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Resumo: A violência doméstica é um fenômeno, uma ação baseada no gênero que causa
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, que não
distingue classe social, raça, etnia, religião, orientação sexual, idade e grau de escolaridade.
A pesquisa objetivou conhecer quais fatores são apontados como consequências
psicológicas resultantes da violência doméstica contra mulher. Elegeu-se como
metodologia a pesquisa descritiva e exploratória de cunho qualitativo, e a utilização de uma
pesquisa bibliográfica como instrumentos para a coleta de dados. No que se refere ao método
de análise, foi utilizada a técnica da análise de conteúdo. Os resultados indicam a violência
física como a prevalente entre os tipos de violência, seguida da psicológica e sexual. Na
categoria fatores e consequências psicológicas resultantes da violência doméstica contra
mulher as variáveis mais citadas foram estresse, depressão, ansiedade, angústia, tristeza
profunda, desânimo sofrimento psíquico, comportamento suicida, autoestima baixa,
insegurança, crises nervosas, dificuldades com novos relacionamentos, insatisfação com a
vida, com o corpo e com a vida sexual, situação de impotência tentativas de suicídio e óbito.
Os achados apontam que devido ao sofrimento psíquico, as mulheres vítimas de violência
doméstica tendem a ter comportamento depressivos e suicida que podem trazer consequências
graves para suas vidas. Infere-se que as consequências psicológicas podem desencadear
processos de adoecimento psíquico, portanto, conhecer as consequências resultantes da
violência doméstica foram importantes, porque a partir de uma base teórica sólida, é possível
buscar possibilidades de desenvolver uma prática voltada a esse público. Com base no
conhecimento adquirido a atuação do psicólogo pode ser direcionada para um atendimento
mais humanizado e eficaz, às mulheres vítimas de violência doméstica.
Abstract: Domestic violence is a phenomenon, an action based on gender that causes death,
injury, physical, sexual or psychological suffering and moral or property damage, which does
not distinguish social class, race, ethnicity, religion, sexual orientation, age and level of
education. The research aimed to know which factors are identified as psychological
consequences resulting from domestic violence against women. Descriptive and exploratory
research of a qualitative nature was chosen as the methodology, and the use of a bibliographic
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Acadêmica do Curso Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:
rayanarodrigues281@gmail.com. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de
Graduação em Psicologia da Unisul. 2021.
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Mestre. Prof. e orientadora do Curso Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul.
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research as instruments for data collection. With regard to the method of analysis, the
technique of content analysis was used. The results indicate physical violence as the most
prevalent among the types of violence, followed by psychological and sexual. In the category
factors and psychological consequences resulting from domestic violence against women, the
most cited variables were stress, depression, anxiety, anguish, deep sadness, discouragement,
psychological distress, suicidal behavior, low self-esteem, insecurity, nervous crises,
difficulties with new relationships, dissatisfaction with life, with the body and with sexual life,
impotence, suicide attempts and death.The findings indicate that due to psychological distress,
women victims of domestic violence tend to have depressive and suicidal behavior that can
bring serious consequences to their lives. It is inferred that psychological consequences can
trigger processes of mental illness, therefore, knowing the consequences resulting from
domestic violence was important, because from a solid theoretical basis, it is possible to seek
possibilities to develop a practice aimed at this audience. Based on the knowledge acquired,
the work of the psychologist can be directed towards a more humanized and effective care for
women victims of domestic violence.
1 INTRODUÇÃO
algo a uma mulher capaz de causar sua morte, lesão, sofrimento físico sexual ou psicológico
e dano moral ou patrimonial. Mas o agressor e a vítima precisam ser membros de uma mesma
família ou existir algum tipo de vínculo íntimo afetivo entre eles (BRASIL, 2006).
Mesmo diante de diversas legislações de proteção à mulher como a Constituição
Federal, tratados internacionais e a Lei 11.340/2006 que foi sancionada com o objetivo de
coibir a violência doméstica, no entanto, elas continuam em uma proporção significante.
O tema violência contra mulher é um assunto muito debatido por diversos
pesquisadores desde 1983, quando Maria da Penha Maia Fernandes, que foi por duas vezes
vítima de tentativa de assassinato pelo ex-companheiro (GARCIA; SILVA, 2016). No
entanto, considera-se um tema atual e verifica-se que tem se agravado principalmente por
conta do isolamento social devido a Pandemia Covid 19. Segundo a pesquisa publicada pela
Revista da UFMS, nota-se que em algumas cidades, o número de casos de violência doméstica
aumentou na mesma proporção da quantidade de pessoas que aderiram ao distanciamento
social. Os resultados apontam que só na cidade do Rio de Janeiro, teve um aumento de mais
de 50% no número de denúncias desde que o isolamento começou (TXT, 2020).
Esse crescimento e agravamento dos casos de violência doméstica contra mulheres é
perceptível nos noticiários e redes sociais em que as próprias mulheres expõem ter passado
por algum tipo de violência. Estudos indicam que muitas mulheres que sofreram a violência
carregam consigo consequências psicológicas, impedindo de seguir com sua rotina,
normalmente, são coagidas, ameaçadas, e acabam não procurando ajuda (GARCIA; SILVA,
2016; MATORSINHOS, 2018). Tendo em vistas esses fatos, presume-se, que as
consequências psicológicas, frequentemente, encontradas nas mulheres podem acarretar em
insônias, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade, além de destruir sua autoestima.
Neste contexto, realizar uma pesquisa sobre consequências psicológicas resultantes da
violência doméstica contra mulher tem um valor social porque possivelmente, oferecerá
informações relevantes que podem ser compartilhadas tanto com a sociedade, quanto com
profissionais de saúde. Assim, a própria sociedade como, por exemplo, o governo, pode criar
ações de intervenções no que se refere às políticas de prevenção e enfrentamento à violência
doméstica contra mulher.
Considerando o acompanhamento psicológico de suma importância para que essas
mulheres possam seguir suas vidas, a importância de pesquisas como essa está em, dentre
outras coisas, contribuir para que os psicólogos conheçam o que tem sido cientificamente
publicado sobre o assunto, para, a partir de uma base teórica sólida, buscar-se possibilidades
de avançar o conhecimento e desenvolver uma prática voltada a esse público.
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2 MARCO TEÓRICO
[...] que afunda suas raízes na interação de muitos fatores biológicos, sociais,
culturais, econômicos e políticos cuja definição não pode ter exatidão científica, já
que é uma questão de apreciação. A noção do que são comportamentos aceitáveis e
inaceitáveis, ou do que constitui um dano, está influenciada pela cultura e submetida
a uma continua revisão à medida que os valores e as normas sociais evoluem (LIMA,
2013, p. 54).
A violência, tanto física como psicológica, pode ser vista como opressão, um conflito
de interesses entre o ser opressor e o oprimido, uma relação social de hierarquia entre os sexos,
de dominação e subalternidade (FREITAS, 2020; MACHADO, 2013).
A violência doméstica é o tipo de violência que ocorre em um contexto familiar, uma
vez que, seja quem for a vítima predileta, os resultados atingirão a todos os membros da
família, sem exceção. Poderá ser entre o pai e a mãe, entre os pais e os filhos etc. A violência
doméstica inclui também outros membros do grupo, sem função parental, que convivem no
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O art. 5º da Lei Maria da Penha, define como violência doméstica e familiar contra a
mulher “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (BRASIL, 2006). Além de
constituir uma violação aos direitos humanos e resultar em expressivos custos econômicos e
sociais, a violência contra a mulher é importante problema de saúde pública (AGRA, 2018;
MATORSINHOS, 2018).
A lei 11.340/2006, conhecida como lei Maria da Penha, no intuito de facilitar a
identificação dos tipos de agressões, em seu artigo 7º, descreve formas de violência doméstica
contra a mulher, como sendo, dentre outras: violência física, pela prática de atos que ofendam
a sua saúde ou integridade física; violência psicológica, por condutas que lhes causem
qualquer forma de danos emocionais; violência sexual, por qualquer forma de
constrangimento a presenciar, manter ou a participar de relação sexual não desejada; violência
patrimonial, por atos que restrinjam ou impeçam o uso de seus bens, direitos e recursos
financeiros, bens ou documentos pessoais ou de trabalho; e, violência moral, caracterizada por
atos que configurem calúnia, difamação ou injúria (BRASIL, 2006).
A violência contra a mulher é problema conhecido no Brasil. Um caso notório é o de
Maria da Penha Maia Fernandes, que foi por duas vezes vítima de tentativa de assassinato
pelo ex-companheiro em 1983. Na primeira tentativa, levou um tiro que a deixou paraplégica.
Devido à morosidade da justiça nacional, instâncias internacionais foram acionadas. Em 2001,
após dezoito anos do acontecido, a Organização dos Estados Americanos (OEA)
responsabilizou o Brasil por omissão e negligência no que diz respeito à violência doméstica.
A OEA recomendou a tomada de medidas voltadas à criação de políticas públicas que
inibissem a violência doméstica e familiar contra a mulher (GARCIA; SILVA, 2016;
AZAMBUJA; NOGUEIRA, 2008).
Em resposta à recomendação, em 7 de agosto de 2006, foi sancionada a Lei no 11.340,
que ficou conhecida como Lei Maria da Penha. A lei criou mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher. Entre estes, destacam-se medidas integradas de
prevenção, como a oferta de atendimento policial especializado, em particular nas Delegacias
de Atendimento à Mulher (Deams), e a promoção e realização de campanhas educativas de
prevenção da violência contra a mulher. São previstas, ainda, medidas de assistência à mulher
em situação de violência doméstica e familiar, bem como medidas de urgência voltadas à
proteção da vítima (BRASIL, 2006).
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3 MÉTODO
mulheres no climatério. (PIRES et al., Especializada no Atendimento à forma de violência física, psicológica e sexual e
2019). Mulher (DEAM), as situações de na fase do climatério as agressões foram
violência perpetradas por constantes.
parceiro íntimo em abuso de
álcool contra mulheres no
climatério.
A10 - Perfil sociodemográfico da Estudo ecológico com dados Descrever o perfil Foram encontradas 2.959 notificações no
violência doméstica, sexual e outras, secundários do ano de 2014, sociodemográfico de mulheres SINAN referentes a casos de violência sofrida
sofrida pelas mulheres em Salvador, referentes ao segmento Doenças e que foram violentadas, no por mulheres, no município de Salvador-Bahia,
no ano de 2014. (DIAS; MENDES, Agravos de Notificação, município de Salvador-BA, em no ano de 2014. Quanto à caracterização dessas
2019). integrante do Departamento de 2014. vítimas, predominaram mulheres de cor parda,
Informações, do Sistema Único com idade entre 15 e 19 anos, que cursaram de
de Saúde. forma incompleta o Ensino Fundamental de 5ª
a 8ª série. Dos casos registrados, a grande
maioria refere-se ao tipo, violência física,
perpetrada em via pública por pessoas
conhecidas.
A11 - Violência em mulheres com Estudo exploratório e descritivo, Compreender a relação entre a entre as participantes, 29 tinham história de
diagnóstico de depressão. (FRAZÃO com abordagem qualitativa depressão e o histórico de violência, sendo a maior parte das agressões
et al., 2019). violência em mulheres praticada por parceiros íntimos. Observou-se
que
os termos mais citados pelas mulheres foram:
não, medo, marido, sofrimento, bater,
apanhar, violência e problema. Mediante as
falas das mulheres, foi evidenciado que
as agressões sofridas foram o principal motivo
para o desenvolvimento da depressão.
A12 - Notificações de violências Estudo descritivo, exploratório, Apresentar os dados A proporção de 81,7%
contra a mulher adulta no Estado de de caráter quantitativo. epidemiológicos da violência das violências foi verificada na zona urbana,
São Paulo em 2014. (CARNEVALLE doméstica, sendo a residência (66,4%)
et al., 2019). sexual e/ou outras violências que o local de maior ocorrência. As taxas de
atingiram a mulher adulta no ano violência entre as faixas etárias
2014 variaram entre 0,029 a 0,039 por 100 mil
no Estado de São Paulo. habitantes do sexo feminino;
sendo as mulheres casadas ou em união
consensual e ainda as negras as
mais atingidas. O homem foi o maior
representante provável da autoria dos
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A 16 - Evolução da notificação Estudo ecológico descritivo sobre Descrever as características da 43.256 casos foram notificados, evidenciando
de violência contra mulher no os casos de violência interpessoal violência contra as mulheres aumento no período (β = 0,001; p = 0,006); a
município de São Paulo, 2008-2015. contra mulheres de 20 a 59 anos notificadas no município violência
(MARINHO; GIRIANELLI, 2019). registrados na Prefeitura de São de São Paulo, 2008-2015. física foi predominante (81,3%) entre mulheres
Paulo. de 20 a 29 anos (37,6%). O agressor era do
. sexo masculino
(47,7%) e conhecido (62,5%), com ocorrência
na residência da vítima (31,6%); as partes do
corpo mais
atingidas foram a cabeça (31,7%) e os
membros (21,4%), ocasionando principalmente
traumas (60%).
A 17 - Qual o efeito Optou-se por utilizar informações Analisar o efeito da violência Os resultados indicam que mais de 80%
da violência contra a mulher brasileira da PNS (2013) para a consecução contra a mulher na das mulheres que sofreram violência por
na autopercepção da saúde? (CRUS; do objetivo. autopercepção da saúde, a indivíduo nos últimos doze meses anteriores a
IRFFI, 2019). partir de uma população de pesquisa,
mulheres brasileiras relataram como mais grave a agressão
com idades entre 20 e 49 anos, psicológica
considerando as e/ou física. O pior reporte de saúde foi maior
informações da Pesquisa entre mulheres que relataram violência sofrida
Nacional de Saúde de por
2013. pessoa conhecida, em caso de residentes em
áreas
rurais; já dentre as residentes de localidades
urbanas, houve relatos de violência perpetrada
por
agressor desconhecido.
A 18 - Perfil epidemiológico de Estudo epidemiológico descritivo, Descrever o perfil Os resultados apresentam um
mulheres em situação de violência de retrospectivo, com abordagem epidemiológico de mulheres em percentual elevado dos casos de agressão
gênero no estado do Ceará, 2008 a quantitativa. situação contra o sexo feminino em 61,4%. A faixa
2017. (COELHO et al., 2019). de violência de gênero no estado etária com o
do Ceará. maior número de casos de mulheres em
situação de violência incide entre as idades de
20 a 49 anos,
com 53,6%. Em relação à escolaridade, 43,6%
dessas mulheres estudaram até o ensino
fundamental
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4 ANÁLISE E RESULTADOS
A interpretação e análise dos resultados obtidos nesta pesquisa são expostas conforme
ordem das categorias de estudo selecionadas (tipos de violência doméstica sofrida pelas
mulheres; fatores e consequências psicológicas resultantes da violência doméstica contra
mulher).
Em relação a tal aspecto Amarijo et al. (2020, p. 9) explicam que “para que a violência
física ocorra é quase um pré-requisito que a psicológica/moral já esteja presente,
desestruturando a relação conjugal de forma, muitas vezes, devastadora danificando a saúde
mental das mulheres”. Citada pelos estudos analisados, a violência psicológica é
caracterizada por xingamentos, humilhações, ameaças, proibições e imposição de restrição de
liberdade (AMARIJO et al., 2020; FRAZÃO et al., 2020; PIRES et al., 2019; TEIXEIRA;
PAIVA, 2021; SILVA; RIBEIRO, 2020). De acordo com tais achados este tipo de violência
causa significativo dano emocional, diminuição da autoestima e isolamento social dessas
mulheres. Os achados de Amarijo et al. (2020, p. 9) sugerem que inúmeras mulheres que
vivenciam a violência psicológica “a consideram como sendo a mais difícil de suportar apesar
de demorarem anos para reconhecê-la como uma das expressões da violência”. Segundo Pires
et al., (2019, p. 9) em muitas situações, “é de difícil identificação pela mulher, podendo durar
por muito tempo, causar danos mentais, pensamentos suicidas, depressão e progredir para a
violência física”. Nos resultados do estudo de Carneiro et al. (2019) é possível verificar o
quanto as ações de violência psicológica afetam a saúde mental dessas mulheres.
Para os estudos que predominou este tipo de violência, os resultados indicam que as
mulheres violentadas podem sofrer consequências comportamentais, sociais e de saúde mental
(DIAS; MENDES, 2019; COELHO et al., 2019; CRUS; IRFFI, 2019; MARINHO;
GIRIANELLI, 2019; SILVA; RIBEIRO, 2019; TEOFILO et al., 2019) Tais achados são
evidenciados pelo estudo de Pires et al. (2019, p. 9) ao apontarem que
que a “violência doméstica e o abuso crônico afetam os comportamentos educativos das mães
e a capacidade de dar suporte emocional aos outros, incluindo os próprios filhos”.
Com relação as consequências psicológicas decorrentes da violência doméstica contra
mulher, dos artigos analisados, os estudos de Amarijo et al. (2020), Cerqueira, Moura e
Pasinato (2019), Dias e Mendes (2019), Esperandio, Moura e Favoreto (2020), Frazão et al.
(2019), Frazão et al., (2020) e Lourenço e Costa (2020) apontam como consequências
psicológicas as seguintes variáveis: falta de autonomia pessoal, autoestima baixa, absenteísmo
ao trabalho, insegurança, crises nervosas, perda de apetite, dificuldades com novos
relacionamentos, sono prejudicado, insatisfação com a vida, com o corpo e com a vida sexual,
óbito, situação de impotência e alteração comportamental, tentativas de suicídio.
Fazendo uma correlação com a categoria fatores psicológicos resultantes da violência
doméstica contra mulher, verifica-se que as consequências da violência psicológica podem
desencadear processos de adoecimento psíquico, sendo mais comum a depressão (FRAZÃO
et al., 2020). “Esta é tida como uma das principais consequências da violência conjugal para
as mulheres, provocando angústia, tristeza profunda, desânimo, situação de impotência e
alteração comportamental, tentativas de suicídio, entre outros” (FRAZÃO et al., 2020, p. 6).
Conforme apontam os achados do estudo de Amarijo et al., (2020, p. 10) “a depressão
vivenciada por mulheres em situação de violência pode ser fruto de uma sociedade machista
cujo poder androcentrista é legitimado e visto como algo natural”. Diante dos estudos
analisados verifica-se uma forte relação entre fatores psicológicos e as consequências
psicológicas decorrentes da violência doméstica, visto que alguns estudos citam a violência
sofrida, sobretudo por parceiros íntimos, como a principal causadora da depressão. (FRAZÃO
et al., 2019).
Dias e Mendes (2019, p. 25) ao analisar o perfil sociodemográfico da violência
doméstica, sexual e outras, sofrida pelas mulheres em Salvador, apontam que a violência
sexual “pode trazer consequências sérias à saúde das vítimas, como doenças sexualmente
transmissíveis, principalmente AIDS, gravidez indesejada, aborto inseguro, transtornos
psicológicos e psiquiátricos pós-trauma e, mesmo, suicídio”. A variável suicídio é um ponto
que merece destaque neste estudo, é uma consequência que ficou evidenciada na maioria dos
artigos analisados. Corroborando com os achados deste estudo, os resultados da pesquisa de
Correia et al., (2019, p. 222) assinalam que “diante do sofrimento psíquico decorrente da
violência doméstica, algumas mulheres apresentam ideação constante de morte como a única
solução para os problemas, incluindo-se recorrentes tentativas de suicídio”.
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A partir da análise dos artigos citados no quadro 1 este estudo evidenciou que na
categoria tipos de violência doméstica sofrida pelas mulheres destacou-se a violência física,
nesta, verifica-se que na maioria dos casos, não é realizada em público, mas sim no âmbito
privado e por pessoas do convívio dessas mulheres, o mais citado foi por parceiros íntimos.
Na categoria fatores e consequências psicológicas resultantes da violência doméstica contra
mulher percebe-se que a maioria das vítimas não consegue reconhecer que está sofrendo um
tipo de violência, essa situação faz com que permaneça por muito tempo envolvida com seu
agressor, podendo apresentar transtornos mentais comuns e transtorno de estresse. Nas
consequências psicológicas identifica-se que sinais de comportamento depressivo, tais como
choro recorrente, baixa autoestima, tristeza, sentimentos de inferioridade entre outros podem
comprometer as atividades diárias, assim como o desempenho profissional.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
adquirido a atuação do psicólogo pode ser direcionada para um atendimento mais humanizado
e eficaz, às mulheres vítimas de violência doméstica.
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