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ORGANIZADORES
1ª Edição
Maringá
2019
CORPO EDITORIAL
PRESIDENTE
Prof. Dr. Hélio Silveira
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM)
EDITORES CIENTÍFICOS
Profa. Dra. Beatriz Ribeiro Soares
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof. Dr. A n d ré Luís V a l v e rd e Profa. Dra. Juliana de Paula Silva
Fernandes Profa. Dra. Juniele Martins Silva
P r o f a . D r a . A n ge l a M a r i a E n d li c h P r o f a . D r a . Ka r i n e B u e n o V a r g a s
P r o f . D r . B r u n o L e o n a r d o B a r c e l l a S i lv a P r o f . D r . L e o n a rd o D i r c e u A z a m b u j a
P r o f . D r . C l a u d i v a n S a n c he s L o p e s P r o f . D r . L u c a s C é sa r F r e d i a n i S a n t ’ a n a
P r o f a . D r a . C le d i a n e N a s ci m e n t o S a n t o s P r o f . D r . M a r c e l B or d i n Ga l v ã o Di a s
Profa. Dra. Dayana Aparecid a M. de O. P r o f a . D r a . M a r i a Te r e s a d e N ó b r e g a
Cruz Profa. Dra. Marta Luzia de Souza
Profa. Dra. Eliane Silva dos Santos P r o f . D r . M u n i r J o rg e F e lí c i o
P r o f . D r . E lp í d i o S e r r a Prof. Dr. Oseias da Silva Martinuci
P r o f . D r . F e li p e C é sa r A . S . d o s S a n t o s P r o f a . D r a . Ra f a e la H a r u m i F u j i t a
P r o f . D r . F e rn a n d o C é s a r M a n o ss o P r o f . D r . R i c a rd o L o p e s F o n se c a
P r o f . D r . F e rn a n d o V e r o n e z z i P r o f . D r . R i c a rd o L u i z T o w s
P r o f . D r . F i li p e R a fa e l G r a ci o l i P r o f . D r . V a l d e i r De m é t r i o
P r o f a . D r a . Gi s e le B a r b o s a d o s S a n t os P r o f a . D r a . V a lé r i a L i m a
P r o f . D r . G l a u c o N on o s e Ne g r ã o P r o f a . D r a . V i vi a n a M e n d e s L i m a
P r o f . D r . H é li o S i l ve i r a
EDITORAÇÃO
Estevão Pastori Garbin
Francieli Sant’ana Marcatto
Taís Pires de Oliveira
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM)
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)
ISBN 978-85-87884-41-1
RESUMO
Este artigo apresenta parte dos resultados da pesquisa de mestrado. Assim, o presente trabalho
objetiva refletir sobre os saberes docentes, mobilizados por esse profissional para ensinar,
buscando, especificamente, identificar os saberes envolvidos no processo de elaboração e
utilização do jogo, como material lúdico, por docentes de Geografia. Pois o professor adquire
durante seu processo formativo e produz ao longo de sua carreira profissional (experiência em sala
de aula) diversos saberes, que são incitados no âmbito da prática docente. Esses saberes são
também utilizados ao empregar os jogos como um instrumento no processo de ensino-
aprendizagem. Assim, para atingir os objetivos propostos, nessa pesquisa de cunho qualitativo, a
coleta de dados se desenvolveu, por meio de entrevistas semiestruturadas, junto a quatro
professoras de Geografia. Através da análise dos dados, verificou-se que os saberes docentes
envolvidos no processo de utilização dos jogos, de acordo com a categorização proposta pelos
autores, que dão sustentação a este trabalho, sem desconsiderar os demais saberes, são: o saber da
experiência, o conhecimento dos alunos e de suas características e o conhecimento pedagógico do
conteúdo (CPC). Nessa perspectiva, espera-se, por meio das discussões apresentadas, contribuir
para a valorização das práticas docentes dos professores de Geografia e para a utilização de jogos
no ensino de Geografia, de forma que, atrelando forma e conteúdo, possibilitem que o aluno
desenvolva e exercite modos de pensar próprios da ciência geográfica.
363
INTRODUÇÃO
Durante sua formação inicial, sua formação continuada e ao longo de sua carreira
profissional, o professor adquire diferentes saberes, que são mobilizados para desenvolver suas
práticas pedagógicas (TARDIF, 2002; GAUTHIER et al., 1998; SHULMAN, 2014). Dessa forma,
acumulam no percurso de suas vidas aprendizagens diversificadas e constroem seu conhecimento
profissional, é nessa direção que Montero (2001, p. 144, grifos da autora) afirma que “Aprender a
ensinar tem a ver, em definitivo, com a construção da identidade de um professor. Um processo ao
mesmo tempo estável e provisório.”.
Ao mobilizar esses diferentes conhecimentos o docente alcança o objetivo, dentre
outros, de didatizar os conteúdos que serão trabalhados, isto é, o professor se preocupa, então, com
a busca de tornar os conceitos acessíveis aos alunos. Isso possibilita que o docente articule os
modos de ensinar a lógica científica da Geografia e alcance os meios didáticos para um ensino
significativo. Desse modo, no processo de criação e utilização de jogos, os docentes também
articulam saberes para edificação dessas práticas.
Ao empregar o jogo no processo de ensino-aprendizagem de Geografia, o docente
possibilita, por meio desse material, a construção do conhecimento geográfico pelo aluno. Visto
que, é função do professor selecionar e/ou desenvolver o material que melhor represente a temática
trabalhada e atinja os objetivos de sua prática. Para tanto, o educador necessita conhecer seus
alunos, dominar o conteúdo, além de compreender os aportes teóricos que embasam o uso dos
jogos, ou seja, para que o material possa, de fato, ser um recurso que mobilize desejos no aluno,
para a apropriação do conhecimento, é importante que o docente articule seus diferentes saberes.
Mas quais são os saberes docentes envolvidos no processo de elaboração e
implementação dos jogos por professores de Geografia? Quais saberes se destacam na utilização
desses materiais?
Diante desses questionamentos, este trabalho11 objetiva refletir sobre os saberes
docentes mobilizados por esse profissional para ensinar. Buscando, especificamente, identificar os
saberes envolvidos no processo de elaboração e utilização do jogo, como material lúdico, por
docentes de Geografia.
11
Baseado em pesquisa de mestrado intitulada “A utilização de jogos por professores de Geografia na Educação
Básica”, sob orientação do Prof. Dr. Claudivan Sanches Lopes do Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Estadual de Maringá.
2. MATERIAIS E MÉTODO
Visando alcançar os objetivos descritos, buscou-se aportes teóricos em Tardif (2002),
Gauthier et al. (1998) e Shulman (2014), para, assim, compreender o processo de aquisição e
desenvolvimento dos saberes docentes, para que seja possível, compreender quais saberes o
professor desenvolve ou mobiliza ao utilizar um jogo em sala de aula. Outros fundamentos teóricos,
sobre os jogos e o ensino de Geografia, também subsidiaram a discussão da temática em pauta.
À luz das reflexões teóricas, neste estudo, de caráter qualitativo (LÜDKE; ANDRÉ,
1986; BAUER; GASKELL, 2002), o desenvolvimento do trabalho de campo e coleta de
informações12, sobre a temática aqui discutida, ocorreu junto a quatro professoras 13 de Geografia
do Núcleo Regional de Educação de Maringá. As professoras foram elencadas e participaram da
pesquisa por fazerem uso de jogos em sala de aula com mais frequência. Assim, com o intuito de
aprofundar e refletir, acerca dos saberes docentes e o uso de jogos, realizou-se entrevistas
semiestruturas (BAUER; GASKEL, 2002), individualmente, com as quatro professoras.
A entrevista, como ferramenta da coleta de dados, foi adotada por ser uma “[...] técnica
em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo
de obtenção dos dados que interessam à investigação.” (GIL, 2008, p. 109). Dessa forma, para a
realização das entrevistas, foi elaborado um tópico guia que, conforme Gaskell (2002, p. 66), “[...]
não é uma série extensa de perguntas específicas, mas ao contrário, um conjunto de títulos de
parágrafos” e que visa possibilitar ao docente entrevistado falar abertamente sobre suas
experiências e teorias. Permitindo, portanto, como defende o autor, uma flexibilização e possíveis
modificações no roteiro durante as entrevistas.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e posteriormente analisadas, através do
método de análise de conteúdo, baseada em Bardin (1977) e Moraes (1999). Ressalta-se que essa
abordagem metodológica, de análise, pode ser utilizada para descrever e interpretar diferentes tipos
de documentos e textos e ajuda a compreender as mensagens contidas no documento, bem como,
a decifrar seus significados em um nível além de uma leitura comum.
Diante disso, a partir do levantamento dos dados, constitui-se um quadro de
informações, a respeito dos participantes, que foram analisada e serão apresentadas nesse trabalho.
12
Esse processo foi submetido e aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa (Copep) da UEM, número do Parecer
2.093.453.
13
Para preservar a identidade das professoras, os nomes adotados nesse trabalho são fictícios.
365
3. OS JOGOS E OS SABERES DOCENTES: APORTES TEÓRICOS
O jogo está presente em todas as fases da vida e, como um material lúdico, quando
utilizado em sala de aula, assume o papel de contribuir para o ensino. Conforme afirma Kishimoto
(1994, p. 37), a utilização desses materiais “[...] potencializa a exploração e a construção do
conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico [...].”. Nessa direção, o jogo
pode estimular no aluno as interações sociais e participativas, permitindo que esse se expresse
emocionalmente e realize descobertas pessoais e educacionais.
O jogo se torna, então, um instrumento para o docente e auxilia em suas atividades.
Dessa maneira, cabe ao professor refletir sobre suas práticas e os materiais empregados em suas
aulas, para assim, avaliar se o instrumento utilizado propicia aos alunos o desenvolvimento do
conhecimento. Entretanto é evidente que o jogo, como um recurso didático lúdico, não sana, por si
mesmo, todas as dificuldades encontradas pelo professor em sala de aula. Tal situação exige,
destarte,
[...] que o professor organize os materiais, defina seus objetivos e planeje as aulas,
o que implica ter capacidade de gestão da aula, resultando em uma análise prévia
e conhecimento dos alunos, dos percursos didáticos e do modo como os conteúdos
serão articulados. (CASTELLAR; VILHENA, 2011, p. 44 - 45).
Essa ideia remete aos saberes produzidos e mobilizados no âmbito da prática docente,
que são, conforme implícito no excerto citado anteriormente, utilizados também ao empregar os
jogos como um instrumento no processo de ensino-aprendizagem. Esses saberes que o professor
adquire durante seu processo formativo, que produz ao longo de sua carreira profissional
(experiência em sala de aula), e que são constantemente configurados e reconfigurados no
desenvolvimento das práticas de ensino, são discutidos pelos pesquisadores Tardif (2002), Gauthier
et al. (1998) e Shulman (2014).
As pesquisas desenvolvidas por esses autores foram motivadas por múltiplos fatores,
dentre eles, fomentar a profissão, aumentar a estima e status do professor perante a sociedade e
estimular o caráter profissional da atividade docente, historicamente marcada por processos que
levaram alguns autores a classificá-la como semiprofissão (SACRISTÁN, 1999; NÓVOA, 1999).
Entende-se, em consonância com Lopes (2016), que essas pesquisas objetivam contribuir para a
formalização dos saberes, que emergem no dia a dia da sala de aula e, mais amplamente, cooperar
366
com os processos de desenvolvimento profissional dos professores de Geografia ou de qualquer
outra disciplina.
Tardif (2002) sustenta que o saber do professor é um saber social, sua construção é
permeada de relações com outros atores, afirma, ainda, que tal saber é composto por vários saberes
originários de diferentes fontes, nesse sentido “[...] pode-se definir o saber docente como um saber
plural, formado pelo amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundo da formação
profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais” (TARDIF, 2002, p. 36). Nessa
direção, o teórico identificou e definiu quatro diferentes tipos de saberes constitutivos da prática
docente e as relações existentes entre eles, esses saberes são nomeados pelo pesquisador como:
saberes da formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes
experienciais.
Para Gauthier et al. (1998), ainda se sabe pouco sobre os fenômenos do ofício de
ensinar, mas é fundamental conhecer esses elementos para que os docentes trabalhem com mais
competência. Dessa maneira, sinalizam uma concepção de ensino, na qual destacam os diversos
saberes que são mobilizados pelo professor nesse processo, assim, para os teóricos, o ato docente
consiste na “[...] mobilização de vários saberes que formam uma espécie de reservatório no qual o
professor se abastece para responder a exigências específicas de sua situação concreta de ensino”
(GAUTHIER et al., 1998, p. 28). Os saberes necessários para o ensino, elencados pelos
pesquisadores são: saberes disciplinares, saberes curriculares, saberes das ciências da educação,
saberes da tradição pedagógica, saberes experienciais e saberes da ação pedagógica.
Shulman (2014) elucida que o ensino se inicia com um professor que sabe algo que os
alunos não sabem ou o sabem parcialmente. Desse modo, ensinar é, em um primeiro momento,
compreender, ou seja, o docente compreende o que deve ser ensinado e a maneira como deve ser
ensinado. Assim, a base de conhecimentos, identificada pelo autor, refere-se ao conhecimento que
os docentes necessitam: um repertório profissional construído ao longo do período de formação
inicial e de sua vida docente, os quais são necessários para promover a aprendizagem nos alunos e
realizar um bom ensino.
O pesquisador apresenta sete categorias que compõem a base do conhecimento
docente, que é necessária para o ensino, são elas: 1. conhecimento do conteúdo; 2. conhecimento
pedagógico geral; 3. conhecimento do currículo; 4. conhecimento dos alunos e de suas
367
características; 5. conhecimento de contextos educacionais; 6. conhecimento dos fins, propósitos e
valores da educação e de sua base histórica e filosófica; 7. conhecimento pedagógico do conteúdo.
Os pesquisadores citados, como se observa, têm alguns pontos em comum, pois buscam
evidenciar e legitimar os professores como produtores de saberes profissionais específicos. Nessa
perspectiva, tem-se que Tardif (2002) elenca os saberes como elementos constitutivos da prática
docente, já para Gauthier et al. (1998) o professor mobiliza saberes que formam um reservatório
para ensinar e Shulman (2014) considera que o professor deve ter uma base de conhecimentos
necessária para o ensino. O primeiro autor enfatiza o saber da experiência docente como os mais
importantes para os professores, Gauthier, por sua vez, considera o saber da ação pedagógica,
aquele referente ao saber experiencial que foi testado por meio de pesquisas acadêmicas, como de
maior relevância. Já, para Shulman, o conhecimento pedagógico do conteúdo tem mais importância
por permitir ao docente unir o pedagógico ao epistemológico e representar distintos corpos de
conhecimento necessários para ensinar.
Ainda que se possa reconhecer diferenças nas categorizações propostas pelos autores
apresentados, essas pesquisas têm em comum a ideia de que os saberes emergentes da prática
docente são os menos estudados e desenvolvidos, constituindo, então, um saber de grande
importância para o reconhecimento e profissionalização do ensino. Nesse sentido, Lopes (2016, p.
28), afirma que “[...] trata-se de teorias que, ao legitimar o professor como produtor e detentor de
um saber profissional específico, enfatizam que estes são fundamentos essenciais no processo de
profissionalização e do exercício da profissionalidade docente.”, salientando que, explicitar, por
meio de estudos, a sabedoria prática docente é uma das tarefas da pesquisa acadêmica.
371
experiência, o conhecimento dos alunos e de suas características e o conhecimento pedagógico do
conteúdo.
Assim, os conhecimentos elencados são fundamentais, embora não os únicos, para que
o professor possa elaborar, adaptar e implementar os jogos geográficos e contribuir, por meio
desses materiais, para que seus alunos desenvolvam um raciocínio geográfico, compreendendo o
espaço em que vivem e se relacionar com seus pares.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho buscou refletir sobre os saberes docentes mobilizados por esse
profissional para ensinar. Procurando, especificamente, identificar os saberes envolvidos no
processo de elaboração e utilização do jogo, como material lúdico, por docentes de Geografia. Isso
foi possível por meio de entrevista com quatro professoras que, em suas práticas, empregam os
jogos.
Com base na bibliografia estudada e nas análises dos dados coletados na pesquisa de
campo, evidenciou-se que os conhecimentos mais acessados e mobilizados para empregar esses
jogos são: o saber da experiência, o conhecimento dos alunos e de suas características, além do
conhecimento pedagógico do conteúdo, sem desconsiderar que os professores detêm um arcabouço
de diversos outros conhecimentos, adquiridos ao longo da formação e da carreira profissional,
conforme discutido a partir da bibliografia apresentada.
O saber da experiência, produzido e adquirido pelo docente, no exercício de sua
profissão, permite que se desenvolva ferramentas para enfrentar as diferentes situações do
cotidiano e oportuniza que o professor reflita, criativamente, sobre suas práticas e sobre o emprego
diversificado de instrumentos didáticos, mais especificamente o jogo.
O conhecimento das vivências, experiências e potencialidades dos discentes, muito
valorizada pelos professores que participaram da pesquisa, possibilita que o docente selecione/crie
jogos que melhor se adaptam ao perfil da turma. É o tipo de conhecimento que conecta o conteúdo
de ensino ao mundo dos alunos, ou seja, de seus desejos e necessidades.
Enquanto que, o conhecimento pedagógico do conteúdo (CPC), representa a
combinação do domínio do conteúdo a ser ensinado com a pedagogia, para expor os diversos
conteúdos de maneira atraente, acessível e significativa, de acordo, ainda, com as especificidades
372
que apresentam os alunos. Entende-se que o jogo, principalmente aquele compreendido como
geográfico, isto é, quando o material é pensado para explicitar um conceito tanto em seu conteúdo,
como em sua forma, forma também geográfica, é reflexo do conhecimento pedagógico do
conteúdo. Ou seja, o CPC permite ao professor dar ao jogo a geograficidade por ele desejada.
Portanto, evidenciou-se a partir da pesquisa que esses três saberes, em conjunto, ainda
que sem desconsiderar os demais, proporcionam ao docente ferramentas para refletir e planejar sua
aula, assim como o uso do jogo, de tal modo que possa atingir os objetivos desejados, contribuindo
para que os alunos desenvolvam habilidades para raciocinar geograficamente e compreender o
espaço em que vivem e se relacionam com seus pares.
Ressalta-se, como sustentado ao longo do trabalho, que os docentes utilizam os jogos
em sala de aula, e, para tanto, mobilizam saberes que foram adquiridos ao longo de sua profissão
para planejar e realizar práticas pedagógicas, articulando o conhecimento geográfico e o
conhecimento pedagógico, ou seja, desenvolvendo uma didática própria dessa disciplina, para,
dessa maneira, empregar os jogos.
Entende-se, destarte, que a ampliação das possibilidades do uso eficaz do jogo no
ensino de Geografia depende, paralelamente, à ação inventiva dos professores em sala de aula, –
não raramente heroico em função das condições de trabalho oferecidas, de modo geral pela escola
pública no Brasil – de um processo mais sistemático de pesquisa e reflexão teórica que possa
subsidiar suas práticas.
Assim, espera-se, por meio das discussões apresentadas, contribuir para a valorização
das práticas docentes, para o desenvolvimento profissional dos professores de Geografia e para o
reconhecimento da complexidade do ensino e dos saberes docentes. Igualmente, espera-se
promover a utilização de jogos no ensino de Geografia que, atrelando forma e conteúdo,
possibilitam que o aluno desenvolva e exercite modos de pensar próprios da ciência geográfica.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - Brasil (Capes) - Código de Financiamento 001.
REFERÊNCIAS
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BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa - Portugal: Edições 70, 1977.
CASTELLAR, S., VILHENA, J. Ensino de Geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual
prático. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
GAUTHIER, C. et al. Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber
docente. Ijuí, RS: Unijuí, 1998.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação. Porto Alegre, ano 22. p. 7-37, 1999.
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SOBRE OS AUTORES
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