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Universidade Rovuma
Montepuez
2023
Feliciano Lucas Pedro Feliciano
Universidade Rovuma
Montepuez
2023
Introdução
O presente estudo versa analisar os factores de ocupação de áreas pantanosas para fins de
implantação de residências e mostrar os seus impactos socioambientais no bairro de Tsesani.
1.2. Problematização
Porém, a oferta limitada de terra, o alto custo de vida e a falta de políticas efectivas de
ordenamento territorial e de habitação para responder ao crescimento populacional resultam,
amiúde, no surgimento de bairros assolados pela pobreza urbana, com infra-estruturas
predominantemente precárias e com uma grande densidade populacional.
1.3. Justificativa
Para a motivação Política, são poucos relatos, ou de outro modo inexistente da boa
implementação dos instrumentos legais, sobre tudo de ordenamento territorial, na intervenção
das ocupações para fins habitacionais nas zonas pantanosas em Moçambique, facto que
constitui uma brecha à condução da presente pesquisa. Portanto, este estudo poderá resultar
em um dispositivo de sensibilização das comunidades sobre a pertinência dos Instrumentos de
ordenamento territorial autárquico de modo a facilitarem e/ou colaborarem para a
implementação destes instrumentos.
Objectivo geral
Objectivos específicos
H1: A falta de conhecimento das normas de uso do solo promove o uso e ocupação das áreas
pantanosas no Município de Montepuez.
H1: A aproximação do centro da cidade pode ser um dos factores que leva as pessoas a
implantar as suas residências na área de risco.
H2: A publicação dos principais instrumentos legais de ordenamento territorial poderá levar
aos munícipes na boa gestão do solo autárquico no Município de Montepuez.
2. Quadro conceitual
2.1. Definição de conceitos
2.1.1. Factores
2.1.2. Ocupação
Segundo a Lei De Terras Lei Nº 19/97 De 1 De Outubro, define ocupação como forma
de aquisição de direito de uso e aproveitamento da terra por pessoas singulares nacionais que,
de boa fé, estejam a utilizar a terra há pelo menos dez anos, ou pelas comunidades locais.
Uma área pantanosa é uma região caracterizada por terrenos húmidos e pantanosos,
onde há uma acumulação de água e uma abundância de vegetação aquática.
Quadro teórico
De acordo com Bezerra & Fernandes (2000) apud Maúte (2022), consideram que,
Os problemas urbanos são ocasionados por crescimento desordenado, e por
vezes, fisicamente concentrado; pela ausência ou carência de planeamento;
pela demanda não atendida por recursos e serviços; pelas agressões ao meio
ambiente, por desenvolvimento em forma de eixos acentuando cada vez mais
as concentrações urbanas, reforçando os desequilíbrios das cidades, e
agredindo em grande escala o meio ambiente, (Bezerra & Fernandes, 2000).
Êxodo Rural:
Segundo Campos e Branco (2021), o processo do êxodo rural, pode ser entendido
como o deslocamento das pessoas que residiam no campo, para as cidades. Este processo
ocorreu deste a antiguidade, com o início da história dos povos.
Na visão do Lima (2015), considera que o êxodo é ocasionado devido a vários
factores, que podem ser de ordem sociais, económicas, culturais, políticos e ambientais,
factores estes que interferem a qualidade de vida humana.
Falta/fraca de Fiscalização
De acordo com Alves (2018), é notório que a ocupação desordenada é uma das
consequências da junção de inúmeros factores, como por exemplo, as faltas de fiscalização de
autoridades públicas, que, negligenciando tal fato, agem apenas posteriormente à ocorrência
de acidentes com várias perdas.
Condições socioeconómicas
É natural que as pessoas com menor poder aquisitivo se instalem em regiões que não auferem
condições suficientes para a habitação e se instalem sem organização.
Geralmente, um dos principais motivos que levam as pessoas a migrarem para os centros
urbanos é a procura de novas oportunidades de vida. Mas em muitos casos, devido a falta de
espaço e de oportunidade, há pessoas que fazem ocupações desregulares nas cidades,
causando diversos prejuízos ambientais.
Em um planeta que se torna todos os dias mais urbanizado, e nas regiões mais
pobres o processo de ocupação se torna ainda mais acelerado, grande parte dos
impactos ambientais mais significativos vem sendo gerado nas cidades.
Especialmente em países que estão se desenvolvendo, a urbanização vem
sendo associada a mais degradação ambiental e social (JATOBÁ, 2011 Apud
Campos e Branco, 2021).
a) Impactos sociais
Portanto, os diversos factores que originam a ocupação das áreas pantanosas, causam
diversos impactos sociais, como por exemplo, a desarticulação do sistema viário, dificultando
o acesso da própria população a linhas de ônibus, a ambulâncias, a viaturas policiais, bem
como caminhões de colecta de lixo, criando assim bairros propensos à erosão e a
alagamentos, a assoreamento de rios, a falta de espaços públicos para implantação de
equipamentos de saúde, lazer, educação e/ou segurança, comprometendo os mananciais de
abastecimento de água e/ou de lençóis freáticos, ligações clandestinas de energia eléctrica,
podendo causar incêndios, etc.
b) Impacto Ambiental
Segundo NETO COELHO (2001) Apud Campos e Branco (2021), considera que,
Com o grande aumento populacional, e o crescimento das cidades sem
o devido planeamento urbano, as perdas ambientais vem acontecendo
nas últimas décadas, que são: destruição e contaminação de nascentes,
a extinção de espécies de animais geradas através da ocupação
irregular de lugares, sendo destruídos o habitat natural da fauna,
ocasionando desta forma outros problemas, como: erosão,
alagamentos e alterações climáticas. (NETO COELHO, 2001 Apud
Campos e Branco, 2021).
A crescente demanda por recursos naturais e espaço físico, com isso, áreas que
deveriam servir como suporte à preservação ambiental como as margens de córregos e rios,
passam a ser ocupadas de forma desordenada e sem planeamento, o que acarreta em diversos
problemas ambientais urbanos como inundações, proliferação de doenças veiculadas a água,
despejo de efluentes sanitários nos corpos hídricos, deslizamentos de terra, enchentes,
aumento do escoamento superficial, dentre outros (SANTOS; GALDINO, 2016).
Apesar de haver instrumentos legais que norteiam o uso e ocupação do solo urbano, as
construções de habitações em áreas consideradas impróprias para habitação podem ser vistas
nas áreas pantanosas no Município de Montepuez, Bairro de Matunda em particular, o que
aumenta a disposição de resíduos sólidos que contaminam o solo e contribuem para o
surgimento de erosões, que “além de depauperar o solo, agrava a poluição das águas.”
3. Ordenamento territorial
Segundo Oliveira (2002), citando Rexach, entende ser todo o acto de estabelecer
políticas direccionadas para a garantia do equilíbrio das condições de vida nas diferentes
partes de um determinado território, isto é, são todos os actos públicos orientados para a
obtenção de uma qualidade de vida digna. Neste sentido, a actividade pública deve, no âmbito
das suas competências, ordenar o espaço.
De acordo com a Lei do Ordenamento Territorial (Decreto n.º 23/2008 de 1 de Julho),
define ordenamento territorial como conjunto de princípios, directivas e regras que visam
garantir a organização do espaço nacional através de um processo dinâmico, contínuo,
flexível e participativo na busca do equilíbrio entre o homem, o meio físico e os recursos
naturais, com vista à promoção do desenvolvimento sustentável.
Entretanto, com base nos autores acima citados, pode-se concluir o ordenamento
territorial é um conjunto de acções e políticas que visam planear e regular o uso do solo em
uma determinada área, levando em consideração aspectos sociais, económicos e ambientais,
visando garantir um desenvolvimento sustentável, equilibrado e justo. Portanto, a principal
finalidade do Ordenamento Territorial é a correcção dos efeitos que as diversas actividades
humanas originam no espaço geográfico.
a) Nacional;
b) Provincial;
c) Distrital;
d) Autárquico.
3.1.1. Nível Nacional
Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial (PNDT), que é o
instrumento que define e estabelece as perspectiva e as directrizes gerais que
devem orientar o uso de todo o território nacional e as prioridades das
intervenções à escala nacional;
Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT), que são os
instrumentos que estabelecem os parâmetros e as condições de uso das zonas,
com continuidade espacial, ecológica, económica e interprovincial.
3.1.2. Nível Provincial
Os Planos Provinciais de Desenvolvimento Territorial (PPDT) de âmbito
provincial e interprovincial, que estabelecem a estrutura de organização
espacial do território de uma ou mais províncias, e definem as orientações,
medidas e as acções necessárias ao desenvolvimento territorial, assim como os
princípios e critérios específicos para a ocupação e utilização do solo nas
diferentes áreas, de acordo com as estratégias, normas e directrizes
estabelecidas ao nível nacional.
3.1.3. Nível Distrital
O Plano Distrital de Uso da Terra (PDUT), que são os instrumentos de
âmbito distrital e interdistrital, que estabelecem a estrutura da organização
espacial do território de um ou mais distritos, com base na identificação de
áreas para os usos preferenciais e definem as normas e regras a observar na
ocupação e uso do solo e a utilização dos seus recursos naturais.
3.1.4. Nível Autárquico
Plano de Estrutura Urbana (PEU): é o instrumento que estabelece a
organização espacial da totalidade do território do município e autarquia de
povoação, os parâmetros e as normas para a sua utilização, tendo em conta a
ocupação actual, as infra-estruturas e os equipamentos sociais existentes e a
implantar e a sua integração na estrutura espacial regional;
Plano Geral de Urbanização (PGU): é o instrumento que estabelece a
estrutura e qualifica o solo urbano na sua totalidade, tendo em consideração o
equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, define as redes de
transporte, comunicações, energia e saneamento, e os equipamentos sociais,
com especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio -
espacial para a elaboração do plano;
Plano Parcial de Urbanização (PPU): é o instrumento que estabelece a
estrutura e qualifica o solo urbano parcialmente, tendo em consideração o
equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, define as redes de
transporte, comunicações, energia e saneamento, e os equipamentos sociais,
com especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio -
espacial para a elaboração do plano;
Plano de Pormenor (PP): é o instrumento que define com pormenor a
tipologia de ocupação de qualquer área específica do centro urbano,
estabelecendo a concepção do espaço urbano, dispondo sobre usos do solo e
condições gerais de edificações, o traçado das vias de circulação, as
características das redes de infra-estruturas e serviços, quer para novas áreas ou
para áreas existentes, caracterizando as fachadas dos edifícios e arranjos dos
espaços livres.
4. Metodologia da Pesquisa
Do ponto de vista da sua natureza, a presente pesquisa será aplicada, pois terá como principal
intenção a produção de conhecimentos que tenham aplicações práticas e dirigida à solução de
problemas reais específicos. A escolha da natureza aplicada, opta-se porque a pesquisa visa
analisar o que leva as pessoas a residirem nas áreas pantanosas no bairro de Matunda,
Município de Montepuez, consequentemente vai permitir para desenvolver medidas de
mitigação com objectivo minimizar os conflitos de uso e ocupação do solo. Alem disso, esta
natureza de pesquisa, permitira a aplicação dos instrumentos de ordenamento territorial no
Município de Montepuez.
Quanto a abordagem
Para a presente pesquisa, quanto a abordagem será qualitativa, partindo da ideia do Gil (1999)
de que,
O uso dessa abordagem propicia o aprofundamento da investigação das
questões relacionadas ao fenómeno em estudo e das suas relações,
mediante a máxima valorização do contacto directo com a situação
estudada, buscando-se o que era comum, mas permanecendo,
entretanto, aberta para perceber a individualidade e os significados
múltiplos, (Gil apud Oliveira, 2011, p.24).
No entanto, a escolha dessa abordagem parte da premissa de que a pesquisa qualitativa busca
compreender e interpretar fenómenos sociais complexos por meio de observações, entrevistas,
análise de documentos e outras técnicas. Ao contrário da pesquisa quantitativa, que se
concentra na colecta de dados numéricos e na aplicação de análises estatísticas, a pesquisa
qualitativa busca explorar as experiências, percepções e significados subjacentes aos
fenómenos estudados. E ainda, obedecendo esta marca qualitativa, cumpre salientar que o
autor interessar-se-á em analisar de forma crítica e minuciosa as práticas adoptadas pelos
moradores no bairro de Matunda sobre dos factores da ocupação das áreas pantanosas.
Em relação aos objectivos do estudo, cumpre sublinhar que a pesquisa será Explicativa, uma
vez que o objectivo básico é a identificação dos factores que determinam ou que contribuem
para a ocorrência da ocupação das áreas pantanosas para fins habitacionais no bairro de
Matunda no Município de Montepuez. É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o
conhecimento da realidade, pois tenta explicar a razão e as relações de causa e efeito dos
fenómenos, procurando assim, esclarecimentos que por estes tomar-se-á medidas ou propor
sugestões de melhoria para que a ocupação dessas áreas seja adequado, e alem disso, para que
as restantes áreas não ocorra conflitos do tipo de uso do solo.
Referencia Bibliográfica
Alves, Kelly Cristine Zanardi. 2018. Ocupação irregular do solo: estudo de caso
numa área do bairro vila nova Matinhos – PR. Universidade Federal Do Paraná – Setor
Litoral; Matinhos.
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v. 5, n. 2 , p. 91- 107, 2013 ISSN: 2177- 3300.
Campos, Rodrigo José de; Branco, Priscila. 2021. Ocupação desordenada dos espaços
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jul/dez 2021 – Edição Especial Arquitetura e Urbanismo.
Rodrigues, Taissa Caroline Silva; Viegas, Josué Carvalho; Feitosa, Antonio Cordeiro.
(s/d). Impactos ambientais decorrentes do uso e ocupação do solo, na comunidade Negra
Jamary dos Pretos, Turiaçu – Maranhão. NEPA/UFMA/CNPQ-PIBIC &
NEPA/DEGEO/UFMA. Brasil.
Brito, Amanda Martins de; Barros, Eudarcia Silva; Silva, Marivaldo Cavalcante da;
(2014). Efeitos da ocupação desordenada do solo às margens do córrego neblina em
Araguaína-to. Universidade Federal do Tocantins (UFT). Brasil.