualidade na relação, que
começa a ser desgastante e perigosa. Uma vez iniciada, tornam-se constante as
brigas e discussões. Foi relatado que a violência ocorre quase que diariamente.
→ Insegurança
- As vítimas de violência doméstica desenvolvem uma insegurança de demonstrar
seus sentimentos devido a confusão de como pode ser a reação de seu agressor,
uma vez que eles são homens “bons” mas que tem reações descontroladas e
imprevisíveis.
→ Machismo Estrutural
- De acordo com Saffioti (2001), a violência tem a ver com as relações de poder
dentro da casa, uma vez que estamos inseridos numa sociedade onde o homem é a
figura dominante e a mulher deve ser submissa, além da diferença de gênero, outros
fatores que influenciam nessa desigualdade são a etnia e a classe social. Devido a
tal situação o espaço intrafamiliar se torna um ambiente desarmônico e desigual.
- Carneiro (2003) enfatiza que quanto maior o conjunto de desigualdade entre o
homem e a mulher, maior é a possibilidade de vulnerabilidade a preservação da
integridade física e emocional da mulher, já que ela fica a mercê de esperança de
mudança, idas e vindas e sentimentos de pena, sem contar com as agressões
físicas.
→ Causas de violência
- Mulheres vítimas de violência doméstica relatam que os maiores motivos pelos quais
são agredidas são o ciúme, uma vez que está relacionado a possessividade e ao
homens verem a mulher como objeto e sua propriedade, e a relação de poder, já
que desde cedo é ensinado ao homem que ele é superior a mulher e tem maiores
direitos e privilégios.
→ Consequências da violência
- O não reconhecimento de violência vem em sua maior parte de mulheres casadas
ou em uniões estáveis que não enxergam os abusos em sua intimidade e relação
conjugal, fazendo com que elas mesmas não vejam as consequências que as
agressões trazem para sua vida (Almeida & Bandeira, 2006).
- As vítimas de violência doméstica relatam que dentre das maiores consequências
dessa vivência estão: o Trauma, que faz com que elas tenham medo de se
relacionar com outra pessoa e passar pelo mesmo outra vez, o Desamor, que aos
poucos mesmo que seja difícil elas deixam de amar o agressor, e a Insensibilidade.
→ Insensibilidade
- Segundo Ribeiro e Coutinho (2011), a vivência da violência doméstica diminui
drasticamente a qualidade de vida dessas mulheres, atingindo negativamente sua
saúde física, psicológica e principalmente a social, fazendo as vítimas se isolarem
cada vez mais, e perderem gradativamente sua rede de apoio, tornando-se
vulneráveis e com poucas estratégias de enfrentamento, sendo cada vez mais difícil
quebrar este ciclo.
→ Considerações Finais
- Em relação às perspectivas para o futuro, foram encontradas perspectivas de mudar
o agressor: esperam realização pessoal, esperam sair do ciclo de violência e se
dedicarem aos filhos, apontando para representações “mágicas”, com pouca
percepção da real situação em que vivem, muitas vezes podendo até levar à morte
da vítima por seu parceiro.
- Para fazer realmente frente à violência doméstica é necessário dar continuidade à
integração das unidades de proteção à mulher, maior divulgação nos meios de
comunicação com o intuito de prevenir a violência e promover a saúde da mulher,
para que ela se sinta apoiada e encontre equipe multiprofissional competente e
integrada que lhe ajude a sair do ciclo de violência.