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Feliciano Lucas Pedro Feliciano

Factores de ocupação de áreas pantanosas para fins habitacionais e os seus efeitos


socioambientais: estudo baseado no bairro de Matunda 2020 - 2023

Factores de ocupação de áreas pantanosas para fins de implantação de residências e os


seus efeitos socioambientais: estudo baseado no bairro de Tsesani 2020-2023.

Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário com Habilitações em


Ecoturismo

Universidade Rovuma
Montepuez
2023
Feliciano Lucas Pedro Feliciano

Factores de ocupação de áreas pantanosas para fins de implantação de residências e os


seus impactos socioambientais: estudo baseado no bairro de Tsesani 2020-2023.

Projecto de pesquisa para fim de


elaboração de monografia, curso de
Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Comunitário com
Habilitações em Ecoturismo, 4º
ano.

Supervisor: M.Sc Fernando Rafael Meta


Paulo

Universidade Rovuma
Montepuez
2023
Introdução

O presente estudo versa analisar os factores de ocupação de áreas pantanosas para fins de
implantação de residências e mostrar os seus impactos socioambientais no bairro de Tsesani.

(eduufgd,+Art+3-+Rodrigo+Camacho) O rápido e intenso processo de crescimento espacial e


populacional das médias e grandes cidades brasileiras tem atraído os interesses de uma classe
económica dominante. Nesse contexto, dentre as diversas formas de reprodução do capital
sobre o solo urbano, o processo de verticalização tem sido uma das características mais
marcantes e significativas da cidade capitalista, fazendo parte dos interesses de seus agentes e
sendo percebida pelo crescimento quantitativo e espacial que acaba alterando a paisagem
urbana e a forma de morar do cidadão (TÖWS; MENDES, 2011).
1. Tema

Factores de ocupação de áreas pantanosas para fins habitacionais e os seus efeitos


socioambientais: estudo baseado no Município de Montepuez bairro de Tsesani (2020-2023).

1.1. Delimitação do tema

A presente pesquisa será feita no Município de Montepuez bairro de Tsesani, num


período de quatro anos, concretamente analisando os anos (2020-2023). Nessa lógica,
constitui objecto de estudo os Factores de ocupação das áreas pantanosas.

1.2. Problematização

Observa-se principalmente nas cidades a crescente demanda por recursos naturais e


espaço físico, com isso, áreas que deveriam servir como suporte à preservação ambiental
como as margens de córregos e rios, passam a ser ocupadas de forma desordenada e sem
planeamento.

A forma de urbanização das cidades ocorre então, desconsiderando os factores


ambientais e seus condicionantes. Desencadeando uma série de problemas, tanto pela forma
de ocupação (tecnologias e infra-estrutura) quanto pela ocupação em áreas de fragilidade
ambiental, (Lima, 2018).

O facto de as cidades tendencialmente apresentarem melhores condições em infra-


estruturas sociais e oferta de oportunidades de emprego explica a concentração de pessoas nas
zonas urbanas (Cumbane, 2015, p.1). Portanto, a quantidade limitada de terras disponíveis nos
centros das zonas urbanas dá origem frequentemente a ocupação de diversas áreas
inapropriadas para a habitação.

Porém, a oferta limitada de terra, o alto custo de vida e a falta de políticas efectivas de
ordenamento territorial e de habitação para responder ao crescimento populacional resultam,
amiúde, no surgimento de bairros assolados pela pobreza urbana, com infra-estruturas
predominantemente precárias e com uma grande densidade populacional.

Na cidade de Montepuez, no bairro de Matunda em particular, com diversas


evidências dos impactos de ocupação desordenada ou nas áreas inapropriadas para habitação,
constatou-se o mal uso e ocupação do solo, partindo do pressuposto de que as formas de
ocupação de um espaço geográfico devem obedecer ao um dos princípios que é a equidade,
isto é.

Entretanto, esta forma de ocupação do espaço geográfico não só origina impactos


ambientais como o caso da erosão, menor infiltração da água no subsolo e o seu escoamento
suterrâneo, mas também pode ocasionar problemas sociais Bloqueio de vias de acesso, a má
deposição dos resíduos sólidos, com destaque para a questão do lixo.

1.3. Justificativa

No que tange, as motivações que contribuíram para a realização do estudo em alusão,


dizer que a ousadia da escolha do tema: Factores de ocupação de áreas pantanosas para fins
habitacionais e os seus efeitos socioambientais: estudo baseado no Município de Montepuez
bairro de Tsesani (2020-2023) parte de três motivações: pessoal, social, académica e política.

Na motivação pessoal, surge fundamentalmente pelas constatações tidas pelo autor


sobre a vulnerabilidade no que concerne a ocupação de áreas pantanosas para fins
habitacionais no bairro de Matunda Município de Montepuez.

Ao passo que na motivação social, acha-se relevante a chamada de atenção da


sociedade em geral, e das comunidades em particular, da forma que vem sendo ocupado as
diversas áreas não dignas para fins habitacionais de modo a prevenir os impactos que advêm
da prática desse acto. Outrora, pelo facto do pesquisador fazer parte da sociedade e por ser um
ex residente do bairro em alusão, ao longo do tempo em que residiu ficou indignado pelo
facto de se deparar com uma situação desagradável referente a ocupação.

Além da motivação pessoal, a outra motivação é a académica, uma visão inspirada


pelos conteúdos abordados na disciplina de Planificação Regional de Uso da Terra. Alem
disso, por se constatar que a modificação nos padrões de uso e ocupação da terra tem
despertado interesse, dentro e fora do meio científico, devido ao acelerado processo de
mudança das últimas décadas e aos possíveis impactos ambientais e socioeconômicos dessas
mudanças, que causam preocupações desde o nível local até o global.

Para a motivação Política, são poucos relatos, ou de outro modo inexistente da boa
implementação dos instrumentos legais, sobre tudo de ordenamento territorial, na intervenção
das ocupações para fins habitacionais nas zonas pantanosas em Moçambique, facto que
constitui uma brecha à condução da presente pesquisa. Portanto, este estudo poderá resultar
em um dispositivo de sensibilização das comunidades sobre a pertinência dos Instrumentos de
ordenamento territorial autárquico de modo a facilitarem e/ou colaborarem para a
implementação destes instrumentos.

É nessa vertente que descende a presente pesquisa de estudo visando analisar os


factores de ocupação das áreas pantanosas para fins habitacionais, a realização deste estudo
tornar-se-á relevante na medida em que poderá contribuir para o desenvolvimento de boas
práticas de gestão do solo autárquico, referente a questão de ocupação de áreas pantanosas
para fins habitacionais no Município de Montepuez, bairro de Matunda.

1.4. Definição de Objectivos do estudo

Objectivo geral

 Analisar os factores de ocupação de áreas pantanosas para fins habitacionais e os seus


impactos socioambientais.

Objectivos específicos

 Identificar os problemas inerentes à ocupação de pantanosas para fins habitacionais;


 Identificar os factores inerentes à ocupação de áreas pantanosas para fins
habitacionais;
 Verificar o nível de conformidade legal dos usos e ocupações do solo;
 Descrever os impactos socioambientais da ocupação de áreas pantanosas para fins
habitacionais;
 Propor medidas de mitigação de ocupação de áreas pantanosas para fins habitacionais.
1.5. Hipóteses

H1: A falta de conhecimento das normas de uso do solo promove o uso e ocupação das áreas
pantanosas no Município de Montepuez.

H1: A aproximação do centro da cidade pode ser um dos factores que leva as pessoas a
implantar as suas residências na área de risco.

H2: A publicação dos principais instrumentos legais de ordenamento territorial poderá levar
aos munícipes na boa gestão do solo autárquico no Município de Montepuez.

2. Quadro conceitual
2.1. Definição de conceitos
2.1.1. Factores

Portanto, factores são elementos ou variáveis que contribuem para o surgimento de um


resultado ou evento, processo ou fenómeno. Podem ser causas, condições ou componentes
que desempenham um papel na determinação de algo. Por outra, podem ser entendidos como
elementos ou circunstancias que influenciam ou contribuem para algo.

2.1.2. Ocupação

Segundo a Lei De Terras Lei Nº 19/97 De 1 De Outubro, define ocupação como forma
de aquisição de direito de uso e aproveitamento da terra por pessoas singulares nacionais que,
de boa fé, estejam a utilizar a terra há pelo menos dez anos, ou pelas comunidades locais.

Entretanto, a ocupação pode se referir à acção de ocupar ou habitar um determinado


espaço físico, com uma área geográfica, um edifício ou uma terra, seja para fins residenciais,
comerciais, industriais, entre outros.

2.1.3. Área pantanosa

Uma área pantanosa é uma região caracterizada por terrenos húmidos e pantanosos,
onde há uma acumulação de água e uma abundância de vegetação aquática.

Quadro teórico

2.1.4. Ocupação desordenada do espaço geográfico

A ocupação desordenada é resultante da ocorrência de uma conjunção de diversos


factores como a falta de fiscalização por parte das autoridades públicas, que por negligência
agem somente após a ocorrência de acidentes com perdas de vidas humanas, (Nacueche,
2018).

De acordo com Bezerra & Fernandes (2000) apud Maúte (2022), consideram que,
Os problemas urbanos são ocasionados por crescimento desordenado, e por
vezes, fisicamente concentrado; pela ausência ou carência de planeamento;
pela demanda não atendida por recursos e serviços; pelas agressões ao meio
ambiente, por desenvolvimento em forma de eixos acentuando cada vez mais
as concentrações urbanas, reforçando os desequilíbrios das cidades, e
agredindo em grande escala o meio ambiente, (Bezerra & Fernandes, 2000).

A ocupação desordenada do epaço geográfico ocorre quando há uma utilização


desordenada e não planeada do território, resultando em construções irregulares, falta de
infra-estruturas adequadas, degradação ambiental e problemas sociais.

2.1.5. Factores de ocupação das áreas pantanosas

O uso da terra relaciona-se a factores económicos e provoca transformações nos


factores naturais, que se transformam e provocam consequências naturais: erosão, enchentes,
inundações, secas, perdas de moradias e mortes, entre outros, interferindo directa e
indirectamente nos factores sociais, (Rodrigues, Viegas & Feitosa, s/d).

Na visão do Brito, Barros e Silva (2014), o crescimento populacional é um factor que


provoca mudanças na dinâmica de uma cidade, o que necessita de uma infra-estrutura para
suprir as necessidades da densidade populacional vigente, visto que a demanda e a procura
pelos serviços essenciais como saúde, educação, segurança, moradia também aumentam.

A ocupação do solo em áreas indevidas é uma prática comum nas cidades


Moçambicanas, ocasionada principalmente pelo acelerado crescimento populacional e
utilização de áreas consideradas impróprias à moradia pelo processo intenso de urbanização,
causando desequilíbrio ambiental no espaço urbano.

Na visão de Nacueche (2018), Os factores da ocupação desordenada de espaço soa: o


Êxodo rural; a falta de fiscalização/ sensibilização; maior procura de espaço para construção e
ignorância das normas pela população.

Fiscalização ineficiente e insuficiente; Oportunismo e especulação; Não implementação das


políticas públicas (habitacional).

 Êxodo Rural:

Segundo Campos e Branco (2021), o processo do êxodo rural, pode ser entendido
como o deslocamento das pessoas que residiam no campo, para as cidades. Este processo
ocorreu deste a antiguidade, com o início da história dos povos.
Na visão do Lima (2015), considera que o êxodo é ocasionado devido a vários
factores, que podem ser de ordem sociais, económicas, culturais, políticos e ambientais,
factores estes que interferem a qualidade de vida humana.

De acordo com Camarano e Abramovay (1999) Apud Lima (2015), o processo de


esvaziamento da população rural pode ser respondido pelos movimentos migratórios, uma vez
que as pessoas deixam o meio rural em busca de uma melhor condição de vida.

O processo de mudança de pessoas do meio rural para o meio urbano é conhecido


como migração rural-urbana, podendo ocorrer à mudança de algumas pessoas, grupos ou até
povos, devido a várias motivações, que podem ser de natureza voluntária ou não (SANTOS et
al., 2009 Apud Lima, 2015).

Portanto, o êxodo Rural é um processo migratório que consiste no movimento


populacional que se dirige do campo para cidade, modificando assim o tamanho e a
composição das populações de distribuição por sexo, idade e força de trabalho. Esse processo
é selectivo porque afecta indivíduos possuidores de determinadas características sociais,
económicas, educacionais e até ambientais. Com isso, as pessoas que não tem condições
financeiras para adquirir terreno num espaço digno para habitação, passam a morar em locais
mais afastados, ou até mesmo invadindo locais inapropriados, como áreas pantanosas, áreas
de preservação e campos.

 Falta/fraca de Fiscalização

De acordo com Alves (2018), é notório que a ocupação desordenada é uma das
consequências da junção de inúmeros factores, como por exemplo, as faltas de fiscalização de
autoridades públicas, que, negligenciando tal fato, agem apenas posteriormente à ocorrência
de acidentes com várias perdas.

A não fiscalização planeada e adequada dos espaços físicos, origina a um fraco


diagnóstico completo dos vazios urbanos e imediato agir dos órgãos públicos para que tão
logo se tome conhecimento do parcelamento inadequado e ocupação do solo. De acordo com
Maúte 2022, a fiscalização tradicional é realizada por agentes fiscais que percorrem a
cidade, identificando regiões de conflitos, e é fundamental que nas regiões de risco a
população que vive o problema passe a actuar como agentes de controlo da ocupação.
 Aproximação do centro da cidade

 Maior Procura de Espaço para construção


 Crescimento populacional

O crescimento populacional é um fenómeno demográfico que consiste no aumento do numero


absoluto de pessoas que habitam uma determinada área.

O crescimento populacional, associado à falta de moradia, é um dos principais factores que


leva a ocupação desordenada do solo nos grandes centros urbanos. Essa ocupação, que
independe de classe social, causa preocupação adicional quando ocorre em áreas naturalmente
de risco.

A ocupação urbana desordenada observa-se que houve um grande crescimento populacional


nas cidades durante os últimos anos, e isso é preocupante, pois grande parte das pessoas que
vão para as cidades, acabam ocupando locais de forma desordenada, causando assim
problemas organizacionais e impactos ambientais nos centros urbanos.

O crescimento populacional está directamente relacionado ao aumento da taxa de natalidade e


a diminuição das migrações nos centros urbanos. E devido a isso, as cidades estão ficando
superlotadas e a população tem enfrentam diversos problemas socioambientais.

 Ignorância das normas:

 Condições socioeconómicas

É natural que as pessoas com menor poder aquisitivo se instalem em regiões que não auferem
condições suficientes para a habitação e se instalem sem organização.

 Procura de novas oportunidades

Geralmente, um dos principais motivos que levam as pessoas a migrarem para os centros
urbanos é a procura de novas oportunidades de vida. Mas em muitos casos, devido a falta de
espaço e de oportunidade, há pessoas que fazem ocupações desregulares nas cidades,
causando diversos prejuízos ambientais.

2.1.6. Impactos socioambientais da ocupação de áreas pantanosas

Os impactos provocados pela ocupação indevida em áreas de interesse ambiental


podem resultar em diferentes tipos de problemas, tanto na questão natural quanto na social,
(Barbosa e Furrier, 2013).

Em um planeta que se torna todos os dias mais urbanizado, e nas regiões mais
pobres o processo de ocupação se torna ainda mais acelerado, grande parte dos
impactos ambientais mais significativos vem sendo gerado nas cidades.
Especialmente em países que estão se desenvolvendo, a urbanização vem
sendo associada a mais degradação ambiental e social (JATOBÁ, 2011 Apud
Campos e Branco, 2021).

Segundo Cardoso (2013) Apud Maúte (2022), devido a ocupação desordenada de


espaços urbanos e acelerado crescimento, observa-se acúmulo de lixo nos rios, enchentes,
poluição das águas, deficiência de sistemas de esgotos sanitários, processo de desmatamento,
ocupação de encostas, favelização e deslizamentos.

a) Impactos sociais

É comum acontecer diversas tragédias em consequências de ocupações desordenadas e


irregulares dentro dos espaços urbanos, como o descaso e a omissão de órgãos responsáveis
pela fiscalização, bem como a falta de consciencialização das próprias vítimas, (Alves, 2018).

Tais consequências sociais se dividem em áreas de segurança pública, saúde


pública, transportes públicos, defesa civil, bem como a provisão de serviços
públicos, estendendo não somente à população residente, como também a toda
população, lembrando-se dos possíveis fenómenos, como por exemplo, a
contaminação e/ou o assoreamento de recursos hídricos e a disseminação de
inúmeras doenças contagiosas, (Alves, 2018).

Portanto, os diversos factores que originam a ocupação das áreas pantanosas, causam
diversos impactos sociais, como por exemplo, a desarticulação do sistema viário, dificultando
o acesso da própria população a linhas de ônibus, a ambulâncias, a viaturas policiais, bem
como caminhões de colecta de lixo, criando assim bairros propensos à erosão e a
alagamentos, a assoreamento de rios, a falta de espaços públicos para implantação de
equipamentos de saúde, lazer, educação e/ou segurança, comprometendo os mananciais de
abastecimento de água e/ou de lençóis freáticos, ligações clandestinas de energia eléctrica,
podendo causar incêndios, etc.

b) Impacto Ambiental

Segundo NETO COELHO (2001) Apud Campos e Branco (2021), considera que,
Com o grande aumento populacional, e o crescimento das cidades sem
o devido planeamento urbano, as perdas ambientais vem acontecendo
nas últimas décadas, que são: destruição e contaminação de nascentes,
a extinção de espécies de animais geradas através da ocupação
irregular de lugares, sendo destruídos o habitat natural da fauna,
ocasionando desta forma outros problemas, como: erosão,
alagamentos e alterações climáticas. (NETO COELHO, 2001 Apud
Campos e Branco, 2021).
A crescente demanda por recursos naturais e espaço físico, com isso, áreas que
deveriam servir como suporte à preservação ambiental como as margens de córregos e rios,
passam a ser ocupadas de forma desordenada e sem planeamento, o que acarreta em diversos
problemas ambientais urbanos como inundações, proliferação de doenças veiculadas a água,
despejo de efluentes sanitários nos corpos hídricos, deslizamentos de terra, enchentes,
aumento do escoamento superficial, dentre outros (SANTOS; GALDINO, 2016).

Apesar de haver instrumentos legais que norteiam o uso e ocupação do solo urbano, as
construções de habitações em áreas consideradas impróprias para habitação podem ser vistas
nas áreas pantanosas no Município de Montepuez, Bairro de Matunda em particular, o que
aumenta a disposição de resíduos sólidos que contaminam o solo e contribuem para o
surgimento de erosões, que “além de depauperar o solo, agrava a poluição das águas.”

3. Ordenamento territorial

Fundamentalmente, o Ordenamento é entendido, como defende Lopes (citado por


Condesso, 2001), como um acto de gestão do planeamento das ocupações, um potenciar da
faculdade de aproveitamento das infra-estruturas existentes e o assegurar da prevenção de
recursos limitados.

Segundo Oliveira (2002), citando Rexach, entende ser todo o acto de estabelecer
políticas direccionadas para a garantia do equilíbrio das condições de vida nas diferentes
partes de um determinado território, isto é, são todos os actos públicos orientados para a
obtenção de uma qualidade de vida digna. Neste sentido, a actividade pública deve, no âmbito
das suas competências, ordenar o espaço.
De acordo com a Lei do Ordenamento Territorial (Decreto n.º 23/2008 de 1 de Julho),
define ordenamento territorial como conjunto de princípios, directivas e regras que visam
garantir a organização do espaço nacional através de um processo dinâmico, contínuo,
flexível e participativo na busca do equilíbrio entre o homem, o meio físico e os recursos
naturais, com vista à promoção do desenvolvimento sustentável.

Os instrumentos de ordenamento territorial têm como objectivos assegurar a


organização do espaço nacional e a utilização sustentável dos seus recursos
naturais, observando as condições legais, administrativas, culturais favoráveis
ao desenvolvimento social e económico do país, a promoção da qualidade de
vida das pessoas, a protecção e conservação do meio ambiente, (Nacueche,
2018).

Entretanto, com base nos autores acima citados, pode-se concluir o ordenamento
territorial é um conjunto de acções e políticas que visam planear e regular o uso do solo em
uma determinada área, levando em consideração aspectos sociais, económicos e ambientais,
visando garantir um desenvolvimento sustentável, equilibrado e justo. Portanto, a principal
finalidade do Ordenamento Territorial é a correcção dos efeitos que as diversas actividades
humanas originam no espaço geográfico.

3.1. Instrumentos de ordenamento territorial

Os instrumentos de ordenamento territorial são elaborações reguladoras e normativas


do uso do espaço nacional, urbano ou rural, vinculativos para as entidades púbicas e par a os
cidadãos, conforme o seu âmbito e operacionalizados segundo o sistema de gestão territorial
(Decreto n.º 23/2008 de 1 de Julho).

Em suma, os instrumentos de ordenamento territorial são ferramentas legais e técnicas


utilizadas para planear e regular o uso do solo dum determinado território para evitar
problemas de ocupação de terra em áreas de fragilidade ambiental.

De acordo com o Decreto n.º 23/2008 de 1 de Julho, regulamento da lei de


Ordenamento Territorial, os instrumentos de ordenamento territorial obedecem a uma
hierarquização vertical, compreendendo os seguintes níveis como garantia da
compatibilização das intervenções sobre o território:

a) Nacional;
b) Provincial;
c) Distrital;
d) Autárquico.
3.1.1. Nível Nacional
 Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial (PNDT), que é o
instrumento que define e estabelece as perspectiva e as directrizes gerais que
devem orientar o uso de todo o território nacional e as prioridades das
intervenções à escala nacional;
 Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT), que são os
instrumentos que estabelecem os parâmetros e as condições de uso das zonas,
com continuidade espacial, ecológica, económica e interprovincial.
3.1.2. Nível Provincial
 Os Planos Provinciais de Desenvolvimento Territorial (PPDT) de âmbito
provincial e interprovincial, que estabelecem a estrutura de organização
espacial do território de uma ou mais províncias, e definem as orientações,
medidas e as acções necessárias ao desenvolvimento territorial, assim como os
princípios e critérios específicos para a ocupação e utilização do solo nas
diferentes áreas, de acordo com as estratégias, normas e directrizes
estabelecidas ao nível nacional.
3.1.3. Nível Distrital
 O Plano Distrital de Uso da Terra (PDUT), que são os instrumentos de
âmbito distrital e interdistrital, que estabelecem a estrutura da organização
espacial do território de um ou mais distritos, com base na identificação de
áreas para os usos preferenciais e definem as normas e regras a observar na
ocupação e uso do solo e a utilização dos seus recursos naturais.
3.1.4. Nível Autárquico
 Plano de Estrutura Urbana (PEU): é o instrumento que estabelece a
organização espacial da totalidade do território do município e autarquia de
povoação, os parâmetros e as normas para a sua utilização, tendo em conta a
ocupação actual, as infra-estruturas e os equipamentos sociais existentes e a
implantar e a sua integração na estrutura espacial regional;
 Plano Geral de Urbanização (PGU): é o instrumento que estabelece a
estrutura e qualifica o solo urbano na sua totalidade, tendo em consideração o
equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, define as redes de
transporte, comunicações, energia e saneamento, e os equipamentos sociais,
com especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio -
espacial para a elaboração do plano;
 Plano Parcial de Urbanização (PPU): é o instrumento que estabelece a
estrutura e qualifica o solo urbano parcialmente, tendo em consideração o
equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, define as redes de
transporte, comunicações, energia e saneamento, e os equipamentos sociais,
com especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio -
espacial para a elaboração do plano;
 Plano de Pormenor (PP): é o instrumento que define com pormenor a
tipologia de ocupação de qualquer área específica do centro urbano,
estabelecendo a concepção do espaço urbano, dispondo sobre usos do solo e
condições gerais de edificações, o traçado das vias de circulação, as
características das redes de infra-estruturas e serviços, quer para novas áreas ou
para áreas existentes, caracterizando as fachadas dos edifícios e arranjos dos
espaços livres.
4. Metodologia da Pesquisa

Para se alcançar os objectivos predefinidos serão utilizados métodos que facilitarão o


processo de busca de dados ou informações qualitativas sendo necessários para uma análise e
interpretação do fenómeno a ser utilizado nesta pesquisa.

No referencial metodológico apresentam-se os caminhos e técnicas a serem usadas para a


realização da pesquisa. Entretanto, no presente capítulo são demonstrados de forma minuciosa
os procedimentos que irão nortear a pesquisa, desde a sua classificação, técnicas de recolha de
dados, e métodos que serão adoptados para analisar e interpretar os dados com vista a apurar a
veracidade em torno da incorporação dos instrumentos cinematográficos no PEA de
Geografia.

4.1. Tipo de pesquisa


 Quanto a natureza

Do ponto de vista da sua natureza, a presente pesquisa será aplicada, pois terá como principal
intenção a produção de conhecimentos que tenham aplicações práticas e dirigida à solução de
problemas reais específicos. A escolha da natureza aplicada, opta-se porque a pesquisa visa
analisar o que leva as pessoas a residirem nas áreas pantanosas no bairro de Matunda,
Município de Montepuez, consequentemente vai permitir para desenvolver medidas de
mitigação com objectivo minimizar os conflitos de uso e ocupação do solo. Alem disso, esta
natureza de pesquisa, permitira a aplicação dos instrumentos de ordenamento territorial no
Município de Montepuez.

Quanto a abordagem

Para a presente pesquisa, quanto a abordagem será qualitativa, partindo da ideia do Gil (1999)
de que,
O uso dessa abordagem propicia o aprofundamento da investigação das
questões relacionadas ao fenómeno em estudo e das suas relações,
mediante a máxima valorização do contacto directo com a situação
estudada, buscando-se o que era comum, mas permanecendo,
entretanto, aberta para perceber a individualidade e os significados
múltiplos, (Gil apud Oliveira, 2011, p.24).

No entanto, a escolha dessa abordagem parte da premissa de que a pesquisa qualitativa busca
compreender e interpretar fenómenos sociais complexos por meio de observações, entrevistas,
análise de documentos e outras técnicas. Ao contrário da pesquisa quantitativa, que se
concentra na colecta de dados numéricos e na aplicação de análises estatísticas, a pesquisa
qualitativa busca explorar as experiências, percepções e significados subjacentes aos
fenómenos estudados. E ainda, obedecendo esta marca qualitativa, cumpre salientar que o
autor interessar-se-á em analisar de forma crítica e minuciosa as práticas adoptadas pelos
moradores no bairro de Matunda sobre dos factores da ocupação das áreas pantanosas.

Quanto aos objectivos da pesquisa

Em relação aos objectivos do estudo, cumpre sublinhar que a pesquisa será Explicativa, uma
vez que o objectivo básico é a identificação dos factores que determinam ou que contribuem
para a ocorrência da ocupação das áreas pantanosas para fins habitacionais no bairro de
Matunda no Município de Montepuez. É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o
conhecimento da realidade, pois tenta explicar a razão e as relações de causa e efeito dos
fenómenos, procurando assim, esclarecimentos que por estes tomar-se-á medidas ou propor
sugestões de melhoria para que a ocupação dessas áreas seja adequado, e alem disso, para que
as restantes áreas não ocorra conflitos do tipo de uso do solo.
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