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Percepções de Mulheres Diante da Vivência de Relacionamentos Abusivos ¹


Julia Torri Veiga ²
Kátia Toazza ³
RESUMO

As percepções de mulheres diante de suas vivências de relacionamentos abusivos é um tema


que vem ganhando cada vez mais espaço para discussão, o qual trata de compreender melhor
a forma como essas vivências se dão a partir da percepção da própria mulher a respeito de seu
relacionamento. Assim, a presente pesquisa tem o objetivo de identificar as percepções de
mulheres que vivenciaram relações abusivas frente ao comportamento abusivo de seus
companheiros e justificou-se pela necessidade de abranger a forma como acontece a violência
perpetrada dentro desses relacionamentos, onde existe a necessidade de ampliar a temática em
âmbito social, acadêmico e científico. O de abordagem qualitativa visou realizar uma pesquisa
de campo descritiva. Participaram deste estudo sete mulheres encaminhadas pelo Poder
Judiciário através de medidas protetivas até o Centro de Referência Especializado de
Assistência Social - CREAS de Videira/SC. Assim, os dados foram coletados por entrevista
semiestruturada, sendo que estas foram transcritas na íntegra, após os dados foram analisados
por meio de análise de conteúdo. A pesquisa foi enviada para avaliação do Comitê de Ética da
Universidade do Oeste de Santa Catarina, seguindo a recomendações do Conselho Nacional
de Saúde em sua resolução n. 210/2016 e recebendo aprovação. A partir da pesquisa foi
possível obter seis categorias temáticas, a saber: Conceito de relacionamento afetivo,
Conceito de relacionamento abusivo, Percepção sobre o relacionamento vivido, Vivência de
situações identificadas como violência, Processo de afastamento e Impactos do
relacionamento. Por meio dos resultados pode-se constatar que as participantes conceituam o
relacionamento afetivo como um ato de respeito e cumplicidade, em contrapartida,
caracterizam o relacionamento abusivo pelo ciúme e violência psicológica e física. Além
disso, a partir da pesquisa, foi possível coletar dados a respeito da percepção de mulheres
sobre os relacionamentos abusivos, onde surgem dados relevantes demostrando que a
violência psicológica e o controle excessivo por parte do companheiro foram as formas mais
usadas de violência contra as mulheres.

Palavras-chave: Relacionamentos abusivos. Mulheres. Psicologia

¹ Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Psicologia, da Área das Ciências


da Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do
grau em Bacharel em Psicologia.
² Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus
Videira.
³ Orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso. Mestra em Desenvolvimento e Sociedade
(UNIARP)
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INTRODUÇÃO
O tema da violência contra a mulher vem despertando cada vez mais interesse e
criando mais espaços para debate, de forma a procurar entender todas as formas de violência,
direta ou indireta, em todas as esferas da sociedade. Em julho de 2020 foi lançada a campanha
de combate de violência contra a mulher, sendo que em 2021 torna-se Lei um programa de
cooperação chamado Sinal Vermelho. Assim, de acordo com a Lei nº 14.188 de 28 de julho
de 2021. Configura-se que o programa de cooperação Sinal Vermelho contra a Violência
Doméstica é uma das medidas de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a
mulher (BRASIL, 2021). Dessa forma, compreende-se também que esse é um cenário o qual
vem se modificando a fim de melhor atender essas vítimas.
A violência contra a mulher está presente desde os primórdios da vida humana. Esse
fenômeno histórico-social nos relacionamentos pode ser apresentado a partir de uma dinâmica
relacional abusiva, nos quais prevalece a desigualdade de poder. Assim, entende-se que esse
fato ocorre por conta da desigualdade entre os gêneros originada pela construção social dos
modos de ser homem e ser mulher, os quais são baseados em regras normativas e em uma
base de oposição uma frente a outra (HOEPERS, TOMANIK, 2019).
Esse tema tem ganhado mais força recentemente sendo que, através de áreas como a
da Psicologia, Direito e Assistência Social, objetiva-se compreender as vivências, sofrimentos
e condições de mulheres envolvidas em relacionamentos afetivos e que sofrem qualquer tipo
de abuso. A violência em relacionamentos abusivos não ocorre apenas de forma física, pois,
de acordo com o Art. 5º da Lei nº 11.340 de 07 de agosto de 2006, configura-se violência
contra a mulher qualquer ação baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual, psicológico, dano moral ou patrimonial (BRASIL, 2006).
As relações abusivas, bem como suas tipificações, ocorrem cotidianamente, seja
dentro do lar ou em espaço público, podendo ocorrer independentemente da classe social,
idade, religião, estado civil, raça e escolaridade. Para as Diretrizes Nacionais do Feminicídio
(2016) são as mortes violentas que expressam a violência mais grave baseada no gênero.
Contudo, deve-se ressaltar que, quando ocorre a morte da vítima, considera-se que essa já
passou por quase todos os outros estágios de violência, como a psicológica, física, sexual,
moral e patrimonial.
Esses fatores ocorrem porque nem sempre a vítima consegue identificar as diferentes
formas de violência que está vivenciando. Por esse motivo, mesmo convivendo com outras
formas de violência em um relacionamento afetivo/abusivo, a mais denunciada pelas vítimas
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ainda é a violência física. A diferença entre a violência física e a psicológica, é que, enquanto
a primeira é composta por atos de agressão corporal à vítima, a segunda se dá por meio de
palavras, gestos e olhares para a vítima. Essa violência psicológica é, por muitas vezes,
negligenciada, pois geralmente destaca-se apenas a violência doméstica física em pesquisas,
noticiários, revistas ou qualquer outro meio de comunicação que poderia dar um melhor
entendimento desses fatores (SILVA, COELHO, CAPONI, 2007).
Segundo uma pesquisa da Política Nacional de Enfrentamento de Violência Contra as
Mulheres (2011), realizada com 4.299 mulheres, 78% das respondentes destacam a violência
física contra o gênero feminino como a mais presente nos relacionamentos, sendo que a
violência moral surge em segundo lugar no relato de 28% das participantes, praticamente
empatada com a violência psicológica (27%). Tendo isso em vista, quando a mulher chega
até a delegacia para registrar o acontecimento da agressão física, pressupõe-se que a mesma já
vivenciou diversas outras formas de violências (BRASIL, 2016).
Quando uma denúncia de violência é registrada na Delegacia da Mulher (DM), a
vítima é encaminhada para o serviço de psicologia. Esse serviço é disponibilizado na própria
DM ou através do encaminhamento para outros órgãos como por exemplo o Centro de
Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), que oferece apoio psicológico,
sendo que a decisão é tomada com base no estado emocional em que a mulher se encontra na
ocasião do registro de ocorrência. Segundo resultados de pesquisa, nesses atendimentos
psicológicos, as maiores queixas são relativas ao parceiro, de forma que as vítimas ainda não
sentem segurança para romper o ciclo de violência e, por isso, procuram a delegacia para
orientação (GADONI-COSTA, ZUCATTI, DELL'AGLIO, 2011). A violência psicológica é a
mais silenciosa porque, por ter um caráter momentâneo, possuí efeitos cumulativos. Por esse
motivo, é caracterizada por qualquer conduta que resulte em dano emocional, que por sua vez
tem repercussão em vários pontos da vida da vítima, como no trabalho, nas relações sociais e
na saúde física ou psicológica (FONSECA, RIBEIRO, 2012).
Pelo Artigo 147-B da lei nº 14.188, de 28 de julho de 2021 considera-se também
formas de violência:
“causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer
outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação
(BRASIL, 2021).
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A partir do descrito anteriormente, quando se pensa na mulher em situações de


violência, torna-se inevitável não relacionar com o sofrimento psíquico que essas também
enfrentam. Esse é um processo de difícil compreensão, o qual envolve uma trama de relações.
Nesse contexto, o papel da psicologia é entender e acolher o sofrimento das vítimas, com a
finalidade proporcionar outro olhar da mulher sobre si mesma (ADAMES, BONFIGLIO,
BECKER, 2018).
Dados de uma pesquisa realizada por Souza, Pascoaleto e Mendonça (2018) apontam
que a prevalência da violência psicológica chega a 46,8% em jovens que estão na fase do
namoro. Os participantes relatam já ter questionado os lugares que suas parceiras
frequentavam, bem como já ter realizado alguma ameaça. Nesse contexto, o homem se dispõe
ao que for necessário para garantir sua autocracia sobre a mulher, situação em que a vítima
acaba não reconhecendo a violência diretamente, porém é capaz de entendê-la como uma
estratégia a fim de controlar o comportamento da parceira.
A princípio, as ofensas psicológicas e emocionais podem ser carregadas de insultos,
humilhações e intimidações que, por sua vez, são dotados de autoridade para que a vítima
passe a agir como o agressor anseia. A partir disso, geram-se conflitos que caracterizam um
período de tensão, onde a depreciação e inferiorização da vítima passa a ficar cada vez maior
e o agressor sente cada vez mais vontade de manipular através de ameaças, sendo elas de
forma agressiva ou não, resultando em uma violência perspicaz (SOUZA, PASCOALETO,
MENDONCA, 2018).
Compreende-se que as diversas formas de violência são configuradas em diferentes
momentos, locais ou situações, de forma que o casal com vínculo afetivo pode vir a tentar
romper por diversas vezes, mas a relação abusiva também acabará se entrelaçando nas
reconciliações. Para Hoepers e Tomanil (2019), os momentos de melhora colaboram para uma
crença de que a violência cessou e, a vítima esperançosa, acaba retornando para o mesmo
ciclo do relacionamento abusivo. Isso é, de fato, um acontecimento normal; porém, nos
relacionamentos abusivos, após o período de calmaria, as manifestações violentas podem
voltar a ocorrer.
Torna-se frequente encontrar mulheres anestesiadas frente às situações de alto risco
em relacionamentos afetivos/abusivos, onde muitas vítimas relatam um sentimento de
impotência quanto a necessidade de cortar o vínculo com o agressor, seja por motivos
financeiros, psicológicos e, até mesmo, de segurança por conta de ameaças provenientes do
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companheiro. Sem saber como agir, ou então quando agem, não conseguem esclarecer suas
reais demandas frente à justiça. Dessa maneira, quando conseguem fazer a denúncia dos seus
conjugues, acabam desistindo de prosseguir com a responsabilização judicial do agressor,
dando continuidade ao relacionamento que passa a se tornar cada vez mais abusivo (PORTO,
MALUSCHKE, 2012).
Assim, compreende-se que essas vítimas recorrem a estratégias para conseguirem
adaptar-se nessas vivências. Isso ocorre devido à sujeição das mulheres, seja por questões
financeiras, emprego ou forma de manter-se financeiramente sozinha – principalmente para os
casos de mulheres sem formação acadêmica, ou por questões emocionais. Torna-se normal
encontrar mulheres com permanência de longo prazo em relacionamentos abusivos nos quais
são dominadas pelos parceiros em situações de negação e de submissão, podendo resultar em
uma autoestima fragilizada onde medo de ficar sozinha pode ser um fator determinante ao
aprisionamento da mulher nesse contexto (ZANCAN, WASSERMANN, LIMA, 2013).
Nesse sentido, a vítima encontra diversas dificuldades para compreender o que de fato
está acontecendo em seu relacionamento, de forma que mesmo que se corte o vínculo, podem
permanecer questões inacabadas como reflexo dos vários episódios violentos. O resultado
disso podem ser vínculos afetivos que permanecem permeados por mágoas, ressentimentos ou
dependência psicológica, onde nem sempre a vítima vai conseguir identificar que passou por
diversas situações de violência (SILVA, COELHO, CAPONI, 2007).
É comum encontrar mulheres que apresentam diferentes sintomas psicológicos como
insônia, irritabilidade, falta de apetite, bem como o surgimento de psicopatologias como
depressão, ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, entre outras. Esse
processo contínuo de permanência da vítima no relacionamento abusivo pode a levar para
uma depreciação de si mesma, onde os sentimentos, percepções e características de sua
personalidade são diariamente depreciadas (PEREIRA, CAMARGO, AOYAMA, 2018).
Por fim, nota-se que as formas de violência física e psicológica estão diretamente
associadas uma à outra. Todavia, como ressaltam Gadoni-Costa, Zucatti e Dell’Aglio (2011),
o fato de a violência psicológica ser menos enfatizada deve-se à prioridade que é dada às
consequências físicas, porém sabe-se que ambas são igualmente graves. A violência
psicológica afeta, além da vítima, a todos que convivem com ela de forma direta, como os
filhos ou outros familiares (GADONI-COSTA, ZUCATTI, DELL'AGLIO, 2011).
Assim a presente pesquisa justifica-se pela necessidade fundamental de compreender a
violência perpetrada dentro desses relacionamentos que é de caráter cultural, social, legal e
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psicológico e, também, um problema de proporção mundial. Em âmbito social existe


necessidade de conscientizar a desigualdade diante das diferenças de gênero e as formas de
poder que essas exercem nos relacionamentos.
É também imprescindível que se amplie a visão a respeito desse tema em campo de
pesquisa, através da criação de novas teorias e ampliação da prática de conhecimentos para
auxiliar em estratégias de enfrentamento dessa problemática. Nota-se também a necessidade
de trabalhar esse tema em âmbito acadêmico, no qual a relevância é proporcionar o
conhecimento e aprimoramento diante do assunto para que se entenda o sofrimento
psicológico que essas vítimas vivenciam e como a psicologia atua nesses contextos.
O objetivo da pesquisa foi identificar as percepções de mulheres que vivenciaram
relações abusivas levantando dados a respeito dos relacionamentos abusivos em suas diversas
formas de violências. Procurou-se também pontuar aspectos psicológicos frente aos
sofrimentos que as vítimas vivenciaram, identificando e conceituando os diferentes tipos de
violência de acordo com o relato das participantes.

MÉTODO

DELINEAMENTO

O presente estudo de natureza documental e exploratória, de abordagem qualitativa e


visou realizar uma pesquisa de campo descritiva. Segundo Augusto et al (2013), a pesquisa
qualitativa possui foco nos fatos ou causas dos fenômenos sociais. Nesse contexto, ela visa
compreender e descrever características de determinados fenômenos com base na
compreensão, interpretação e explicação de uma gama de acontecimentos.

PARTICIPANTES

O estudo foi aplicado com 07 mulheres com faixa etária de 18 a 59 anos, do município
de Videira/SC. Além disso, buscou-se participantes que estão passando ou já passaram por
relacionamentos abusivos com seus companheiros de sexo masculino. Não foram
consideradas para participar da entrevista mulheres menores de 18 anos, do sexo masculino
ou que residam fora do município de Videira/SC, bem como mulheres que possuíam alguma
condição a qual impossibilitava o entendimento e aplicação da entrevista.
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As participantes foram acessadas a partir da demanda do Centro de Referência


Especializado de Assistência Social - CREAS de Videira/SC, as quais chegaram até o
equipamento por meio de encaminhamento do Poder Judiciário através de Medidas Protetivas
registradas na Delegacia da Mulher. Essas foram convidadas para uma entrevista individual
entre entrevistadora e entrevistada.

COLETA DE DADOS

No primeiro momento a pesquisa prosseguiu com o fechamento do Termo de


Consentimento Livre e Esclarecido com as participantes. Essa pesquisa utilizou da entrevista
semiestruturada com o propósito de, através do contato, instigar na entrevistada um discurso
direcionado, mas que também deixasse a mesma se sentir livre para falar. Esse modelo de
pesquisa teve por objetivo encontrar significados relevantes no contexto investigado através
de um certo nível de informalidade, sem jamais perder de vista os objetivos da pesquisa, os
quais o levam até o sujeito específico como fonte de material empírico para sua investigação
(DUARTE, 2004)., Para isso foi utilizado de estudos diversos referente as diferentes formas
de violência contra a mulher bem como os danos psicológicos que esses podem causar, afim
de ter conhecimento mínimo suficiente para aplicação da entrevista.

PROCEDIMENTOS

A partir da entrevista semiestruturada, foi realizado o contato com as primeiras


potenciais participantes, onde esse primeiro contato foi através de ligações telefônicas, a fim
de convidá-las a responder uma entrevista que foi gravada e transcrita na íntegra. Assim,
solicitou-se que a entrevistada lesse e assinasse o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, bem como a autorização para gravação da entrevista.
O agendamento das entrevistas se deu conforme a disponibilidade da participante e da
pesquisadora, sendo que a participante foi recebida na sala de atendimento do CREAS de
Videira/SC, localizado na Rua Veneriano Dos Passos, número 150, Centro. A sala garantiu
isolamento acústico para garantia do sigilo e privacidade da participante, bem como mesa de
madeira, cadeiras, e ar condicionado para mais conforto e praticidade de ambos. Antes do
início de cada entrevista foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), sendo assegurado o anonimato das entrevistadas e sigilo das informações, utilizadas
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apenas para fins científicos. Além disso, também foi informado que a entrevista se daria
dentro dos parâmetros éticos do Conselho Nacional de Saúde, por meio da Resolução n.
510/2016 sobre pesquisas que envolvem participantes humanos nas Ciências Humanas e
Sociais.

ANÁLISE DE DADOS

Após transcritas as entrevistas, foi utilizado de procedimentos de análises de dados, a


fim de identificar e investigar o que cada participante disse a respeito de um tema específico.
Para isso, utilizou-se o método de Bardin, o qual possui a finalidade de analisar um
determinado conteúdo com uma série de técnicas de análise das comunicações, utilizando de
procedimentos sistemáticos e objetivos através da descrição do conteúdo das mensagens
(BARDIN, 2011, p.38).

CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Diante da resolução n. 210/2016 do Conselho Nacional de Saúde, a presente pesquisa


foi submetida à avaliação do Comitê de Ética, obtendo parecer de aprovação. Assim, o
participante realizou a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para
compreensão dos termos da entrevista. Posteriormente, ao final da pesquisa, foi
disponibilizado o acesso da mesma para as entrevistadas, afim de que pudessem obter mais
informações acerca do fenômeno investigado.

RESULTADOS

Com base nas entrevistas, realizou-se uma análise categorial, obtendo-se o total de 06
categorias, a saber: Conceito de relacionamento afetivo, Conceito de relacionamento abusivo,
Percepção sobre o relacionamento vivido, Vivência de situações identificadas como violência,
Processo de afastamento e Impactos psicológicos do relacionamento.
A tabela 1 indica as categorias estabelecidas, com suas respectivas unidades de
registro e frequência.
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Tabela 1

Análise temático categorial das entrevistas em profundidade

Categoria Unidade de Registro Frequências


das menções
Conceito de relacionamento afetivo Respeito 6
Cumplicidade 5
Boa convivência 2
Apoio 2
Não brigar 2
Fidelidade 1
Ajudar nas contas 1
Troca de sentimentos 1
Conversa 1
Demonstração de carinho 1
Cuidado 1
Conceito de relacionamento abusivo Ciúmes 4
Violência psicológica 3
Violência Física 3
Não ter paz 2
Controlar 2
Perseguir 2
Anular a outra pessoa 1
Impor apenas suas vontades 1
Traição 1
Faltar com respeito 1
Humilhar 1
Violência verbal 1
Percepção sobre o relacionamento Violência verbal 2
vivido
Tortura 2
Tratar mal os filhos 2
Perseguição 1
Falta de privacidade 1
Vivência de situações identificadas Afastar-se das pessoas 4
como violência
Violência física 4
Não ter espaço 4
Brigas 4
Não poder fazer nada sem a 3
autorização dele
Violência verbal 3
Tratar mal os filhos 2
Invasivo 2
Falta de respeito 2
Sentir-se indefesa 2
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Chantagem 2
Traição 1
Humilhação 1
Identificava-se como 1
homossexual
Medo de julgamento 1
Violência psicológica 1
Manter em cárcere privado 1
Invadir o celular 1
Críticas ao corpo 1
Processo de afastamento Difícil 7
Medo 4
Achava que iria mudar 4
Realizou ameaças 4
Sente pelo filho 4
Dependência emocional 4
Era invasivo após o término 4
Desrespeitoso com a família 3
Ameaças 3
Necessitou da interferência da 2
família
Sentimento de culpa 2
Insegurança financeira 2
Sente-se melhor 1
Conflitos para assumir-se 1
homossexual
Usou a traição como justificativa 1
para separação
Falta de apoio 1
Somente após agressão física 1
Impactos psicológicos do Dificuldades para novas relações 5
relacionamento
Medo do que ele ainda poderia 4
fazer
Insegurança ao ficar sozinha 3
Se anular 3
Desânimo 2
Constante vontade de chorar 2
Viver uma situação precária 2
Sentia dores no corpo 2
constantemente
Ganho de peso 1
Saber quando um 1
relacionamento não é saudável
Sentimento de culpa 1
Sintomas de depressão e 1
ansiedade
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Categoria 01: Conceito de relacionamento afetivo

A categoria “Conceito de relacionamento afetivo” apresenta os principais conceitos


que as participantes proferiram a respeito do que é um relacionamento afetivo. De acordo com
os resultados, a compreensão do tema situa-se entre respeito e cumplicidade. A unidade de
registro mais citada, intitulada como “respeito” utiliza justificativas mediante a argumentos de
que esse comportamento é a base para um relacionamento saudável: “(...) relacionamento
afetivo para mim se refere a uma relação que seja saudável, onde ambos estão em
concordância e respeito(...)” (P. 6). A unidade de registro “cumplicidade” surge de forma
significativa para complementar a unidade de registro “respeito”, de forma que as
participantes associaram ambas unidades em suas respostas: (...) O relacionamento afetivo
para mim é cumplicidade, respeito, demonstrações de carinho, cuidado (...)” (P. 2).
Associa-se, ainda, nessa categoria a percepção de que as unidades “boa convivência”,
“apoio” e “não brigar” aparecem com a mesma frequência, pontuando uma percepção de
relacionamento afetivo onde essas unidades devem se fazer presentes como consideração de
um relacionamento saudável: “eu desejaria cumplicidade, apoio” (...)” (P.5). Nessa mesma
linha surgem percepções de relacionamentos saudáveis associados ao respeito dos parceiros:
“(...) hoje em dia sou tratada com respeito, meu marido trata meus filhos super bem e isso
pra mim é ter um relacionamento que funciona, que é saudável. (...)” (P.7).
As unidades de registro de baixa frequência também estiveram presentes. Assim
constam as seguintes unidades: “fidelidade”, “ajudar nas contas”, “trocas de sentimentos”,
“conversa”, “demonstração de carinho”, e “cuidado”, como as menos citadas. Contudo não
são consideras como menos importantes para as participantes, sendo que são associadas
também como base fundamental para algumas: “(...)fidelidade é essencial (...)” (P.5), “o
relacionamento afetivo para mim é como uma troca de sentimentos (...). (P.2).

Categoria 02: Conceito de relacionamento abusivo

A categoria “Conceito de relacionamento abusivo” apresenta os conceitos que as


participantes atribuem a respeito do que é um relacionamento abusivo. De acordo com os
resultados, a compreensão do tema diverge entre a percepção de ciúmes excessivo dos
respectivos parceiros, os quais fazem verificação constantes de seus celulares, bem como
regulação de vestimentas e quais lugares as participantes poderiam frequentar: “é estar toda
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hora sobre pressão, ter medo de usar a roupa errada, é a roupa que tu veste, o que você fala,
sabe? É muito horrível. Ele era muito ciumento, a qualquer pessoa ou qualquer coisa” (P. 7).
Unidades de registro como “violência psicológica”, “violência física”, “não ter paz”,
“controlar” e “perseguir” surgem significativamente também como frequência intermediária,
descrevendo comportamentos agressivos dos companheiros em diferentes situações: “(...) no
meu caso eu acho que o pior de tudo foi a agressão psicológica (...)” (P. 1). As participantes
também identificam o relacionamento como abusivo por conceito agressões físicas: “Pra mim
é quando existe agressão física e verbal e qualquer tipo de tortura (...) (P. 2).
Com baixa frequência, para essa conceitualização, encontram-se também unidades de
registros respectivamente mencionando “anular a outra pessoa”, “impor apenas suas
vontades”, e “humilhar” a respeito de percepções de comportamentos manifestados pelos
companheiros: “no meu ponto de vista eu acho que é anular uma pessoa, impor apenas as
suas vontades, humilhar, controlar falas, controlar a vida do outro” (P. 3). A “traição”, “falta
de respeito”, e “violência verbal”, também são unidades de registro de baixa frequência frente
a percepção das participantes quanto a comportamentos relacionados aos limites ultrapassados
dentro de um relacionamento: “na minha opinião é quando os limites um do outro são
ultrapassados, não são respeitados. Limites como o respeito, tratar com falta de educação,
gritar, trair” (P. 4).

Categoria 03: Percepção sobre o relacionamento vivido

A categoria “percepção sobre o relacionamento vivido” buscou investigar se cada


participante conseguia identificar o relacionamento que vivenciou como um relacionamento
abusivo, sendo que todas identificaram. Essa categoria apresenta como principais conceitos de
suas vivências as unidades de registro “violência verbal”, “tortura” e “tratar mal os filhos”, as
quais remetem-se sobre a percepção da mulher frente a vivência de relacionamento abusivo:
“(...) ele não tratou mal só eu, mas tratou mal meus filhos também, isso pra mim era
torturante. Ele me tratava muito mal também, com xingamentos. Eu considero que teve coisas
que ele disse que foi pior que levar um tapa na cara” (P.1).
Com baixa frequência, nessa categoria, encontram-se as unidades de registro
“perseguição” e “falta de privacidade”, associado ao fato de que tais participantes não
conseguiam sair sozinhas, tinham seus celulares invadidos pelos companheiros e necessidade
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de relatar onde estavam e o que faziam a todo o momento: (...) nunca respeitou meu espaço
(...) (P. 2).

Categoria 4: Vivência de situações identificadas como violência

A categoria “Vivência de situações identificadas como violência” buscou levantar


conceitos a respeito de percepções sobre situações que as participantes vivenciaram no seu
relacionamento e identificaram como atos de violência. As unidades de registros mais citadas
dentro dessa categoria foram “violência física” e “afastar-se das pessoas”, onde nota-se as
formas de violência sofridas pelas participantes: “(...) um dia ele me agrediu muito (...) ele
disse que iria mudar, pediu perdão, disse que nunca mais faria. Eu, burra, resolvi dar mais
uma chance de novo. E minha mãe falou “T. eu vou embora porque estou cansada de ver seu
sofrimento” (P. 7).
As unidades de registro “brigas”, “não ter espaço”, “não poder fazer nada sem
autorização do parceiro”, “violência verbal” e “tratar mal os filhos”, surgem como conceitos
de sofrimento em frequência menor, porém amplamente significativas no ponto em que esses
fatores são condescendentes da unidade de registro “afastar-se das pessoas”: “quando eu
percebi que a gente brigava quase todo dia, ele era muito agressivo nas palavras e me
xingava demais. Daí eu percebei que comecei a me afastar de todo mundo que eu conhecia”.
(P. 3).
Ainda, em unidades de baixa frequência encontra-se “invasivo”, “violência
psicológica”, “manter em cárcere privado” e “críticas ao corpo”. Essas unidades de registro
conceituam comportamentos utilizados pelos agressores, a fim de manter as vítimas nos
relacionamentos,“(...) quando cortei significantemente o cabelo enquanto estávamos
namorando e ele deixou muito claro que não havia gostado, dizia que eu havia ficado muito
feia, reclamava muito por eu ser magra demais também. (...) era muito constante a questão
de xingamentos, toda vez que brigávamos também ele tentava de alguma forma manipular
meus pais para que eu continuasse com ele (...) logo depois dessa briga ele me deixou
trancada dentro de um quarto no apartamento, por uma tarde, saiu e voltou início da noite,
voltou como se estivesse tudo normal (...) (P. 2).
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Categoria 5: Processo de afastamento

A categoria “Processo de afastamento” apresenta os principais conceitos que as


participantes apontaram, de acordo com sua percepção, a respeito de como foi o processo de
afastamento do agressor. Conforme os resultados a unidade de frequência mais presente foi
“difícil”, complementada por “realizou ameaças”, “sente pelo filho”, “achava que iria mudar”
e “dependência emocional”: “Eu tô mais sentida por conta do meu filho mais novo porque ele
sente muita falta do pai (...)” (P.1). “foi muito difícil, ele não aceitou e me ameaçou tiras
meus filhos (...) (P.3). “foi muito difícil porque apesar de ser algo que eu não queria, com o
tempo eu passei a ter um certo sentimento por ele (...)” (P. 4).
Com frequência intermediária e baixa tem-se unidades de registro como
“desrespeitoso com a família”, “ameaças”, “necessitou da interferência da família”,
“sentimento de culpa”, “insegurança financeira” e “somente após a primeira agressão física”.
Tais unidades acarretam relatos tanto do processo de afastamento quanto dos sentimentos a
respeito de como está a vida sem o ex-companheiro: “(...) o afastamento definitivo só
aconteceu mesmo depois da primeira agressão física (...) foi aí que minha família que estava
em casa presenciou o fato e viu como ele estava muito transtornado no dia, a partir desse
momento meu pai proibiu a entrada dele na nossa casa(...)” (P.2).

Categoria 6: Impactos psicológicos do relacionamento

A categoria “Impactos psicológicos do relacionamento” buscou levantar as percepções


frente o modo de como a vivência de um relacionamento abusivo afetou psicologicamente as
participantes. As unidades de registro mais citadas dentro destas categorias foram
“dificuldades para novas relações” e “medo do que ele ainda poderia fazer” onde nota-se por
meio dos relatos, medo frente à chance de vivenciar novamente em um novo relacionamento
abusivo: “(...) Para se envolver com outra pessoa já se envolve com medo de que aconteça
tudo de novo. Passa a não acreditar nas pessoas, desconfia de tudo, o medo de passar por
tudo de novo, fazer escolhas erradas de novo.” (P. 7); “no início eu tinha muita dificuldade
pra dormir, eu tinha uns remédios e eu me dopava para conseguir dormir (...) dentro de casa
eu não consigo ficar. Teve muitas noites que vi amanhecer o dia com raiva de mim mesma
por deixar ir tão longe (...). (P. 5).
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Ainda, nessa categoria, se fazem presentes as unidades de registro “se anular”, “viver
uma situação precária” e “tentar algo que não daria certo”, em discursos a respeito do fato de
a vítima priorizar as a relação com parceiro, em uma percepção sobre ter tentado algo no
passado que sempre soube que não daria certo, assim interferindo diretamente na saúde
psicológica: “eu penso que a maior covardia que uma pessoa pode fazer com a outra, a gente
perde tanto, deixa de conquistar muitas coisas, se anula. Não tem mais vida própria, eu me
sentia controlada, minhas vontades e desejos sempre deixados de lado, pra não brigar, nunca
podia ter uma opinião contrária à dele” (P.3).
A “insegurança ao ficar sozinha”, “desânimo”, “constante vontade de chorar”, “sentia
dores no corpo” são unidades registradas de média frequência em relatos ligados a
dependência do ex-companheiro e sintomas ocasionados pelo relacionamento, inferindo que o
físico e psicológico estão interligados: “(...) ainda tenho muita dificuldade de fazer qualquer
coisa sozinha, sempre preciso de alguém, desde a dirigir, fazer compras no supermercado,
tomar qualquer decisão. Me sinto insegura e incapaz de fazer isso sozinha, parece que vou
fazer errado (...)” (P.3); “(...) me sentia um pouco insegura de ficar sozinha em casa ou ir em
algum lugar que ele estava (...)” (P. 2).
Ainda levantam-se unidades de registro como “ganho de peso”, “sentimento de culpa”
e “sintomas de depressão e ansiedade”, como unidade de baixa frequência, mas que possuem
grande significância subjetiva no relato de cada vítima: “(...) quanto a minha saúde física eu
passei a sentir muitas dores no corpo e ganhei muito peso também(...)” (P.3); “(...) fiquei
com um certo sentimento de culpa depois de terminar, pois só depois descobri pelos pais dele
que ele tinha depressão e ansiedade e que já havia feito o que fez comigo com outras
namoradas (...)” (P. 2); “(...) afetou muito o meu sistema nervos e hoje eu percebo que tenho
muitos sintomas de depressão e ansiedade (...)” (P.6).

3 DISCUSSÃO

A primeira categoria intitulada “relacionamento afetivo” compreendeu a percepção das


participantes em relação aos comportamentos presente neste tipo de relacionamento. A
afetividade é considerada um conjunto de fenômenos intrapsíquicos que são baseados nas
vivências experimentadas por cada indivíduo de forma idiossincrática (ALMEIDA,
CARVALHO, 2017). Tal conceito que abrange diversas emoções traz à tona o
questionamento a respeito de como estas agem frente a funcionalidade de um indivíduo.
16

No que tange os relacionamentos afetivos adultos entre homem e mulher compreende-


se que a mulher prioriza a afetividade na relação amorosa, bem como à felicidade pessoal, que
não se limita apenas a ideia do casamento, mas também em outras relações com o mundo ao
seu redor, tanto no âmbito amoroso quanto sexual (NAJAR; VIERA, 2013). Percebe-se no
relato das participantes que essas compreendem o relacionamento afetivo como um ato de
respeito e cumplicidade: “o relacionamento afetivo para mim é como uma troca de
sentimentos, cumplicidade, respeito, demonstrações de carinho, cuidado (...) (P. 2).
Já na categoria de “relacionamento abusivo”, as participantes trazem em sua percepção
o conceito de “ciúmes excessivo”. Entende-se que tal percepção se dá a partir do ponto em
que, para muitos, o ciúme dentro de um relacionamento poderia representar uma forma de
amar, contudo, para mulheres vítimas de relacionamentos abusivos, esse é um sentimento
capaz de produzir angústia, podendo atingir formas doentias e abalar a saúde física e mental
dos envolvidos direta ou indiretamente com ele (GOMES; AMBONI; ALMEIDA, 2011). O
conceito de ciúmes excessivo vincula-se também com outros citados pelas participantes,
sendo a “violência psicológica” e “violência física”. A partir disso entende-se que esse é um
sentimento secundário ao medo, é também atualizado de angústias arcaicas que fizeram parte
da constituição do psiquismo de todo indivíduo (RIOS, 2013).
Ainda dentro do conceito do ciúme observou-se através dos relatos que, em algum
momento do relacionamento, a grande maioria das participantes experenciou o sentimento do
ciúme excessivo do parceiro. Em um estudo de Ferreira et al (2016) observa-se que o ciúme,
motivos banais e uso de substâncias psicoativas são elementos presentes no cotidiano de
violência das mulheres.
Na tentativa de manter a parceira em um relacionamento, onde o ciúme extrapola a
margem do que pode ser considerado “normal”, conforme Rios (2015) o agressor idealiza a
manifestação de seus desejos negados, assim, sempre que se sente ameaçado de separação,
poderá agir com violência. Evidenciam-se agressões justificadas com base no ciúme, sendo
que agridem porque amam muito o parceiro (HAACK, FALCKE, 2020).
Atualmente em cenário de pandemia e isolamento social nota-se um agravamento das
situações das mulheres que vivenciam a violência física e psicológica, onde essas são vigiadas
com maior frequência, sendo impedidas de conversar com familiares e amigos, o que amplia a
margem de ação para a manipulação e violência psicológica (VIEIRA, GARCIA, MACIEL,
2020). Contudo, contrapondo-se também o atual cenário, percebe-se que a mulher sempre
17

esteve mais sobrecarregada quando a realização das tarefas domésticas, sendo que segundo
Vieira, Garcia e Maciel (2020) a presença dos homens em casa não significa cooperação ou
distribuição mais harmônica das tarefas entre toda a família, mas sim o aumento do trabalho
invisível e não remunerado das mulheres, acarretando também na sobrecarga física e psíquica
que essas mulheres carregam.
A terceira categoria abarcou conceitos frente à “percepção do relacionamento vivido”.
Assim, observou-se como principais mais citados a “violência verbal” e “tortura” diante de
relatos como “ele me tratava muito mal também, com xingamentos. Eu considero que teve
coisas que ele disse que foi pior que levar um tapa na cara” (P.1). Tal comportamento é
considerado como parte do ciclo de violência, o qual é alimentado pela tolerância e autoculpa
e pela má compreensão da mesma. Assim, a maioria das vítimas permanece coagida a um
relacionamento baseado, muitas vezes, na dependência financeira e emocional, levando a
eventos cíclicos de violência (FONSECA, RIBEIRO, LEAL, 2012).
Quanto a violência verbal, esse também foi um conceito significativamente citado
pelas participantes, usado para descrever os xingamentos, brigas, humilhações e ameaças
realizados pelo agressor: “os xingamentos, chamava de vadia, vagabunda, na frente dos
filhos e de outras pessoas da família (...) (P. 1). Esse tipo de violência é entendido como uma
agressão que faz parte da violência psicológica, onde procura-se resolver as diferenças com
comportamentos que envolvem insultos, gritos, dar as costas e ir embora no meio de uma
discussão, como também ameaçam acertar ou jogar algo no companheiro (DILL et all, 2013).
Ainda para Dill et all (2013) existem algumas interações conflitivas causam apenas
certo incômodo e irritação; outras, entretanto, podem ser de complexidade e de intensidade
opressivas. Assim, entende-se que essa forma de violência também pode ser usada como
forma de oprimir e manipular outra pessoa através de ameaças, a fim de que essa venha a se
comportar como deseja o agressor.
A segurança do homem de sentir-se no poder de agir e falar da forma como deseja, de
comportar-se de forma agressiva com sua companheira advém também do sentimento de
poder que é pré-estabelecido culturalmente pelo patriarcado, onde esse poder sobre a mulher e
a naturalização da violência cotidiana, tem suas as raízes de uma sociedade patriarcal,
androcêntrica e misógina (VIEIRA, GARCIA, MACIEL, 2020). Percebe-se assim que muitas
mulheres não tem a oportunidade de desfrutar de um lar como um ambiente seguro, como um
lugar de descanso e proteção, onde o conceito de “tortura” é compreendido como a
convivência junto de seus parceiros.
18

Na categoria “Vivência de situações identificadas como violência” buscou


compreender sobre a vivência de cada mulher frente às situações que identificavam como
violência. Assim identificou-se nos discursos o fato do parceiro usar da violência física e
afastamento da vítima de seu convívio social como maiores formas de violência utilizadas:
“(...) um dia ele me agrediu muito (...) resolvi dar mais uma chance de novo. E minha mãe
falou “T. eu vou embora porque estou cansada de ver seu sofrimento” (P. 7). Esse tipo de
violência contra a mulher vem a afetar a integridade biopsicossocial, de forma que se tem a
possibilidade de surgirem diversas sintomatologias e transtornos na vítima (LETTIERE,
NAKANO, 2011).
Entende-se que mulheres que experienciam de violência física, também trazem relatos
frente a violência sexual, como por exemplo: “a violência pode ser até mesmo um sexo
forçado (...) eu passei muito disso ele quase me matava (...) as vezes eu não conseguia nem
respirar e ele ficava louco (...)”. Relatos com esse refletem o sofrimento das vítimas frente ao
sexo forçado dentro do relacionamento abusivo, bem como os danos causados a sua saúde.
Obtém-se assim um significativo resultado a respeito de que mulheres que vivenciam esses
relacionamentos são vítimas também o abuso sexual, sendo forçadas a manterem práticas e/ou
relação sexual com o parceiro agressor (FERREIRA, 2016).
Conceitos como “brigas”, “não poder fazer nada sem autorização do parceiro”,
“violência verbal” e “violência psicológica”, também surgem em seus discursos, como
explicação de suas vivências abusivas. Tais comportamentos eram descritos em tentativas de
tentar intimidar as vítimas, a fim de manipular as mesmas para que se comportassem da
maneira desejada pelo agressor, sendo que, de acordo com Souza et al (2020) a violência
contra mulheres é pautada em um histórico cultural patriarcal que constitui nessa
desigualdade manifestada a tendência a diminuir a mulher em relação ao homem, gerando
assim a situação de vulnerabilidade da mulher.
Quanto a categoria referida ao processo de afastamento do agressor percebe-se que
todas as participantes consideraram este processo como difícil, de forma que muitas vezes
apresentavam a crença na mudança de comportamentos do agressor. Aqui é possível atentar-
se a pontos quanto as ameaças realizadas pelos agressores, o sentimento de dependência
emocional, e em alguns casos o sentimento pela separação dos filhos. Quando essas vítimas se
deparam com a necessidade de sair desse relacionamento, essas deparam-se ainda com o fato
de que denunciar o agressor poderá causar prejuízos e elas e ao agressor, ou então o medo de
19

perder o direito de conviver com os filhos, o que leva a busca por pessoas próximas e que nem
sempre conseguem direcioná-las (SOUZA et al 2020).
O processo de afastamento do agressor também engloba outros fatores em que,
segundo Pereira, Camargo e Aoyama (2018) a socialização feminina tradicional coloca que,
para a mulher ser considerada completa, deve ter um companheiro permanente. Em conceito
sociocultural esse é um fator de peso na decisão do término desses relacionamentos abusivos,
onde a mulher torna a insistir num ciclo de violências. Se esta consegue enfrentar a separação,
a partir disso o agressor inicia um jogo emocional demonstrando que há uma suposta
mudança de comportamento, o que faz com que a mulher se sinta mais confiante e acaba
retornando ao ciclo da violência (PEREIRA; CAMARGO; AOYAMA, 2018).
Ainda a categoria referente aos impactos psicológicos do relacionamento na vida das
participantes levantou significantes pontos, onde a dificuldade para novas relações foi o
conceito mais pontuado por estas. Entende-se que quando um relacionamento se rompe, o
trabalho necessário para recuperar o equilíbrio emocional e existencial requer um gasto
excessivo de energia psíquica e, esse dispêndio impede a reflexão dessas mulheres em seu
contexto de inserção, por estarem habituadas a essa forma de se relacionar com alguém, se
sentem culpadas quando buscam sair de tal contexto (SOUZA et al, 2020).
Quando se trás o conceito de saúde de forma integrada, de acordo com Oliveira
(2021), isso se relaciona também a aspectos sociais, culturais e históricos, que garantem a
manutenção da vida, e não apenas a prevenção à enfermidade. Nesse ponto, se tem a
necessidade de refletir a respeito da integridade da mulher como um todo, através de um
ponto de vista político que leve em conta corpos que foram historicamente estigmatizados
como impotentes, inúteis e dispensáveis ao sistema social (OLIVEIRA, 2021).
Tais relacionamentos abusivos tem como consequência mulheres que tiveram sua
integridade violada por alguém em quem confiavam e deveria zelar por sua proteção. A
“insegurança em ficar sozinha”, “desânimo”, “dores no corpo”, e “constante vontade de
chorar”, são conceitos que refletem um cenário que vai contra ao cuidado e zelo pela
integridade da mulher. Esse cenário vem a ocasionar em traumatismos, incapacidades, até
mesmo em óbitos, acarretando em problemas de saúde como mudanças fisiológicas
provocadas pelo o estresse, uso de substâncias, falta de controle da fertilidade e autonomia
pessoal (SOUSA, SANTOS, ANTONIETTI, 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Dado o exposto, tornou-se possível constatar que a violência contra a mulher é um


problema de âmbito universal que, recentemente, tem se agravado em contextos pandêmico e
de isolamento social. A problemática da violência contra mulher muito se encontra enraizada
nas diferenças de gênero, onde se acredita que o papel da mulher é zelar pelo lar, cumprir com
suas obrigações com os filhos e com o marido. O objetivo inicial do estudo foi identificar as
percepções de mulheres que vivenciaram um relacionamento abusivo, a fim de levantar dados
a respeito dos relacionamentos abusivos em suas diversas formas de violências, sendo que por
meio das entrevistas obteve-se significativo número de relatos a respeito de tal tema.
Assim, foi possível compreender como as mulheres participantes conceituam
relacionamento afetivo e abusivo, compreendendo o relacionamento afetivo como uma troca
de sentimentos, apoio, respeito, fidelidade e compreensão. Quanto ao relacionamento abusivo,
evidencia-se conceitos relacionados à violência física, violência verbal e o sentimento de
ciúmes, descrito como sentimento de posse, onde o parceiro usava-se de tal justificava para
manipulá-las de forma perspicaz.
A percepção das participantes frente ao relacionamento vivido traz de forma
significativa a questão da violência física, onde a grande maioria pontuou relatos a respeito
desse tipo de violência, evidenciando-se também o sofrimento vivido por meio de chantagens,
ameaças e manipulações, descritas também por algumas como uma violência psicológica,
situação a qual apresentava grande sofrimento.
Também foi possível identificar a conceituar diferentes formas de violência de acordo
com o relato de cada participante. Assim, a “violência física”, “violência psicológica” e
“ciúme”, foram identificados como principais comportamentos manifestantes de violência, os
quais mais causavam sofrimentos nas vítimas.
A saber das dificuldades para o afastamento do agressor e a compreensão sobre os
impactos psicológicos do relacionamento na vida das participantes que demostrou as
dificuldades para ingressar em novos relacionamentos, desânimo, dores no corpo, dificuldade
para dormir e comer. Tais pontos ressaltam não só sintomas, mas uma vivência a qual não
será esquecida por nenhuma das vítimas, sendo que essas relatam que constantemente em seu
cotidiano, relembram-se de alguns episódios vivido como uma experiência traumática.
Assim, a pesquisa também buscou trazer contribuições no âmbito social, onde se
procurou promover mais conhecimento por parte das mulheres para que estas venham a
identificar comportamentos abusivos e ciclos de violência. Este propósito faz-se presente na
21

intenção de que se uma mulher possui o conhecimento do que está acontecendo com ela
mesma dentro de um relacionamento, essa também terá mais instrumentos de apoio para que
consiga sair de tal situação.
No âmbito da psicologia, tal pesquisa forneceu mais conhecimento e informações
frente às relações amorosas heterossexuais, como se tornam abusivas e como entender o papel
da mulher dentro desse contexto. Ainda proporcionou maior entendimento do comportamento
violento por parte do agressor e, sobretudo, o comportamento da vítima que permanece em
uma situação considerada aversiva para ela.

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