APOSTILA DE

APOIO AO CURSO

PLANO MUNICIPAL DE
GESTÃOINTEGRADA DE
RESÍDUOS SÓLIDOS:
PLANEJAMENTO E GESTÃO

Realização
 Curso de Capacitação
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: planejamento e gestão

2012, Aequo Soluções em Sustentabilidade Ltda.

Avenida Campeche, 55 sala 102
CEP: 88.063-300 – Florianópolis – SC
Telefone: (48) 4009.2004
http://www.aequo.com.br

FICHA TÉCNICA:

Coordenação
André Montagna

Redação técnica
Eng. Kalil Graeff Salim
Eng. Roberto Rodrigues Buhr
Eng. Mailyn Kafer Gonçalves
Eng. Francisco Alexandre de Sales Neto
Eng. Maurício Knack e Almeida
Fernanda Bertuol

Revisão
Marta Magda Antunes Machado

Design Gráfico e Diagramação

Aequo Soluções em Sustentabilidade Ltda.

Curso de Capacitação/Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: planejamento e

gestão. Org. André Montagna ... [et al.]. Florianópolis: AEQUO: 2012

1. Gestão Integrada de resíduos sólidos. 2. Resíduos sólidos urbanos. 3. Política Nacional de

Resíduos Sólidos. I. Aequo Soluções em Sustentabilidade. II. Título.

Esta apostila é material de apoio do curso EAD PGIRS: planejamento e gestão, não podendo ser
comercializada separadamente.
CONTEÚDO
I. PROBLEMATIZAÇÃO, DEFINIÇÃO E Classificação DOS RESÍDUOS SÓLIDOS. ........... 1
1. Contextualizando a questão dos resíduos sólidos ......................................................................1
2. Resíduos sólidos: definições e características ............................................................................2
3. Classificação dos resíduos sólidos ..............................................................................................3
4. A situação dos resíduos sólidos no Brasil ...................................................................................5
II. LEGISLAÇÃO APLICADA À QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .......................... 12
1. Resíduos sólidos na Constituição e nas leis infraconstitucionais ............................................... 12
2. Inter-relação das leis aplicadas a resíduos sólidos .................................................................... 16
3. Resoluções, portarias e instruções normativas ........................................................................ 19
4. Normas ABNT .......................................................................................................................... 21
III. A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: LEI N. 12.305 ......................... 23
1. Contexto histórico, objeto e campo de aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos ...... 23
2. Política Nacional de Resíduos Sólidos: princípios e objetivos ................................................... 26
3. Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos ............................................................ 28
4. Diretrizes e proibições da Política Nacional de Resíduos Sólidos .............................................. 30
5. A regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos .................................................... 31
IV.GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. .................................. 38
1. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos ........................................................................... 38
2. Manejo de resíduos sólidos: características, acondicionamento, coleta e transporte. .............. 40
3. Tratamento e disposição final .................................................................................................. 43
4. Coleta seletiva, logística reversa e responsabilidade compartilhada ........................................ 46
V. Plano de Gestão de Resíduos Sólidos: programas, projetos e ações ................. 50
1. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: diretrizes, estratégias e metas para gestão no Brasil ....... 50
2. Planos estaduais, intermunicipais e municipais de gestão de resíduos sólidos: o que são, qual
sua importância e como realizar? ................................................................................................. 55
3. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos para grandes geradores: setores envolvidos e
estratégias de adequação ............................................................................................................ 60
4. Termos de referência: contratação de serviços para elaboração dos planos de gerenciamento
de resíduos sólidos....................................................................................................................... 62
 APRESENTAÇÃO
É com entusiasmo que convidamos você a participar do curso Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: Planejamento e Gestão. Desenvolvido para
capacitar gestores públicos, técnicos de secretarias municipais, legisladores e
profissionais interessados na problemática dos resíduos sólidos urbanos, este curso
prepara os agentes para o planejamento e a gestão referente à implantação do PGIRS nos
municípios, no caso, objetivando atender ao disposto na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei 12.305/2010).

Nesse sentido, o curso oferece conteúdos de modo a orientar as municipalidades

no que diz respeito ao eficaz estabelecimento dos sistemas de gestão de resíduos sólidos.
Assim, o curso chega de forma virtual a você, tendo como guia de ensino uma apostila
que facilita o aprendizado dos assuntos abordados, e apresenta detalhadamente
referências conceituais, permitindo também um aprofundamento dos mesmos.

O curso está dividido em cinco módulos, cada um deles corresponde a um conjunto

de aulas cuja sequência introduz as discussões mais recentes sobre o tema, fornecendo a
você conhecimentos teóricos e práticos acerca dos seguintes tópicos:

 Problematização, definição e características dos resíduos sólidos;

 Legislação aplicada à questão dos resíduos sólidos;
 A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010);
 A gestão integrada de resíduos sólidos;
 O plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.

Aqui, você pode conhecer as implicações da questão ambiental dos resíduos

sólidos; compreender os conceitos fundamentais, as políticas públicas e a legislação nesse
campo; enfim, capacitar-se para acompanhar e gerenciar o processo de elaboração e
execução do plano de gestão integrado de resíduos sólidos em seu município. Bom
estudo e bons trabalhos!
 I. PROBLEMATIZAÇÃO, DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS.
1. Contextualizando a questão dos resíduos sólidos
Os resíduos sólidos são O consumo de produtos
responsáveis por um dos mais graves industrializados é um dos fatores
problemas ambientais do nosso tempo. fundamentais para a geração de resíduos
Há lixo1 demais no planeta, seu volume sólidos nas cidades, e a forma como
vem aumentando, em especial, nos esses resíduos são tratados e/ou
centros urbanos, e os locais para a dispostos no ambiente pode resultar em
correta disposição desse material são forte agressão ao meio ambiente,
cada vez mais escassos. atingindo igualmente a qualidade de vida
das comunidades. Assim, não é possível
A cultura e os costumes de uma
conceber uma cidade sem levar em
sociedade contribuem para determinar
conta também os problemas causados
os impactos sobre a Terra tanto pelos
pelos resíduos sólidos.
hábitos de consumo e
até mesmo pela Na América Latina e no Caribe, são A preocupação
forma como as gerados diariamente cerca de 369 mil mundial quanto aos
pessoas desenvolvem toneladas de resíduos sólidos urbanos. problemas ligados a
Desse total, 80% é coletado.
suas atividades resíduos sólidos
diárias. A “cultura do Do que é coletado, 23% é depositados de aparece no capítulo
forma ambientalmente adequada, o
consumo” está 21 da Agenda 21
restante é destinado a lixões a céu aberto
fortemente presente ou aterros controlados. Global, um dos
à sociedade moderna documentos finais
Fonte: OPS 2001
por meio de um estilo produzidos na
de vida que se desenvolveu desde a Conferência da Organização das Nações
Revolução Industrial, persistindo nos dias Unidas sobre Meio Ambiente e
de hoje. Essa cultura, que movimenta a Desenvolvimento (CNUMAD). O manejo
economia global, é excessivamente ambientalmente saudável dos resíduos
danosa ao meio ambiente, pois os se encontra entre as questões mais
recursos para seu funcionamento vêm da importantes para a manutenção da
natureza, assim como seus rejeitos qualidade do meio ambiente, da Terra e,
voltam para ela. especialmente, para alcançar o
Desenvolvimento Sustentável em todos
1
A palavra lixo tem origem latina (lix), e significa os países (AGENDA 21, 1992).
cinza, vinculada às cinzas dos fogões.
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas
As diretrizes da Agenda 21
(ABNT), lixo é definido como "restos das brasileira também seguem as
atividades humanas, considerados pelos recomendações da CNUMAD, indicando
geradores como inúteis, indesejáveis ou
como estratégias para o gerenciamento
descartáveis, podendo-se apresentar no estado
sólido, semissólido, ou líquido, desde que não adequado dos resíduos sólidos: a
seja passível de tratamento convencional”. minimização da produção de resíduos; a

Pag. 1
maximização de práticas de reutilização
e reciclagem; a promoção de sistemas de
tratamento e disposição de resíduos
compatíveis com a preservação
2. Resíduos sólidos: definições e características
Existem várias definições de
resíduos sólidos. De acordo com o
Programa de Pesquisas em Saneamento
Básico (PROSAB 2003), resíduo sólido é
todo e qualquer material resultante das
atividades do ser humano na sociedade,
e que é descartado.
Para a norma brasileira NBR
10.004/2004, resíduos sólidos são
“aqueles resíduos nos estados sólido e
semi-sólido, que resultam de atividades
de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição”.
Nessa definição, estão incluídos os
“lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água e efluentes, aqueles
gerados em equipamentos e instalações
de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos
ou corpos de água, ou exijam para isso
soluções técnicas e economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível” (ABNT 2004).
Por sua vez, resíduos sólidos
urbanos (RSU) são aqueles produzidos
pelas inúmeras atividades desenvolvidas
em áreas de grande aglomeração
humana do município, abrangendo
resíduos de origem residencial ou
doméstica e de limpeza pública (varrição,
capina, poda e outros).
ambiental; e a extensão de cobertura
dos serviços de coleta e destino final
(BRASIL 2002).
Segundo a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, resíduos sólidos é todo
“material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja
destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder,
no estado sólido ou semi-sólido, bem
como gases contidos em recipientes e
líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água,
ou exijam para isso soluções técnicas ou
economicamente inviáveis em face da
melhor tecnologia disponível”.
Conforme já visto anteriormente,
quando não há destinação correta do
lixo, ocorrem graves danos ao meio
ambiente, estes são denominados
poluição2. Nesse caso, ocasionando
áreas contaminadas, que são locais onde
há contágio causado pela disposição,
regular ou irregular, de quaisquer
substâncias ou resíduos nocivos ao meio
ambiente.
2
Alterações das características físicas e
químicas ou biológicas do ar, do solo e da
água, decorrentes do descarte incorreto dos
resíduos, do esgoto sanitário não tratado e
das emanações atmosféricas.
Pag. 2
3. Classificação dos resíduos sólidos
Existem diversas maneiras de se
proceder à classificação dos resíduos
sólidos. As mais comuns são aquelas
relacionadas à sua natureza física,
composição química, origem e quanto
aos riscos potenciais de contaminação do
meio ambiente.
QUANTO A NATUREZA FÍSICA:
Resíduos secos: esta forma de
classificação considera resíduos secos os
materiais recicláveis, como metais,
papéis, plásticos, vidros etc.
Resíduos molhados: são considerados
resíduos molhados, os resíduos
orgânicos e rejeitos, por exemplo, restos
de comida, cascas de alimento, resíduos
de banheiro etc.
QUANTO A COMPOSIÇÃO QUÍMICA:
Resíduos orgânicos: são restos de
substâncias de origem animal ou vegetal,
que podem ser transformados em
adubo, contribuindo para o aumento da
taxa de nutrientes, e melhorando a
qualidade da produção agrícola.
Resíduos inorgânicos: são aqueles que
não possuem origem biológica. Em geral,
tais resíduos, quando lançados ao meio
ambiente e sem tratamento prévio,
levam mais tempo para degradação.
QUANTO A NATUREZA OU ORIGEM:
Resíduos sólidos urbanos: resíduos que
englobam os gerados em domicílios e na
limpeza urbana.
→ Resíduos domiciliares: gerados nas
atividades diárias das residências
urbanas;
→ Resíduos de limpeza urbana:
provenientes dos serviços de varrição
de vias públicas, área de feiras livres,
limpeza de praias, galerias, córregos,
restos de podas de árvores etc.
Resíduos comerciais: variam sua
composição conforme as atividades dos
estabelecimentos comerciais e de
serviços.
Resíduos dos serviços públicos de
saneamento básico: por exemplo, lodo
de estação de tratamento de esgoto.
Resíduos de serviço de saúde: segundo a
Resolução n. 358/05 do CONAMA, são
aqueles provenientes de atividades
relacionadas com o atendimento à saúde
humana ou animal.
Os resíduos de serviços de saúde são
classificados em cinco grupos:
Grupo A: Engloba componentes com
possível presença de agentes biológicos
que, por suas características de maior
virulência ou concentração, podem
oferecer riscos de infecção. Exemplo:
placas e lâminas de laboratório;
carcaças; peças anatômicas (membros);
tecidos; bolsas transfusionais contendo
sangue, dentre outros.
Grupo B: Contém substâncias químicas
que podem oferecer riscos à saúde
pública e/ou ao meio ambiente.
Exemplo: medicamentos apreendidos;
reagentes de laboratório; resíduos
contendo metais pesados, dentre outros.
Grupo C: Quaisquer materiais resultantes
de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades
Pag. 3
superiores aos limites de eliminação
especificados nas normas da Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN),
como, por exemplo, serviços de medicina
nuclear e radioterapia etc.
Grupo D: Equiparados aos resíduos
domiciliares. Exemplo: sobras de
alimentos e do preparo de alimentos;
resíduos de áreas administrativas etc.
Grupo E: Materiais perfuro-cortantes ou
escarificantes, tais como lâminas de
barbear; agulhas; ampolas de vidro;
pontas diamantadas; lâminas de bisturi;
lancetas; espátulas; outros similares.
Resíduos industriais: gerados nos
processos produtivos em instalações
industriais.
Resíduos da construção civil: gerados
em construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil,
incluídos aqui os que resultam da
preparação e escavação de terrenos para
obras civis.
A Resolução CONAMA n. 307 classifica os
resíduos de construção civil em:
Classe A: Alvenaria; concreto;
argamassas; solos. Destinação:
reutilização ou reciclagem, com uso na
forma de agregados, além da disposição
final em aterros licenciados.
Classe B: Madeira; metal; plástico; papel.
Destinação: reutilização, reciclagem ou
armazenamento temporário.
Classe C: Produtos sem tecnologia
disponível para recuperação, por
exemplo, gesso. Destinação: conforme
norma técnica específica.
Classe D: Resíduos perigosos, por
exemplo, tintas; óleos; solventes etc..
Destinação: conforme norma técnica
específica.
Resíduos agrossilvopastoris: gerados nas
atividades agropecuárias e silviculturais,
incluídos aqui os resíduos relacionados a
insumos utilizados nessas atividades.
Resíduos de serviços de transportes:
oriundos de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e
ferroviários, e passagens de fronteira.
Resíduos de mineração: gerados em
atividades de pesquisa, extração e/ou
beneficiamento de minérios.
OBS: Alguns resíduos, definidos como
objeto obrigatório da logística reversa,
em função de suas características
tóxicas, radioativas e contaminantes, são
classificados como resíduos especiais:
1) pilhas e baterias;
2) pneus;
3) lâmpadas fluorescentes de vapor de
sódio e mercúrio, e de luz mista;
4) produtos eletroeletrônicos;
5) óleos lubrificantes, seus resíduos e
embalagens;
6) agrotóxicos, seus resíduos e
embalagens, que são examinados junto
aos resíduos agrossilvopastoris.
Estes requerem cuidados especiais
quanto a manuseio, acondicionamento,
estocagem, transporte e disposição final.
QUANTO AOS RISCOS POTENCIAIS AO
MEIO AMBIENTE:
A norma ABNT NBR 10.004/2004
classifica os resíduos sólidos partindo do
conceito de “classes”, nesse caso,
Pag. 4
considerando o risco à saúde pública e
ao meio ambiente.
Resíduos Classe I (perigosos): por suas
características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e
patogenicidade, são resíduos que
apresentam risco à saúde pública e ao
meio ambiente, por exemplo, baterias,
pilhas, óleo usado, restos de tintas e
pigmentos, resíduos de serviços de
saúde, resíduos inflamáveis etc.
Resíduos Classe II (não perigosos): estes
são subdivididos em “não inertes” e
“inertes”:
4. A situação dos resíduos sólidos no Brasil
Durante muito tempo, a questão
dos resíduos sólidos no Brasil foi
relegada a um segundo plano. Na década
de 1970, o Plano Nacional de
Saneamento, denominado PLANASA,
colocava ênfase na ampliação dos
serviços de abastecimento de água e de
coleta de esgoto em detrimento de
investimentos em resíduos sólidos.
O intenso processo de urbanização
vivido pelo país nesse período, associado
à carência de investimentos na área,
levou à proliferação de lixões. Com o
agravamento dos problemas
socioambientais, particularmente a
partir do final da década de 1980, a
temática do lixo foi integrada aos
debates sobre saneamento.
Um dos marcos dessa nova visão
foi a criação do PROSANEAR em 1985,
privilegiando-se uma visão integrada do
saneamento, cujo objetivo era financiar
ações conjuntas referentes à água,
→Resíduos Classe II A (não inertes):
não se enquadram nas classificações I
e II B, pois, apesar de conterem
propriedades como combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade
em água, não apresentam riscos à
saúde pública e ao meio ambiente,
por exemplo, lodos de estação de
tratamento de água e esgoto, papel,
restos de alimentos etc.
→Resíduos Classe II B (Inertes): são
aqueles que em contato com a água
não solubilizam qualquer de seus
componentes, por exemplo, tijolos,
vidros, certos plásticos, borrachas etc.
esgoto, drenagem urbana e resíduos
sólidos. Desde então, passaram a ser
incluídas nessa iniciativa linhas de
financiamento visando reduzir os
impactos ambientais gerados pelos
resíduos sólidos. Apesar disso, os
recursos destinados ao setor cresceram
muito pouco no referido período.
Nos anos de 1990, a valorização da
temática dos resíduos sólidos contribuiu
para que o conceito de saneamento se
ampliasse, passando a ser denominado
saneamento ambiental3.
Com a Constituição Federal de
1988, os resíduos sólidos foram tratados
3
Segundo definição do Ministério das
Cidades, o saneamento ambiental, também
chamado saneamento básico, envolve o
conjunto de ações técnicas e
socioeconômicas para alcançar níveis
crescentes de salubridade ambiental,
visando promover e melhorar as condições
de vida urbana e rural.
Pag. 5
com maior destaque devido ao seu alto
grau poluidor, recomendando-se maior
fiscalização e atuação dos órgãos
públicos e privados responsáveis pela
preservação ambiental. No artigo 30 da
Constituição Federal, atribui-se aos
municípios a tarefa de limpeza pública,
devendo a mesma estar prevista na Lei
Orgânica Municipal para estabelecer os
princípios e as diretrizes que
condicionam as ações pretendidas pelo
serviço público municipal.
Além disso, a Lei de Crimes
Ambientais – lei n. 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998 – dispõe em seu artigo
54 sobre a penalização de lançamento de
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos,
que esteja em desacordo com as
exigências estabelecidas em leis e
regulamentos. A lei também penaliza
quem deixar de adotar – quando assim o
exigir autoridade competente – medidas
de precaução em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreparável (ZANTA e
FERREIRA 2003).
Finalmente, em 2010, após vinte
anos de tramitação no Legislativo
Federal, entrou em vigor a lei 12.305 que
instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, estabelecendo o marco
regulatório para o setor de resíduos
sólidos no Brasil.
Dessa forma, trata-se de uma
questão prioritária e relativamente nova
no Brasil, uma vez que o reconhecimento
da importância dos diversos atores
sociais como co-responsáveis pela gestão
de resíduos sólidos, a valorização da
reciclagem e a promoção de ações
educativas para mudanças de valores e
hábitos da sociedade foram incorporadas
somente a partir da década de 1990.
Inúmeras razões explicam o
desenvolvimento tardio dessas novas
prioridades: desconhecimento ou
descaso por parte da sociedade quanto
aos impactos socioambientais gerados
pelos resíduos sólidos; escassez de
recursos públicos para esse assunto; e
abordagem técnica e não socioambiental
da questão.
1. Diagnóstico de Resíduos Sólidos
no Brasil
A incorreta gestão de resíduos
representa uma das maiores causas de
impactos ambientais na atualidade. No
Brasil, a síntese de uma série de
diagnósticos dessas questões está
inserida na versão preliminar do Plano
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
O diagnóstico foi elaborado com
base nas informações fornecidas pela
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
(PNSB), utilizando-se o Banco
Multidimensional Estatístico (BME), e
pelo Sistema Nacional de Informação em
Saneamento (SNIS). Alguns dados foram
retirados ainda de relatórios da
Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE), de diferentes órgãos setoriais
– como a Associação Brasileira da
Indústria Química e a Associação
Brasileira do Alumínio – bem como do
Ministério de Minas e Energia (MME).
Para manter a consistência entre as
fontes de informação, o diagnóstico,
apresentado no PNRS, tem como
referência o ano de 2008.
Pag. 6
 O diagnóstico mostra que a coleta
regular dos resíduos tem sido o foco
central da gestão de resíduos sólidos nos
últimos anos. A taxa de cobertura vem
crescendo, já alcançando em 2009 quase
90% do total de domicílios; nas áreas
urbanas, a coleta supera o índice de 98%.
Não obstante, em domicílios localizados
em áreas rurais, ela ainda não atinge
33%.
Já em relação à destinação,
segundo a PNSB/2008, realizada pelo
IBGE, 50,8% dos municípios brasileiros
ainda destinam seus resíduos sólidos a
lixões a céu aberto.
Figura 1 – Destino final dos resíduos sólidos no
Brasil
100
80 Lixões a céu
aberto
60
Aterro
40 controlado
20 Aterro Sanitário
0
1989 2000 2008
Fonte: IBGE 2010
Embora nos últimos 20 anos os
números indiquem melhora no quadro
de destinação adequada, passando de
1,1% de destinação a aterro sanitário em
1989 para 27,7% na pesquisa de 2008, é
preciso avançar muito ainda nesse
assunto, notadamente nas regiões Norte
e Nordeste, onde há índices de
destinação a lixões extremamente
elevados, de 85,5% e 89,3%,
respectivamente (IBGE 2010).
Os dados da pesquisa revelam
ainda que no ano de 2008 foram
coletadas, em média, 183 mil toneladas
diárias de resíduos sólidos no Brasil, o
que corresponde, em números da época,
a uma coleta diária de 1,1 kg de lixo por
habitante.
Por sua vez, pesquisa da
Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE) – intitulada Panorama dos
Resíduos Sólidos no Brasil 2010,
realizada junto a 330 municípios de
todas as regiões do país, mostrou que a
produção de resíduos sólidos urbanos,
que em 2010 chegou a 60,9 milhões de
toneladas, vem apresentando taxa de
crescimento superior à taxa de
crescimento populacional urbano.
Além disso, a pesquisa mostrou
que, embora se tenha verificado em
2010, aumento de 7,7% em relação a
2009, a quantidade de resíduos sólidos
urbanos coletados, não atingiu o total do
volume gerado.
Figura 2 - Geração e coleta de RSU no Brasil
Fonte: ABRELPE 2010.
Aproximadamente 6,7 milhões de
toneladas deixaram de ser coletados
pelos sistemas públicos no citado ano,
sendo lançados em terrenos baldios,
margens de rios, dentre outros locais
inadequados.
Ainda em relação à coleta, o
diagnóstico do Manejo de Resíduos
Sólidos Urbanos 2009, divulgado em
Pag. 7
2011 pelo SNIS, indica que a cobertura
do serviço de coleta regular dos resíduos
sólidos domésticos chega a 93,4% da
população do país, com uma massa
coletada per capita média de 0,96
kg/hab/dia. O diagnóstico do SNIS foi
realizado em municípios de todos os
estados brasileiros e no Distrito Federal,
compreendendo um total de 1.964
municípios, correspondendo a 63,8% da
população brasileira.
Quanto à destinação final dos
resíduos sólidos urbanos, a pesquisa da
ABRELPE mostrou uma discreta
evolução, passando de 56,8% para 57,6%
o percentual dos resíduos destinados
corretamente a aterros sanitários.
Entretanto, em 2010, aproximadamente
23 milhões de toneladas que foram
coletadas não tiveram sua destinação
final adequada, sendo encaminhadas
para lixões ou aterros controlados,
comprometendo a qualidade de vida de
diversas comunidades e gerando
consideráveis danos ao meio ambiente.
Figura 3 - Destinação final dos RSU coletados
Fonte: Pesquisas ABRELPE 2010
Apesar da PNSB 2010 indicar que
58,3% do lixo coletado no Brasil ter
destinação final adequada em aterro
sanitário, quando se analisam
separadamente as informações, o
resultado mostra-se mais preocupante,
uma vez que 63,1% dos municípios
informaram que depositam seus
resíduos em lixões, e apenas 13,7%
possuem aterros sanitários.
Analisando a situação da
disposição final de resíduos pelo viés do
número de unidades de disposição final
nos municípios com presença de aterros
sanitários, de aterros controlados e de
lixões, observa-se que, em 2000, 86%
dos municípios encaminhavam seus
resíduos e rejeitos para aterros
controlados e lixões, e somente 14% dos
municípios tinham aterros sanitários.
Não obstante o aumento no número de
municípios que fazem disposição final
em aterros sanitários, em 2008 constata-
se que a maioria deles (71%) ainda
dispõe seus resíduos e rejeitos em
aterros controlados e lixões.
Essas práticas habituais provocam,
dentre outros impactos, a contaminação
de solos e corpos d’água, assoreamento,
enchentes, proliferação de vetores
transmissores de doenças, emissões
atmosféricas de gases causadores de
efeito estufa, além de poluição visual,
mau cheiro e indisponibilidade das áreas
atingidas para fins econômicos.
Um dos principais poluentes
originados nos depósitos de resíduos
sólidos é um composto líquido altamente
contaminado de nome chorume. Ao
serem dispostos no solo, os resíduos
sólidos podem sofrer infiltração de águas
superficiais, além da própria umidade
presente no lixo, que, ao percolar4 na
massa de resíduos, leva consigo diversos
4
Capacidade do líquido de atravessar um
determinado meio; fluir;
Pag. 8
produtos químicos e o líquido resultante
da degradação da matéria orgânica.
Um exemplo desta situação da
disposição final é o estado de São Paulo,
onde a despeito de revelar um quadro
mais positivo no cenário nacional em
termos percentuais – com 24% de
destinação inadequada em 2010 –
apresenta, no entanto, uma situação
delicada em quantidades absolutas, pois
mais de 13 mil toneladas de resíduos
sólidos urbanos têm aí destinação
inadequada todos os dias.
A PNSB 2010 mostrou ainda os
dados relativos ao Estado de Santa
Catarina, onde são gerados diariamente
cerca de quatro mil e trezentas
toneladas de resíduos sólidos
domésticos, tendo um percentual de
coleta que abrange 92,3% desse volume.
Assim, em média, apresentou em 2010
um índice de geração diária média de
0,81 kg de resíduos sólidos por
habitante.
Figura 4 - Destinação final dos RSU no Estado de
Santa Catarina (t/dia e % coletado)
Fonte: Pesquisas ABRELPE 2010
Outro dado que apresenta
destaque à Santa Catarina diz respeito à
destinação adequada, apresentando
índice de 71,3% dos resíduos sólidos
coletados dispostos em aterro sanitário.
Os indicadores econômicos obtidos
por intermédio do SNIS para amostra de
municípios indicam que as despesas com
a gestão dos RSU, como um todo,
alcançam valores médios, um pouco
menos que R$ 70,00 por habitante. Há
crescimento das despesas de acordo com
o aumento do porte dos municípios.
Dentro do PNRS, o diagnóstico toca
numa questão que vem ganhando
destaque nas discussões sobre os RSU.
Ou seja, a cobrança pelos serviços
associados à gestão dos resíduos. Em
2008, apenas 10,9% dos municípios
brasileiros possuíam algum tipo de
cobrança pelo serviço de gestão de RSU,
sendo que 7,9% utilizavam uma
modalidade de tarifa. Por outro lado, no
quesito tratamento, embora a massa de
resíduos sólidos urbanos apresente alto
percentual de matéria orgânica, as
experiências no Brasil de compostagem
são ainda incipientes. Por não serem
coletados separadamente, os resíduos
orgânicos acabam sendo encaminhados
para disposição final, gerando despesas
que poderiam ser evitadas caso a
matéria orgânica fosse separada na fonte
e encaminhada para um tratamento
específico, por exemplo, via
compostagem.
A coleta seletiva é um dos
instrumentos fundamentais da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, e um passo
importante para viabilizar a reciclagem.
Segundo pesquisa realizada pela
ABRELPE, a atividade de coleta seletiva
vem avançando no país, embora, muitas
vezes, tal coleta praticada pelos
municípios não abranja a totalidade do
território municipal, ou, se restrinja à
disponibilidade de pontos de entrega
Pag. 9
 voluntária para a população, ou mesmo constatação de 1.100 cooperativas em
à formalização de convênios com atuação, envolvendo 10% da população
cooperativas de catadores. de catadores; baixa eficiência dessas
organizações; e renda média inferior ao
Do total de 5.565 municípios
salário mínimo oficial. O estudo aponta
brasileiros, 57,6% declararam a
ainda os avanços significativos que
existência de coleta seletiva. Agora, em
aconteceram em período recente, quer
municípios de até 50 mil habitantes, esse
pela constituição de um Comitê
percentual cai para apenas 39%.
Interministerial para apoio aos
Figura 5–Coleta seletiva por grupo de população
Figura 4 - Coleta seletiva por grupos de municípios classificados por faixas de
catadores, quer por seus resultados na
urbana população urbana forma do Programa Pró-Catador – já
16%
8% instituído – ou, de definição da política
34%
61%
de Pagamento por Serviços Ambientais
92%
Urbanos.
84% Não
66%
39%
Sim
Por outro lado, os impactos dos
resíduos sólidos na saúde pública, em
até 49.999 50.000 a 99.999 100.000 a 499.999 acima de 500.000
especial a situação de catadores de
materiais recicláveis, são retratados
Fonte:
Fonte: Pesquisas
Pesquisa ABRELPE
ABRELPE 2010 2010
numa pesquisa sobre condições de vida,
Dados mais modestos em relação à trabalho e saúde, realizada em 2004 com
coleta seletiva são apresentados na 218 catadores do aterro de Gramacho no
pesquisa realizada pelo SNIS. Nesse caso, Rio de Janeiro (Porto et al. 2004). O
apenas 34,9% dos municípios adotam a estudo revelou que 42,3% dos
referida prática, sendo que nas regiões trabalhadores se alimentam do que
Sul e Sudeste o índice chega a 45% dos encontram no lixo; 71,7% já haviam
municípios, enquanto que nas demais sofrido algum acidente no local de
regiões a coleta seletiva não chega a trabalho; e somente 47,5% tinham
20%. consciência dos riscos que poderiam
Ainda sobre a coleta seletiva, os causar danos à saúde.
dados da pesquisa do SNIS mostram que
O autor da pesquisa também
a média municipal per capita de resíduos
observou doenças apresentadas pelos
sólidos coletados é de 8,1 kg/hab/ano,
catadores, dentre elas: hipertensão
destacando-se a região Sul, mais uma
(31,1%); varizes (20,2%); problemas
vez, com uma média de 14,7
osteomusculares (13,8%); problemas
kg/hab/ano.
cardíacos (9,6%); asma (4,2%).
Dentro do Plano Nacional de
No Plano Nacional de Resíduos
Resíduos Sólidos, o diagnóstico analisou
Sólidos, o diagnóstico leva em conta a
também a situação dos catadores de
situação de outros resíduos, a começar
materiais recicláveis, e sistematizou um
por aqueles da construção civil, que
conjunto de informações importantes, a
podem representar de 50 a 70% da
saber, existência de algo em torno a 400
massa de resíduos sólidos urbanos. Além
e 600 mil catadores no Brasil;

Pag. 10
destes, há os resíduos especiais definidos
como objeto obrigatório da logística
reversa.
O Plano Nacional trata a questão
do descumprimento da Resolução
CONAMA n. 313/2002 referente ao
Inventário Nacional de Resíduos Sólidos
Industriais; dos Resíduos Sólidos de
Serviços de Transporte definidos como
originários de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e
ferroviários e passagens de fronteira. O
diagnóstico traça também um panorama
acerca dos Resíduos de Serviços de
Saúde, examinando a evolução das leis e
normas de apoio para o seu
gerenciamento, e a exigência do Plano
de Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde (PGRSS). Ele estuda
igualmente os Resíduos de Mineração
advindos de atividades que respondem
por 4,2% do PIB e 20% das exportações
brasileiras, e que estão na base de várias
cadeias produtivas.
O diagnóstico apresenta, ainda,
uma análise dos Resíduos Sólidos
Agrossilvopastoris. Esse levantamento de
dados serviu como base para estimativas
da produção de energia pelo
reaproveitamento da biomassa. O
estudo considerou também os resíduos
sólidos inorgânicos gerados no setor
agrossilvopastoril, enfatizando o fato de
que o exercício da logística reversa
referente a embalagens de agrotóxicos
faz com que 95% delas retornem para
uma destinação ambientalmente
correta, içando o Brasil a referência
mundial nesse quesito.
Enfim, no tocante às ações de
Educação Ambiental, o diagnóstico
observa que, a despeito da legislação
existente nesse campo, não há consenso
claro quanto aos conteúdos,
instrumentos e métodos a serem
aplicados, tal situação é acentuada
quando a temática das ações se refere
aos resíduos sólidos. Nesse sentido,
verifica-se o desconhecimento e a
dificuldades de gestores, técnicos e da
própria população frente ao novo
modelo de participação social a ser
aplicado na temática de resíduos sólidos.
Ora, o diagnóstico aponta para uma
concentração de ações nos ambientes
escolares, em detrimento de ações
voltadas à população e aos agentes
diretamente envolvidos com o manejo
diferenciado dos resíduos.
Pag. 11
 II. LEGISLAÇÃO APLICADA À QUESTÃO DOS RESÍDUOS
1. Resíduos sólidos na Constituição e nas leis infraconstitucionais
A questão legal aplicada aos
resíduos sólidos está inserida no campo
do direito ambiental, este é constituído
por um conjunto de normas de caráter
preventivo que disciplinam a utilização
dos recursos ambientais. As normas
objetivam, efetivamente, combater a
degradação ambiental, utilizando-se de
instrumentos legais que protejam o meio
ambiente.
A Constituição do Brasil de 1988
introduz em seu texto o tema “Meio
Ambiente”, e, consequentemente, a
questão dos resíduos sólidos, nesse caso,
dedicando um capítulo inteiro a
orientações sobre proteção ambiental. O
documento é considerado o mais
completo da legislação mundial hoje. Em
tal contexto, o artigo 225 da Constituição
afirma que todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado,
compreendendo-o como bem de uso
comum do povo, e essencial à boa
qualidade de vida. Nesse sentido, impõe-
se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para
as atuais e futuras gerações.
Entende-se a Constituição Federal
como a lei fundamental e suprema de
uma nação ou Estado, estabelecida como
base de sua organização política. Todos
os demais instrumentos legais – leis
infraconstitucionais – se situam
hierarquicamente abaixo da
Constituição, tal como se representa na
Pirâmide de Kelsen, na Figura 6.
SÓLIDOS
Figura 6 - Pirâmide de Kelsen
1. Leis constitucionais
As leis constitucionais são as mais
importantes por conterem os elementos
estruturais da nação, e a definição
fundamental dos direitos do homem,
este considerado como indivíduo e como
cidadão. Na escala hierárquica das leis,
coloca-se bem alto, e acima de todas as
dimensões, a Constituição Federal.
Emanação direta da soberania nacional,
a Constituição submete ao seu império
todos os órgãos do Estado, discrimina as
atribuições dos seus poderes, delineia
todas as peças do organismo nacional.
Por isso mesmo, ela deve ser obedecida
igualmente pelos cidadãos e pelos
detentores do poder e prepostos do
Estado.
A Constituição Federal estabelece
em seu artigo 23, inciso VI: “Compete à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios proteger o meio
ambiente e combater a poluição em
qualquer das suas formas”. No artigo 24,
preceitua a competência da União, dos
Pag. 12
Estados e do Distrito Federal em legislar
concorrentemente sobre “(...) proteção
do meio ambiente e controle da
poluição” (inciso VI), e, no artigo 30,
incisos I e II, atribui ao poder público
municipal a tarefa de “legislar sobre os
assuntos de interesse local e
suplementar a legislação federal e a
estadual no que couber” (BRASIL 1988).
Outros artigos da Constituição
Federal que abordam a questão
ambiental são os seguintes:
 Art. 170. A ordem econômica,
fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes
princípios:
VI - defesa do meio ambiente, inclusive
mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos
produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação.
 Art. 182. A política de
desenvolvimento urbano, executada
pelo Poder Público Municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em
lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem-estar de
seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, (...), é o
instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua
função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação
da cidade expressas no plano diretor.
 Art. 200. Ao sistema único de saúde
compete, além de outras atribuições,
nos termos da lei:
VIII - colaborar na proteção do meio
ambiente, nele compreendido o do
trabalho.
2. Leis complementares, ordinárias e
delegadas
As leis complementares são
aquelas votadas pela legislatura
ordinária, porém destinadas à
regulamentação dos textos
constitucionais. Elas devem ser
aprovadas pela maioria absoluta de cada
uma das Casas do Congresso Nacional.
As leis ordinárias são as que
emanam dos órgãos que a Constituição
investiu da função legislativa. Em nossa
organização política, compete ao Poder
Legislativo fazer as leis, com a
colaboração do Poder Executivo.
Não existe entre lei complementar
e lei ordinária (ou medida provisória)
uma relação de hierarquia, pois seus
campos de abrangência são diversos.
Assim, a lei ordinária que invadir matéria
de lei complementar é inconstitucional,
isto é, fere a constituição, e não, ilegal
(fere uma lei infraconstitucional).
Lei delegada é o ato normativo
elaborado e editado pelo Presidente da
República em virtude de autorização do
Poder Legislativo, expedida mediante
resolução e dentro dos limites nela
traçados. De uso bastante raro, apenas
duas leis delegadas foram promulgadas
após a Constituição de 1988.
Os atos de competência exclusiva
do Congresso, de acordo com a
Pag. 13
Constituição Federal, são indelegáveis da
mesma forma que os de competência
exclusiva da Câmara e do Senado, do
Poder Judiciário e do Ministério Público.
As matérias que dependem de leis
complementares também são
indelegáveis, bem como tudo que diz
respeito à cidadania, nacionalidade,
direitos políticos e individuais.
Exemplos de leis ordinárias
diretamente relacionadas à questão de
resíduos sólidos:
• Lei 6.938/81 - Dispõe sobre a
Política Nacional de Meio Ambiente;
• Lei 9.605/98 - Lei de Crimes
Ambientais;
• Lei 9.795/99 - Dispõe sobre a
Política Nacional de Educação Ambiental;
• Lei 11.445/07 - Dispõe sobre a
Política Nacional de Saneamento Básico;
• Lei 12.305/10 - Dispõe sobre a
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
3. Outros atos administrativos e legais
Medida Provisória
É ato normativo com força de lei
que pode ser editado pelo Presidente da
República em caso de relevância e
urgência. Tal medida deve ser submetida
de imediato à deliberação do Congresso
Nacional. As medidas provisórias perdem
a eficácia desde a edição se não forem
convertidas em lei no prazo de 60 dias,
prorrogável por mais 60. Nesse caso, o
Congresso Nacional deverá disciplinar,
por decreto legislativo, as relações
jurídicas decorrentes da medida
provisória.
Decretos Legislativos
São atos destinados a regular as
matérias de competência exclusiva do
Congresso Nacional (Constituição, art.
49) que tenham efeitos externos a ele. O
Decreto Legislativo também disciplina as
relações jurídicas decorrentes de medida
provisória não convertida em lei
(Constituição, art. 63, § 3o).
Decretos
São atos administrativos
normativos, originários do Poder
Executivo, estando sempre em posição
inferior à lei, e, portanto, não podem
contrariá-la. O Decreto aprova o
regulamento, que, por sua vez, explica a
Lei. Além deste Decreto regulamentador,
existem também os Decretos
independentes, por meio deles o Poder
Executivo exerce suas funções
administrativas. O Decreto é ato
administrativo de competência privativa
do Chefe do Executivo Federal, Estadual
e Municipal. Um exemplo de decreto é o
de número 7.405/2010 que institui o
Programa Pró-Catador, denomina
Comitê Interministerial para Inclusão
Social e Econômica dos Catadores de
Materiais Reutilizáveis e Recicláveis, e o
Comitê Interministerial da Inclusão Social
de Catadores de Lixo.
Resoluções
São atos administrativos
normativos inferiores ao Decreto,
expedidos pelas autoridades do Poder
Executivo (mas não pelo Chefe do
Executivo), cuja função é explicar e
complementar os regulamentos.
Existem outros tipos de resoluções,
como as do CONAMA e da ANVISA, que
Pag. 14
são atos formais de manifestação de
vontade, deliberativos para o legal aplicado aos resíduos sólidos.
estabelecimento de normas, diretrizes e
critérios de controle ambiental no
âmbito da política governamental, e
objetivam a proteção, o controle e a
preservação ambiental.
Instruções normativas
São atos administrativos de órgãos
da administração pública, expedidos pela
autoridade hierarquicamente superior
para os seus administrados, objetivando
orientar a execução da ação
administrativa, e assegurando a sua
unidade; nesse caso, eles não podem
contrariar lei, decreto, regulamento, pois
são atos inferiores de mero
ordenamento administrativo.
Portarias
São atos administrativos
ordinatórios internos. Como esclarece
Hely Lopes Meirelles (1991), "(...) são
atos pelos quais os chefes de órgãos,
repartições ou serviços expedem
determinações gerais ou especiais a seus
subordinados, ou designam servidores
para funções e cargos secundários”.
Nesse sentido, são atos administrativos
que não produzem efeitos externos, isto
é, não obrigam os particulares. No
entanto, vêm sendo utilizados
estranhamente pela Administração
Pública. Citam-se as portarias das
unidades vinculadas ao Ministério da
Saúde – como a FUNASA e a ANVISA –
para exemplificar o uso desse dispositivo
Norma
É o documento técnico que
estabelece as regras e características
mínimas que determinado produto,
serviço ou processo deve cumprir,
permitindo uma perfeita ordenação e
globalização das atividades ou dos
produtos. As Normas são fatores vitais
para que a evolução tecnológica nacional
acompanhe com grande êxito o processo
de globalização mundial. Seguindo as
normas, é possível trabalhar com um
padrão tecnológico, pois elas permitem
que haja consenso entre produtores,
governo e consumidores. Isso facilita o
intercâmbio comercial e aumenta a
produtividade e as vendas não só no
mercado interno como também no
mercado externo, uma vez que ficam
eliminadas as barreiras técnicas criadas
pela existência de regulamentos
conflitantes sobre produtos e serviços
em diferentes países. No Brasil, a ABNT
(Associação Brasileira de Normas
Técnicas) cria essas normas, por
exemplo, a NBR 10.004, Resíduos Sólidos
- Classificação.
Pag. 15
2. Inter-relação das leis aplicadas a resíduos sólidos

O espírito de uma lei é o conjunto

Figura 7 – Relação entre Leis Federais
de relações necessárias para a realização
do fenômeno representado pela lei
(Montesquieu 1748). Essas relações
podem se dar dentro da estrutura da
mesma lei, e entre leis distintas.
As leis, em geral, possuem as
seguintes estruturas: fundamentos,
objetivos, diretrizes, instrumentos e
gestão. Dessa maneira, deve haver
relações entre essas estruturas para que
a lei tenha uma unidade quando
considerada como um todo, de modo a
ser mais compreensível para o público. Lei 6.938/81 - Política Nacional de
Meio Ambiente
1. Leis Federais mais importantes
relacionadas ao Gerenciamento de Dispõe sobre a Política Nacional do
Resíduos Sólidos: Meio Ambiente (PNMA), os seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação,
 Lei 6.938/81 - Política Nacional de
e dá outras providências. A PNMA tem
Meio Ambiente;
por objetivo a preservação, melhoria e
 Lei 9.605/98 - Lei de Crimes
recuperação da qualidade ambiental
Ambientais;
propícia à vida, visando assegurar, no
 Lei 9.795/99 - Política Nacional de
país, condições ao desenvolvimento
Educação Ambiental;
sócio-econômico, aos interesses da
 Lei 11.445/07 - Política Nacional de
segurança nacional e à proteção da
Saneamento Básico;
dignidade da vida humana. A lei
 Lei 12.305/10 - Política Nacional de
apresenta o Cadastro Técnico Federal de
Resíduos Sólidos.
Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Essas leis se interrelacionam no Utilizadores dos Recursos Ambientais
sentido de que uma cita a outra em seu (CTF), entre elas o tratamento e
texto, ou a usa como instrumento legal destinação de resíduos sólidos.
para aplicação do seu objetivo. A lei cria também o Sistema
Determinados elementos da questão de Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).
resíduos sólidos, por exemplo, são O SISNAMA é um sistema que congrega
tratados em cada uma das leis acima órgãos públicos das esferas federal,
citadas, sendo abordados de forma mais estadual e municipal, incluindo o Distrito
ampla e detalhada na lei 12.305/10. Federal. Este sistema é organizado
conforme o Quadro 1 a seguir:

Pag. 16
 Quadro 1 - Órgãos do SISNAMA
NÍVEL DE ATUAÇÃO ÓRGÃO RESPONSÁVEL
Conselho do Governo
Conselho Nacional de Meio
Ambiente - CONAMA
FEDERAL
Ministério do Meio Ambiente
Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos
Naturais – IBAMA
Instituto Chico Mendes de
Conservação da
Biodiversidade - ICMBio
Conselho Estadual do Meio
Ambiente
ESTADUAL
Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Sustentável
Fundação ou Secretaria
Estadual do Meio Ambiente
Polícia Ambiental
Conselho Municipal do Meio
Ambiente
MUNICIPAL
Fundação ou Secretaria
Municipal do Meio Ambiente
FUNÇÃO NO SISNAMA
Assessorar o presidente da República na
formulação da PNMA
Estudar e propor diretrizes e políticas
governamentais e deliberar sobre normas,
padrões e critérios de controle ambiental a ser
concedido pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, e supervisionado pelo próprio IBAMA.
Incentivar a instituição e o fortalecimento
institucional dos Conselhos Estaduais e Municipais
de Meio Ambiente.
Planejar, coordenar e supervisionar as ações
partindo da PNMA.
Executar a PNMA e sua fiscalização.
Apresentar e editar normas e padrões de gestão
de Unidades de Conservação federais; propor a
criação, regularização fundiária e gestão das
Unidades de Conservação federais, e apoiar a
implementação do Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC).
Assessorar a Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Sustentável na formulação da
Política Estadual de Meio Ambiente, no sentido de
propor diretrizes e medidas necessárias à
proteção, conservação e melhoria do meio
ambiente, visando garantir o desenvolvimento
sustentável.
Elaborar normas supletivas e complementares, e
padrões relacionados ao meio ambiente,
observados os que forem estabelecidos pelo
CONAMA.
Planejar, coordenar e executar políticas,
programas e projetos das ações relacionadas à
proteção ambiental.
Composta pelas Diretorias de: Desenvolvimento
das Cidades, Meio Ambiente, Saneamento e
Recursos Hídricos.
Fiscalizar, licenciar, desenvolver pesquisas
ambientais e fazer a gestão das Unidades de
Conservação.
Responsável pela fiscalização da flora, fauna,
mineração, poluição e de agrotóxicos.
Elaborar normas relacionadas ao meio ambiente,
observando as que foram estabelecidas em nível
federal e estadual.
Responsável pela execução da PNMA no âmbito
local.
Pag. 17
Lei 9.605/98 - Crimes Ambientais
Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente, e
dá outras providências.
Em seu artigo 54, a lei institui pena
de reclusão de um a cinco anos quando
ocorrer poluição por lançamento de
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou,
detritos, óleos e/ou substâncias oleosas,
em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis ou regulamentos.
O crime, aqui, também abrange a
poluição de qualquer natureza: poluição
das águas interiores e do mar, da
atmosfera, do solo etc., nesse caso,
bastando que o lançamento desses
resíduos esteja em desacordo com as
normas legais. No artigo 56, a pena é de
um a quatro anos e multa para quem
manipula, acondiciona, armazena,
coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá
destinação final a resíduos perigosos de
forma diversa da estabelecida em lei ou
regulamento.
Lei 9.795/99 - Política Nacional de
Educação Ambiental
Dispõe sobre a educação
ambiental. A educação ambiental é um
componente fundamental e permanente
da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos
os níveis e modalidades do processo
educativo em caráter formal e não-
formal. Por isso, ela é instrumento de
todas as outras leis aqui mencionadas.
Lei 11.445/07 - Política Nacional
de Saneamento Básico (PNSB)
Estabelece diretrizes nacionais
para o saneamento básico. O
saneamento básico engloba serviços,
infra-estruturas e instalações
operacionais de limpeza urbana e
manejo de resíduos sólidos. São artigos
que mencionam resíduos sólidos:
Art. 2 - Os serviços públicos de
saneamento básico serão prestados com
base nos seguintes princípios
fundamentais: ... III - abastecimento de
água, esgotamento sanitário, limpeza
urbana e manejo dos resíduos sólidos,
realizados de forma adequada à saúde
pública e à proteção do meio ambiente.
Art. 7 - Composição das atividades do
serviço público de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos urbanos.
Art. 29 - Sustentabilidade econômico-
financeira dos serviços públicos de
saneamento básico.
Art. 35 - Dispõe sobre as taxas ou tarifas
decorrentes da prestação de serviço
público de limpeza urbana e de manejo
de resíduos sólidos urbanos.
Lei 12.305/10 - Política Nacional
de Resíduos Sólidos
A lei dispõe sobre os princípios,
objetivos e instrumentos, bem como
sobre as diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, às responsabilidades
dos agentes geradores e do poder
público, e aos instrumentos econômicos
aplicáveis.
Essa lei será abordada com mais
detalhes no Módulo três.
2. Leis estaduais e municipais
As leis estaduais e municipais
devem seguir as diretrizes das leis
federais, nunca sendo menos restritivas
Pag. 18
que estas últimas. Elas são criadas
partindo da observação e da
compreensão das características locais
pela população ali residente, sendo de
extrema importância a sua consideração
como instrumento legal. Muitas vezes, as
peculiaridades sociais e geográficas de
determinada região a tornam singular no
território nacional, de modo a ser preciso
uma legislação que atenda
3. Resoluções, portarias e instruções normativas
As mais importantes resoluções,
portarias e instruções normativas
aplicadas à questão de resíduos sólidos
têm sua origem no CONAMA (Conselho
Nacional de Meio Ambiente) e em
órgãos ligados ao Ministério da Saúde,
como a ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) e a FUNASA
(Fundação Nacional de Saúde).
1. Resoluções do CONAMA
Criado pela Lei 6.938, em 1981, o
CONAMA foi o primeiro conselho
nacional de caráter deliberativo a
integrar a sociedade civil por meio de
representantes das entidades de defesa
do meio ambiente, de empresários,
trabalhadores, além de órgãos de
governo.
Nesse sentido, a iniciativa de
criação do CONAMA significou também a
primeira década de mobilizações no
Brasil contra problemas ambientais
emergentes, compreendendo desde
comunidades urbanas atingidas por
poluição industrial até denúncias de
ambientalistas – como José Lutzenberger
sobre o uso indiscriminado de
agrotóxicos –, ou ainda o desmatamento
especificamente as necessidades de
referido local.
As leis estaduais são
disponibilizadas pelos portais da
Assembléia Legislativa do Estado de
Santa Catarina, e as municipais, por
intermédio do portal da prefeitura na
internet, ou no endereço eletrônico
(www.leismunicipais.com.br).
na Amazônia enfrentado pelos embates
de Chico Mendes com os seringueiros.
José Antônio Lutzenberger (1926-2002) foi
um agrônomo e ecologista brasileiro que
participou ativamente da luta pela
conservação e preservação ambiental. Na
obra “Fim do futuro: Manifesto Ecológico
Brasileiro”, lançada em 1980, ele já previa o
problema do aquecimento global, alertando,
por exemplo, "(...) a Amazônia não é o
pulmão do planeta, é o ar condicionado do
planeta". Por sua relevância como liderança
na sociedade, José Antônio foi convidado e
tomou posse como secretário-especial do
Meio Ambiente da Presidência da República
de 1990 a 1992, ano em que se demitiu do
cargo, desiludido com a burocracia e os
jogos de poder e disputa de interesses em
Brasília.
As resoluções do CONAMA são
atos formais de manifestação de
vontade, deliberativos para o
estabelecimento de normas, diretrizes e
critérios de controle ambiental no
âmbito da política governamental, tendo
por objetivos a proteção, o controle e a
preservação ambiental. O Quadro 2
apresenta as resoluções fundamentais
Pag. 19
do CONAMA aplicadas aos resíduos Saúde Legis, reúne os atos normativos do
sólidos. Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito
federal. Nesse sistema, mais de 90 mil
Outras resoluções podem ser
normas estão disponíveis para consulta.
conhecidas por intermédio do link
As unidades vinculadas ao MS que
“Resoluções do CONAMA”, portal do
elaboram normas relacionadas aos
CONAMA, na internet, cujo endereço é
resíduos são a FUNASA e a ANVISA –
(www.mma.gov.br/port/conama).
uma fundação pública e uma autarquia,
Nele, encontram-se resoluções respectivamente.
específicas, bastando inserir o assunto
Além disso, normas de outros
que se deseja pesquisar.
órgãos – como o IBAMA – podem ser
2. Sistema de legislação da saúde pesquisadas no sistema. No Quadro 3,
apresentam-se algumas dessas normas.
O sistema de pesquisa da legislação
do Ministério da Saúde (MS), chamado

Quadro 2 - Resoluções CONAMA

NÚMERO/ ANO ASSUNTO
Dispõe sobre a incineração de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos
006/1991
de saúde, portos e aeroportos.
Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos,
005/1993
terminais ferroviários e rodoviários.
023/1996 Regulamenta a importação e o uso de resíduos perigosos.
Dispõe sobre a importação de desperdícios e resíduos de acumuladores elétricos de
228/1997
chumbo.
Estabelece norma geral sobre licenciamento ambiental, competências, listas de
237/1997
atividades sujeitas a licenciamento etc.
Licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de co-
264/1999
processamento de resíduos.
275/2001 Estabelece código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva.
Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
307/2002
construção civil.
313/2002 Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais.
Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de
316/2002
tratamento térmico de resíduos.
330/2003 Institui a Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos.
Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde, e
358/2005
dá outras providências.
Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias
401/2008 comercializadas no território nacional, e os critérios e padrões para o seu
gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências.
Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário
404/2008
de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos.

Pag. 20
 Quadro 2 - Outros instrumentos normativos
TIPO ÓRGÃO NÚMERO/ANO ASSUNTO
Análise técnica dos pleitos relacionados aos Resíduos Sólidos
Urbanos, relativos à aquisição de veículos e equipamentos,
Portaria FUNASA 22/2012
seja realizada, em caráter excepcional, pelos técnicos do
Departamento de Engenharia de Saúde Pública.
Aprovar os critérios de elegibilidade e prioridade do
Portaria FUNASA 567/2011 programa de Resíduos Sólidos Urbanos para aplicação de
recursos orçamentários e financeiros.
Aprovar os critérios e procedimentos para aplicação de
recursos orçamentários e financeiros à implantação,
Portaria FUNASA 1010/2009 ampliação ou melhoria de unidades de triagem de resíduos
sólidos, para apoio às cooperativas e associações dos
catadores de materiais recicláveis.
Institui, no âmbito do IBAMA, os procedimentos necessários
ao cumprimento da Resolução CONAMA n. 416, de 30 de
Instrução
IBAMA 001/2010 setembro de 2009, pelos fabricantes e importadores de
Normativa
pneus novos, sobre coleta e destinação final de pneus
inservíveis.
Institui os procedimentos complementares relativos a
Instrução controle, fiscalização, laudos físico-químicos e análises,
IBAMA 003/2010
Normativa necessários ao cumprimento da Resolução CONAMA n. 401,
de 4 de novembro de 2008.
Dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas
sanitárias no gerenciamento de resíduos sólidos nas áreas de
Resolução ANVISA 056/2008
portos, aeroportos, passagens de fronteiras e recintos
alfandegados.

4. Normas ABNT
Fundada em 1940, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o
órgão responsável pela normalização
técnica no país, fornecendo a base
necessária ao desenvolvimento
tecnológico brasileiro.
Norma é o documento técnico que
estabelece as regras e características
mínimas que determinado produto,
serviço ou processo deve cumprir,
permitindo uma perfeita ordenação e
globalização dessas atividades ou
produtos.
As Normas Técnicas propiciam o
correto suprimento das necessidades
práticas dos produtores e consumidores,
e são fundamentais para a eliminação de
desperdícios de tempo, matéria-prima e
mão-de-obra, o que resulta em
crescimento de mercado, melhoria de
qualidade e redução de preços e custos,
fatores que alimentam o ciclo motor do
desenvolvimento social.
No Brasil, as atividades de
normalização precisam ser intensificadas
em ritmo acelerado, não só pelo
crescente desenvolvimento do mercado,
mas também para atender às exigências
do Comitê Técnico OMC (Organização
Mundial do Comércio).
O Quadro 4, a seguir, apresenta as
mais importantes normas da ABNT
aplicadas aos resíduos sólidos.

Pag. 21
 Quadro 3 - Normas ABNT aplicadas a resíduos
NÚMERO ANO CONTEÚDO
Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos
NBR 8419 1996
urbanos – procedimento
Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais
NBR 8418 1984
perigosos – procedimento
NBR 8849 1985 Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos.
Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e
NBR 7500 2011
armazenamento de produtos
NBR 7501 2011 Transporte terrestre de produtos perigosos - terminologia
Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - requisitos e métodos
NBR 9191 2008
de ensaio
NBR 10.004 2004 Resíduos sólidos – classificação
NBR 10.005 2004 Lixiviação de resíduos – procedimentos
NBR 10.006 2004 Solubilização de resíduos – procedimentos
NBR 10.007 2004 Amostra de resíduos – procedimentos
Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e
NBR 10157 1987
operação – procedimento
Armazenamento de resíduos classes II (não inertes) e III (inertes) –
NBR 11174 1990
procedimento
Incineração de resíduos sólidos perigosos - padrões de desempenho
NBR 11175 1989
– procedimento
NBR 12235 1992 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos - procedimento
NBR 12807 1993 Resíduos de serviços da saúde – terminologia
NBR 12808 1993 Resíduos de serviços da saúde – classificação
NBR 12809 1993 Manuseio dos resíduos de serviços da saúde - procedimento
NBR 12810 1993 Coleta dos resíduos de serviços da saúde - procedimento
Coleta, varrição e acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos –
NBR 12980 1993
terminologia
NBR 13221 2010 Transporte terrestre de resíduos
NBR 13463 1995 Coleta de resíduos sólidos
Aterros de resíduos não perigosos - critérios para projeto,
NBR 13896 1997
implantação e operação.

Pag. 22
 III. A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: LEI N.
1. Contexto histórico, objeto e campo de aplicação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos
1. Contexto histórico da Política
Nacional de Resíduos Sólidos
A história brasileira a cerca da
gestão de resíduos sólidos é recente. A
primeira iniciativa com referência ao que
viria a ser a futura Política Nacional de
Resíduos Sólidos ocorreu no ano de 1989
por meio do Projeto de Lei n. 354 do
Senado Federal. Na ocasião, o Projeto de
Lei apresentou questões sobre resíduos
de serviços de saúde, como seu
acondicionamento, sua coleta, seu
tratamento, transporte e sua destinação
final.
Em 1991, o Projeto de Lei n. 354
tramitou e resultou num novo
documento – o Projeto de Lei n. 203 –
que, por sua vez, foi melhorado pela
Câmara dos Deputados, surgindo um
documento com perfil de processo
legislativo. No ano de 1999, o Plenário
do Conselho Nacional de Meio ambiente
(CONAMA) aprovou a Proposição
CONAMA 259, que trataria das Diretrizes
Técnicas para a Gestão de Resíduos
Sólidos; contudo, esta não chegou a ser
publicada.
Em 2001, a Câmara dos Deputados
criou e implementou a Comissão Especial
da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
avaliando os assuntos do Projeto de Lei
apresentado em 1991, e elaborando uma
proposta global em substituição àquela.
A referida comissão foi extinta
juntamente com o encerramento da
12.305
legislatura. Nesse mesmo ano, realizou-
se o I Congresso Nacional dos Catadores
de Materiais Recicláveis, evento em que
ocorreu a 1ª Marcha Nacional da
População de Rua, contando com cerca
de 3000 participantes.
Dois anos depois, a Presidência da
República instituiu o Grupo de Trabalho
Interministerial de Saneamento
Ambiental para tratar de assuntos sobre
a integração das ações de saneamento
ambiental na esfera federal. Assim, o
citado grupo de trabalho criou o
Programa de Resíduos Sólidos Urbanos.
Após diversos debates e discussões
sobre a problemática dos resíduos
sólidos, e encaminhamento do
anteprojeto de lei sobre a questão no
ano de 2005, foi novamente instituída
pela Câmara dos Deputados a Comissão
Especial da Política Nacional de Resíduos
Sólidos.
A discussão final para o efetivo
estabelecimento da Política Nacional de
Resíduos Sólidos ocorreu no ano de 2007
com uma proposta do Executivo Federal,
a qual foi submetida à apreciação do
Plenário da Câmara dos Deputados.
Nesse mesmo ano, foi criado o grupo de
trabalho chamado GTRESID com o intuito
de viabilizar a resolução dos assuntos
relacionados à Política Nacional de
Resíduos Sólidos.
O ano de 2008 foi marcado por
audiências públicas, com participação do
Pag. 23
setor industrial, representação dos
setores interessados no assunto,
contribuição do Movimento Nacional de
Catadores de Materiais Recicláveis, e dos
demais membros da GTRESID.
Entretanto, uma hipótese sobre a
existência de logística reversa no texto
do projeto de lei foi um dos aspectos que
adiou a sua aprovação. Isso porque o
setor industrial apresentou grande
resistência ao tema. Somente depois de
compreender a logística reversa como
produto da prevenção e recuperação de
danos ambientais, com cunho de
responsabilidade social e de integração
entre União, estados, municípios,
empresas e cidadãos, é que houve
consenso entre o setor industrial e os
catadores de materiais recicláveis.
A minuta do relatório final foi
apresentada em junho de 2009, para
receber contribuições adicionais. No dia
07 de julho de 2010, o projeto foi
analisado em quatro comissões e
aprovado em plenário. A Política
Nacional de Resíduos Sólidos foi
sancionada pela Presidência da
República em 02 de agosto de 2010, na
configuração da Lei n. 12.305. Esta foi
regulamentada por meio do Decreto n.
7.404 no dia 23 de dezembro de 2010,
apontando as diretrizes para criação do
Plano Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS). A lei cria o Comitê
Interministerial da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, e o Comitê Orientador
para implantação dos Sistemas de
Logística Reversa, e dá outras
providências.
Interessante observar que nos 21
anos de tramitação do projeto de lei
inicial cerca de 100 projetos voltados a
resíduos sólidos foram apresentados, e
seguiram juntamente com o processo da
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Agora, a proposta do Plano
Nacional de Resíduos Sólidos foi
encaminhada no ano de 2011 para
consulta, esta realizada mediante
audiências públicas em cada região do
país e uma audiência em âmbito
nacional. No presente momento, o Plano
se encontra na etapa de apreciação
pelos Conselhos Nacionais de Meio
Ambiente, das Cidades, de Recursos
Hídricos, de Saúde e de Política Agrícola,
que, após ser examinado, será conduzido
pelo Ministério de Meio Ambiente à
Presidência da República, para sua
aprovação.
2. Do objeto e campo de aplicação da
Política Nacional de Resíduos
Sólidos
O Artigo primeiro da Lei n. 12.305
apresenta como objeto desta a
disposição dos princípios, objetivos,
instrumentos e das diretrizes relativas à
gestão integrada e ao gerenciamento dos
resíduos sólidos, incluindo os resíduos
perigosos, às responsabilidades dos
geradores e do poder público, e aos
instrumentos econômicos aplicáveis
nesse caso.
Ainda em seu parágrafo primeiro, a
Política designa os sujeitos à observância
da Lei, sendo estes pessoas físicas ou
jurídicas, de direito público ou privado,
responsáveis direta ou indiretamente
pela geração dos resíduos sólidos, e
agentes que desempenhem tarefas
Pag. 24
relacionadas à gestão integrada ou ao 11.445/2007, 9.974/2000 e 9.966/2000,
gerenciamento de resíduos sólidos. além das solicitações estabelecidas nas
normas do Sistema Nacional do Meio
Por sua vez, o campo de aplicação
Ambiente (Sisnama), do Sistema
indicado na Política corresponde aos
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS),
resíduos sólidos dispostos nessa Lei. Não
do Sistema Unificado de Atenção à
se aplica aos rejeitos radioativos, os
Sanidade Agropecuária (Suasa) e do
quais são regulados por legislação
Sistema Nacional de Metrologia,
específica.
Normalização e Qualidade Industrial
Igualmente deverão ser cumpridas (Sinmetro).
as aplicações contidas nas leis

Quadro 5- O que muda com a Lei 12.305/2010

Antes Depois
Torna-se responsabilidade dos municípios o plano
Não há prioridade para a questão dos resíduos
de metas sobre resíduos, com participação dos
sólidos urbanos.
catadores.
Disposição final inadequada dos resíduos sólidos em Erradicação dos lixões em até quatro anos, a contar
lixões na maioria dos municípios. da promulgação da Lei.
A chamada compostagem passa a ser um requisito
Não existe prioridade no tratamento adequado para
obrigatório para o tratamento dos resíduos sólidos
os resíduos sólidos orgânicos.
orgânicos.
As escassas ações de coleta seletiva, além do alto
A coleta seletiva torna-se obrigatória, devendo-se
custo, são ineficazes para reduzir os volumes de
controlar seus custos e fiscalizar a qualidade do
resíduos sólidos a serem dispostos em aterros
serviço.
sanitários.
Incentivo ao cooperativismo, e regulamentação da
Os catadores executam suas atividades na
profissão de catador. As Cooperativas serão
informalidade, estando expostos a condições
contratadas pelos municípios para coleta e
insalubres de trabalho.
reciclagem.
Além de pouca disponibilidade, os materiais
Aumenta-se a quantidade e melhora-se a qualidade
recicláveis presentes no mercado apresentam baixa
da matéria-prima reciclada.
qualidade.
Inexistência de lei nacional para orientar os
Passa a existir marco legal para estimular ações
investimentos das empresas na gestão dos resíduos
empresariais voltadas à gestão dos resíduos sólidos.
sólidos.
Adoção de responsabilidade compartilhada faz com
Baixa adesão da sociedade na separação do lixo
que a separação do lixo reciclável seja mais
reciclável nas residências.
criteriosa nas residências.
Falta de informação técnica sobre os resíduos Criação de sistemas de informação sobre resíduos
sólidos gerados no Brasil. sólidos, para auxiliar sua gestão.
Inexistência da política de logística reversa associada Empresas passam a ser responsáveis pelos resíduos
à produção. gerados e pelo descarte de seus produtos.
Fonte: Adaptada CEMPRE.

Pag. 25
2. Política Nacional de Resíduos Sólidos: princípios e objetivos
1. Princípios da Política Nacional de
Resíduos Sólidos
Articulada com a Política Nacional
do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981),
Política Nacional de Educação Ambiental
(Lei nº 9.795/1999), Política Federal de
Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007)
e com a Lei nº 11.107/2005, que dispõe
sobre normas gerais de contratação de
consórcios públicos, a Política Nacional
de Resíduos Sólidos apresenta seus
princípios expostos em onze itens do
Artigo sexto. São eles:
I - a prevenção e a precaução;
II - o poluidor-pagador e o protetor-
recebedor;
III - a visão sistêmica, na gestão dos
resíduos sólidos, que considere as
variáveis ambiental, social, cultural,
econômica, tecnológica e de saúde
pública;
IV - o desenvolvimento sustentável5;
V - a eco eficiência, mediante a
compatibilização entre o fornecimento, a
preços competitivos, de bens e serviços
qualificados que satisfaçam as
necessidades humanas e tragam
qualidade de vida e a redução do
impacto ambiental e do consumo de
recursos naturais a um nível, no mínimo,
equivalente à capacidade de sustentação
estimada do planeta;
VI - a cooperação entre as diferentes
esferas do poder público, o setor
5
Atender às necessidades da atual geração,
sem comprometer a capacidade das futuras
gerações em prover suas próprias demandas.
empresarial e de mais segmentos da
sociedade;
VII - a responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos;
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido
reutilizável e reciclável como um bem
econômico e de valor social, gerador de
trabalho e renda e promotor de
cidadania;
IX - o respeito às diversidades locais e
regionais;
X - o direito da sociedade à informação e
ao controle social;
XI - a razoabilidade e a
proporcionalidade.
O primeiro princípio da Política
trata dos conceitos de “prevenção” e
“precaução”, que se distinguem pelo
conhecimento ou não do impacto
ambiental relacionado a uma
intervenção específica. Ou seja, a
prevenção se aplica em casos cujos
impactos ambientais são conhecidos,
devendo, então, ser adotadas medidas
que evitem a ocorrência de poluição. Por
outro lado, na precaução, a inexistência
de certeza científica requer a adoção de
medidas que possam prevenir o dano, ou
evitar ações que venham causar
quaisquer tipos de reações adversas.
O item II discorre sobre a questão
do poluidor-pagador, estabelecendo
uma obrigatoriedade para o poluidor,
que deve arcar com os custos da
reparação do dano por ele causado; e
sobre a questão do protetor-recebedor,
no caso, remunera-se quem, de uma
forma ou de outra, deixa de explorar um
Pag. 26
recurso natural que é seu, em prol do
meio ambiente e/ou da coletividade.
A visão sistêmica da gestão dos
resíduos sólidos – fixada no item III –
corresponde à integração entre as
variáveis ambiental, social, cultural,
econômica, tecnológica e de saúde
pública. Considerando, ainda o respeito
às diversidades locais e regionais, e o
direito da sociedade à informação e ao
controle social, conforme o estabelecido
nos itens IX e X dos princípios da Lei n.
12.305, respectivamente.
2. Objetivos da Política Nacional de
Resíduos Sólidos
Os objetivos da Política Nacional de
Resíduos Sólidos são definidos no Artigo
sétimo da Lei, apontando soluções
cabíveis não apenas à destinação correta
dos resíduos sólidos, como também ao
funcionamento do seu processo de
gestão.
Dentre os objetivos relacionados às
questões gerenciais, citam-se os itens III,
XIV e XV. Nesse sentido, o objetivo III
evidencia o estímulo à adoção de
padrões sustentáveis de produção e
consumo de bens e serviço, assim como
o estímulo à rotulagem ambiental e ao
consumo sustentável – aplicado no item
XV. O incentivo ao desenvolvimento de
sistemas de gestão ambiental e
empresarial, inserido nesse contexto,
aparece no objetivo XIV, cuja finalidade é
obter a melhoria dos processos
produtivos e a reutilização dos resíduos
sólidos inclusos na recuperação e no
aproveitamento energético.
Na perspectiva da gestão integrada
– mencionada no item VII –, pode-se
observar o objetivo IX sobre a
capacitação técnica continuada na área
de resíduos sólidos, e o objetivo VIII
referente à articulação entre as
diferentes esferas do poder público, e
destas com o setor empresarial, visando
à cooperação técnica e financeira para
essa gestão.
O item I, que tem por objetivo a
proteção da saúde pública e da
qualidade ambiental, vai ao encontro do
objetivo V da Lei, que determina a
redução do volume e da periculosidade
dos chamados resíduos perigosos.
Dos incentivos explicitados nos
objetivos da Política, inclui-se o item VI
relativo à indústria de reciclagem, que
visa o fomento no uso de matérias-
primas e insumos provenientes de
materiais recicláveis e reciclados; e o
item XIII, que estimula a avaliação do
ciclo de vida do produto. Por sua vez, o
objetivo XII é definido pela integração
dos catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis no processo. Ainda, o objetivo
XI prioriza as aquisições e contratações
governamentais para produtos
reciclados e recicláveis, e para bens,
serviços e obras que apresentem
critérios compatíveis com os padrões de
consumo sustentável.
Pag. 27
3. Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos
A Política Nacional de Resíduos
Sólidos indica dezenove instrumentos
para a sua aplicação, estes podem ser
encontrados em seu Artigo oitavo.
Alguns dos instrumentos consideram os
incentivos fiscais, financeiros e monitoramento
creditícios como base de apoio para
ações voltadas à correta gestão dos
resíduos sólidos. Destes instrumentos,
cita-se o incentivo à criação e ao
desenvolvimento de cooperativas, e
outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis; o fortalecimento do Fundo
Nacional do Meio Ambiente e do Fundo
Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico, e o incentivo à adoção de
consórcios ou de outras formas de
cooperação entre os entes federados.
Os Planos de Resíduos Sólidos,
constantes no primeiro item relativo aos
instrumentos da Política, e são a base
para toda gestão de resíduos de
instituições públicas e privadas. Para a
implantação da ferramenta, serão
necessários outros recursos, tais como a
coleta seletiva, os sistemas de logística
reversa, além de outros meios
relacionados à implementação da
corresponsabilidade pelo ciclo de vida
dos produtos, pela pesquisa científica e
tecnológica, e pela educação ambiental.
Quanto ao controle da gestão dos
resíduos sólidos, a Lei n. 12.305
prescreve como instrumentos o
e a fiscalização
ambiental, sanitária e agropecuária; o
Sistema Nacional de Informações sobre a
Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR); o
Sistema Nacional de Informações em
Saneamento Básico (SINISA); os
conselhos de meio ambiente, e, no que
couberem, os de saúde; e os órgãos
colegiados municipais destinados ao
controle social dos serviços de resíduos
sólidos orgânicos. Ainda, a Lei utilizará
como ferramenta de controle os
inventários e o sistema declaratório
anual de resíduos sólidos, o Cadastro
Nacional de Operadores de Resíduos
Perigosos e os termos de compromisso, e
os termos de ajustamento de conduta.
Para que o sistema de gestão dos
resíduos sólidos ganhe funcionalidade, a
Política Nacional prevê também acordos
setoriais e cooperação técnica e
financeira entre os setores públicos e
privados. E mais, os instrumentos da
Política Nacional de Meio Ambiente
serão considerados igualmente como
meios para a execução da Lei.
Pag. 28
 Quadro 5 - Instrumentos econômicos da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Art. 42 - Medidas indutoras e linhas de funcionamento para iniciativas:

I - Preventivas e redutoras da geração de resíduos sólidos no processo produtivo;
II - De desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e à qualidade
ambiental em seu ciclo de vida;

III - Implantadoras de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas

e/ou outras modalidades de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis,
formadas por pessoas físicas de baixa renda;

IV - De desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos sólidos de caráter intermunicipal;

V - Estruturadoras de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa;
VI - De descontaminação de áreas contaminadas;
VII - De desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis aos
resíduos sólidos;
VIII - De desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a
melhoria dos processos produtivos e para o reaproveitamento dos resíduos.
Fonte: Lei 12.305

O Governo Federal irá estimular reciclagem de resíduos sólidos

financeiramente ações de consórcios
públicos, para efetivar a descentralização
da prestação de serviços públicos que
envolvam resíduos sólidos. Nessa
perspectiva, o Sistema Financeiro
Nacional será destinado a investimentos
produtivos, conforme os critérios de
acesso formulados pelas instituições
oficiais de crédito, atendendo às
diretrizes da Política.
Incentivos fiscais também poderão
vir por intermédio de normas instituídas
pela União, pelos estados, pelo Distrito
Federal e pelos municípios, conforme o
Art. 44 da citada Lei, desde que
respeitada a Lei de Responsabilidade
Fiscal. O fomento será reservado a
indústrias e entidades destinadas à
reutilização, ao tratamento e à
produzidos no território nacional; aos
projetos relativos à responsabilidade
pelo ciclo de vida dos produtos,
priorizando-se a parceria com
cooperativas e/ou outras formas de
associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis; e a empresas
dedicadas à limpeza urbana e atividades
a ela relacionadas.
Enfim, a efetivação dos incentivos
financeiros expostos na Política Nacional
ocorrerá em consonância com a Lei de
Responsabilidade Fiscal, bem como com
as diretrizes e os objetivos do respectivo
plano plurianual; com as metas e
prioridades fixadas pelas leis de
diretrizes orçamentárias, e dentro do
limite das disponibilidades cabíveis às
leis orçamentárias anuais.

Pag. 29
 4. Diretrizes e proibições da Política Nacional de Resíduos Sólidos

As diretrizes da Lei n. 12.305 são Para aplicar esse dispositivo, é permitido

enunciadas em seu Art. 9º até o Art. 13,
contemplando o direcionamento e as
incumbências para gestão e sólidos urbanos, desde que seja
gerenciamento dos resíduos sólidos,
bem como a classificação dos mesmos.
O Artigo nono estabelece a ordem
prioritária no que se refere à gestão e ao
gerenciamento dos resíduos, apontando
para: não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos
sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos.
pela Lei o uso de tecnologias voltadas à
recuperação energética dos resíduos
comprovada sua viabilidade técnica e
ambiental e com implantação de
programas de monitoramento de
emissão de gases tóxicos aprovados por
órgão ambiental.
Quanto às responsabilidades
sobre as ações expostas nas diretrizes da
Política Nacional de Resíduos Sólidos,
estas são assim especificadas:

Quadro 6 - Encargos da Lei 12.305

Ações expostas nas diretrizes da Lei Encargos

Gestão integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos

territórios, sem prejuízo das competências de controle e
fiscalização dos órgãos federais e estaduais do Sisnama, do SNVS Distrito Federal e Municípios
e do Suasa, bem como da responsabilidade do gerador pelo
gerenciamento de resíduos, consoante o estabelecido na Lei.

Promover a integração da organização, do planejamento e da

execução das funções públicas de interesse comum relacionadas
à gestão dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas,
Estados
aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos da lei
complementar estadual prevista no § 3º do Art. 25 da
Constituição Federal.

Controlar e fiscalizar atividades dos geradores, sujeitas a

Estados
licenciamento ambiental pelo órgão estadual do Sisnama.

Apoiar e priorizar iniciativas do município, de soluções

Estados
consorciadas ou compartilhadas entre dois ou mais municípios.

Organizar e manter a unidade do Sistema Nacional de

União, Estados, Distrito Federal e
Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
Municípios
(Sinir),articulando com o Sinisa e o Sinima.
Fornecer ao órgão federal responsável pela coordenação do
Sinir todas as informações necessárias quanto a resíduos Estados, Distrito Federal e
referentes à sua esfera de competência, na forma e Municípios
periodicidade estabelecidas em regulamento.
Fonte: Lei 12.305

Pag. 30
1. Das proibições da Política Nacional
de Resíduos Sólidos
O Art. 49 da Lei destaca a proibição
da importação de resíduos sólidos
perigosos, rejeitos e resíduos sólidos
cujas características causem dano ao
meio ambiente, à saúde pública e
animal, e à sanidade vegetal, mesmo no
caso de tratamento, reforma, reuso,
reutilização ou recuperação. Além disso,
outras atividades e/ou formas de
destinação ou disposição final dos
resíduos sólidos ou rejeitos são proibidas
no Art. 47 e Art. 48 conforme o quadro
abaixo.
A queima de resíduos a céu aberto
poderá ser realizada quando, em decreto
de emergência sanitária, for autorizada e
acompanhada pelos órgãos competentes
do Sisnama, do SNVS e, se assim o
couber, do Suasa.

Quadro 7- Proibições da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Proibições
Formas de destinação ou disposição final de Atividades nas áreas de disposição final de
resíduos sólidos ou rejeitos resíduos ou rejeitos
Lançamento em praias, no mar ou em quaisquer
Utilização como alimento dos rejeitos dispostos.
corpos hídricos.
Lançamento in natura a céu aberto, excetuados os Catação, observado o disposto no inciso V do
resíduos de mineração. Art. 17.
Queima a céu aberto ou em recipientes,
instalações e equipamentos não licenciados para Criação de animais domésticos.
essa finalidade.
Fixação de habitações temporárias ou
Outras formas vedadas pelo poder público. permanentes.
Outras atividades vedadas pelo poder público.
Fonte: Lei 12.305

5. A regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos

A regulamentação da Política O Comitê Interministerial da

Nacional de Resíduos Sólidos foi firmada
143 dias após sua instituição, por meio
do Decreto de Lei n. 7.404 no dia 23 de
dezembro de 2010. Além de criar
diversas medidas, o Decreto determina
as normas para execução da Lei n.
12.305; cria o Comitê Interministerial da
Política Nacional de Resíduos Sólidos em
seu Art.3º, e o Comitê Orientador para
implantação de Sistemas de Logística
Reversa em seu Art. 33.
Política Nacional de Resíduos Sólidos
agirá mediante articulação com órgãos e
entidades governamentais em ações de
amparo à estruturação e execução da
Política Nacional de Resíduos Sólidos. A
composição do Comitê contará com um
representante titular e um suplente de
cada órgão e entidade governamental
envolvida.

Pag. 31
 O Artigo quarto do Decreto n.
7.404 atribui inúmeras competências ao
Comitê Interministerial, dentre as quais
se destacam:
 criação de procedimentos para
elaborar e atuar na implementação
do Plano Nacional de Resíduos
Sólidos;
 proposição de medidas para
executar os instrumentos e
objetivos da Lei n. 12.305,
incentivando a pesquisa e o
desenvolvimento de atividades de
reaproveitamento, reciclagem e
tratamento dos resíduos sólidos;
 provimento de informações
complementares ao Plano de
Gerenciamento de Resíduos
Sólidos Perigosos.
No Art. 37 do referido Decreto –
além do estabelecido pelas diretrizes da
Lei n. 12.305 –, afirma-se que a
recuperação energética dos resíduos
sólidos urbanos deverá estar disciplinada
em observância às orientações e
exigências dos Ministérios do Meio
Ambiente, de Minas e Energia e das
Cidades.
Como uma de suas diretrizes, a
regulamentação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos estabelece a adoção de
medidas em prol da redução da geração
dos resíduos sólidos, particularmente
dos chamados resíduos perigosos, por
intermédio de seu Art. 38. Nesse sentido,
os resíduos sólidos considerados
supostamente como veiculadores de
agentes etiológicos6 de doenças
transmissíveis e/ou pragas, e os resíduos
6
Denominação dada ao agente causador de
uma doença.
de serviços de transporte gerados em
portos, aeroportos e passagens de
fronteira deverão estar de acordo com as
normas do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA), do Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), e
do Sistema Unificado de Atenção à
Sanidade Agropecuária (SUASA),
conforme as respectivas áreas de
atuação.
Com relação às responsabilidades
dos geradores de resíduos sólidos e do
poder público, o Decreto n. 7.404 em seu
Artigo quinto, parágrafo único,
determina que a responsabilidade
compartilhada ocorrerá de maneira
individualizada e encadeada. Por sua vez,
o Art. 6º dispõe sobre a obrigatoriedade
de acondicionamento adequado e de
forma diferenciada dos resíduos sólidos
gerados, sempre que haja um sistema de
coleta seletiva ou de logística reversa. Já
em seu Art. 7º, o Decreto
regulamentador confere ao Poder
Público, ao setor empresarial e à
coletividade a responsabilidade pela
efetivação dos requisitos impostos na
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Quanto à coleta seletiva e à
participação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis, apresentam-se
dois capítulos do Decreto que
regulamenta a Política Nacional de
Resíduos Sólidos. No capítulo referente à
coleta seletiva, aborda-se a importância
desta como meta para se alcançar uma
destinação ambientalmente adequada
dos rejeitos mediante seleção prévia dos
resíduos, de acordo com sua constituição
e/ou composição, podendo ser a mesma
implantada sem prejudicar a execução
dos sistemas de logística reversa.
Pag. 32
 No tocante à participação dos
catadores, o Decreto n. 7.404 prioriza
iniciativas de cooperativas e demais
modalidades de associação de catadores
de materiais reutilizáveis e recicláveis,
formadas por pessoas físicas de baixa
renda. Ainda, o Decreto determina à
União o provimento de condições de
trabalho favoráveis para catadores, bem
como oportunidades para sua inclusão
social e econômica, mediante
regulamento específico referente a tal
atividade.
O Sistema de Logística Reversa e o
Comitê Orientador para a implantação
de Sistemas de Logística Reversa são
igualmente discutidos na
regulamentação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos. Nesse caso, o Art. 13
do Decreto define a logística reversa
como “(...) instrumento de
desenvolvimento econômico e social
caracterizado pelo conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial,
para reaproveitamento, em seu ciclo ou
em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente
adequada” (BRASIL 2010a).
No capítulo em que aparecem
questões de logística reversa, indicam-se
os seus meios e a forma de
implementação, estabelecendo-se
também os acordos setoriais que
deverão ser adotados para efetivação
desse instrumento da Política Nacional
de Resíduos Sólidos.
O Comitê Orientador para
implantação de Sistemas de Logística
Reversa – criado por intermédio do
Decreto regulamentador da Lei n. 12.305
– possui suas competências
estabelecidas pelo Art. 34, e será
composto por órgãos e entidades
governamentais conforme o Art. 33,
sendo o Comitê presidido pelo Ministério
do Meio Ambiente.

Quadro 8 - Competências do Comitê Orientador

I -Estabelecer a orientação estratégica para execução dos sistemas de logística reversa
instituídos nos termos da Lei n. 12.305, de 2010, e do referido Decreto;
II - Definir as prioridades e aprovar o cronograma para lançamento de editais com
chamamento de propostas de acordo setorial, para a implantação de sistemas de logística
reversa de iniciativa da União;
III - Fixar cronograma para implantação dos sistemas de logística reversa;
IV - Aprovar estudos de viabilidade técnica e econômica;
V - Definir diretrizes metodológicas para avaliação dos impactos sociais e econômicos dos
sistemas de logística reversa;
VI - Avaliar a necessidade de revisão dos acordos setoriais, dos regulamentos e dos termos de
compromisso que disciplinam a logística reversa no âmbito federal;
VII - Definir as embalagens que ficam dispensadas, por razões de ordem técnica ou
econômica, da obrigatoriedade de fabricação com materiais propícios à reutilização e
reciclagem;
VIII - Definir a forma para realização de consulta pública relativa à proposta de execução dos
sistemas de logística reversa;
IX - Promover estudos e propor medidas de desoneração tributária das cadeias produtivas
sujeitas à logística reversa, e a simplificação dos procedimentos para cumprimento de
obrigações acessórias relativas à movimentação de produtos e embalagens sujeitos à logística

Pag. 33
 reversa;
X - Propor medidas visando incluir nos sistemas de logística reversa produtos e embalagens
adquiridos diretamente de empresas não estabelecidas no País, inclusive por meio de
comércio eletrônico.
Fonte: Decreto 7.404
Os Planos de Resíduos Sólidos
contemplados na Política Nacional de
Resíduos Sólidos são regulamentados
igualmente pelo Decreto n. 7.404, em
dispositivos expostos no Art. 45 até o
Art. 63. Nesse caso, além de explicitarem
o que são os Planos de Gestão e
Gerenciamento de Resíduos Sólidos,
esses artigos indicam os procedimentos
necessários à elaboração dos referidos
planos pelo setor privado e pelo poder
público – tal como o Plano Nacional de
Resíduos Sólidos; os planos estaduais,
regionais e municipais de resíduos
sólidos.
Os resíduos perigosos, por sua vez,
são abordados pela regulamentação da
Lei 12.305, em seu Art. 64 discorrendo
sobre os geradores e/ou operadores de
resíduos perigosos, e em seu Art. 65
determinando obrigatoriedade de um
plano de gerenciamento dos resíduos
perigosos para esses geradores ou
operadores. Nesse sentido, o plano de
gerenciamento dos resíduos perigosos
poderá ser inserido no plano de
gerenciamento dos resíduos sólidos.
O Decreto n. 7.404 em seu Art. 68,
Art. 69 e Art. 70 apresenta o Cadastro
Nacional de Operadores de Resíduos
Perigosos, indicando os responsáveis
pelo cadastramento obrigatório, sendo
estes pessoas jurídicas que operam com
resíduos perigosos em qualquer fase de
seu gerenciamento, e sendo o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e o dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
os responsáveis pela coordenação do
Cadastro Nacional.
O Art. 71 institui o Sistema
Nacional de Informações Sobre a Gestão
dos Resíduos Sólidos (SINIR), com a
coordenação e articulação do Ministério
do Meio Ambiente (MMA); determina o
prazo máximo de dois anos para sua
implantação, contados desde a
publicação do Decreto; e aponta seus
objetivos. Ao SINIR caberá preservar
informações do Cadastro Nacional de
Operadores de Resíduos Perigosos, do
Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais, e
do Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental, além de informações
fornecidas por órgãos públicos
competentes para elaboração de planos
de gerenciamento de resíduos, e pelos
Sistemas de Informações do SINIMA e do
SINISA.
Pag. 34
 Quadro 9- Finalidades do SINIR

I - Coletar e sistematizar dados relativos à prestação dos serviços públicos e privados de

gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, inclusive dos sistemas de logística reversa
implantados;

II - Promover o adequado ordenamento para a geração, o armazenamento, a sistematização,

o compartilhamento, o acesso e a disseminação dos dados e das informações de que trata o
inciso I;

III - Classificar os dados e as informações de acordo com sua importância e confidencialidade,

em conformidade com a legislação vigente;

IV - Disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações relevantes, inclusive visando à

caracterização da demanda e da oferta de serviços públicos de gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos;

V - Permitir e facilitar o monitoramento, a fiscalização e a avaliação da eficiência da gestão e

do gerenciamento de resíduos sólidos nos diversos níveis, inclusive dos sistemas de logística
reversa implantados;

VI - Possibilitar a avaliação dos resultados, dos impactos, e o acompanhamento das metas dos
planos e das ações de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos nos diversos níveis,
inclusive dos sistemas de logística reversa implantados;

VII - Informar a sociedade sobre atividades realizadas na/para implementação da Política

Nacional de Resíduos Sólidos;

VIII - Disponibilizar periodicamente para a sociedade o diagnóstico da situação dos resíduos

sólidos no País, por meio do Inventário Nacional de Resíduos Sólidos;

IX - Agregar informações fornecidas desde as esferas de competência da União, dos estados,

do Distrito Federal e dos municípios.

Fonte: Decreto 7.404

A disponibilização de dados, Resíduos Sólidos, sendo ela estabelecida

informações, relatórios, estudos,
inventários e instrumentos outros
relativos à regulação e/ou fiscalização de
serviços voltados à gestão de resíduos
sólidos pelo SINIR ocorrerá por meio de
rede mundial de computadores. O
Ministério de Meio Ambiente, os
estados, o Distrito Federal e os
municípios serão os responsáveis pela
organização e manutenção da
infraestrutura do SINIR.
A educação ambiental na gestão de
resíduos sólidos é parte fundamental e
integrante da Política Nacional de
no Art. 77 do Decreto regulamentador da
Lei. A educação ambiental tem por
objetivo aperfeiçoar o conhecimento,
os valores e comportamentos
relacionados à gestão ambientalmente
adequada dos resíduos sólidos.
Os recursos da União ou por ela
controlados mediante incentivos ou
financiamento de entidades federais de
crédito para estados, Distrito Federal e
municípios estarão condicionados à
elaboração e implantação da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, com
competências relativas a

Pag. 35
empreendimentos e serviços de gestão
dos resíduos sólidos, e à limpeza urbana
e ao manejo dos resíduos.
Em suas disposições finais, o Art.
84 determina penalidades e multas
relacionadas ao não cumprimento da
Política Nacional de Resíduos Sólidos e
do Decreto de Lei n. 7.404. Passando a
vigorar a partir da data de publicação do
Decreto, ficam sujeitas às penalidades
pessoas físicas ou jurídicas que:
I. Lançarem resíduos sólidos ou rejeitos
em praias, em mais ou quaisquer
recursos hídricos;
II. Lançarem resíduos sólidos ou
rejeitos in natura a céu aberto,
excetuados os resíduos de mineração;
III. Queimarem resíduos sólidos ou
rejeitos a céu aberto, ou em
recipientes, instalações e
equipamentos não licenciados para a
atividade;
IV. Descumprirem a obrigação prevista
no sistema de logística reversa
implantado nos termos da Lei n.
12.305, de 2010, consoante as
responsabilidades específicas
estabelecidas para o referido sistema;
V. Deixarem de segregar resíduos
sólidos na forma determinada para a
coleta seletiva, quando esta for
realizada pelo titular do serviço
público de limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos;
VI. Destinarem resíduos sólidos
urbanos à recuperação energética, em
desconformidade com o § 1º do Art.
9º da Lei n. 12.305, de 2010, e seu
respectivo regulamento;
VII. Deixarem de manter atualizadas e
disponíveis ao órgão municipal
competente e a outras autoridades
informações completas quanto à
realização de ações do sistema de
logística reversa sob sua
responsabilidade;
VIII. Não mantiverem atualizadas e
disponíveis ao órgão municipal
competente, ao órgão licenciador do
SISNAMA e a outras autoridades
informações completas acerca da
implementação e operacionalização
do plano de gerenciamento de
resíduos sólidos sob sua
responsabilidade;
IX. Deixarem de atender às regras
sobre registro, gerenciamento e
informação, previstos no § 2º do Art.
39 da Lei n. 12.305 de 2010.
Quando não cumpridas, as
obrigações previstas para a coleta
seletiva e os sistemas de logística reversa
estarão sujeitas a advertências, e, no
caso de reincidência na infração, a
penalidade será aplicada mediante multa
no valor entre cinquenta e quinhentos
reais, podendo ser ela convertida em
serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade do meio
ambiente.
Finalmente, o Art. 85 determina
que o Decreto Lei n. 6.514, de 2008, que
dispõe sobre as infrações e sanções
administrativas ao meio ambiente,
estabelece o processo administrativo
federal para apuração destas infrações, e
dá outras providências, passe a vigorar
com o acréscimo do Art. 71-A, o qual
estabelece: “Importar resíduos sólidos
perigosos e rejeitos, bem como os
Pag. 36
resíduos sólidos cujas características reuso, reutilização ou recuperação:
causem dano ao meio ambiente, à saúde multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a
pública e animal e à sanidade vegetal, R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
ainda que para tratamento, reforma, reais).”

Pag. 37
 IV. GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.
1. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos
Uma das atividades do
7
saneamento ambiental municipal é a
gestão e o gerenciamento de resíduos
sólidos urbanos, cujo objetivo
fundamental é propiciar a melhoria e a
manutenção da saúde, isto é, o bem-
estar físico, social e mental da
comunidade.
Os termos gestão e gerenciamento,
em geral, adquirem conotações distintas
para grande parte dos técnicos que
atuam na área dos resíduos sólidos
urbanos, embora eles possam ser
empregados como sinônimos.
Gestão - abrange atividades referentes à
tomada de decisões estratégicas e à
organização para esse fim, envolvendo
instituições, políticas, instrumentos e
meios.
Gerenciamento - refere-se aos aspectos
tecnológicos e operacionais da questão,
envolvendo fatores administrativos,
gerenciais, econômicos, ambientais e de
desempenho.
7
compreende o conjunto de ações, obras e
serviços considerados prioritários em
programas de saúde pública. Abrange desde
o sistema de abastecimento de água,
cuidado com a destinação de resíduos e o
esgotamento sanitário, melhorias sanitárias
domiciliares, até obras de drenagem urbana,
controle de vetores, roedores e focos de
doenças transmissíveis. Inclui também a
preocupação com a melhoria das condições
de habitação e educação sanitária e
ambiental (FUNASA 2012).
Gestão de Resíduos Sólidos é o
"conjunto de referências político-
estratégicas, institucionais, legais e
financeiras capazes de orientar a
organização do setor"
(SCHALCH et al. 2002).
São elementos indispensáveis à
composição de um Modelo de Gestão de
Resíduos Sólidos, destacam-se:
 Reconhecimento dos atores sociais
envolvidos, os papéis por eles
desempenhados e promovendo a sua
articulação;
 Consolidação da base legal necessária
e dos mecanismos que viabilizem a
implementação das leis;
 Mecanismos de financiamento para a
auto-sustentabilidade das estruturas
de gestão e do gerenciamento;
 Informação à sociedade, fornecida
tanto pelo poder público quanto pelos
setores produtivos envolvidos, para
que haja um controle social;
 Sistema de planejamento integrado,
orientando a execução das políticas
públicas para o setor.
Desta forma, a Gestão de Resíduos
Sólidos envolve três aspectos que devem
ser articulados:
 Arranjos institucionais;
 Instrumentos legais; e,
 Mecanismos de financiamento.
Pag. 38
 Uma vez definido o modelo básico
de gestão dos resíduos sólidos, deve-se
criar uma estrutura para gerenciamento
dos resíduos.
Segundo a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, Gerenciamento de
Resíduos Sólidos é o conjunto de ações
“(...) exercidas, direta ou indiretamente,
nas etapas de coleta, transporte,
transbordo, tratamento e destinação
final ambientalmente adequada dos
resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos,
de acordo com plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos ou
com plano de gerenciamento de resíduos
sólidos, exigidos na forma da Lei”
(BRASIL 2010).
Já o Manual de Gerenciamento
Integrado de Resíduos Sólidos, do
Instituto Brasileiro de Administração
Municipal, define o Gerenciamento
Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos
como:
“...envolvimento de diferentes órgãos da
administração pública e da sociedade
civil com o propósito de realizar a
limpeza urbana, a coleta, o tratamento e
disposição final do lixo, elevando assim a
qualidade de vida da população
promovendo o asseio da cidade, levando
em consideração as características das
fontes de produção, o volume e os tipos
de resíduos – para a eles ser dado
tratamento diferenciado e disposição
final técnica e ambientalmente corretas
–, as características sociais, culturais e
econômicas dos cidadãos, as
peculiaridades demográficas, climáticas
e urbanísticas locais.” (IBAM 2001)
Gerenciar os resíduos de forma
integrada significa articular as ações
normativas, operacionais, financeiras e
de planejamento que uma administração
municipal desenvolve apoiada em
critérios sanitários, ambientais e
econômicos, para coletar, tratar e dispor
o lixo de uma cidade, ou melhor, é
acompanhar de forma criteriosa todo o
ciclo dos resíduos, da geração à
disposição final (do berço ao túmulo),
empregando as técnicas e tecnologias
mais compatíveis com a realidade local.
1. Diretrizes para a gestão e
gerenciamento de resíduos
As diretrizes para gestão e
gerenciamento dos resíduos sólidos
urbanos buscam cumprir o que se
depreende do conceito de prevenção da
poluição, procurando evitar e/ou reduzir
a geração de resíduos e poluentes
prejudiciais ao meio ambiente e à saúde
pública.
Desse modo, em ordem
decrescente de aplicação, prioriza-se: a
redução na fonte; o reaproveitamento;
o tratamento; e a disposição final. Cabe
mencionar, que a hierarquização dessas
estratégias deve corresponder às
condições legais, sociais, econômicas,
culturais e tecnológicas existentes nos
municípios, bem como às especificidades
de cada tipo de resíduo.
A redução na fonte pode ocorrer
por meio de mudanças no produto, pelo
uso de boas práticas operacionais, pelas
mudanças tecnológicas e/ou de insumos
do processo. A redução da produção de
resíduos na fonte geradora é estratégia
preventiva, e comumente opera
Pag. 39
mudanças nas embalagens dos produtos
que, muitas vezes, apresentam
componentes desnecessários ou em
excesso. São exemplos de redução na
fonte: alterações no design de
embalagens; aumento da vida útil dos
produtos; substituição de materiais
utilizados no processo produtivo por
outros menos agressivos ao meio
ambiente.
A estratégia de reaproveitamento
engloba as ações de reutilização,
reciclagem e recuperação (VALLE 2001).
No reuso, o resíduo é utilizado
diretamente com a mesma finalidade
para a qual foi originalmente concebido,
por exemplo, a reutilização das garrafas
de vidro. A reciclagem, por sua vez, exige
um processo de transformação das
propriedades físicas, físico-químicas ou
biológicas dos resíduos, visando sua
transformação em insumos ou novo
produto. Os melhores exemplos de
reciclagem – bem conhecidos pelos
brasileiros em geral – são as de garrafas
PET e latinhas de alumínio. A
recuperação é baseada no
aproveitamento energético dos resíduos
ou de seus nutrientes mediante a
compostagem.
2. Manejo integrado de resíduos sólidos: características,
acondicionamento, coleta e transporte.
Por manejo compreende-se a parte
operacional do gerenciamento dos
resíduos sólidos.
As ações relativas ao manejo
contemplam aspectos referentes a
geração, segregação, acondicionamento,
2. Sobre o sistema de gerenciamento
de resíduos sólidos urbanos
Para atender à legislação vigente e
garantir eficiência do gerenciamento
municipal dos resíduos sólidos, deve-se
realizar um correto planejamento das
atividades de limpeza urbana, visando à
redução dos gastos com transporte e
disposição final.
As instituições responsáveis pelo
Sistema de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos Urbanos precisam contar com
estrutura organizacional que lhes
forneça suporte necessário ao
desenvolvimento de suas atividades.
Tal concepção é, por sua vez,
condicionada pela disponibilidade de
recursos financeiros e humanos, assim
como pelo grau de mobilização e
participação social.
Alguns aspectos relativos ao
arranjo institucional – como o
estabelecimento de normas municipais
para a limpeza urbana; a capacitação
técnica continuada dos profissionais; e a
manutenção de um canal de
comunicação com a comunidade etc. –
favorecem a melhoria dos serviços
prestados.
coleta, armazenamento, transporte,
tratamento e disposição final, bem como
proteção à saúde pública.
Para a determinação do manejo
dos resíduos sólidos, é fundamental o
Pag. 40
conhecimento das características físicas,
químicas e biológicas dos resíduos.
O conhecimento das características
dos resíduos possibilita o
dimensionamento dos componentes do
Características dos resíduos sólidos
As características dos resíduos
sólidos podem variar em relação a
aspectos sociais, econômicos, culturais,
geográficos e climáticos.
As principais características dos
resíduos sólidos, para a determinação do
manejo são:
I. Características físicas
Composição gravimétrica: percentual de
cada componente em relação ao peso
total da massa dos resíduos;
Peso específico: peso dos resíduos em
função do volume por estes ocupados,
expresso em kg/m3;
Teor de umidade: característica de
influência decisiva, particularmente nos
processos de tratamento e destinação do
lixo, variando muito conforme as
estações do ano e a incidência de
chuvas;
Compressividade: conhecida como grau
de compactação, indica a redução de
volume que uma massa de lixo pode
sofrer quando submetida a determinada
pressão; esta característica é necessária
no dimensionamento dos equipamentos
compactadores;
Geração per capita: relação entre a
quantidade de resíduos sólidos gerados
diariamente e o número de habitantes
de determinada região.
sistema; a seleção de processos de
tratamento; e até a definição das
técnicas de disposição final que melhor
se adaptem a cada caso.
II. Características químicas:
Seu conhecimento é muito
importante para a avaliação das opções
possíveis tratamento dos resíduos
sólidos.
Poder calorífico: quantidade de calor ou
energia que pode ser liberada por
unidade de massa dos resíduos nas
reações de combustão;
Potencial de hidrogênio (pH): aponta o
teor de acidez ou alcalinidade do
material;
Teores de cinza, matéria orgânica,
carbono, nitrogênio, potássio, cálcio,
fósforo, resíduo mineral total, resíduo
mineral solúvel e gordura: característica
necessárias à determinação dos
processos de tratamento aplicáveis;
Relação carbono/nitrogênio (C/N):
informa o grau de decomposição da
matéria orgânica do lixo nos processos
de tratamento/disposição final.
III. Características biológicas
Juntamente com as características
químicas, o estudo da população
microbiana e dos agentes patogênicos
permite que sejam discriminados os
métodos de tratamento e disposição dos
resíduos sólidos.
Pag. 41
1. Acondicionamento
Acondicionar resíduos sólidos
significa prepará-los para a coleta de
forma sanitariamente adequada,
compatível com o tipo e a quantidade de
resíduos.
A escolha do tipo de recipiente
mais adequado para o acondicionamento
deve ser orientada de acordo com as
características e a quantidade de
resíduos gerados, a frequência da coleta,
o tipo de edificação e o preço do
recipiente.
A qualidade da operação de
limpeza urbana depende da forma como
os resíduos são acondicionados, bem
como da observação dos locais, dias e
horários que os recipientes devem ser
disponibilizados para coleta pública.
O acondicionamento adequado:
 previne acidentes;
 evita a proliferação de vetores;
 minimiza o impacto visual e olfativo;
 facilita a realização da coleta seletiva.
2. Coleta e transporte de resíduos
sólidos urbanos
Coletar resíduos significa recolhê-
los e encaminhá-los, mediante
transporte adequado, a uma possível
estação de transferência, a um eventual
tratamento e à disposição final.
A coleta e o transporte dos
resíduos sólidos urbanos é atribuição dos
municípios, segundo a Lei 12.305.
Entretanto, resíduos gerados em
estabelecimentos públicos e no pequeno
comércio são, em geral, também
realizados pelo órgão municipal
encarregado da limpeza urbana.
A operação de coleta pode ser
realizado pela própria prefeitura, por
empresas sob contrato de terceirização,
ou ainda através de sistemas mistos –
como aluguel de viaturas e utilização de
mão-de-obra da prefeitura.
Planejamento da coleta
O planejamento da coleta requer
uma série de informações que englobam
as características físicas do município,
sistema viário, tipos de pavimentação
(ou a falta dela), intensidade do tráfego,
número de habitantes, zoneamento do
município, geração per capta e a
sazonalidade da geração de resíduos
sólidos, dentre outras.
Com base nessas informações é
possível determinar aspectos
importantes da coleta, como a
regularidade, o método e o
dimensionamento do itinerário e da
frota de coleta.
Normalmente, os veículos
indicados para as atividades de coleta
são caminhões com carrocerias
compactadoras ou sem compactação. Os
equipamentos compactadores são
recomendados para áreas de média a
alta densidade e vias que apresentem
condições favoráveis de tráfego. Nas
cidades pequenas, onde a população não
está concentrada, os equipamentos sem
compactação são os mais indicados.
Pag. 42
3. Tratamento e disposição final

A proposta de um modelo de tratamento nunca constitui um sistema

gerenciamento de resíduos sólidos exige
o conhecimento das distintas formas de
destinação e disposição final de resíduos.
Disposição final adequada corresponde
a distribuição ordenada de rejeitos em
aterros, observando normas
operacionais específicas de modo a
evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança, e a minimizar impactos
ambientais adversos.
Destinação final abrange, além da
disposição de rejeitos em aterros, o
tratamento ou reaproveitamento dos
resíduos sólidos.
Define-se tratamento como uma
série de procedimentos destinados a
reduzir a quantidade ou o potencial
poluidor dos resíduos sólidos, seja
impedindo o descarte de lixo em local
inadequado, seja transformando-o em
material inerte ou biologicamente
estável.
de destinação final completo ou
definitivo, pois há sempre um
remanescente inaproveitável que será
encaminhado ao aterro sanitário,
chamado de rejeito.
Rejeito: são os resíduos sólidos que,
depois de esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e
recuperação por processos tecnológicos
disponíveis e economicamente viáveis,
não apresentem outra possibilidade
senão a disposição final ambientalmente
adequada.
A figura abaixo mostra a sequencia
de abordagem ao gerenciamento de
resíduos, com os benefícios ambientais e
custos globais correspondentes.
Observa-se que a prevenção à geração é
a melhor solução.
Figura 8- Abordagem ambiental e custo da
solução

O tratamento, ou a
“industrialização dos resíduos”, envolve
um conjunto de atividades e processos
cujo objetivo é promover a reciclagem de
alguns de seus componentes – como
plástico, papel e papelão, metal e vidro –
a transformação da matéria orgânica em
composto a ser utilizado como
fertilizante e condicionador do solo, ou
ainda buscar o aproveitamento Fonte: CNTL 2002

energético e a descontaminação. O

Pag. 43
 Processo de tratamento de resíduos
Compostagem: processo controlado de
transformação aeróbia de materiais
orgânicos. Segunda a Lei 12.305, cabe ao
titular dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo de resíduos sólidos
implantar sistema de compostagem para
resíduos sólidos orgânicos.
Biodigestão: processo anaeróbio de
tratamento de resíduos sólidos orgânicos
que produz biogás, fonte de energia
renovável, que pode ser utilizado para
produzir energia elétrica e térmica, e
biofertilizantes ricos em nutrientes.
Incineração: queima controlada dos
resíduos em fornos com filtros. Tem a
vantagem de reduzir o volume de
resíduos em até 85%. Entretanto, além
do alto custo de implantação,
manutenção e operação, há muita
polêmica quanto à segurança dos
sistemas de controle de emissões de
gases tóxicos. Os incineradores são a
forma mais indicada de tratamento para
alguns tipos de resíduos, como os
hospitalares e os resíduos tóxicos
industriais.
Tipos de disposição de resíduos sólidos
Lixões: depósitos de resíduos sem
nenhum tratamento. Tais depósitos
causam poluição do solo, das águas
superficiais e subterrâneas e do ar. Uma
das diretrizes do Plano Nacional de
Resíduos Sólidos estabelece o poluição o solo, a água e o ar.
encerramento e a recuperação de todos
os lixões até 2014.
Aterros sanitários: melhor solução para
disposição final de rejeitos – resíduos
que não podem ser reaproveitados ou
Co-processamento: reaproveitamento
de resíduos nos processos de fabricação
de cimento, como substituto parcial de
combustível e como matéria-prima,
sendo as cinzas resultantes incorporadas
ao produto final. Segundo a Resolução
CONAMA 264/99, o co-processamento
não se aplica a resíduos domiciliares
brutos, de serviço de saúde, radioativos,
explosivos, organoclorados, agrotóxicos
e afins.
Autoclavagem: tratamento térmico de
resíduos de serviço de saúde do Grupo A,
consistindo em manter o material
contaminado sob pressão à temperatura
elevada para destruir todos os agentes
patogênicos.
Microondas: técnica também utilizada
no tratamento de resíduos de serviço de
saúde, consiste em submeter os resíduos
à radiação de microondas.
Reaproveitamento e reciclagem:
considerados processos de tratamento
de resíduos sólidos, serão vistos em
detalhe.
reciclados –, os aterros sanitários são
áreas de terreno impermeabilizadas com
manta, onde há tratamento para gases e
líquidos resultantes da decomposição
dos materiais, de maneira a proteger da
Aterro controlado: fase intermediária
entre o lixão e o aterro sanitário.
Normalmente é uma célula adjacente ao
lixão que foi remediado, ou seja, que
recebeu cobertura de argila e captação
Pag. 44
de chorume e gás. Esta célula adjacente cobertura diária da pilha de lixo com
é preparada para receber resíduos com terra ou outro material disponível como
uma impermeabilização com manta, forração, e recirculação do chorume.

Quadro 10 - Diferença entre Aterro e lixão

ATERRO LIXÃO
RECEPÇÃO DOS RESÍDUOS
Entrada restrita a veículos devidamente
Sem qualquer controle sobre a entrada de
cadastrados, desde que contenham apenas
veículos e resíduos.
resíduos permitidos para o tipo de aterro.
CONTROLE DE ENTRADA
Pesagem, procedência, composição do lixo,
Não dispõe de controle de pesagem, horário,
horário de entrada e saída dos veículos são
procedência, etc.
observados.
IMPERMEABILIZAÇÃO
Antes da utilização da célula, o local é
O lixo é depositado diretamente sobre a
devidamente impermeabilizado seguindo
camada de solo, podendo provocar danos ao
critérios que vão depender das características
meio ambiente.
do solo e do clima.
COBERTURA
A exposição do lixo permite a emissão de forte
É feita com camada de solo, reduzindo a
odor, espalhamento de lixo leve, além de atrai
produção de chorume e afastando vetores de
vetores de doenças (ratos, urubus, moscas,
doenças.
etc.)
ACESSIBILIDADE
Acesso restrito às pessoas devidamente
Além dos badameiros, adentram nos lixões os
identificadas. O aterro deve ser bem cercado
animais por falta de cercamento e fiscalização.
para impedir invasões.
IMPACTO VISUAL
É amenizado com a construção de um
“cinturão verde” com espécies nativas da Visual impactado, área degradada e
região que ainda serve de abrigo para desagradável aos olhos.
predadores de alguns dos vetores.
DEPOSIÇÃO
A deposição deve ser feita seguindo critérios
técnicos definidos, tais como: resíduos
Na maioria das vezes não há sequer um trator
depositados em camadas compactadas, com
de esteira para conformar o lixo.
espessura controlada, frente de serviço
reduzida, taludes com inclinação definida.
DRENAGEM
Possui dispositivos para captação e drenagem Não possui dispositivo para drenagem interna,
do líquido resultante da decomposição dos possibilitando maior infiltração do chorume na
resíduos (chorume), evitando a sua infiltração sua base ou o escorrimento superficial sem
no solo e o livre escoamento. qualquer controle.
Fonte: CONDER, 2012.

Pag. 45
4. Coleta seletiva, logística reversa e responsabilidade compartilhada
1. Os três R’s
A gestão sustentável dos resíduos
sólidos deve estar fundamentada numa
estratégia pedagógica que busca a
redução e dá viabilidade ao processo de
reaproveitamento dos resíduos, cuja
referência seja o princípio dos três R’s:
Redução; Reutilização; Reciclagem.
Redução: corresponde a diminuir o uso
de matérias-primas e energia, buscando
formas de reduzir resíduos, com isso,
combatendo o desperdício.
Reutilização: aproveitamento dos
resíduos sólidos sem sua transformação
biológica, física ou físico-química,
observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos
competentes.
Reciclagem: processo de transformação
dos resíduos sólidos, que envolve a
alteração de suas propriedades físicas,
físico-químicas ou biológicas, com vistas
à transformação em insumos ou novos
produtos.
A redução na fonte é uma
estratégia preventiva que pode
acontecer por meio de uma política
específica executada mediante
instrumentos regulatórios, econômicos e
sociais. A redução no consumo de
matérias-primas e energia está
intimamente ligada a mudanças em
processos produtivos; a ações de
educação e conscientização da
população; e à capacitação dos setores
produtivos visando sua maior
abrangência, eficácia e aceitação.
Para ser reutilizado, o material
deve estar em perfeito estado de
conservação, e praticamente pronto para
ser novamente utilizado. Nas residências,
pode-se tomar medidas nesse sentido,
como uso dos dois lados do papel para
escrita etc.; uso de potes diversos para
guardar sobras de alimento na geladeira;
uso de latas como porta-lápis, dentre
outras.
A reciclagem, além de gerar
economia de matéria-prima e energia,
proporciona diminuição de custos na
coleta e disposição final em aterros
sanitários e geração de trabalho e renda,
especialmente para micro e pequenas
empresas, ou mesmo formação de
cooperativas de catadores para
processamento do material reciclável.
Alguns autores consideram o
reaproveitamento dos resíduos
orgânicos como uma forma de
reciclagem, já que, após seu
processamento mediante a
compostagem, o material estará pronto
para ser utilizado como fertilizante de
solos.
O quadro abaixo apresenta os
benefícios da reciclagem, demonstrando
o gasto de energia e de outros recursos a
partir da produção de produtos novos e
recicláveis.
Pag. 46
 Quadro 11 - Benefícios da reciclagem

Energia Economia gerada com a reciclagem

p/ 1 tonelada necessária
kW/h kW/h Além da energia, evita a/o...

Papel novo 5.000 Extração de 55 eucaliptos

Consumo de 98.000 litros de água
3.300 → 66%
Papel reciclado 1.700 Extração de 2,5 barris de petróleo
Emissão de 2,5 toneladas de CO2
Alumínio novo 17.600 Extração de 5 toneladas de bauxita
16.850 → 96% Consumo de 76% da água necessária para a
Alumínio reciclado 750 produção
Aço novo 6.840 Extração de 1.140 toneladas de minério de ferro
6.500 → 95% Extração de 155 kg de carvão
Aço reciclado 340 Extração de 18 kg de cal
Vidro novo 4.800 Extração de 1,3 toneladas de areia
Consumo de 50% da água necessária para a
3.660 →76% produção
Vidro reciclado 1.140 Extração de 22% da barrilha necessária para a
produção
Plástico novo 6.740
6.070 →90% Extração de 130 kg de petróleo
Plástico reciclado 670

2. Coleta seletiva Úmidos: são os materiais orgânicos

Para permitir a reciclagem, é
preciso que o sistema de coleta seja
seletivo, ou seja, os resíduos sólidos
sejam segregados na fonte de geração
conforme sua constituição ou
composição.
Modelos de coleta seletiva
O modelo mais empregado nos
programas coleta seletiva é a chamada
coleta porta-a-porta, que consiste na
coleta, pela prefeitura ou por empresa
prestadora desse serviço ao município,
diretamente nas residências.
A segregação dos materiais
recicláveis nas residências, para a coleta
seletiva, pode ser feita mediante a
separação dos resíduos domésticos em
dois grupos: os úmidos e os secos.
(compostos especialmente por restos de
alimentos e folhas), e os materiais não
recicláveis denominados rejeitos (papel
higiênico, papel toalha, fotografias,
clipes, lata de tinta, espuma, espelho,
cristal etc.). Eles devem ser
acondicionados para serem coletados
pelo sistema de coleta de lixo domiciliar
regular.
Secos: são os materiais recicláveis
compostos por papéis, metais, vidros e
plásticos. Eles devem ser acondicionados
para serem coletados nos roteiros de
coleta seletiva.
Nos programas de coleta seletiva
onde há coleta de resíduos orgânicos,
estes devem ser separados dos rejeitos.
Assim, os resíduos domésticos devem ser
selecionados em três categorias:
orgânicos; secos; rejeitos.

Pag. 47
 Outro modelo utilizado para coleta
seletiva é o denominado Pontos de
Entrega Voluntária (PEV’s), que consiste
na instalação de contêineres ou
recipientes em locais públicos, para que
voluntariamente a população venha a
fazer o descarte dos materiais separados
em sua residência.
Neste modelo, a população separa
os materiais segundo a classificação
estabelecida na resolução CONAMA 275
de 2001, a qual firma o código de cores
para outros tipos de resíduos além dos
recicláveis, como segue abaixo.
Quadro 12 - Código de Cores para a coleta
seletiva
Fonte: Resolução CONAMA 275/2001
3. Logística reversa
Alguns materiais estão
enquadrados pela chamada Logística
Reversa, que segundo a lei n. 12.305, é o
conjunto de ações, procedimentos e
meios desenvolvidos pelos setores
privados, visando viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos para
reaproveitamento em seu ciclo ou em
outros ciclos produtivos, ou ainda outra
destinação final ambientalmente
adequada.
Conforme o Artigo 33 da Lei
12.305, fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes estão
obrigados a estruturar e implementar
progressivamente – conforme
regulamentação a ser estabelecida –
sistemas de logística reversa, de forma
independente do serviço público de
limpeza urbana e de manejo dos
resíduos sólidos, nos casos dos seguintes
produtos e/ou materiais:
I. Agrotóxicos e seus resíduos e
embalagens, assim como outros
produtos cuja embalagem, após o
uso, contenha resíduos perigosos,
observadas aqui as regras de
gerenciamento de resíduos
perigosos previstas em lei ou
regulamento; em normas
estabelecidas pelos órgãos do
Sisnama, do SNVS e do Suasa; ou em
normas técnicas;
II. pilhas e baterias;
III. pneus;
IV. óleos lubrificantes e seus resíduos e
embalagens;
V. lâmpadas fluorescentes, de vapor de
sódio e mercúrio, e de luz mista;
VI. produtos eletroeletrônicos e seus
componentes.
Ainda, o parágrafo primeiro do
Artigo 33 dessa lei estabelece que a
obrigatoriedade de sistemas de logística
reversa deve ser estendida a produtos
comercializados em embalagens
plásticas, metálicas ou de vidro, e aos
demais produtos e embalagens,
considerando, prioritariamente, o grau e
a extensão do impacto à saúde pública e
ao meio ambiente dos resíduos gerados.
Pag. 48
Quadro 13 – Representação esquemática da
logística reversa
Fonte: Lacerda (2002)
4. Responsabilidade compartilhada
Segundo a Lei 12.305, a
responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos corresponde
ao conjunto de atribuições individuais e
encadeadas dos fabricantes,
importadores, distribuidores e
comerciantes, dos consumidores e dos
titulares dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos,
para minimizar o volume dos resíduos e
dos rejeitos gerados, bem como para
reduzir os impactos à saúde humana e à
qualidade ambiental, decorrentes do
ciclo de vida dos produtos.
São objetivos da responsabilidade
compartilhada:
 Compatibilizar interesses entre os
agentes econômicos e sociais e os
processos de gestão empresarial e
mercadológica com os de gestão
ambiental, desenvolvendo
estratégias sustentáveis;
 Promover o aproveitamento de
resíduos sólidos, direcionando-os
para a sua cadeia produtiva ou para
outras cadeias produtivas;
 Reduzir a geração de resíduos
sólidos, o desperdício de materiais, a
poluição e os danos ambientais;
 Incentivar a utilização de insumos de
menor agressividade ao meio
ambiente e de maior
sustentabilidade;
 Estimular o desenvolvimento de
mercado, a produção e o consumo
de produtos derivados de materiais
reciclados e recicláveis;
 Propiciar condições para que as
atividades produtivas alcancem
eficiência e sustentabilidade;
 Incentivar as boas práticas de
responsabilidade socioambiental.
Quanto à responsabilidade pelo
ciclo de vida dos produtos, cabe ao
titular dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo de resíduos sólidos
seguir o Plano Municipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos.
Em caso de existir sistema de coleta
seletiva implantado, consumidores estão
obrigados a:
 Realizar a separação e o
acondicionamento dos resíduos
sólidos gerados, de acordo com as
características dos materiais;
 Disponibilizar adequadamente os
resíduos sólidos reutilizáveis e
recicláveis, para coleta e/ou
devolução.
Pag. 49
 V. PLANO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS:
PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES
1. Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): diretrizes, estratégias e
metas para gestão no Brasil
A aprovação da Lei n. 12.305/10
marcou o início de uma forte articulação
institucional envolvendo os três entes
federados – União, Estados e Municípios
–, além do setor produtivo e da
sociedade civil na busca de soluções para
os graves problemas causados pelos
resíduos sólidos, os quais vêm
comprometendo a qualidade de vida dos
brasileiros.
Dentre os instrumentos
estabelecidos pela Política Nacional de
Resíduos Sólidos, destaca-se o Plano
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que
está em processo de construção e
contemplará os diversos tipos de
resíduos gerados, alternativas de gestão
e gerenciamento para sua
implementação, bem como metas para
diferentes cenários, programas, projetos
e ações correspondentes.
A versão preliminar do PNRS foi
objeto de discussão em cinco Audiências
Públicas Regionais, e se consolidou na
Audiência Pública Nacional em Brasília.
Ele foi desenvolvido mediante o esforço
empreendido por várias entidades que
integram o Governo Federal e o Comitê
Interministerial – criado pelo Decreto n.
7404/10, o qual regulamentou a Política
Nacional de Resíduos Sólidos –, além de
parceiros institucionais e representações
da sociedade civil.
O Plano Nacional de Resíduos
Sólidos tem, conforme o previsto na Lei
12.305/2010, vigência por prazo
indeterminado e horizonte de 20 anos,
atualizando-se a cada quatro anos, e
contempla o seguinte conteúdo:
I. Diagnóstico da situação atual dos
resíduos sólidos;
II. Proposição de cenários, incluindo
tendências internacionais e
macroeconômicas;
III. Metas de redução, reutilização,
reciclagem, entre outras, com
vistas a reduzir a quantidade de
resíduos e rejeitos encaminhados
para disposição final;
IV. Metas para aproveitamento
energético dos gases gerados nas
unidades de disposição final de
resíduos sólidos;
V. Metas para eliminação e
recuperação de lixões, associadas à
inclusão social e à emancipação
econômica de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis;
VI. Programas, projetos e ações para
atendimento das metas previstas;
VII. Normas e condicionantes técnicas
para acesso a recursos da União,
para obtenção de seu aval, ou para
acesso a recursos administrados,
direta ou indiretamente, por
entidade federal, quando
destinados a ações e programas de
interesse dos resíduos sólidos;
VIII. Medidas para incentivar e viabilizar
a gestão regionalizada dos resíduos
sólidos;
Pag. 50
 IX. Diretrizes para planejamento e
demais atividades de gestão de
resíduos sólidos das regiões
integradas de desenvolvimento
instituídas por lei complementar,
bem como para áreas de especial
interesse turístico;
X. Normas e diretrizes para
disposição final de rejeitos e,
quando couber, de resíduos;
XI. Meios a serem utilizados, em
âmbito nacional, para controle e
fiscalização de sua implementação
e operacionalização, assegurado o
controle social.
A Lei 12.305/2010 determinou
prazos para algumas ações até 2014, tais
como eliminação de lixões e disposição
final ambientalmente adequada dos
rejeitos. Nesse caso, não se trata de
estabelecer um plano de metas, mas sim
de cumprir prazos legais.
As demais ações às quais a Lei não
firmou prazos máximos para seu
cumprimento são objeto de planos de
metas alternativos – “Intermediário” e
“Desfavorável” – adequados a cada
situação apresentada.
A estrutura do PNRS constitui-se de
quatro capítulos.
O Capítulo 1 apresenta o
diagnóstico elaborado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
sobre a situação dos resíduos sólidos no
Brasil – assunto já visto no Módulo 1 do
curso.
O Capítulo 2 aborda a construção
de Cenários Macroeconômicos e
Institucionais em consonância com o
Plano Nacional de Saneamento Básico
(PLANSAB), descrevendo o Cenário 1,
adotado, que indica um futuro possível e
desejável, constituindo o ambiente para
o planejamento e suas diretrizes,
estratégias, metas, seus investimentos e
procedimentos de caráter político-
institucional necessários para alcançar o
planejado.
Quanto aos Cenários 2 e 3,estes
são descritos e mantidos como
referência para o planejamento; caso o
monitoramento do cenário indique
significativos desvios do Cenário 1 em
direção aos cenários alternativos,
correções sejam implementadas nas
premissas e proposições do Plano,
incluindo metas e necessidades de
investimentos.
O Cenário 1 projeta o Brasil em 2030
como um país saudável e sustentável,
apresentando elevada taxa de
crescimento econômico e de
investimentos do setor público e
privado; expressiva melhoria dos
indicadores sociais, com redução das
desigualdades urbanas e regionais; e
melhoria do meio ambiente. Nesse
Cenário, o Estado brasileiro qualifica-se
em seu papel de provedor dos serviços
públicos, assumindo crescentemente a
prestação de serviços, e de condutor das
políticas públicas essenciais, como o
saneamento básico, com garantia de
direitos sociais, e, na variável ambiental,
um modelo de desenvolvimento com
consumo sustentável.
O Capítulo 3 apresenta as
Diretrizes e Estratégias mais importantes
relacionadas aos resíduos sólidos,
visando a definição de metas.
Pag. 51
 As Diretrizes, neste capítulo,
referem-se às linhas norteadoras por
grandes temas, enquanto que as
Estratégias se referem à forma ou aos
meios pelos quais as devidas ações serão
implementadas.
As Diretrizes e suas respectivas
Estratégias relativas aos resíduos sólidos
urbanos buscam:
(i) atendimento aos prazos legais;
(ii) fortalecimento de políticas públicas
conforme previsto na Lei
12.305/2010, tais como
implantação da coleta seletiva e
logística reversa; incremento dos
percentuais de destinação;
tratamento dos resíduos sólidos e
disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos; inserção
social dos catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis;
(iii) melhoria da gestão e do
gerenciamento dos resíduos
sólidos como um todo;
(iv) fortalecimento do setor de
resíduos sólidos per si, e de suas
interfaces com os demais setores
da economia brasileira.
O documento é finalizado, no
Capítulo 4, que apresenta as Metas de
curto, médio e longo prazo para resíduos
sólidos, o que se espera alcançar no
horizonte temporal do Plano Nacional de
Resíduos Sólidos.
A periodicidade das metas foi
definida em quatro anos, coincidindo
com os prazos do Plano Plurianual (PPA)
da União, quando estão previstas
revisões deste último.
As metas foram projetadas tendo
por base os cenários Favorável,
Intermediário e Desfavorável, descritos
no Capítulo 2. Como a definição das
metas não depende apenas dos cenários
econômicos, estando ela atrelada
também ao envolvimento e à atuação
dos três níveis de governo, da sociedade
e da iniciativa privada, optou-se por
elaborar três Planos de Metas:
 proposta 1, com viés favorável;
 proposta 2, com viés intermediário;
e,
 proposta 3, com viés pessimista.
O cumprimento do Plano de Metas
Favorável, apenas no que se refere aos
resíduos sólidos urbanos, exige
disponibilidade de recursos com suporte
dos três níveis de governo e da iniciativa
privada. Entretanto, essa parte dos
recursos é apenas um dos
condicionantes para o alcance das
metas, sendo necessário igualmente o
cumprimento de vários outros requisitos,
como capacitação institucional,
capacidade institucional e de
endividamento.
Uma etapa preliminar
extremamente importante é a realização
de estudos de regionalização do
território, fomentados pelo Ministério do
Meio Ambiente (MMA) desde 2007. Na
proposta 1 das Metas, é imprescindível
que 100% das Unidades Federativas
(UFs) concluam os estudos de
regionalização em 2012, de modo a
viabilizar a implantação dos consórcios
ou associações de municípios até 2013,
considerando que a gestão associada dos
serviços de manejo dos resíduos sólidos
Pag. 52
urbanos é um dos princípios Na ênfase dada pela Lei 12.305 ao
fundamentais da Política Nacional de planejamento, em todos os níveis, o
Resíduos Sólidos. PNRS assume importância fundamental
por apontar, mediante suas diretrizes,
Para isso, a União vem induzindo o
estratégias e metas, ações que se farão
consorciamento dos municípios, visando
necessárias para consecução dos
ganhos de escala e redução de custos, o
objetivos nacionais, conformando os
que permitiria o alcance das metas
acordos setoriais, a logística reversa e as
propostas, em especial, as de
prioridades a serem adotadas. Nesse
encerramento de lixões e bota-foras;
sentido, ele pode exercer papel
implantação dos aterros sanitários e
norteador ao desenvolvimento dos
outros; implantação da coleta seletiva
outros planos de responsabilidade
para todos os tipos de resíduos; e
pública, inclusive influenciando os planos
impulso à participação e inclusão
de gerenciamento de resíduos sólidos
expressiva dos catadores de materiais
exigidos de alguns dos geradores.
recicláveis.

DIRETRIZES: PLANO NACIONAL PARA RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Disposição final ambientalmente adequada de rejeitos.
Diretriz 1: Eliminação até 2014 de lixões e aterros controlados e disposição final
ambientalmente adequada de rejeitos.
Diretriz 2: Recuperação de lixões compreendendo as ações de queima pontual de gases;
coleta de chorume; drenagem pluvial; compactação da massa; e cobertura vegetal.

Redução da geração de resíduos sólidos urbanos.

Diretriz 1: Manter os atuais patamares de geração de resíduos sólidos urbanos, tomando-
se por referência o ano de 2008, com posterior redução.

Redução de resíduos sólidos urbanos secos dispostos em aterros sanitários, e inclusão

de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Diretriz 1: Redução de 70% dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterros sanitários,
com base na caracterização nacional em 2012.
Diretriz 2: Inclusão e fortalecimento da organização de 600.000 catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis.

Redução de resíduos sólidos urbanos úmidos dispostos em aterros sanitários;

tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários.
Diretriz 1: Induzir a compostagem da parcela orgânica dos RSU, e a geração de energia
por meio do aproveitamento de gases provenientes da biodigestão de compostos
orgânicos e gases gerados em aterros sanitários (biogás).

Pag. 53
Qualificação da gestão de resíduos sólidos
Diretriz 1: Fortalecer a gestão dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos urbanos, por meio dos seguintes instrumentos: (a) planos estaduais,
intermunicipais e municipais; (b) estudos de regionalização e constituição de consórcios
públicos; (c) institucionalização de instrumento apropriado de cobrança específica para os
serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos (sem vinculação ao
IPTU).

Resíduos de serviços de saúde

Diretriz 1: Fortalecer a gestão dos resíduos de serviços de saúde nos estabelecimentos.
Todas as metas e estratégias sugeridas nesse documento já são objeto de exigências
constantes nas Resoluções RDC Anvisa n. 306/2004 e Conama n. 358/2005.
Quanto ao Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), as
exigências referentes a este deram início com a Resolução Conama n. 05/1993.

Resíduos de portos, aeroportos e passagens de fronteira

Diretriz 1: Fortalecer a gestão dos resíduos sólidos nos portos, aeroportos e passagens de
fronteiras.

Resíduos industriais
Diretriz 1: A diretriz fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos para os
resíduos sólidos industriais é a eliminação completa dos resíduos industriais destinados
de maneira inadequada ao meio ambiente.

Resíduos de mineração
Diretriz 1: Compatibilidade entre o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e o Plano de
Mineração.

Resíduos agropastoris
Diretriz 1: Desenvolvimento e inovação de tecnologias para aproveitamento de resíduos
agrosilvopastoris.
Diretriz 2: Destinação adequada a todos os resíduos da criação animal, por compostagem
e/ou biodigestores, ou ainda outras tecnologias.
Diretriz 3: Implementação da coleta seletiva de parte dos resíduos sólidos secos do meio
rural, e destinação adequada em consonância com as normas sobre destinação dos
resíduos urbanos.
Diretriz 4: Inventário de resíduos agrosilvopastoris, sendo que, a contar do próximo Censo
Agropecuário (2015), estes deverão estar inventariados – os resíduos deverão estar
quantificados e especializados.
Diretriz 5: Ampliação da logística reversa para todas as categorias de resíduos
agrosilvopastoris, e sua implementação até 2024.
Diretriz 6: Desenvolvimento e inovação de tecnologias para aproveitamento de resíduos
minerais na agricultura.

Pag. 54
Resíduos da construção civil (RCC)
Diretriz 1: Eliminação de áreas irregulares para disposição final de RCC – “bota-foras” –
em todo o território nacional.
Diretriz 2: Implantação de unidades de recebimento, triagem, transbordo e reserva
adequada de RCC (aterros Classe A).
Diretriz 3: Incremento das atividades de reutilização e reciclagem dos RCC em
empreendimentos dentro do território nacional.
Diretriz 4: Fomento a medidas de redução da geração de rejeitos e resíduos da
construção civil em empreendimentos dentro do território nacional.
Diretriz 5: Inventário de resíduos da construção civil, sendo que, a contar do próximo
Censo do IBGE, estes deverão estar inventariados – os resíduos deverão estar
quantificados e especializados.
Diretriz 6: Criação de metas e indicadores de redução, coleta, destinação e disposição de
resíduos e rejeitos.

2. Planos estaduais, intermunicipais e municipais de gestão de resíduos

sólidos: o que são, qual sua importância e como realizar?

Conforme preconiza a Politica I. Diagnóstico, incluída a

Nacional de Resíduos Sólidos, os Estados identificação dos mais importantes
terão de elaborar, até 2012, seus Planos fluxos de resíduos no Estado, e
Estaduais de Resíduos Sólidos para terem seus impactos socioeconômicos e
acesso aos recursos da União, ou, por ela ambientais;
controlados, e destinados a
II. Proposição de cenários;
empreendimentos e serviços
relacionados à gestão de resíduos III. Metas de redução, reutilização,
sólidos. reciclagem e aproveitamento
energético, entre outras, com
Terão prioridade ao acesso a recursos, os vistas a reduzir a quantidade de
Estados que criarem microrregiões no resíduos e rejeitos encaminhados
sentido de integrar organização, para disposição final
planejamento e execução de ações a ambientalmente adequada;
cargo de municípios limítrofes.
IV. Metas para aproveitamento
O Plano Estadual de Resíduos energético dos gases gerados nas
Sólidos será elaborado para implantação unidades de disposição final de
por prazo indeterminado, abrangendo resíduos sólidos;
todo o território do Estado, e tendo
V. Metas para eliminação e
como horizonte de vigência 20 anos,
recuperação de lixões, associadas à
bem como revisões a cada quatro anos.
inclusão social e à emancipação
É conteúdo mínimo do Plano
Estadual de Resíduos Sólidos:

Pag. 55
 econômica de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis;
VI. Programas, projetos e ações para
atendimento das metas previstas;
VII. Normas e condicionantes técnicas
para acesso a recursos do Estado,
para obtenção de seu aval, ou para
acesso de recursos administrados,
direta ou indiretamente, por
entidade estadual, quando
destinados a ações e programas de
interesse dos resíduos sólidos;
VIII. Medidas para incentivar e viabilizar
a gestão consorciada ou
compartilhada dos resíduos
sólidos;
IX. Diretrizes para planejamento e
demais atividades de gestão de
resíduos sólidos de regiões
metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões;
X. Normas e diretrizes para
disposição final de rejeitos, e,
quando couber, de resíduos,
respeitadas as disposições
estabelecidas em nível nacional;
XI. Conforme os demais instrumentos
de planejamento territorial,
especialmente o zoneamento
ecológico-econômico e o
zoneamento costeiro, prever: a) as
zonas favoráveis para localização
de unidades de tratamento de
resíduos sólidos, ou de disposição
final de rejeitos; b) as áreas
degradadas em razão de disposição
inadequada de resíduos sólidos ou
rejeitos, a serem objeto de
recuperação ambiental;
XII. Meios a serem utilizados, em
âmbito estadual, para controle e
fiscalização de sua implantação e
operacionalização, assegurado o
controle social.
Além do Plano Estadual de
Resíduos Sólidos, os Estados poderão
elaborar planos microrregionais de
resíduos sólidos, bem como planos
específicos direcionados às regiões
metropolitanas ou aglomerações
urbanas.
A elaboração e execução, pelos
Estados, de planos microrregionais de
resíduos sólidos e/ou de regiões
metropolitanas ou aglomerações
urbanas deverão ser realizadas
obrigatoriamente com a participação dos
Municípios envolvidos, sem excluir nem
substituir qualquer das prerrogativas a
cargo dos Municípios, previstas pela Lei.
O plano microrregional de resíduos
sólidos, respeitada a responsabilidade
dos geradores, deve atender ao previsto
para o plano estadual e estabelecer
soluções integradas à coleta seletiva,
recuperação e reciclagem, ao tratamento
e à destinação final dos resíduos sólidos
urbanos, e, consideradas as
peculiaridades microrregionais, outros
tipos de resíduos.
O forte incentivo à gestão
associada de resíduos sólidos entre
municípios de uma mesma região do
Estado promove uma economia de
escala já contemplada na Lei Federal de
Saneamento Básico (11.445/2007), além
de auxiliar no planejamento conjunto
das ações, e na otimização dos recursos
financeiros.
Pag. 56
 A gestão associada potencializa os
meios para solução dos problemas
comuns, com o compartilhamento dos
recursos físicos e gerenciais. As diretrizes
para planejamento e gestão dos resíduos
de regiões metropolitanas e municípios manejam seus resíduos
aglomerados urbanos têm caráter
estratégico também nos planos
estaduais, e são alvo de normalização na
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Claro está o incentivo à agregação
de municípios não somente na Política
Nacional de Resíduos Sólidos, mas
igualmente no conjunto de leis que
configuram o atual arcabouço legal para
gestão de resíduos. A agregação é
condição essencial para que aconteça o
salto à gestão de resíduos, e para que se
concretizem os avanços necessários a
todas as regiões brasileiras.
O Ministério do Meio Ambiente
(MMA) vem firmando convênios com os
Estados para elaboração dos planos de
regionalização, visando apoiar a regionalização por motivação própria. O
definição de territórios à atuação de
consórcios públicos, com escala
adequada para gestão da limpeza urbana
e do manejo de resíduos sólidos. Nesse
caso, os Estados poderão elaborar planos
microrregionais de gestão, bem como
para regiões metropolitanas e Sustentável; o Estado de Minas Gerais,
aglomerados urbanos, obrigatoriamente
com a participação dos Municípios
envolvidos.
A regionalização e os
consorciamentos intermunicipais
consistem na identificação de arranjos
territoriais entre municípios, com o
objetivo de compartilhar serviços e/ou
atividades de interesse comum, assim,
permitindo maximizar os recursos
humanos, financeiros e de infraestrutura
existentes em cada um deles, de modo a
gerar uma economia de escala.
Interessante observar que, quando
comparada ao modelo atual – em que os
sólidos isoladamente –, a gestão
associada possibilita reduzir custos. O
ganho de escala no manejo de resíduos,
juntamente com a implantação de
cobrança pela prestação de serviços
(recuperação de custos), garante a
sustentabilidade econômica dos
consórcios, e a manutenção de pessoal
especializado na gestão de resíduos.
Os resultados dos convênios dos
Estados com o MMA são expressivos.
Vários deles já definiram o desenho de
sua regionalização: Alagoas, Bahia, Acre,
Sergipe, Minas Gerais, Rio Grande do
Norte e Rio de Janeiro, além de outras
unidades que estão encerrando esse
procedimento, ou que definiram sua
processo desenvolvido nos Estados
permitirá a necessária aceleração dos
resultados: o Estado da Bahia poderá
auxiliar soluções de seus 417 municípios,
com concentração de esforços em 26
Regiões de Desenvolvimento
de maior número de municípios do país,
poderá apoiar suas 853 unidades,
concentrando as ações em 51 áreas
denominadas Âmbitos Territoriais
Ótimos. Trata-se de induzir a formação
de consórcios públicos que congreguem
diversos municípios, para planejar,
regular, fiscalizar e prestar serviços de
acordo com tecnologias adequadas a
cada realidade; com um quadro
permanente de técnicos capacitados,
Pag. 57
potencializando os investimentos
realizados e profissionalizando a gestão.
A elaboração dos Planos
Municipais de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos é condição necessária III.
para o Distrito Federal e os Municípios
terem acesso aos recursos da União
destinados à limpeza urbana e ao
manejo de resíduos sólidos.
Coerentemente com as diretrizes da
legislação, com o incentivo aos Estados
para que promovam sua regionalização,
e aos Municípios para que se associem,
terão prioridade quanto ao acesso a
recursos da União Municípios que
IV.
optarem por soluções consorciadas
intermunicipais para gestão de resíduos
sólidos.
Os Planos Municipais de Gestão
dos Resíduos Sólidos têm um escopo V.
muito mais voltado à consecução de
objetivos (e não tanto ao planejamento e
à integração), metas e diretrizes do
Plano Nacional e dos planos estaduais,
assim como à gestão e operação dos
serviços de coleta, reciclagem e
destinação final de resíduos.
VI.
O Plano Municipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos tem,
conforme a Lei 12.305, o seguinte
conteúdo mínimo:
I. Diagnóstico da situação dos VII.
resíduos sólidos gerados no
respectivo território, contendo
origem, volume, caracterização
dos resíduos e formas de
destinação e disposição final
adotadas;
II. Identificação de áreas
VIII.
favoráveis para disposição final
adequada de rejeitos,
observado o plano diretor de e
o zoneamento ambiental, se
houver;
Identificação das possibilidades
de implantação de soluções
consorciadas ou compartilhadas
com outros Municípios,
considerando nos critérios de
economia de escala a
proximidade dos locais
estabelecidos, e as formas de
prevenção dos riscos
ambientais;
Identificação dos resíduos
sólidos e os geradores sujeitos
ao plano de gerenciamento
específico ou ao sistema de
logística reversa;
Procedimentos operacionais e
especificações mínimas a serem
adotados nos serviços públicos
de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos, incluída a
disposição final adequada dos
rejeitos;
Indicadores de desempenho
operacional e ambiental dos
serviços públicos de limpeza
urbana e manejo de resíduos
sólidos;
Regras para transporte e outras
etapas do gerenciamento de
resíduos sólidos, observadas as
normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama e do SNVS, e
demais disposições da legislação
federal e estadual pertinente;
Definição das responsabilidades
quanto à implantação e

Pag. 58
 operacionalização, incluídas as na logística reversa e de outras
etapas do plano de ações relativas à
gerenciamentoa cargo do Poder responsabilidade compartilhada
Público; pelo ciclo de vida dos produtos;
IX. Programas e ações de XVI. Meios a serem utilizados, em
capacitação técnica, voltados à âmbito local, para controle e
implementação e fiscalização da implantação e
operacionalização; operacionalização dos planos de
gerenciamento de resíduos
X. Programas e ações de educação
sólidos e dos sistemas de
ambiental que promovam a
logística reversa;
não-geração, redução,
reutilização e reciclagem de XVII. Ações preventivas e corretivas a
resíduos sólidos; serem praticadas, incluindo
programa de monitoramento;
XI. Programas e ações para
participação de grupos XVIII. Identificação dos passivos
interessados, em especial, se ambientais relacionados aos
houver, de cooperativas ou resíduos sólidos, incluindo áreas
outras formas de associação de contaminadas, e respectivas
catadores de materiais medidas saneadoras;
reutilizáveis e recicláveis, XIX. Periodicidade de sua revisão,
formadas por pessoas físicas de observado prioritariamente o
baixa renda; período de vigência do plano
XII. Mecanismos para a criação de plurianual municipal.
fontes de negócios, emprego e
O Plano Municipal de Gestão
renda, mediante a valorização Integrada de Resíduos Sólidos pode estar
dos resíduos sólidos; inserido no Plano de Saneamento Básico,
XIII. Sistema de cálculo dos custos da tal como previsto no Art. 19 da Lei n.
prestação dos serviços públicos 11.445, de 5 de janeiro de 2007,
de limpeza urbana e manejo de respeitado o conteúdo mínimo
resíduos sólidos, e forma de determinado no caput, e observado o
cobrança desses serviços; disposto no § 2º.
XIV. Metas de redução, reutilização, Municípios com menos de vinte mil
coleta seletiva e reciclagem, habitantes, o Plano de Gestão Integrada
entre outras, com vistas a de Resíduos Sólidos terá conteúdo
reduzir a quantidade de rejeitos simplificado,conforme disposto no Art.
encaminhados para disposição 51 do Decreto 7404/2010.
final;
Esta condição não se aplica a
XV. Descrição das formas e dos municípios:
limites de participação do Poder
Público local na coleta seletiva e

Pag. 59
 (i) integrantes de áreas de especial
interesse turístico;
(ii) inseridos em área de influência de
empreendimentos ou atividades
com significativo impacto
ambiental, no âmbito regional ou
nacional;
(iii) cujo território abranja, total ou
parcialmente, unidades de
conservação.
A existência de um Plano Municipal
de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
não exime o Município do licenciamento
ambiental de aterros sanitários e de
outras infraestruturas e instalações
operacionais integrantes do serviço
público de limpeza urbana e manejo de
3. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos para grandes geradores:
setores envolvidos e estratégias de adequação
Os Planos de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos são documentos
preparados pelas pessoas jurídicas de
direito público ou privado que gerem os
resíduos ou exercem as seguintes
atividades previstas no Artigo 13 da Lei
12.305:
I. Geradores de resíduos: dos
serviços públicos de saneamento
básico; de resíduos industriais; de
resíduos de serviços de saúde; e de
resíduos de mineração;
II. Estabelecimentos comerciais e de
prestação de serviços que:
a) gerem resíduos perigosos;
b) gerem resíduos que, mesmo
caracterizados como não
resíduos sólidos, junto ao órgão
competente do Sisnama.
A inexistência de um Plano
Municipal de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos não pode ser utilizada
para impedir a instalação e/ou operação
de empreendimentos ou atividades
devidamente licenciados pelos órgãos
competentes.
O Município que optar por
soluções consorciadas intermunicipais
para gestão de resíduos sólidos, quando
assegurado que o plano intermunicipal
preencha os requisitos estabelecidos na
Lei 12.305, pode este ser dispensado da
elaboração de Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.
perigosos, por sua natureza,
composição ou volume, não sejam
equiparados aos resíduos
domiciliares pelo poder público
municipal;
III. Empresas de construção civil;
IV. Terminais e outras instalações de
transporte, como portos,
aeroportos, terminais
alfandegários, rodoviários e
ferroviários, e passagens de
fronteira;
V. Atividades agrosilvopastoris, se
exigido pelo órgão competente do
Sisnama, do SNVS, ou do Sistema
Único de Atenção à Sanidade
Agropecuária (Suasa).
Pag. 60
 Conteúdo mínimo do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos:
I. Descrição do empreendimento ou
da atividade;
II. Diagnóstico dos resíduos sólidos
gerados ou administrados,
contendo origem, volume e
caracterização dos resíduos,
incluindo os passivos ambientais a
eles relacionados;
III. Observadas as normas
estabelecidas pelos órgãos do
Sisnama, do SNVS e do Suasa, e, se
houver, o Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos:
a) explicitação dos responsáveis de
cada etapa do gerenciamento de
resíduos sólidos;
b) definição dos procedimentos
operacionais relativos às etapas do
gerenciamento de resíduos sólidos
sob responsabilidade do gerador;
IV. Identificação de soluções
consorciadas ou compartilhadas
com outros geradores;
O Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos atenderá ao disposto
no Plano Municipal de Gestão Integrada
de Resíduos Sólidos do município, sem
prejuízo das normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa.
A inexistência de um Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
não obsta a elaboração, a
implementação ou a operacionalização
do Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos.
V. Ações preventivas e corretivas a
serem executadas em situações de
gerenciamento incorreto ou
acidentes;
VI. Metas e procedimentos
relacionados à minimização da
geração de resíduos sólidos, e,
observadas as normas
estabelecidas pelos órgãos do
Sisnama, do SNVS e do Suasa, à
reutilização e reciclagem;
VII. Se couber, ações relativas à
responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos na
forma do Art. 31;
VIII. Medidas saneadoras dos passivos
ambientais relacionados aos
resíduos sólidos;
IX. Periodicidade de sua revisão,
observado, se couber, o prazo de
vigência da respectiva licença de
operação a cargo dos órgãos do
Sisnama.
Serão estabelecidos em
regulamento: (i) normas sobre a
exigibilidade e o conteúdo do plano de
gerenciamento de resíduos sólidos,
relativo à atuação de cooperativas ou
outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis; (ii) critérios e procedimentos
simplificados para apresentação dos
planos de gerenciamento de resíduos
sólidos a microempresas e empresas de
pequeno porte, desde que as atividades
Pag. 61
por elas desenvolvidas não gerem
resíduos perigosos.
Será designado um responsável
técnico devidamente habilitado para
elaboração, implantação,
operacionalização e monitoramento de
todas as etapas do Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos,
nestas incluído o controle da disposição
final ambientalmente adequada de
rejeitos, e, quando couber, de resíduos.
Os responsáveis pelo plano de
gerenciamento de resíduos sólidos
manterão atualizadas e disponíveis, ao
órgão municipal competente, ao órgão
4. Termos de referência: contratação de serviços para elaboração dos
planos de gerenciamento de resíduos sólidos
1. Consultoria especializada
A elaboração, a operacionalização
e o monitoramento de todas as etapas
do Plano de Gestão Integrada ou de
Planos de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos, incluindo o controle da
disposição final ambientalmente
adequada de rejeitos, devem ser
realizados por consultoria técnica ou
profissional habilitado, apresentando
Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART), ou Certificado de
Responsabilidade Técnica, ou ainda
documento similar quando couber,
conforme estabelece o Art. 22 da Lei
12.305.
O trabalho de consultoria técnica
corresponde ao fornecimento de
determinada prestação de serviço, em
geral, por profissional ou equipe
qualificada e conhecedora do tema.
licenciador do Sisnama e a outras
autoridades, informações completas
sobre a implantação e operacionalização
do plano sob sua responsabilidade.
O Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos é parte integrante do
processo de licenciamento ambiental
deum empreendimento ou uma
atividade, junto ao órgão competente do
Sisnama. Nos empreendimentos e nas
atividades não sujeitos a licenciamento
ambiental, a aprovação do plano de
gerenciamento de resíduos sólidos cabe
à autoridade municipal competente.
Nesse sentido, a contratação dos
serviços deve ser feita recorrendo ao
acervo técnico do profissional e/ou da
empresa concorrente à licitação ou
contratação do serviço, verificando os
serviços executados pelo profissional ou
pela empresa.
O serviço de consultoria técnica,
nas diversas áreas da engenharia, ocorre
por meio de diagnósticos e processos, e
tem o propósito de levantar as
necessidades do cliente, identificar
soluções e recomendar ações. De posse
dessas informações, o consultor
desenvolve, implanta e viabiliza os
projetos de acordo com a necessidade
específica de cada cliente.
Assim, são elaborados os estudos
de viabilidade técnica e econômica;
gerenciamento da implantação de
projetos de infraestrutura nos setores
Pag. 62
público e privado; implantação de
projetos e desenvolvimento de
processos.
No setor ambiental, o trabalho de
consultoria ocorre da mesma forma,
identificando primeiramente o impacto
ambiental, social e econômico de uma
determinada atividade, para, em
seguida, com base em conhecimentos
técnicos, desenvolver as melhores
alternativas a mitigar ou solucionar tais
impactos, no caso, visando tornar a
atividade sustentável.
Diante do novo cenário de busca
por atividades sustentáveis, e com base
nas legislações vigentes, cabe aos
administradores públicos a contratação
de empresa especializada na prestação
de serviços, adequando seu município às
exigências legais, e contribuindo com a
redução dos impactos ambientais.
Além da necessidade de
contratação de profissionais habilitados
para a elaboração de um Plano de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, o
contratante do serviço deve acompanhar
e monitorar constantemente o
andamento do trabalho, garantindo o
cumprimento de prazos e indicações
expressas no termo de referência de
prestação do serviço.
2. Como montar um termo de
referência
Em caso de contratação de
consultoria técnica visando ao
desenvolvimento do Plano de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos, um termo
de referência bem montado representa
um dos passos fundamentais para que o
resultado do trabalho alcance a
qualidade esperada.
Termo de referência corresponde ao
instrumento orientador à contratação de
serviços técnicos de pessoa jurídica pela
gestão pública.
Nessa perspectiva, seu objetivo é
estabelecer diretrizes orientadoras,
conteúdo e abrangência do projeto em
etapa antecedente à implantação das
atividades. No caso, deverão ser
elaborados os termos de referência para
consultoria técnica visando o
desenvolvimento e à implementação do
Plano Municipal de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos.
Por outro lado, sua montagem
deve conter, inicialmente, uma descrição
básica dos antecedentes gerais e
específicos referentes ao modelo de
gestão e gerenciamento de resíduos
sólidos urbanos, de forma a
contextualizar a problemática envolvida,
e a amplitude espacial do município, ou
municípios a serem relacionados para o
serviço.
Na sequência, define-se o objetivo
do termo de referência, apresentando as
condições e os critérios para contratação
de pessoa jurídica a prestar consultoria
técnica especializada na gestão de
projetos ambientais, para elaboração do
Plano de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos. Ainda, são indicados as metas e
o alcance de abrangência do serviço,
apontando os municípios envolvidos,
bem como a metodologia de trabalho.
Quanto ao escopo do trabalho, o
termo de referência tem caráter
indicativo no que diz respeito às
Pag. 63
informações e aos conteúdos mínimos a
serem oferecidos. Nesse sentido, o
termo de referência deve apresentar
obrigatoriedade quanto à realização de
um diagnóstico situacional da Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos no
município ou nos municípios
consorciados, onde se realizam os
serviços.
O diagnóstico a ser elaborado deve
englobar a situação da coleta, a
administração e disposição final dos
resíduos sólidos da região, com
informações detalhadas sobre volume e
composição, por município.
Além disso, no diagnóstico, pode
ser exigida ainda a aplicação de
questionário, seguido de um
levantamento fotográfico dos dados
relacionados à quantificação,
caracterização, forma de coleta,
periodicidade da coleta, e disposição
final de resíduos sólidos de cada
município integrante do projeto;
Após o levantamento de dados,
deve-se exigir uma sistematização das
informações, análise dos dados
coletados, e elaboração do relatório com
diagnóstico situacional.
O relatório do diagnóstico deve ser
diagramado e impresso na quantidade
de vias suficientes para que todos os
envolvidos no projeto tenham acesso às
informações. No relatório, deve constar
a descrição detalhada dos levantamentos
de campo, e a sistematização dos dados
levantados mediante questionários, na
forma de um Sistema de Informações, os
quais mostrarão o diagnóstico
situacional de tratamento e destinação
de resíduos sólidos em cada um dos
municípios integrantes do projeto.
A sistematização de informações
coletadas em levantamentos de campo e
questionários deve culminar com um
banco de dados sobre volume de
resíduos gerados, forma de disposição,
sistema de administração da gestão,
taxas de cobrança, caracterização de
resíduos, além da totalidade de
informações para todos os municípios
integrantes do projeto.
Conteúdo da sistematização de
informações:
 Volume, caracterização, coleta,
transporte, periodicidade da
coleta, custo de tratamento e
forma de disposição final de
resíduos sólidos – domésticos, de
saúde, perigosos, de construção
civil;
 Caracterização e localização de
áreas para disposição final de
resíduos sólidos em cada
município, com plotagem em
mapas e localização de áreas de
influência direta e indireta.
Distâncias de centros urbanos.
Outros usos do local (despejo de
limpa fossas, animais mortos etc.);
 Quantidade de usinas de
processamento de resíduos
sólidos, com georreferenciamento;
 Cooperativa de catadores de lixo,
ou catadores não cooperados.
Serviço terceirizado pelas
prefeituras. Tipo de gerenciamento
adotado. Planilhas de custo e
faturamento. Periodicidade de
vendas. Destino dos recicláveis;
Pag. 64
  Uso de Equipamentos de Proteção
Individual (EPI´s) pelos funcionários
da coleta, sendo importante
detalhar fornecimento,
gerenciamento, descarte e Integrado
periodicidade. Exposição a resíduos
perigosos (metais, pilhas, baterias,
pesticidas, óleos etc.), e manejo dos resíduos sólidos, otimização
contaminantes (fezes, sangue,
materiais putrefatos etc.);
 Caracterização da população
presente nas áreas de disposição
final de resíduos sólidos: se
residem ou não no local, se há
presença de menores de idade, de
animais domésticos e de criação na
área;
 Forma de disposição final de
resíduos específicos, tais como
pneus, pilhas, baterias – eco
pontos; galpões; aterros sanitários;
lixões;
 Locais para depósito de sucata.
Caracterização dos materiais e das
quantidades, tipos de
armazenamento e periodicidade de
comércio;
 Programas de educação ambiental
nos municípios, relacionados a
tratamento e disposição final de
resíduos sólidos, contendo
informações sobre o público
envolvido; estratégias de ação de
continuidade, com periodicidades;
 Forma de coleta, caracterização,
tipificação e volume de resíduos
industriais em cada município.
Depois de concluídas as fases de
diagnóstico e sistematização das
informações, os resultados devem ser
apresentados em forma de seminários.
Na sequência, inicia-se a
elaboração do Plano de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos,
compreendendo a concepção de
funcionamento do sistema integrado de
e melhoria dos sistemas locais, e de que
modo poderão os municípios integrantes
agir articuladamente na gestão dos
resíduos sólidos, minimizando os efeitos
negativos dos rejeitos sobre o meio
ambiente.
A composição do sistema, como
um todo, abrange:
 Elaboração da proposta do Sistema
Integrado de Resíduos Sólidos,
considerando em particular o
relatório dos levantamentos
realizados anteriormente no
projeto, e apresentados,
destacando aspectos relacionados
a:
(i) levantamento das demandas
ambientais locais e regionais;
(ii) levantamento da geração de
resíduos/fontes;
(iii) levantamento do sistema de
tratamento/disposição final;
(iv) levantamento do perfil
institucional/administração dos
resíduos;
(v) levantamento do sistema
tarifário/cobrança.
 Elaboração de proposta que facilite
o gerenciamento de resíduos
sólidos em nível local e regional, e
que gere o menor impacto
Pag. 65
 ambiental sobre os recursos
naturais. Essas informações devem
ser executadas e sistematizadas
com base no banco de dados. A
proposição deve compreender a
viabilidade técnica e financeira dos
sistemas locais e regionais, de
forma a facilitar a implantação de
medidas conjuntas no âmbito de
tratamento e disposição final de
resíduos; o estímulo à organização
de associações e/ou cooperativas
de catadores que auxiliem no
gerenciamento do sistema, ou,
mesmo que o setor privado venha
a operacionalizar total ou
parcialmente o sistema. A proposta
deve contemplar também medidas
que facilitem a transformação de
resíduos segregados (reciclagem), e
a sua comercialização mediante a
agregação de valores;
 Para fomentar a aplicação do
Sistema Integrado de Resíduos
Sólidos, diretrizes e metas devem
ser elaboradas, para implantação
de projeto de coleta seletiva. As
diretrizes do projeto de coleta
seletiva devem ser concebidas de
modo a estimular os demais
municípios e a comunidade a
adotarem a referida prática, e
devem ter caráter demonstrativo e
multiplicador;
 Devem, ainda, ser fornecidas as
diretrizes para unidade de
recepção de resíduos sólidos
segregados, tendo em conta o
funcionamento do sistema de
gerenciamento integrado. As
diretrizes a serem apresentadas
devem considerar a necessidade de
centralização de resíduos
segregados, em local estratégico
para sua transformação e/ou
comercialização;
 O plano deve conter as diretrizes
básicas para concepção de aterro
sanitário consorciado,
compreendendo orientações
básicas de dimensionamento,
simulação da vida útil, medidas de
contenção, drenagem dos líquidos
percolados, impermeabilização de
fundo, tratamento de efluentes,
proteção contra geração de odores
e vetores de doenças, medidas de
controle e monitoramento
ambiental, forma de operação
envolvendo custos de
operacionalização e transbordo de
materiais. Ainda, deverão ser
propostos todos os procedimentos
ambientais que facilitem aos
municípios integrantes
implantarem aterro sanitário
adequado à sua realidade, e que
auxiliem o gerenciamento e o
licenciamento ambiental da
atividade junto ao órgão de
controle ambiental;
 Diretrizes devem ser elaboradas
quanto a segregação na origem,
coleta, transporte, tratamento e
destinação final de resíduos sólidos
de serviços de saúde, levando-se
em conta a realidade local e
regional, de acordo com os
levantamentos realizados nos
municípios;
 Deve-se definir a modelagem de
gestão consorciada partindo de
critérios técnicos, ambientais,
Pag. 66
 econômicos, locais e legais, a ser
sugerida para gestão integrada e
regionalizada de resíduos sólidos;
Após a elaboração do Sistema
Integrado de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos, este deve ser exposto
em audiência pública para avaliação e
aprovação. Feita a avaliação, as
sugestões são incorporadas, e a versão
final do Plano de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos é formulada.
Pag. 67
LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Publica e Resíduos

ANVISA– Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ART- Anotação de Responsabilidade Técnica

BME – Banco Multidimensional Estatístico

CNUMAD – Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CENEN- Comissão Nacional de Energia Nuclear

CTF- Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidora ou Utilizadores dos
Recursos Ambientas
EPI- Equipamento de Proteção Individual
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

MMA – Ministério de Meio Ambiente
MME – Ministério de Minas e Energias
MS – Ministério da Saúde
PGIRS – Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

PEV’s – Pontos de Entrega Voluntaria

PLANASA – Plano Nacional de Saneamento

PLANSAB– Plano Nacional de Saneamento Básico

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

PNRS – Plano Nacional de Resíduos Sólidos

PPA – Plano Plurianual da União

PROSAB – Programa de Pesquisas em Saneamento Básico

PROSANEAR- Programa de Saneamento para Populações de Baixa Renda

RDC- Resolução da Diretoria Colegiada

RCC- Resíduos da Construção Civil

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

SNUC- Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SINIMA- Sistema Nacional de Informação Sobre Meio Ambiente

SINISA - Sistema Nacional de Informação em Saneamento
SUASA –Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária

SUS- Sistema Único de Saúde

SINIR- Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos

SINMETRO- Sistema Nacional de Metrologia , Normalização e Qualidade Industrial
UF – Unidade Federativa
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