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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS MULHERES E AS CONSEQUÊNCIAS


PSICOLÓGICAS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

DOMESTIC VIOLENCE AGAINST WOMEN AND PSYCHOLOGICAL


CONSEQUENCES: A LITERATURE REVIEW

Rayana Rodrigues da Rosa Oliveira1


Maria Loreni Rosso2

Resumo: A violência doméstica é um fenômeno, uma ação baseada no gênero que causa
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, que não
distingue classe social, raça, etnia, religião, orientação sexual, idade e grau de escolaridade.
A pesquisa objetivou conhecer quais fatores são apontados como consequências
psicológicas resultantes da violência doméstica contra mulher. Elegeu-se como
metodologia a pesquisa descritiva e exploratória de cunho qualitativo, e a utilização de uma
pesquisa bibliográfica como instrumentos para a coleta de dados. No que se refere ao método
de análise, foi utilizada a técnica da análise de conteúdo. Os resultados indicam a violência
física como a prevalente entre os tipos de violência, seguida da psicológica e sexual. Na
categoria fatores e consequências psicológicas resultantes da violência doméstica contra
mulher as variáveis mais citadas foram estresse, depressão, ansiedade, angústia, tristeza
profunda, desânimo sofrimento psíquico, comportamento suicida, autoestima baixa,
insegurança, crises nervosas, dificuldades com novos relacionamentos, insatisfação com a
vida, com o corpo e com a vida sexual, situação de impotência tentativas de suicídio e óbito.
Os achados apontam que devido ao sofrimento psíquico, as mulheres vítimas de violência
doméstica tendem a ter comportamento depressivos e suicida que podem trazer consequências
graves para suas vidas. Infere-se que as consequências psicológicas podem desencadear
processos de adoecimento psíquico, portanto, conhecer as consequências resultantes da
violência doméstica foram importantes, porque a partir de uma base teórica sólida, é possível
buscar possibilidades de desenvolver uma prática voltada a esse público. Com base no
conhecimento adquirido a atuação do psicólogo pode ser direcionada para um atendimento
mais humanizado e eficaz, às mulheres vítimas de violência doméstica.

Palavras-chave: Violência doméstica. Violência contra mulher. Fatores psicológicos.


Consequências psicológicas. Violência por parceiros íntimos.

Abstract: Domestic violence is a phenomenon, an action based on gender that causes death,
injury, physical, sexual or psychological suffering and moral or property damage, which does
not distinguish social class, race, ethnicity, religion, sexual orientation, age and level of
education. The research aimed to know which factors are identified as psychological
consequences resulting from domestic violence against women. Descriptive and exploratory
research of a qualitative nature was chosen as the methodology, and the use of a bibliographic

1
Acadêmica do Curso Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:
rayanarodrigues281@gmail.com. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de
Graduação em Psicologia da Unisul. 2021.
2
Mestre. Prof. e orientadora do Curso Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul.
2

research as instruments for data collection. With regard to the method of analysis, the
technique of content analysis was used. The results indicate physical violence as the most
prevalent among the types of violence, followed by psychological and sexual. In the category
factors and psychological consequences resulting from domestic violence against women, the
most cited variables were stress, depression, anxiety, anguish, deep sadness, discouragement,
psychological distress, suicidal behavior, low self-esteem, insecurity, nervous crises,
difficulties with new relationships, dissatisfaction with life, with the body and with sexual life,
impotence, suicide attempts and death.The findings indicate that due to psychological distress,
women victims of domestic violence tend to have depressive and suicidal behavior that can
bring serious consequences to their lives. It is inferred that psychological consequences can
trigger processes of mental illness, therefore, knowing the consequences resulting from
domestic violence was important, because from a solid theoretical basis, it is possible to seek
possibilities to develop a practice aimed at this audience. Based on the knowledge acquired,
the work of the psychologist can be directed towards a more humanized and effective care for
women victims of domestic violence.

Keywords: Domestic violence. Violence against women. Psychological factors.


Psychological consequences. Intimate partner violence.

1 INTRODUÇÃO

Violência doméstica é denominada por abuso físico ou psicológico de um membro de


um núcleo familiar em relação a outro, com o objetivo de manter poder ou controle. Esse
abuso pode acontecer por meio de ações ou de omissões incluindo abuso infantil, abuso contra
os idosos e contra mulheres, sendo que a maioria das vítimas desse crime são mulheres
(BRASIL, 2002; GARCIA; FREITAS; HÖFELMANN, 2013).
Considera-se a violência contra a mulher os prejuízos à saúde física e mental da vítima,
“e não está ligada apenas ao uso da força física, mas também à ideia de submissão,
culturalmente impregnada nas relações de gêneros, na qual o homem comporta-se como ser
dominante e a mulher como inferior” (SILVA et al., 2015, p. 182). Estudos tem demostrado
que essa desigualdade de gênero estrutural, que subjuga as mulheres por seu gênero, é a
principal causa da violência contra a mulher, a qual se expressa de várias maneiras, desde o
estupro até a violência psicológica (GUIMARÃES; PEDROSA, 2015; MUNIZ;
FORTUNATO, 2018).
As consequências desse tipo de violência são terríveis para as vítimas, podendo levá-
las à morte. Nessa perspectiva, o estudo de Garcia e Silva (2016, p. 7) “confirmou que a
mortalidade de mulheres por agressões é elevada no Brasil e atinge mulheres de todas as faixas
etárias, etnias e níveis de escolaridade”.
Em conformidade com a Lei nº 11.340 de 07 de agosto de 2006, também conhecida
como Lei Maria da Penha, a violência doméstica contra mulher significa fazer ou não fazer
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algo a uma mulher capaz de causar sua morte, lesão, sofrimento físico sexual ou psicológico
e dano moral ou patrimonial. Mas o agressor e a vítima precisam ser membros de uma mesma
família ou existir algum tipo de vínculo íntimo afetivo entre eles (BRASIL, 2006).
Mesmo diante de diversas legislações de proteção à mulher como a Constituição
Federal, tratados internacionais e a Lei 11.340/2006 que foi sancionada com o objetivo de
coibir a violência doméstica, no entanto, elas continuam em uma proporção significante.
O tema violência contra mulher é um assunto muito debatido por diversos
pesquisadores desde 1983, quando Maria da Penha Maia Fernandes, que foi por duas vezes
vítima de tentativa de assassinato pelo ex-companheiro (GARCIA; SILVA, 2016). No
entanto, considera-se um tema atual e verifica-se que tem se agravado principalmente por
conta do isolamento social devido a Pandemia Covid 19. Segundo a pesquisa publicada pela
Revista da UFMS, nota-se que em algumas cidades, o número de casos de violência doméstica
aumentou na mesma proporção da quantidade de pessoas que aderiram ao distanciamento
social. Os resultados apontam que só na cidade do Rio de Janeiro, teve um aumento de mais
de 50% no número de denúncias desde que o isolamento começou (TXT, 2020).
Esse crescimento e agravamento dos casos de violência doméstica contra mulheres é
perceptível nos noticiários e redes sociais em que as próprias mulheres expõem ter passado
por algum tipo de violência. Estudos indicam que muitas mulheres que sofreram a violência
carregam consigo consequências psicológicas, impedindo de seguir com sua rotina,
normalmente, são coagidas, ameaçadas, e acabam não procurando ajuda (GARCIA; SILVA,
2016; MATORSINHOS, 2018). Tendo em vistas esses fatos, presume-se, que as
consequências psicológicas, frequentemente, encontradas nas mulheres podem acarretar em
insônias, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade, além de destruir sua autoestima.
Neste contexto, realizar uma pesquisa sobre consequências psicológicas resultantes da
violência doméstica contra mulher tem um valor social porque possivelmente, oferecerá
informações relevantes que podem ser compartilhadas tanto com a sociedade, quanto com
profissionais de saúde. Assim, a própria sociedade como, por exemplo, o governo, pode criar
ações de intervenções no que se refere às políticas de prevenção e enfrentamento à violência
doméstica contra mulher.
Considerando o acompanhamento psicológico de suma importância para que essas
mulheres possam seguir suas vidas, a importância de pesquisas como essa está em, dentre
outras coisas, contribuir para que os psicólogos conheçam o que tem sido cientificamente
publicado sobre o assunto, para, a partir de uma base teórica sólida, buscar-se possibilidades
de avançar o conhecimento e desenvolver uma prática voltada a esse público.
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Para a pesquisadora, a curiosidade científica em conhecer quais fatores é apontada


como consequências psicológicas resultantes da violência doméstica contra mulher são, a
partir do conhecimento adquirido, oferecer posteriormente, através do modelo de psicoterapia,
um atendimento mais humanizado e eficaz, às mulheres vítimas de violência doméstica. Visto
que as agressões deixam marcas nem sempre visíveis, mas que provocam consequências
drásticas na saúde mental de quem as sofre.
Diante do contexto apresentado apresenta-se como questão norteadora para este estudo
quais as consequências psicológicas a violência doméstica ocasiona na mulher? Para tanto
objetiva-se investigar, na literatura, quais fatores é apontado como consequências psicológicas
resultantes da violência doméstica contra mulher. Nessa perspectiva, a partir dos artigos
selecionados intenciona-se identificar os tipos de violência doméstica sofrida pelas mulheres;
quais fatores psicológicos e quais consequência são apontados como resultantes da violência
doméstica contra mulher.

2 MARCO TEÓRICO

2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência é vivenciada pela humanidade desde os primórdios da civilização. Sobre


essa questão, Porto (2014, p. 13) esclarece que “a violência é uma constante na natureza
humana [...], este triste atributo parece acompanhar passo a passo a humanidade”.
Para conceituar violência é necessário levar em consideração várias vertentes, que na
visão de Lima (2013), trata-se de um fenômeno extremamente complexo,

[...] que afunda suas raízes na interação de muitos fatores biológicos, sociais,
culturais, econômicos e políticos cuja definição não pode ter exatidão científica, já
que é uma questão de apreciação. A noção do que são comportamentos aceitáveis e
inaceitáveis, ou do que constitui um dano, está influenciada pela cultura e submetida
a uma continua revisão à medida que os valores e as normas sociais evoluem (LIMA,
2013, p. 54).
A violência, tanto física como psicológica, pode ser vista como opressão, um conflito
de interesses entre o ser opressor e o oprimido, uma relação social de hierarquia entre os sexos,
de dominação e subalternidade (FREITAS, 2020; MACHADO, 2013).
A violência doméstica é o tipo de violência que ocorre em um contexto familiar, uma
vez que, seja quem for a vítima predileta, os resultados atingirão a todos os membros da
família, sem exceção. Poderá ser entre o pai e a mãe, entre os pais e os filhos etc. A violência
doméstica inclui também outros membros do grupo, sem função parental, que convivem no
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espaço doméstico. Incluem-se aí empregados, pessoas que convivem esporadicamente e


agregados. Abusos sexuais a crianças e maus tratos a idosos também constituem violência
doméstica (MUSZKAT; MUSZKAT, 2016).
Neste sentido, as crianças são alvo da violência de diferentes formas: ao presenciar
atos de violência doméstica (especialmente quando envolve os seus pais), ao ser usada como
instrumento de chantagem, ou ser também agredida física ou moralmente. No caso de idosos,
eles podem ser abandonados, ter cuidados negligenciados, ser inibidos de usarem o seu próprio
dinheiro, além de serem humilhados e mesmo agredidos de forma física.
A violência doméstica inclui vários tipos de abusos, que podem manifestar-se com
diferentes graus de severidade. Dessa forma, cita-se cinco tipos de violência doméstica: a
física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
Violência física: ocorre quando uma pessoa tem poder em relação à outra e causa, ou
tenta causar, dano não acidental por meio da força física ou por algum tipo de arma, podendo
provocar lesões externas, internas ou ambas.
Violência sexual: posição de poder e por meio de força física, coerção ou intimidação
psicológica obriga outra a executar o ato sexual contra sua vontade ou a expõe a interações
sexuais que propiciem sua vitimização, das quais o agressor tenta obter gratificação.
Violência psicológica: é toda ação ou omissão que causa ou visa a causar dano à
autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa.
Violência patrimonial ou econômica: são todos os atos destrutivos ou omissões do
agressor que afetam a saúde emocional e a sobrevivência dos membros da família.
Violência moral: É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação
ou injúria (GARCIA; SILVA, 2016; MUSZKAT; MUSZKAT, 2016).
Em se tratando de abusos, Muszkat e Muszkat (2016) explicam que em uma relação
entre marido e mulher a desvalorização do outro é uma tentativa de sentir-se mais forte e
menos desamparado. Dessa forma, “procuram livrar-se de todos os sentimentos de
inferioridade atribuindo a impotência ao outro, seja pela força física, do mais forte sobre o
mais fraco, seja por meio de palavras ou de ações que diminuam o parceiro” (MUSZKAT;
MUSZKAT, 2016, p. 48).
Nesta perspectiva, o capítulo a seguir apresenta uma abordagem acerca da violência
doméstica contra mulheres.
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2.2 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER

O art. 5º da Lei Maria da Penha, define como violência doméstica e familiar contra a
mulher “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (BRASIL, 2006). Além de
constituir uma violação aos direitos humanos e resultar em expressivos custos econômicos e
sociais, a violência contra a mulher é importante problema de saúde pública (AGRA, 2018;
MATORSINHOS, 2018).
A lei 11.340/2006, conhecida como lei Maria da Penha, no intuito de facilitar a
identificação dos tipos de agressões, em seu artigo 7º, descreve formas de violência doméstica
contra a mulher, como sendo, dentre outras: violência física, pela prática de atos que ofendam
a sua saúde ou integridade física; violência psicológica, por condutas que lhes causem
qualquer forma de danos emocionais; violência sexual, por qualquer forma de
constrangimento a presenciar, manter ou a participar de relação sexual não desejada; violência
patrimonial, por atos que restrinjam ou impeçam o uso de seus bens, direitos e recursos
financeiros, bens ou documentos pessoais ou de trabalho; e, violência moral, caracterizada por
atos que configurem calúnia, difamação ou injúria (BRASIL, 2006).
A violência contra a mulher é problema conhecido no Brasil. Um caso notório é o de
Maria da Penha Maia Fernandes, que foi por duas vezes vítima de tentativa de assassinato
pelo ex-companheiro em 1983. Na primeira tentativa, levou um tiro que a deixou paraplégica.
Devido à morosidade da justiça nacional, instâncias internacionais foram acionadas. Em 2001,
após dezoito anos do acontecido, a Organização dos Estados Americanos (OEA)
responsabilizou o Brasil por omissão e negligência no que diz respeito à violência doméstica.
A OEA recomendou a tomada de medidas voltadas à criação de políticas públicas que
inibissem a violência doméstica e familiar contra a mulher (GARCIA; SILVA, 2016;
AZAMBUJA; NOGUEIRA, 2008).
Em resposta à recomendação, em 7 de agosto de 2006, foi sancionada a Lei no 11.340,
que ficou conhecida como Lei Maria da Penha. A lei criou mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher. Entre estes, destacam-se medidas integradas de
prevenção, como a oferta de atendimento policial especializado, em particular nas Delegacias
de Atendimento à Mulher (Deams), e a promoção e realização de campanhas educativas de
prevenção da violência contra a mulher. São previstas, ainda, medidas de assistência à mulher
em situação de violência doméstica e familiar, bem como medidas de urgência voltadas à
proteção da vítima (BRASIL, 2006).
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O Congresso Nacional, reconhecendo que superar a violência contra as mulheres é um


dos maiores desafios impostos ao Estado brasileiro, instaurou Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) com a finalidade de investigar a situação da violência contra a mulher no
Brasil e apurar denúncias de omissão por parte do poder público com relação à aplicação de
instrumentos instituídos em lei para proteger as mulheres em situação de violência. Segundo
o relatório da CPMI, aprovado em julho de 2013, a curva ascendente de feminicídios, a
elevada ocorrência de casos de violência contra a mulher e a tolerância do Estado, detectada
tanto por pesquisas, estudos e relatórios nacionais e internacionais (BRASIL, 2013).
O estudo de Garcia e Silva (2013) apontam que na América Latina, o primeiro país a
criminalizar o feminicídio em sua lei penal foi a Costa Rica, em 2007. O Brasil foi o 16º país
da América Latina a aprovar lei sobre feminicídio. A autoras ressaltam que a obtenção de
informações acuradas sobre feminicídios e sua relação com a violência de gênero é um
desafio, pois, na maioria dos países, assim como no Brasil, os sistemas de informação sobre
mortalidade não documentam a relação entre vítima e perpetrador, ou os motivos da morte
por agressão (OMS, 2005).
Podendo se manifestar de várias formas e com diferentes graus de severidade, estas
formas de violência não se produzem isoladamente, mas fazem parte de uma sequência
crescente de episódios, do qual o homicídio é a manifestação mais extrema.
De acordo com os resultados da pesquisa de Campos, Magalhaes e Angulo-Tuesta
(2020) no Brasil houve um aumento significativo da violência doméstica contra as mulheres,
entre 2009 e 2014. As taxas médias gerais de notificações quase triplicaram de 2009-2010
para 2013-2014. Os dados deste estudo assinalam aumento do número de mortes violentas de
mulheres em 230% nas três últimas décadas. O Mapa da Violência também mostrou que, dos
4.762 casos de feminicídio cometidos em 2013, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo
que, dentro desse percentual, 33,2% foram realizada por parceiros ou ex-parceiros.
Considerando que entre que os tipos de violência mais frequentes identificados nas
vítimas são a violência psicológica e física, o item a seguir traz uma abordagem acerca das
consequências psicológicas ocasionadas à mulher vítima de violência doméstica.

2.3 CONSEQUENCIAS PSÍCOLÓGICAS OCASIONADAS À MULHER VÍTIMA DE


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Com frequência as mulheres procuram ajuda nos serviços de saúde em decorrência de


palpitações, ansiedade, nervosismo, insônia ou perturbações digestivas vagas que podem ser
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sintomas decorrentes da tensão e da violência em seu cotidiano. Antes de medicá-las, os


profissionais de saúde devem sempre procurar conhecer sua história de vida, pois o tratamento
meramente sintomático manterá oculto o problema. A maioria das mulheres, se perguntadas
abertamente, discutirá as situações de violência que vivenciam. Mesmo que num primeiro
momento elas neguem por não estarem preparadas para lidar com o problema, o
questionamento pelo profissional de saúde, de maneira cuidadosa, facilita o início de um
diálogo e a possibilidade de um canal de ajuda. No documento sobre a violência intrafamiliar,
os pesquisadores observaram num determinado serviço que, ao serem perguntadas sobre
violência em sua casa, as mulheres diziam não, mas respondiam afirmativamente a perguntas
do tipo: você já foi agredida em casa por alguém da família? Já sentiu ou sente medo de
alguém? Esse tipo de abordagem mostra que a escolha das palavras é fator importante para
reconhecer o problema da violência e falar dele abertamente. A visita domiciliar é de grande
importância, pois permite a observação mais adequada para identificar, com mais segurança,
a situação de violência (BRASIL, 2002).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência sexual pode afetar a
saúde de diversas formas, que incluem gravidezes indesejadas, abortos induzidos, problemas
ginecológicos e doenças transmissíveis. Também está associada à maior probabilidade de
aborto, perda fetal, parto pré-termo e baixo peso ao nascer. Essas formas de violência podem
causar depressão, problemas de sono, distúrbios alimentares e outras formas de transtornos
mentais, como abuso de álcool e outras drogas. Com grande frequência, a violência doméstica
é causa de lesões, reportadas por 42% das mulheres como consequência desse tipo de
violência. Por fim, pode ter consequências fatais, como homicídios e suicídios (OMS, 2005,
BRASIL, 2006).
Falar da violência doméstica partindo-se de um ponto não tão visível a olho nu, mas
bastante manifesto, significa encarar desafios que buscam muitas vezes contrapor certas
“verdades” apregoadas. A vontade de encarar tais desafios vem do olhar psicológico e
psicanalítico, os quais não se deixam enganar pelas aparentes verdades disseminadas no
discurso vigente atualmente, ou seja, o machismo e o patriarcado ocupando o cenário principal
da violência doméstica. (BARBOZA, 2020). Ressalta-se, que não sequer aqui minimizar as
consequências desastrosas do machismo e do sistema patriarcal ainda vivenciado em algumas
famílias brasileiras. Porém, o que se quer dizer é que não é só esse o fator responsável pela
violência, havendo outros fatores de ordem psicológica e psicopatológica que merecem ser
estudados (BARBOZA, 2020).
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A natureza repetitiva da violência doméstica indica a importância da detecção precoce


e prevenção de problemas futuros dela decorrentes. É importante orientar as vítimas sobre a
natureza e o curso da violência doméstica, fornecendo informações sobre os recursos
existentes na comunidade, grupos de autoajuda e como prevenir novos episódios. Neste
sentido, o acompanhamento psicológico é útil para uma mudança nos padrões do
relacionamento, em intervenções de longo prazo. Os profissionais devem identificar pacientes
com alto risco de tornarem-se abusadores no futuro, os quais devem ser encaminhados a
serviços de saúde mental para melhor lidar com situações de estresse e buscar alternativas não
violentas na resolução de conflitos. Algumas atitudes são facilitadoras à abordagem nos casos
de violência contra a mulher (BRASIL, 2002).

3 MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, de caráter exploratório descritivo. A


abordagem qualitativa “aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações
humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas”
(MINAYO, 2007, p. 22). De acordo com Gil (2008) a abordagem qualitativa não busca apenas
medir um tema, mas descrevê-lo, usando impressões, opiniões e pontos de vista. O caráter
exploratório objetiva familiaridade com o problema objeto da pesquisa, de forma a permitir a
construção de hipóteses ao tomar a questão mais clara (GIL, 2008). Enquanto pesquisa
descritiva busca-se a descrição de característica de populações ou fenômeno e de correlação
entre variáveis, sendo realizadas por meio de técnicas padronizadas de coletas de dados (GIL,
2008).
Os dados coletados são provenientes de uma pesquisa bibliográfica (Quadro 1). A
pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais
teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas (GIL, 2019).
Sendo assim, foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados LILACS, e
EBSCO no período de abril a outubro de 2021. Para tanto, foram utilizados os seguintes
descritores: Violência doméstica AND mulher; tipos de violência doméstica; violência
doméstica AND fatores psicológicos; violência doméstica AND mulher AND consequências,
violência contra mulher; mulheres maltratadas; violência doméstica; violência por parceiros
íntimos.
Foram incluídos neste estudo 72 artigos científicos publicados entre 2019 e 2021 no
idioma português e com texto completo disponível.
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Quadro 1 – Estudos resultantes da revisão de literatura


Títulos/autor/ano Tipo de estudo Objetivos Resultados
A1 - Caracterização das notificações Estudo documental, retrospectivo, Descrever características Ocorreram 883 (100%) violências contra
de violência contra mulheres em um descritivo. sociodemográficas das mulheres, destas 314 (35,5%) para mulheres
hospital de ensino do Paraná. violências interpessoais em em idade fértil (10 a 49 anos), sendo 130
(KASSIN et al., 2020). mulheres em idade fértil, (41,4%) na faixa etária de 10 a 19 anos, ou
notificadas em um hospital de seja, na adolescência. Do total 197 (62,7%)
ensino público no período de eram brancas, 302 (96,1%) residentes em
2014 a 2018 região urbana, 302 (96,1%) com ensino
fundamental incompleto e 125 (39,8%)
solteiras. A autoria da agressão teve
predominância para sexo masculino 197
(62,7%), e o local de ocorrência foi a residência
da vítima 185 (64,9%).
A2 - Traumas em mulheres vítimas de Pesquisa descritiva, quantitativa e Identificar os principais traumas Verificou-se que a idade média das mulheres
violência: uma análise em Recife-PE. retrospectiva em mulheres vítimas de era de 31,82 anos, 52,6% sofreram violência
(SOUSA et al., 2020). violência física atendidas em um física/espancamento; 45,4% sofreram
hospital público da cidade do traumatismo cranioencefálico enquanto 23,7%
Recife/PE tiveram politraumas. O traumatismo
cranioencefálico foi o trauma mais frequente
entre os casos de violência física/espancamento
(58,8%) (p-valor: 0,001).
A3- Relações de poder nas situações Pesquisa exploratório-descritiva, investigar a tendência dos Foram encontrados sete artigos científicos que
de violência doméstica contra a qualitativa, estudos científicos sobre foram lidos na íntegra e submetidos
mulher: tendência dos estudos. desenvolvida através de Revisão “relações de poder presentes nas à análise de conteúdo. Elaboraram-se três
(AMARIJO et al., 2020). Sistemática de Literatura situações categorias analíticas: “Marcadores sociais que
de violência doméstica contra a contribuem para a
mulher”. ocorrência da VDCM”, “Construção identitária
de mulheres que sofrem violência doméstica”,
“Consequências
da violência doméstica para a saúde das
mulheres e a prática profissional”
A4 - Violência praticada por parceiros Pesquisa qualitativa. Identificar violência praticada Entre as participantes, 29 relataram
íntimos a mulheres com depressão. por parceiro íntimo a mulheres história de violência, sendo a maior parte das
(FRAZÃO et al., 2020). com agressões praticada por parceiros
depressão. íntimos. A análise das falas permitiu a
subdivisão do conteúdo em três núcleos
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temáticos: tipos de violência sofrida, denúncia


das agressões e falta de apoio
familiar.
A5 - Violência entre parceiros Revisão sistemática da Investigar Os resultados sugerem que existe uma
íntimos e as implicações para a saúde Literatura. as consequências da violência significativa relação entre
da mulher. (LOURENÇO, COSTA doméstica entre parceiros violência entre parceiros íntimos e agravos à
(2020). íntimos para a saúde da mulher. saúde da mulher, especialmente à saúde mental.
A6 - Violência contra as mulheres na Estudo descritivo e de abordagem Compreender como os : As narrativas revelaram como os
prática de enfermeiras da atenção Qualitativa. enfermeiros que atuam na colaboradores percebem a violência contra as
primária à saúde (SILVA; RIBEIRO Atenção Primária à Saúde mulheres e os significados atribuídos
(2020). identificam a violência contra as pelos mesmos. Emergiram três categorias:
mulheres e descrever a Percepção do enfermeiro sobre a violência
assistência de enfermagem contra as mulheres; Assistência de
prestada a essas mulheres. enfermagem às mulheres que sofrem violência
e; Capacitação para o reconhecimento da
violência pela própria mulher e pelo
enfermeiro.
A7 - Identificação e conduta da Estudo descritivo e exploratório Descrever o conhecimento dos Os dados demonstraram que os estudantes
violência doméstica contra a mulher com abordagem qualitativa. estudantes universitários na universitários apresentam
sob a ótica dos estudantes identificação e conduta dos conhecimento incipiente sobre a identificação e
universitários. (VIEIRA et al., 2019). casos de violência conduta da violência doméstica contra a
doméstica contra a mulher. mulher, além de
apontarem o sentimento de despreparo na
identificação e no manejo deste agravo.
A8 - Mulheres-mães em situação de A metodologia analisar a realidade de mulheres- Confirmou-se a influência do contexto
violência doméstica e familiar no foi qualitativa por meio de mães histórico/social no desafio para reaver a guarda
contexto do acolhimento institucional aproximação etnográfica que se encontram em situação de dos(as) filhos(as), intensificada pela
de seus(as) filhos(as): o paradoxo da realizada no Centro de Referência vulnerabilidade perspectiva
proteção integral. (CLETO; Especializado de e/ou violência doméstica e dos marcadores sociais da diferença e dos
COVOLAN; SIGNORELLI (2019). Assistência Social e na instituição familiar no contexto do diversos
de acolhimento acolhimento institucional de processos de (re)produção de desigualdade.
para crianças e adolescentes de seus(as) filhos(as) por
um município do medida de proteção, bem como
litoral do Paraná, no período de os principais desafios
2012 a 2015 para a rede de apoio e
atendimento.
A9 - Violência por parceiro íntimo Pesquisa qualitativa descritiva. Identificar nos registros de A violência praticada por parceiro íntimo torna-
em abuso de álcool perpetrada contra ocorrência de uma Delegacia se frequente com o uso abusivo de álcool, sob a
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mulheres no climatério. (PIRES et al., Especializada no Atendimento à forma de violência física, psicológica e sexual e
2019). Mulher (DEAM), as situações de na fase do climatério as agressões foram
violência perpetradas por constantes.
parceiro íntimo em abuso de
álcool contra mulheres no
climatério.
A10 - Perfil sociodemográfico da Estudo ecológico com dados Descrever o perfil Foram encontradas 2.959 notificações no
violência doméstica, sexual e outras, secundários do ano de 2014, sociodemográfico de mulheres SINAN referentes a casos de violência sofrida
sofrida pelas mulheres em Salvador, referentes ao segmento Doenças e que foram violentadas, no por mulheres, no município de Salvador-Bahia,
no ano de 2014. (DIAS; MENDES, Agravos de Notificação, município de Salvador-BA, em no ano de 2014. Quanto à caracterização dessas
2019). integrante do Departamento de 2014. vítimas, predominaram mulheres de cor parda,
Informações, do Sistema Único com idade entre 15 e 19 anos, que cursaram de
de Saúde. forma incompleta o Ensino Fundamental de 5ª
a 8ª série. Dos casos registrados, a grande
maioria refere-se ao tipo, violência física,
perpetrada em via pública por pessoas
conhecidas.
A11 - Violência em mulheres com Estudo exploratório e descritivo, Compreender a relação entre a entre as participantes, 29 tinham história de
diagnóstico de depressão. (FRAZÃO com abordagem qualitativa depressão e o histórico de violência, sendo a maior parte das agressões
et al., 2019). violência em mulheres praticada por parceiros íntimos. Observou-se
que
os termos mais citados pelas mulheres foram:
não, medo, marido, sofrimento, bater,
apanhar, violência e problema. Mediante as
falas das mulheres, foi evidenciado que
as agressões sofridas foram o principal motivo
para o desenvolvimento da depressão.
A12 - Notificações de violências Estudo descritivo, exploratório, Apresentar os dados A proporção de 81,7%
contra a mulher adulta no Estado de de caráter quantitativo. epidemiológicos da violência das violências foi verificada na zona urbana,
São Paulo em 2014. (CARNEVALLE doméstica, sendo a residência (66,4%)
et al., 2019). sexual e/ou outras violências que o local de maior ocorrência. As taxas de
atingiram a mulher adulta no ano violência entre as faixas etárias
2014 variaram entre 0,029 a 0,039 por 100 mil
no Estado de São Paulo. habitantes do sexo feminino;
sendo as mulheres casadas ou em união
consensual e ainda as negras as
mais atingidas. O homem foi o maior
representante provável da autoria dos
13

atos de violência (64,8%), sendo a suspeita da


associação com consumo
de álcool demonstrado em 30% dos casos. O
comportamento violento e
repetitivo atingiu 41,4% revelando que a
reincidência é uma realidade a
ser enfrentada. O vínculo/grau de parentesco do
provável autor da agressão
pertenceu ao grupo companheiro, em todos os
tipos de violência, exceto
na sexual. O estupro constituiu-se na forma
mais incidente de violência
sexual, sendo realizada a profilaxia de DST
(45,2%), HIV (44,7%), Hepatite
B (30,8%) e contracepção de emergência
(29,5%). O aborto legal foi
necessário para 2,6% dos casos.
A13 - Contexto da violência conjugal Pesquisa qualitativa baseada na Desvelar o contexto da violência Em que pese a Lei Maria da Penha, o estudo
em tempos de maria da penha: um Grounded Theory. conjugal experienciados por revela que as relações conjugais das mulheres
estudo em Grounded mulheres em processo judicial. são permeadas por abusos físicos, sexuais,
Theory (CARNEIRO et al., 2019). psicológicos, morais e patrimoniais, inclusive
expulsão do lar.
A14 - Violência contra a mulher e Estudo exploratório, de natureza Compreender as percepções e Analisou-se que há um distanciamento
adoecimento mental: Percepções e qualitativa. práticas de entre as percepções e as ações realizadas, e que
práticas de profissionais de saúde em profissionais de um Centro de há muitos
um Centro de Atenção Psicossocial. Atenção Psicossocial (CAPS) desafios ainda quanto ao trato dessa temática,
(TEIXEIRA; PAIVA, 2021). diante da violência contra a entre eles a
mulher. falta de estrutura social e política e a falta de
capacitação
destes profissionais.
A 15 - Violência íntima: experiências Pesquisa qualitativa Compreender a experiência Entrevistas com 21 mulheres mostraram
de mulheres na Atenção Primária à dessas mulheres no contexto dificuldades de revelação da VI e
Saúde no Rio de Janeiro, RJ, Brasil. do cuidado ofertado na APS na possibilidades de atuação da APS,
(ESPERANDIO; MOURA; cidade do Rio de Janeiro, de identificando a precarização da
FAVORETO, 2020). estado homônimo, Brasil. rede. Sugestões para abordagem: criação de
grupos, escuta empática e vínculo.
14

A 16 - Evolução da notificação Estudo ecológico descritivo sobre Descrever as características da 43.256 casos foram notificados, evidenciando
de violência contra mulher no os casos de violência interpessoal violência contra as mulheres aumento no período (β = 0,001; p = 0,006); a
município de São Paulo, 2008-2015. contra mulheres de 20 a 59 anos notificadas no município violência
(MARINHO; GIRIANELLI, 2019). registrados na Prefeitura de São de São Paulo, 2008-2015. física foi predominante (81,3%) entre mulheres
Paulo. de 20 a 29 anos (37,6%). O agressor era do
. sexo masculino
(47,7%) e conhecido (62,5%), com ocorrência
na residência da vítima (31,6%); as partes do
corpo mais
atingidas foram a cabeça (31,7%) e os
membros (21,4%), ocasionando principalmente
traumas (60%).
A 17 - Qual o efeito Optou-se por utilizar informações Analisar o efeito da violência Os resultados indicam que mais de 80%
da violência contra a mulher brasileira da PNS (2013) para a consecução contra a mulher na das mulheres que sofreram violência por
na autopercepção da saúde? (CRUS; do objetivo. autopercepção da saúde, a indivíduo nos últimos doze meses anteriores a
IRFFI, 2019). partir de uma população de pesquisa,
mulheres brasileiras relataram como mais grave a agressão
com idades entre 20 e 49 anos, psicológica
considerando as e/ou física. O pior reporte de saúde foi maior
informações da Pesquisa entre mulheres que relataram violência sofrida
Nacional de Saúde de por
2013. pessoa conhecida, em caso de residentes em
áreas
rurais; já dentre as residentes de localidades
urbanas, houve relatos de violência perpetrada
por
agressor desconhecido.
A 18 - Perfil epidemiológico de Estudo epidemiológico descritivo, Descrever o perfil Os resultados apresentam um
mulheres em situação de violência de retrospectivo, com abordagem epidemiológico de mulheres em percentual elevado dos casos de agressão
gênero no estado do Ceará, 2008 a quantitativa. situação contra o sexo feminino em 61,4%. A faixa
2017. (COELHO et al., 2019). de violência de gênero no estado etária com o
do Ceará. maior número de casos de mulheres em
situação de violência incide entre as idades de
20 a 49 anos,
com 53,6%. Em relação à escolaridade, 43,6%
dessas mulheres estudaram até o ensino
fundamental
15

e 9,8% são analfabetas. Na situação conjugal,


49,4% declaram ser solteiras. A maior
proporção
registrada de violência foi do tipo física
(51,3%), seguida por violência psicológica
(34%) e sexual
(14,8%).
A 19 - Violência contra mulheres em Estudo Analisar : Foram notificados 307 episódios de violência
Niterói, Rio de Janeiro: informações descritivo de série de casos. As as notificações de violência com incidência de 26,2/100 mil, decrescente
do Sistema de Vigilância de fontes de dados foram o Sistema contra mulheres (10 anos de com
Violências e Acidentes (2010-2014). de Informação de Agravos de idade ou mais), residentes em a idade. O percentual de incompletitude variou
(TEOFILO et al., 2019). Notificação (SINAN) e o Niterói/RJ (2010-2014). de 0 a 65%. Violência física (186) predominou,
Departamento Método: Estudo seguida de violências psicológica
de Informática do Sistema Único descritivo de série de casos. (121) e sexual (96) e de negligência (64). As
de Saúde (DATASUS). adolescentes foram as principais vítimas de
violência sexual (56,3%). Cônjuges,
ex-cônjuges, namorados(as), ex-namorados(as)
foram autores em 42,6% das agressões físicas,
indicando ocorrência de violência
entre parceiros íntimos. Mães foram
responsáveis por 50,7% das negligências,
refletindo a ausência de compartilhamento e a
sobrecarga feminina com relação à criação dos
filhos.
Fonte: Elaboração da autora, 2021.
16

No que se refere ao método de análise, foi utilizada a técnica da análise de conteúdo.


Conforme Minayo (2007) e Bardin (2011), a análise de conteúdo se constitui de um conjunto
de técnicas e instrumentos utilizados na fase de análise e interpretação de dados de uma
pesquisa, aplicando-se, ao exame de documentos escritos, discursos entre outros, com a
finalidade de uma leitura crítica e aprofundada levando à descrição e interpretação destes
materiais, assim como a inferências sobre suas condições de produção e recepção.
Seguindo o modelo de Bardin (2011), essa análise permitiu a descrição objetiva do
conteúdo extraído das publicações pesquisadas, desenvolvendo-se em três fases: a) a pré-
análise, na qual realizou-se uma leitura flutuante dos artigos, com o foco nos itens: resumo,
introdução resultados e considerações finais. Esta etapa teve como objetivo verificar em que
medida a obra consultada interessa à pesquisa; b) a exploração do material (artigos), da qual
se construiu um roteiro de codificação, resultando em indicadores com as categorias de análise
e suas respectivas variáveis, os indicadores e as categorias de análise serviram de orientação
para interpretação final da pesquisa (Quadro 2); c) o tratamento dos resultados, no qual
aplicou-se um estudo cuidadoso das categorias de análise fazendo associações e comparações,
possibilitando a verificação do conteúdo extraído com o tema proposto para o estudo.

4 ANÁLISE E RESULTADOS

Neste capítulo, são apresentadas a interpretação e análise dos resultados obtidos na


pesquisa a partir das categorias e a definição de suas variáveis. Na pesquisa bibliográfica
foram encontrados um total de 72 artigos. Depois de aplicados os critérios de inclusão e
exclusão, foram selecionados um total de 19 artigos. Para tanto, segue o roteiro de codificação
com as categorias de análise e suas variáveis correspondentes.

Quadro 2 – Roteiro de codificação (categorias e variáveis de análise)


Categoria Variáveis de análise

Tipos de Violência Violência física, psicológica e sexual.

Fatores e Estresse, depressão, ansiedade, angústia, tristeza profunda, desânimo


consequências sofrimento psíquico, comportamento suicida, autoestima baixa, insegurança,
psicológicas crises nervosas, dificuldades com novos relacionamentos, insatisfação com a
vida, com o corpo e com a vida sexual, situação de impotência tentativas de
suicídio e óbito.
Fonte: Elaboração da autora, 2021.
17

A interpretação e análise dos resultados obtidos nesta pesquisa são expostas conforme
ordem das categorias de estudo selecionadas (tipos de violência doméstica sofrida pelas
mulheres; fatores e consequências psicológicas resultantes da violência doméstica contra
mulher).

4.1 TIPOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA SOFRIDA PELAS MULHERES

Os 19 estudos analisados nesta pesquisa evidenciam que violência física, psicológica


e sexual são os mais frequentes tipos de violência domésticas sofridas pelas mulheres. Sendo
que os tipos de violência que mais se destacaram neste estudo foram a física e a psicológica.
O estudo de Carnevalle et al., (2019, p. 15) aponta que de todos os tipos de violência
vivenciadas pelas mulheres a física e a psicológica foram as mais prevalentes. E, que na
maioria dos casos é “praticada dentro da própria residência, na zona urbana, por companheiros
ou ex companheiros”.
No que tange a violência física ela “está presente em quase um terço dos casos de
violência contra a mulher em todo mundo. Dados do Japão e Etiópia mostram que entre 15%
e 71% das mulheres sofreram violência física e/ou sexual por parte de um parceiro em sua
vida” (KASSIN et al. (2020, p. 9). Pesquisas evidenciam que este tipo de violência se
manifesta por meio de tapas, socos, empurrões, arremesso de objetos, tentativa de
enforcamento, puxões pelos cabelos, chutes, torções, estrangulamentos, queimaduras,
perfurações, mutilações e ferimentos por arma de fogo (DIAS, MENDES, 2019;
LOURENÇO; COSTA, 2020; PIRES et al, 2019). Sobre este aspecto, um achado bastante
relevante aponta que “em muitas situações, a violência estava associada ao consumo de drogas
e bebidas alcoólicas, sendo presenciada pelos filhos, os quais, em alguns casos, cresceram
com traumas decorrentes do sofrimento vivenciado” (FRAZÃO et al., 2020, p. 3).
Com relação ao uso de álcool e drogas, os resultados da pesquisa de Coelho et al.
(2019, p. 44) revelam que “a violência física é refletida fisicamente, deixando marcas
evidentes que não podem ser escondidas, condicionando a vítima ao medo e suas lesões
causam diminuição da autoestima e privação do convívio social”. Com base na análise dos
achados deste estudo, verifica-se que mais da metade dos casos de violência contra mulheres
caracteriza-se como algum tipo de violência física, praticada em sua maioria pelo gênero
masculino; e que esse tipo de violência além de deixar danos visíveis como hematomas,
ferimentos e cortes, também deixam marcas invisíveis que não são percebidas como agressão,
neste caso a violência psicológica.
18

Em relação a tal aspecto Amarijo et al. (2020, p. 9) explicam que “para que a violência
física ocorra é quase um pré-requisito que a psicológica/moral já esteja presente,
desestruturando a relação conjugal de forma, muitas vezes, devastadora danificando a saúde
mental das mulheres”. Citada pelos estudos analisados, a violência psicológica é
caracterizada por xingamentos, humilhações, ameaças, proibições e imposição de restrição de
liberdade (AMARIJO et al., 2020; FRAZÃO et al., 2020; PIRES et al., 2019; TEIXEIRA;
PAIVA, 2021; SILVA; RIBEIRO, 2020). De acordo com tais achados este tipo de violência
causa significativo dano emocional, diminuição da autoestima e isolamento social dessas
mulheres. Os achados de Amarijo et al. (2020, p. 9) sugerem que inúmeras mulheres que
vivenciam a violência psicológica “a consideram como sendo a mais difícil de suportar apesar
de demorarem anos para reconhecê-la como uma das expressões da violência”. Segundo Pires
et al., (2019, p. 9) em muitas situações, “é de difícil identificação pela mulher, podendo durar
por muito tempo, causar danos mentais, pensamentos suicidas, depressão e progredir para a
violência física”. Nos resultados do estudo de Carneiro et al. (2019) é possível verificar o
quanto as ações de violência psicológica afetam a saúde mental dessas mulheres.

Essas manifestações da violência psicológica acabam por atingir a imagem corporal


feminina, comprometendo sua autoestima. As mulheres revelaram um contexto
conjugal permeado pela vivência de violência psicológica, que compromete sua
saúde mental e autodeterminação (CARNEIRO et al., 2019, p. 6).
Entra neste contexto a violência sexual, classificada neste estudo como o terceiro tipo
de violência doméstica sofrida pelas mulheres. Verifica-se que a violência em forma de
estupros e atitudes de crueldade, resultam em intenso sofrimento psíquico (FRAZÃO et al.,
2020). Um ponto a ser destacado sobre a violência sexual é que mulheres que sofrem este tipo
de violência, a maioria delas, têm dificuldade de denunciar, de pedir ajuda, sentem medo e
profunda vergonha pela situação vivenciada. Atribui-se a isto o fato de a violência sexual não
ter sido a mais citada nos achados dos artigos analisados.
Segundo Amarijo et al. (2020, p. 6) “quando as mulheres se encontram em situação de
violência, por vezes, elas tentam pôr um fim nessa vivência, entretanto, ficam divididas entre
a denúncia e a superação”. Na maioria dos casos as mulheres têm dificuldade de relatar sobre
a vivência deste tipo de violência. Os achados encontrados por Esperandio, Moura e Favoreto
(2020, p. 6) indicam que,

[...] mulheres costumam enfrentar sozinhas as dificuldades no relacionamento


abusivo, por medo de críticas e juízos sociais. O sentimento de isolamento é
constante, o apoio familiar é raro e o silêncio sobre o ocorrido parece estar
relacionado ao receio de trazer ainda mais problemas para pessoas próximas.
19

Para os estudos que predominou este tipo de violência, os resultados indicam que as
mulheres violentadas podem sofrer consequências comportamentais, sociais e de saúde mental
(DIAS; MENDES, 2019; COELHO et al., 2019; CRUS; IRFFI, 2019; MARINHO;
GIRIANELLI, 2019; SILVA; RIBEIRO, 2019; TEOFILO et al., 2019) Tais achados são
evidenciados pelo estudo de Pires et al. (2019, p. 9) ao apontarem que

A violência por parceiro íntimo inclui o abuso emocional e comportamentos


controladores pelo parceiro durante ou após o término da relação, o que pode causar
transtornos mentais, dificuldade para a criação de vínculos afetivos, além de
aumentar o risco para abuso de álcool e outras drogas.
Diante de tais dados, infere-se que a violência sexual pode se apresentar de forma mais
difícil de ser enfrentada, mas pode ser considerada tão grave quanto as outras formas de
violência encontradas neste estudo.

4.2 FATORES E CONSEQUENCIA PSICOLÓGICAS RESULTANTES DA VIOLÊNCIA


DOMÉSTICA CONTRA MULHER

Na abordagem sobre fatores psicológicos Lopez, Pascoal e Magalhães (2018, p. 1)


explicam que esses fatores “abrangem aspectos como transtorno mental, traço de
personalidade ou estilo de tolerância e comportamentos que comprometem a saúde”.
Na categoria fatores e consequências psicológicas resultantes da violência doméstica
contra mulher as variáveis mais citadas foram estresse, depressão, ansiedade, angústia, tristeza
profunda, desânimo sofrimento psíquico, comportamento suicida, autoestima baixa,
insegurança, crises nervosas, dificuldades com novos relacionamentos, insatisfação com a
vida, com o corpo e com a vida sexual, situação de impotência tentativas de suicídio e óbito.
Nessa dinâmica, o estudo de Lourenço e Costa (2020, p. 14) identificam que as variáveis
tristeza, solidão, tendência ao suicídio, estresse e medo “se configuram como sintomas de
transtornos mentais comuns tais como a Depressão e ao Transtorno de Estresse Pós-
Traumático”, também considerados como agravos decorrentes da violência.
A partir do estudo de Vieira et al. (2019) é possível afirmar que as mudanças
comportamentais de mulheres que vivenciam uma situação de violência estão associadas aos
fatores psicológicos apontados neste estudo. Nesta perspectiva, os achados do estudo de
Frazão et al. (2019) evidenciaram que mulheres vítimas de violência doméstica relacionaram
o adoecimento psíquico às agressões cometidas pelo companheiro. Corroborando com este
achado cita-se o estudo de Cleto, Covolan e Signorelli (2019, p.163) em que compreendem
20

que a “violência doméstica e o abuso crônico afetam os comportamentos educativos das mães
e a capacidade de dar suporte emocional aos outros, incluindo os próprios filhos”.
Com relação as consequências psicológicas decorrentes da violência doméstica contra
mulher, dos artigos analisados, os estudos de Amarijo et al. (2020), Cerqueira, Moura e
Pasinato (2019), Dias e Mendes (2019), Esperandio, Moura e Favoreto (2020), Frazão et al.
(2019), Frazão et al., (2020) e Lourenço e Costa (2020) apontam como consequências
psicológicas as seguintes variáveis: falta de autonomia pessoal, autoestima baixa, absenteísmo
ao trabalho, insegurança, crises nervosas, perda de apetite, dificuldades com novos
relacionamentos, sono prejudicado, insatisfação com a vida, com o corpo e com a vida sexual,
óbito, situação de impotência e alteração comportamental, tentativas de suicídio.
Fazendo uma correlação com a categoria fatores psicológicos resultantes da violência
doméstica contra mulher, verifica-se que as consequências da violência psicológica podem
desencadear processos de adoecimento psíquico, sendo mais comum a depressão (FRAZÃO
et al., 2020). “Esta é tida como uma das principais consequências da violência conjugal para
as mulheres, provocando angústia, tristeza profunda, desânimo, situação de impotência e
alteração comportamental, tentativas de suicídio, entre outros” (FRAZÃO et al., 2020, p. 6).
Conforme apontam os achados do estudo de Amarijo et al., (2020, p. 10) “a depressão
vivenciada por mulheres em situação de violência pode ser fruto de uma sociedade machista
cujo poder androcentrista é legitimado e visto como algo natural”. Diante dos estudos
analisados verifica-se uma forte relação entre fatores psicológicos e as consequências
psicológicas decorrentes da violência doméstica, visto que alguns estudos citam a violência
sofrida, sobretudo por parceiros íntimos, como a principal causadora da depressão. (FRAZÃO
et al., 2019).
Dias e Mendes (2019, p. 25) ao analisar o perfil sociodemográfico da violência
doméstica, sexual e outras, sofrida pelas mulheres em Salvador, apontam que a violência
sexual “pode trazer consequências sérias à saúde das vítimas, como doenças sexualmente
transmissíveis, principalmente AIDS, gravidez indesejada, aborto inseguro, transtornos
psicológicos e psiquiátricos pós-trauma e, mesmo, suicídio”. A variável suicídio é um ponto
que merece destaque neste estudo, é uma consequência que ficou evidenciada na maioria dos
artigos analisados. Corroborando com os achados deste estudo, os resultados da pesquisa de
Correia et al., (2019, p. 222) assinalam que “diante do sofrimento psíquico decorrente da
violência doméstica, algumas mulheres apresentam ideação constante de morte como a única
solução para os problemas, incluindo-se recorrentes tentativas de suicídio”.
21

A partir da análise dos artigos citados no quadro 1 este estudo evidenciou que na
categoria tipos de violência doméstica sofrida pelas mulheres destacou-se a violência física,
nesta, verifica-se que na maioria dos casos, não é realizada em público, mas sim no âmbito
privado e por pessoas do convívio dessas mulheres, o mais citado foi por parceiros íntimos.
Na categoria fatores e consequências psicológicas resultantes da violência doméstica contra
mulher percebe-se que a maioria das vítimas não consegue reconhecer que está sofrendo um
tipo de violência, essa situação faz com que permaneça por muito tempo envolvida com seu
agressor, podendo apresentar transtornos mentais comuns e transtorno de estresse. Nas
consequências psicológicas identifica-se que sinais de comportamento depressivo, tais como
choro recorrente, baixa autoestima, tristeza, sentimentos de inferioridade entre outros podem
comprometer as atividades diárias, assim como o desempenho profissional.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou identificar as consequências psicológicas que a violência


doméstica ocasiona na mulher. Para tanto evidenciou-se que dos tipos de violência doméstica
sofrida pelas mulheres, a violência física foi a mais apontada nos estudos analisados, seguida
da psicológica e sexual. Nestes tipos de violência doméstica verifica-se grande
comprometimento para a saúde e qualidade de vida dessas mulheres.
Na identificação dos fatores psicológicos e consequências psicológicas resultantes da
violência doméstica contra mulher é importante destacar que devido ao sofrimento psíquico,
essas mulheres tendem a ter comportamento depressivos e suicida que podem trazer
consequências graves para suas vidas.
Como questão norteadora para este estudo, as consequências psicológicas decorrentes
da violência doméstica contra mulher podem estar associadas em traumas e doenças no
decorrer da vida dessas mulheres. Das consequências apontadas pelas publicações analisadas,
destaca-se autoestima baixa, insegurança, crises nervosas, insatisfação com a vida, com o
corpo e tentativas de suicídio. Portanto, infere-se que é comum essas mulheres se sentirem
inferior aos demais, têm dificuldades de buscar a independência sem condições para estudar
ou vislumbrar um futuro melhor, sentem-se incapazes, silenciadas e menosprezadas.
Conhecer o que tem sido publicado cientificamente sobre dos tipos de violência
sofridas pelas mulheres, os fatores psicológicos e as consequências resultantes da violência
doméstica foram importantes, porque a partir de uma base teórica sólida, é possível buscar
possibilidades de desenvolver uma prática voltada a esse público. Com base no conhecimento
22

adquirido a atuação do psicólogo pode ser direcionada para um atendimento mais humanizado
e eficaz, às mulheres vítimas de violência doméstica.

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