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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

IED – Instituto de Educação à Distancia

Avaliação das Condições do Saneamento do Meio: Caso Bairro 28 de Setembro, Município


de Monapo (2019 à 2021).

Nome: Agira Basílio Munhumua

Nampula, Abril de 2021


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

IED – Instituto de Educação à Distancia

Avaliação das Condições do Saneamento do Meio: Caso Bairro 28 de Setembro, Município


de Monapo (2019 – 2021).

Monografia Científica a ser apresentada no IED –


Instituto de Educação à Distância da Universidade
Católica de Moçambique, Curso de licenciatura em
Ensino de Biologia, como requisito parcial para
obtenção do grau académico de Licenciada em Ensino
de Biologia.

Estudante: Agira Basílio Munhumua

Supervisor: dr. António Martins da Silva

Nampula, Abril de 2021

2
Índice

Índice...........................................................................................................................................................iii

Declaração....................................................................................................................................................vi

Agradecimentos..........................................................................................................................................vii

Dedicatória.................................................................................................................................................viii

Lista de Abreviatura e Siglas........................................................................................................................ix

Lista de Tabelas.............................................................................................................................................x

Lista de gráficos...........................................................................................................................................xi

Lista de figuras............................................................................................................................................xii

Resumo......................................................................................................................................................xiii

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO..................................................................................................................12
1.1. Contextualização.................................................................................................................................12
1.2. Problematização..................................................................................................................................13
1.3. Delimitação da pesquisa......................................................................................................................14
1.4. Objectivos da Pesquisa........................................................................................................................14
1.4.1. Objectivo Geral................................................................................................................................14
1.4.2. Objectivos específicos:.....................................................................................................................14
1.5. Questões específicas da pesquisa.........................................................................................................14
1.6. Justificativa..........................................................................................................................................15

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................16

2.1. Conceitos..............................................................................................................................................16

2.1.1. Saneamento Ambiental......................................................................................................................16

2.1.2. Saneamento básico............................................................................................................................16

2.1.3. Meio Ambiente..................................................................................................................................16

2.1.4. Salubridade Ambiental......................................................................................................................17

2.1.5. Qualidade de vida..............................................................................................................................17

2.2. Breve Historial Sobre Saneamento.......................................................................................................17

2.3. Saneamento no contexto moçambicano................................................................................................18

iii
2.3.1. Drenagem urbana..............................................................................................................................18

2.3.2. Saneamento Rural..............................................................................................................................19

2.4. Abastecimento de água.........................................................................................................................20

2.4.1. Situação da água em Moçambique....................................................................................................21

2.5. Sistema de Esgotos...............................................................................................................................21

2.6. Disposição do lixo................................................................................................................................22

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................................25

3.1. Classificação da pesquisa.....................................................................................................................25

3.2. Métodos da pesquisa............................................................................................................................26

3.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados.......................................................................................26

3.4. Participantes da pesquisa......................................................................................................................26

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANAÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS..........................27

4.1. Caracterização da área da pesquisa.......................................................................................................27

4.1.1. Localização geográfica da Vila de Monapo.......................................................................................27

4.1.2. Abastecimento de água e saneamento do meio..................................................................................27

4.2. Resultados das Observações.................................................................................................................28

4.2.1. Dados relativos aos Domicílios.........................................................................................................28

4.2.2. Dados relativos aos Domicílios Versos Meio Ambiente....................................................................29

4.3. Resultados do Questionário..................................................................................................................30

4.3.1. Descrição operacional do Sistema de Abastecimento de Água..........................................................30

Tabela 1. Dados operacionais do sistema de abastecimento de água...........................................................31

4.4. Resultados das Entrevistas....................................................................................................................31

4.4.1. Variáveis do eixo saneamento e epidemiologia.................................................................................32

4.4.2. Variáveis do eixo Meio Ambiente, Drenagem, Serviço de Limpeza Pública.....................................34

CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES.......................................................................................36

5.1. Conclusão.............................................................................................................................................36

5.2. Sugestões..............................................................................................................................................37
iv
Bibliografia.................................................................................................................................................38

Apêndices...................................................................................................................................................40
Anexos.......................................................................................................................................................47

v
Declaração

Eu, Agira Basílio Munhumua, declaro que a presente Monografia Científica é fruto e resultado de
uma investigação árdua e pessoal, sendo todo o conteúdo original e todas as fontes consultadas
estão devidamente citadas, e que a mesma nunca foi apresentada em nenhuma instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, 13 de Abril de 2021

________________________________
(Agira Basílio Munhumua)

vi
Agradecimentos

Agradeço à ALLAH, força maior do universo, pelo milagre de ter-me dado o dom de existir e
guiar meus passos nos melhores caminhos ajudando-me a tirar os espinhos encontrados nos
mesmos e também pelas maravilhas que ele tem-me proporcionado.

Um especial agradecimento a minha família, meus pais, ao meu esposo e meus filhos pelo
suporte moral e financeiro.
Ao meu supervisor, pela disponibilidade, apoio incondicional e partilha de sua experiencia, seu
olhar crítico e construtivista com o qual norteou-me no acto da realização deste trabalho.
Agradeço a todos aqueles que de forma directa ou indirecta contribuíram para concretização desta
pesquisa. Não conseguiria mencionar todas as pessoas que assim o fizeram. Mesmo assim,
merecem uma atenção especial as seguintes singularidades e instituições, ao Conselho Municipal
de Monapo, ao Serviço de Abastecimento de Água de Manapo (PRAVIDA), aos habitantes do
Bairro Municipal 28 de Setembro.

vii
Dedicatória

À minha família por me inspirar paciência, força e coragem nas minhas lutas.

viii
Lista de Abreviatura e Siglas

APETRES Associação Paulista das Empresas de Tratamento e Destinação de Resíduos


INE Instituto Nacional de Estatística
ITB Instituto Trata Brasil
OMS Organização Mundial de Saúde
PNA Plano Nacional de Acção
PRAVIDA Para a Vida
USD Dólar
UNICEF Unied Nations Childrenʹs Fund (Fundo Internacional de Emergência das Nações
Unidas para a Infância)
USEPA Enviroment Protecion Agence United Stats (Agencia de Protecção Ambiental dos
Estados Unidos)

ix
Lista de Tabelas

Tabela 1. Dados operacionais do sistema de abastecimento de água

x
Lista de gráficos

Gráfico 1: Domicílio com reservatório ou tanque de água

Gráfico 2: Higiene sanitária

xi
Lista de figuras

Figura 1: Diagrama ilustrativo das fontes de água utilizada para o consumo e outros usos

Figura 2: Funcionários do Município, no processo de recolha de lixo.

xii
Resumo
Neste estudo faz-se avaliação das condições de saneamento do meio, junto dos moradores do
Bairro 28 de Setembro no Município de Monapo, na perspectiva de inteirar-se das condições de
saneamento do meio que o município proporciona aos seus habitantes, a fim de perceber como
elas reflectem na qualidade de suas vidas. A pesquisa é descritiva qualitativa, baseada no método
indutivo. A recolha de dados foi mediante o uso de questionário, entrevistas e observação
aplicados a 150 domicílios, com objectivo de averiguar a oferta do saneamento associada às
acções multissectoriais com enfoque na gestão dos serviços, nas condições sanitárias do
município e do bairro, e nos aspectos tecnológicos dos sistemas de abastecimento de água e das
melhorias sanitárias domiciliares. Nesse sentido, a metodologia permitiu perceber que as
condições de saneamento são precárias, e o seu reflexo é proporcional com a qualidade de vida
das populações, o que mostra que as políticas públicas no sector de saneamento, como em outras
áreas, são importantes ao acompanhamento do crescimento urbano, visto que a sua implantação
está directamente relacionada ao desenvolvimento do município. Estes resultados sugerem um
trabalho coordenado da parte dos serviços municipais e as comunidades na conceição sobre a
importância do saneamento do meio, na promoção dum ambiente sadio.
Palavras-chave: Ambiente, Avaliação, Qualidade, Saneamento, Vida.

xiii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização
A realização deste trabalho visou efectuar um estudo de avaliação das condições de saneamento
do meio, junto dos moradores do bairro 28 de Setembro no Município de Monapo, na Província
de Nampula. A sua realização foi na perspectiva de inteirar-se das condições de saneamento do
meio que o município proporciona aos seus habitantes, com vista a perceber como essas
condições reflectem na qualidade de suas vidas, além deste constitui-se num importante indicador
do desenvolvimento humano.

O saneamento do meio é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como sendo o
controle de todos os factores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos
nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. Dessa forma, pode-se dizer que saneamento
caracteriza o conjunto de acções socioeconómicas que têm por objectivo alcançar salubridade
ambiental.

Dessa forma podemos perceber que a integração das áreas de saúde e saneamento, formam o
saneamento do meio, que é a implantação de sistemas de abastecimento de água, sistemas de
esgoto sanitário, colecta e destinação final de resíduos sólidos, como actividades básicas. Assim
sendo, o saneamento do meio abrange as diversas maneiras de modificar as condições do meio
ambiente para permitir ao homem manter e melhorar sua saúde, evitando contrair doenças.

Surge então, que a valorização do saneamento básico nas zonas rurais e urbanas tem sido uma
constante para as instituições nacionais e internacionais que reconhecem o abastecimento de
água, o esgoto sanitário e o manuseio dos resíduos sólidos, como exemplos de externalidades
positivas inscritas na área de Responsabilidades da Gestão Pública. Não obstante, tem-se
observado um défice de concretização de acções quer seja da parte das autoridades municipais
quer seja no ramo da Saúde nesse âmbito, tal como verifica-se no município de Monapo.

Neste trabalho procurou-se conceber a necessidade de envidar esforços sob forma de responder
progressiva e cabalmente a este desafio, que se estrutura de forma complexa e com efeitos
acumulados que sobressaem aos necessitados, relativamente às condições de saneamento do meio
em que vivem os moradores do bairro supracitado.

12
1.2. Problematização
O estudo partiu do pressuposto sobre a importância do saneamento do meio para a melhoria da
qualidade de vida das populações, uma vez que o saneamento do meio constitui-se numa das áreas
prioritárias de saúde pública e por ser um instrumento fundamental no processo de promoção e
educação para a saúde das comunidades.

A ser assim, percebe-se que a sua degradação representa um risco eminente para a eclosão de
diversas enfermidades infecciosas (leptospirose, hepatite A, doenças diarreicas como a cólera), e
nessa ordem, Moçambique é um dos pais da África Subsaariana com diversos problemas
relacionados com saneamento do meio, em particular a Província de Nampula concretamente o
distrito de Monapo, onde apenas 10% da população tem acesso a fontes de água melhoras e
acentuada taxa de fecalismo a céu aberto (UNICEF, 2019). Pois aponta-se que em cada 10 casas,
apenas uma tem uma latrina (na sua maioria construída com material precário), o que representa
80% da taxa de fecalismo a céu aberto (INE, 2017).

De uma maneira geral, persistem desigualdades nos serviços de abastecimento de água e


saneamento entre as pessoas que vivem no município de Monapo. Embora o município, seja
atravessado por um rio de referência na região, a maioria das pessoas usa água da superfície como
sua fonte primária de água para beber e não dispõem de um sistema de saneamento melhorado, e
este problema só agudiza-se no tempo seco.

Este facto tem levado a população a optar na abertura de poços artesanal de água consumido assim
consequentemente água sem padrões de potabilidade facto que propicia a ocorrência de doenças de
origem hídrica.

Para minimizar-se o problema, foi recentemente inaugurado um sistema de abastecimento de água,


mas este está além de suprir as necessidades da população local visto que beneficia só a população
da vila sede que representa 2% da população do distrito (INE, 2017).

Diante dessas constatações, ficou evidente que as condições de saneamento em que se encontram
os moradores do bairro 28 de Setembro são precárias, ineficientes e de risco para a saúde pública.
Daí surgiu a seguinte questão de partida: De que maneira as condições de saneamento do meio

13
no bairro 28 de Setembro no município de Monapo reflectem na qualidade de vida dos
residentes?

1.3. Delimitação da pesquisa


A pesquisa delimitou-se em avaliar as condições de saneamento do meio no Município de
Monapo, concretamente no bairro 28 de Setembro, para perceber como tais condições reflectem na
qualidade de vida dos moradores daquele bairro. O período de sua realização é de 2019 à 2021.

1.4. Objectivos da Pesquisa

1.4.1. Objectivo Geral.

 Avaliar as condições de saneamento do meio no bairro 28 de Setembro, Município de Monapo.

1.4.2. Objectivos específicos:

 Averiguar a oferta do saneamento associada às acções multissectoriais com enfoque na


gestão dos serviços, nas condições sanitárias do município e do bairro, e nos aspectos
tecnológicos dos sistemas de abastecimento de água, das melhorias sanitárias domiciliares e
dos sistemas de esgoto sanitário.
 Descrever as acções de saneamento do meio em suas conexões e seus desdobramentos no
modo de vida e nas condições de saúde da população alvo.
 Relacionar o impacto das intervenções de saneamento com a mortalidade por doenças que têm
sua ocorrência relacionada com o saneamento do meio.

1.5. Questões específicas da pesquisa


Para satisfazer os objectivos almejados nesta pesquisa atentando na natureza da pergunta de
partida, as questões aqui apresentadas, foram traduzidas em focos de observação, para que se
explique de que maneira as condições de saneamento do meio no bairro 28 de Setembro no
município de Monapo reflectem na qualidade de vida dos residentes:

 Abastecimento de água às populações, com a qualidade compatível com a protecção de sua


saúde e em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas de conforto;
 Colecta, tratamento e disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura de águas
residuárias (resíduos líquidos industriais e agrícola);

14
 Acondicionamento, colecta, transporte e/ou destino final dos resíduos sólidos (incluindo os
rejeitos provenientes das actividades doméstica, comercial e de serviços, industrial e pública);
 Controle de empoçamentos e inundações;
 Saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação e de recreação e dos hospitais;
 Controle da poluição ambiental – água, ar e solo, acústica e visual;
 Controle de vectores de doenças transmissíveis (insectos, roedores);
 Impacto das intervenções de saneamento na mortalidade por doenças que têm sua ocorrência
relacionada com o saneamento do meio.
 O modo de vida e as condições de saúde da população.

1.6. Justificativa
O saneamento do meio representa um tema que tem levantado vários debates quer a nível nacional,
assim como a nível internacional, dada a extrema relação entre a sua degradação e a veiculação de
doenças infecciosas.

Nessa ordem, Moçambique é um país com altas incidências de prevalência de doenças infecciosas
e que na sua maioria são preveníeis com acções básicas voltadas na melhoria do saneamento do
meio, como por exemplo a construção ou melhoria de sistema de drenagem de águas negras,
aumento de acesso à água potável, adequado condicionamento dos resíduos, sólidos e dejectos
humanos.

Por sua vez, a utilização do saneamento como instrumento de promoção da saúde pressupõe a
superação dos entraves tecnológicos, políticos e gerenciais que têm dificultado a extensão dos
benefícios aos residentes em áreas rurais, municípios e localidades de pequeno porte.

Dai que a concepção deste trabalho é trazer ao público, conhecimentos ligados a educação
ambiental, concernente às condições de saneamento do meio, no contexto da população residente
no bairro 28 de Setembro. Outrossim, este estudo constitui-se num elemento de contribuição na
definição de estratégias para adopção de práticas de saneamento do meio que proporcionem
qualidade de vida da referida população.

No âmbito académico, o mesmo estudo contribui não só na disponibilidade de artigos que tratem
da mesma matéria, mas também que a partir deste se abrem espaços para o desenvolvimento de
15
outras pesquisas que proporcionem um alargamento e aprofundamento do conhecimento sobre
Saneamento do meio, Saúde publica e Qualidade de vida.

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta constitui a parte de produção consciente da teoria para fundamentar o desenvolvimento desta
pesquisa, onde demonstra-se o conhecimento acerca da literatura básica referente a avaliação das
condições do saneamento. Com efeito, dá-se destaque a selecção dos aspectos congruentes a esta
temática, como pode-se verificar a seguir.

2.1. Conceitos

2.1.1. Saneamento Ambiental


É o conjunto de acções socioeconómicas que têm por objectivo alcançar níveis de Salubridade
Ambiental, por meio de abastecimento de água potável, colecta e disposição sanitária de resíduos
sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana,
controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de
proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural.

ITB (2013), considera o saneamento do meio como a arte de promover e recuperar a saúde por
meio de medidas de alcance colectivo e de motivação da população.

2.1.2. Saneamento básico


Quando se fala de saneamento básico, refere-se a parte do saneamento do meio voltada para os
serviços de abastecimento de água; disposição de esgotos sanitários; acondicionamento, colecta,
transporte e destinação do lixo; provimento da drenagem e a disposição de águas. Ou seja, é uma
das formas de contribuir para a manutenção do equilíbrio da natureza e da própria sobrevivência
humana (Mota 2006).

16
2.1.3. Meio Ambiente
“Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interacções de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

2.1.4. Salubridade Ambiental


É o estado de higidez em que vive a população urbana e rural, tanto no que se refere a sua
capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo
meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições
mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar.

2.1.5. Qualidade de vida


Qualidade de vida é uma noção associada a meio ambiente no sentido de ser resultado dos factores
que pressionam e interagem com a comunidade (Menezes 1981 cit in Mota 2006).

2.2. Breve Historial Sobre Saneamento

O reconhecimento da importância do saneamento e de sua associação com a qualidade de vida dos


seres humanos, remota as mais antigas culturas. Ruínas de uma civilização na Índia que se
desenvolveu a cerca de 4000 anos indicam evidências de hábitos higiénicos, incluindo a presença
de banheiros e sistemas de colecta de esgotos sanitários nas edificações (Amaral et al. 2004).

Relatos do ano de 2000 a.C. indicam que técnicas de medicina eram praticadas na Índia, onde se
recomendava que a água impura deveria ser purificada pela fervura, pelo aquecimento no sol,
mergulhando um ferro quente dentro dela ou por filtração em areia ou cascalho (USEPA 1990 cit
in, Amaral et al. 2004).

Por sua vez Cavinatto (1992) cit in Ayach e Pinto (2007), refere que os egípcios dominavam
técnicas de irrigação do solo na agricultura e métodos de armazenamento de água, pois dependia
das cheias do Rio Nilo.

Ao longo dos séculos o saneamento passou por várias fases, ora retrocedendo com a queda de
algumas civilizações, ora renascendo com o surgimento de outras.

17
Guimarães (2007), indica que ainda nos dias de hoje, mesmo com os diversos meios de
comunicação existentes, verifica-se a falta de divulgação desses conhecimentos. Em áreas rurais a
população consome recursos para construir suas casas sem incluir as facilidades sanitárias
indispensáveis, como poço protegido, fossa séptica.

Dessa forma, o processo saúde-doença não deve ser entendido como uma questão puramente
individual e sim como um problema colectivo.

2.3. Saneamento no contexto moçambicano


Em Moçambique a situação prevalece preocupante, dados da Organização Mundial de Saúde –
OMS revelam que 65% das doenças no País são causadas pela falta de saneamento ambiental nas
cidades.

Estima-se que 75% de todo o esgoto sanitário colectado nas cidades são lançados in natura
directamente nos rios, e praias. Com relação ao lixo, na maioria dos municípios não há a separação
dos resíduos de serviços de saúde dos domiciliares, além disso, todo e qualquer resíduo tem como
disposição final as lixeiras (Araújo et al., 2006).

Todos estes são factores que contribuem para a poluição dos corpos hídricos, contaminação
ambiental, e consequentemente, aumento dos danos à saúde pública, afectando assim, a qualidade
de vida do homem seja na cidade ou na zona rural, onde a dificuldade do saneamento é ainda maior
e vão além de meros problemas técnicos.

O meio rural não tem o atendimento significativo por parte dos sectores de saneamento fazendo
com que o mesmo tenha um baixo índice de cobertura desse sistema, sendo que são necessários os
sistemas de saneamento básico, no campo através de soluções individuais, bem como as medidas
de controlo da poluição resultante de actividades ali desenvolvidas (Bernardes et al., 2002).

Existe uma grande diferença nos índices de saneamento quando se compara população urbana e
rural. Em Moçambique, por exemplo, enquanto 89,1% da população urbana são abastecidas por
rede de distribuição de água, somente 17,8% da população rural tem acesso à rede de distribuição
de água.

18
Normalmente qualquer actividade de saneamento tem os seguintes objectivos: controle e
prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida da população, melhorar a produtividade do
indivíduo e facilitar a actividade económica.

2.3.1. Drenagem urbana


Os sistemas de drenagem urbana são essencialmente sistemas preventivos de inundações;
empoçamentos; erosões, refinamento e assoreamentos, principalmente nas áreas mais baixas das
comunidades sujeitam a alagamentos ou marginais de cursos naturais de água. No campo da
drenagem urbana, os problemas agravam-se em função da urbanização desordenada e falta de
políticas de desenvolvimento urbano.

Um adequado sistema de drenagem urbana, quer de águas superficiais ou subterrâneas, onde esta
drenagem for viável, proporcionará uma série de benefícios, tais como: desenvolvimento do
sistema viário; redução de gastos com manutenção das vias públicas; valorização das propriedades
existentes na área beneficiada; escoamento rápido das águas superficiais, reduzindo os problemas
do trânsito e da mobilidade urbana por ocasião das precipitações; eliminação da presença de águas
estagnadas e lamaçais; rebaixamento do lençol freático; recuperação de áreas alagadas ou
alagáveis; segurança e conforto para a população.

2.3.2. Saneamento Rural


O saneamento já é o menos estruturado e subfinanciado quando comparado com o subsector de
águas, mas o saneamento rural encontra-se numa situação ainda mais grave neste aspecto e em
termos de definições, articulação de políticas, financiamento gestão geral.

No essencial a estratégia de saneamento rural no país baseia-se no seguinte: (i) Nível mínimo de
serviço, isto é, latrina melhorada (que utilize materiais locais) e (ii) Promoção de práticas de
higiene e de educação sanitária ao nível familiar e comunitário.

Os padrões a ser seguidos é fornecido no Manual de Latrinas Melhoradas e as taxas de cobertura


são apontadas como estando perto dos 50% e tal como com o saneamento urbano a meta é atingir
70% em 2015 e 100% em 2025, com base numa diversidade de níveis de serviços em que os mais
comuns, neste momento, são os que se situam abaixo dos padrões não aceitáveis (latrina não
melhorada).
19
A avaliação da tendência dos investimentos no saneamento rural é ainda mais difícil de fazer
porque: (i) alguns dos projectos de água rural implementam também acções de saneamento rural de
forma mais ou menos indistinta; (ii) a PNA de 1995 não avaliou, por falta de dados, o investimento
feito em campanhas de sensibilização e criação dos grupos provinciais de saneamento. O Cenário
Fiscal de Médio Prazo 2006-2010 estabelece que são necessários 7.46 milhões de USD para
providenciar serviços de saneamento rural melhorado a uma população adicional de 3.55 milhões
de pessoas ao custo per capita de 2.1 de USD, o que equivale a metade do que é aplicado para
latrinas melhoradas em áreas peri-urbanas.

2.4. Abastecimento de água


Designa-se água potável aquela própria para o consumo humano. Para ser assim considerada, ela
deve atender aos padrões de potabilidade. Se ela contém substâncias que desrespeitam estes
padrões, ela é considerada imprópria para o consumo humano. As substâncias que indicam esta
poluição por matéria orgânica são compostos nitrogenados, oxigénio consumido e cloretos
(Amaral et al. 2004).

O Sistema de Abastecimento de Água representa o "conjunto de obras, equipamentos e serviços


destinados ao abastecimento de água potável de uma comunidade para fins de consumo doméstico,
serviços públicos, consumo industrial e outros usos".

A água constitui elemento essencial à vida. O homem necessita de água de qualidade adequada e
em quantidade suficiente para atender as suas necessidades, para protecção de sua saúde e para
propiciar o desenvolvimento económico (Amaral et al. 2004).

Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução colectiva, excepto no caso das
comunidades rurais que se encontram muito afastadas. A importância da implantação do sistema
de abastecimento de água, dentro do contexto do saneamento básico, deve ser considerada tanto
nos aspectos sanitário e social quanto nos aspectos económicos, visando atingir aos seguintes
objectivos:

Nos aspectos sanitário e social:

 Melhoria da saúde e das condições de vida de uma comunidade;


 Diminuição da mortalidade em geral, principalmente da infantil;
20
 Aumento da esperança de vida da população;
 Diminuição da incidência de doenças relacionadas à água;
 Implantação de hábitos de higiene na população;
 Facilidade na implantação e melhoria da limpeza pública;
 Facilidade na implantação e melhoria dos sistemas de esgotos sanitários;
 Possibilidade de proporcionar conforto e bem-estar;
 Incentivo ao desenvolvimento económico.

Nos aspectos económicos:

 Aumento da vida produtiva dos indivíduos economicamente activos;


 Diminuição dos gastos particulares e públicos com consultas e internações hospitalares;
 Facilidade para instalações de indústrias, onde a água é utilizada como matéria-prima ou
meio de operação;
 Incentivo à indústria turística em localidades com potencialidades para seu
desenvolvimento.

2.4.1. Situação da água em Moçambique


A UNICEF (2019) aponta que apesar do progresso considerável registado ao longo dos anos,
apenas metade dos moçambicanos tem acesso ao abastecimento de água melhorado e menos de um
quarto usa saneamento melhorado. De uma maneira geral, persistem desigualdades flagrantes nos
serviços de abastecimento de água e saneamento entre as pessoas que vivem nas zonas rurais e as
que vivem nas zonas urbanas.

A nível nacional, embora a proporção de pessoas sem acesso a fontes de água melhoradas tenha
reduzido de 65% em 1990 para 49% em 2015, as disparidades entre as pessoas com cobertura nas
zonas rurais e nas urbanas são acentuadas, sendo o número estimado em 64% e 17%,
respectivamente. Além disso, nas zonas rurais, uma em cada cinco pessoas usa água de superfície
como sua fonte primária de água para beber (UNICEF, 2019).

Existem igualmente disparidades geográficas, com os serviços a apresentarem-se mais


inadequados de uma maneira geral nas províncias do Norte. A título de exemplo, na província de
Maputo, no Sul, cerca de 87,1% da população tem acesso à água potável e 70,1% tem acesso e usa
21
o saneamento melhorado, comparativamente à província central da Zambézia, uma das províncias
mais populosas do país, onde apenas 30,6% da população tem acesso água potável e 13,0% tem
acesso ao saneamento melhorado. A situação da Água, Saneamento e Higiene nas escolas e
unidades sanitárias continua desconhecida (UNICEF, 2019).

2.5. Sistema de Esgotos


O sistema de esgotos sanitários é o conjunto de obras e instalações que propicia colecta, transporte
e afastamento, tratamento, e disposição final das águas residuárias, de uma forma adequada do
ponto de vista sanitário e ambiental. O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de
contacto de dejectos humanos com a população, com as águas de abastecimento, com vectores de
doenças e alimentos (Ayach e Pinto 2007).

Com a construção de um sistema de esgotos sanitários em uma comunidade procura-se atingir os


seguintes objectivos: afastamento rápido e seguro dos esgotos; colecta dos esgotos individual ou
colectiva (fossas ou rede colectora); tratamento e disposição adequada dos esgotos tratados,
visando atingir benefícios como conservação dos recursos naturais; melhoria das condições
sanitárias locais; eliminação de focos de contaminação e poluição; eliminação de problemas
estéticos desagradáveis; redução dos recursos aplicados no tratamento de doenças; diminuição dos
custos no tratamento de água para abastecimento (Leal, 2008).

2.6. Disposição do lixo


O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes da actividade humana. Ele é constituído de
substâncias putrescíveis, combustíveis e incombustíveis. O lixo tem que ser bem-acondicionado
para facilitar sua remoção (Ayach e Pinto 2007).

Quando o lixo é disposto de forma inadequada, em lixeiras a céu aberto, por exemplo, os
problemas sanitários e ambientais são inevitáveis. Isso porque estes locais tornam-se propícios
para a atracção de animais que acabam por se constituírem em vectores de diversas doenças. Além
disso, são responsáveis pela poluição do ar, quando ocorre a queima dos resíduos, do solo e das
águas superficiais e subterrâneas.

22
Nesse sentido, à medida que soluções técnicas são adoptadas, e quanto mais adequada for a
operação dos sistemas de disposição final do lixo, menores são os impactos para a saúde pública e
para o meio ambiente.

No que diz respeito aos aterros controlados, embora os problemas sanitários sejam bastante
minimizados em relação às lixeiras, pois adoptam a técnica do recobrimento dos resíduos com
terra diariamente, os problemas ambientais ainda persistem, uma vez que são responsáveis pelo
comprometimento das águas subterrâneas e superficiais, pois não adoptam medidas como a
impermeabilização da base do aterro, além de não haver tratamento dos líquidos percolados pela
decomposição do lixo. A colecta e o tratamento do biogás também não são feitos, havendo,
portanto, a poluição atmosférica.

Já os aterros sanitários incorporam avanços tecnológicos da Engenharia Sanitária e Ambiental, e


por isso mesmo minimizam os impactos em relação aos sistemas anteriores, lixões a céu aberto e
aterros controlados. Além de promoverem a adequada disposição final dos resíduos, são áreas
impermeabilizadas com mantas sintéticas de alta resistência que minimizam o comprometimento
dos lençóis freáticos. A captação e o tratamento dos líquidos percolados são outras medidas
trazidas pela Engenharia Sanitária e Ambiental que colocam estes sistemas entre aqueles que
podem ser utilizados para a disposição adequada do lixo urbano.

A boa operação e a incorporação dessas modernas tecnologias, no entanto não eliminam a


necessidade de políticas públicas voltadas para mudanças nos padrões de consumo, incentivo à
minimização da geração de resíduos, à colecta selectiva e à reciclagem, também importantes
ferramentas do processo de gerenciamento integrado de resíduos sólidos que está cada vez mais
deixando de ser resíduo para se transformar em novos produtos, num círculo virtuoso para a saúde
pública e o meio ambiente (APETRES, 2009).

O saneamento e sua importância para a saúde da humanidade

Segundo Cavinatto (1992) cit in Leal (2008), desde a antiguidade o homem aprendeu
intuitivamente que a água poluída por dejectos e resíduos podia transmitir doenças. Há exemplo de
civilizações, como a grega e a romana, que desenvolveram técnicas avançadas para a época, de
tratamento e distribuição da água.

23
A descoberta de que seres microscópios eram responsáveis pelas moléstias só ocorreu séculos mais
tarde por volta de 1850, com as pesquisas realizadas por Pasteur3 e outros cientistas. A partir de
então descobriu-se que mesmo solos e águas aparentemente limpos podiam conter organismos
patogénicos introduzidos por material contaminado ou fezes de pessoas doentes.

Como explica Cavinatto (1992) cit in Leal (2008):

Evitar a disseminação de doenças veiculadas por detritos na forma de


esgotos e lixo é uma das principais funções do saneamento básico. Os
profissionais que atuam nesta área são também responsáveis pelo
fornecimento e qualidade das águas que abastecem as populações.
Cavinatto, explica ainda que, quando alguém anda descalço no solo pode estar exposto a milhares
de microrganismos que ali foram lançados. Alguns exemplos são as verminoses cujos agentes
ambientais podem infectar o organismo através do contacto com a pele. Ainda hoje, populações no
mundo inteiro sofrem com as moléstias causadas pela falta de saneamento básico.

Contudo, a maioria dos microrganismos existentes na natureza são de vida livre e apenas uma
pequena percentagem é capaz de causar doenças ao ser humano, pois dependem de outro ser vivo
para sobreviver, parasitando um hospedeiro e assim originando as doenças. Os parasitas se
proliferam em determinados órgãos do corpo, perturbando o funcionamento normal do organismo.
A forma mais adequada de evitar grande parte de tais doenças é cuidando da higiene, da limpeza
do ambiente e da alimentação e uma das formas de fazê-lo é através do saneamento.

O saneamento básico, portanto, é fundamental na prevenção de doenças. Além disso, a


conservação da limpeza dos ambientes, evitando resíduos sólidos em locais inadequados, por
exemplo, também evita a proliferação de vectores de doenças como ratos e insectos que são
responsáveis pela disseminação de algumas moléstias.

Assim sendo, podemos compreender que Saneamento significa higiene e limpeza. Dentre as
principais actividades de saneamento estão a colecta e o tratamento de resíduos das actividades
humanas tanto sólidos quanto líquidos (lixo e esgoto), prevenir a poluição das águas de rios, mares
e outros mananciais, garantir a qualidade da água utilizada pelas populações para consumo, bem
como seu fornecimento de qualidade, além do controle de vectores. Incluem-se ainda no campo de
actuação do saneamento a drenagem das águas das chuvas, prevenção de enchentes e cuidados com
as águas subterrâneas.
24
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia numa pesquisa é o caminho a seguir para seleccionar as principais estratégias da
sua execução para atingir os objectivos pré-estabelecidos. Nesta parte da pesquisa, faz-se
referência de como foi realizada a pesquisa e define-se:

3.1. Classificação da pesquisa


A pesquisa quanto a forma de abordagem do problema é qualitativa. Nesta, a pesquisadora buscou
mais inteirar-se do ambiente natural que não pode ser traduzido em número (Gil, 2008). Isto é,
buscou mais inteirar-se do modo como as condições de saneamento do meio no bairro 28 de
Setembro no município de Monapo reflectem na qualidade de vida dos residentes.

Em relação aos objectivos é uma pesquisa descritiva. Como refere Prodanov (2013), as
“pesquisas descritivas são aquelas em que o pesquisador apenas regista e descreve os factos
observados sem interferir neles. Nesta pesquisa faz-se a descrição das características da população
e dos fenómenos em causa. Também faz estabelecimento de relações entre variáveis, além do uso
de técnicas padronizadas na colecta de dados, como o questionário a entrevista e a observação.

É nessa perspectiva em que a pesquisa faz a descrição das condições de saneamento do meio em
suas conexões e seus desdobramentos no modo de vida e nas condições de saúde da população
alvo, relacionando os factos e fenómenos concernentes ao saneamento do meio.

No que diz respeito aos procedimentos a pesquisa é de campo. De acordo Yin (2005), pesquisa de
campo é aquela utilizada com o objectivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de
um problema para o qual procura-se uma resposta. Consiste na observação de factos e fenómenos
tal como ocorrem espontaneamente, na colecta de dados a eles referentes e no registo de variáveis
presumidos relevantes, para análise (p.32).

25
Nesta alinha de orientação, a resposta pretendida acerca do problema do estudo, é sobre como as
condições de saneamento do meio no bairro 28 de Setembro no município de Monapo reflectem na
qualidade de vida dos residentes. Assim sendo, esta pesquisa faz descrição da situação do contexto
em que foi feito o estudo.

3.2. Métodos da pesquisa


Para proporcionar as bases lógicas da investigação usou-se o método indutivo, por intermédio do
qual, partindo de dados particulares suficientemente constatados, referentes ao saneamento do
meio, o estilo ou qualidade de vida da população alvo, a saúde pública, inferiu-se uma verdade
muito mais ampla explicando-se a relação causa-efeito (Marconi e Lakatos, 2007, p. 86).

3.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados


Segundo Thiollent (1986) cit in Moretti (2003) “as técnicas de investigação são conjunto de
procedimentos bem definidos e transmissíveis, destinados a produzir certos resultados na recolha e
tratamento da informação requerida pela actividade de pesquisa” (p.85).

Para o alcance dos objectivos da pesquisa, privilegiou-se a combinação das técnicas de


questionário (dirigido aos Serviços Distritais de Saúde e ao Serviço Municipal de Abastecimento
de Água), entrevista de tipo semi-estruturada (dirigida aos moradores do bairro 28 de Setembro)
observação (dirigido ao saneamento), tal que possibilitaram maior entendimento e uma melhor
compreensão das questões estudadas nesse ambiente. Neste caso, o uso e combinação dessas
técnicas de investigação permitiram apreender a significância dada pelos indivíduos em volta desta
temática (Menezes e Silva, 2001).

3.4. Participantes da pesquisa


Participaram da pesquisa, 150 moradores do bairro, escolhidos por acessibilidade, visto que não se
requeria alto nível de precisão estatística por ser pesquisa qualitativa. Admitindo admite-se neste
caso que estes são representativos para dar o seu parecer acerca desta problemática; 1 representante
do conselho municipal de Monapo da área de Serviço Municipal de Higiene, Salubridade e
Estética/ Unidade de Limpeza; e 1 representante do Serviço Distrital de Abastecimento de Água.

26
A escolha destes três últimos foi por amostragem dirigida, por sua vez, admitindo que estes iriam
fornecer informações, tais que permitiram o esclarecimento da matéria em estudo.

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANAÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS


Nesta secção será apresentada a descrição dos resultados alcançados a partir da avaliação das
condições do saneamento do meio, do Município de Monapo particularmente no Bairro 28 de
Setembro, que consistiu na averiguação da oferta do saneamento associada às acções
multissectoriais com enfoque na gestão dos serviços, nas condições sanitárias do município e do
bairro, e nos aspectos tecnológicos dos sistemas de abastecimento de água, das melhorias sanitárias
domiciliares e dos sistemas de esgoto sanitário.

4.1. Caracterização da área da pesquisa

4.1.1. Localização geográfica da Vila de Monapo


A Vila de Monapo situa-se Este da província de Nampula ao longo do corredor de Nacala, e faz
limite ao Norte com a reserva florestal de Maziotela e o Rio Mucucurya, ao Sul com o Rio
Sapaterone; e a Este com o Distrito de Nacala-à-velha e a Oeste com o Rio Napi.

O distrito todo possui uma superfície de 3,564 km2 e uma pulação de 201,870, e densidade
populacional de 98,5 hab/Km2 (INE, 2017).

4.1.2. Abastecimento de água e saneamento do meio


S0obre este tópico, destaquemos, inicialmente, a irrefutável consideração de que o abastecimento
de água é essencial, porque garante que as pessoas tenham acesso à rede pública de água,
atendendo a demanda da população nos mais diversos usos, a começar pelo doméstico (Ribeiro e
Rooke, 2010).

27
A vila de Monapo é atravessada por vários cursos de água, sendo os mais importantes o Rio
Monapo que separa da Zona industrial, e o Rio Ampuesse que constitui o limite sul. Entretanto,
apesar dessa privilegiada situação geográfica, a vila sempre foi alvo da escassez de água, problema
que se amenizou com a iniciativa residencial Água Para a Vida (PRAVIDA), tendo-se instalado
um sistema de abastecimento de água que incrementou a taxa de cobertura, que passou de 3 para
25% e um incremento das ligações domiciliárias de 118 para 439 consumidores que residem em 11
bairros.

Sendo uma vila municipal, a vila de Monapo dispõe de um serviço municipal de recolha de lixo,
denominado Serviço Municipal de Higiene, Salubridade e Estética, na Unidade de Limpeza, que
vela pelo saneamento do meio naquela urbe.

Para Abreu e Palhares (2006, p.1), o lixo é tudo aquilo que na realidade não tem mais função ou
reutilização, devendo por isso ser encaminhado para lugares apropriados, preparados e reservados
para essa finalidade.

A ser assim, os serviços de limpeza pública e o destino final dos resíduos sólidos devem ser
organizados e realizados de forma a garantir a qualidade espacial urbana, a protecção do meio
ambiente e a saúde pública, já que a destinação incorrecta do lixo, gera diversos problemas sociais,
ambientais e económicos.

Quanto a este ponto, os entrevistados indicaram que o município encaminha o lixo para uma lixeira
localizada numa área pouco afastada da zona habitada, tem um aterro, onde o lixo tem sido
queimado e que esse processo de queima tem sido periodicamente em função da quantidade de lixo
existente, como forma de esvaziar o aterro.

4.2. Resultados das Observações


O foco de discussão que é objecto da observação nesta pesquisa diz respeito aos dados relativos
aos domicílios, ao meio ambiente e a drenagem. O estudo envolveu 150 domicílios do bairro 28 de
Setembro, na vila municipal de Monapo.

28
4.2.1. Dados relativos aos Domicílios
Dos 150 domicílios envolvidos na pesquisa observou-se que 130 domicílios correspondentes a
80% da amostra não dispõem de um reservatório ou tanque de água, sendo apenas 30 domicílios
correspondente a 20% da amostra é que têm reservatório de água, conforme pode-se observar no
gráfico 1.

Quanto a higiene sanitária, observou-se que 24 domicílios correspondentes a 16% da amostra


dispõem de sanitários internos, 96 domicílios correspondentes a 64% da amostra utilizam fossa
rudimentar e 30 domicílios correspondentes a 20% dos domicílios recorrem ao fecalismo a céu
aberto, conforme pode-se observar no gráfico 2 a seguir.

Gráfico 1: Domicílio com reservatório ou Gráfico 2: Higiene sanitária


tanque de água

Domicilios com
sanitarios internos
20% 20% 16% Domicilios com
SIM fossas rudimenta-
Não res
Domicilios que
praticam fecalismo
80% a ceu aberto
64%

Fonte: Autora (2021).

4.2.2. Dados relativos aos Domicílios Versos Meio Ambiente


Também observou-se a localização dos domicílios quanto a sua proximidade a áreas de despejo de
lixo, tendo-se constatado que todas as casas abrangidas encontram-se localizadas distantes de
lixeiras, o que corresponde a 100%. Outrossim, as casas não se localizam em áreas de preservação
ou conservação permanente, e nem em ruas com pequenas drenagens.

No que se refere aos dados relativos ao meio ambiente, não há registo de indústria ou quaisquer
outras actividades económicas que lance seus resíduos ou efluentes sem tratamento em corpo
receptor hídrico ou directamente sobre o solo; não se registou ocorrência de maus cheiros, gases ou

29
poeiras que provavelmente advenha de actividades ou praticas potencialmente degradantes como a
mineração ou queimadas.

Em relação aos dados relativos a drenagem, a área municipal atendida por macro/micro drenagem
compreende uma percentagem menor olhando para a dimensão espacial ou territorial do
município. Não há registo de pessoas ou domicílios expostas a inundações, nem mesmo domicílios
localizados em rua com microdrenagem. Não obstante, a área que cobre as ruas pavimentadas ou
asfaltadas é ainda de menor extensão, evidenciando uma carência de melhoria quanto a estes
aspectos.

De um modo geral, o que se tem a dizer a respeito dos resultados da observação, ficou evidente
que as condições saneamento na Via de Monao em particular do bairro 28 de Setembro, ainda são
precárias, mesmo que não se tenha registos desastrosos referentes ao impacto do deficitário
saneamento básico sobre a saúde. Facto que ainda deve constituir preocupação principalmente por
se tratar de comunidades carentes, e porque a vila vai aumentando o seu número de moradores.

Com o aumento desenfreado da população, estas comunidades ficarão mais susceptíveis a riscos
ambientais, tais como, os esgotos a céu aberto, dificuldades na recolha de lixo por parte das
autoridades municipais (Gomes, 2010, p. 2).

Sendo assim, pessoas expostas a esses riscos estão mais propensas a introduzir nas suas moradias
(domínio doméstico) agentes infecciosos adquiridos no domínio público. A falta de hábitos de
higiene, provocada pela pobreza e as más condições em suas instalações, pode facilitar em muitos
casos a transmissão de doenças infecciosas entre os membros de uma mesma família.

4.3. Resultados do Questionário


As informações que constam nesta parte são referentes aos serviços distritais de abastecimento de
água, cujo objectivo foi de averiguar apenas os aspectos operacionais do sistema de abastecimento.
Todavia, apraz-nos esclarecer que na projecção deste trabalho previa-se a realização de
questionário com 1 representante do Conselho Municipal que vela pela área de Serviço Municipal
de Higiene, Salubridade e Estética/ Unidade de Limpeza. Algo que não foi possível de se efectuar
por motivos alheios a esse propósito, o que em parte limita o aprofundamento das discussões.
30
4.3.1. Descrição operacional do Sistema de Abastecimento de Água
Um Sistema de Abastecimento de Água pode ser concebido e projectado para atender a pequenos
povoados ou a grandes cidades, variando nas características e no porte de suas instalações.
Caracteriza-se pela retirada da água da natureza, adequação de sua qualidade, transporte até os
aglomerados humanos e fornecimento à população em quantidade compatível com suas
necessidades.

Como definição o Sistema de Abastecimento Público de Água constitui-se no conjunto de obras,


instalações e serviços, destinados a produzir e distribuir água a uma comunidade, em quantidade e
qualidade compatíveis com as necessidades da população, para fins de consumo doméstico,
serviços públicos, consumo industrial e outros usos.

Na tabela 1 é apresentada a descrição das operações referentes ao sistema de abastecimento de


água à vila de Monapo, a fim de saber se a quantidade de água fornecida é suficiente para suprir as
necessidades dos moradores. Olhando aquilo que é a densidade populacional daquela vila.

Tabela 1. Dados operacionais do sistema de abastecimento de água


Descrição da operação Valor/Unidade
Volume da reserva de água 390 m3
Volume de água bruta captada 540 m3
Volume da água consumida 540 m3/dia
Domicílios ligados a rede pública de distribuição da água 439
Torneiras públicas de fornecimento de água 2
Casos de ligações clandestinas de água 0
Fonte: Autora (2021).

Conforme mostra-se na tabela, tudo indica que o volume de reserva da água deste sistema de
abastecimento é incapaz de suprir as necessidades da população toda. Tal como indicou-se que a
taxa de cobertura deste sistema de abastecimento corresponde a 25%, com 439 ligações
domiciliárias já existentes, significa que este sistema pode abastecer até 1756 domicílios.

Outro aspecto não menos importante, os dados na tabela acima indicam que a quantidade de água
bruta captada é a mesma quantidade da água consumida por dia. Isto mostra que a capacidade

31
nominal desta unidade de captação vai registar problemas no fornecimento de água do sistema
quando a reserva atingir 100% da sua capacidade.

Assim sendo, torna-se evidente que ainda há muito por se fazer no Município de Mónaco quanto a
este ponto, pois a capacidade deste sistema não vai a quem para abastecer água a toda população
existente. E havendo um acentuado aumento populacional nesta vila, o risco é maior de o sistema
de abastecimento de água registar um colapso no seu funcionamento.

4.4. Resultados das Entrevistas


Conforme o número de domicílios abrangidos na técnica de observação, nas entrevistas também o
número é de 150 moradores, pois considerou-se os membros dos respectivos domicílios ora
referenciados.

4.4.1. Variáveis do eixo saneamento e epidemiologia


Pergunta 1: Onde é que tira água para o consumo e outros usos domésticos.

Nesta questão, todos entrevistados (100%) indicaram que a água para beber tiram da torneira da
rede pública. Entretanto, 44 dos entrevistados correspondentes a 29.3%, também utilizam água do
poço para outros usos domésticos nomeadamente, lavagem de loiça e roupas, higiene pessoal e
para cozinhar, conforme ilustra-se na seguinte relação.

Figura 1: Diagrama ilustrativo das fontes de água utilizada para o consumo e outros usos
Torneira

70.7% Poço
29.3%

Rio 0.0%

Pergunta 2: Tem tratado a água destinada para o consumo

32
Nesta questão, 139 dos entrevistados correspondentes a 92,3% responderam Não, 7 entrevistados
correspondentes a 4.4% responderam Uma vez a oura, 4 entrevistados correspondentes a 3.3%
afirmaram Sempre; não havendo nenhum que respondeu Quase sempre (0.0%).

Estes resultados sugerem para a necessidade de mudança de atitudes sobre as condutas


relacionadas com o tratamento de água. Embora os dados do diagrama mostrem que 100% dos
entrevistados utilizam água da rede pública para beber, em que pressupõe-se esta água é
minimamente controlada os seus parâmetros de potabilidade, ainda prevalece uma parte da
população que utiliza água não controlada, susceptível a contaminações.

Neste aspecto, para Ribeiro e Rooke (2009) cit in Gomes (2010), a água em condição de
potabilidade é que é própria para o consumo humano e se contiver substâncias que desrespeitem
estes padrões, é considerada imprópria para tal finalidade. Daí a importância do tratamento da água
de consumo, promovendo a saúde pública e o controle de doenças por agentes patogénicos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), grande parte de todas as doenças que se
alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. A água
contaminada pode prejudicar a saúde das pessoas, além das situações da ingestão directa, mas
também na ingestão de alimentos, pelo seu uso na higiene pessoal até mesmo na agricultura.

Acerca dos sistemas de classificação e condutas relacionadas ao lixo, questionou-se.

Pergunta 3: Tem separado o lixo de acordo a sua origem (em orgânica, plásticos, restos de
comida, água e outras).

Já nesta questão, 146 dos entrevistados correspondentes a 97,7% responderam Não, 4 entrevistados
correspondentes a 3.3% responderam Uma vez a oura; não houve nenhum respondente que
afirmou Sempre (0.0%) e nem Quase sempre (0.0%)./

Pergunta 4. Onde deposita o lixo (destino final)

Desta questão as respostas indicam que 100% dos entrevistados afirmaram que o lixo tem sido
recolhido pelo Município. Importa referir que várias doenças podem ser transmitidas quando não
há colecta e disposição adequada do lixo. Os mecanismos de transmissão são complexos e ainda

33
não totalmente compreendidos. Entretanto, como factor indirecto, o lixo tem grande importância
na transmissão de doenças através, por exemplo, de vectores que nele encontram alimento, abrigo.

Pergunta 5. Tem ocorrido doenças provenientes do ambiente contaminado.

Ao se questionar sobre a possibilidade de ocorrência de doenças relacionadas ou provenientes do


meio ambiente contaminado como a febre tifóide ou diarreias, todos entrevistados (100%)
responderam Não. As respostas desta pergunta corroboram com os pontos apresentados nas
observações condizentes aos dados relativos aos domicílios versos meio ambiente.

Pergunta 6: Houve mortes causadas por diarreias

Para esta questão, não houve necessidade de se apresentar, presumindo-se ser irrelevante
apresenta-a, uma vez que as respostas da pergunta anterior (pergunta 5), apontaram a não
ocorrência de doenças deste género, o que implica que também não se tem registado mortes
causadas por diarreias pelo menos considerando o período delimitado nesta pesquisa.

4.4.2. Variáveis do eixo Meio Ambiente, Drenagem, Serviço de Limpeza Pública


Pergunta 7: Tem ocorrido inundações de água

Nesta questão, todos os entrevistados (100%) responderam Não, quanto a ocorrência de


inundações naquela área, pondo a entender que as condições de saneamento do meio estão
amenizadas em relação a este indicador.

A pertinência desta questão reside no facto de em moradias construídas próximas a concentrações


elevados de vectores, há aumento de transmissão de doenças como, por exemplo, a malária. Assim,
o local onde as moradias são construídas, bem como a qualidade dessas habitações, tem efeito
importante na saúde da população.

Pergunta 8: O município faz recolha de lixo


Relativamente a esta questão os respondentes foram outra vez, unânimes ao afirmarem Sim, que o
município tem feito a recolha de lixo. Correlacionando as respostas desta questão com as respostas
referentes a Pergunta 4, em que procurava-se sobre qual tem sido o destino final do lixo produzido
ao nível domiciliar, as respostas também indicaram em 100% das afirmações que o lixo tem sido
recolhido pelo Município. E este ponto evidencia-se na figura 1, a seguir.
34
Figura 2: Funcionários do Município, no processo de recolha de lixo.

Fonte: Autora (2021).

Pergunta 9: Quando o município recolhe o lixo, qual tem sido o destino final (para onde é que
encaminha o lixo).

A limpeza urbana é realizada por meio de varrição e/ou colecta. O lixo é condicionado em
tambores colectores, que, por sua vez, são distribuídos e mantidos pelas ruas públicas da vila. Vale
ressaltar que o lixo também está presente nalguns terrenos baldios. Esse lixo é colhido
manualmente e depositado em tractores. O que é colectado é deixado na lixeira, que fica a 3 km da
área urbana, por lá ocorre o processo compactação e incineração (queima do lixo), permanecendo
exposto ao vento e à chuva. Como resultado disso, temos a poluição do ar, do solo, da água e a
proliferação de vectores e de roedores, tudo culminando na transmissão de doenças e aumentando
o problema sócio-ambiental.

Perguntas 10: Que acções já foram realizadas pelas autoridades locais para melhorar a as
condições de saneamento do meio?

Em relação a esta pergunta, a tendência das respostas revela que a maior ocupação do município no
que diz respeito a implementação de iniciativas de melhoramento do saneamento do meio é a
frequente recolha de lixo. Iniciativas incipientes a mesma questão, referiu-se que há 5 anos, as

35
autoridades promoviam campanhas de limpeza junto da população, facto que não se verifica no
período sob análise, do momento.

Entretanto, é sabido que é papel do município no âmbito do saneamento e ambiente, não apenas
monitorar e supervisionar a manutenção da limpeza urbana e deposição final dos resíduos, mas
também, assessorar na recolha, drenagem tratamento e destino final das águas residuais urbanas;
conceber estudos e projectos tipos ou soluções tecnológicas para dispositivos de eliminação das
excretas humanas (latrinas melhoradas e outros). Estas e outras actividades podem ser
desenvolvidas nesse âmbito para trazer uma nova roupagem ao município e influenciar aos
munícipes a tomar consciência na valorização do saneamento.

36
CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1. Conclusão
Feita a avaliação sobre as condições de saneamento do meio que o Município de Monapo
proporciona aos seus habitantes particularmente no Bairro 28 de Setembro, percebe-se que elas
ainda são precárias, e o seu reflexo é proporcional com a qualidade de vida das populações.
Porquanto, os problemas de saúde da população resultam da forma como se organiza a sociedade,
em suas múltiplas dimensões, e por essa razão os programas de promoção da saúde relacionados
com os problemas ambientais devem ser movimentos politicamente equitativos.

Considerando que a baixa cobertura dos serviços de saneamento do município implica


desdobramentos nefastos para a saúde das pessoas, principalmente aquelas de mais baixa renda,
além das consequências negativas ao meio ambiente. Assim, concluímos que a utilização do
saneamento como instrumento de promoção da saúde, pressupõe a superação dos entraves
tecnológicos políticos e de gestão que dificultam a extensão dos benefícios aos residentes daquela
autarquia.

Por essas e outras razões aqui discutidas, um passo fundamental para melhores condições de vida
em um município corresponde ao planeamento urbano, já que possibilita uma visão específica e
geral dos problemas sócio-ambientais. Pensando e agindo dessa forma, pode se garantir um
desenvolvimento sustentável e uma qualidade ambiental.

As políticas públicas no sector de saneamento, como em outras áreas, são importantes ao


acompanhamento do crescimento urbano, visto que a implantação de benfeitorias neste espaço está
directamente relacionada ao seu desenvolvimento.

Os serviços de saneamento que envolve o sistema de abastecimento de água, a colecta e o devido


destino dos resíduos sólidos assumem posição importante no quadro de desenvolvimento e na
qualidade ambiental de um município. Nesse pressuposto, reconhecemos de maneira incansável
tais elementos como serviços básicos, que são essenciais às populações de qualquer vila ou cidade.
Sendo assim, a indissociabilidade entre saneamento do meio, abastecimento de água e saúde
pública, nos remete a uma reflexão sobre a forma como este tema deve ser tratado no País.

37
5.2. Sugestões
Após o estudo no Bairro 28 de Setembro na vila municipal de Monapo, notou-se precaridade das
condições de saneamento bem como na qualidade de vida ambiental dos moradores, mas não
desanimadora, porem, encorajadora que dá esperança de um futuro promissor se o
desenvolvimento da vila tiver um devido acompanhamento no que se refere às condições de
saneamento principalmente com relação à colecta e tratamento do lixo, consideradas medidas
indispensáveis para o bem-estar da população. Compreendesse que a precaridade desses serviços
compromete o meio físico trazendo prejuízos directos para a saúde, o que impede o desfrutar de
uma vida saudável. Mesmo os moradores não tendo consciência dos problemas ocasionados à sua
saúde pela carência em saneamento, é consenso que a falta desses serviços constitui o maior
problema da comunidade.

Assim, os resultados da pesquisa sugerem um trabalho coordenado da parte dos serviços


municipais e as comunidades no sentido de se conceber sobre a importância do saneamento do
meio. Outrossim, espera-se que os investimentos feitos para a área do município promovam um
ambiente verdadeiramente saudável.

É sabido que muito deve ser ainda realizado para que se tenha um município desenvolvido em
todos os aspectos como os de infra-estrutura, socioeconómicos, ambientais, da saúde, da educação,
de transporte, de moradia, enfim, que este município possa oferecer à sua população e ao próprio
ambiente, o suporte de que precisam para melhor sobreviverem.

Contudo, sugere-se ao Governo do Distrito que faça uma requalificação urbana, que trata-se do
processo de reconstrução de área antigas que precisam de manutenção e modernização para
continuar suportar o seu uso ou para atender a novos usos.

Ainda ao Conselho Municipal do Distrito, a construção de aterro sanitário para o depósito dos
resíduos sólidos, com isso, haverá uma redução ao máximo dos impactos causados ao meio
ambiente, sugere-se ainda a reabilitação da rede de esgoto e construção de uma estação de
tratamento de esgoto.

38
Bibliografia

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Guimarães, C. S (2007). “Saneamento Básico”. Brasil, São Paulo: Rio Claro.

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Habitação”. Moçambique: Instituto Nacional de Estatística.

ITB - (2013). “Esgotamento sanitário inadequado e impactos na saúde da população”. Brasil, São
Paulo: Instituto Trata Brasil.

Leal, F. C. T. (2008). “Sistemas de saneamento ambiental”. Brasil, Faculdade de Engenharia da


UFJF. Departamento de Hidráulica e Saneamento.

Marconi, M. de A.; Lakatos, E. M. (2007). Metodologia Científica, 5ª ed. 3. Reimpr. Brasil, São
Paulo: Atlas.
39
Menezes, E. M. & Silva, E. L. (2001). “Metodologia de pesquisa e elaboração de dissertação”. 3a
edição. Brasil, Santa Catarina: Cafelândia.

Moretti, N. (2003). “Metodologia Científica: como elaborar trabalhos académicos”. Brasil, Santa
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Prodanov C. C. Freitas E. C. (2013). “Metodologia do trabalho científico recurso electrónico:


métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho académico” 2ª ed. Novo Hamburgo: Feevale.

Yin. R. K. (2005). “Estudo de caso: planeamento e métodos”. 3 ed., Porto Alegre: Bookman.

40
Apêndices

41
Questionário dirigido aos moradores do bairro 28 de Setembro, Município de Monapo

Este questionário pertente à estudante Agira Basílio Munhumua, destina-se à realização de um


trabalho para elaboração de Monografia, como parte integrante da Licenciatura em Ensino de
Biologia no IED – Instituto de Educação à Distância da Universidade Católica de Moçambique,
tendo por objectivo avaliar as condições de saneamento do meio no bairro 28 de Setembro,
Município de Monapo. O questionário é anónimo, sendo as respostas tratadas com total
confidencialidade, e os seus resultados apresentados de forma agregada e impessoal.

I: Variáveis do Eixo Saneamento e epidemiológico

1. Onde é que tira água para o consumo e outros usos domésticos?

Rio (__); Poço (__); Fontenário (__); Torneira da rede pública (__).

2. Tem tratado a água destinada para o consumo?

Não (__); Uma vez a outra (__); Quase sempre (__); Sempre (__).

3. Tem separado o lixo de acordo a sua origem (em orgânica, plásticos, restos de comida, água e
outras).

Não (__); Uma vez a outra (__); Quase sempre (__); Sempre (__).

4. Onde deposita o lixo (destino final)?

Nas extremidades do pátio (__); Aterro sanitário (__); No rio (____)


Queima (__); Recolhido pelo Municipio (__).

5. Tem ocorrido doenças provenientes do ambiente contaminado


42
Sim (__); Não (__); Talvez (__); Não sei (__).

6. Houve mortes causadas por diarreias?

Sim (__); Não (__); Talvez (__); Não sei (__).

II: Variáveis do Eixo meio ambiente, drenagem serviço de limpeza pública

7. Tem ocorrido inundações de água?

Sim (__); Não (__); Talvez (__); Não sei (__).

8. O município faz a recolhe de lixo?

Não (__); Uma vez a outra (__); Quase sempre (__); Sempre (__).

9. Quando o município recolhe o lixo, qual tem sido o destino final (para onde é que encaminha
o lixo)?
Aterro sanitário (__); No rio Queima (__); Recolhido pelo Município (__).

10. Que acções já foram realizadas pelas autoridades locais para melhorar as condições de
saneamento do meio?

_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

Obrigado pela colaboração!

43
Questionário dirigido aos Serviços de Abastecimento de Água do Município de Monapo

Este questionário pertente à estudante Agira Basílio Munhumua, destina-se à realização de um


estudo académico, para elaboração de Monografia científica, como parte integrante da
Licenciatura em Ensino de Biologia no IED – Instituto de Educação à Distância da Universidade
Católica de Moçambique, tendo por objectivo avaliar as condições de saneamento do meio no
bairro 28 de Setembro, Município de Monapo.
O questionário é anónimo, sendo as respostas tratadas com total confidencialidade, e os seus
resultados apresentados de forma agregada e impessoal.

Dados operacionais dos sistemas de abastecimento de água

Qual é a capacidade nominal da unidade de captação ___________________


Qual é o volume da reserva de água ___________________
Qual é o volume de água bruta captada ___________________
Qual é o volume de água consumida ___________________
Quantos domicílios estão ligados à rede pública de distribuição de ___________________
água
Quantos casos de domicílios com ligação clandestina de água ___________________

44
Obrigado pela colaboração!

Ficha de observação ao campo de estudo, Bairro 28 de Setembro, Vila Municípal de Monapo

I. Dados relativos aos domicílios

1. Observar se o domicílio tem:

a) Reservatório/tanque de água. Sim (__); Não (__).


b) Sanitário interno (__); Fossa rudimentar (__); Fecalismo a céu aberto (__).

2. Observar a localização do domicílio, se está :

c) Próximo da área de despejo do lixo. Sim (__); Não (__).


d) Em área de preservação/conservação permanente. Sim (__); Não (__).
e) Em rua com pequena drenagem. Sim (__); Não (__).

II. Dados relativos ao meio ambiente

1. Observar a localização e identificar o tipo de indústrias ou quaisquer outras atividades


econômicas que lancem seus resíduos ou efluentes sem tratamento em corpo receptor hídrico ou
diretamente sobre o solo;
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

2. Observar a existência de:

a) Mau cheiro ou gases. Sim (__); Não (__).

b) Poeira. Sim (__); Não (__).


45
3. Observar atividades potencialmente degradantes, tais como:

Queimadas (__); Mineração (__); Indústria (__). Outras: ________________________

III. Dados relativos às Drenagem

1. Área da vila atendida por Micro/MacroDrenagem

% Menor (__); % Razoável (__); % Maior (__);

2. Ruas pavimentadas/asfaltadas

% Menor (__); % Razoável (__); % Maior (__);

3. Quantidade de pessoas (ou domicílios) expostas a inundações

4. Domicílios localizados em rua com microdrenagem

IV. Dados do Eixo antropológico e sociocultural

1. Observar os tipos de convivência com esgoto e suas destinações;

2. Observar os Padrões de higiene e de alimentação

3. O modo de vida e as condições de saúde da população.

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Anexos

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