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Elaborado por:
José Jaime Macuane, Chefe de Equipa
Padil Salimo, Coordenação geral do estudo
A realização deste estudo foi possível graças ao apoio dos governos municipais nos 26
municípios abrangidos pelo Programa de Desenvolvimento Municipal (PRODEM). O
nosso agradecimento a todos, incluindo as mais de 300 pessoas que aceitaram dar o
seu contributo com ideias e testemunhos sobre as suas experiências na relação com
os municípios. O nosso especial agradecimento a equipa de Coordenação do PRODEM,
especialmente a Lars Christensen, Claus Rebien e Artur Furtado.
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Abreviaturas
AL Autarquia Local
AM Assembleia Municipal
ANAMM Associação Nacional dos Municípios de Moçambique
CdG Conta de Gerência
CLs Conselhos Locais
CPC Cartão de Pontuação Comunitária
DUAT Dieito de Uso e Aproveitamento de Terra
EDM Electricidade de Moçambique
FAA Fundo de Abastecimento de Água
FCA Fundo de Compensação Autárquica
FE Fundo de Estrada
FIIA Fundo de Investimento de Iniciativa Autárquica
FIPAG Fundo de Investimento do Património de Abastecimento de Água
FMI Fundo Monetário Internacional
FRPU Fundo de Redução da Pobreza Urbana
IASISA Imposto Autárquico do SISA
INGC Instituto Nacional de Gestão de Calamidades
IOF Inquérito ao Orçamento Familiar
IPCC Instituição de Participação e Consulta Comunitária
LOLE Lei dos Òrgãos Locais do Estado
MAE Ministério da Administração Estatal
MAEFP Ministério de Administração Estatal e Função Pública x
MCA Millennium Challenge Account ii
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MEF Ministério de Economia e Finanças
MGP Mecanismos de Governação Participativa
MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
MS Monitoria de Serviços
MTR Revisão de Meio Termo
MuniSAM Programa Municipal de Monitoria da Responsabilização Social
OLE Órgãos Locais do Estado
OP Orçamento Participativo
P 13 Programa de Apoio a 13 Municípios
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PAC Plano de Acção Comunitária
PCMC Projecto Cidades e Mudanças Climáticas
PDA Programa de Desenvolvimento Autárquico
PED Política e Estratégia de Descentralização
PERPU Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana
PEU Plano de Estrutura Urbana
PGIRSU Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos
PIB Produto Interno Bruto
PRODEM Programa de Desenvolvimento Municipal
PROGOV Programa de Governação Municipal
SAMCom Comités de Monitoria da Responsabilidade Social
SISTAFE Sistema de Administração Financeira do Estado
SOLF Quadro Lógico Operacional Simplificado
TA Tribunal Administrativo
TAE Taxa de Actividades Económicas
UCI Unidade de Controlo Interno
UGEA Unidades de Gestão das Aquisições do Estado
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Sumário executivo
O presente estudo de base foi elaborado especificamente com foco no Pilar 1. Este
Pilar compreende três componentes, nomeadamente:
b) Gestão financeira; e
v
Principais Resultados
A área de gestão do solo urbano é das mais críticas e a que facilmente espelha a
capacidade ou fragilidade dos municípios, dado que ela está directamente relacionada
com a face visível da organização e estruturação do território municipal. A forte
demanda pela ocupação de terras, a precariedade das condições das infraestruturais
para a resiliência às mudanças climáticas, aliadas a falta de meios e recursos
necessários para a realização de actividades indispensáveis a melhoria do
ordenamento territorial, têm fortes implicações na actual situação em que 80% da
população dos municípios vive em assentamentos desordenados e com fracas
possibilidades de acesso a serviços básicos. A falta de pessoal qualificado para as
actividades nesta área, e as limitações na posse de equipamentos e software de gestão
de terras, são alguns dos factores que estão na origem do problema. A estas carências
se adicionam outros problemas relacionados com a inobservância de procedimentos
legais no contexto da gestão de terras, que resultam em tensões nas relações entre
cidadãos e órgãos autárquicos por causa dos conflitos de terras, cada vez mais
frequentes nos municípios das principais cidades capitais.
vi
territorial. Embora este seja um procedimento importante para a harmonização das
opções de desenvolvimento local com aquelas de âmbito nacional, o modelo em si é
pernicioso às iniciativas dos municípios, uma vez que elas devem se conformar com a
disponibilidade e apoio técnico do MITADER para a aprovação dos PEUs, apesar da
limitada capacidade técnica existente nesta entidade central.
Resiliência urbana
vii
Beira, ficou claro que as suas intervenções neste contexto tinham em vista apenas
minimizar os efeitos da erosão costeira, mas sem qualquer garantia de
sustentabilidade.
Gestão financeira
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desenvolvimento. A maioria dos municípios possuem carências de pessoal técnico
especializado ou com qualificações para a gestão financeira. Em todos os municípios
foram apontadas dificuldades na gestão financeira, bem como na preparação da Conta
de Gerência, devido as limitações técnicas do pessoal, a fraca qualidade de
organização de processos administrativos e de arquivos, bem como a predominância
de trabalho manual que não favorecem uma melhor e mais eficientes processos de
gestão.
Unidades de Controlo Interno (UCI) foram criadas em pelo menos 34% dos 26
municípios. A criação das UCIs foi feita na perspectiva de desenvolver melhorias no
quadro de gestão administrativa e financeira, e promover transparência na gestão
financeira. Não obstante o esforço, estes mecanismos não têm estado a funcionar em
pleno, e neste sentido elas carecem de alguma vitalidade, e um certo nível de
autonomia e capacidade técnica.
Pelo menos em 26,9% dos municípios utilizam software de gestão financeira que, no
entanto, em nenhum dos casos incorpora todas as componentes de gestão financeira.
Como consequência disso, a sua utilidade na gestão financeira é neste momento muito
limitada, para além de que, a sua manutenção, no que tange a correção de falhas,
x
acréscimo de funcionalidades do sistema, e renovação anual do sistema, é
ii
considerada pelo municípios como sendo bastante onerosa. i
Receitas municipais
ix
arrecadação de receitas próprias. Em 2015, o único município que conseguiu
arrecadar receitas próprias acima de 50% das receitas totais foi o município da
Cidade da Beira, que alcançou 53,4%. Em termos agregados, as receitas próprias
representavam em 2015 apenas 20,4% das receitas totais dos 26 municípios. Desde
2008, o volume nominal do orçamento das transferências do governo central têm
registado crescimento. No entanto, relativamente as transferências de 2016 embora
em termos nominais tenha havido um crescimento elas representaram em termos
reais, a uma redução em cerca da metade das transferências de 2015, devido a
desvalorização do metical e aumento da inflação.
Execução orçamental
A execução do orçamento foi avaliada com base na informação das Contas de Gerência
de 15 municípios. E de acordo com as informações, cerca de 53,3% dos 15 municípios,
tiveram bom desempenho, no sentido em que os nível de execução alcançou mais de
80% do orçamento total. Um total de 26,7% deste grupo de municípios teve uma
execução moderada, situada na faixa acima de 70% e abaixo de 80%; os outros 20%
de municípios teve baixo nível de execução, ou seja, abaixo de 70%.
Governação participativa
x
Devido a forma como os CLs são estruturalmente constituídos e organizados, e por
causa do baixo nível de conhecimento por parte dos servidores públicos em relação as
liberdades civis e o exercício de cidadania por parte dos cidadãos, o potencial dos
membros dos conselhos locais de garantir a transição de demandas de cidadãos para
os municípios e sua transformação em políticas para o desenvolvimento dos
municípios é muito limitada por se tratar sempre de um processo que envolve tensões
entre vontades expressas pelos cidadãos e as opções dos governos municipais.
Mecanismos alternativos e mais funcionais têm sido usados por organizações da
sociedade civil, que em articulação com os governos municipais, estão a implementar
diferentes modelos de participação na governação municipal, através de ferramentas
de responsabilização social, tais como: auditoria social, orçamento participativo,
cartões de pontuação comunitária, observatório municipal e outros.
A questão do bem-estar a nível dos municípios não é bem captada neste estudo de
base, devido a problemas na metodologia sugerida pelo cliente. Os fenómenos
recorrentes de calamidades naturais, caracterizados por cheias nas províncias da
região centro e norte de Moçambique, durante o primeiro trimestre de 2015,
afectaram perto de 144,882 pessoas em Sofala, Zambézia, Niassa, Nampula e Cabo
Delgado. Nas duas últimas províncias cerca de 10.000 casas foram destruídas parcial
ou completamente. Na província da Zambézia a actividade agrícola de cerca de 60.723
agregados familiares foi severamente afectada, e 60.051 hectares de cultura ficaram
destruídas. Na sequência das cheias de 2015 surgiram cerca de 5.894 casos de cólera. x
Embora os dados não se refiram especificamente aos municípios, as informações nas ii
i
entrevistas aos grupos focais apontaram problemas comuns. Nos municípios de
Mocuba, Nampula, Quelimane, e Pemba onde várias habitações ficaram destruídas,
incluindo culturas alimentares, o que veio a contribuir para a degradação das
condições de vida das populações, que ficaram expostas a falta de habitação e a
insegurança alimentar.
O papel da ANAMM
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competências internas que lhe possam depois permitir promover uma melhor
qualidade de diálogo técnico e político com o governo e outras organismos relevantes,
e fortalecer os mecanismos de articulação com os seus membros. A ANAMM é uma
instituição com fortes influências do Governo. O nível de influência do governo na
esfera de funcionamento da ANAMM tem implicações na capacidade de exercício do
seu papel de defesa de interesses dos seus membros, colocando assim limites em
termos de espaço de confrontação com o governo. Entre os membros há dúvidas em
relação ao papel da ANAMM, sua relevância na esfera do diálogo, e no potencial
contributo que ela pode dar em relação as mudanças desejadas no quadro nacional
que afecta o desempenho dos municípios.
treinamento para o uso do sistema bem como recursos para a sua permanente
actualização e manutenção.
Realizar acções de capacitação de longo prazo sobre mudanças climáticas que devem
ser alargadas a grupos ou associações comunitárias locais, e implementar em estreita
articulação com estes grupos comunitários, iniciativas relativas a prevenção e
adaptação às mudanças climáticas, promover actividades de educação cívica para o
fortalecimento da consciência em relação ao fenómeno e fornecer conhecimento
xii
sobre práticas resilientes as mudanças climáticas, bem como a mudança de
comportamentos em relação ao tratamento de resíduos sólidos.
xiii
Promover o estabelecimento de plataformas e/ou fóruns de diálogo entre municípios
e grupos comunitários e/ou da sociedade civil a nível municipal, por forma a
aumentar a voz e influenciar mudanças na governação municipal, bem como
desenvolver consciência sobre a importância de participação na determinação dos
interesses de desenvolvimento local das comunidades.
xiv
Fortalecer a capacidade técnica da ANAMM e melhorar a qualidade de articulação
com os seus membros, bem como na determinação de agenda e diálogo com o
governo e parceiros.
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i
Índice
xv
Agradecimentos........................................................................................................................................................ ii
Abreviaturas............................................................................................................................................................. iii
Sumário executivo.................................................................................................................................................... v
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................... 1
Resiliência climática................................................................................................................................... 33
Gestão financeira......................................................................................................................................... 42
xvi
Receitas municipais.................................................................................................................................... 47
Execução de orçamento............................................................................................................................. 49
Capacidades existentes.............................................................................................................................. 54
4. O PAPEL DA ANAMM................................................................................................................................... 73
ANEXOS..................................................................................................................................................................... 85
Índice de tabelas
xvii
Tabela 2. Componentes do Pilar I do PRODEM............................................................................................... 3
Índice da gráficos
x
ii
i
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1 INTRODUÇÃO
O PRODEM tem dois pilares de intervenção interligados entre si que são os seguintes:
x
(i) Pilar I: Apoio ao desenvolvimento municipal: municípios com melhor gestão ii
i
urbana, maior resiliência às mudanças climáticas, melhor prestação de
serviços essenciais, e cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, capazes
de exigir responsabilização dos governos municipais; e
2
desenvolvimento de capacidades dos departamentos técnicos dos municípios;
desenvolvimento de networking através do fortalecimento de vínculos e redes entre
municípios que deverão permitir assistência técnica e aprendizagem entre eles, e
promover a identificação de questões que podem merecer a intervenção das
instituições nacionais ou alterações no quadro normativo; enfoque na manutenção,
que pressupõe a adopção de planos de manutenção que deverão garantir a
sustentabilidade dos investimentos; adopção de métodos simples e sustentáveis que
pressupõe fazer, o que é possível implementar e sustentar; e o princípio da
participação dos cidadãos que sustenta a necessidade de promoção do engajamento
dos cidadãos na governação municipal e melhoria da responsabilização social,
transparência e prestação de serviços.
Este estudo de base visa produzir informação relevante sobre a situação actual em
três componentes do PRODEM, integrados no seu Pilar 1, conforme o detalhe na x
tabela que se segue. ii
i
Tabela 2. Componentes do Pilar I do PRODEM
Componente Área
Componente A Gestão Urbana para a Resiliência Climática
Componente B Gestão Financeira
Componente C Governação Municipal e Participação do Cidadão
No âmbito deste pilar está previsto o apoio a Associação Nacional dos Municípios de
Moçambique (ANAMM) cujo foco é no reforço da sua capacidade de coordenação e
defesa dos interesses dos seus membros, os municípios.
3
3.1. Contexto do Programa
4
Em 2012, o Conselho de Ministros aprovou através da Resolução n. o 40/2012, de 20
de Dezembro, a Política e Estratégia de Descentralização (PED), depois de vários anos
de discussão, avanços e recuos na aprovação de uma política de descentralização. O
objectivo da PED é “explicitar e integrar de forma mais sistematizada, as várias acções
no domínio da descentralização do país, e orientar as intervenções do governo e
demais actores para a organização da participação dos cidadãos na solução dos
problemas próprios da sua comunidade, promover o desenvolvimento local e
melhorar a prestação de serviços ao cidadão no quadro da consolidação da unidade
nacional” (MAE 2013, 14).
5
como outras instituições nacionais. A implementação de programas de
desenvolvimento municipal como o PROGOV, o P-13, e o PDA visou fazer frente a estes
e outros desafios que, entretanto, ainda prevalecem, razão pela qual o PRODEM surge
como mais uma iniciativa para o fortalecimento de capacidades dos municípios.
6
instrumento é pouco utilizado, e como consequência disso, e apesar do seguimento
que se fez através de chamadas telefónicas para confirmação dos pedidos para as
visitas de trabalho, também muito poucos puderam responder em tempo útil. Sendo
assim, na data do início dos trabalhos pouco se sabia sobre o trabalho, tendo em
alguns casos implicado na re-calendarização dos encontros.
Durante a realização do trabalho de campo não foi possível visitar dois municípios,
nomeadamente Gurúè e Marromeu devido ao acesso condicionado pela situação
actual de instabilidade político-militar. Como alternativa a este problema a equipa de
consultoria optou pelo contacto via telefone e e-mails para a recolha da informação
para o estudo.
7
informação sobre seus sectores. Mesmo assim, não foi possível evitar casos de
informação menos consistente com a realidade.
- Cidadãos munícipes;
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Tabela 3. Municípios selecionados para grupos focais com comunidades
Município Província
Pemba Cabo Delgado
Montepuez Cabo Delgado
Lichinga Niassa
Nampula Nampula
Nacala Porto Nampula
Quelimane Zambézia
Mocuba Zambézia
Beira Sofala
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constatações, rever os instrumentos onde fosse necessário. O município de Boane
apresentava muitas das dificuldades que precisavam de ser entendidas no âmbito do
estudo de base, designadamente, os problemas de gestão urbana; demanda sobre
terra e os conflitos associados; problemas ligados às mudanças climáticas, tais como a
seca, inundações, e erosão; dificuldades na gestão de resíduos sólidos, entre outros.
Estes factores, incluindo a proximidade à cidade de Maputo, e a sensibilidade do Edil
do município na compreensão da importância deste estudo, influenciou na escolha
deste município para a testagem dos instrumentos.
O estudo está organizado em cinco secções. A primeira secção é introdutória onde são
apresentados os objetivos, contexto e metodologia do estudo. A segunda secção se
debruça sobre as lições aprendidas da experiência de autarcização e coloca ênfase nos
resultados dos programas de desenvolvimento municipal implementados no passado
e outros em curso. A terceira secção do estudo analisa a situação actual dos
municípios com o foco nas três dimensões do Pilar I do PRODEM, e inclui a análise
sobre bem-estar e qualidade de serviços. Nesta secção estão também apresentados os
resultados relativos ao quadro geral de monitoria do programa com ênfase nos
indicadores do SOLF (Quadro lógico simplificado) que foi definido como sendo a
matriz que deveria ser usada para este estudo. A quarta secção se debruça sobre a
capacidade da ANAMM. E, por último, na quinta secção é apresentada uma breve
x
conclusão do estudo.
ii
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LIÇÕES APRENDIDAS DAS EXPERIÊNCIAS DE
PROGRAMAS DE APOIOS AOS MUNICÍPIOS
x
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i
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experiências e as capacidades existentes nas diferentes autarquias tenderão a ser
múltiplas e diversas. Deste modo, muito mais do que se considerar estas lições como
de todos os municípios, deve-se acima de tudo olhá-las de forma qualitativa e
cumulativa, como experiências de grupos de municípios, mas que se adicionam à
história do processo de autarcização como um todo.
12
estão a desenvolver um programa com financiamento da USAID avaliado em US$ 15
milhões.1
Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC, 2012) nas
três principais cidades costeiras de Moçambique – Maputo, Beira e Quelimane –
mostra um quadro preocupante do impacto das mudanças climáticas nos respectivos
Produtos Interno Brutos (PIBs), com tendência a piorar se não forem adoptadas
medidas adequadas. Assim, no caso da cidade da Beira, estimava-se que tinha uma
perda de cerca de US$ 20 milhões no seu PIB, na altura em que foi realizado o estudo,
e que a mesma poderia aumentar para cerca de US$ 95-185 milhões ou 5 a 9% do PIB
até 2030. No caso da cidade de Maputo as perdas subiriam de US$ 50 milhões para
US$ 160-275 milhões ou 4 a 5% do PIB, em 2030. Finalmente, para Quelimane, as
estimativas de perdas podem subir de US$ 8 milhões para entre US$ 40 e 45 milhões,
ou 4 a 5% do PIB em 2030.
13
mudanças climáticas; planeamento táctico e mobilização de recursos, cuja
implementação depende do envolvimento de parceiros aos níveis central, provincial e
municipal (INGC, 2012).
No geral, a capacidade de gestão dos resíduos sólidos por parte dos municípios é
baixa, muitas vezes privilegiando-se apenas os processos de limpeza, recolha e
depósito do lixo. Este último muitas vezes feito em condições precárias, em lixeiras
dispersas e que agravam os problemas de ambiente e saúde pública.
A introdução da taxa de lixo surgiu como uma potencial solução para o problema de
escassez de recursos nesta área. Porém, a colecta das receitas através da Electricidade
de Moçambique (EDM) e do Fundo de Investimento do Património de Abastecimento
de Água (FIPAG) (como no caso de Quelimane) não tem contribuído para a melhoria
da gestão dos resíduos sólidos, porque esta receita não tem sido consignada ou
alocada à esta área, com a excepção de poucos municípios como da cidade de Maputo
e algumas vezes o município da Beira. Existe um debate entre os municípios sobre a
transferência dos valores colectados pelas entidades que recolhem as taxas que
decorre da não observância de regularidade nas transferências e a falta de
transparência em relação aos montantes transferidos.
A capacidade de recolha e gestão dos resíduos sólidos ainda é baixa, mesmo na capital
x
do país, de longe a cidade com maior capacidade técnica e em termos de recursos ii
financeiros (receitas próprias). Actualmente, na cidade de Maputo de uma estimada i
produção de lixo diário de cerca de 1100 toneladas apenas 700 toneladas são de facto
recolhidas e deixadas na lixeira municipal. Nos treze municípios do centro e norte do
país cobertos pelo PDA, os relatórios de avaliação indicam que houve melhorias
consideráveis na recolha dos resíduos sólidos, tendo passado de uma cobertura
territorial média de 41% a 61% no mesmo período. Estes dados não são
acompanhados por uma base de fundamentação sólida, contudo não pode-se
extrapolar deles a ideia de existência de alguma vontade política de expansão destes
serviços, apesar da limitada capacidade operacional. Ainda no âmbito do PDA foi
14
adoptado, para a gestão de resíduos sólidos, um manual de lixeiras controladas que
inclui instruções sobre a recolha e depósito do lixo, de modo a evitar problemas
ambientais e de saúde pública.
Desafios prevalecentes
15
que os restantes municípios do país, tornando-o assim um caso paradigmático dos
desafios enfrentados pelos municípios, nomeadamente: excessiva subordinação do
poder legislativo ao poder executivo municipal, resultando em baixa eficácia do
quadro legal existente; um fraco quadro de promoção de diálogo entre as diferentes
partes interessadas, combinada à uma percepção de que o Governo é o principal
responsável pela gestão municipal dos resíduos sólidos; as taxas cobradas são
insuficientes para garantir a sustentabilidade financeira do sector e não reflectem
princípios de justiça social; orçamentação inadequada e um controlo ineficaz sobre os
custos dos serviços de gestão de resíduos sólidos; falta de incentivos para reduzir os
custos de produção dos resíduos sólidos na sua origem (os produtores domésticos),
como a reciclagem, a reutilização e outras formas de exploração; fraca vontade
política, ineficácia dos programas de educação existente no que concerne à sua
mudança de comportamento dos munícipes; falta de planificação, monitoria e
avaliação das actividades estratégicas; excessiva dependência na influência e decisões
dos doadores; pouco envolvimento e vontade de participar das comunidades;
ausência de mecanismos municipais de envolvimento das comunidades e de
participação nos processos de tomada de decisão; a necessidade também de
integração das estratégias de mitigação das mudanças climáticas com a gestão dos
resíduos sólidos. Por exemplo, tendo em conta as emissões dos gases de efeito estufa
produzidos pelos resíduos sólidos orgânicos, assim como a poluição do meio
ambiente decorrente da gestão inadequada de resíduos sólidos (Muchangos, Tokai e
Hanashima, 2015; Tas e Belon, 2014).
x
ii
i
2.2. A capacidade de gestão financeira
16
criação de capacidades na área de gestão orçamental e financeira que, entretanto,
nem sempre foi garantida a sua sustentabilidade.
Orçamento participativo
17
As iniciativas de orçamentação participativa existentes ainda se restringem a alguns
municípios, com destaque para a cidade de Maputo, para alguns considerada como
verdadeira pioneira deste tipo de iniciativa (como se verá adiante), Dondo,
Quelimane, Matola, Gorongoza, Catandica e Inhambane.
18
porque pouco reflecte a expressão de vontade e preocupações dos cidadãos e mesmo
dos legisladores municipais, acabando por ser acima de tudo um processo
incremental elaborado com base na referência aos exercícios (plano anual e
orçamento) dos nos anteriores (PCMC, 2013).
De acordo com o diagnóstico feito pelo PCMC que abrangeu 20 cidades, grande parte
dos municípios apresentam um défice na sua capacidade de cobertura das despesas
correntes com recurso à receita própria. Outro estudo mostrou que nesta categoria de
despesa os municípios dependem ainda de outras fontes e com um nível de
dependência de receitas não próprias de mais de 70% (Nguenha, Raich e Weimer,
3
Dados compilados pelo PRODEM com base nas Contas de Gerência dos municípios.
19
2012).4 Estes resultados sugerem que praticamente todos os municípios ainda não
conseguem financiar as suas despesas correntes na totalidade com receitas próprias.
4
Esses dados são de 2009, ano mais recente dos dados usados no estudo.
5
Raich, Uri. “Finanças Autárquicas em Moçambique”. Apresentação de PowerPoint.
https://www.citiesalliance.org/sites/citiesalliance.org/files/Presentation_WB_Uri%20Raich.pdf.
20
frágeis ou muito frágeis na área de contabilidade (gestão da receita e despesa) e 17
estavam na mesma situação na área de Tesouraria e Recebedoria (PCMC, 2013).
Desafios prevalecentes
6
Em 2015 iniciou o processo de capacitação do Município da Cidade de Maputo visando a sua
integração no e-Sistafe como experiência piloto.
21
Administração Estatal e Função Pública, após discussões sobre a sua compatibilidade
e ligação com o e-Sistafe.7
7
No entanto, ainda não foram oficialmente apresentadas razões para o seu descarte.
8
Relatório do PDA 2011-2014.
22
À semelhança da orçamentação participativa, as práticas de planificação participativa
municipal datam da experiência do município de Dondo no início do processo de
autarcização no final dos anos 1990, tendo sido posteriormente estendidas para
outros municípios na década seguinte, mais precisamente em 2001, com a integração
dos municípios da região norte – Cuamba, Metangula, Mocímboa da Praia, Montepuez
e Ilha de Moçambique – e posteriormente a cidade de Maputo entre os anos 2004 e
2008, resultando naquilo que para alguns é considerado a verdadeira primeira
experiência de orçamentação participativa. Em 2009 esta experiência seria estendida
para Chibuto, Manica e Nacala (Dias, 2015). A particularidade de todas estas
experiências é que contaram sempre com apoio externo, o que, apesar de reflectir
tendência geral no que concerne aos projectos de reforma em curso no país, em si
denota uma fraca capacidade nacional de promover e financiar esta iniciativa.
23
Transparência na gestão municipal
Desafios prevalecentes
24
x
ii
i
25
RESULTADOS DA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DOS 26
MUNICÍPIOS BENEFICIÁRIOS DO PRODEM
x
ii
i
Gestão Urbana
26
planos de estrutura urbana; (ii) sistemas integrados de gestão de terras (SIGT),
equipamentos essenciais9; e (iii) pessoal qualificado.
27
expansão, muitas pessoas foram ocupar as terras alegadamente porque eram terras
onde elas faziam suas “machambas”.
O objectivo desta centralização do processo de aprovação dos PEUs tem a ver com a
necessidade de harmonizar o desenvolvimento municipal com as políticas e
estratégias mais amplas de desenvolvimento nacional. Entretanto, a despeito da
validade desta abordagem centralizadora, os municípios deveriam ter suficiente
x
autonomia para desenvolver e mandar aprovar junto das Assembleias Municipais os
ii
seus planos de estrutura urbana que em rigor as autoridades centrais teriam o papel i
28
contexto do apoio do MCA os municípios receberam apoio na instalação de software
para o registo de DUATs, ou de licenças de uso e aproveitamento de terras.
Uma questão importante tem a ver com a disponibilidade de terras nos municípios
que justifique um importante investimento na criação de capacidade para a gestão de
solo urbano. Os municípios das cidades capitais, e alguns municípios com forte
demanda por terras devido a sua localização geográfica e potencial para actividade
económica, por exemplo Nacala Porto; Ilha de Moçambique, Mocimboa da Praia o
nível de disponibilidade de terras é muito limitado. Entretanto, por causa da fraca
29
qualidade de gestão do solo urbano e o nível precário de ordenamento dos bairros, e a
sua relação com os problemas ambientais, torna-se evidente e necessário um esforço
para que, ainda assim, nestes municípios, sejam criadas condições de melhoria das
capacidades técnicas, alocação de meios e equipamentos, bem como a formação e
capacitação do pessoal.
x
ii
i
30
Entretanto, nem sempre a presença de um elemento significa a garantia de
capacidade, mas a sua ausência vai sempre representar níveis muito baixos de
eficiência e desempenho na gestão do solo urbano.
O segundo grupo é constituído por municípios com “capacidade baixa”. Neste grupo
estão integrados 6 municípios. À semelhança daquele primeiro grupo, também neste,
a falta de pessoal especializado é uma característica comum. Mas há potencial para
mudar com programas de capacitação sistemática de médio e longo prazos. A
despeito de todos os 6 municípios possuírem sistemas de gestão de terras, todos
funcionam com severas limitações e de modo recorrente os sistemas registavam
avarias e a sua manutenção nem sempre era assegurada com os recursos dos
municípios. Os PEUs existentes nestes municípios nunca foram implementados por
falta de recursos, meios técnicos e pessoal, e em alguns casos, parece haver pouco
esforço para que os municípios, com alarguem o seu espaço fiscal e com recursos
provenientes das receitas próprias, assegurar a alocação de orçamentos para a sua x
implementação. ii
i
O terceiro grupo é constituído por municípios com “capacidade média”. Fazem parte
deste grupo 5 municípios. O seu mais importante potencial é a qualidade de pessoal
que dispõe, caracterizada por possuir qualificações e conhecimento relativamente
sólido da área que lida com matéria de gestão de solo urbano, tem beneficiado de
acções de capacitação e estão mais expostos aos desafios de melhoria do
ordenamento territorial, um problema preocupante nestes municípios.
Embora alguns municípios não tenham um PEU actual, mesmo assim, há claros sinais
de implementação de projectos de expansão, mas que tem o problema de não estarem
31
articulados com planos ambientais. Os sistemas de gestão de terras são, à semelhança
dos outros sistemas nos demais municípios, limitados do ponto de vista de
funcionalidade, e ainda não são sistemas integrados de gestão de terras. O gráfico
abaixo apresenta os agrupamentos de municípios conforme a sua qualificação no que
tange a capacidade na área de gestão de solo urbano.
x
ii
i
Resiliência climática
32
que um sistema tem de se submeter a perturbações climáticas e mesmo assim manter
as suas funções.
Os municípios localizados nas zonas costeiras apresentam níveis muito altos de riscos
provocados pelas mudanças climáticas devido à sua forte exposição a cheias, erosão,
e ciclones, sendo que alguns, pela sua localização, se encontram abaixo do nível
médio das águas do mar, tais como as Cidades da Beira e Quelimane. Na cidade de
Pemba, a subida dos níveis das águas do mar, as vastas áreas com assentamentos
humanos desordenados, associados aos graves problemas de erosão, constituem
33
fortes factores de riscos de inundações e erosão. O município de Nacala-Porto que há
alguns anos atrás era uma referência nas iniciativas de adaptação as mudanças
climáticas, actualmente enfrenta sérios problemas de erosão e a capacidade técnica
que outrora existia perdeu-se.
mudanças climáticas, entre estes, pelo menos 19,2% está a implementar algum tipo
de projecto de mudanças climáticas, que são basicamente actividades de emergência
que têm em vista reduzir os efeitos severos das cheias e erosão. A esse respeito, pode-
se adiantar que cerca de 26,9% dos 26 municípios têm algum projecto de adaptação,
ainda que muito precários e de um modo geral sem a qualidade necessária para
garantir capacidade de resiliência às cheias, ciclones, e outros fenómenos naturais.
11
Fazem parte destes municípios, Pemba, Cuamba, Ribáuè, Quelimane, Milange, e Gurúè.
34
O município da cidade da Beira é um dos que não possui um plano de adaptação as
mudanças climáticas, mas que está a implementar um projecto de emergência para a
protecção da costa usando recursos provenientes das receitas próprias. Com excepção
de Pemba, Quelimane, Nampula, e Beira, todos os outros municípios não tem pessoal
nesta área, o que agrava ainda mais as oportunidades de sucesso na implementação
de iniciativas sobre mudanças climáticas. O gráfico abaixo apresenta dados sobre
existência de pessoal, de plano de gestão de mudanças climáticas, e projectos de
adaptação. No gráfico o PGMC e PAMC são ambos determinados em termos de sua
existência ou não, onde y = 1 implica “NÃO” e y = 2 implica “SIM”. E a barra que indica
pessoal, refere-se no gráfico ao número de pessoas na área de mudanças climáticas.
x
ii
i
35
Gestão de resíduos sólidos
Do conjunto dos municípios abrangidos pelo PRODEM, cerca de 34,6% dos 26 têm
planos de gestão de resíduos sólidos 12. Em todos os municípios estão a ser
implementadas actividades de limpeza e recolha de lixo, sendo que alguns com mais
recursos e mais eficientes que outros. Os municípios não têm conseguido fazer
cobertura de todos os bairros municipais na limpeza e recolha de lixo devido a vários
factores directamente associados à problemas de capacidade técnica, financeira,
material e organizacional, bem como de problemas estruturais de ordenamento
territorial que não obedece critérios razoáveis de urbanização.
12
Os municípios que possuem planos de gestão de resíduos sólidos incluem, Pemba, Marrupa,
Nampula, Nacala, Malema, Quelimane, Gurúè, Mocuba e Maganja da Costa.
36
geral, todos municípios não possuem aterros sanitários apropriados. Os aterros
existentes actualmente são a céu aberto, e representam riscos para a saúde pública.
37
3.1.1. Desafios existentes
38
Actualmente não existe uma base técnica e tão pouco financeira que possa vir a criar
algum potencial para a emergência de iniciativas e conhecimentos que contribuam
para uma resposta adequada aos desafios das mudanças climáticas. Os municípios
enfrentam um importante paradoxo em relação às mudanças climáticas. O paradoxo
reside no problema da fraca ou quase ausência de conhecimento e clareza sobre o
significado e suas implicações sociais e económicas, e a necessidade de priorização
de acções directamente relacionadas com o fenómeno, dentro de um contexto de
outros tantos desafios que os municípios enfrentam e que em termos práticos
representam as reais prioridades para as populações.
39
matérias de gestão de resíduos sólidos que em termos gerais ainda não tem sido
eficazes.
Realizar acções de capacitação de longo prazo sobre mudanças climáticas que devem
ser alargadas a grupos ou associações comunitárias locais, e implementar em estreita
x
articulação com estes grupos comunitários iniciativas relativas a prevenção e ii
adaptação, promover actividades de educação cívica para o fortalecimento da i
40
3.1. Gestão das finanças municipais
Gestão financeira
A gestão das finanças municipais é das áreas de maior interesse por parte dos órgãos
de tutela, parceiros de desenvolvimento e cada vez mais também dos próprios órgãos
municipais. O desempenho dos municípios está em grande medida condicionado pela
capacidade, qualidade, e transparência da gestão financeira. Nesta área em particular,
os municípios têm importantes dificuldades de manter o pessoal técnico, muitas vezes
por causa do nível alto de mobilidade e falta de incentivos para retenção.
41
funcional, e a existência de uma UGEA também funcional, bem como uma cultura
organizacional que seja consistente com os procedimentos administrativos de gestão.
Actualmente, 34,5% dos municípios abrangidos pelo Programa têm uma UCI, e em
todos os 26 municípios está existe uma UGEA cujo funcionamento é também
x
questionado, devido à sua incapacidade de manter independência em relação aos
ii
interesses dentro dos órgãos municipais ou fora dela e que influenciam na i
Durante os últimos 10 anos, e por conta das iniciativas enquadradas nos programas
de desenvolvimento municipal anteriores, foram implementados projectos para a
instalação de softwares para a gestão das finanças municipais. Alguns municípios
avançaram nesse processo. Entretanto, em todos os municípios onde existe um
software de gestão financeira instalado em nenhum dos casos o sistema funciona em
pleno. A combinação de módulos de gestão de despesas e receitas constitui o
42
fundamento para uma gestão financeira integrada, mas essa não é a situação actual
nas plataformas informáticas de gestão financeira que existem.
A expectativa dos técnicos que trabalham no sector era que os softwares pudessem
facilitar a introdução de orçamento, o registo das operações relativas à receitas e
despesas, produção de balancetes e relatórios de execução do orçamento, e produção
de relatórios para alimentar a Conta de Gerência. No entanto, os sistemas não estão
habilitados a providenciar parte importante destes produtos, sendo que na maioria
dos casos estão viradas para o registo de dados sobre as receitas, e mesmo nestes
casos, em muitas das situações, sem capacidade para gerar relatórios sobre receitas
totais cobradas num determinado período por tipo de impostos e taxas.
Do conjunto dos 26 municípios, apenas 26,9% usa software de gestão financeira que,
no entanto, em nenhum dos casos incorpora todas as componentes de gestão,
nomeadamente a receita e despesas. A tabela que se segue ilustra a situação actual
dos municípios em relação ao pessoal e os instrumentos de natureza institucional e
organizacional necessários para uma melhor qualidade de gestão financeira.
43
Município UCI SGF Pessoal
Tem pessoal, existe alguma competência mas se requer mais
Nampula SIM SIM capacitação nos processos e procedimentos na elaboração de
CdG
Tem muito pessoal na área, 36, mas com problemas muito
Angoche SIM NÃO importantes de gestão nanceira. A UCI existe mas não
funciona adequadamente
Com muito pessoal, 23 funcionários, maioritariamente
Ilha de
NÃO NÃO ligados a administração com limitadas capacidades e
Moçambique
conhecimento da área
Tem 2 pessoas sem uma forte qualicação para a gestão
nanceira e a pesar da experiência estes requerem
Nacala SIM NÃO
capacitação. A UCI funciona mas com deciência e requere
igualmente ser realinhada para exercer as suas funções
Tem 11 funcionários na área, na sua maioria trabalham em
Monapo NÃO NÃO questões administra6vas. O pessoal tem experiência mas as
competências técnicas são limitadas
Ribáue NÃO NÃO Tem muito pessoal
Tem 9 técnicos na área e sem formação especíca, nem
Malema NÃO NÃO
competências de gestão de nanças públicas
Tem 24 funcionários com diferentes competências e
qualicações, a maioria na área de administração, a
Quelimane SIM SIM
capacidade técnica é rela6vamente razoável requere alguma
capacitação e um sistema de gestão consolidado
Os funcionários nesta área demonstram alguma experiência
Gurue NÃO SIM mas têm déces que requere mais capacitação e
consolidação do sistema de gestão nanceira.
Os funcionários tem razoável domínio técnico entretanto as
qualicações podem ser fortalecidas. Os sistemas manuais de
Mocuba NÃO NÃO
gestão não favorecem a ecácia e qualidade de gestão
adequadas.
Tem 5 funcionários na área e que receberam apenas uma
Milange SIM NÃO capacitação e o seu desempenho é ainda limitado devido a
não adequação do pessoal.
Tem muitos funcionários, 18 em geral sem formação e
Alto Molócue NÃO NÃO qualicações adequadas requerendo para tal acções de
capacitação
Macanja O pessoal existente não tem qualicações nem competências
NÃO NÃO x
Costa de gestão de nanças municipais
Tem algum pessoal com competências e qualicações ii
Beira SIM SIM adequadas, e o maior problema na área está relacionado com i
as despesas efectuadas vs. a despesa requerida.
Tem pouco pessoal com competências mas que requere
capacitação. A mudança constante de pessoal limita a
Dondo SIM NÃO consolidação de capacidade na área. A falta de um sistema de
gestão é um desao importante na qualidade da gestão
nanceira
Tem pouco pessoal e no geral com qualicações para
Marromeu NÃO NÃO ac6vidades meramente administra6vas e muito pouca
competência para a gestão ecaz de nanças municipais.
44
possuem uma estrutura relativamente funcional. Há uma tendência gradual, embora
lenta, de fortalecimento dos mecanismos de gestão financeira. Prevalecem alguns
problemas de capacidade por conta de limitações no número de pessoal qualificado
afecto à área, a falta de formação e/ou capacitação técnica sólida, um software de
gestão de finanças municipais com as componentes de despesas e receitas integradas
e funcional, bem como o dilema que os técnicos enfrentam de conjugação de regras e
normas nos procedimentos que se exigem no tratamento de processos relacionados
com as finanças autárquicas, com outras dinâmicas decorrentes de práticas mais
informais que vêm de pressões de fora e que têm uma importante influência no
funcionamento nesta área de finanças.
13
Vide por exemplo o Relatório das Liçoes Aprendidas do Programa de Desenvolvimento Autáquico
Julho 2011 – Junho 2014, Janeiro 2014.
45
Receitas municipais
46
Em 2015, apenas o município da Cidade da Beira conseguiu arrecadar um volume de
receitas próprias acima de 50% das receitas totais, que correspondeu em termos reais
a 53,4%. E o Município de Pemba tinha igualmente conseguido pouco mais de 50% de
receitas próprias em 2014 mas não conseguiu manter a mesma dinâmica em 2015. Os
municípios de Metangula, Marrupa, Mandimba, Mocimboa da Praia, Chiúre, Angoche,
Ilha de Moçambique, Monapo, Ribáuè, Malema, e Dondo, que correspondem a 42% do
total dos municípios cobertos pelo PRODEM, tiveram um volume de receitas próprias
igual ou abaixo de 10% do total das receitas municipais. Cerca de 19% dos municípios
registou um volume de arrecadação de receitas próprias igual ou abaixo de 20%;
fazem parte deste grupo os municípios de Lichinga, Cuamba, Mueda, Milange, e
Maganja da Costa. Os municípios de Pemba, Nampula e Gurúè tiveram um nível de
arrecadação acima de 40%. Vide o gráfico 4 sobre receitas próprias de cada
município.
x
ii
i
Fonte: PRODEM
47
relativos à transferências do Fundo de Compensação Autárquica (FCA), Fundo de
Investimento de Iniciativa Autárquica (FIIA), e do Fundo de Redução da Pobreza
Urbana (FRPU) no período 2008 a 2016, mostram um crescimento do volume do
orçamento, sem incluir outras transferências, tais como o Fundo de Estradas. A
tendência de crescimento é comum nos 26 municípios em todo o período. Entretanto,
uma atenção a subida da inflação e da subida da taxa de câmbio, decorrente da
desvalorização do Metical em relação as principais moedas de referência,
nomeadamente o dólar em 2016, aponta claramente para uma situação de queda em
quase a metade do valor real do volume das transferências directas de 2016 quando
comparadas com 2015. O gráfico que se segue mostra a tendência de crescimento
agregado das transferências do governo central para o conjunto dos 26 municípios.
x
ii
i
Execução de orçamento
48
por lei a Conta de Gerência (CdG) ser um documento de acesso público, ainda
persistem dificuldades de se garantir o seu acesso. A falta de transparência na
informação sobre orçamentos permanece um desafio. No contexto destas
dificuldades, foi possível através dos Tribunal Administrativo em Maputo obter
apenas os dados das CdG de 15 municípios. A informação obtida desta amostra de 15
municípios permite aferir o desempenho na execução do orçamento. Em termos
agregados o desempenho esteve abaixo de 80%, ou seja, 79%, portanto, abaixo do que
o programa considera ser o nível óptimo. Individualmente, pode-se notar que a
capacidade de execução oscila entre bom e moderado, havendo no entanto também
casos problemáticos de baixo desempenho.
Do universo dos 15 municípios, 53,3% tiveram bom desempenho, com níveis acima de
80% de execução, dos quais consta um caso estranho de desempenho acima de 100%,
o município de Alto de Molócuè. Os outros municípios com nível de desempenho
acima de 80% são, nomeadamente, Metangula, Mocimboa da Praia, Nacala Porto,
Monapo, Ilha de Moçambique, Angoche, e Ribáuè. Um total de 26,7% dos municípios
com um nível de execução moderado, situado na faixa entre 70% a 80%, dos quais
fazem parte os municípios de Mandimba, Pemba, Nampula, e Milange. Os 20% de
municípios com baixo nível de execução inclui todos com nível de execução abaixo de
70%, dos quais fazem parte os municípios de Cuamba, Maganja da Costa, e Gurúè. O
gráfico abaixo apresenta os dados em percentagem de execução do orçamento de
2015 que é baseado na informação nas CdG submetidos ao Tribunal Administrativo
em Maputo14 e abrange apenas 15 municípios.
x
ii
i
14
A informação sobre a execução do orçamento corresponde a apenas 15 municípios pelo facto de
serem os únicos documentos da Conta de Gerência que o Tribunal Administrativo disse ter em sua
posse. O mais provável é que os outros municípios submetam as suas Contas de Gerência aos Tribunais
Administrativos locais.
49
Gráfico 6. % de execução do orçamento em 2015 em 15 dos 26 municípios
0. Desafios existentes
De igual modo, onde estes sistemas estão instalados, tem-se o problema de que a sua
funcionalidade é parcial, cobrindo apenas uma das componentes do sistema das
operações de gestão das finanças públicas, sendo ou a componente de despesas, ou a
de receitas. Nesse sentido, a integração destas duas componentes no mesmo sistema
representa um desafio importante e uma exigência para a eficiência na gestão e um
passo crucial para a melhoria da transparência e rigor na execução dos orçamentos,
bem como a sua interligação futura ao e-Sistafe.
50
A manutenção dos sistemas que na generalidade dos municípios são deliberadamente
transferidos para a assistência externa não ajuda na consolidação dos sistemas em si
mesmos e subalterniza a sua importância, tornando-os em sistemas relativamente de
baixa apropriação por parte das entidades municipais.
51
E a nível da cobrança de taxa de lixo ou dos jogos de azar a dificuldade prevalecente
de transferência das receitas cobradas pela EDM, FIPAG ou outro sector do governo
local tem sido um grande desafio e um factor de conflito entre os municípios e os
organismos envolvidos na cobrança das taxas, e muitas vezes com pouca clareza sobre
o volume das receitas cobradas.
1. Potenciais soluções
52
Fortalecer com pessoal e equipamento as unidades de controlo interno existentes,
bem como as unidades de gestão das aquisições do Estado, garantindo-lhes uma
relativa independência no seu funcionamento e sempre que possível integrar pessoal
externo ao órgão municipal nos processos de avaliação de concursos públicos para
conferir confiança aos processos.
x
ii
3.1. Governação municipal, fiscalização e participação
i
Capacidades existentes
53
A implementação de mecanismos de governação participativa varia muito de um
município para outro, tanto em termos de dinamismo, intensidade, e regularidade,
bem como no que tange a institucionalização e na configuração dos mecanismos de
consulta e participação. Um aspecto que perpassa todos os municípios quando se
trata deste assunto é que todos reclamam a existência de algum mecanismo de
participação.
Por exemplo, em cidades como Nampula, Beira e Quelimane, que passaram a ser
governadas por um partido da oposição, as autoridades comunitárias que existiam x
foram substituídas por outras da confiança do novo partido no governo municipal. O ii
i
processo de escolha das novas lideranças foi feito na base de um processo de selecção
e eleição conduzido pelos órgãos dos conselhos municipais. Esta é uma prática
potencialmente geradora de conflitos comunitários, entretanto, funciona igualmente
como estratégia de salvaguarda da implementação com sucesso dos programas
municipais a nível comunitário. O problema maior reside no modelo de sistema que
define a criação das autoridades comunitárias e dos conselhos consultivos que é
muito vinculado a dinâmicas partidárias. Um outro aspecto que é comum pelo menos
a nível dos municípios das capitais provinciais, é que os conselhos consultivos criados
não estão engajados na planificação e orçamentação dos planos municipais. O seu
54
envolvimento é mais forte na aprovação dos fundos alocados no âmbito do Programa
Estratégico de Redução da Pobreza Urbana (PERPU).
55
municipal que visava estabelecer os alicerces para a implementação de programas de
auditoria social no âmbito do MuniSAM. A tabela abaixo apresenta o mapa de
iniciativas de auditoria social e audições públicas realizadas em alguns municípios no
âmbito do Programa MuniSAM.
56
iniciativas do SAMcom no âmbito do Programa MuniSAM promovidas pela Concern
Universal, e outras iniciativas de outras organizações da sociedade civil.
No âmbito do OP os dados do inquérito referem que 19,2% dos municípios que estão
a implementar o Orçamento Participativo (estão incluídos neste grupo os municípios
de Metangula, Marrupa, Mandimba, Nampula e Quelimane), na realidade, alguns
destes municípios falta-lhes compreensão sobre o que é o Orçamento Participativo e
neste sentido acabam por reclamar para si a implementação do OP só pelo facto delas
se envolverem em consultas as comunidades sobre suas necessidades no âmbito do
processo de planificação das actividades anuais.
57
Gráfico 7. Caracterização da situação em relação a governação participativa
Em todos os municípios existe uma preocupação das bancadas que apoiam o governo
municipal de agir rigorosamente em defesa desse governo e muitas vezes sacrificando
questões fundamentais que afectam os seus eleitores. A qualidade de debate nesse
58
sentido é fraca; não só por causa do problema de alinhamento político partidário, mas
também devido ao fraco domínio dos assuntos.
0. Desafios existentes
Esta situação acaba por condicionar a participação mais activa dos CLs na planificação
e orçamentação, bem como na monitoria dos planos de desenvolvimento municipal.
No âmbito do papel previsto para os CLs, eles deveriam ser actores relevantes na
planificação para desse modo fazer passar as demandas comunitárias para a agenda
de desenvolvimento municipal. O que ocorre actualmemente é o procedimento
inverso, ou seja, a partir da oferta pelos órgãos municipais das iniciativas por elas
determinadas, aos CLs é solicitada a confirmação para apenas garantir a sua
legitimação. Na prática a planificação e orçamento tem sido de forma recorrente x
ii
produto de um exercício dos técnicos municipais.
i
59
1. Potenciais soluções
x
3.1. Bem-estar e qualidade de serviços ii
i
Qualidade de vida e bem-estar
60
mencionam a utilização de métodos quantitativos que depois foram relegados por
razões relacionados com a instabilidade política no país e o custo associado a
administração de um inquérito por questionário aos agregados familiares conforme
tinha sido a proposta da equipa de consultoria. Com esta mudança ficou acordado a
realização de um estudo qualitativo onde para uma amostra de pelo menos 8
municípios a qualidade de vida e bem- estar seria avaliada utilizando grupos focais
para obter apenas informação qualitativa, conjugando a informação quantitativa a
extrair dos relatórios sobre pobreza produzidos pelo INE.
61
referência, o que originou um forte aumento do custo dos produtos alimentares e de
outros bens. A situação degradou-se ainda mais nos últimos meses, na sequência da
decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de suspender a assistência ao país
por conta da descoberta de dívidas não declaradas, ao que se seguiu também a
suspensão pelos parceiros de desenvolvimento em dar assistência financeira ao país,
nomeadamente o apoio directo ao orçamento. As consequências dessas medidas
vieram agravar profundamente a situação económica e social do país, que aliada a
instabilidade político-militar tornaram ainda mais precárias as condições de vida das
populações.
62
sobretudo naqueles representados por grandes assentamentos populacionais em
zonas de alto risco de vulnerabilidade à cheias e erosão, representam um grande
problema para a qualidade de vida, e denunciam a fraca qualidade de serviços
providos pelos governos municipais.
O quarto relatório de avaliação sobre a pobreza lançado este ano pelo Ministério de
Economia e Finanças,16 apresenta uma situação adversa de pobreza, que é
consideravelmente preocupante para as províncias do Norte de Moçambique. Os
dados apresentados no relatório indicam que a situação de pobreza aumentou em
cerca de 10% na região Norte de Moçambique, tendo passado de 45,1% em 2008/09
para 55,1% em 2014/15, contrariamente a situação no Centro e Sul onde se registou
melhoria da situação de pobreza em cerca de 10,8% e 18% respectivamente. A
província de Niassa registou um aumento severo da pobreza. Ela saiu de 33,0% em
2008/09 para 60,6% em 2014/15. Nas províncias de Nampula e Cabo Delgado a
pobreza não reduziu, pelo contrário aumentou embora numa proporção menor
quando comparado com Niassa, onde em Nampula a pobreza aumentou em 5,7% e
Cabo Delgado 5,8%. As únicas províncias com municípios abrangidos pelo Programa e
que tiveram redução da pobreza são a província da Zambézia e Sofala, onde a pobreza
reduziu de 67,3% para 56,5% e de 54,4% para 44,2% respectivamente.
De acordo com os resultados dos grupos focais, cerca de 37,5% das comunidades x
ii
consultadas nos 8 municípios indicaram que a qualidade de serviços prestados pelos
i
municípios nas áreas de limpeza e remoção de resíduos sólidos, ordenamento
territorial, os acessos aos bairros e a qualidade das estradas, bem como o saneamento
do meio, tinham melhorado quando comparado com o período de há dois anos atrás.
Esta situação se verificou nos municípios de Nampula, Dondo e Quelimane. E em
apenas um município, o da Cidade de Pemba, a consulta junto dos grupos focais
indicou que houve melhorias nos últimos anos, entretanto, as condições mudaram
devido ao problema de desemprego associado à saída das empresas que estavam ao
16
MEF (2016) Pobreza e bem-estar em Moçambique: quarta avaliação nacional de pobreza. IOF
2014/15.
63
serviço das multinacionais do sector energético durante a fase de exploração de
hidrocarbonetos, bem como por causa dos efeitos das chuvas que destruíram várias
habitações e tornaram os acessos aos bairros localizados em zonas de risco muito
problemáticos.
0. Potenciais soluções
• Criação de emprego;
64
• Coordenação e maior integração das iniciativas de intervenção.
entender o problema e de como lidar com ele, num quadro de uma complexidade de
tantos outros problemas que os municípios enfrentam. Neste sentido, o engajamento
das comunidades nas acções que visam, por um lado, informar sobre os problemas
das mudanças climáticas, e por outro, das implicações que elas têm na vida das
populações e os mecanismos de adaptação só poderão resultar com a integração de
esforços entre os municípios, mas também com os governos locais e central, o sector
privado e os parceiros de desenvolvimento.
65
3.1. Quadro geral da avaliação dos indicadores do programa
O quadro lógico do SOLF estabelece que alguns indicadores do pilar I serão medidos
pelo estudo de Avaliação de Meio Termo (MTR) que deverá decorrer possivelmente
em 2017, excluindo a sua avaliação no âmbito do estudo de base. Entretanto, houve
algum esforço da equipa de consultoria para que mesmo nessa condição pudesse
fornecer alguma informação no estudo de base também para esses indicadores. A
falta de um quadro de clarificação e detalhamento do que se pretende medir nos x
indicadores do SOLF, sobretudo naqueles que sugerem interpretações dúbias ii
i
representou uma importante falha porque abre campo para potenciais lacunas na
compreensão da situação que se pretende entender na expressão dos indicadores. e
muita ambiguidade, por exemplo os indicadores 2, 4, 5, 7, 10 todos do SOLF são
ambíguos e a despeito da equipa de consultoria ter requerido clarificação e solicitado
detalhes adicionais de clarificação e possível reformulação, entretanto não foi
ultrapassada esta situação. Além de ambíguos, estes indicadores também misturam
diferentes assuntos no mesmo indicador o que torna os indicadores complexos, de
difícil medição, e dúbios.
17
Indicadores no documento draft final do SOLF - Final Draft, 22 June 2016.
66
Em relação ao indicador 1 que foca sobre desenvolvimento positivo do bem-estar dos
cidadãos e que a base de avaliação são os resultados de bem-estar produzidos pelo
INE conforme estabelecido no próprio quadro de indicadores de monitoria (SOLF), o
maior desafio é de ordem metodológica, no sentido em que o município não é unidade
de avaliação para questões de pobreza e bem-estar por parte do INE. Os inquéritos
aos agregados familiares tomam como unidade de análise o distrito, bem como
também se considera a Província. Os municípios não são necessariamente territórios
coincidentes com o distrito. E a tentativa de extrapolar dados do distrito para o
município não é metodologicamente correcta. A saída para isto seria realizar um
inquérito aos agregados familiares na área municipal para se ter uma informação
consistente em relação ao bem-estar a esse nível. Para este indicador o estudo
recorreu à entrevistas a grupos focais por motivos de parcimónia em relação a
recursos e potenciais riscos políticos num contexto de instabilidade política cada vez
mais preocupante, conforme foi explicado antes neste mesmo documento.
Para medir a capacidade actual dos 26 municípios foram definidos alguns parâmetros
importantes que permitem dar alguma indicação da situação. Estes parâmetros foram
depois conjugados com dados de natureza qualitativa, ao qual se adiciona a
informação sobre capacidade técnica avaliada em termos de disponibilidade de
pessoal competente nas áreas chave, nomeadamente: (i) Solo urbano; (ii) Mudanças
climáticas; (iii) Resíduos sólidos; e (iv) Gestão financeira. O gráfico abaixo apresenta
os resultados agregados dos 26 municípios em relação aos instrumentos necessários
considerados, embora não suficientes, para o fortalecimento de capacidade.
x
Os instrumentos incluem: Unidade de controlo interno (UCI); Software de gestão ii
i
financeira (SIGF); Cadastro informático de terras (CIT); Plano de gestão de solos
(PGS) Projecto de Gestão de mudanças climáticas (ProjMC); Plano de mudanças
climáticas (PMC); Plano de gestão de resíduos sólidos (PGRS); Mecanismos de
governação participativa (MGP); Orçamento participativo (OP); e Monitoria de
serviços (MS). Abaixo o gráfico com os resultados agregados sobre a existência ou não
de cada um dos instrumentos.
67
Gráfico 8. % de municípios com os elementos de capacidade estabelecidos
68
da equipa de consultoria das questões associadas a cada um daqueles indicadores e,
desse modo, poder partilhar alguns pontos de vista relacionados com àqueles
indicadores, na sequência dos resultados do estudo de base.
69
No. Indicador Target Situação actual
integração completa das componentes de
urbanização e o cadastro de terras
colocando desse modo sérios problemas de
eficiência na gestão do solo urbano.
Apenas 23,1% (6) municípios possuem
planos gestão de mudanças climáticas, dos
quais apenas 2 (Pemba e Quelimane) que
representam 7,7% dos 26 municípios têm
algum potencial de vir a implementar os
respectivos planos de adaptação por causa
do apoio que recebem da USAID e são os
únicos entre o que possuem planos de
gestão de mudanças climáticas os únicos
com projectos de adaptação a mudanças
climáticas, os outros somente têm os
planos mas nenhum projecto em concreto.
Entre os municípios que não possuem
plano de mudanças climáticas, pelo menos
19,2% (5) estão a implementar algum tipo
de projectos de mudanças climáticas que
são basicamente acções de emergência
contra erosão.
06 Mecanismos comuns de Até ao fim de 2017, Do total dos municípios abrangidos pelo
participação pelo menos 16 programa, 84% (22) dos municípios tem
estabelecidos e a municípios usam algum tipo de mecanismo de participação
funcionar normalmente mecanismos de estabelecidos. Os mecanismos comuns em
participação quase todos os municípios estão associados
aos chamados conselhos consultivos, sendo
que o seu papel está apenas limitado à
consulta muito depende da iniciativa dos
governos municipais e em geral esses
mecanismos não funcionam
adequadamente.
07 * No. de planos de 2-3 modelos de Os planos de desenvolvimento urbano bem
desenvolvimento planos de adaptação como de adaptação local onde eles existem
urbano e de adaptação desenvolvidos. foram concebidos sem o envolvimento da
local que, a) incluem Até finais de 2017, sociedade civil, e relativamente às
analises de riscos sobre pelo menos 25 mudanças climáticas apenas em 2
mudanças climáticas; projectos de municípios (Pemba e Quelimane) os
b) apresentam de forma adaptação planos tiveram uma forte atenção aos x
sistemática as concluídos com principais focos e factores de riscos de ii
preocupações da sucesso /avaliação mudanças climáticas. (Tanto na cidade de i
sociedade civil com base no MTR/ Pemba como em Quelimane não houve
indicação de modelos de planos, mas sim a
existência de plano de adaptação).
08* No. de projectos Até finais de 2017 Pelo menos 38,5% (10) dos 26 municípios
estratégicos de gestão 25 projectos têm planos de gestão de resíduos sólidos.
de resíduos sólidos e concluídos com No entanto, todos os 26 municípios
para adaptação a sucesso /avaliação providenciam serviços de limpeza e recolha
mudanças climáticas com base no MTR/ de lixo que são as únicas actividades que
concluídos com o realizam nesta área, sendo que alguns com
envolvimento de mais recursos e mais eficientes que outros,
parceiros mas em nenhum dos casos existe cobertura
total dos bairros municipais na limpeza e
recolha de resíduos sólidos, e nenhum caso
de tratamento e reciclagem, bem como não
existem aterros sanitários em nenhum dos
municípios, sendo que alguns enfrentam
70
No. Indicador Target Situação actual
problemas no que tange a espaços para
depósito de lixo.
Apenas em 2 municípios (Quelimane e
Pemba) foram desenvolvidos projectos de
adaptação à mudanças climáticas com
envolvimento de parceiros, tal é o caso de
Pemba e Quelimane no âmbito de um
projecto sobre mudanças climáticas em
cidades costeiras, apoiado pela USAID.
09* No. de municípios mais Até finais de 2017 Em termos de eficiência e eficácia na gestão
eficientes e eficazes na pelo menos 8 das finanças municipais, pelo menos 19%
gestão das finanças municípios são mais (5) do universo dos municípios cobertos
eficientes pelo PRODEM possuem uma estrutura
/avaliação com base relativamente funcional e com tendências
no MTR/ para o fortalecimento e consolidação mas
que ainda assim requerem mais capacidade
técnica, mais formação e uma estrutura de
gestão de finanças municipais
informatizada e redução de influências
externas nas decisões administrativo-
financeiras.
10 Envolvimento da Até finais de 2017 Os conselhos consultivos são os
sociedade civil e dos pelo menos 16 mecanismos de consulta e participação
cidadãos na municípios tem estabelecidos e têm um papel
planificação e melhorado essencialmente limitado à consultas e que
orçamentação qualitativamente o depende da iniciativa dos governos
municipal envolvimento dos municipais. A qualidade de funcionamento
cidadãos na é fraca. Tendencialmente são usados para
planificação e forjar legitimação de decisões diante da
orçamentação anual opinião pública ou de fortalecer apoio
político. Estes mecanismos não têm
influência sobre a planificação e
orçamentação municipal. Os programas
alternativos de participação da iniciativa de
organizações da sociedade civil, tais como o
MuniSAM, SamCom, e Diálogo, tem de
longe muito mais valor na dinâmica de
participação dos cidadãos porque tem
potencial para produzir efeitos sobre as
escolhas de políticas e permitem um x
diálogo mais estruturado e que permite ii
maior proximidade, pelo menos a nível de i
diálogo sobre serviços, das autoridades
municipais aos cidadãos. A iniciativa do
orçamento participativo que é um bom
exemplo no âmbito da governação
municipal participativa que ocorre
actualmente em apenas 2 municípios não é
representativa do processo de planificação
e orçamentação anual dos municípios.
71
4. O PAPEL DA ANAMM
72
anual com os municípios, passou actualmente para dois encontros anuais, um dos
quais da iniciativa da ANAMM. Muito recentemente, a ANAMM impulsionou mudanças
em torno de uma prática antiga de resistência por parte das empresas participadas
pelo Estado localizadas no território municipal de pagar impostos. A dúbia
interpretação de legislação pelas empresas e limitada capacidade na ANAMM
condicionaram a perda de grandes volumes de receitas durante anos, mas que nos
últimos dois anos, começa a se verificar mudanças que tendem a beneficiar os
municípios.
73
fundamentalmente de confrontação e em alguns casos de certa conflitualidade com o
governo. É disto que resulta a dúvida entre os seus membros sobre o papel da
ANAMM, sua relevância na esfera do diálogo e o potencial contributo que ela pode dar
em torno das mudanças no quadro nacional que afecta o desempenho dos municípios.
O défice de capacidade que a associação enfrenta requere que ela seja estruturada de
tal modo que possa ser capaz de mobilizar recursos através de contribuições
regulares de seus membros, bem como através dos parceiros, para deste modo
investir na capacitação e na alocação de pessoal qualificado e com domínio sobre
políticas e legislação sobre sistema fiscal autárquico; terras e ambiente;
descentralização e gestão de finanças municipais; e desenvolvimento local, uma vez
que um profundo domínio sobre estes assuntos vai significar melhor qualidade de x
ii
diálogo e advocacia a favor da defesa dos interesses de seus membros.
i
74
5. CONCLUSÃO
A experiência das autarquias locais que vem desde 1998 esteve sempre marcada pela
ideia de estabelecimento de um modelo de governação que esteja cada mais próximo
dos cidadãos, no qual o processo de tomada de decisões sobre a gestão do bem
público, a provisão de serviços básicos e o desenvolvimento local, ocorrem com um
amplo envolvimento das comunidades locais.
75
Adicionalmente, a precariedade na organização dos assentamentos aumenta a já fraca
ou quase ausente capacidade de resiliência em relação aos problemas decorrentes das
mudanças climáticas, onde as cheias ou inundações, ciclones, erosão de solos e etc.
representam uma permanente ameaça ao bem-estar das populações, perante
governos municipais e comunidades inexperientes e com pouco conhecimento sobre
o fenómeno.
x
ii
i
76
Documentos consultados
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inclusive development”.
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de Cabo Delgado 2007-2040
INE. Projecções Anuais da População Total, Urbana e Rural, dos Distritos da Província
de Niassa 2007-2040
INE. Projecções Anuais da População Total, Urbana e Rural, dos Distritos da Província
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um-municipio-estagnado
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os-primeiros-passos-de-um-municipio ii
i
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marrupa-a-pacata-vila-municipal
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metangula-um-municipio-a-merce-do-comercio-informal
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mentalidade-ainda-colonizada
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http://www.verdade.co.mz/mulher/39728-montepuez-num-emaranhado-de-
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o-municipio-que-nasceu-dinamico.html publicado em 2015
x
ii
i
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ANEXOS
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